sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Em terra de cultivo, quem tem Cebolinha é rei


"Os meus avós residem em Crespos, uma pequena freguesia que faz parte do concelho de Braga, e têm um campo de cultivo onde produzem alimentos para consumo próprio. Quando vi o Benfica entrar em campo na segunda-feira no Funchal, mal olhei para o terreno de jogo, pensei que os meus avós formariam uma dupla de centrais bem mais produtiva que a do Benfica. Em termos de futebol, talvez não fossem tão competentes, mas de certeza que ao intervalo já teriam alface, couves e batatas prontinhas a colher. Aquele campo dos Barreiros é tão maravilhoso para plantação, que o homem do jogo foi o Cebolinha. Se o Cristiano Ronaldo tivesse começado a carreira no Marítimo em vez do Nacional, hoje seria o melhor agricultor do mundo.
A cada semana que passa fico ainda mais desamimado com o afastamento dos adeptos dos estádios. Estou cansado de assistir a duelos como o Atlético - Bayern e aquilo parecer um jogo de pré-época. Estou numa fase tão sensível, que, de cada vez que vejo imagens do Estádio da Luz com adeptos, vêm-me as lágrimas aos olhos. Como o mister JJ tem apostado no puto Gonçalo Ramos, então a choradeira tem sido frequente. A minha consciência já carregava o peso de não ter cumprido o sonho de ser jogador do Benfica, mas pelo menos podia apoiar desde a bancada. Agora nem isso. Os miúdos da formação não só têm a motivação de chegarem à equipa principal para jogarem pelo clube de coração como também têm de o conseguir para poderem assistir aos jogos no estádio. Um dia de cada vez, amigo leitor. Se o pistoleiro continuar a demonstrar a qualidade a que nos está a habituar, então não custará tanto continuar a acabar os jogos lavado em lágrimas."

Pedro Soares, in O Benfica

Benfica no feminino


"Depois de ultrapassar brilhantemente as gregas do PAOK e as belgas Anderlecht, a equipa feminina do Benfica tem agora pela frente o Chelsea, na eliminatória correspondente aos dezasseis-avos-de-final da Liga dos Campeões.
A tarefa não vai ser fácil. As ingleses são muito fortes, e bastante mais experientes do que as nossas raparigas. Mas não tenhamos dúvidas de que isso não lhes irá retirar a esperança num bom resultado.
O futebol feminino do Benfica tem sido uma história de sucesso Logo no primeiro ano, subida à primeira divisão e conquista da Taça de Portugal. No segundo, 21 vitórias em 23 jogos, até chegar a pandemia e impedir um titulo nacional anunciado. Ficaram pendentes as finais de Taça da Liga e Taça de Portugal, que acredito ainda possamos festejar em breve. E neste campeonato tudo está em aberto.
Infelizmente, a igualdade de género não é ainda uma realidade. Mas tem sido uma bandeira dos nossos tempos, e por isso acredito que o futebol feminino seja um terreno a explorar, com grande margem para crescer. Não me admirava que um dia viesse a ter estádios cheios e um grau de mediatismo próximo daquele que hoje têm os homens. Afinal, o jogo é o mesmo, as regras iguais, e o talento não tem sexo - tal como o Benfica.
Diga-se que o nosso clube a aposta no desporto feminino tem sido total, com equipas competitivas em todas as modalidades, e dominadoras na maioria delas. Em alguns casos com domínio esmagador, como no hóquei em patins (onde já alcançámos um título europeu) ou no futsal.
O futebol segue o exemplo, e a participação nesta prova é mais um passo no seu crescimento."

Luís Fialho, in O Benfica

José Bastos


"O presente ano está a ser terrível do ponto de vista das perdas humanas. O último a partir foi José Bastos, o nosso glorioso guarda-redes que brilhou nos anos cinquenta. Ajudou a conquistar nove títulos - três Campeonatos Nacionais, cinco Taças de Portugal e uma Taça Latina. O seu grande feito aconteceu na época 1949/50, quando integrou o lote dos '13 Magníficos' que conquistou a Taça Latina, a competição que esteve na génese da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Disputada pelos campeões de Portugal, Espanha, França e Itália, em 1949/50, coube ao Benfica disputar a competição, e José Bastos foi decisivo nos três jogos. Frente à Lazio de Roma, na meia-final, no Estádio Nacional, fechou a baliza e ganhámos por 3-0, com golos dos notáveis Rosário, Rogério 'Pipi' e Arsénio. Seguiu-se a final, frente ao Girondins de Bordéus, com três golos para cada lado. Uma semana depois, a finalíssima, frente ao campeão francês, um jogo épico, que durou 146 minutos. A equipa lutou como nunca e quando já poucos acreditavam, Arsénio, a 20 segundos do fim, empatou. No prolongamento, Julinho resolveu o jogo. Com Ted Smith e Cândido Tavares ao leme, nascia o Benfica Europeu. Seguiram-se sete conquistas - dois Campeonatos e cinco Taças de Portugal. José Bastos foi um dos pilares, destacando-se na dobradinha de 1956/57. Fez os 26 jogos do Campeonato e repartiu com Costa Pereira os oito jogos da épica campanha, na Taça de Portugal, jogando a final com o SC Covilhã. Nessa época, disputou nova final da Taça Latina, no Santiago Bernabéu, frente ao Real Madrid, que perdemos por 1-0. José Bastos destacou-se. Tive o privilégio de ser seu amigo. Revelou-me vários episódios das 14 épocas no Benfica. Tinha orgulho na forma como os jogadores sentiam a camisola. Nem a mágoa por ter sido preterido, em 1960, quebrou o seu amor pelo Glorioso."

