sexta-feira, 7 de maio de 2021

O futebol e o povo


"O 'caso' Superliga Europeia trouxe para a agenda mediática temas há muito laterais, que a pandemia veio acentuar, e que merecem um olhar atento.
A forte quebra de receitas deixou muitos clubes em situação crítica. E para gigantes já demasiado endividados, a viverem acima das suas reais possibilidades, a Superliga significaria uma fuga para a frente. Desde logo os adeptos, mas também jogadores, treinadores federações e restantes clubes, impediram, e bem, que tal aberração avançasse. Se é certo que as diferenças orçamentais já tornam hoje o futebol bastante desigual. Institucionalizar essa desigualdade e transpô-la para o próprio modelo competitivo seria contrariar a essência de um fenómeno que, há mais de um século, apaixona multidões.
O modelo da NBA, tão bem-sucedido além-Atlântico, não é exportável para o futebol europeu, onde as identidades regionais, locais e clubistas são muito mais acentuadas. No futebol não se procura um espectáculo, procura-se uma vitória. E não a simples vitória de uma equipa que apoiamos, mas sim a nossa vitória.
Por outro lado, a própria pandemia, a interrupção de campeonatos e os estádios vazios vieram também deixar a nu uma evidência para a qual muita gente talvez não estivesse suficientemente desperta: é que as pessoas não precisam do futebol e podem viver sem ele, o futebol é que precisa dos seus seguidores, sem os quais não sobrevive. Uma mercantilização excessiva que transforme adeptos em meros clientes pode, pois, trazer consequências devastadoras para os clubes, e representar um verdadeiro suicídio - ou seja, matar a galinha dos ovos de ouro."

Luís Fialho, in O Benfica

Quinteto magnífico


"A Polónia tem cada vez mais encanto. Foi em terras polacas que Pedro Pablo Pichardo e Francisco Belo tiveram grandes prestações e nos deram uma enorme alegria, e foi também neste país nosso amigo que cinco atletas do Sport Lisboa e Benfica brilharam, no passado fim-de-semana, nos Campeonatos do Mundo de Estafetas em atletismo. Frederico Curvelo, Delvis Santos, Diogo Antunes e André Prazeres deram show na pista do estádio da Silésia, em Chorzow, conseguindo conquistar uma medalha de bronze na estafeta de 4x200 metros masculinos. O quarteto que representou Portugal é todo composto por atletas do Sport Lisboa e Benfica e alcançou a 2.ª melhor marca de sempre. Melhor do que Portugal apenas a Alemanha e o Quénia! O atletismo é uma modalidade em que o papel do treinador é essencial, e, desse ponto de vista, há que destacar o excelente trabalho realizado pela professora Ana Oliveira, que treina Frederico Curvelo, João Abrantes, treinador de Diogo Antunes e André Prazeres, e Vitor Zabumba, técnico que orienta Delvis Santos.
Esta competição ficou ainda marcada por uma brilhante prestação de uma atleta do SL Benfica - Anahi Suárez, a jovem e veloz equatoriana que alcançou, juntamente com a sua selecção, a medalha de bronze na estafeta dos 4x200 metros.
Neste fim-de-semana, em Split, na Croácia, estarão mais seis benfiquistas a representar Portugal, na Taça da Europa de Lançamentos. Leandro Ramos (dardo), Ivanilda Lopes (disco), Francisco Belo (peso e disco), Tsanko Arnaudov (peso), António Vital e Silva (martelo) e Eliana Bandeira (peso) irão tentar grandes marcas e lutarão por medalhas."

