terça-feira, 13 de abril de 2021

Benfica na vanguarda


"O Sport Lisboa e Benfica volta a ser pioneiro em Portugal. Desta feita trata-se da implementação da nova tecnologia 5G no Estádio da Luz, num projeto ambicioso implementado com a NOS, empresa parceira do Clube e líder de mercado no setor das comunicações.
A experiência de ver um jogo de futebol no Estádio da Luz não mais será a mesma. O leque de funcionalidades à disposição dos adeptos e do Clube aumentará significativamente, tirando-se assim partido da muito maior velocidade de transmissão de dados.
Para os adeptos, aderindo ao 5G, assistir a um jogo do Benfica no Estádio da Luz será uma experiência radicalmente diferente. O acesso a conteúdos de forma totalmente imersiva, graças à combinação do 5G com tecnologias como realidade virtual ou aumentada, permitirá viver o jogo de forma muito mais aproximada e informada.
Sentado (ou em pé) na cadeira enquanto vibra com as incidências da partida, o adepto terá a possibilidade de aceder a estatísticas do jogo ou dos jogadores em tempo real, escolher o ângulo a partir do qual se quer ver o jogo, ativando em tempo real uma das muitas câmaras que estão a ser utilizadas na emissão, ou de fazer streaming de vídeo em direto, em alta qualidade e definição.
Isto e muito mais estará à disposição dos adeptos. Não mais haverá tempos mortos nos jogos!
Para o Clube, além de reforçar e melhorar a interatividade com os adeptos através da disponibilização, em tempo real, de conteúdos mais exigentes ao nível da transmissão de dados, esta tecnologia potenciará o rendimento desportivo, via otimização das comunicações, conforme salientou Rui Costa na apresentação conjunta com a NOS.
O vice-presidente do Clube revelou que o 5G possibilitará, por exemplo, "comunicação mais eficiente entre equipas técnicas, melhor avaliação de desempenho de jogadores, acesso a dados estatísticos, como níveis de cansaço, performance, distância percorrida, etc., ou análises táticas em tempo real", entre outros.
Por seu turno, Manuel Ramalho Eanes, administrador executivo da NOS, revelou, em representação do parceiro do Sport Lisboa e Benfica na apresentação do 5G no Estádio da Luz, que este passará a ser "uma arena desportiva altamente digital e inteligente, única em Portugal". "(...) Vamos poder fazer download e partilha de informação instantaneamente sem falhas, com muito maior robustez", afirmou, acrescentando: "A NOS é parceira tecnológica do Benfica há sete anos, temos uma relação muito boa, partilhamos o mesmo ADN de pioneirismo e inovação."
A incessante aposta na inovação, procurando-se manter o Sport Lisboa e Benfica na vanguarda da tecnologia e da gestão, e com isso adquirir vantagens competitivas para as nossas equipas e o fortalecimento da relação com os adeptos e parceiros, tem sido uma marca indelével do Clube. Constatámo-lo com o Museu Benfica – Cosme Damião, o Benfica LAB, o Human Performance Department, o BPlay, o programa Mais Vantagens e em tantas outras áreas, como, agora, se revela nesta importante parceria com a NOS.
O Benfica vencedor do futuro é forjado no presente.
De Todos Um, o Benfica!

P.S.: Está de parabéns, pelo seu 84.º aniversário, o nosso José Augusto, mítica figura do Clube, bicampeão europeu, campeão nacional oito vezes, vencedor de três Taças de Portugal (mais uma como treinador) e três Taças de Honra da AFL e oitavo melhor marcador benfiquista em competições oficiais pela equipa de honra. Daqui lhe enviamos um forte abraço e desejamos muita saúde, fazendo votos de que possamos celebrar muitos mais aniversários de uma das maiores glórias da nossa história!"

Esclarecimento


"Face ao avolumar de informações falsas, cumpre ao Sport Lisboa e Benfica esclarecer que não está no mercado à procura de quem quer que seja para reforçar a sua estrutura diretiva do futebol profissional.
O Clube lamenta que continuem a ser propaladas informações infundadas sobre a sua realidade desportiva, cujo propósito só poderá ser entendido como uma renovada tentativa para desviar o foco dos objetivos traçados: vencer as 8 partidas que faltam do Campeonato e a Taça de Portugal."

