segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Mais uma vitória...

Benfica B 2 - 0 Mafra
Ramos, Mendes


Depois de uma série angustiante de empates concedidos nos descontos, a equipa parece que encontrou um caminho consistente para as vitórias!
Destaco o regresso à titularidade do Umaro...

Oportunidades perdidas


"É urgente serem conhecidas as comunicações e imagens mostradas nos jogos em que defrontámos Moreirense e Farense. Se o VAR veio para melhorar o futebol, então que se demonstre que tal acontece, começando pela transparência.
Mais uma vez, foi-nos sonegada uma grande penalidade evidente, desta feita num lance faltoso sobre Rafa. A ser convertida, ter-nos-íamos adiantado no marcador e a história do jogo seria diferente.
A equipa fez mais do que suficiente para vencer em Faro. Esteve organizada, foi pressionante e dispôs de oportunidades de golo em quantidade e qualidade que justificariam o triunfo. E foi, novamente, prejudicada pela equipa de arbitragem.
Tudo isto contribuiu para a ansiedade e intranquilidade crescentes no seio da equipa, derivadas não só da classificação atual, mas também do desenrolar do jogo, em que ao desalento por não conseguir transformar em golos as boas ocasiões criadas, acresceu a frustração por se sentir prejudicada por sucessivos erros de arbitragem.
O lance de falta evidente sobre Rafa na área do Farense foi precedido por diversas situações de golo iminentes aos 19, 25 e 27 minutos, só para referir as mais evidentes. E a toada do jogo manteve-se, com desperdício de oportunidades claras aos 38 e 45 minutos da primeira parte. No segundo tempo, Pizzi chutou ao poste e outras jogadas houve que, com um pouco mais de clarividência e pontaria, poderiam ter resultado em golo.
A falta de eficácia tem sido prejudicial à nossa equipa ao longo da época, tornando-se mais evidente nas últimas partidas, em que se notou, apesar dos resultados aquém do desejado, um incremento qualitativo a nível exibicional, o que não surpreende visto que se regressou a uma situação de normalidade após os muitos casos de Covid detetados no plantel.
Independentemente da avaliação que se possa fazer ao percurso da nossa equipa, não se compreende a sucessão de lances suscetíveis de marcação de grande penalidade a nosso favor decididos erradamente pelas equipas de arbitragem.
Muito menos num tempo em que se dispõe de uma ferramenta, o vídeoárbitro, concebida com o propósito da defesa da verdade desportiva. Infelizmente, do que nos tem sido dado a observar, torna-se óbvio que a verdade desportiva não tem sido defendida."

SC Farense 0-0 SL Benfica: Não houve Faro para o golo


"A Crónica: A 15 Pontos por 15 Centímetros
Enganador empate a zero na visita do SL Benfica ao mítico S. Luís, em Faro. Jogo bem disputado, com várias oportunidades, mas sem golos, que deixa as “águias” a 15 pontos do primeiro lugar e que permite que os leões de Faro igualem na tabela classificativa, com 18 pontos, o FC Famalicão e o Boavista FC. 
 Primeira parte agitada e de futebol positivo. Ambas as equipas apresentam similar ambição de ferir ofensivamente o adversário, visando a baliza com regularidade. Pedro Henrique, do lado algarvio, e Seferovic e Darwin, da parte das “águias”, açambarcam a grande maioria das oportunidades de concretização.
No entanto, é Licá quem, aos 40 minutos, faz abanar as redes de Helton Leite pelo lado correto, com um remate forte e cruzado, de primeira, após ter encontrado o espaço nas costas de Nuno Tavares e da linha defensiva alta do SL Benfica. Todavia, o golo é anulado pelo VAR, por fora de jogo de 15 centímetros do ala do SC Farense.
Segunda parte de menos SC Farense – ou, pelo menos, de menor incisão da parte dos leões de Faro -, mas de um SL Benfica igualmente incapaz de tomar boas decisões no último terço. Ainda assim, surgem, com alguma regularidade, oportunidades de golo junto da baliza de Defendi.
Seferovic e Rafa, altamente perdulários, desperdiçam oportunidades um tanto escandalosamente, com o guardião alvinegro a mostrar-se atento quando necessário. Ainda assim, pertence a Pizzi a melhor oportunidade forasteira do segundo tempo. Aos 70 minutos, em posição frontal e já no interior da área farense, o “21” das águias remata de pé esquerdo, com o esférico a “lamber” a tinta do poste direito da baliza à guarda de Defendi.
Menos incisivo, mas não menos perigoso quando próximo da área encarnada, o SC Farense dispõe de algumas oportunidades para criar perigo, originadas de duas principais formas: progressão com bola de Ryan Gauld (quem mais?) e/ou desatenções graves individuais e coletivas do SL Benfica. Apesar dos calafrios causados, era a solidez defensiva e a manutenção do nulo o que mais interessava aos algarvios, que o conseguiram de forma notória e, até, notável.

