segunda-feira, 14 de junho de 2021

Como quase sempre


"O rendimento das equipas do Benfica na maioria das modalidades não tem correspondido às expectativas. Falta ainda terminar o campeonato de Futsal, que pode alterar um pouco a equação, mas até agora apenas o Voleibol se mostrou ao nível daquilo a que nos habituámos na década anterior.
Reconhecer isso não nos inibe de olhar também para outros factores, alheiros ao desempenho de jogadores e técnicos, e que têm igualmente contribuído, em larga medida, para os maus resultados verificados.
Já aqui falei do Hóquei em Patins, cujas arbitragens continuam a ser dignas de um conto policial. Agora, também na Final da Taça de Portugal de Andebol se assistiu ao lastimável desempenho de uma dupla de arbitragem - diga-se a propósito, convenientemente branqueado pelo obtuso narrador da RTP -, que para além de prejudicar o Benfica, prejudicou sobretudo a qualidade de um espectáculo que muito prometia.
Foi pouco o tempo em que Chema Rodriguez teve em campo a equipa completa, tal o número inusitado de exclusões - algumas delas totalmente absurdas, e em momentos em que o Benfica parecia poder aproximar-se no marcador. O FC Porto é campeão invicto, tem melhor plantel, e podia ter ganho de outra forma. Talvez não necessitasse de ajudas. Mas elas apareceram, como quase sempre.
É triste constatar que, nas modalidades onde existe FC Porto, existem também arbitragens demasiado tendenciosas, como demasiada frequência. E quando tal não acontece, quando, por uma vez, não sentem o manto protector a que estão comodamente acostumados, logo cai a Torre dos Clérigos, como se viu há pouco tempo no Basquetebol."

Luís Fialho, in O Benfica

João Ribeiro


"João Ribeiro e Fernando Pimenta foram os grandes destaques de Portugal no Campeonato da Europa de Velocidade, conquistando três medalhas. Na Polónia, os dois canoístas do Sport Lisboa e Benfica exibiram toda a sua classe, confirmando o excelente momento de forma que atravessam em vésperas de Jogos Olímpicos.
Os feitos de Fernando Pimenta tornaram-se de tal forma vulgares, que a notícia será o dia em que não subir a um pódio. Foi a 104.ª vez que Fernando Pimenta brilhou numa prova internacional, o que diz tudo acerca do maior canoísta português e um dos maiores do mundo.
Quanto a João Ribeiro, o título de vice-campeão da Europa em K1 500m foi o corolário de uma carreira notável, alicerçada em muito trabalho e enorme ambição. João Ribeiro ingressou no SL Benfica, em Janeiro de 2012, altura em que todos defendiam a contratação de Emanuel Silva. Mas a prof. Ana Oliveira apostou num jovem de Esposende, considerado uma das esperanças da canoagem. Apesar de ter falhado o apuramento para os Jogos Olímpicos de Londres, o Benfica renovou-lhe o contrato e João Ribeiro retribui a confiança com grandes resultados, sagrando-se campeão do mundo em K2 500m, no ano passado, na Alemanha, fazendo dupla com Emanuel Silva.
Benfiquista de alma e coração, jamais esquecerei uma entrevista que deu, em Março de 2019. 'Ter assinado pelo Benfica foi tão importante como ter sido campeão do mundo'. Foi este o título da entrevista ao jornal da Universidade Autónoma de Lisboa. João Ribeiro revelou ainda que queria ficar no Clube para o resto da sua vida desportiva. São atletas desta estirpe que o SL Benfica precisa."

Pedro Guerra, in O Benfica

Mudar o mundo


"É lugar comum que cabe às crianças fazer pequenas grandes coisas para com isso mudar o mundo. É lugar comum e é verdade que muitos dos males do mundo nascem nos comportamentos e na falta de compromisso dos adultos com os seus ideias, seja no plano social, da justiça ou do ambiente por exemplo.
A educação é seguramente a chave para uma mudança sustentável e impactante, sobretudo se os conhecimentos e valores veiculados pela escola forem objecto de confirmação social e reforço positivo dos seus pares, vizinhos e, sobretudo, dos seus familiares. Então, quando lançamos às crianças pequenos desafios como inventar ideias para melhorar o que está mal no ambiente, por exemplo, na verdade estamos a demonstrar-lhes a importância da atitude e da responsabilização individual, acima de todas as coisas. Dum desafio desmesurado, como o é 'mudar o mundo', mais que soluções esperam-se atenções e vontades individuais que germinarão pela infância e adolescência como sementes de cidadania para o futuro.
O mesmo princípio se aplica a todas as áreas do comportamento humano, desde a justiça social, a prevenção das diferentes formas de violência, a promoção de igualdade de género, de equidade e da não discriminação. Não é que a mudança para melhor não esteja ao alcance dos adultos, ou que a regulamentação, controlo social e punição dos comportamentos socialmente indesejáveis não funcionem. Na verdade, não só são uma garanta para todos nós como também ajudam à mudança, no entanto a verdadeira resposta aos flagelos da nossa vida actual está na cidadania e essa constrói-se dia-a-dia, individuo a indivíduo, criança a criança. Vem daí a nossa aposta inequívoca nas crianças, na sua educação e bem-estar. Não é mera convicção humanitária, é certeza de estar hoje a agir para mudar o mundo!"