Tens toda a razão


"O Sporting não dá vouchers, oferta de cortesia prevista na lei, prefere antes ter funcionários do clube na altura dos factos, acusados de crimes de corrupção ativa a árbitros.

Sim, porque por mais que o clube tenha sido protegido e a comunicação social tente desvalorizar, é bom salientar que os casos de corrupção e três arguidos - um deles funcionário do clube - vão a tribunal responder pelos crimes.
É só mais um episódio de corrupção, dinheiro e árbitros que liga o @Sporting_CP."

A genética do futebolista português


"Atualmente Portugal é uma fábrica de talentos verdadeiramente incrível. Nos últimos 60 anos produzimos talentos como Eusébio, Chalana, Futre, Figo, Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva, entre outros. Mas afinal qual é a origem deste talento no jogador português?
Durante o período republicano, os futebolistas portugueses eram vistos como talentosos, virtuosos e por apreciarem o contacto com a bola. No entanto, em termos de rotinas de treino tinham bastantes lacunas. É apontado ao jogador português a pouca disciplina de treino e de exercícios físicos e ao mesmo tempo detetava-se nas equipas em Portugal dificuldades em agrupar todos os seus elementos, uma vez que o futebol ainda não era profissional em Portugal, ao contrário por exemplo, de em Inglaterra [1]. Aliás sobre este assunto, Carlos Vilar, um dos precursores do futebol em Portugal, após a partida entre o Carcavelos e o Benfica, considerou que os jogadores portugueses estavam longe de possuir um espírito desportivo e sacrifício e, por esse motivo, o seu sucesso era fugaz. Em relação a este raciocínio de Carlos Vilar não podemos deixar de dizer que ao contrário do que acontecia noutros países o futebolista português era nesta fase totalmente amador e tinha que dar prioridade, como é evidente, ao seu trabalho/sustento.
Não obstante, a crítica à conduta dos atletas portugueses na questão do treino, hábitos de vida, tática e corrida era habitual na imprensa, sendo que se acreditava que a conduta inglesa era a mais correta. Mesmo no Desporto em geral havia um problema de berço em Portugal, que se arrastou até aos dias de hoje, que reflete numa incipiente aposta no espírito desportivo. Ou melhor, podemos explicitar tudo isto no pouco investimento que existiu nesta área.
Voltando ao futebol, Cosme Damião, histórico jogador e dirigente do Benfica percecionava um jogador ideal como combatente, paciente, enérgico e rápido a decidir, que seria um dos mais preciosos dons [2]. Por outro lado, o capitão benfiquista via no futebol uma escola de trabalho, em virtude de conservar a saúde, o vigor do espírito e ensinar o método, a precisão, a ordem e mais que tudo confirmar que são os pequenos esforços que, conjugados, realizam as grandes obras [3].
Apesar de tudo a evolução do futebol em Portugal foi-se sustentando e com a profissionalização (nos anos 60) e a maior seriedade do futebol em Portugal levou-nos a produzir uma série de talentos para o mundo. Porque apesar das dificuldades iniciais a vontade do jogador português em estar com a sua amiga bola, sempre esteve lá. É genético."

Operação Altura: o exemplo do basquetebol espanhol


"Operação Altura é um processo de deteção de jovens desportistas que na sua fase de crescimento e de desenvolvimento motor tenham altura e estatura acima da média. Na nossa vizinha Espanha, nos anos 50 do século passado, o basquetebol espanhol, apesar do seu desenvolvimento interno, não conseguia obter resultados desportivos que o conduzissem aos lugares de pódio nas competições internacionais. Feita a devida análise chegaram à conclusão que o principal motivo era a falta de jogadores altos que equilibrassem a luta nas tabelas, com os países do leste da Europa, e marcassem e evitassem a marcação de pontos nas zonas próximas do cêsto. O treinador Pedro Ferrandiz, um mestre na formação de jogadores e na condução de equipas, então responsável pela escola de jogadores de basquetebol do Real Madrid convidou, através da comunicação social, todos os jovens com mais de 1,80 m de altura a prestarem provas de acesso às equipas juvenis do clube madrileno. A então denominada “Operação Altura” teve um êxito espectacular com a participação de cerca de uma centena de jovens (+1,80m) que deram origem à constituição de novas equipas na categoria de juvenis do Real Madrid.