Pedro Guerra, in O Benfica

O mundo em gestos


"No mundo dos sons parece tudo mais difícil aos ouvintes, mas o engenho humano é perito em fintar o destino e arrancar significados às imagens que povoam a vida dos que não têm sorte de ouvir e que, por isso, veem limitada a sua comunicação com a maioria ouvinte e falante. Por isso, felizmente vão longe os tempos em que a falta destas 'faculdades' era quase uma condenação ao isolamento. A invenção da linguagem gestual veio dar um contributo decisivo para a criação de uma verdadeira ponte de comunicação através da ordenação gramática dos gestos e expressões faciais que demoliu os principais bastiões desse isolamento social. Mas infelizmente, em sentido contrário ao progresso, restam ainda alguns muros a abater por todos nós para que o mundo que hoje se espartilha em gestão venha a ser um mundo inteiro, justo e inclusivo onde a simples falta do som empurre homens e mulheres para o isolamento social. E neste particular não tenhamos ilusões, porque é mesmo a cada um de nós, individualmente, que toca fazer a nossa parte e tornar a nossa sociedade, mais justa e coesa, logo mais livre e forte. Ou, como tanto se valoriza hoje em dia, mais competitiva e mais eficiente no aproveitamento do seu capital humano. Por tudo isto, a abertura do Benfica e dos benfiquistas ao trabalho inclusivo reclama num trabalho constante da Fundação nesse sentido, e esse mandato é levado muito sério, não apenas por imperativos éticos, mas pela mística que nos inspira e pela consciência plena do nosso contributo para o país. Porque a mística, a história do Benfica, também se vive nas cores do silêncio, e o mundo também se transforma com gestos!"

Jorge Miranda, in O Benfica

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"5
Atletas do Benfica medalhados no Campeonato de Estafetas. Todos de bronze (4 por Portugal; 1 pelo Equador);

9
O basquetebolista Bryce Alford fez um jogo inacreditável em Oliveira de Azeméis, frente à Oliveirense, ajudando a equipa a selar o apuramento para as meias-finais dos playoffs da Liga Placard. Concretizou 9 lançamentos triplos (em 'apenas' 11 tentativas), perfazendo uma impressionante percentagem de 81,8%. Curiosamente já havia feito 9/11 nos 3 pontos pela UCLA, num jogo do campeonato universitário americano frente à SMU, na qual pontificava o agora colega Nic Moore. Não me recordo de ter havido, desde o Carlos Lisboa, qualquer jogador do Benfica a anotar mais de 9 triplos numa partida. O melhor jogador português de todos os tempos fê-lo, pelo menos, 5 vezes (10 - 4 vezes; 11 ao Phillips Milano);

91
Golos de Pizzi pelo Benfica em competições oficiais, o que o coloca na 23.ª posição do ranking de goleadores de águia ao peito. No campeonato nacional marcou por 62 vezes, igualando o registo do 21.ª, o avançado Jordão;

196
Jogos de Grimaldo em competições oficiais pelo Benfica, os mesmos que Samaris. O lateral espanhol já tem só 3 colegas no plantel que representaram o Benfica em mais 'jogos oficiais'. São eles Pizzi, Jardel e André Almeida;

279
16 anos e 179 dias, a idade com que Cher Ndour se estreou pela equipa B, sendo agora o mais novo de sempre a estrear-se nesta equipa benfiquista em competições oficiais. João Félix era o anterior recordista;

325
E Pizzi voltou a subir na lista dos jogadores com mais 'jogos oficiais' pela equipa de honra do Benfica. Passou a ser o 21.º mais vezes utilizado, a par de Pietra.

*Não inclui o Benfica-FC Porto"

João Tomaz, in O Benfica

Impedidos de ganhar


"O que ficou explícito em campo foi uma dualidade de critérios em matéria disciplinar, com um segundo amarelo perdoado aos 80 minutos a Pepe, seguido de uma anulação de uma jogada de golo. Uma dupla penalização para o Benfica, com influência no resultado. Nem amarelo, nem jogada de golo, quando já antes, em situações similares, o árbitro tinha deixado prosseguir a marcação da falta.
A ausência de segundo amarelo é ainda mais incompreensível se tivermos em conta o lance da admoestação imposta a Weigl, logo na primeira parte.
Desejamos a Artur Soares Dias as maiores felicidades no Campeonato da Europa, mas se não consegue ser imparcial e se sente condicionado a apitar jogos do Benfica diante do FC Porto, à imagem do que aconteceu ontem e no passado, iniba-se desse encargo.
Quanto ao resto, Jorge Jesus deixou claro que "foi um bom jogo para quem assistiu, face à emotividade e às oportunidades de golo". O nosso treinador salientou também a atitude dos jogadores, "porque souberam passar para uma fase melhor na partida, mesmo depois do golo sofrido". "Fomos à procura do 2-1 e tivemos muitas oportunidades. A equipa fez tudo para ganhar o jogo", vincou.
Jorge Jesus destacou ainda "o calor e carinho dos adeptos desde o Seixal até ao Estádio da Luz, mesmo sabendo que já não podíamos ser campeões". "(…) Eles mereciam que tivéssemos somado uma vitória para lhes oferecer. Foi bonito de ver este apoio, todos unidos e juntos."
Competirá agora a todos nós continuarmos a centrar esforços, se possível, na aproximação ao segundo posto e na conquista da Taça de Portugal, cuja final, com o Braga, está agendada para o dia 23 de maio, às 20h30.
De Todos Um, o Benfica!"

