sábado, 3 de julho de 2021

Contra-relógio


"Em ano de Europeu e Copa América, com vários jogadores espalhados pelas selecções, com o mercado aberto até final do mês de Agosto, e com uma importantíssima eliminatória europeia para disputar, a pré-temporada do Benfica não vai ser nada fácil.
Longe vão os tempos em que, sem mercados, sem pré-eliminatórias (e, quando a Portugal, também sem fases finais...), o plantel se apresentava ao trabalho já totalmente definido, e de perfil idêntico ao dos anos anteriores. Na minha infância a equipa começava sempre por Bento, Pietra, Humberto... passava por Shéu e Chalana... e terminava em Nené. As contratações eram poucas, e por vezes as novidades limitavam-se a um ou outro jovem promovido dos Juniores. Os jogos de preparação disputavam-se já com o onze presumivelmente titular, e deixaram antever desde logo um pouco daquilo que se iria passar ao longo da época, dando sinais consistentes sobre a correlação de forças face aos rivais.
Hoje tudo é diferente. A mercantilização do futebol dita leis, criando um carrossel de movimentos e expectativas que não é fácil de gerir, e que só termina no início de Setembro. Os timings do mercado impõem indefinições até para lá do início das competições oficiais, obrigando treinadores e dirigentes a trabalho suplementar da definição de processos o intérpretes. As pré-temporadas perderam assim o seu encanto, representando um período que a generalidade dos adeptos quer ver rapidamente pelas costas.
Um mês é o tempo de que Jorge Jesus dispõe para preparar a equipa de modo a enfrentar, e superar, o compromisso europeu de Verão. Um mês de trabalho duro. Mãos à obra!"

Luís Fialho, in O Benfica

Sete magníficos


"No passado fim de semana, na Maia, disputaram-se os Campeonatos de Portugal em Atletismo e sete dos nossos atletas não deram hipóteses à concorrência. O primeiro a dar cartas foi Leandro Ramos, que lançou o dardo até aos 74,76 metros, sagrando-se bicampeão. Leandro Ramos, que ainda é sub-23, está num grande momento de forma, conforme prova o seu próprio recorde nacional, me prova o seu próprio recorde nacional, que bateu na semana passada, ao lançar 81,32m, melhorando em 52 centímetros. Este feito, permitiu-lhe liderar o ranking europeu do escalão. O seu treinador, Carlos Tribuna é um dos grandes artífices desta evolução. Seguiu-se José Carlos Pinto, que venceu, brilhantemente, os 800 metros, sagrando-se campeão de Portugal pela terceira vez. Depois, foi a vez de Francisco Belo lançar o peso até aos 20,63 metros, conquistando o seu primeiro título nesta prova. No domingo, foi a vez de Mikael Jesus se sagrar campeão, nos 400 metros barreiras, batendo o nosso poderoso Lucirio Garrido. Quem passeou a sua classe foi Isaac Nader, que arrasou nos 1500 metros, sagrando-se bicampeão. Na mesma distância, no feminino, a genial Marta Pen bateu a sportinguista e bicampeã em título, Salomé Afonso. Marta Pen conquistou este título pela terceira vez, provando que atravessa o melhor momento da sua carreira. Finalmente, nos 3000 metros obstáculos, Etson Barros, ainda sub-23, e André Pereira arrasaram, com o jovem cabo-verdiano, treinado pelo Paulo Murta, a bater o pentacampeão, em cima da meta. Este fim-de-semana, disputaram-se os Campeonatos Nacionais de Clubes, em Guimarães. O SL Benfica ambiciona conquistar o 11.º título consecutivo. Cabe à professora Ana Oliveira convocar os nossos melhores atletas para voltarem a fazer história."

