sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Regressar aos triunfos


"Hoje, às 19h00, a nossa equipa de futebol voltará a entrar em campo, desta feita ante o Tondela, no Estádio da Luz, numa partida a contar para a 13.ª jornada da Liga NOS.
"Queremos voltar às vitórias", começou por dizer Jorge Jesus na conferência de imprensa de antevisão ao jogo, realçando que a equipa do Tondela deve ser respeitada e "já demonstrou qualidade noutros estádios" (nota: em dezembro, perdeu por 4-3 e 2-1, em jogos consecutivos, no reduto do FC Porto, para a Liga NOS e Taça de Portugal, respetivamente), além de se tratar de um adversário que vem de um triunfo caseiro ante o Famalicão.
Encontramo-nos numa série de cinco jogos consecutivos sem conhecermos a derrota na Liga NOS (quatro vitórias e um empate), porém, no último jogo, nos Açores, não conseguimos vencer, pelo que importa regressar aos triunfos já esta noite.
Conforme Jorge Jesus afirmou ontem, "o Benfica tem de ser melhor do que o adversário em todos os momentos do jogo, impor-se e ganhar". E revelou-se insatisfeito com a classificação atual do Benfica: "Quero recuperar o primeiro lugar. Estamos há sete jornadas fora do primeiro lugar e já estou cansado de não estar lá", um sentimento partilhado por todos os benfiquistas.
É para ocupar esse lugar que todos nós, em particular os jogadores, a equipa técnica e a estrutura que os acompanha, trabalhamos afincada e diariamente. Queremos muito regressar à posição que ocupámos ao fim das cinco jornadas iniciais e, consumado o regresso, mantê-la até final da prova.
Confiamos muito na competência dos nossos treinadores e atletas para consegui-lo, sabendo que nada lhes falta para desenvolverem o seu trabalho.
De Todos Um, o Benfica!"

Darwin e Luca podem (e devem) dar mais às águias


"O SL Benfica reforçou-se bastante no último verão, seja na equipa técnica ou no plantel. Desde a baliza até aos avançados, entraram vários jogadores e a fatura foi elevada: mais de 100 milhões de euros. Se os milhões e milhões gastos pelas “águias” são sinónimo de bons resultados? Nem de perto nem de longe. O Benfica precisava de “homens de ataque” e encontrou dois jovens que custaram, em conjunto, perto de 40 milhões de euros: Luca Waldschimdt (15 milhões) e Darwin Núñez (24 milhões).  
Pedidos expressos de Jorge Jesus, os dois têm tido uma boa prestação face ao desempenho conjunto da equipa, mas aquém quando comparados os valores com outros jogadores da Primeira Liga. Pedro Gonçalves, do Sporting CP, que custou seis milhões e meio (50% do passe) tem mais três golos do que os dois jogadores anteriores juntos. Outros exemplos ainda mais flagrantes são Rodrigo Pinho e Thiago Santana. Os jogadores de Marítimo e Santa Clara, respetivamente, contam com sete golos no campeonato, apenas menos um do que o total dos dois avançados do Benfica.

Luca Waldschmidt
Mas, em termos individuais, qual é o seu desempenho? O ex-Friburgo começou com o pé direito na Luz: cinco golos nos primeiros dez jogos. O problema veio nos últimos 11 jogos onde o alemão marcou apenas um golo e somou centenas de minutos.
É pouco e é um “espelho” daquilo que são as exibições dos “encarnados”. Um jogador que custou 15 milhões de euros e que, segundo o Transfermarkt, está avaliado em mais um milhão, tem de produzir mais, especialmente com os jogadores que o rodeiam.
Se o problema é apenas do jogador? Provavelmente não. No geral, toda a equipa joga pouco e fica o sentimento do que podia dar mais. Ainda que Waldschmidt seja notável ao nível da finta curta e do índice de trabalho durante o jogo, a finalização e o passe são aspetos que o alemão tem de melhorar. 