Pedro Guerra, in O Benfica

Dia de dar!


"Em tempo de Black Friday, Sexta-feira Negra, quando todos procuram encontrar uma vantagem para si, é fundamental pensar naqueles para quem todos os dias são negros, não por eufemismo de um marketing global capaz de criar ondas desenfreadas de consumo, mas porque, verdadeiramente, não têm o suficiente para prover as suas necessidades mais básicas.
Do lado de quem tem mais, exacerba-se crescentemente aquilo a que poderíamos chamar uma 'sede de abundância'. Uma sede trágica porque sempre anseia e nunca se satisfaz, transformando o privilégio da abundância numa angústia de escassez. Neste mundo acelerado e global, precisamos sempre de mais e mais sem nunca nos bastarmos nem pararmos para reflectir. Queremos mais bens, queremos gastar mais energia, queremos o bem-estar de toda a humanidade e o equilíbrio do planeta. Isto significa que queremos, à sua vez, uma coisa e o seu contrário, mas temos de concordar que esta é uma equação com os termos desequilibrados e de resultado negativo.
Não existe culpa em fazer uma pequena extravagância, em esperar pelas oportunidades desde dia e multiplicar o dinheiro para comprar o mesmo com menos ou, as mais das vezes, mais com o mesmo. Mas é bem certo que há virtude em recordar os outros e despojarmo-nos de uma parte dos nossos bens materiais, por ínfima que seja, em prol dos que enfrentam diariamente, muitas vezes gerações a fio, a mais injusta das injustiças: a pobreza.
Por isso, passados os dias loucos da Black Friday, que agora dura semanas, acordemos na terça-feira com uma única vontade: dar!
Dê, porque esta terça-feira não é dia de querer, é dia de dar!"

Jorge Miranda, in O Benfica

651 edições depois... Obrigado!


"1. Hoje, muito especialmente, considero importante deixar registado para a memória futura, de modo inequívoco e indelével, que, se não fossem Manuel Vilarinho e Luís Filipe Vieira, este Jornal já não existia.
2. Ambos os Presidentes, eles próprios persistentes assinantes de longa data do Jornal, tiveram a correta percepção de que mais do que um ícone histórico do Clube, o 'Semanário oficial do Sport Lisboa e Benfica' constituía um sustentáculo da própria memória do Benfica, pelo que, primeiro, assim que lhe foi possível após a sua posse e um triste interregno de publicação irregular e suspensão, Manuel Vilarinho faz retomar a edição do Seminário; e mais tarde, já a meio da década de 2000, Luís Filipe Vieira resgata o Jornal de mãos alheias ao Clube e volta a trazer a sua edição para dentro de Casa.
3. O Jornal O Benfica, sob orientação de Adriano Cerqueira, Luís Lemos e Fernando Seara, encetava uma nova e difícil caminhada no sentido de recuperação do prestígio de outrora, construída com o dedicado esforço dos sucessivos editores Vieira de Carvalho, Carlos Calado, Sónia Antunes, Rui Manuel Mendes e José Marinho e jornalistas e colaboradores da Redação, por entre os escolhos sobrantes e com os mitigados recursos disponíveis, nessa exaltante fase em que, dramaticamente, o próprio Clube se reerguia das cinzas.
4. Em 2008, porventura sabendo da admiração e proximidade que eu havia tido o privilégio de manter com o nosso saudoso fundador dr. José Maria Barbosa de Magalhães Godinho, o Presidente Luís Filipe Vieira convidou-me para assumir a honrosa direcção do Jornal.
5. Hoje, sinto muito orgulho da exaltante experiência de que pude usufruir e partilhar ao longo de seiscentas e cinquenta e uma edições do nosso Jornal, das quais cada uma reflectiu o crescente reforço de equilíbrio e de rigor de informação, bem assentes nos pilares da verdade e da deontologia, com que hoje se exerce o Jornalismo sério e despojado n'O Benfica.
6. Neste surpreendente contraciclo em que (felizmente) vivemos no nosso Jornal e que nos deixa a coberto das tempestades que actualmente fustigam a sociedade da comunicação em Portugal e no Mundo, os seguros passos que fomos dando ao longo dos últimos doze anos não só sustentaram, primeiro, a confiança estrutural interna no seio do Grupo Benfica como, sobretudo, se tornaram essenciais para a recuperação e consistência do prestígio público junto dos Leitores, ajustados e um órgão de Informação tão perene, que acabou de entrar no septuagésimo nono da sua história.
7. Destaco como marcos porventura mais significativas na mais recente linha do tempo neste específico cenário do Jornal, logo em 2008, a constituição de uma ampla equipa de conceituados cronistas convidados, que dedicadamente enobreceram e ainda honram as nossas páginas com a diversidade das suas livres opiniões; em 2009, a primeira mudança de layout e grafismo; em 2011, a alteração gráfica do título do Jornal; com a edição n.º3641, o início da versão digital de O Benfica, nas plataformas iOS e Android; e um ano depois, a mudança gráfica mais expressiva operada por ocasião do 111.º aniversário do Clube, em 2015; em 11.nov.2016, na edição n.º3785, a revisão do primacial Estatuto editorial do Jornal; no final de 2016, em estreia na nossa história, a confirmação do primeiro exercício financeiro positivo e contributivo para o Clube; e, por fim, em 27.nov.2018, pelo forte simbolismo do reconhecimento da nossa missão, a inauguração da primeira exposição inconográfica de sempre sobre a história do Jornal O Benfica, no Museu Cosme Damião, com a presença do Presidente Luís Filipe Vieira.
8. Já tenho saudades de toda esta evolução... Mas, atrás de longos tempos, melhores e muito mais vastos tempos se vão seguir na linda vida do nosso Jornal: a minha missão termina hoje e, no plano pessoal, nada justificaria que se prolongasse ainda mais. Saio em andamento, porque sinto e tenho a certeza de que este veículo, agora, vai depressa e nunca mais para!
9. E, perante o que aqui vivi e testemunhei, neste dia do adeus só posso deixar a minha profunda gratidão benfiquista a todos aqueles que, na Redação e nos serviços, também acharam que tudo seria possível... Mas, acima de todos, obrigado, Presidente. E obrigado, Benfica!"