Pedro Guerra, in O Benfica

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"1
Estamos a uma vitória do título no hóquei em patins feminino, dispondo de duas oportunidades para sagarmo-nos campeões nacionais pela 8.ª vez consecutiva. A concretizar-se, esta equipa superará os 7 campeonatos consecutivos do basquetebol masculino na década de 90 e ficará a 1 de igualar o feito dos 9 títulos consecutivos das Marias no voleibol. No atletismo masculino somos decacampeões em título;

2
Restam 2 atletas do Benfica no Euro'2020, Seferovic e Vertonghen. São também 2 a continuarem em actividade na Copa América, Everton e Otamendi. Silas, se voltar a comentar um jogo da Bélgica na prova, terá assim nova oportunidade de criticar injustificada e até vergonhosamente Vertonghen como o fez no jogo com Portugal. A insistência foi inqualificável, mas pareceu perseguição, contrastante face ao que o nosso jogador foi fazendo em campo, ao ponto de não se perceber se o teor dos comentários se baseava em forte convicção ou em qualquer motivação;

3
Seferovic leva 3 golos no euro'2020, com a curiosidade dos dois que ajudaram a eliminar a favoritíssima França terem sido conseguidos de cabeça, qualquer deles muito bem executados. Recordo que o nosso avançado, em 173 jogos em competições oficiais de águia ao peito, marcou 69 golos, mas apenas 9 de cabeça, sendo que 4 deles aconteceram em 2020/21, a sua melhor temporada neste capítulo, indicando assim evolução do suíço neste gesto técnico;

13
Foram 13, ao longo desta semana, os atletas do Benfica em estágio, nas selecções de sub-17 (7) e sub-16 (6), asseverando, uma vez mais, o bom trabalho desenvolvido no Benfica Campus. Neste momento, Diego Moreira e Hugo Félix, nos primeiros, e Ussumane Djaló, nos segundos, são os que mais aprecio."

João Tomaz, in O Benfica

Editorial


"1 - O Jornal O Benfica apresenta-se para a nova época com uma nova roupagem, mudanças gráficas e uma arrumação diferente com o objectivo de servir melhor os seus leitores e garantir uma leitura mais apelativa. Mudanças que queremos paulatinamente incorporar daqui para a frente, refrescando na apresentação mas mantendo a identidade de sempre: ir ao encontro dos adeptos do Sport Lisboa e Benfica e informá-los cada vez melhor sobre a realidade do Clube.
2 - Em mais um exclusivo, Pizzi e Paulo Bernardo dão conta ao Jornal O Benfica das ambições que a nova época encerra. A pressão é elevada como sempre acontece para quem veste esta camisola, porque vencer é imperativo. Ficam as palavras que expressam um sentido de confiança, profissionalismo e dedicação da parte de quem desde há muito está habituado a contribuir para grandes vitórias como Pizzi, mas também de quem se lança com humildade para os grandes palcos. Paulo Bernardo é um nome que os benfiquistas há muito acompanham com carinho e que agora começam a conhecer melhor.
3 - O Sport Lisboa e Benfica não apresentou apenas as novas camisolas, renovou igualmente uma das suas mais simbólicas parcerias, que vai, com orgulho para ambas as partes, celebrar três décadas. Benfica e Adidas renovaram o seu compromisso até 2027, uma dupla ímpar só igualada por tantas outros que, de águia ao peito, fizeram os adeptos sonhar. O regresso a linhas mais clássicas e o promenor do ano da fundação na gola antecipam um ambiente de regresso as vitórias que todos merecemos.
4 - O Presidente da Mesa da Assembleia Geral dirigiu-se aos sócios do Sport Lisboa e Benfica numa missiva que transcrevemos neste jornal e do qual se destacam três pontos fundamentais em prol de uma imperiosa unidade: contagem física dos votos das últimas eleições com a presença de representantes de todas as listas; auditoria à fiabilidade do sistema de votação; marcação de uma Assembleia Geral Extraordinária para este mês, assim haja autorização da Direcção Geral de Saúde. E com uma ordem de trabalhos a definir."

