sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Confiança no futuro


"Depois do empate a uma bola em "casa", a nossa equipa abordou a segunda mão da eliminatória com o Arsenal focada na passagem à ronda seguinte. Esteve perto de o alcançar, numa partida em que cedo se viu em desvantagem, mas conseguiu a reviravolta no marcador. O golo tardio dos gunners deitou tudo a perder.
O objetivo de passagem, apesar de se conhecer a valia do Arsenal, com um plantel construído para lutar pelos lugares cimeiros do campeonato inglês e vencer a Liga Europa, foi claramente assumido, pelo que importa reconhecer, antes de mais, que não foi atingido.
Mas seria manifestamente injusto não salientar o equilíbrio verificado na eliminatória, tanto que só nos minutos finais foi resolvida.
Jorge Jesus considerou que a equipa fez um grande jogo, porém, como o nosso técnico salientou, "no Benfica não há vitórias morais". Convém, no entanto, salientar o desempenho da equipa, que, ultrapassadas as questões já conhecidas e imensamente debatidas, vai mostrando sinais de melhoria nos seus índices competitivos, importando agora que os resultados positivos os acompanhem.
O autor do primeiro golo da nossa equipa, Diogo Gonçalves, considerou, após a partida, que "esta exibição vai dar-nos força para o que aí vem", e reforçou a ideia de que há ainda muito por disputar na temporada, pois "temos a Taça de Portugal e ainda uma palavra no Campeonato".
É, de facto, nessas provas que nos resta focar, o que não é de somenos. Lutarmos pelo triunfo da Taça de Portugal e pela melhor prestação possível na Liga NOS, sem nunca perdermos de vista, caso se proporcione, a luta pelo título, é a obrigação de todos os que têm a honra, o privilégio e a responsabilidade de representar o Sport Lisboa e Benfica.
Confiamos plenamente na capacidade da nossa equipa e estamos convictos de que saberá reencontrar-se com os resultados positivos. Os sinais dados têm sido nesse sentido, pelo que importa agora confirmá-los com vitórias.
O próximo desafio está agendado para segunda-feira, dia 1 de março, às 19 horas no Estádio da Luz. O adversário será o Rio Ave, numa partida englobada na 21.ª jornada da Liga NOS.
Viva o Benfica!"

Descoberto(s)


"Muito do que gira à nossa volta resume-se a uma, e só uma coisa. Todos os desfechos que auguramos, todos os resultados que almejamos, todas as expectativas que perseguimos, se resumem à produção de um sentimento. Assim, em futebol como na vida, uma vitória produz um sentimento de felicidade. E a razão porque grandes massas de adeptos seguem um clube que lhes dá chances de vitória, não se iludam, é mesmo essa: a possibilidade de criar esse sentimento, que o adepto em si mesmo não consegue (ou acha que não consegue) criar por si mesmo. Quer isto dizer que a necessidade da sua equipa obter certo resultado para a produção desse sentimento se torna obrigatória. Ora, isso criará a necessidade da narrativa dos líderes desse clube se tornar, pelo menos, parecida às expectativas de quem faz (ainda que não se dê conta, muitas vezes) com que o clube se mantenha vivo. Daí a necessidade da narrativa deste Benfica da 2.ª Vinda ter sido a de prometer sentimentos. Sentimentos de orgulho, sentimentos de grandeza, sentimentos de que os adeptos se podem sentir especiais, porque seguem o clube mais especial, and so on, and so on.
A história já é velha. Os adeptos, ou o povo, quer(em), os líderes prometem. Mas olhando para a história deste Benfica, algo não bate certo. Ou é a expectativa dos adeptos (que os seus líderes incentivaram de maneira desmesurada) que não bate certo, ou é o modus operandi e o modelo escolhido pelos líderes que não bate certo. Alguma coisa não baterá certo porque o Benfica, nestes 16avos da Europa League, acabou de perder uma oportunidade única para beber um pouco desse orgulho, para criar (ainda que artificialmente) esse tal sentimento que os seus adeptos perseguem. E mesmo com dois jogos com alguma maturidade e pouco erro nos momentos com bola, o Benfica voltou a ser demasiado curto para travar um Arsenal bem longe do que os adeptos gunners almejam para a produção de sentimentos de felicidade.

Movimento gunner que atrasou a bola da ala para o meio criou dúvida na linha defensiva do Benfica. Quando o pé do médio abre para endossar a bola, Aubameyang aproveita para ser mais rápido que Veríssimo