Darwin Núñez
O reforço mais caro da história do Benfica chegou da segunda divisão espanhola depois de um modesto terceiro lugar na lista de melhores marcadores nessa divisão. Darwin Núñez, uma grande esperança do futebol uruguaio e sul-americano, é forte fisicamente, trabalha arduamente e, acima de tudo, nunca desiste de um lance. É a principal característica já demonstrada em jogos dos “encarnados”.
Tal como já foi referido, os adeptos viram a chegada deste “menino” com grande expectativa e, nos primeiros dez jogos, Darwin correspondeu: cinco golos e seis assistências. De facto, estes números impressionaram qualquer um não só pela idade do atleta como pelo facto de vir de uma divisão secundária e de uma realidade completamente diferente.
Contudo, à semelhança de toda a equipa, Darwin baixou o seu rendimento “numérico”. Quer isto dizer que o uruguaio reduziu o número de golos/assistências, apesar de nunca ter deixado de vir atrás buscar jogo, pedir a bola “no espaço” ou lutar por cada lance como se fosse o último.
Posto isto, é com grande certeza que afirmo que os dois jogadores podem (e devem) dar mais ao Benfica. Se o esforço, entrega e determinação estão num nível elevado, os golos e assistências estão bem em baixo."

Taarabt, um despertar tardio


"Pormenores. São eles que traçam a muy ténue linha entre a ribalta e a desilusão. E foi nesta fronteira onde sempre viveu Adel Taarabt.
O marroquino destaca-se pela forma como consegue romper linhas adversárias em condução e, sobretudo, através do passe, aproximando, assim, a equipa do golo; por outro lado, é no próprio passe onde falha mais vezes, dado o risco que cada bola sua comporta. É o primeiro a deslocar-se a alta velocidade no momento de reação à perda; e são essas mesmas ações que o desgastam de sobremaneira, impossibilitando-o de passar a barreira dos 60min com frescura física e mental que lhe permitam manter o nível durante todo o jogo. Ao contrário do que muitos dizem, o marroquino raramente se coíbe de defender; porém, encontra-se sempre mal posicionado (pois, com bola, foge bastante da posição e não antecipa uma eventual perda) e entra sempre de primeira no desarme, acumulando um sem número de faltas escusadas e que lhe valem cartões. Resumindo, Adel Taarabt é adorado por muitos, mas odiado (incompreendido?) por outros tantos. De facto, a vida do marroquino sempre foi feita de contrastes, os mesmos que compõem este parágrafo que acabou de ler.
O que muitos desconhecem é que, no passado, Taarabt era apontado como uma estrela emergente. Aos 17 anos, o “miúdo” natural de Fès estreava-se pela equipa principal do primodivisionário Lens. O Tottenham acabaria por assegurar o wonderkid em 2006/07 por empréstimo dos franceses. No entanto, seria no Queens Park Rangers que Taarabt viveria a melhor fase da carreira.
Com apenas 22 anos, Taarabt seria peça basilar duma equipa adquirida por Tony Fernandes, empresário malaio que se tornara dono do clube londrino. Contabilizando 19 golos em 44 jogos, o médio ofensivo acabaria por vencer o prémio de melhor jogador do competitivo Championship, sendo a figura de proa dos campeões QPR. Ingressaria no AC Milan por empréstimo, apesar do interesse do PSG, que nessa época já atacava o mercado com um grosso punhado de petrodólares. Apesar de se ter exibido a bom nível pelos milaneses, voltaria ao QPR, perdendo espaço época após época, até chegar ao Benfica. O resto, já sabemos…
Incrível como algumas lesões, um aumento de peso descontrolado e casos de indisciplina pelo meio desviaram Adel daquilo que poderia ter sido uma carreira de altíssimo nível internacional, onde nunca uma equipa do campeonato português se atreveria sequer a apresentar-lhe uma proposta. Não fosse Bruno Lage a tirá-lo da lama, e Taarabt poderia até, neste momento, ser um jogador aposentado.
No atual Benfica, Adel continua a viver no risco. As suas ações tanto podem culminar numa assistência que mais ninguém no campeonato teria capacidade para antever e executar, como em transições que comprometem toda uma equipa. Junte-se a isto o facto de coabitar num meio-campo a dois no qual, independentemente do médio que jogue atrás de si, o equilíbrio nunca estar garantido. Quão confortável estaria o marroquino a jogar a 10 num 4-3-3, onde os outros dois companheiros de setor acautelariam as suas perdas de bola, bem como o libertariam para que o mesmo deambulasse pelo último terço, em busca do último passe que tanto o destaca? E quão conservada estaria a sua condição física à entrada para a última meia hora, se este não fosse obrigado a deslocar-se tão intensamente para defender?
Neste período atípico que o Benfica atravessa, as dúvidas pairam sobre todos os jogadores, sem exceção. Contudo, nunca a qualidade poderá ser um problema e, neste sentido, resta a Jorge Jesus ter a arte e o engenho de enquadrar Taarabt da melhor forma, ajudando-o e ajudando a equipa a minimizar os seus erros em situações de risco, mas também zelar para que a sua melhor versão consiga continuar a alimentar as zonas de finalização como pouquíssimos em Portugal conseguem fazer. É claramente um jogador diferenciado pela refinadíssima qualidade técnica, mas também pela visão de jogo. 
Compreenda-se o incompreendido. Pois Taarabt despertou apenas há dois anos e, felizmente, também já se terá compreendido a ele próprio."