Pedro Pinto, in O Benfica

Na margem de cá do Rubicão


"Como sucede no mundo da bola, dois generais disputavam o poder: Pompeu Magno e Júlio César. O primeiro recolhia sobretudo apoios junto das classes mais elevadas e do senado, enquanto que o segundo emergia, cada vez mais, como herói das campanhas na Gália (o nosso general, com seu tiro certeiro, dá pelo nome de Éder). Ora, contrariando ostensivamente as ordens provindas de Roma que intimavam Júlio César a dispersar as suas tropas e a regressar a Roma, onde o aguardava a destituição, eis que o bravo e ambicioso general fez exactamente o contrário: colocando-se à frente da sua legião, decidiu, soltando o grito mais famoso de desafio e provocação da história militar, “alea jacta est” (as sortes estão lançadas), atravessar o rio Rubicão e avançar, sem medo, sobre Roma e carregar sobre os que contra ele conspiravam. E tão vibrante e resoluta foi a sua marcha que Pompeu e seus apoiantes fugiram espavoridos, deixando a Júlio César caminho aberto ao poder absoluto: “ aut Cesar aut nullum”: ou César ou nada!
O rio Rubicão, talvez mais regato, passou assim a simbolizar um contexto de dificuldade face ao qual há que tomar, com afoiteza, uma decisão: atravessar para a outra margem, em vez de ficar paralisado na margem de cá - como aconteceu com o nosso melífluo, mas confuso, General Fernando Santos. Apesar de dispor de uma segunda linha de reserva, jovem, ambiciosa e excepcionalmente talentosa, insistiu, num esgar de auto-defesa, nos de sempre - apesar de vagarosos e exaustos. Esquecendo que as batalhas se ganham com irreverência e ousadia (“audentes fortuna juvat” - a sorte protege os audazes) (Virg. Aen. 10, 284), o nosso general à paisana, confiando-se à capciosa proteção da santinha do bolso do casaco, escolheu permanecer na margem de cá do nosso rubicão, à espera, quem sabe, de uma providencial canoa ( chalana já não temos) que nos pudesse dar uma boleia.
Em vez de lançar o Mendes e o Gonçalves, recorrendo ao pote de fumos para confundir o adversário, o Guedes para romper as linhas de defesa dos flamengos, o nosso general, agarrado à ordem de operações, elaborada nos gabinetes de estado-maior, ficou refém dos seus medos - e o medo de perder é a mais segura garantia de que se perderá mesmo - como se perdeu, malgrado as boas oportunidades de que desfrutámos. Sim, o que nos faltou foi a ousadia de avançar sobre os que conspiravam tramar-nos, foi, enfim, o nosso atávico encolhimento, a nossa eterna mania de não nos vermos e sentirmos merecedores de ser felizes. E para exorcizar esta nossa ancestral familiaridade com a infelicidade, há sempre um Presidente a apontar o rumo: somos dos melhores e vem aí o mundial, num aceno do placebo de que, por qualquer distração dos deuses, o podermos vir a ganhar.
Meus amigos, na “Isla de la Cartuja” os cartuchos das nossas armas foram de pólvora seca. Faltou-nos usar o lote completo das nossas munições que nem sequer saíram do paiol. E já se viu que, com este general, dificilmente ganharemos a guerra: é urgente que passemos o rubicão e ultrapassemos o nosso proverbial acanhamento.
Como se nos exige na luta contra o covid: o que o momento nos pede é que o enfrentemos na rua e na normalidade quotidiana das nossas tarefas e não que, apavorados e submetidos aos donos do dinheiro, nos escondamos todos em casa.
A continuarmos amarrados a este padrão comportamental, o nosso belo país mudará de fisionomia e a sua paisagem será usurpada e desfigurada por um sem-fim de painéis solares. O nosso sol, porventura o nosso maior motivo de orgulho, ser-nos-á roubado por espoliadores internacionais.
Tudo porque insistimos em permanecer transidos de medo na margem de cá do rubicão.
Ousemos enfrentar os nossos inimigos - mas comecemos pelos nossos medos e nossos fantasmas."