Jorge Miranda, in O Benfica

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"3
Fernando Pimenta (prata e bronze) e João Ribeiro (prata) foram os canoístas medalhados ao serviço de Portugal no Campeonato da Europa;

8
Convocados para o Europeu que beneficiaram da formação do Benfica (incluo Nélson Semedo, que chegou ao Benfica aos 18 anos e fez o seu percurso na B, na qual se converteu num lateral de eleição). E oito são também os vice-campeões europeus sub-21 formados no Benfica. Estes dados não motivam comemoração benfiquista, mas constituem-se como uma demonstração cabal da excelente qualidade do trabalho desenvolvido no Benfica Campus na última década e meia;

9,84%
Aumento orçamentado dos custos das modalidades em 2021/22, depois do recuo motivado pela quebra de receitas devido à pandemia. É uma boa notícia: grande parte deste crescimento será canalizado certamente para o apetrechamento dos vários plantéis, sabendo-se que desde há duas décadas que o investimento nas modalidades tem respeitado sempre a sustentabilidade económica e financeira do clube;

12
Exclusões de dois minutos de jogadores do Benfica na final da Taça de Portugal, além da expulsão do treinador Chema Rodriguez. Ninguém põe em causa a qualidade do nosso oponente, o FC Porto, mas a já de si muito difícil tarefa com que a nossa equipa se deparava foi, assim, tornada praticamente impossível;

74
Assinalam-se hoje, dia 11, 74 anos do falecimento de Cosme Damião. Considerado o 'pai' fundador do benfiquismo, foi um dos fundadores, jogador de eleição, treinador de elevado mérito e dirigente inexcedível em empenho e benfiquismo. Foi um dos esteios do desenvolvimento inicial do clube, incansável na acção, visionário nas decisões. Teve o seu tempo e hoje é justamente reconhecido por isso. 'Sem Cosme não haveria Benfica'."

João Tomaz, in O Benfica

Euro 2020, Viva Portugal


"Com base numa espectativa previamente anunciada e amplamente desejada, chega até nós a festa das festas onde o Futebol vai durante cerca de 1 mês condensar várias histórias, reproduzir a arte num poema de bem jogar. Esse despertar de paixões pela presença de quem o pode respirar dentro do estádio ou no destino da distância, curvando-nos perante as belas imagens por uma jogada ensaiada ao pormenor dum passe de excelência, ou proveniente da magia duma bola parada, muito em especial quando propriamente é coroada em golo, então o foco irresistível duma libertação coreográfica, irradia o sinal duma magistral existência.
Mais do que mais um campeonato da europa, as circunstâncias do adiamento que lhe foram aferidas, libertam-nos do apagão com que durante um tempo doloroso fomos rubricando o encontro com a vida. Por isso e também por isso, será um campeonato da europa atipicamente diferente, quer por ser disputado em 11 cidades diferentes, jogadores e staffs submetidos continuadamente ao controlo preventivo “Covid-19” e a espectativa dos resultados, quer contando com a presença duma percentagem aleatória de público, depois dum tempo em que as competições estiveram bloqueadas por um silêncio ensurdecedor.
Qualquer jogo de uma seleção assume-se como um fenómeno de enorme cumplicidade, alicerçando de forma verdadeiramente abrangente todo um povo sem limites de tempo e vontades, envolvendo-se por uma labareda de emoções verdadeiramente contagiantes, onde as dinâmicas impostas pela competição se conjugam com a interdependência, indeterminação, variabilidade, imprevisibilidade, aleatoriedade, relação de forças, cooperação e oposição constantes, fazendo de cada lance uma oportunidade de exaltação.
Portugal diz presente mais uma vez. Mas não podemos esquecer que essa presença está inscrita no manancial de responsabilidade acrescida e claramente atestada nos cadernos do sucesso pela conquista do último europeu. Como sabemos, as estratégias para gerir o sucesso tornam-se por vezes muito mais difíceis do que enfrentar as oportunidades para eliminar o fracasso. Contudo, temos vindo a constatar em equipas campeãs, o traço da sua identidade está na humildade para aprender, e na competência para partilhar e daí a corrente do sucesso conseguido por um bom desempenho, perdurar mais no tempo, fazendo dessa circunstância uma das variáveis mais preciosas da vida.
Mas como estamos perante uma constante em apreço, que é o carisma ilustrado pela identidade coletiva dos nossos jogadores, bem ilustrada pelos valores da coragem, lealdade, humildade e coesão, que estão inscritos no habitáculo dos seus êxitos conseguidos, fazendo do sucesso o princípio de toda a causalidade, eu creio que estamos preparados para honrar com brilhantismo o sentimento deste nosso “nobre povo valente e imortal”.
Associado a tudo isto, também temos verificado ao longo do tempo que na magistratura de influência do nosso líder selecionador nacional Eng.º Fernando Santos, habita uma sólida estabilidade emocional, que permite de forma categoricamente consciente, estimular e encorajar, e porque acredita, através dessa constante e generosa convicção para o êxito, tem sido capaz de fazer reunir em cada gota de suor dos nossos campeões, paixão, rebeldia, consciência, amor e razão.
Muitas Venturas
Viva Portugal