Um pouco como o Benfica também o Arsenal surge a anos-luz das suas expectativas. Tal como os encarnados, a equipa de Arteta faz algumas coisas bem mas cede a momentos de auto-destruição. E a sorte para os do Norte de Londres é que o Benfica se mantém em rota semelhante, não conseguindo capitalizar o relativo controle do jogo, e da eliminatória, que chegou a ter, como não conseguiu tirar partido de três golos criados do nada e que ainda assim não chegaram para satisfazer quem se queixa de que a falta de golo tem sido nuclear. E foi assim mesmo, o Benfica tentou recriar os seus melhores momentos da 1.ª mão e partindo do mesmo sistema (532) tentou retirar espaço entrelinhas e profundidade ao Arsenal. Esses, avisados, não caíram na tentação de despejar bolas sem critério nas costas da defesa e tinham agora um plano mais consciente de como o fazer.
Com o movimento de atrasar a bola a partir da ala, e a movimentação de fora para dentro do jogador que a carregava, a linha defensiva do Benfica acabou por ser batida e ficar a descoberto. E do raio-x ao lance inúmeras teorias podem emergir: que só Veríssimo estava bem (o que não é verdade), que os outros estavam todos mal, que Otamendi deveria ter entrado no lance de outra forma, que ninguém se entendeu, e que esse movimento (que de alguma forma também surge no golo decisivo da eliminatória lá mais para a frente) acabaria por deixar a nu as deficiências numa linha sem treinos aquisitivos. O que é certo é que, vendo o lance, Lucas Veríssimo lê a jogada uma fração de segundo depois de Aubameyang. O ganês parte, e o brasileiro vai atrás. Ora, num Mundo ideal seria o brasileiro que teria de partir primeiro para chegar àquela bola. Isso ou um movimento à Sporting de Rúben Amorim onde o movimento de todos é inverso ao que foi o de Lucas. Whatever works, portanto.




Nos golos do Arsenal é notória a percepção mais rápida dos gunners em relação às movimentações. Willian com espaço, teve tempo para se aperceber de Xhaka antes de Everton. Depois o brasileiro não contém e é ultrapassado facilmente pelo suíço

Algo que minutos depois, em jogada tirada a papel químico, acabou por ter o desfecho esperado para as águias, que é o mesmo que dizer que Aubameyang foi apanhado pela bandeirola do liner – tal como várias vezes o Arsenal havia sido apanhado na 1.ª mão. Mas enfim, um golo sofrido não tiraria o Benfica da eliminatória, sendo que o objectivo seguinte dos de JJ continuava a ser o mesmo: pensar golo a golo, marcar o seguinte, pois o 1-1 mantinha as águias vivas. Mas como é que esse golo haveria de chegar para uma equipa que viu o seu treinador a queixar-se de não ter aquele golo fácil que se via há uns anos com Rodrigos, Limas, Jonas, Jiménez, Mitroglous e até João Félix? E na senda dos Ferreyras, Castillos, RdTs que se foram seguindo, Seferovic (que desta vez viu Darwin sentar-se no banco) não parecia servir de muito lá na frente, sendo que Rafa, que o acompanhou, não tirava grande partido do imenso espaço que o Arsenal lhe deixava.
Com surpresa, ou sem ela (dependendo do ponto de vista e de como se contar a história), os golos que o Benfica almejava teriam de surgir de uma maneira não antes vista ou, pelo menos, pouco prevista. Sendo que ninguém apostaria num livre irrepreensível de Diogo Gonçalves (gentilmente cedido pelo homem menos do jogo, Ceballos) para igualar as contas e ir para o intervalo a pensar em como se marcar o segundo.


Mais uma vez a antecipação a ser fulcral. Saka, com espaço, num movimento atrasado que Auba aproveita para (de novo) se antecipar a Veríssimo.

E por vários minutos, após o reatamento, o Benfica circulou e deixou o Arsenal na dúvida. Mas, lá está, a circulação e momentos sem grande erro de posse (que costumam acontecer nestes jogos às equipas portuguesas) não chegavam para se ser incisivo, para se ser criador e contundente. E assim sendo, de onde poderia vir o segundo golo para uma equipa que não tem grande afinidade com os cordames? Pois bem, em segundo na lista para os improváveis de quinta-feira, segue-se uma reposição aérea de Helton Leite (vulgo chuto para o ar), um mau atraso de Ceballos (em jogo para esquecer) e um rapaz que não sabe a história de 1991 mas que também acabaria por marcar ao Arsenal numa espécie de jogo fora. Quem o critica não poderá dizer o mesmo, mas segundo a narrativa das expectativas desmesuradas poderá sempre dizer que o Benfica não soube controlar a vantagem e que cedeu nos momentos decisivos – mesmo que não saiba explicar porquê, juntando-lhe as palavras querer, garra, ambição e mística. Mas a verdade é que o Arsenal, mesmo passando minutos alheado do jogo, mesmo parecendo que já deitou a toalha para depois a voltar a encontrar, conseguiu criar soluções para virar o jogo a seu favor. Aconteceu depois do 1-0 em Roma, e aconteceu depois do 1-2 em Atenas. E aqui será de sublinhar que passividade do Benfica com bola (que lhe serviu em grande parte da eliminatória) e a pouca coordenação de uma linha defensiva arranjada à pressa para estes dois confrontos ficam bastante mal na fotografia. Que isso sirva a narrativas de revolução não retira alguma razão a Jorge Jesus – que no meio de todo o seu habitual nonsense, não tem treinos aquisitivos para aprimorar detalhes que toda a gente lhe reconhece, os quais muita gente hoje repara por causa… dele próprio."