Desigualdades físicas e psicológicas


"Mais do que a desigualdade orquestrada pelos modos de organização das competições desportivas ou das que resultam da grande disparidade dos recursos financeiros, o recurso à dopagem coloca em evidência a questão da desigualdade física e psicológica entre os desportistas. Ela toca a essência da atividade, a igualdade corporal, que abrange principalmente a prática desportiva. Como define Jean-Marie Brohm (1976, p. 89), “o desporto é a instituição que a humanidade descobriu para registar a progressão física contínua”. E o corpo é concebido como uma “potência perfectível” (p. 89). Por consequência, atentar ao princípio da pureza do corpo, é colocar em causa o objetivo primeiro da prática desportiva. Como registar o progresso do corpo humano se ele apresenta modificações com o apoio de recursos externos? Mesmo se se crê “na possibilidade de majorar indefinidamente as possibilidades físicas, por uma exploração racional, sistemática, científica” (Baillette, 1992, p. 124), a legitimidade de uma tal situação coloca em causa o quadro ético e moral, no qual o desporto se inscreve. Com a alteração da noção de corporeidade, como dado puro e imutável, a dopagem leva a uma nova apreensão do corpo, concebido como suporte modificável, modulável e experimental.
Dantes, era o reconhecimento da excelência corporal, que tinha a ver com o reconhecimento do esforço consentido, quando da competição, depois do trabalho (treino) efetuado para tornar possível um determinado nível de performance. A performance desportiva tinha por objeto a validação dos méritos corporais individuais e/ou coletivos; ela atestava a superioridade de uns relativamente aos outros. Ela postulava a igualdade de oportunidades de cada um à partida: igualdade no respeito das regras da disciplina e a igualdade de componentes fisiológicas dos participantes. A desigualdade de resultados, neste quadro, não era contestável. O mérito do vencedor tinha a ver apenas com as capacidades físicas associadas a um trabalho de preparação de longa duração. No entanto, os factos que contradizem esta conceção abundam. As questões da dopagem saltam quase quotidianamente para as páginas dos jornais desportivos. Não faz sentido aqui relatá-los todos. Contentar-nos-emos apenas em salientar alguns exemplos para validar a ideia, segundo a qual o desporto se encontra confrontado a uma crise que conduz a interrogar sobre o sentido profundo desta atividade: a comparação das performances do corpo humano. O primeiro exemplo é o de Benjamin Sinclair Johnson, mais conhecido por Ben Johnson, nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Vencedor da prova dos 100 metros, o sprinter canadiano é acusado de dopagem ao estanozolol, um esteróide anabolisante. O Comité Olímpico Internacional (CIO) restabelece a justiça desportiva, privando-o da medalha de ouro para a remeter a quem de direito: Carl Lewis, que tinha ficado em segundo lugar. Bem que tenha sido apanhado pelos “garantes da moral”, Johnson revelava ao mundo que a igualdade de oportunidades é um embuste e que só contam os resultados. Outro exemplo, é o caso da Volta à França de 1998. Pela primeira vez, a justiça civil é chamada a misturar-se com a justiça desportiva. Esta intrusão no espaço guardado do desporto testemunha a incapacidade da instituição desportiva em manter o ideal igualitário e a vontade política de preservar este espaço social, como espaço moral de referência (Attali, 2004). A ação policial conduziu à exclusão de um grande número de ciclistas da Volta por estarem na posse de substâncias ilícitas ou porque o enquadramento desportivo e médico era suspeito de tráfico de substâncias dopantes. Este evento, sem precedentes, colocou em evidência outro aspeto da dopagem. Se o caso de Johnson poderia parecer um caso isolado, como um atleta sem escrúpulos, a Volta à França, e as acusações contra a equipa Festina, colocava em evidência uma lógica de dopagem assente numa organização estruturada. Mas não são apenas estas duas práticas desportivas (atletismo e ciclismo) que são manchadas com os casos de dopagem. É todo o universo desportivo.
Numa perspetiva sociológica, a dopagem não é uma súbita maldição. Segundo o sociólogo Perrow (1984), a dopagem surge como um “acidente normal”, que se reproduz num determinado contexto social. Os sociólogos relativizam a ideia de autonomia individual para a descrição dos factos. Eles sublinham, sobretudo, a implicação dos indivíduos nos constrangimentos sociais e na crítica da modernidade. A prática universal da dopagem mostra que os atletas não agem de forma autodeterminada. Uma constelação de indivíduos são os verdadeiros atores da violação das normas no desporto profissional moderno (Bette, 2011). As dinâmicas próprias do desvio, e o reforço do mesmo, implicam cada vez mais atletas no problema da dopagem a nível nacional e internacional, e em quase todas as práticas desportivas. Com o abandono do espírito do “fair-play”, os desvios tornaram-se escolhas estratégicas, cálculos racionais feitos com “sangue-frio” pelos atores desportivos para se adaptarem às possibilidades e constrangimentos do seu meio desportivo de alto rendimento. Existe uma correlatividade entre a tensão da incerteza e os resultados, vivida numa lógica de vitória/derrota. Os espetadores são fascinados por isso. Se o primeiro elemento é o desporto de alto rendimento, o segundo fator que engendra a dopagem é o público desportivo. Nas últimas décadas, o desporto de elite tem levado a uma melhoria das possibilidades técnicas, um elemento sólido e central dos lazeres modernos e de indústria dos lazeres. As competições desportivas são apaixonantes, até ao insuportável, formando uma ilha de diversão e de incerteza, que atrai e diverte. Enquanto observadores externos, os espetadores podem participar, sem que lhes seja exigida a produção de performances. As competições desportivas são interessantes para o público, dado que permitem experiências estéticas corporais e experiências coletivas, sem a necessidade de intimidade e proximidade. Também a procura de performances desportivas extraordinárias pelo público leva à atenção dos meios de comunicação social. As sociedades modernas levam a pensar o desporto como um “show desportivo”, para retomar a expressão de Georges Vigarello (2002), onde os atores desportivos se confrontam num “ringue” como os atores interpretam uma peça de teatro (Attali, 2004). Com base nos relatórios produzidos pelo Conselho Nacional Antidopagem (CNAD) e pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), de 2003 a 2018, é possível fazer-se o apuramento dos testes positivos de dopagem. Uma das conclusões que se pode retirar é que abrange quase todas as práticas desportivas. O futebol é a modalidade onde mais se verifica casos de dopagem (117 casos), seguindo do ciclismo (99 casos) e kickboxing e muaythai (56 casos) (cf. Figura 1).