José Nuno Martins, in O Benfica

Reposta a requerimento


"Em requerimento apresentado em 23 de novembro de 2020, Francisco Benitez, João Pinheiro e Nuno Leite, sócios do Sport Lisboa e Benfica, solicitaram ao Presidente da Assembleia Geral "a convocação de uma assembleia geral extraordinária para deliberar sobre uma auditoria de conformidade às eleições de 28 de outubro de 2020 e apresentação de proposta de regulamento eleitoral para vigorar no Clube".

Este requerimento deve ser apreciado à luz dos Estatutos do Sport Lisboa e Benfica, sendo igualmente necessário dar cumprimento às normas de saúde pública em vigor na pendência do estado de emergência declarado por Sua Excelência o Presidente da República para fazer frente à pandemia da COVID-19.
O artigo 55.º, n.º 3, dos Estatutos estabelece que "As reuniões extraordinárias da Assembleia Geral podem ser da iniciativa do Presidente da Mesa, a pedido da Direção ou do Conselho Fiscal, ou de um número de sócios efetivos no pleno gozo dos seus direitos, cujos proponentes, na sua totalidade e com observância dos demais preceitos estatutários, perfaçam pelo menos dez mil votos".
A interpretação desta norma é unívoca. Tratando-se de uma assembleia geral extraordinária convocada a pedido dos sócios do Sport Lisboa e Benfica, é indispensável que o pedido seja subscrito, especificamente para o efeito, por sócios que perfaçam pelo menos dez mil votos – o que não sucede no caso vertente –, não bastando para tal a invocação de um movimento de sócios.
Com estes fundamentos, após reunião da Mesa da Assembleia Geral que se pronunciou por unanimidade nesse sentido, decide-se não conceder provimento ao requerimento supramencionado.
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral"

Apurado


"A nossa equipa conseguiu ontem um triunfo sólido, por 4-0, frente ao Lech Poznan na 5.ª jornada da fase de grupos da Liga Europa, consumando assim o apuramento para os 16 avos de final da competição e atingindo o objetivo a que se propôs no início da prova.
Fomos claramente superiores ao adversário num jogo em que, de acordo com Jorge Jesus, "tivemos jogadas muito bonitas perto da grande área da equipa polaca e vencemos com naturalidade, mas também fizemos para que se tornasse fácil".
Os golos foram obtidos por Vertonghen, Pizzi, Darwin e Weigl. O belga estreou-se a marcar de águia ao peito, enquanto o alemão conseguiu o seu segundo tento ao serviço do Benfica. Pizzi e Darwin, mais habituados a figurarem entre os marcadores, marcaram os seus 7.º e 6.º golos, respetivamente, em competições oficiais na presente temporada.
Destaque para Pizzi, que contribuiu ainda com duas assistências e continua a subir posições nos vários rankings dos goleadores benfiquistas. Obteve o seu 12.º golo nas competições europeias, alcançando a 9.ª posição, a par de Simão e João Pinto. E, na Liga Europa/Taça UEFA, chegou aos 7 golos, em apenas 11 jogos, sendo agora o 5.º melhor de sempre (mesmos golos que Saviola, mas em menos jogos).
Rafa, que totaliza agora 150 jogos em competições oficiais pelo Benfica, e Cervi fizeram as restantes assistências, mas, numa perspetiva individual, é Darwin quem merece maior destaque além de Pizzi, ao ter conseguido o seu quinto golo na prova em apenas quatro jogos.
Registe-se também a curiosidade de, com os 16 golos obtidos havendo ainda uma jornada por disputar, se ter superado a marca obtida em toda a participação anterior do Benfica na fase de grupos, com o atual formato, da Liga Europa (13 golos em 2009/10).
A invencibilidade na condição de visitado em partidas da Liga Europa aumentou para 26 jogos consecutivos, o que se constitui como um recorde da competição. O apuramento para a fase seguinte da prova oferece agora ao nosso treinador, conforme reconheceu ontem na conferência de imprensa, maior margem na gestão do plantel face à elevada exigência do calendário competitivo neste mês.
Hoje a equipa já está focada no próximo desafio, que será disputado no domingo, às 20 horas no Estádio da Luz, com o Paços de Ferreira a contar para a Liga NOS"