Não chegou o pragmatismo – curtas do Arsenal vs. Benfica


"Primeiro defender, para depois atacar – esta foi a estratégia do Benfica para jogo no Georgios Karaiskakis, frente ao Arsenal. O Benfica adotou uma postura pragmática, que procurava anular o Arsenal – até quando era o próprio Benfica que tinha bola – mas sem nunca recusar uma eventual oportunidade para sair rapidamente para o contra-ataque.
- Benfica a atacar em 3-4-3, com Pizzi e Rafa a pisarem terrenos interiores, nas costas de Seferovic. Jorge Jesus procurou colmatar a dificuldade do suíço em ligar jogo ao colocar os dois internacionais portugueses por dentro.
- No momento defensivo, o Benfica apresentou-se quase sempre em 3-5-2, com Weigl, Taarabt e Pizzi no setor intermédio e Rafa lado a lado com Seferovic na frente. No entanto, quando o Arsenal atacava pelo lado direito, Rafa baixava no terreno. Seria para bloquear as saídas de bola de David Luiz? Fica a questão acerca desta preocupação estratégica dos encarnados.
- Arsenal em 4-2-3-1, com o duplo pivô Xhaka e Ceballos atrás de Saka, Odegaard e Smith-Rowe, que apoiavam a estrela Aubameyang.
- Arsenal com mais posse de bola, mas muitas dificuldades em penetrar por dentro do bloco do Benfica. Nas poucas vezes que conseguiram criar perigo, um denominador comum: os movimentos de rutura de Aubameyang a rasgarem por completo a linha defensiva do Benfica, tendo dois deles culminado em golo.
- Por sua vez, o Benfica também teve dificuldades em chegar à frente. Não só mérito do Arsenal neste capítulo, mas também algum demérito das águias, com falta de ruturas de segunda linha. Por isso, pouca gente na zona de finalização e pouco tempo com a bola no último terço.
- O Benfica chegaria aos golos através de uma bola parada e de um erro defensivo. Já o Arsenal, aproveitaria três situações de jogo corrido: dois movimentos de rutura de Aubameyang e um lance em que a displicência de Everton fica por demais evidente.

Destaques individuais
Diogo Gonçalves – atacou quando pôde e defendeu com consistência. Coroou a sua exibição como um golaço de livre. Como já foi referido anteriormente, é dos poucos que procurar acelerar jogo quando tem conduções para.
Vertonghen – um verdadeiro relógio, com e sem bola. Nunca compromete, e isso é ouro hoje em dia, especialmente no contexto encarnado.
Rafa – o mesmo do costume: tem erros? Tem. Mas é o único que faz os adversários tremer quando tem a bola. Marcou e apresentou disponibilidade para tapar o lado esquerdo.
Saka – um diamante em bruto. Não é muito exuberante, mas quem acompanha este Arsenal sabe que Saka é um raio de luz a rasgar um céu coberto de nuvens. Procura combinações, mas também sabe desequilibrar no um para um. Cruza muito bem e é forte no último passe, sendo através dessas formas que assistiu Aubameyang.
Aubameyang – os grandes jogadores são assim: não falham quando são chamados. Duas oportunidades, dois golos, fora o que foi anulado por fora-de-jogo. Aubameyang é velocidade, é rutura, e isso é exatamente o antídoto certo para quebrar uma já minimamente articulada defesa do Benfica."