Nos anos 60, o reconhecido treinador António Diaz Miguel, selecionador nacional de Espanha durante muitos anos e, mais tarde, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984, organizou uma Operação Altura, em Pamplona, em que participaram jogadores do país Basco e da Catalunha, que se tornaríam históricos do baloncesto de nuestro hermanos (Achen Guruceta, Shegun Aspiazu, Moncho Monsalve, Joan Fa e Henrique Margall). O Real Madrid, equipa pioneira neste processo de captação de jovens calmeirões para as suas equipas de basquetebol continuou a organizar estas acções alargando a sua área de intervenção, à escala nacional, a todos os jovens que tivessem menos de 18 anos de idade e mais de 1,95m de altura.
Entretanto, nos anos 70, com a adopção do sistema de deteção de calmeirões (Operação Altura) pelos principais clubes de basquetebol de Espanha foi possível, com paciência e muito trabalho, transformar jovens altos, magricelas e descoordenados do ponto de vista motor, em atletas de alto rendimento que levaram a seleção espanhola à conquista da medalha de prata no Europeu Barcelona-1973. Nesta seleção destaque para Rafael Rullan, Luis Santillana e os irmãos Estrada uma nova geração de jogadores calmeirões saídos das Operações Altura, que teve continuidade nos anos seguintes com o aparecimento de Josean Querejeta, Vicente dela Fuente, Fernando Arcega e Pepe Sillero.
Do conjunto de calmeirões que se tranformaram em jogadores de alto rendimento e tiveram enorme influencia nos êxitos internacionais do basquetebol espanhol, selecionei aqueles que tiveram maiores êxitos desportivos e que ao longo dos anos tive a oportunidade de acompanhar das mais diversas formas:
Rafael Rullan (2,07 m e 110 Kg). Nascido em Palma de Maiorca (1952) fez a sua estreia em competições internacionais nos Jogos da FISEC em Lovaina-1969, defrontando entre outras a seleção portuguesa da qual eu era responsável. A sua envergadura aos 17 anos de idade fazia uma diferença abismal naquele escalão etário. Continuei a acompanhar o seu percurso de atleta profissional ao longo da sua carreira de cerca de 20 anos, como habitual frequentador dos Torneios de Natal do Real Madrid, Copas do Rey de Espanha e Torneios Intercontinentais de Clubes/Torneios McDonald. Enquanto jogador da equipa do Real Madrid conquistou 14 ligas ACB, 9 Copas do Rey, 3 Ligas dos Campeões Europeus, 3 Taças Intercontinentais, 1 Eurocopa, 1 Mundial de Clubes e pela seleção espanhola participou em 161 jogos tendo conquistado a medalha de prata no Eurobasket Barcelona-1973. Foi, no meu entender, o primeiro jogador espanhol a ter sucesso no mundo da “Bola ao Cêsto” ao demonstrar nas muitas competições em que participou a importância decisiva dos calmeirões no percurso vitorioso a nível internacional do basquetebol dos nossos vizinhos ibéricos.
Fernando Romay (2,12m e 110 Kg). Jovem galego nascido na Corunha (1959) e que aos 14 anos já tinha +2,00 metros de altura foi descoberto pelo Real Madrid. Assistimos a todas as suas exibições integrado na seleção espanhola no Campeonato Europeu de Juniores realizado em Santiago de Compostela-1976. O seu progresso era evidente, de jogo para jogo, no confronto directo com os gigantes da então Jugoslávia (1º) e URSS (2º), tendo a seleção do país vizinho ficado na 3ª posição. Romay jogou no Real Madrid, entre 1976 e 1993, pelo qual conquistou 7 títulos da liga ACB, 5 Copas do Rey, 2 Ligas dos Campeões Europeus, 3 Eurocopas, 3 Taças Intercontinentais de clubes, 1 Copa Korac e 1 Mundial de clubes. Foi uma referência internacional na posição de Poste devido à sua envergadura e domínio no jogo interior, tendo representado a seleção de Espanha em 174 encontros, ao serviço da qual ganhou a medalha de prata no Eurobasket França-1983 e a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984.