SL Benfica 1-1 FC Porto: Um ponto que isola (ainda mais) o líder


"A Crónica: É O Chamado Ponto Nulo, Certo?
Era dia de decisões para os lados do Estádio da Luz. Com olhos postos em objetivos completamente diferentes, águias e dragões protagonizavam um clássico que há muito não se via. Digamos que era dia de exame decisivo do “cadeirão” da faculdade para o FC Porto, enquanto que o SL Benfica era o aluno que veio só com a caneta. Não tinha nada a perder e vinha para uma melhoria de nota (e da época, a nível desportivo).
O exame estava complicado para os dois alunos. Talvez, tivessem estudado tanto as duas formações e não realmente aquilo que estava no formulário. Acontece, falando por experiência própria. Mas houve um quem se destacou com criatividade. Podia não ter os valores todos, mas o suficiente para ter quase todos nesta pequena pergunta. Everton foi-se desfazendo em camadas enquanto passava pelos jogadores portistas e marcou um “golaço”. O que vinha somente com a caneta… Ia na frente.
Artur Soares Dias ainda apontou para a marca de grande penalidade devido a uma falta de Manafá sob Rafa, mas João Pinheiro (o VAR desta partida) ajudou o árbitro principal. Havia fora de jogo por 19 centímetros no início da jogada no passe de Pizzi para o 27 encarnado. O intervalo deste exame decisivo mostrava o 1-0 para o aluno que vinha só com a caneta, ou seja o SL Benfica.
O segundo tempo começou com nova penalti assinalado e bem João Pinheiro a ajudar Artur Soares Dias. Diogo Gonçalves caiu na grande área portista, mas não havia de todo falta e muito bem ajuizado por parte do VAR desta partida.
O FC Porto ia estando melhor na partida e estava com intenções de querer algo mais deste exame importante. As alterações que Sérgio Conceição fez mexeram com o jogo e falando mais de João Mário “temperou” bem o lance para o colombiano Uribe marcar um belo golo. Sem hipóteses para Helton Leite que pareceu estar mal posicionado para defender.
Os minutos finais foram escaldantes e ao nível de um grande clássico. Aos 93 minutos, os encarnados introduziram a bola na baliza de Marchesin, mas o lance acabaria invalidado por fora de jogo de Darwin nos inícios da jogada. Era um golo que sentenciava a partida e lançava o SL Benfica para mais próximo do FC Porto na classificação, no entanto, ficou tudo na mesma. Passaram ambos os alunos com 9,5 valores e com um sorriso na cara mais daquele que vinha na frente do que propriamente o que não tinha nada para perder.
É um empate que dá mais alegrias ao Sporting CP que está apenas a uma vitória de se tornar campeão nacional. Mantém-se tudo igual na diferença pontual de quatro pontos entre encarnados e portistas. O FC Porto que mantém a melhor posição para entrar diretamente na Liga dos Campeões. Um jogo interessante após o golo do Everton e os minutos finais.

A Figura
Everton Está a mostrar que o seu rendimento está a melhorar e está a adaptar-se melhor tanto ao jogo europeu como às ideias de Jorge Jesus. Tem de ainda melhor alguns aspetos na decisão do último passe para os colegas que podiam ter mais ocasiões de perigo durante o jogo. Está a crescer e ainda bem para os encarnados e para o treinador. Dar um destaque também a João Mário (FC Porto) que entrou muito bem no jogo.

O Fora de Jogo
Mehdi Taremi Podia e devia ter feito muito melhor com as oportunidades que foram criadas e a mais clamorosa a que Moussa Marega criou quando ainda estava 0-0. Acabou por ser mais muito anulado por parte dos três centrais do Benfica e não apareceu tanto como gostaria neste jogo. Também dar um destaque pela negativa de Haris Seferovic e Pizzi, que também não estiveram de todo ao nível do que este clássico pedia.