Arsenal FC 3-2 SL Benfica: Faltaram pernas à repetição da história


"A Crónica: Encarnados Sem Ritmo Para Garantir Passagem
Foi com os olhos postos no confronto de há 30 anos que o SL Benfica entrou no Karaiskakis para virar a eliminatória a seu favor. O 1-1 da primeira mão acentuava as coincidências frente ao Arsenal FC, num paralelismo onde só faltava quem imitasse Isaías e decidisse a eliminatória a favor dos encarnados (que jogaram de negro). Jorge Jesus repetia quase todo o onze, deixando a surpresa para a frente – saía a parelha de Roma, Darwin e Luca, e entravam Seferovic e Rafa. O português, atuando entrelinhas e tentando ligar o jogo ofensivo, teve papel importante nas principais oportunidades dos encarnados, ainda que a equipa nunca se tenha sentido confortável no papel ativo de busca pela vitória.
O Arsenal FC teve imediato ascendente após o apito inicial e só acalmou ânimos quando conseguiu ultrapassar Helton Leite, aos 20’, quando Aubameyang finalizou exemplarmente uma assistência não menos espectacular de Bukayo Saka. Com o 1-0, os ingleses passaram a gerir mais com bola e foram-se desligando do jogo, lentamente, permitindo ao SL Benfica ter mais bola e ocupar por mais tempo o seu meio-campo. David Luiz e Gabriel iam cuidando das poucas jogadas que se aproximavam verdadeiramente da grande área, quando não eram perdidas antes pela falta de jeito dos portugueses, que pecaram exageradamente no capítulo do último passe.
Ao último terço chegavam sempre poucos e mal coordenados: numa das únicas vezes que aconteceu o contrário, Julian Weigl é rasteirado à entrada da grande área. Surpreendentemente, Diogo Gonçalves assumiu a marcação do livre direito, à medida de um pé direito – serviu o seu (que remate!), levando a bola a percorrer um arco por cima da barreira e a acabar nas redes de Leno.
A segunda metade começa praticamente com um golo anulado a Aubameyang, – ele que joga sempre no limite do fora-de-jogo e que tinha tido noite para esquecer nesse aspeto há uma semana – o que não atemorizou o Benfica, que entrou com boa atitude, a disputar o jogo olhos nos olhos. Aos 60’, Helton Leite agarra a bola após canto e decide lançar rápido na frente. Ceballos, a querer atrasar, não se apercebe que Rafa lhe adivinhou as intenções e meteu-se a meio caminho. 1-2 para os encarnados, que estavam na frente e obrigavam os ingleses a dois golos para passar à proxima fase.
E não demorou muito a construção dessa vitória, já que, como em Roma, ao Arsenal FC bastou acelerar e imprimir o ritmo inglês para chegar ao golo. Tierney e Willian combinam na ala esquerda, Everton aborda mal dentro da área e abre espaço à canhota do escocês, que mete na gaveta. Arteta fazia entrar Lacazette aos 75’, emparelhando-o com Aubameyang na frente, mas a equipa continuava partida e, em muitos momentos, impotente perante a segurança encarnada, que conseguia conservar a posse do esférico por largos períodos de tempo.
Jorge Jesus mexera bem. A entrada de Gabriel foi fundamental para emprestar músculo a Weigl e aumentar a capacidade de antecipação – um exemplo claro foi a bola que recupera mais à frente, ficando em boa posição para isolar Rafa, mas faltou pragmatismo ao brasileiro, que ensaiou bola picada que chegou, sem nexo, às mãos de Leno.
Foi sem grande aviso que surgiu o 3-2, que chegou como o primeiro golo. Saka saca um coelho da cartola e descobre Aubameyang, agora de cabeça. Natural a arte do golo, inventada num ápice, sem qualquer necessidade de cerco demorado à baliza de Helton Leite nem duma pressão claustrofóbica à área encarnada, mas antes resultado do talento imenso das peças inglesas – e, aos portugueses, faltou novamente mais ambição e mais capacidade de concentração, além de uma disponibilidade física que só existe até à hora de jogo para a maioria dos jogadores.
Depois do episódio de Isaías, prometia-se nova noite memorável à passagem do minuto 60, mas não houve arcaboiço para manietar os mais flagrantes perigos contrários. Saka teve noite de craque, decidindo mesmo quando não estava a ser um dos destaques.

A Figura
Aubameyang (Arsenal FC) – Dois golos, um anulado. Seria o hattrick redentor depois da noite paupérrima de há uma semana, onde a armadilha de fora-de-jogo dos encarnados funcionou na perfeição e a baliza lhe fez confusão. O gabonês decidiu, apareceu no sítio certo e foi sempre figura preponderante no ataque Gunner, assumindo os confrontos físicos e possibilitando aos que o apoiavam a eficácia de movimentos que só um jogo posicional de grande nível pode proporcionar.

O Fora de Jogo
Bjorn KuipersEntra aqui o seu nome por uma razão completamente alheia ao propósito da escolha. O SL Benfica nunca ganhou um jogo apitado por ele. Um deles é a final de Amesterdão, na época 2012/2013. Hoje parecia tudo encaminhado para ser o batismo, enquanto o atrevimento do destino demorou 86 minutos a ser ignorado mas, novamente, o árbitro holandês tornou-se carrasco dos encarnados. A arbitragem procedeu sem qualquer nota de erros, diga-se.

Análise Tática – Arsenal FC
O Arsenal FC apresentou-se num 4-2-3-1, com Tierney a partir da esquerda em vez da capacidade de jogo interior de Cédric. O escocês, com o pulmão imenso que o caracteriza, foi muitas vezes tarefa demasiado árdua para Diogo Gonçalves, que teve dificuldade em lidar com a sua capacidade física. Quando se lhe juntou Willian, após o segundo golo dos benfiquistas, a equipa melhorou. O brasileiro compreendeu-o como Smith Rowe nunca tinha conseguido, proporcionando-se o empate passado cinco minutos. Odegaard teve imensa liberdade para se associar com Saka do lado direito, onde se juntava muitas vezes Bellerín – o que obrigou Rafa a redobrados esforços na missão defensiva.