A Figura
Ryan Gauld – Handyman, no seu inglês materno, ou “faz-tudo”, na versão portuguesa, língua que já acolheu – é isto Ryan Gauld em campo. Enche o campo como poucos, lê o jogo como ainda menos e é a prova singular mais cabal de que este SC Farense vale mais do que aquilo que a classificação atual mostra. A falta de golos não foi culpa de Gauld, que muito contribuiu para a qualidade do espetáculo.

O Fora de Jogo
Falta de eficácia de ambas as equipas – Na impossibilidade de determinar qual o elemento individual em campo que tenha passado ao lado do jogo, entregamos o galardão de Fora de Jogo à falta de eficácia de ambas as equipas, que privou um bom espetáculo de ser complementado por golos.

Análise Tática – SC Farense
No momento defensivo, os algarvios apostaram num 4-5-1 que, por vezes, se convertia num 4-4-2, com um dos médios – o mais próximo da zona da bola – a auxiliar Pedro Henrique na pressão e, por outras vezes, num 4-1-4-1, com Lucca a fazer de elemento de coesão entre as duas linhas de quatro.
Apesar de Jorge Costa apresentar um bloco relativamente compacto, o mesmo não estava posicionado, regra geral, muito baixo. A turma algarvia apostou na solidez e solidariedade defensivas (os dois “sóis” mais importantes para quem quer defender bem) em vez de simplesmente compactar e baixar ao máximo o seu bloco.
A turma de Jorge Costa construía, regra geral, com os dois centrais bem “abertos”, dando largura logo numa primeira fase e permitindo a aproximação de dois médios na zona central ao guarda-redes Defendi, que ficava, assim, com quatro linhas de passe.
Desta forma, os algarvios atraíam os avançados e os médios dos encarnados, forçando, por inerência, todo o bloco das “águias” a subir. Com isto, os alvinegros garantiam a existência de um largo espaço nas costas da linha defensiva, que exploravam com incidência e insistência máximas esse mesmo espaço, por Pedro Henrique, Licá e Madi Queta.
Quando não procurava a profundidade, o SC Farense procurava a verticalidade, com passes no corredor central a “queimar linhas”, sobretudo em busca de Ryan Gauld, o motor, gerador, transformador, dínamo e tudo mais dos algarvios.

Onze Inicial e Pontuações
Defendi (6)
Idrissi (5)
André Pinto (6)
Mancha (6)
Fábio Nunes (5)
Queta (5)
Lucca (6)
Bura (5)
Gauld (7)
Licá (6)
Pedro Henrique (6)
Subs Utilizados
Djalma (5)
Fabrício Isidoro (5)
Stojiljkovic (3)

Análise Tática – SL Benfica
De regresso aos jogos nacionais, Jorge Jesus fez regressar o “seu” 4-4-2 com dois pontas-de-lança – Darwin e Seferovic. Ao suíço competia maioritariamente executar movimentos verticais, deslocando-se entre setores, enquanto o uruguaio havia sido incumbido dos movimentos horizontais, movimentando-se entre corredores.
Delegação equitativa de tarefas no que respeitou aos homens do miolo, com Gabriel e Taarabt a assumirem – ambos e na forma tentada – as funções de construção e destruição. Na construção, o “8” e o “49” dos encarnados contavam com o apoio interior de Rafa e Everton, que, assim, facultavam as alas a Gilberto e Nuno Tavares.
Nas suas subidas, era comum os laterais das “águias” encontrarem Darwin a pedir a bola, de forma a ingressar com a mesma na área farense ou depositá-la na mesma, em busca de Seferovic, Gabriel aparecido em movimento vertical ou o ala contrário em movimento diagonal.
No momento defensivo, o 4-4-2 era bem visível, com os dois avançados na primeira pressão e com duas linhas de quatro o mais alinhadas possível. Os forasteiros apresentaram-se com um bloco médio, procurando recuperar a bola em zonas adiantadas do terreno, arriscando uma constipação ao deixar as costas bem descobertas.