Sonhei com isto, Nico: 90 minutos no Benfica sem calafrios. Já fizeste tatuagens por menos, fica a dica: “4/12/20, Lech. 0 duelos perdidos”


"Vlachodimos
Se é para estar aqui uma hora e meia especado ele que ponha o Helton Leite, terá pensado o Vlachodimos.

Gilberto
Não vou dizer mais nada. Ainda me acusam de bullying.

Otamendi
Uma pessoa sonha com estes momentos mas nunca sabe se algum dia vão chegar. Extraordinário. 90 minutos ao serviço do Benfica sem um único calafrio. Histórico. Já deves ter feito tatuagens por muito menos, Nicolás. Pensa nisso. Uma coisa pequena num dos braços a dizer “4/12/20, Lech Poznan. 0 duelos perdidos.”

Verthongen
Eu não sou de me gabar das minhas previsões até porque falho quase todas, mas por uma vez posso dizer-vos que avisei. Super Jan vem subindo de forma e nada como onze polacos com problemas de coordenação motora para apurar os níveis de confiança do nosso central belga.

Grimaldo
nele uma intenção que quase nunca passa despercebida. Num plantel em que tantos laterais parecem decidir livrar-se da bola mais do que colocá-la num colega, as exibições de Grimaldo, mesmo as medianas, são refrescantes. Enquanto o oxigénio chegou ao cérebro foi dos que mais procurou encavar os polacos, ainda que não estivesse especialmente inspirado.

Gabriel
A dada altura ouvi o Pedro Henriques explicar que o Gabriel tenta sempre fazer passes mágicos, mas em cada 10 talvez acerte 4 ou 5. Não querendo entrar em polémicas estéreis, direi apenas que este número anda longe da verdade e que é preciso incluir ainda: o desgaste por cada passe errado adicional durante o mesmo jogo; o momento do jogo em que esse passe acontece, muitas vezes numa situação aparentemente promissora para a equipa; a postura do jogador no momento de alguns desses passes falhados, como se tentasse pintar um Pollock e um esguicho de tinta acertasse no chão em vez da tela. Assim talvez não pareciam tão poucos.

Chiquinho
Cumpriu defensivamente mas faltou brilhantismo no envolvimento com o ataque, que é aquela forma eufemística de dizer que queríamos ver um poeta mas calhou-nos um canalizador espirituoso. Continuo a ver mais pujança nas instastories dele do que nos remates à entrada da área.

Everton
Espero sempre mais do Everton, mas eu admito que a expectativa é culpa minha. A coisa disparou depois de eu encontrar um vídeo de 6 minutos e 48 segundos no YouTube intitulado “Everton Cebolinha ou Neymar?” refletindo sobre qual dos dois deveria ser titular na selecção brasileira. Todos sabemos que a questão não se colocaria no Benfica, uma vez que o Everton é titular indiscutível e o Neymar dificilmente tiraria o lugar ao Rafa. Talvez pudesse ir alternando com o Pedrinho como suplente utilizado.

Rafa
Discute-se muito se precisamos de um 6, de um 8, de um 9, de um 9 e meio ou de um 10 ou de todos estes. Olhando para as estatísticas defensivas e ofensivas do Rafa neste jogo, eu diria é que precisamos de mais um camião de Rafas.

Pizzi
Em crescendo. Neste momento só lhe falta entrar em campo com água de malvas para lavar o rabinho aos colegas. Duas assistências que ajudaram a resolver uma exibição meio enguiçada e nada entusiasmante na primeira parte. Tem um golo marcado a cada 47 minutos na Liga Europa. Se hoje vimos momentos com nota artística mais elevada deveram-se todos ao nosso patinho feio.

Darwin
jogadores que entram em campo como se fosse sempre a primeira vez. Já tivemos outros assim, como Martin Pringle, Azar Karadas e muitos mais. No caso destes, não era tanto a motivação que fazia cada jogo parecer o primeiro, mas a destreza com que tratavam a bola. Darwin consegue o melhor dos dois mundos, a beleza ingénua e aguerrida de uma eterna primeira vez aliada às virtudes de levar nas orelhas diariamente do mister Jesus. É destes que precisamos.