Onze Inicial e Pontuações
Leno (4)
Bellerín (5)
David Luiz (5)
Gabriel (5)
Tierney (7)
Xhaka (5)
Ceballos (5)
Odegaard (6)
Saka (6)
Smith Rowe (4)
Aubameyang (8)
Subs Utilizados
Chambers (5)
Elneny (3)
Lacazette (5)
Partey (3)
Willian (6)

Análise Tática – SL Benfica
O 3-5-2 provável confirmou-se, com outra dupla de ataque. Rafa foi um dos mais inconformados e Seferovic teve noite para esquecer, sempre desapoiado e isolado no meio do bloco inglês. Diogo Gonçalves e Grimaldo exploraram os corredores, Taarabt aproximou-se de Weigl e Pizzi tinha mais disponibilidade para apoiar os da frente – daí que muitas vezes a equipa se aproximasse do 3-4-3 em linha, que se confirmou a partir da tripla substituição aos 57’. Everton substituiu o capitão e ocupou a direita, apoiando Diogo, e Gabriel completou o duplo-pivot. A outra adição, Darwin, ofereceu muito à equipa dadas as suas características. Foi a partir daí que o SL Benfica começou a segurar mais a bola no meio-campo contrário e a explorar melhor a profundidade, só ficando a faltar outra qualidade na definição das jogadas.

Onze Inicial e Pontuações
Helton Leite (8)
Diogo Gonçalves (7)
Lucas Veríssimo (5)O
tamendi (5)
Vertonghen (5)
Grimaldo (4)
Weigl (6)
Taarabt (5)
Pizzi (5)
Rafa (8)
Seferovic (4)
Subs Utilizados
Gabriel (5)
Everton (5)
Darwin (5)
Nuno Tavares (3)
Waldschmidt (3)"

Na Grécia não há carinho e o Benfica foi lá morrer duas vezes



"Jorge Jesus retornou aos três centrais, o Benfica jogou bem durante uma hora, marcou duas vezes ao Arsenal, mas acabaria por perder (3-2) com um golo aos 87' - e com erros cometidos. Foi eliminado da Liga Europa no mesmo país onde fora afastado da Liga dos Campeões e, porque os erros sempre ficam a cargo de alguém, há sempre quem seja responsável