Onze Inicial e Pontuações
Helton Leite (4)
Gilberto (4)
Otamendi (4)
Vertonghen (5)
Nuno Tavares (5)
Rafa (6)
Taarabt (5)
Gabriel (6)
Everton (5)
Seferovic (4)
Darwin (4)
Subs Utilizados
Waldschmidt (4)
Diogo Gonçalves (5)
Pizzi (5)
Grimaldo (4)
Cervi (3)"

Benfica: haverá tempo para treinar o critério, a decisão e o golo?


"A primeira vez que o Farense não sofreu golos num jogo do campeonato (0-0) foi contra este Benfica, que muito encostou o adversário à área, mas pouco prático e criterioso foi para criar e finalizar oportunidades de golo. O nulo deixa a equipa que Jorge Jesus lamentou não ter treinado durante os últimos dois meses a 15 pontos do Sporting

Cada vez mais de momentos é feito a absorção de futebol por quem não anda nele, a internet abateu sobre a bola o facilitismo dos resumos resumidos, dos highlights, dos compêndios só com oportunidades de golo e cá vamos andando, de fragmento em fragmento, o último bombardeado redes fora com o Benfica ao barulho teve a ver com Jorge Jesus.
Nem do jogo propriamente dito se tratou, porque ele, encasacado e de cara séria, estava no Olímpico de Roma, prestes a falar na flash-interview depois de lá se ter jogado. Para alguém fora do plano televisivo rebuscou um “take it easy” com sotaque muito seu, um inglês jesulado para mais um pedaço de viralidade desviar as atenções do essencial: o que joga o Benfica a cada três dias.
O destino seguinte na periodicidade que anda a mastigar a equipa - como qualquer outra com vida doméstica e europeia - era Faro, casa do Farense em renovação por Jorge Costa que escolheu compactar a equipa, juntar as linhas e manter a última a defender longe da sua área, tentando levar a partida para os duelos com muita pressão colocada em cada ação dos jogadores adversário.
Para o contornar, o Benfica puxou Gabriel para as redondezas dos centrais (os dois, não os três de quinta-feira porque Lucas Veríssimo ficou no banco de suplentes). O brasileiro, ora em saídas 2+1 ou alinhando-se à esquerda de Vertonghen, tentou ser rápido a distribuir passes tensos para receções de Taarabt ou Rafa pelo centro do campo, para variar a opção de fazer correr Nuno Tavares em que o central belga tanto insistia.
E o Benfica, ao qual o tempo desde Roma deixou apenas viajar, recuperar e analisar este Farense que só tinha quatro jogos para analisar o Farense com este treinador, durante 20 minutos só descobriu espaços até à entrada da área, onde Darwin (8’) e Everton (19’). Faltava critério e boas decisões nos últimos 30 metros para a equipa entrar no retângulo da baliza algarvia.
Durante esse tempo, a melhor oportunidade esteve no pé esquerdo de Pedro Henrique, cujo remate (14’) parou na palma da mão de Helton Leite, junto à relva, após o Farense transitar rápido a partir de um passe intercetado a meio-campo. O escocês Ryan Gauld, com canhota-esponja mais apta para jogos de posse, remataria duas vezes (19’ e 47’) aproveitando sobras dos ataques verticais que a equipa acionava com cada bola recuperada.
Mas, no último quarto de hora, o Benfica intensificou a forma como reagia a essas perdas e melhorou na contra-pressão para provocar vários erros nos jogadores do Farense. E melhorou, sobretudo, na eficácia dos toques de Everton e Rafa para criarem associações de passe na frente. Darwin já finalizaria dentro da área um par delas (25’ e 27’), sem acertar na baliza.