Waldschmidt
Procurou o espaço entre linhas, serviu colegas, fez o que podia para participar no jogo mas a tristeza era evidente. Entrou quando saiu a sua alma gémea uruguaia. O que será que Jorge Jesus tem contra esta cumplicidade entre dois homens? É o que vamos discutir amanhã à noite na CMTV. Conto convosco.

Seferovic
Dizem analistas que precisa de três ocasiões para marcar um golo. A não ser que as ocasiões coloquem a bola no seu pé direito. Nesse caso precisa de trinta e seis. Teve uma contra os polacos, portanto vai demorar.

Weigl
Um caso perdido. Podia marcar mais 10 destes e fazer outros 10 passes com inteligência acima da média e mesmo assim poucos iriam na conversa. Foi pena, Julian. Cheguei a sonhar. O golo marcado hoje e mais uma outra ação no jogo vão obrigar o editor de vídeo sub-contratado pelo Pini Zahavi a atualizar o vídeo “Melhores momentos” que já estava a caminho do YouTube e do email do diretor desportivo do Hertha Berlin. Por este andar ainda recuperamos o que gastámos nele.

Cervi
15 minutos, uma assistência para golo. Aprende, Rafa.

Pedrinho
A bola colada ao pé não engana. Há ali talento e potencial, apesar de fisicamente ainda fazer lembrar um daqueles craques identificados no GNT por um scout com privação de sono."

Benfica 4.0%


"A atração principal deste Benfica-Lech Poznan seria sempre a possibilidade dos encarnados se apurarem já esta quinta-feira para os 16avos da Europa League, mas na retina, no jogo de ida, ficou o entretenimento provocado por um Poznan que partiu o jogo, recebendo no final da partida merecidos elogios do técnico das águias. Do ponto de vista futebolístico a abordagem dos polacos na Luz seria assim também algo a ter em conta, até porque o momento que o Benfica atravessa desperta também alguma curiosidade quando a oposição sobe de tom. Pois bem… não foi o caso, num jogo que me fez lembrar uma simpática senhora polaca que, quase insistentemente, me recomendou uma cerveja oriunda do seu país. A Tyskie, dizia ela, deveria ser consumida com responsabilidade da minha parte dado o seu elevado teor alcoólico. Mas do que a encantadora Olivia se esqueceu foi que no Reino Unido o imposto sobre o teor de álcool tem mão de ferro, sendo que à poderosa Tyskie na Polónia a viagem até Terras de Sua Majestade lhe corta a potência necessária a fazer-me a mossa que ela me havia prometido. Algo parecido com o que aconteceu ao Lech Poznan na viagem até Lisboa. Sendo que pelo caminho algures se perdeu a inebriante vertigem com variação de flanco que havia tornado o jogo na Polónia tão interessante.
Interessante porque o Lech o partiu, e mais interessante, para Jorge Jesus, porque assim sendo o quarteto ofensivo do Benfica tinha espaço para decidir em velocidade. Mas mudando a estratégia (e jogadores) do Poznan para algo mais de contenção, o Benfica passava a ter que jogar a maior parte do tempo em organização ofensiva, demorando tempo até encontrar uma versão que realmente convencesse quem assistia a partida. Não no resultado – porque Super Jan saltou mais alto que toda a gente para fazer o primeiro aos 36′ – mas porque a fluidez do jogo nos três corredores deixava a desejar. Pelo meio (porque os polacos o selaram com um 4141 que ainda recebia a ajuda do ala a acompanhar o lateral) e pelas alas, onde Gilberto e Grimaldo nunca foram capazes de dar aquela acutilância capaz de prender o Lech (ou qualquer outro adversário) às cordas.

Como referido o Lech trocou aquela vertigem alcoolizada do primeiro jogo por algo mais paciente e equilibrado, ao que o Benfica respondeu sempre bem com a linha média como siamesa de uma linha defensiva que controlou sempre bem o espaço nas costas

Darwin a ganhar as costas e a ligar com Pizzi foi uma solução para os problemas de fluidez no primeiro tempo. Com o uruguaio os encarnados andarão sempre perto de marcar – e Rafa sempre com a interessante solução de deambular para a zona central