Ouvida a sacudidela de capote de há um dia, fôssemos nós analisá-la com os óculos da literalidade e o tim-tim por tim-tim como unidade de medida, e o exercício, mais do que simples, era com certeza simplista - fidelizando-nos pelas palavras de Jorge Jesus, as responsabilidades sobre tudo o que de mau aconteceu no campo, em dois meses, não lhe diz respeito “porque não treinava os jogadores do Benfica”; portanto, as coisas boas também não lhe poderiam ser imputadas.
Não seria só simplista, olhar assim seria simplório, como o é dizer num dia que “vamos ter todos de assumir a nossa responsabilidade” para, 14 dias volvidos, esse dito pelo treinador vira não dito quando resolveu dizer “tivemos algumas culpas, mas chega de me responsabilizarem”. A responsabilizar alguém neste Arsenal-Benfica que se seguiu, então, que seja Rafa.
O pequeno e barbudo foi o homem mais procurado pela equipa, montada, novamente, com os três centrais possíveis com Lucas Veríssimo e a usá-los, com calma e critério, nas saídas da área, que mais limpas foram do que na semana anterior por esses três homens serem pacientes a atraírem os adversários e, depois, os alas e Weigl precisarem de poucos toques para encontrarem o homem livre. Saídos de trás, depois havia Rafa.
Deambulando a todo o terreno disponível entre os médios e as costas de Seferovic - preso na frente para prender um central do Arsenal -, o falso avançado irrequetizava-se nesta falsidade, fugia da última linha inglesa e aguardava nos lugares certos para receber passes. Colheu muitos, mas, ao virar-se, via como os meios do Benfica invariavelmente se esgotavam aí, nesses momentos, nessas receções.
As conduções e tentativas de Rafa só tinham Seferovic quieto e marcado à sua frente. Tinha de esperar pelos alas, nunca muito projetados pela participação que lhes era pedida na saída de bola, ou esperar por dois dos três médios que, pela sua natureza, tardavam em dar-lhe soluções de cara para a baliza: Pizzi não rompia para atacar espaços; Taarabt menos ainda, o marroquino é apologista de bola no pé; e o jogo ordeiro de Weigl tem residência uns metros atrás.
Apanhado nestas curvas, Rafa também hesitava ou precipitava-se em decidir como atacar dali o adversário. E todo o tempo que Rafa, o jogador mais desequilibrador, tinha de esperar, deixou o Arsenal recuperar posições e juntar as linhas de todas as vezes em que foi ultrapassado pela construção com bola do Benfica.
E, sem a ter, o 5-3-2 ou 5-4-1 no qual se organizava, dependendo da disponibilidade do mencionado pequeno e barbudo em se juntar à linha de médios, até manteve os ingleses ao largo da área durante várias fases da primeira parte.
Os problemas surgiam quando Ceballos desencantava arranques com a bola quando lhe era permitido virar-se ao primeiro toque, embora, quase sempre, esses laivos no meio-campo inglês. E, já na metade do Benfica, quando o Arsenal concentrava a posse de um lado e o Benfica não impedia que atacasse a ala contrária com um passe longo - por norma, para a esquerda, em Tierney ou Aubameyang.
Ou, também, quando Saka se afastou da área para receber uma bola, teve espaço para se virar, a passividade reincidente do Benfica já em vários jogos se repetiu, Vertonghen saiu tarde ao adversário e Aubameyang, desmarcando-se nas barbas de Lucas e nas costas de Otamendi, correu para o espaço vagado pelo central belga e o passe entrou para picar a bola (21’) por cima do corpo de Helton Leite. 
Mas o jogo continuou tal e qual, imutado, o Benfica a ser muito capaz de existir explorar os espaços em 70 metros de campo, uma das muitas jogadas em que se evadiu da pressão do Arsenal acabou em Weigl a sofrer falta e a bola a ser parada. Diogo Gonçalves bateu-a com a curvatura tensa (43’) e ela entrou baliza dentro, por onde Bernd Leno teria de pertencer a outra espécie para a alcançar.
O empate empatava-se de novo e os primeiros 10 minutos do Arsenal após o intervalo encostaram o Benfica à área. David Luz e Gabriel corriam mais com a bola desde trás, seduziam Seferovic ou Rafa a pressioná-los e, depois, a equipa manipulava as jogadas só com três médios pela frente da última linha. 
 Ao fim dessa dezena de minutos, Jorge Jesus responsabilizou-se para garantir que, daí em diante, seriam quatro médios à frente da defesa, substituiu Seferovic, Pizzi e Taarabt por Darwin, Gabriel e Everton e, entre as mexidas, Rafa era para se estacionar à esquerda nos momentos defensivos. Não por isso, pelo acerto de posicionamentos, nem pelas trocas, mas, logo a seguir, Helton Leite agarrou a bola num canto e bateu-a rápido para a frente.
O singular tipo que lá estava era Rafa, partido ao sprint atrás do meteorito em queda ao qual Ceballos chegou primeiro. Só que julgou, sem olhar, que o acerto era cabeceá-lo para trás, onde a junção do seu erro com a corrida do português deram ao nascido em 1993 a oportunidade de fintar o guarda-redes e marcar (61’). O bom que o Benfica jogava no pé de quem mais se responsabiliza em tentar fazer mal ao Arsenal.
Era adquirido que os ingleses iam carregar, forçar e arriscar, quem corre atrás correrá para sempre na urgência e, para o lado esquerdo da investida, Mikel Arteta fez entrar Willian. A simplicidade técnica do brasileiro incomodou à bruta Diogo Gonçalves, fixava-o a cada bola que recebia e arrastava-o para a linha, provocando o espaço onde Tierney recebeu um passe, na área. Everton julgou que o escocês iria sair para o pé que pouco usa, foi driblado e o lateral empatou (67’) outra vez o jogo.
Empatando assim o Benfica passaria, havia que segurar o resultado, a bola e o ímpeto do Arsenal, que se projetou ainda mais para a frente e encostou jogadores à linha defensiva, empurrando-a contra a área. Parecia querer explorar a lentidão de reação de Lucas Veríssimo quando ao brasileiro competia compensar as costas do ala, mas, até ao fim, os ingleses apenas veriam a baliza uma vez.
Antes, ainda Darwin recebeu e segurou uma bola com gentileza pedestre pouco vista, rodou sobre ele próprio e rematou à entrada da área. A bola pouco se afastou do poste. Gabriel, igualmente rodopiando sobre o seu eixo, rematou a meia altura uma bola bloqueada por um corpo que estava entre ele e a baliza. Essa bola foi cruzada já por Nuno Tavares.
O lateral posto em campo na vez de Grimaldo, ainda a tempo de dar mais de um metro a Bukayo Saka, o canhoto com bola à beira da área, quase convidando-o a sair da finta para o pé que mais usa, o que usou para curvar um cruzamento com mira nas costas de Lucas, por onde o brasileiro tinha o braço a vigiar Aubameyang mas deixou-o esgueirar-se, e com ele a cabeça do gabonês, que desviou o 3-2. Faltavam três minutos para os 90’, o pouco tempo que havia era quase nada.
O Benfica perdeu, foi eliminado da Liga Europa (1-1 e 3-2) e destes jogos lembrar-se-á Rafa um dia, saberá o que se passou e recordará a não-glória da eliminatória, ao contrário da parelha de jogos de 1991. Agora, os mesmos jogadores e o mesmo treinador foram eliminados de uma competição europeia pela segunda vez na mesma época, e no mesmo país.
Em outro estádio vazio da Grécia, onde nem uma apitadela de carinho se ouviu. Ali nunca haveria um buzinão do que fosse.
Quanto a responsabilidades, é simples, se o futebol fosse imune a erros não haveria tanta gente a gostar de o ver e praticar no mesmo planeta redondo. É natural e inevitável, todo o humano erra e o reação tardia de Vertonghen no 1-0, o julgamento precipitado de Everton no 2-2 e a letargia de Nuno Tavares e Lucas no 3-2 foram três erros entre os incontáveis que os jogadores do Benfica e do Arsenal foram cometendo.
E quem comete erros será sempre responsável por os cometer. Sejam quem for."

Passageiro do lado!!!