Na do outro lado, o VAR anulou por fora-de-jogo uma bola chegou a entrar, batida por Licá, após um passe nas costas de um Nuno Tavares a exemplificar (apoios e postura virados para a frente quando tem ao lado um adversário a atacar-lhes a costas) a passividade do Benfica em tirar o à-vontade que Jonathan Lucca teve, à entrada do meio-campo, para olhar e pensar onde ia colocar o passe longo.
A segunda parte acentuaria a catadupa de bolas perdidas e erros individuais do Farense na sua metade do campo, os seus jogadores apertados pela pressão e pelo ritmo que o Benfica impunha, em crescendo. Cada posse da equipa de Jorge Jesus chegava à área.
Gabriel sempre conseguia receber, rodar e, não as cortando, pelo menos olhar sempre para a esquerda, à procura de corridas de Nuno Tavares em ataque às costas do lateral adversário; Rafa ultrapassava as primeiras tentativas de lhe bloquear caminho e provocava ajustes constantes na última linha do Farense; quando substituiu o complicativo Gilberto, em Diogo Gonçalves o Benfica ganhou alguém prático a dar largura à direita.
Houve tiques, por momentos, mas não chegou a ser o massacre. Porque toques e receções e trocas de passes o Benfica teve a rondar a área, a espremer o Farense encafuado a defender a sua baliza. Só que, de flagrante, só Rafa a tentar picar a bola sobre o corpo de Defendi (61’) e Pizzi, no resvés da área, a rematar contra o poste (70’). Faltou definição e um pouco de sorte: a primeira na finalização e a segunda em tudo, porque nenhuma equipa, em lado algum, ganha sem ela.
Em quase uma dezena de outras jogadas faltou, em todas, critério, que mais não é do que escolher a ação mais simples a tomar para resolver o problema e executá-la da forma mais prática. O Benfica acercou-se da área, uma e outra vez faltou mais critério para que a melhor decisão fosse tomada e alguém conseguisse finalizar a jogada. A equipa não sabia onde ir buscar golos.
E o Benfica forçou, foi forçando e mais força fez, muito tempo esteve com ambos os laterais projetados com trela solta e a equipa a sustentar-se em Otamendi e Vertonghen quando os médios já eram Pizzi e Taarabt, os menos portageiros que poderia haver na transição defensiva. Das poucas vezes que acertou no primeiro passe, o Farense teve faixas livres para avançar e Ryan Gauld, outra vez, ameaçou por duas vezes.
No final, lá estava o escocês no seu português imaculado, a congratular o Farense por “não sofrer golos pela primeira vez” esta época. Segundos antes, o barbudo Rafa lá estivera a dizer o que pôde e o que lhe saiu foi que o Benfica tem de “caprichar mais nessa parte”. A de marcar golos.
No final, lá estava o escocês no seu português imaculado, a congratular o Farense por “não sofrer golos pela primeira vez” esta época. Segundos antes, o barbudo Rafa lá estivera a dizer o que pôde e o que lhe saiu foi que o Benfica tem de “caprichar mais nessa parte”. A de criar oportunidades de caras para marcar golos, e marcá-los.
Este 0-0 alarga para 15 os pontos com que o Benfica fica a menos do que o Sporting, ao fim de dois meses de sobrevivência a casos de covid, aos confinamentos e às lesões em que Jorge Jesus imputou a impossibilidade de treinar a equipa como deve ser. Para, talvez, trabalhar coisas como o critério e a definição que não se treinam com varinha mágica, mas com tempo. O que o Benfica pouco tem."