Figura 1: Casos positivos de dopagem (2003 a 2018).
Fonte: CNAD e ADoP

Quando o princípio da equidade não é respeitado, seja pelo modo de organização das competições, seja pela modificação física e fisiológicas, ou ainda pela corrupção), o “desporto fica destabilizado”, levando a interrogar pelo seu futuro."

Uma mão cheia de nada


"Hoje, o Novo Semanário decidiu colocar na sua capa uma notícia referente à época de 2016/2017 com um caso arquivado há mais de um ano. Falamos da “Operação Segunda Circular”, que envolveu uma megaoperação antidoping aos jogadores do Sporting CP e SL Benfica. Esta operação foi realizada antes e depois do dérbi lisboeta que terminou com a vitória encarnada, na Luz, por 2-1, em dezembro de 2016.
Diz o semanário que «o que até hoje ainda ninguém sabia (ou muito poucos sabiam) é que entre as colheitas a jogadores do Benfica e do Sporting foram detectados resultados “preocupantemente atípicos” nas amostras de seis jogadores do SL Benfica e outros seis do Sporting CP». Isto é falso.
Esses resultados atípicos constavam no processo e podiam ser consultados pelas partes, sendo que não foram comprovados pois careciam de falta de provas. Como tal, o caso acabou arquivado – para ambos os clubes – há mais de um ano. É curioso constatar, também, como os jornalistas Luís Mota e Cátia Andrea Costa tentam colar o roubo das amostras ao Sporting CP e SL Benfica, quando as amostras roubadas não eram destes clubes e foram parte de uma estratégia do ex-presidente da ADoP, Rogério Jóia, para desviar as verdadeiras amostras dos hipotéticos ladrões que pudessem aparecer (e, de facto, apareceram).
Esta é mais uma mão cheia de nada que visa instalar a dúvida, polémica e instabilidade no seio da liga portuguesa, num claro ataque aos clubes lisboetas. Terá sido escrito por encomenda? Fica a questão."

Gil Dias | Mais um “31” para os lados da Luz


"Após Rodrigo Pinho, Gil Dias foi o segundo jogador a ser oficializado pelo SL Benfica como contratação para a época 21/22. A verba despendida rondou, tem-se noticiado, os quatro milhões de euros e o ex-AS Monaco chega, tem-se noticiado igualmente, para fazer o corredor esquerdo no cada vez mais provável sistema de três centrais que Jorge Jesus empregará.
Tudo indica que o português de 24 anos terá que aguardar as folgas do titular lateral-esquerdo (será Grimaldo?) para ter minutos, o que, pela parca qualidade e consistência demonstrada nos últimos anos por Gil Dias e pela sua inutilização na posição que deverá ocupar, faz sentido. O que não faz tanto sentido é o desembolso de quatro milhões por um futebolista que parte para a época com o claro e unívoco estatuto de suplente.
Ainda assim, há características do jogador que participou em 33 jogos pelo FC Famalicão na temporada transata que podem, de uma forma muito potencial e que pode não vir a ser materializada, ajudá-lo a fazer boa figura como ala de propensão ofensiva no sistema de três centrais. Desde logo, a sua vocação para atacar, resultado da sua posição e formação originais (extremo).
Não obstante o facto de não se ter ainda imposto pela sua qualidade técnica, ela está lá e o jogador da Gafanha da Nazaré, num dia bom, pode desequilibrar em drible com muita facilidade. A vertente defensiva do seu jogo terá que ser trabalhada por Jorge Jesus, naturalmente, mas há um aspeto que agradará ao técnico das águias: os 186cm de altura de Gil Dias.
Sabe-se há muito que JJ é apreciador de laterais altos, muito pela capacidade inerente que os jogadores mais altos apresentam no jogo aéreo. O problema é que Gil Dias aparenta estar longe de ser um especialista nesse particular aspeto do futebol. Todavia, há algo de ainda mais importante que o novo “31” dos encarnados terá que aprimorar: a tomada de decisão.
Será vital que Gil Dias melhore nesse aspeto, de forma a, por consequência, melhorar os seus números estatísticos. Em 181 partidas como sénior, o reforço do SL Benfica tem 21 golos e 16 assistências, numa contribuição total de 37 (gosto muito deste número) golos – ou seja, contribui com um golo/assistência a cada cinco jogos.
Se o plano traçado por Jesus e companhia é, de facto, fazer de Dias a sombra de Grimaldo (?), os números do primeiro vão ter que ser outros (o espanhol tem menos golos na carreira – 18 (nunca foi extremo) -, mas tem 52 assistências no currículo). O SL Benfica adquire, assim, um suplente que pode desempenhar esse papel com qualidade, sem, no entanto, ser possível afirmar perentoriamente a priori que assim será.
Com lacunas mais prementes, a contratação de Gil Dias não deveria jamais ser a única consumada para lá da de Rodrigo Pinho (que estava já amarrado). Caberá, agora, ao jogador – com a ajuda do treinador – provar que merece estar no plantel benfiquista e que pode vir a ser um ativo rentável desportiva e financeiramente."