"Perdemos todas as palavras para descrever a farsa que está o futebol Português. Isto não vai ter consequências nenhumas, pois não? É que já é tudo feito às claras e ninguém diz nada. É o assumir público da total coação e intimidação. Vale tudo!"

Acompanhante de luxo !!!



"Um livre-trânsito para pressionar e intimidar as equipas de arbitragem.
E ninguém quer saber. Vale tudo!"


«Somos todos iguais, mas alguns são mais iguais que outros.»


"Portugal encontra-se a combater uma nova vaga da pandemia de Covid-19. Para conter a propagação do vírus, os portugueses, na sua maioria, fecharam-se em casa, cumprindo escrupulosamente as restrições decretadas. As escolas fecharam e os alunos têm aulas à distância, suspendeu-se o comércio não essencial e os negócios reinventaram-se e adaptaram-se a esta nova realidade. O futebol não tem sido exceção. Os clubes encontram-se privados de receitas de bilheteira e, não menos importante, do apoio dos seus adeptos. Nesse capítulo, o SL Benfica tem sido o mais prejudicado, consequência da sua indefetível e incomparável massa adepta. Porém, nem todos os clubes e cidadãos portugueses se veem obrigados a cumprir as medidas impostas no âmbito da crise sanitária – e humanitária – que vivemos: o FC Porto, assim como alguns membros da sua claque oficial, os Super Dragões, vive num “regime de exceção”.
Na passada segunda-feira, o FC Porto defrontou o Marítimo no estádio dos Barreiros. Fernando Madureira e outros elementos da claque portista, em claro apoio à sua equipa, também viajaram para o Funchal. Tal privilégio, per se, já seria de estranhar, tendo em conta as regras atuais de confinamento obrigatório, contudo, outro dado ainda se reveste de maior escândalo: viajaram no mesmo avião que a equipa de arbitragem, chefiada por Vítor Ferreira. Consta, segundo nos foi dado a saber, que o regabofe foi grande, todos em amena cavaqueira. O motivo, bem sabemos, é o mesmo de sempre, condicionar.
Questionamos: quem permitiu que esta situação, absolutamente inconcebível e terceiro-mundista, acontecesse? A Liga Portugal continua a ser cúmplice da vergonha com que se veste o futebol português, cuja verdade é sistematicamente desvirtuada. A comunicação social, tão célere em propagandear minudências sobre o SL Benfica, também é omissa e conivente com as práticas caducas e criminosas de um passado de má memória, mas que continua bem presente, perpetradas pelos mesmos de sempre.
«Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que outros», assim decretaram os porcos de George Orwell."

Quando a única certeza é a incerteza


"Factos:
1) A ansiedade é uma resposta natural (e, “por defeito”, no ser humano) à perceção de incerteza;
2) Esta resposta por “defeito” encontra-se inibida enquanto a perceção de segurança for mantida;
3) A experiência de ansiedade ou stress crónicos resultam mais de uma perceção generalizada de ameaça do que de uma ameaça concreta;
4) A intolerância à incerteza é uma característica natural, aliviada quando a perceção de segurança aumenta;
5) Somos naturalmente ávidos por segurança, por “certezas” e controlo, pelo que, quando imaginamos nada poder fazer para aumentar a perceção de segurança, a possibilidade de amplificação de fenómenos de natureza ansiogénica eleva-se, favorecendo, entre outras, a perturbação e labilidade do humor, a dispersão cognitiva (ou a incapacidade em manter sustentadamente a atenção), o isolamento e a perda de vitalidade (física e psicológica).
Um exercício simples de multiplicar a informação apresentada (que agrega um denominador comum em termos de conclusões por parte de uma enormidade de estudos científicos) por uma grande prevalência de indivíduos na nossa sociedade leva-nos a compreender facilmente a perda de vitalidade, a sensação de “desesperança” e a tão falada “fadiga pandémica”, que se instala naturalmente pelo arrastamento temporal desta experiência (que se encontra a ser globalmente documentada, nas mais diferentes disciplinas científicas e nos diferentes setores das sociedades).
Se fizéssemos um corte transversal nas diferentes Organizações, podemos se calhar entender que a ausência de Literacia Emocional (com forte expressão na nossa capacidade de regulação emocional e de nos mantermos “focados e firmes” em contextos de adversidade), na realidade pré-existente à condição de pandemia, mas agora amplificada e notoriamente visível porque se faz notar na qualidade (ou falta dela) das decisões tomadas, transformou-se agora, também ela numa espécie de “vírus” que não nos permite mobilizar as ações e a vontade (determinação), no sentido de uma resolução eficiente deste episódio que tem tanto de “crítico” como de oportuno para de uma vez por todas darmos relevância ao que, de facto, podemos controlar com um nível de eficiência (nem sempre fácil), maior: o nosso comportamento.