Neste histórico processo de captação de jovens calmeirões através da “Operação Altura” do Baloncesto de “nuestros hermanos”, surgiram os irmãos Fernando e António Martin, nascidos em Madrid, tendo sido descobertos e encaminhados para o jogo de “A Bola ao Cesto” para as equipas de formação dos Estudiantes de Madrid:
Fernando Martin (2,08 m e 100 Kg). A primeira vez que o vi jogar foi no Torneio de apuramento para o Europeu de Juniores organizado pela Federação Portuguesa de Basquetebol no Pavilhão do Restelo (1979), quando eu exercia as funções de Director Técnico. A sua estatura aliada a uma energia contagiante na luta nas tabelas e uma movimentação ofensiva deveras eficiente na área restritiva, eram sintoma de um grande atleta e jogador talentoso em perspectiva. Em 1981 foi transferido para o Real Madrid com o qual venceu 3 Ligas ACB, 3 Copas do Rey, 2 Eurocopas e 1 Taça Korac. Ao serviço da seleção espanhola foi Campeão Europeu de Cadetes Síria-1979. Pela seleção senior foi medalha de prata no Eurobasket (1983) e medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984. Foi o primeiro jogador espanhol a ingressar na NBA (Portland Trail Blazers-1986/87) pelo qual actuou em 24 encontros, contudo uma arreliadora lesão obrigou a uma paragem de vários meses que lhe deu cabo da época desportiva. Tendo em vista uma cautelosa recuperação da longa paragem entendeu no final da época regressar ao Real Madrid. Infelizmente, em 3 de dezembro de 1989, faleceu num acidente de automóvel. Fernando Martin era, na década de 80, um dos maiores ídolos do desporto espanhol. 
António Martin (2.10 m e 106 Kg). Irmão de Fernando, deu continuidade ao prestígio da família Martin no basquetebol espanhol. Actuou 11 épocas no Real Madrid pelo qual conquistou 5 Ligas ACB, 4 Taças do Rey, 1 Supertaça de Espanha, 1 Taça dos Campeões europeus, 3 Eurocopas e 1 Taça Korac. Pela seleção espanhola que representou em 76 ocasiões conquistou a medalha de bronze no Eurobasket Roma-1991. Após a conclusão da sua carreira de jogador foi director do basquetebol do Real Madrid no período (2005 a 2009) e, posteriormente (2018), foi eleito e ainda se mantém como Presidente da Liga profissional do basquetebol espanhol, quer dizer, da “Association Clubes Baloncesto” (ACB), a mais prestigiada liga nacional no mundo do basquetebol, logo a seguir à NBA.
Jorge Garbajosa (2,07 m e 111 Kg). Nasceu em 1977 em Torrejon de Ardoz na província de Madrid. Começou a jogar nas equipas de formação do Baskonia da cidade de Vitoria, clube onde deu início à sua carreira profissional e jogou durante 6 épocas (1994/2000) e, pelo qual, venceu uma Taça do Rey (1998/99). No período entre 2000/04 representou os italianos do Benetton Treviso tendo conquistado 2 títulos da liga profissional de Pallacanestro, 2 Taças de Itália e 2 Supertaças. Nas duas épocas seguintes (2004/06) regressou a Espanha para jogar no Unicaja de Málaga, tendo vencido a Liga ACB e a Copa do Rey na temporada de (2005/06) e sido nomeado o melhor jogador (MVP) das duas competições. Quer dizer, entre (1994/2006) jogou em 3 distintos clubes de enorme prestígio do basquetebol europeu (Baskonia, Treviso e Unicaja) tendo participado em 362 jogos nas competições espanholas e 105 encontros na Euroliga com exibições de alto rendimento. Em 2016 (aos 29 anos de idade), recebeu um convite dos Toronto Raptors (NBA), tendo assinado um contrato por 3 épocas (2006/2009) com a equipa canadiana. As suas qualidades depressa o levaram ao cinco inicial onde pontificava o All Star Chris Boss.