Contudo, o golo marcado num pontapé-de-canto conferia a tranquilidade necessária ao Benfica, como conferia também a obrigação de o Lech assumir mais o jogo. E se períodos houve onde os polacos demonstraram até ser capazes de fazer algo em ataque continuado (escassos e ainda na 1.ª parte), com a obrigação de correrem atrás do prejuízo dois erros em organização ofensiva (passe do guarda-redes para Gabriel no 2-0; excelente recuperação de Chiquinho no 3-0) bastaram para disparatarem toda e qualquer possibilidade que (ainda) tivessem nas contas do grupo. Assim se fez a história de um jogo (ou de dois, se quisermos) onde o Benfica demonstrou ser mais forte que o adversário quer quando o jogo partiu (na Polónia) ou quando teve de o controlar com bola (na 1.ª parte) e sem ela (em alguns períodos na 2.ª). E isso, convenhamos, não tem sido um hábito assim tão constante no 2020 que finda. Assim, ainda que o jogo termine com a esmagadora diferença de 4 golos (Weigl ainda facturou já ao cair do pano) restará às análises tentar perceber se aquilo que o Benfica fez já é algo parecido com o que Jorge Jesus almeja e visualiza na sua célebre promessa d’arrasar E a verdade é que o Benfica demonstra ainda grande insegurança quando o adversário rodeia o seu portador da bola, não só somando erros notórios, como também não fazendo a bola girar pelos melhores caminhos. Isto a somar-se, claro está, ao afunilamento exagerado e desnecessário que lhe fecha os caminhos da baliza (algo notório numa primeira metade com escassas situações dignas de registo) e às dúvidas no duelo para recuperar o imenso tempo em que o Benfica costuma conceder a bola aos adversários. A melhorar com ela e sem ela, portanto, mas já com o faro de golo habitual em Darwin e em Pizzi, e com Chiquinho a crescer na posição 8.

4x1x4x1 dos polacos tapava ligações interiores e exigia mais ligação com as alas, onde a (falta de) vertigem de Gilberto e Grimaldo não atraiu o suficiente para desposicionar e aí sim ligar por dentro. As alas seriam também importantes para fixar o Lech mais atrás – algo que acabou por não acontecer com a regularidade desejada

A recuperação autoritária de Chiquinho (que origina o terceiro golo) confirma os erros em construção dos polacos e lança a discussão sobre os duelos defensivos no Benfica. Conseguirá Jesus o seu melhor futebol com uma equipa pouco dominante, pouco autoritária e pouco confiante nos duelos?"

A busca do 8 encantado


"No modelo de Jorge Jesus, o número 8 é provavelmente o jogador que mais completo precisa de ser. Completo no sentido de ter que reunir competências ofensivas e defensivas em simultâneo. Ter de ser um jogador bem dotado fisicamente, tecnicamente, e ser inteligente taticamente.
Daquela posição tudo se define. Sem bola, a capacidade de recuperação da posse no pressing, a capacidade de recuperação para a linha média em 4x4x2 quando é o momento de baixar e juntar as linhas. Com bola, é a posição chave para dar fluidez ao jogo ofensivo – a velocidade a que circula, mas ainda mais a inteligência para saber quando conduzir e ir fixar adversários para soltar nos colegas mais adiantados, a habilidade motora para rodar de forma veloz e tirar a bola das zonas mais apertadas. Da posição oito do modelo 4x4x2, tantas vezes se determina todo o rumo do jogo.
O Benfica parece perdido entre aqueles que podem acrescentar com bola e os que são mais fortes sem esta. Entre todos, desde sempre que a minha opinião é a de que Chiquinho com bola é o melhor de todos. Porque reúne como nenhum outro médio encarnado as condições ofensivas para perder pouca posse e dar a tal fluidez que determina toda a velocidade do ataque e aumenta número de entradas no último terço com boas condições para os homens da frente serem perigosos. Não estou certo de que defensivamente tenha os argumentos necessários para se tornar o tal “Enzo” que ontem ouvi compararem. Nunca terá tal capacidade de recuperação ou agressividade, mas o que faz jogar o Benfica de forma natural usando e abusando de inteligência e percepção do jogo, não tem paralelo com mais ninguém que tenha jogado na posição. Com ele o jogo não encrava."

Apurados à média (superior) de 3 por jogo – O regresso de Darwin


"Controlado. Foi com mais segurança que espetacularidade que o Benfica garantiu a presença na próxima fase da Liga Europa, perante um Lech Poznan de parca qualidade, que nunca incomodou, embora tenha entrado desinibido e capaz de ligar o jogo por entre pressão encarnada.
Chiquinho surgiu como médio de ligação – Um desperdício que não consiga atingir no momento de finalização o registo que até demonstrou noutras paragens, porque em tudo o mais acrescenta – Dá fluidez ao jogo, escolhe as melhores rotas e não soma perdas potencialmente perigosas – ao lado de Gabriel, enquanto Pizzi desta feita jogou como avançado ao lado do uruguaio Darwin no momento defensivo.

4x4x2 do Benfica

O ritmo lento da partida não deixava contudo antever que os encarnados encontrassem dificuldades para desbloquear o resultado, tamanho era o desnível que se sentiu quando os encarnados apertavam organização contrária, e foi na bola parada – onde o Benfica tem apresentado argumentos e trabalho de laboratório de jogo para jogo – que a equipa de Jesus acabou por se adiantar.