Obs.1 - Aproveito para neste artigo saudar de forma absolutamente justa a nossa seleção sub 21 e todo o seu desempenho no recente campeonato da europa. Eu sei que atingimos uma bitola em que atingir o lugar de vice-campeão pode parecer pouco para quem tanto vale. Contudo a raça, paixão, motivação e galhardia interpretada pelos nossos jogadores superiormente liderados pelo selecionador Rui Jorge, cujo perfil de liderança assenta nos valores da honestidade, na firmeza de convicções, integridade e respeito, nos dá a certeza de que se no passado existem as recordações, no presente as convicções, no futuro encontraremos uma jovial e generosa esperança. Parabéns.

Obs.2 - Uma nota final de homenagem de despedida a “Neno” que pertencia ao gabinete de relações públicas, promoção e marketing do Vitória S.C. Tive a honra de o ter como aluno dos cursos de treinador e profissional leal e dedicado quando também tive a alegria e honra de servir o clube. Creio que não havia ninguém que ousasse tecer qualquer comentário menos abonatório pela sua conduta. Fazia da alegria e graça de bem existir uma civilidade de trato exemplar envolta num humanismo contagiante. Ainda este domingo de manhã constatei o longo cordão humano que lentamente e entre silêncios quebrados pela saudade, se preparava para a despedida. Não tenho dúvidas que pode ter sido desfraldada uma das bandeiras do Vitória S. C. mas creio que se ergueu uma estrela maior que haverá de iluminar o caminheiro para a conquista de novos desafios do futuro. Saudade."

Exemplo de superação


"O vínculo contratual poderá terminar, mas o emocional e o histórico perdurarão para sempre.
Jardel, "o guerreiro da Luz", deixa de representar o Benfica após 10 temporadas e meia, nas quais conquistou 14 títulos e troféus e se notabilizou pela elevada competência, entrega inexcedível, compromisso permanente e regularidade assinalável, características que lhe valeram a conquista a pulso da sempre exigente massa adepta benfiquista.
(...)
Chegou ao Clube em 2010/11, contratado ao Olhanense ia já a época a meio, incumbido da espinhosa tarefa de substituir David Luiz, admirado pela massa associativa e de partida para o Chelsea. Cedo se impôs, conquistando a titularidade e começando a demonstrar os atributos que suscitaram o interesse benfiquista na sua contratação.
Após três temporadas enquanto primeira opção de recurso na sua posição (59 vezes titular), Jardel firmou-se no onze inicial, passando a ser uma referência da equipa e estreando-se, inclusivamente, no papel de capitão. Foi figura central do bi e do tri, indispensável na caminhada rumo ao 37.
Jardel faz parte do restrito lote de futebolistas tetracampeões nacionais de águia ao peito (com André Almeida, Fejsa, Luisão e Salvio) e venceu mais um Campeonato, num total de 5, um feito que apenas 41 jogadores alcançaram em toda a história do Benfica. Contribuiu ainda para o triunfo benfiquista em duas Taças de Portugal, 5 Taças da Liga e 2 Supertaças (e fez parte do plantel que conquistou mais duas).
Na época do tri, num campeonato disputado palmo a palmo, foi o autor de dois golos decisivos, nas 30.ª e 32.ª jornadas, que valeram os três pontos à equipa em cada uma delas. Na época anterior, a do bicampeonato, marcou em Alvalade no tempo adicional e evitou a derrota.
Não foram, no entanto, estes golos fundamentais para títulos ou a consistência exibicional ao longo de anos que o tornaram consensual entre os benfiquistas.
Foi antes o regresso do balneário para a segunda parte de uma partida, na Luz, trajando uma toca protetora depois de ter necessitado duma longa assistência médica no primeiro tempo. Só passadas algumas horas do jogo terminado os benfiquistas tiveram oportunidade de perceber quão impressionante havia sido a galhardia com que Jardel abordara os lances de cabeça. O golpe profundo na face, que viria a necessitar de 20 pontos de suturação, em nada afetou o rendimento do central, a partir desse momento, por definição e por mérito próprio, um jogador à Benfica!
O Benfica e os benfiquistas estão agradecidos a Jardel pelo seu contributo para a causa benfiquista. Foi, indubitavelmente, daqueles jogadores do Benfica que, sempre que entrou em campo ao serviço do Clube (320 vezes pela equipa A, das quais 288 em todas as competições oficiais, incluindo 3 da Taça de Honra da AFL), se empenhou em cumprir o repto "honrai agora os ases que nos honraram o passado". Quando os jogos voltarem com público, Jardel estará na Luz para a devida homenagem dos sócios do Benfica e a merecida ovação no relvado.
Obrigado por tudo, capitão!"