Impunidade selectiva...


"De Hugo Miguel e do "trabalhinho" que fez em Faro, já depois do "trabalhinho" que fez no Bessa na primeira derrota do Benfica do campeonato, vamos falar amanhã.
Por hoje, deixamos apenas uma confirmação:
- Que o Benfica joga numa competição à parte, naquele que é o campeonato mais vergonhoso de todos os tempos, como se pode comprovar pelo quadro das faltas que comparam Palhinha como Weigl e Otamendi. São mais do dobro de faltas feitas por Palhinha, que por sua vez tem quase metade dos amarelos de Otamendi e os mesmos de Weigl, que faz menos de metade das faltas de Palhinha.
O Conselho de Arbitragem não é obrigado pelo Benfica a explicar esta situação porquê? O Benfica não denuncia toda esta situação publicamente porquê? Continuamos completamente abandonados por uma Direcção que tem de certeza uma justificação para manter o silêncio que não seja a de os senhores da Aliança do Altis terem Luis Vieira preso pelos tomates."

E é amar-te assim perdidamente


"São 3 da manhã e não consigo dormir. Dou voltas e mais voltas à cama, penso em mil e uma coisas e o sono não vem. Não é só o Benfica que me tem dado insónias, mas também. Como se explica isto? Como é que o facto de uma bola não ter passado uma linha branca num relvado a 300 kms de distância tem este efeito em mim? Se chegasse um extraterrestre e me perguntasse se sou um ser racional, que coragem teria eu neste momento para lhe dizer "sim, sou". Não sou. É nestas alturas que mais entendo as pessoas religiosas. Causa-me tanto espanto a fé, por definição a crença em algo do qual não existe prova e no entanto não acredito em Deus, mas acredito no Benfica. E amo o Benfica.
Mas vou até mais longe. Tal como Deus, o que é o Benfica? A sério, o que é? É o Presidente? São os jogadores? Mas eu não amo essas pessoas (e nem falo destes, falo dos que houveram e existirão). É o estádio? Mas o estádio não é o Benfica. É o estádio do Benfica. São os adeptos? Não, os adeptos são os adeptos do Benfica. Não são o Benfica. O Benfica é uma entidade abstrata. Então eu amo uma entidade abstrata. De uma forma inexplicável, ao ponto de ocupar uma parte significativa da minha vida. Dizia o Nick Hornby, o escriba da Bíblia de qualquer adepto de futebol (o fantástico Fever Pitch) que muitas vezes quando lhe perguntavam "em que estás a pensar" ele tinha que disfarçar. Que não podia admitir que era no Arsenal pois se respondesse sempre a verdade iriam achar que ele era um maluquinho. Porque ele passava demasiadas horas do dia a pensar no seu clube. Eu também já fui assim...já tive mais vergonha em assumir esta paixão. Ou doença, vá. Em criança não contava que chorava quando o Benfica perdia. Ou seria incapaz até há alguns anos de admitir que provavelmente sei dizer todos os resultados do Benfica nos últimos 30 e tal anos. E no entanto agora admito: se me perguntarem quanto ficou o Farense-Benfica em 86/87 eu sei que ficou 2-0. Ou que em 98/99 perdemos 1-0 com um golo do Hassan no último minuto. Que da última vez que lá tínhamos ido tinhamos ganho 2-0, com golos do Miguel e do Simão (primeiro golo deste ao serviço do Glorioso!). E no entanto se me perguntam o que jantei ontem, tenho imensas dificuldades em responder. Contudo agora já admito. Sou o que sou, gosto do que gosto. E é do Benfica que eu gosto.
Mas então o que se faz quando se tem esta paixão e o seu clube está de rastos? O que tantas vezes é uma benção (e que ninguém tenha dúvidas: amar um clube, amar o futebol é uma experiência incrivelmente gratificante: o Benfica permitiu-me conhecer amigos para a vida, viagens inesquecíveis, sensações maravilhosas. Festejar um golo é uma criancice impagável. Não há dinheiro que compre todas estas vivências que o futebol permite) agora torna-se num martírio. Porque o melhor antídoto seria retirar importância, pensar noutras coisas (aquelas coisas que nos dizem a nós fanáticos e tanto nos irrita: "é só um jogo", "eles é que o ganham", "são 22 homens a correr atrás de uma bola") e eu juro que tento fazer isso. Há família, há amigos, há trabalho, há entretenimentos, há que distrair a cabeça. Enganar o coração. E eu sou especialista nesse engano à alma. Mas mesmo assim custa. E o output desta frustração vem de duas maneiras: tristeza e raiva. A tristeza direcciono à tal entidade abstrata. Que é como se fosse um membro da minha família. E eu vejo esse membro, que está comigo desde criança e que estará comigo até aos finais dos meus dias, deprimido. E isso deixa-me triste e com vontade de o ir reconfortar. Mas depois surge a raiva para o lado não abstrato da entidade. Jogadores. Treinador. Estrutura. Presidente. A esses vem a raiva. Uma raiva que também é algo de abstrata, diga-se. Eu não desejo mal nenhum dessas pessoas, se as visse na rua provavelmente nem as abordaria, muito menos mostraria a minha raiva. Mas é raiva que sinto. Se isto fosse um casamento do qual me pudesse soltar, agora seria a altura de avançar para o divórcio. Mas não posso. Não está do meu lado. Desistir da entidade abstrata não é opção e os não abstratos continuam agarrados ao lugar. São eles que se podem divorciar, eu nada posso fazer. Aliás! O que sou eu para o Benfica? O Benfica nem sabe que eu existo. Era uma pequena cabeça lá em cima no 4º anel a contribuir com 0,0001% do volume decibal que entrava nos ouvidos dos jogadores e que talvez os fizesse correr 0,0001% mais. Sou um número num cartão de sócio, sou uma quota que entra na conta bancária do clube, sou mais um a resmungar nas redes sociais. Pouco há que possa fazer. E isso mais aumenta a frustração. E a tristeza. Com o meu Benfica. Que esteve comigo em criança. Que está comigo em adulto. Que estará comigo na velhice, se Deusébio permitir. Porque lá está, do Benfica não se desiste. Porque ele está dentro de mim.
"E é amar-te, assim, perdidamente
E é seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente.""