Benfica em Organização Ofensiva – Laterais nunca totalmente projectados em profundidade – Presença a 4 entre Linhas

Gabriel na posição seis recupera bolas e equilibra a equipa com os seus posicionamentos, mas por outro lado, não consegue trazer velocidade para o jogo com bola encarnado. Da demora a tomar decisões e das decisões erradas perde-se tempo e perdem-se bolas que obrigam a equipa a despender mais energia para voltar e fechar no posicionamento defensivo.
Pizzi com poucas perdas da posse mesmo jogando em espaços altos, compensa com a tremenda categoria em zona de finalização os erros que vai somando nas decisões sobre como receber para acelerar ou guardar a bola, e foi com Darwin uma ameaça de peso na zona de finalização. O uruguaio tem o condão de fazer acreditar que a qualquer momento poderá deixar a sua marca no jogo, tamanho é o seu poderio no ataque a cada bola que chegue próxima da baliza adversária – E pós roubos de bola, o Benfica cresce!
Com a sua dupla da frente a resolver a partida vieram as entradas de Luca e Seferovic com o claro intuito de gerir a partida, e a toada do jogo manteve-se inalterada, com o Benfica a controlar resultado, jogo e gestão física, tendo ainda assim tido condições para balançar por mais ocasiões as redes adversárias – Seferovic na cara do guarda redes voltou a perder um lance importante, e seria Weigl num momento em que o Lech já não recuperava defensivamente que depois de simular um passe aproveitou espaço aberto para sair para a baliza adversária."

Lei XIII

"Conhecem a Lei XIII?
A Lei XIII é uma nova lei aplicada pelos árbitros em Portugal e já apresentada aos analistas de arbitragem do jornal Record, o indiscutível Marco Ferreira! A lei diz o seguinte: Se um jogador abalroar um jogador do Benfica e ao mesmo tempo pregar-lhe um estalo na cara, pela proeza alcançada, a jogada prosseguirá normalmente.
A Lei XIII é uma lei existente apenas na Liga Portuguesa. Muito bem os analistas de arbitragem do jornal Record em fazer a distinção do mesmo lance separado por apenas 24 horas. Decisão correcta no lance da Madeira segundo a Lei XIII. Decisão errada no lance do estádio do Calor da Noite por não se poder aplicar esta mesma Lei XIII em competições internacionais.
Dá gosto comprar, ler e clickar no jornal Record por garantia de competência, imparcialidade e profissionalismo. Assim dá gosto viver o desporto!"


O Benfica ganhou 4-0 e pronto


"Factual, numérica e sobriamente, o Benfica marcou quatro golos ao Lech Poznan e garantiu a passagem aos 1/16 avos de final da Liga Europa. Eis o resumo natural do jogo feito pela equipa de Jorge Jesus sem nada se arriscar acerca de saber o que é qualidade sobre futebol