Ruben Dias: o pormenor defensivo que encanta os ingleses


"Desde a chegada de Ruben Dias ao Manchester City que os elogios não têm parado. Todas as semanas ouvimos treinadores, adeptos, jogadores, dirigente ou qualquer comentador a elogiar o jovem português, as suas exibições e o impacto que teve na defesa do City. Lembro-me ainda de assistir a um dos primeiros jogos do Ruben pelos cityzens e ouvir o comentador a referir o seu preço, que um jogador quase “desconhecido” tinha custado tanto dinheiro, mas quem seguiu a carreira deste jogador de perto, e desde tenra idade, sabia que o impacto podia ser grande. Numa defesa que vivia tempos conturbados e muito irregulares, Ruben Dias jogou desde o primeiro dia (quase literalmente, visto que jogou apenas uns dias depois de chegar a Inglaterra), e tem sido um verdadeiro patrão na defesa de Pep Guardiola. Após o jogo de ontem frente ao United, Pep Guardiola deixou grandes elogios ao central português: “Parabéns a todo o clube por esta contratação. Vai ser um jogador espetacular para os próximos anos.”
Sem o requinte técnico com bola de Laporte ou Stones, defensivamente Ruben tem sido exímio, e com menos erros de concentração/agressividade do que na última época no campeonato português. Comunica com os colegas, controla a linha defensiva, e mostra os tais pormenores defensivos que decidem jogos em todas as jogadas: colocação dos apoios, constantemente a procurar os adversários, preparado para subir ou descer a linha defensiva e ajusta a sua passada consoante a posição da bola e a pressão ao portador da bola. Percebe o jogo como muito poucos, e essa inteligência permite que, mesmo não sendo mais rápido que os seus adversários, ganhe segundos preciosos na luta pela bola. Ligue o som, e acompanhe este vídeo e os meus comentários à última exibição do central português, no derby de Manchester que carimbou a passagem do City para a final da taça da liga inglesa..."