Da táctica do quadrado ao take easy, Arsenal


"O jogo de futebol é composto por vários momentos. Uma equipa pode, no mesmo jogo revelar grande qualidade a ultrapassar pressão alta adversária e, ao mesmo, tempo somar decisões questionáveis quando chega ao meio-campo ofensivo em vantagem, como pode ter muitas soluções perto da baliza contrária mas ser incapaz de chegar às zonas de definição em condições. Na quinta-feira, o Arsenal na primeira parte pertenceu quase ao primeiro grupo. O brilhantismo demonstrado a espaços na primeira fase de construção, é inversamente proporcional à incapacidade de aproveitar o espaço daí resultante.

A construção e a táctica do quadrado
Na conferência de imprensa, Jorge Jesus deixou a ideia que utilizaria 3 centrais. Ficava por esclarecer uma das grandes incógnitas tácticas: sabendo que os laterais do Arsenal começam baixos na construção e os extremos abertos à profundidade, quem iria saltar à pressão quando a bola entrasse nos laterais e como reajustariam os colegas.
A resposta de JJ foi relativamente original. Ao contrário do que foi ideia geral não se limitou a encaixar peças na distribuição gunner. É verdade que Luca e Darwin fizeram uma primeira linha de pressão e Taarabt e Pizzi encaixaram em Ceballos e Xhaka, médios adversários mais recuados, formando por isso um quadrado. Mas a grande surpresa foi quem saiu na pressão aos laterais livres, nomeadamente Cedric à esquerda. Maioritariamente Pizzi abandonava o corredor central para pressionar o internacional português. Diogo Gonçalves ficava fixado na linha defensiva por Smith Rowe, extremo inglês.
Em zonas mais recuadas através de Leno ou do central (Darwin pressionava frontalmente), o Arsenal foi capaz de encontrar Cedric, Pizzi saia à pressão mas havia espaço nas suas costas para jogar, potenciado pela paciência e conforto inglês a circular atrás. Com efeito, Ceballos e Xhaka podiam juntar-se à linha dos centrais, baixando e atraindo os médios encarnados, portanto Pizzi ia pressionar fora e Taarabt estava adiantado para proteger meio.


O Arsenal encontrou várias maneiras de ultrapassar a pressão encarnada foi a colocação de Xhaka aberto à esquerda na linha dos centrais. Aí era Pizzi quem saltava à pressão mas Cedric ficava sozinho e com espaço para conduzir com bola, uma vez que, Smith Rowe continuava aberto e profundo a fixar Diogo Gonçalves. Os gunners chegavam assim tranquilamente e em boas condições ao meio-campo ofensivo.

Ao longo do jogo, e em vários momentos o Arsenal foi capaz de atrair a equipa do Benfica a zonas específicas para aproveitar outras deixadas livres. Ainda que Grimaldo saltasse mais na pressão ao lateral houve momentos de indefinição. No lance abaixo, os ingleses tentam explorar o seu corredor esquerdo, não conseguem mas mobilizam a pressão encarnada, com Smith Rowe a ir no espaço interior, já que, Diogo Gonçalves está mais adiantado a condicionar Cedric. Bola regressa a Leno que atrai Darwin e Ceballos baixa para a grande área trazendo Taarabt. O espanhol joga no homem livre que é, novamente, o lateral mas desta vez do lado esquerdo. Grimaldo chega tarde para pressionar e Bellarin tabela com Saka. Com Taarabt longe, há espaço interior onde Bellarin conduz bola.