Análise Tática – SL Benfica
Depois de Otamendi não estar disponível no jogo de Tondela, tudo de volta ao que Jorge Jesus quer tentar implementar nos encarnados. Tínhamos de novo a aposta de três centrais (Lucas Veríssimo, Otamendi e Vertonghen) e havia um 3-5-2 ou 5-3-2 que já é habitual vermos nas águias. O Benfica a ter também alterações, mas apenas três e do meio-campo para trás: Julian Weigl, Nicolas Otamendi e Diogo Gonçalves.
As águias estavam a tentar ter mais posse de bola e também a construir a partir de trás com os seus três centrais com ajuda dos laterais Diogo Gonçalves e Alex Grimaldo. O jogo dos encarnados parecia passar pelo lado direito e, principalmente, com bola longa para Diogo Gonçalves. Na primeira bola de jogo interior que o SL Benfica faz conseguiu marcar um golo.
O Benfica ia mostrando muitas dificuldades a nível defensivo, sobretudo no lado esquerdo com Grimaldo a ser muito fustigado pela velocidade de Marega. Na segunda parte, a retificar mais esta questão e a alterar o seu sistema tática para o 5-4-1, onde apenas Seferovic era o jogador mais ofensivo dos encarnados. Isto mostrava uma equipa ainda mais defensiva e a procurar cada vez mais os erros adversários.

11 Inicial e Pontuações
Helton Leite (5)
Diogo Gonçalves (6)
Lucas Veríssimo (6)
Nicolas Otamendi (6)
Jan Vertonghen (5)
Alex Grimaldo (5)
Julian Weigl (5)
Pizzi (4)
Rafa Silva (6)
Everton (6)
Haris Seferovic (4)
Subs Utilizados
Gabriel (5)
Adel Taraabt (5)
Darwin Nuñéz (5)
Gilberto (-)
Pedrinho (-)

Análise Tática – FC Porto
Sérgio Conceição fez muitas alterações para possivelmente o jogo da época para os dragões e foram cinco jogadores novos no onze inicial. Pepe e Zaidu voltaram às suas posições caraterísticas, Sérgio Oliveira voltou a ser dono e senhor do meio-campo e Marega a fazer companhia a Taremi na frente de ataque. A grande surpresa (ou não) era a entrada de Luis Díaz para a ala esquerda.
Tínhamos um 4-4-2 que foi variando muito em relação aos momentos do jogo, principalmente a nível defensivo havia alguns jogadores a controlar algumas zonas do terreno enquanto que outros estavam sempre a cair em cima de jogadores pré-definidos. Luís Dias dava uma ajuda no lado esquerdo devido à subida de Diogo Gonçalves. Nestas situações os dragões variavam entre um 5-3-2 e o 5-2-3.
Na segunda parte, a partir dos 69 minutos, os portistas começaram a jogar com três defesas atrás (Manafá, Pepe e Mbmeba) e passou a jogar num 3-4-3 no momento da pressão. Neste momento, João Mário ia variando entre lateral e médio. Já a nível ofensivo, ia mantendo um 4-3-3 com, agora, Manafá à esquerda e João Mário à direita.

11 Inicial e Pontuações
Augustin Marchesin (5)
Manafá (5)
Chancel Mbemba (5)
Pepe (6)
Zaidu (6)
Sérgio Oliveira (5)
Matheus Uribe (5)
Otávio (5)
Luis Díaz (6)
Moussa Marega (6)
Mehdi Taremi (4)
Subs Utilizados
Toni Martinez (5)
João Mário (6)
Evanilson (-)
Francisco Conceição (-)

BnR na Conferência de Imprensa
SL Benfica
Não foi possível fazer questões ao treinador do SL Benfica, Jorge Jesus.
FC Porto
O treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, não compareceu na sala de imprensa do Estádio da Luz."