Depois de uma grande época ao serviço dos Raptors lesionou-se com alguma gravidade o que conduziu a uma longa paragem, pelo que a recuperação não foi fácil, tendo acabado por rescindir e regressar a Espanha. Após a recuperação jogou pela equipa russa do Khimki de Moscovo (2008/09), pelo Real Madrid (2009/11) e pelo Unicaja de Málaga (2011/12) onde terminou a sua carreira de Jogador. Ao serviço da seleção de Espanha, nos FIBA Eurobasket foi medalha de bronze no Turquia-2001, medalha de prata nos Suécia-2003 e Espanha-2007 e, ainda, medalha de ouro no Polónia-2009. Também foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos Beijing-2008 e Campeão Mundial no Japão-2006. Depois de uma excelente carreira como jogador profissional e face a uma situação de demissão do anterior presidente da federação espanhola, Jorge Garbajosa decidiu candidatar-se à liderança da mesma, tendo sido eleito para o mandato (2016/2020), durante o qual realizou um excelente trabalho, argumento principal para a sua reeleição para o actual mandato (2020/2004). Um percurso notável de jogador experiente a gestor respeitado do organismo máximo do Baloncesto Espanhol. Enhorabuena.
Pau Gasol (2,15 m e 110 Kg). O filho mais velho de uma família da Catalunha, com 3 rapazes de distintas idades, nasceu em 1980. Começou a jogar na equipa da escola “Basket Llor Sant Boi” e, quando foi considerado um calmeirão habilidoso, foi encaminhado para o “UE Cornella” que era um clube de formação de jogadores de basquetebol ligado ao FC Barcelona. Na época de 1997/98, com 16 anos de idade, ingressou no Barcelona com o qual foi campeão nacional junior, sendo a partir daí convocado para as diferentes seleções nacionais de jovens. Conquistou a medalha de ouro no Torneio Albert Schweitzer em Mannheim-1998 (Alemanha), medalha de ouro no Europeu Sub-18 em Varna-1998 (Bulgária), medalha de ouro no Mundial Junior em Lisboa-1999 (Portugal) e medalha de bronze no Europeu Sub-20 em Ohrid-2000 (Macedónia). Tive a oportunidade de assistir ao mundial realizado em Portugal e constatei que Pau Gasol, para além de ter sido o jogador mais influente da seleção vencedora, possuía capacidades atléticas e motoras excelentes (altura, estatura, coordenação motora e habilidade na manipulação da bola), o que se veio a confirmar pelas inúmeras ofertas de bolsas de estudo de universidades da NCAA. No entanto, a opção familiar foi a de continuar a jogar em Espanha integrado na equipa senior do Barcelona. Nas épocas (1999/2001) em que jogou na equipa principal do clube catalão, a última foi a mais relevante através das suas excelentes exibições que levaram à conquista da Copa do Rey e da Liga ACB, a juntar à sua prestação na seleção senior espanhola que conquistou a medalha de bronze no Eurobasket na Turquia-2001.
Entretanto, inscreveu-se no Draft da NBA, tendo sido escolhido pelos Atlanta Hawks, contudo foi trocado para os Memphis Grizzlies. Foi o 2º jogador espanhol a entrar na liga profissional norte americana, actuando pelos Grizzlies durante as primeiras 7 épocas (2001/08). Posteriormente, jogou nos Los Angeles Lakers (2008/14), Chicago Bulls (2014/16), San Antonio Spurs (2016/19) e Milwaukee Bucks (2019). Durante a sua carreira como atleta profissional na NBA foi: Rookie do ano (2001/02), All-Rookie Team (2001/02), 2 vezes campeão da NBA (2008/09 e 2009/10), 4 vezes All-NBA Team (2008/09, 2009/10, 2010/11 e 2014/15) e participou em 6 All Star Games (2006, 2009, 2010, 2014, 2015 e 2016). Com a seleção de Espanha conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 e nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e, ainda, a medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Foi Campeão Mundial em Tóquio-2006 e nos Eurobasket foi medalha de bronze no Turquia-2001, medalha de prata no Suécia-2003 e no Espanha-2007, medalha de ouro no Polónia-2009, no Lituânia-2011 e no França-2015. Um percurso notável do melhor jogador da história do Baloncesto Espanhol. Após uma paragem de 2 anos, na recuperação de uma lesão complicada, regressou recentemente a Espanha (aos 40 anos de idade) e inscreveu-se no Barcelona na tentativa de poder vir a ser incorporado na seleção de Espanha que vai participar, em Julho, nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2021. Oxalá consiga.