Desporto: A Caminho de Tóquio (Que Aprendizagens Para a Sociedade Em Geral?)
A pouco menos de 150 dias deste grande evento desportivo, o quotidiano de qualquer atleta permanece inalterável, na imprevisibilidade que agora o caracteriza:
- Treinar ao mais alto nível, gerir lesões, cansaço, energia – estar pronto, ou seja, “fazer figas” para que, de entre tantas provas de qualificação que vão sendo canceladas, uma não o seja e possam, enfim, colocar em prática um trabalho desenvolvido em condições inimagináveis para muitos de nós – desenvolver esforço, sacrifício, tolerar a dor, a incerteza e a ansiedade que também se instalam (são humanos, é verdade), enquanto aguardam “a oportunidade” que muitas vezes teima em não surgir. 
 Importa entender que, tal como a restante sociedade, a carreira dos atletas acabou por ser naturalmente impactada nas mais diversas esferas: na alteração abrupta da sua rotina diária de trabalho (não, não o podem fazer em teletrabalho...), na perceção de risco de doença/vida (sua ou de familiares), na alteração disruptiva das suas dinâmicas familiares (sim, é verdade... muitos têm filhos e famílias às quais repentinamente tiveram que dar muito mais suporte), na perceção de poderem assegurar a sua sobrevivência económica (uma vez que muitos complementam o seu retorno financeiro com os prémios que alcançam nas competições que agora não existem) e no luto efetivo de familiares que não tenham sobrevivido à doença durante a pandemia ou em virtude da mesma (por padecer de outras patologias que viram o seu apoio diminuído).

O que nos diferencia dos “Top Performers”?
A exposição precoce a um contexto de aprendizagem planeada, onde o esforço desenvolvido num longo processo de treino de resistência à frustração (porque os resultados não surgem de um dia para o outro...) culmina na aquisição de uma dada competência desejada (“temperada” pela adrenalina libertada no momento em que percebemos que alcançamos o que desejamos), vai modulando algumas características pessoais, mas também possibilitando o treino de um conjunto de competências que, invariavelmente, dotam estas pessoas com as ferramentas necessárias para o sucesso (no Desporto, na Vida e/ou Empresas), como sejam, a título de exemplo:
- Maior controlo sobre as fontes de stress e ansiedade;
- Maior capacidade de foco e de bloqueio de distrações;
- Maior capacidade em desenvolver esforço sem perceção de retorno a curto prazo;
- Maior capacidade em definir objetivos e concretizá-los;
- E, por isto tudo, maior propensão em relacionar-se com a adversidade em “modo de desafio”, que é o que muitos atletas estão a fazer neste momento.

Em resumo:
Vivendo o mesmo contexto que os cidadãos “comuns”, tendo passado pela mesma onda de respostas emocionais que toda a sociedade passou (e passa), na realidade souberam adaptar-se com mais eficácia e eficiência, refocando no desejo e vontade de representar Portugal e, por isso, retornando mais rapidamente a indicadores elevados de performance.

Como?
Em boa verdade e, depois do “choque” inicial:
1) Avaliaram a situação (os recursos, as possibilidades, aquilo que de facto poderiam controlar), definiram um plano e agiram (estabeleceram rotinas claras de otimização);
2) Identificaram as fontes de adversidade, reforçaram competências pessoais e alicerces de grupo/tribo, pilares fundamentais de uma capacidade aumentada de adaptação e resiliência;
3) Aumentaram a perceção de “competitividade” em treino, permitindo ao seu cérebro experienciar múltiplas situações onde foi/é possível ensaiar o controlo voluntário do hemisfério direito (sob o qual se executam performances de excelência);
4) Reforçaram as experiências de intensidade e entusiasmo resultante das pequenas conquistas no treino (=trabalho) do quotidiano, potenciando também a sua ativação em contextos de competição e elevada pressão;
5) Aproveitaram a falta de estímulo competitivo (a “cereja” que muitas vezes nos dispersa), para intensificar as aprendizagens do quotidiano, reforçar o conhecimento sobre as suas emoções, a sua regulação e uma ainda maior capacidade de mobilizar a sua vontade;
6) E, ainda mais exemplarmente, envolveram-se com a Comunidade, partilhando com os seus seguidores nas redes sociais as formas que encontraram para se superar!
É mesmo “isto” que, na realidade, os diferencia de todos os outros: Estabelecem objetivos, saem da sua zona de conforto e desdobram as suas ações em comportamentos com significado e direção.
E se, nos diferentes segmentos da Sociedade, tivéssemos sido capazes de fazer o mesmo? Como podemos, ainda, reagir? Transformar, tal como os atletas, a adversidade numa oportunidade?
Redobra, desde já, a preocupação com o atual panorama (da inexistência) do desporto de formação, fazendo antecipar que, da parte de quem decide, existe um desconhecimento profundo acerca das implicações que uma paragem de quase duas épocas desportivas, com a natural redução drástica de praticantes, vai ter não só no tecido desportivo (e na representação da “marca” Portugal no estrangeiro, com todas as implicações económicas que daí advém) mas também na nossa sociedade, quando as gerações agora afetadas assumirem o seu papel na mesma – só aí poderemos avaliar que competências trazem e que impacto terá no nosso futuro, sendo que, desde já, se adivinha um “prognóstico bastante reservado” – até porque, quando os indivíduos adoecem, as Sociedades também o fazem."