Lista de desejos (desportivos) para 2021


"Oito de janeiro de 2022
O ano de 2021, que agora findou, foi bem mais duro do que se previa, mas, como se costuma dizer, em boa verdade tornou-nos mais fortes e unidos!
Depois da euforia do início do ano, com a chegada da vacina, rapidamente voltámos à realidade quando percebemos que este complexo processo iria ter altos e baixos e a tão desejada imunidade de grupo iria levar mais tempo a conseguir do que seria desejável. Levou muito tempo, é verdade, mas finalmente conseguimos!
O desporto voltou a ser o que era, com tudo o que de bom ele representa. Desde março de 2020 passaram-se quase dois anos que pareceram uma eternidade...
Depois de tantas dúvidas, contingências, dificuldades em cumprir o processo internacional de qualificação e do seu adiamento, os Jogos Olímpicos de Tóquio foram um inegável sucesso. Foi a primeiro encontro presencial de todos os países do planeta desde o início da pandemia, ficando claro o papel único e insubstituível do desporto e dos valores olímpicos na união entre os povos e na paz mundial. Apesar de todas as limitações, o Mundo uniu-se em Tóquio numa icónica celebração da humanidade que ficará seguramente nos anais da História Universal. Foi um importante ponto de viragem na árdua guerra contra este inimigo invisível.
A participação da nossa Missão acabou por ter um impacto muito grande, talvez até maior do que inicialmente se previa. É verdade que o excelente conjunto de resultados que obtivemos muito ajudou, mas a “onda” nacional de apoio aos nossos atletas, que envolveu literalmente todo o país, tocou todos os que, a mais de 11.000 Km de distância, defenderam as nossas cores com tudo o que tinham, retribuindo ao povo português numa altura tão difícil para todos. Sentiu-se um abraço virtual, mas que, de tão genuíno, forte e intenso, se tornou real.
Os nossos “heróis” acabaram por ser os melhores promotores possíveis dos mais nobres valores do desporto. Depois de duas épocas desportivas de fortíssimas restrições, sobretudo entre crianças e jovens, privados há tanto tempo da prática em inúmeras modalidades, a prestação e a generosidade dos nossos atletas conseguiram inspirá-los de uma forma fantástica. Foi, sem dúvida, um sinal essencial para o regresso de centenas de milhares de jovens ao desporto.
Para além desta comunhão nacional à volta dos nossos atletas, acima de tudo foi revigorante ver o reconhecimento social do papel formativo, educativo e de promoção da saúde que só o desporto e a atividade física permitem. Esta invulgar situação que vivemos acabou por sensibilizar a população portuguesa, mas sobretudo os órgãos de decisão, para um extenso debate nacional conducente à valorização desta área, já consubstanciado no orçamento de estado para este ano e nas recentes opções políticas que o sustentaram.
Há coisas que só se conseguem valorizar na sua ausência e esta foi uma delas. Na iminência de tantas organizações desportivas falirem e fecharem portas, foram as comunidades que, percebendo a sua vital importância, acabaram por salvar inúmeros clubes, entidades sem fins lucrativos, cujo papel os torna estruturantes a nível social.
Os milhares de treinadores, técnicos e profissionais relacionados com a atividade física e desportiva que acabaram por ficar sem sustento, ou tiveram que procurar outras atividades profissionais, têm agora uma nova perspetiva de retoma. Muitos, felizmente, já voltaram ao ativo. Para os restantes, esperemos que não seja demasiado tarde. Todo este conhecimento e experiência acumulados seriam perdas enormes que demorariam anos, eventualmente décadas, a recuperar.
Hoje já são raras as limitações à prática desportiva a nível global e o calendário nacional e internacional voltou praticamente ao normal. Foi inesquecível a emoção no regresso generalizado aos recintos desportivos de todos aqueles que amam o desporto. Que saudades da excitação da competição, dos desafios e das conquistas individuais e coletivas. Da vontade de constante superação. Das imagens, dos sons, dos cheiros, dos rituais tão característicos de cada uma das modalidades. Da paixão do público nas bancadas. Do sorriso das crianças e jovens na prática desportiva!
Bem hajam todos os que salvaram este bem tão precioso a que chamamos desporto!
A todos, os desejos de um excelente ano, com muita saúde!"