Providenciar contra o espetáculo e acautelar um título de campeão


"Muitas faltas, paragens e intervenções do VAR depois, Benfica e FC Porto acabaram empatados (1-1) em mais um jogo entre grandes como é clássico haver em Portugal: a providenciar em cautela e não tanto em espetáculo. E, agora, o rival de ambos já só precisa de dois pontos em três jornadas para ser campeão nacional

Tivesse o futebol as redondezas do juridiquês e pescaríamos ainda menos das suas mundividências, lá se via a bola e chutar-se-ia antes em quadrados, hexágonos ou um polígono generoso em lados, porque não é de leviandade que se fala, nem de um receio qualquer, é de um “sério receio de que alguém lhe venha a causar uma lesão grave e dificilmente reparável ao seu direito”, no caso é o de Sérgio, poderia ser o de Rúben ou quiçá o de João.
Perdoem o abuso, é só mais uma linha ou outra de paciência, mas a definição de providência cautelar da Fundação Francisco Manuel dos Santos importa, por estes dias, cá no futebol do burgo, pois o que é hoje punição amanhã é ordem de soltura e as consequências dos atos ficam para quando der mais jeito, o FC Porto tem o treinador presente na Luz para um jogo a que se chama clássico por direito, não propriamente pela meritocracia de espetáculo.
Aos 14 segundos já Weigl derrubava Díaz, antes dos dois minutos era o alemão a ser parado e o terceiro minuto ainda nem se cumprira quando Zaidu se atirou aos pés de Rafa, faltas e mais faltas, ao intervalo havia 19 e muito haveria para teclar sobre a clássica costela faltosa destes jogos que se tapa com o chapéu da garra, intensidade, vontade e querer onde, muitas vezes, falta sombra onde a bola possa rolar.
Ela vai pouco, muito pouco, ao meio de cada metade do campo na Luz e sobretudo na defendida pelo FC Porto, que cerra os espaços entre linhas e tapa o corredor central. O Benfica faz a primeira parte sem encontrar uma receção de Seferovic, de costas voltadas à baliza, para servir de apoio às deambulações de Rafa ou Everton à beira-área, Pizzi só tem bola de frente para o jogo quando se aproxima dos alas e nem Weigl, no início das coisas, tem segundos para ordenar os passes da equipa.
O FC Porto pressiona em cima cada saída da área ou lançamento lateral feito lá perto, aí o bloco é alto, apenas o baixa para a linha do meio-campo das vezes que o Benfica recicla uma posse de bola e a devolve aos três defesas. São raras, serem os centrais e os alas quem mais toques somam em 45 minutos explica-se pelas amarras que os condicionam e, coletivamente, a equipa de Jorge Jesus nada resolve.
O desequilíbrio surgiu com Everton, dançarino de pés soltos para se livrar de Uribe e Mbemba num cubículo, tabelar com Seferovic e, perante o socorro de Pepe, rematar-lhe a bola por entre as pernas e 1-0 é o resultado a partir dos 23’. Mas, antes e depois, é o FC Porto a forçar com a sua habitualidade - consegue, em três tentativas, lançar Marega no espaço entre central e ala/lateral, por onde há épocas é arremessado para a profundidade. Grimaldo e Vertonghen, contudo, são surpreendidos.
Os cinco remates do FC Porto não acertam no retângulo com redes e dois cruzamentos se veem em que o triz lhe escapou na área - Taremi, nas costas de Veríssimo, desvia uma bola na direção oposta à baliza e, depois, Helton Leite antecipou-se nas últimas a Marega - enquanto o Benfica, nas raras descobertas de espaços, apenas os avista em transições rápidas, sempre na ressaca de cantos ou bolas paradas do adversário. É um clássico de muitos clássicos passados, com a pitada de modernidade do VAR anular um penálti (de Manafá sobre Rafa) por fora-de-jogo.
A pressa acresceu para o FC Porto na segunda parte e os primórdios da retoma do jogo mostraram-no, Otávio e Luis Díaz já muito mais projetados para forçarem duelos com os alas e a equipa, com os minutos, a esburacar a sua capacidade para reagir às bolas perdidas. E o Benfica foi ligando mais contra-ataques, mais transições para lançar Rafa e Everton na pradaria onde, embalados, mais rendem para decidirem jogadas sozinhos.
Essa tendência nem 15 minutos duraria, mas tempo houve para o VAR, de novo, rever um pretenso penálti (de Zaidu sobre Diogo Gonçalves). Feita a hora de jogo e tudo se encruzilhou como na primeira parte, as faltas, as paragens, os ressaltos e nem cinco passes a serem ligados por alguém no meio-campo contrário. O Benfica dependia dos improvisos de Everton, o FC Porto deixou de se ligar às diagonais típicas de Marega e o maliano até sairia de campo quando a equipa já só ameaçava quando a bola parava para alguém a curvar área dentro.
E de um livre de Sérgio Oliveira com ricochete na barreira seguiu-se para o canto cortado da área, cuja ressaca foi até à direita e a João Mário, o novato desaparecido dos campos da equipa principal desde 13 de fevereiro, que se livrou da precipitação de Taarabt, voltou a cruzar a bola e o jeito no pé direito de Uribe empatou (75’) as coisas, que só no crepúsculo deixaram de ser tão clássicas.
Ao quarto de hora de encolhimento do Benfica - desmanchado, apenas, para crateras de espaço em que a transição rápida fosse garantida - e da insistência sem maneiras do FC Porto - incapaz de chegar à área contrária por outras vias que não massacrar a linha defensiva com movimentos de rutura e bolas no espaço - sucederam-se uns minutos de desconto, condignamente assim chamados para descontar algo na fatura de mais um clássico sensaborão.
Aí, houve a vertigem de um contra-ataque terminado com uma bola na barra, rematada por Taarabt e desviado por Marchesín; viu-se um remate de Luis Díaz da entrada da área; e outra transição rápida fez Darwin (perigoso acabar, com correrias nas costas do lateral João Mário) atrasar um passe para Diogo Gonçalves o remeter para Pizzi, à direita, disparar de primeira o que parecia ser o 2-1. O rejúbilo dos da casa foi adormecido por outro fora-de-jogo visto pelo VAR.
Já era tarde, o 1-1 ficou, o penúltimo clássico da época a terminar como tantíssimos outros e a contribuir, talvez, para que o derradeiro dos jogos há muito habituais em Portugal seja irrelevante, na prática - quando o Sporting entrar no Estádio da Luz, a uma jornada do fim, já poderá ser campeão nacional como não o é há 19 anos. Porque este empate requer ao rival de Benfica e FC Porto apenas dois pontos em nove possíveis para garantir o título.
Tudo numa época de tribunais e juridiquices e recursos a serem jogadores num jogo que, em Portugal, providencia cada vez mais pitadas de extrafutebol, quando toda a gente ficaria a ganhar se o destinatário dos acautelamentos fosse, de facto, o futebol."