Marc Gasol (2,11 m e 115 Kg), o segundo filho da família Gasol, nasceu em 1985, quer dizer, 5 anos depois de Pau. Em 2001, quando Pau foi contratado pelos Memphis Grizzlies (NBA) toda a família foi viver para os USA, nos arredores de Memphis no estado de Tennessee. Enquanto Pau actuava nos Grizzlies, Marc foi estudar para o Lausanne Collegiate School e jogava pela respectiva equipa nos campeonatos escolares. Concluído o High School (2003), resolveu regressar a Espanha para jogar na liga ACB em representação do FC Barcelona. Jogou na equipa catalã entre (2003 e 2006) pela qual realizou 87 encontros e depois ingressou no Basquet Girona da ACB (2006 a 2008) com o intuito de ganhar experiência competitiva (91 jogos) e uma maior valorização desportiva para poder entrar na NBA. O objectivo foi alcançado na medida em que foi considerado o jogador mais valioso (MVP) da liga ACB na sua derradeira época em Espanha (2007/08).
Marc Gasol, que já tinha sido selecionado no Draft/2017 pelos Lakers, fez parte do pacote que envolveu a transferência de Pau para a equipa de Los Angeles e, como tal, ingressou nos Memphis Grizzlies. No período entre (2008 e 2019) efectuou 769 jogos nos quais marcou 11.684 pontos. Foi nomeado o melhor defensor da NBA na época (2012/13) e participou em 3 ocasiões no All Star Game (2012, 2015 e 2017). Na temporada (2019/20) assinou pelos Toronto Raptors onde foi uma peça fundamental na conquista do título da NBA, o grande objectivo de qualquer jogador da liga profissional norte americana. Após esta notável experiência resolveu aceitar um convite dos Lakers na tentativa de conquistar mais um título da NBA, ainda antes de terminar a carreira profissional. Ao serviço da seleção nacional espanhola nos Eurobasket, foi medalha de prata no Espanha-2007, medalha de ouro no Polónia-2009 e Lituânia-2011, medalha de bronze no Eslovénia-2013 e Turquia-2017. Nos Jogos Olímpicos de Beijing-2008 e Londres-2012 conquistou a medalha de prata e foi Campeão Mundial FIBA no Japão-2006 e na China-2019. Pelo facto de ainda estar em actividade na NBA e ter uma larga experiência em competições internacionais deverá integrar o grupo de jogadores espanhóis que participarão nos JO de Tóquio.
Finalmente, gostaria de me referir aos irmãos Hernangomez, nascidos em Madrid e criados numa família de basquetebolistas. A mãe, Margarita, foi jogadora internacional pela seleção espanhola vencedora do campeonato Europeu-1993 e o pai, Guillermo, jogou no Real Madrid e nos Estudiantes. Willy e Juancho são, há alguns anos, jogadores profissionais na NBA:
Willy Hernangomez (2,11m e 113 Kg). Nascido em Madrid há 26 anos, começou a praticar basquetebol nas equipas de formação do Las Rozas (2007/2009), tendo a sua estatura chamado a atenção do Real Madrid para onde foi jogar (2009/11) tornando-se profissional a partir de 2011. Com o objectivo de ter mais tempo de jogo e ganhar experiência competitiva foi emprestado ao Sevilha (2013/2015). Em 2015, concorreu ao NBA Draft tendo sido escolhido pelos Philadelphia 76ers, sendo de imediato negociado com a formação dos New YorK Knicks. Está na 7ª época na liga profissional norte americana tendo actuado nos New York Knicks (2016/17/18), Charlotte Hornets (2018/19/20) e, actualmente, representa os New Orleans Pelicans. Ao serviço das seleções nacionais de jovens participou no Torneio Albert Schweizer (2012) (cinco ideal), foi medalha de ouro no Europeu Sub-18 Breslávia-2011 e medalha de prata no Europeu de Sub-20 em 2014. Nos Eurobasket foi medalha de ouro no França-2015 e medalha de bronze no Turquia-2017. Nos Jogos Olímpicos Rio-2016 ganhou a medalha de bronze e conquistou a medalha de ouro no Campeonato Mundial na China-2019.