Nesta fase, primeiros 25 minutos, em que o Arsenal conseguiu sistematicamente bater a pressão do Benfica as consequências não foram piores para os encarnados porque como já foi referido atrás com espaço e excelentes condições a decisão de quem tinha bola foi muito questionável. Foi clara a intenção de Arteta em colocar alguém na ruptura de fora para dentro entre central e ala quando a bola estava à largura. No entanto, esse passe surgiu na 1ª parte, regra geral, ou demasiado cedo quando o central encarnado estava próximo na cobertura e tinha tempo para controlar movimento e não deixar enquadrar ou quando soluções ao meio por dentro do bloco, ou até mesmo por trás eram mais viáveis. Faltou critério e paciência e essencialmente equacionar outro corredor que não o da bola. Odegaard foi o mais prejudicado pois foi quem estava livre para receber em circunstânicas favoráveis. Portanto, o Arsenal foi incapaz de travar a circulação no último terço e instalar-se no meio-campo do Benfica, o que levou naturalmente a que a bola regressasse mais rapidamente à sua primeira fase de construção.



Após este assalto inicial o Arsenal deixou de ser tão forte na construção por dois motivos: o Benfica subiu os alas, nomeadamente Grimaldo, encaixando agora sim na estrutura adversária e os ingleses também deixaram de ser tão pacientes a circular bola atrás. Por vezes, Cedric continuava livre mas durante menos tempo e o discernimento não foi o maior.
A solução inglesa passou por procurar Aubameyang ou Smith Rowe na profundidade. No caso do gabonês era Otamendi quem disputava em situação de 1×1 sem coberturas propriamente perto, nas duas ocasiões o duelo foi ganho pelo argentino. Ao adiantamento dos alas, havia a parelha Xhaka-Ceballos com Pizzi-Taarabt, Lucas acompanhava Smith e Vertonghen e Saka no espaço inteiror. Sobrava o 1×1 na profundidade.






As correções na 2ª parte
O Arsenal na 2ª parte apareceu mais consistente no meio-campo ofensivo, fizeram por ter a bola nessa zona mais tempo, e o Benfica foi obrigado a baixar. As rupturas nas costas dos alas continuaram mas quem tinha bola à largura agora nem sempre fazia o passe (boa decisão a discernir se era o momento certo) e se o portador ficava com bola equacionava a mudança de corredor por dentro do bloco adversário, ou seja, para o espaço entre linhas, caso não fosse possível a circulação travava e voltava atrás. Os gunners tiveram posses mais longas, Xhaka e Ceballos, numa fase inicial, ajudaram centrais na construção sempre a tentar ganhar as costas dos dois jogadores da frente do Benfica. Acto contínuo os alas também apareceram entre linhas para receber no quadrado feito entre central-lateral-ala-médio. Enquanto o Benfica não não adoptou posicionamentos mais conservadores, o Arsenal conseguiu chegar com perigo ao último terço, aproveitando as rupturas que empurravam a linha de 5 para trás permitindo a quem estava de frente espaço para definir como no lance abaixo.




Durante a fase inicial da 2ª parte e quando Pizzi voltava a sair a Xhaka, por vezes, Diogo Gonçalves saltou a Cedric, criando muito espaço para a sua linha defensiva que ficava baixa (mérito também para Aubameyang) abrindo condições à entrada da bola em Smith Rowe a largura. Mas desta vez, não forçou e ligou com o avançado gabonês por dentro só com a linha defensiva pela frente E aqui entra o factor Odegaard. O jovem norueguês, pese embora a idade, é no futebol europeu um dos melhores a fazer os passes em ruptura para as costas da defesa. O Arsenal nem sempre se mostrou preparado para lidar com o facto de o Benfica não baixar em alguns momentos e jogar com o fora-de-jogo mas Odegaard na 2ª parte, além do golo, tem mais duas situações onde tem espaço e boas condições para definir. Ajustar comportamentos e limitar a sua acção parece chave na definição da eliminatória.


O Arsenal tentou aproveitar sempre a pressão do Benfica em seu beneficio. Mesmo frente a um 451 em bloco médio, os gunners começaram por colocar Xhaka e Ceballos de frente para o bloco e a atrair marcações. Fizeram os médios encarnados saltarem aos seus passes para atrair e colocar a bola entre linhas nos espaços interiores onde apareciam os alas. Esta ideia tem uma grande vantagem: obriga a linha do Benfica a recuar e subir constantemente (porque a bola pode avançar e recuar com a utilização da dinâmica do 3º homem) e colocar Odegaard de frente e sem pressão, situação favorável a passe de ruptura. Foi assim que quase deixaram Auba isolado perante Vlachodimos.