Via Verde


"Que seja um clássico entre o Benfica e o FC Porto a possibilitar ao Sporting a vitória na I Liga não é, convenhamos, um cenário muito contemporâneo. Contudo que melhor desfecho para espelhar aquela que foi uma época em que o leão, passo a passo, jogo a jogo, foi ofuscando aquela que se previa a normal luta pela hegemonia dos anos anteriores? E agora que já vamos em maio, e que o Sporting só precisa da vitória caseira frente ao Boavista para se sagrar campeão nacional, parece bem distante aquele período de tempo entre o FC Porto conquistar o título e o Benfica ter ido buscar o afamado Jorge Jesus ao Rio de Janeiro. Dessas duas parangonas (Porto campeão e Benfica com o regresso do seu treinador mais titulado) se criou a expectativa de que este clássico marcado para a jornada 31 seria aquele que mais peso teria nas contas do título. E, ironicamente, acabou por ser este mesmo clássico não só a dar a possibilidade de o Sporting voltar ao Marquês, como a espelhar o porquê de serem os leões a equipa que comanda, destacada, o campeonato.
Não que o jogo não tivesse tido qualidade, e não que quer Benfica, quer FC Porto sejam equipas banais, mas se olharmos ao que foi o resultado e o jogo jogado que o criou, rapidamente se reparará que a eficácia do líder foi, e será, determinante nas contas finais do título. Isto porque se olharmos para a equipa que segue (seguia?) na perseguição, rapidamente repararemos que está lá a intensidade, a competitividade, a organização que formam um colectivo capaz de ir à Luz e mandar na maior parte do jogo, omo capaz, por exemplo, de conseguir 11 remates dentro da área adversária , como ainda também de ir ganhando de dividida em dividida a bola necessária para ir dominando e criando o suficiente para merecer ter outro conforto e, claro está, outro resultado. Um domínio que (sabemos agora porque assistimos aos 15 minutos finais) foi claramente consentido por um Benfica que se viu em vantagem sem que muito tivesse feito para isso. Foi o golo de Cebolinha (23′) que pareceu dar um ordem de recuo, de espera, que ajudou em muito a que o FC Porto fosse crescendo até à baliza de Helton. Já antes disso os dragões tinham dado um ar da sua graça mas, até aí, com uma só rota definida para o fazerem: Marega a fugir a Vertonghen.
Aí, numa altura em que o jogo estava mais dividido, os azuis-e-brancos encontraram ocasiões na área para colocarem em xeque o 343 de Jorge Jesus. A diferença é que o Benfica ia conseguindo manter os portistas mais longe de Helton, fruto da tentativa (já vista no Dragão) de igualar a intensidade do (ainda) campeão nacional. Mas depois de Díaz rematar ao lado (4′), de Uribe ter uma boa oportunidade dentro da área (9′) e de Taremi não conseguir emendar um cruzamento de Marega (20′), Cebolinha fez das suas e do quase nada criou uma vantagem que alterou a estratégia encarnada. E a partir daí, muito se poderá elogiar a postura mais expectante e venenosa do Benfica, até porque numa ou outra transição (e elas apareceram) o 2-0 mataria o jogo. Mas, em abono da verdade, esse recuo deu ao FC Porto a possibilidade de se ir chegando perigosamente até Helton num assédio que nada abona em favor desse passo atrás.