Juancho Hernangomez (2,06 m e 97 Kg) 25 anos de idade, também começou nas equipas de formação do Clube Las Rojas e após uma curta passagem pelo Real Madrid foi jogar para o Clube Baloncesto Majadahonda nos dois anos seguintes. Em 2012, foi contratado pelo Estudiantes de Madrid e, progressivamente, foi ganhando espaço na equipa principal tendo, na época de 2015/16, conquistado o prémio do melhor jogador jovem da liga espanhola (ACB Best Young Player Award). Em 2016, Juancho fez parte da lista dos jogadores internacionais candidatos ao NBA Draft tendo sido selecionado pela equipa dos Denver Nuggets. Na 2ª época (2017/118) foi-lhe diagnosticada uma mononucleose pelo que apenas participou em 25 encontros. Nas 4 épocas (2016/20) ao serviço dos Nuggets participou em 191 jogos tendo sido apurado para os playoffs em 2019. No final da época foi transferido para os Minnesota Timberwolves onde joga com o compatriota Ricky Rubio, Base da seleção de Espanha. Fez parte das seleções jovens espanholas conquistando a medalha de bronze no Europeu Sub-18 na Letónia-2013 e a medalha de prata nos Europeus Sub-20 efectuados na Grécia-2014 e em Itália-2015. Pela seleção senior ganhou a medalha de bronze no Eurobasket Turquia-2017 e foi Campeão Mundial no China-2019.
Estes gigantes do basquetebol espanhol são o resultado do investimento e excelente trabalho efectuado pelos treinadores na formação de jogadores de alto rendimento, de diferentes gerações, nos principais clubes de basquetebol do país vizinho com jovens que foram detetados nas Operações Altura. Esta opção orientada para a formação dos novos talentos conduziu o basquetebol espanhol à conquista das grandes competições internacionais que o colocaram na liderança do ranking europeu e na 2ª posição no ranking internacional, logo atrás dos USA. Face ao êxito alcançado nas últimas 4 décadas, as Operações Altura são consideradas em Espanha, o ponto de partida do trabalho contínuo de aperfeiçoamento e especialização de jogadores de basquetebol, pelo que continuam a ser realizadas anualmente pelos clubes, nas diferentes regiões espanholas, com o objectivo de dar continuidade à formação dos novos talentos do “Baloncesto de Nuestros Hermanos”.
No final da década de 70, organizámos no nosso país uma Operação Altura (iniciativa conjunta da DGD e FPB) e detetámos alguns jovens altos com realce para um calmeirão algarvio (José Silvestre) que cresceu até aos 2,10 m, que foi recrutado pelo SL Benfica e, mais tarde, jogou no Imortal de Albufeira. Integrou uma das melhores seleções nacionais de sempre (treinada por Adriano Baganha e Helder Marques) da qual faziam parte os jogadores: Henrique Vieira, Pedro Miguel e Mário Leite (Bases), Tó Ferreira, Carlos Seiça, Fernando Sá e Jorge Barbosa (Extremos) e Steve Rocha, Mike Plowden e José Silvestre (Postes). Assisti aos jogos desta nossa seleção no torneio de apuramento para o Europeu realizado em Reykjavik (Islândia) no qual vencemos as outras 3 seleções participantes (Dinamarca, Islândia e Suécia).
Esta orientação no processo de formação de jovens talentos calmeirões requer muito esforço, dedicação e algum investimento. A opção do basquetebol nacional tem sido a mais insensata, quer dizer, mandar vir jogadores estrangeiros baratos para jogarem nos clubes que participam nas principais competições nacionais. Os jogadores estrangeiros, na sua maioria norte americanos, preenchem a maioria do tempo de jogo e, como tal, os jogadores nacionais não adquirem experiência competitiva. Existe uma mentalidade, que se tornou viral, de não se investir na valorização permanente dos talentos que vão surgindo. Os talentos também não abundam devido ao ineficiente trabalho efectuado na formação de jogadores, de há uns anos a esta parte. Nem com os Nuestros Hermanos, mesmo aqui ao lado, queremos aprender."