No golo, exploraram as costas mas porque Grimaldo ficou a meio caminho entre guardar posição na linha de 5 ou ir pressionar Bellarin,, criando dúvida em Vertoghen.




Take it easy, Arsenal
No melhor período gunner, Jorge Jesus fez por fechar a porta. As substituições ajudaram e acabou por assumir cada vez mais o 541 e arriscar menos na pressão atrás nos últimos 25 minutos. O que mudou foi mesmo a linha de 5 mais conservadora, laterais a não saltarem e médios menos pressionantes perante quem estava à sua frente e mais preocupados em proteger as costas. Onde antes a prioridade era pressionar, agora interessava controlar. A juntar ao desgaste inglês a verdade é que o ritmo baixou e tirando um ou outro cruzamento, o Benfica foi controlando até ao apito final.




Conclusão
Globalmente o Arsenal parece superior, no entanto, os seus períodos de domínio foram interrompidos quando o Benfica conseguiu ter a bola e a verdade é que o Arsenal mostrou indefinição e abriu espaços quando teve de defender no seu meio-campo. A pressão do Benfica deverá ser obrigatoriamente diferente na 2ª mão mas os ingleses também não devem deixar escapar tantos lances com tanta vantagem como os da primeira parte e poderão estar mais preparados para o comportamento da linha defensiva encarnada quando permanece subida, já melhoraram este aspecto nos últimos 45 minutos."

Vermelhão: Nulo...


Farense 0 - 0 Benfica


Mais dois pontos perdidos, numa partida onde a eficácia no momento do remate foi horrível, confirmando mais uma vez o péssimo momento que vivemos, com uma equipa sem confiança, ainda por cima a 'gerir' o jogo com o pensamento no jogo da próxima Quinta-feira em Atenas com o Arsenal!!!

Já o tinha afirmado que até ao final de Fevereiro, com os jogos do Arsenal e do Estoril a meio da semana, a tendência é para a equipa entrar nos jogos do campeonato a 'gerir', porque não aguenta 90 minutos a fazer pressão.... Hoje, fizemos uma boa primeira parte, com muitos remates e algumas oportunidades (a maior dos remates não acertaram na baliza...), o Farense fez dois contra-ataque perigosos, e nos últimos 5 minutos antes do intervalo, subiu um pouco no terreno... Na 2.ª parte, nos primeiros minutos, parece que demos a bola ao adversário, e fomos nós a fazer contra-ataques perigosos... com as substituições melhorámos um pouco, mas com a saída do Gabriel (Amarelo 'perigoso'...), voltámos a jogar com o Taarabt a '6', e assim voltámos a ter uma equipa com pouca capacidade de recuperação... E assim não conseguimos fazer a pressão natural dos últimos minutos, que em condições normais faríamos!!!

A sequência negativa de resultados continua e muito sinceramente temo que vá continuar, pelo menos até ao fim de Fevereiro...

Juntando a isto tudo, ficou mais um penalty claríssimo por marcar sobre o Rafa... numa primeira parte, onde foi assinalada uma falta ofensiva ridícula ao Vertonghen, que daria uma oportunidade clara para o Benfica, e ainda tiveram o descaramento de marcar um fora-de-jogo ao Seferovic, não deixando a jogada chegar ao 'fim', impedindo assim o uso do VAR...!!! Isto além de uma quantidade absurda de faltas mal assinaladas contra o Benfica (por exemplo, no lance que acabou em golo anulado para o Farense...) e de faltas ofensivas ridículas no ataque do Benfica! Outra curiosidade dos jogos do Benfica, é forma 'exemplar' como os defesas adversários defrontam o Benfica: Amarelos praticamente Zero!!! Hoje, mais uma vez, o único Amarelo do Farense, surgiu nos últimos minutos, a um avançado, e nem foi por uma entrada dura (atrasou a reposição da bola, num lançamento lateral!), isto num jogo onde o Farense jogou uma atitude de 'pastilha nos dentes'!!!

A tempestade 'perfeita' está a assolar o Benfica, que tem muitas causas, todas elas discutíveis e subjetivas, mas se os jogadores não acertam na baliza, é complicado ganhar jogos!