Na imagem duas notas importantes sobre os minutos iniciais: FC Porto a procurar a direita (provocar Verthongen com Marega) e Benfica a fechar saída dos portistas com agressividade


Manafá também a criar pela direita portista

Isto porque até ao golo de Everton, o FC Porto ia tendo mais dificuldades para se impor e fazer a bola chegar limpa ao último terço. Mas depois, só a falta de eficácia na finalização poderá explicar que ao domínio se juntasse o resultado. E ironicamente o que realça a importância desse recuo do Benfica para se explicar o jogo acaba por ser… o golo portista. É que depois de Uribe se redimir do falhanço da 1.ª parte, o Benfica voltou a um registo mais adiantado, mais de pressão alta e conseguiu ter a bola necessária para meter em sentido o FC Porto. Em contrapartida, os dragões viam-se agora com muito mais dificuldades para sair limpo e se estabelecerem onde durante a maior parte do jogo tinham estado. Ainda por cima, depois do golo de Uribe ter validado a aposta de Sérgio Conceição em João Mário para a ala direita (ele que serviu Uribe e criou mais um par de calafrios à linha defensiva do Benfica), foi a vez do jogo dar razão a Jorge Jesus – que meteu Darwin a esticar por essa ala. E aí sim, o jogo foi de todos e não foi de ninguém – o que é explicado facilmente pelo facto de as duas equipas terem tido oportunidades para chegar à vitória mas nenhuma ter conseguido a pizzadela final.

Benfica-FC Porto, 1-1 (Everton 23′; Uribe 75′)

Daqui, Cebolinha criou um golo. Fantástico!


Depois do golo de Cebolinha, FC Porto encontrou outras rotas e conseguiu mais presença junto ao último terço


João Mário a ganhar a aposta na ala direita, encontrou Uribe (sozinho) no coração da área. O FC Porto ganhou 8 cantos na 2.ª parte (o que mostra a proximidade do último terço) mas só neste (numa bola que sobra) conseguiu criar real perigo (e golo)



Com o FC Porto sem discernimento para evitar transições, a entrada de Darwin e a presença que deu à ala esquerda esteve a centímetros de ser determinante – por duas vezes!"

Verdade, não foi nada de especial


"É um fora-de-jogo de 19cm (alegadamente) que resultava em penalty ou expulsão do Manafá.
É um fora-de-jogo de 30cm (alegadamente), medido no braço do jogador, para anular um golo aos 92.
É uma expulsão perdoada ao Sérgio Oliveira na primeira parte.
É uma expulsão perdoada ao Pepe que se via da lua, isto quando o primeiro amarelo é para lesionar.
É um golo anulado nessa mesma jogada para...não dar cartão amarelo.
Foram vários momentos como esse, em que apita claramente para evitar contra-ataques nossos.
É um livre perigoso e amarelo por mão do Manafá que também se viu da lua.
Foram todos os cantos e lançamentos oferecidos ao Porto e roubados ao Benfica a partir dos 60’.
Foi um 8-3 em amarelos e 20-13 em faltas contra uma a mil vezes mais agressiva e caceteira que nós. 
Foi um marcar faltas no nosso meio campo sempre que um jogador do porto se deitava no chão.
Foram amarelos para condicionar jogadores chave à primeira falta, como o do Weigl.
Foi um penalty anulado discutível, pior do que muitos dos marcados ao Porto.
Até acho que foi uma arbitragem normal, do “melhor árbitro português”.

Créditos: Kampz do fórum SerBenfiquista.com"

Estrela da companhia!


"Artur Soares Dias parecia o N'Golo Kanté a travar o contra ataque da equipa adversária.
Que categoria do habilidoso!"

Tóquio 2020: os Jogos mais condicionados da história


"O Comité Olímpico Internacional (COI), o Comité Paralímpico Internacional (CPI) e o Comité Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020 (Tóquio 2020) realizaram ontem uma sessão explicativa sobre a segunda versão dos Playbooks para os Jogos de Tóquio.
O Playbook, documento que surgiu na sua primeira versão em fevereiro de 2021, é um recurso em forma de manual que descreve as responsabilidades pessoais que os principais intervenientes nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos devem assumir para desempenhar o seu papel, garantindo eventos seguros e bem-sucedidos no próximo verão.
Estes Playbooks foram criados para cada um dos grupos intervenientes nos Jogos – Atletas e Oficiais; Federações Internacionais; Imprensa; Emissores Oficiais; Parceiros de Marketing; Família Olímpica –, que terão de seguir diretrizes específicas adaptadas às suas necessidades operacionais individuais.
O conjunto de Playbooks fornece uma estrutura de princípios básicos que cada grupo terá de cumprir antes de viajar para o Japão, ao entrar no Japão, durante a estadia no Japão e ao regressar ao país de origem. Eles fornecem orientações e definem parâmetros que permitirão às pessoas e organizações avançar no devido planeamento da sua participação.
A segunda versão dos Playbooks contém mais informações e detalhes sobre as regras a cumprir, mas muito do planeamento específico permanecerá em aberto até à terceira e última atualização que sairá em junho. Após a proibição de espectadores estrangeiros, os organizadores dos Jogos anunciaram que a decisão sobre se os espectadores serão permitidos nas instalações olímpicas e paralímpicas - e, se for o caso, quantos - será tomada em junho.
Algumas das medidas mais importantes estabelecidas na segunda edição dos Playbooks incluem a exigência de dois testes COVID-19 para todos os participantes nos Jogos antes da sua ida para o Japão, testes diários para Atletas e Oficiais, testes diários por um período de três dias para todos os outros participantes após a sua chegada ao Japão e proibição de usar os transportes públicos para todos os participantes durante a sua estadia no país. Todas as partes interessadas estão ainda obrigadas a monitorizar o seu estado de saúde nos 14 dias anteriores à ida para o Japão e a detalhar, com 30 dias de antecedência, o seu plano de atividades durante os primeiros 14 dias após a entrada no Japão.
Embora a vacinação contra a COVID-19 seja fortemente recomendada, os Playbooks afirmam que não será um requisito para participar nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio. Todas as regras descritas serão aplicadas independentemente de o participante ter ou não recebido a vacina.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio estavam marcados para começar no dia 24 de julho de 2020. No final de março do ano passado, devido à pandemia do novo coronavírus, o COI e os organizadores japoneses anunciaram que o evento seria realizado um ano depois. Grande tem sido a determinação do COI em levar adiante os Jogos desde então, apesar das preocupações mundiais com a COVID-19.
Sobre a criação destes manuais, o Diretor Executivo dos Jogos Olímpicos do COI, Christophe Dubi, referiu: “Ao comprometermo-nos a seguir os Playbooks, seremos mais fortes juntos. Em troca, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020 serão lembrados como um momento histórico para a humanidade, o Movimento Olímpico e todos aqueles que contribuíram para seu sucesso ”.
Da parte do Comité Olímpico de Portugal, estamos comprometidos a cumprir com a nossa parte e tornar Tóquio 2020 um evento seguro e memorável, nestes que serão os Jogos mais condicionados da história."