E este mundo no qual vivemos, hein, em que o novo normal é sacar a arma, apontar e puxar o gatilho que dispara a bala denegridora, que ela vá direta à pessoa que discorda de nós, basta só que pense ou opine de forma diferente, a minha perceção é a que conta, se tens outra estás errado ou errada, pior ainda, és isto e aquilo, não sabes aqueloutro e a tua perceção não conta porque a que vale é a minha. 
Respondendo Jorge Jesus a uma jornalista que "também é natural, você não sabe o que e muita qualidade, mas pronto”, não lhe bastou a primeira frase que disse - "não tenho a mesma opinião que você" - para provar que ali havia discórdia, quis falar também da propriedade de quem lhe colocou uma pergunta e teve de usar o que o Benfica, depois, definiu como “a frontalidade conhecida há muitos anos para contra-argumentar a opinião travestida de pergunta”.
Mas o que é perguntar, se não o produto final vindo do observar, do interpretar e do pensar para formular um raciocínio que resulte numa interrogação, como o é questionar os porquês deste Benfica.
O porquê de funcionar melhor quando tem as movimentações na profundidade e conduções de bola de Darwin Núñez; o porquê de Pizzi não ter sempre duas ou três opções de passe a parede sempre perto, para estimular combinações; o porquê de os extremos, Everton e Rafa, com a equipa em ataque continuado, terem sempre ações isoladas perto da linha e raramente em relvas mais interiores; ou o porquê de, quando ultrapassada na primeira linha de pressão feita após perder a bola, tantas vezes a equipa demora a reposicionar os jogadores.
Tudo é visto e revisto contra o Lech Poznan, que a tantos trabalhos obrigara na Polónia e na Luz, com muitas alterações, apenas incomoda com a paciência em buscar o espaço ao centro para encontrar um jogador livre a meio-campo com um passe rasteiro e vertical, vindo da saída com os três centrais, embora sem ter proveito nos últimos 40 metros a rapidez lhe é pouca, como a qualidade para executar, mas pronto, sabemos lá nós, jornalistas de desporto, o que é qualidade no futebol.
Pareceu ser aquela jogada em que o Benfica recuperou a bola, a direita, mais perto da sua área do que da outra, usou o apoio frontal de Darwin para o uruguaio mandar a bola fugir do cerco, para o outro lado, Grimaldo recebeu, acelerou-se com ela ate a cruzar para o retângulo polaco e o avançado a ajeitar para Pizzi, em forca, rematar o que o guarda-redes Bednarek parou, diria, com uma grande parada, que deu a recarga que Darwin bateu por cima da baliza.
Pareceu também ser o salto, cabeceamento e golo de Vertonghen fez, num canto, que foi a única outra chance para o Benfica fazer o que o belga faria, se daí resultou o 1-0 e porque a bola curvada por Pizzi e o gesto do belga tiveram qualidade, mas quem sabe.
Mais seguro do que escrever que, na primeira parte, o ataque posicional e as combinações a um toque do Benfica não tiveram criatividade, velocidade e eficácia por aí além, mesmo com a equipa a controlar o jogo e a superiorizar-se, talvez seja reproduzir números, como se de um exame de matemática se tratasse: o Benfica fez cinco remates, acertou dois na baliza, teve 54% da bola e acertou 88% dos passes contra os respetivos um, 46% e 88% do Lech Poznan.
Das estatísticas extrair-se-á a qualidade, a que no arranque da segunda parte os polacos se atreveram a tentar injetar ma forma como defendiam, montando a pressão mais avançada no campo, já perto dos centrais, para tentar condicionar o Benfica ao erro que nem por isso surgiu pois, uma e outra vez, a bola desbrava caminhos para sair entre Otamendi, Vertonghen e Gabriel.
O que só pode ser sintoma de qualidade, então é isto, porque o argentino, o belga e o brasileiro garantiram saídaslimpas nos 10 minutos em que durou a nova postura do Lech Poznan, ate serem os polacos a errarem: um pontapé mal batido do guarda-redes acabou em Gabriel, que logo lançou a corrida de Darwin para o uruguaio retornar da covid-19 com o 2-0 e o quarto golo feito, esta época, contra os polacos. No minuto seguinte, Chiquinho roubou a bola a meio-campo, passou-a a Pizzi que, pela direita, orientou para dentro e rematou o 3-0.
Os golos apareceram aos 57’ e 58’ e logo Jorge Jesus fez três substituições, havia margem para respirar, poupando, e lá foi o Benfica mantendo o ritmo constante, essa constância nas trocas de bolas que só uns quantos (Waldschmidt, Pedrinho, Rafa) aceleravam em espaços curtos, tentando passes tricotados a três, a beira da área. Quando isso acontecia, os ataques da equipa melhoravam bastante.
Dominou, controlou e ia acalmando as coisas, houve uma bola recuperada por Gabriel a originar uma oportunidade para marcar que Seferovic dirigiu para a bancada e parecia ser isso, mas não, aos 90’ surgiu a compostura e inteligência de Weigl na bola, simulando uma coisa com o corpo e fazendo outra, que foi conduzi-la uns metros até disparar o míssil do 4-0 a entrada da área. Isto só pode ser uma amostra de muita qualidade. E as maiores ameaças do Lech Poznan surgiriam depois, num remate de longe e no canto que veio depois.
Mas pronto, o Benfica marcou quatro golos, sofreu nenhum, rematou mais 13 vezes, teve a bola durante mais tempo e fez mais 151 passes que o Lech Poznan. E assim se faz o resumo do jogo sem se arriscar saber “o que é qualidade sobre futebol”, para evitar que alguém diga que não o sabemos se, por acaso, discordar da interpretação que qualquer pessoa é livre de ter e dar."

SL Benfica 4–0 Lech Poznan: Águia voa alto rumo à próxima fase da Liga Europa


"A Crónica: “Chapa 4” Aos Polacos Mais Uma Vez
Se, na primeira jornada, o SL Benfica despachou sem grande dificuldade o Lech Poznan no seu reduto, a partida desta quinta teve um “remake” glorioso para os comandados de Jorge Jesus: na Luz, as águias receberam e venceram confortavelmente a turma polaca por quatro golos sem resposta, o que permitiu desde já garantir a qualificação para a fase a eliminar da Liga Europa.
A entrada encarnada na partida foi decidida e com a clara intenção de marcar o quanto antes para estabilizar algum nervosismo, que parece ter tomado conta dos jogadores do Benfica nos últimos encontros devido às exibições menos bem conseguidas.
Apesar dessa boa vontade, os homens mais avançados não estavam a conseguir furar a muralha polaca que tinha prometido lutar pelo triunfo na Luz. Foi sem surpresa que o primeiro lance de perigo apenas surgiu aos 21 minutos: numa jogada bem trabalhada pelo ataque encarnado, Grimaldo cruzou para Darwin assistir Pizzi que dispara de pronto para uma boa defesa de Bednarek. Na recarga, o avançado uruguaio em excelente posição rematou por cima.
A procura pelo golo inaugural estava difícil de ser bem sucedida, e foi preciso pedir ajuda aos homens lá de trás: minuto 36, canto cobrado do lado direito por Pizzi e Vertonghen subiu ao segundo andar para fazer o 1-0, naquele que foi o seu primeiro golo ao serviço do Benfica.
Ora, o golo sofrido já era uma má notícia, o treinador Dariusz Zuraw teve mais um duro revés com a lesão grave do avançado Kacharava, tendo sido chamado Ishak para ocupar o seu lugar. Esse foi o último apontamento de uma primeira parte sem grandes motivos de interesse, mas com o Benfica a ir para o descanso na frente de marcador e isso é o que mais importava.
Tal como no primeiro tempo, as águias entraram com vontade de dilatar a sua vantagem e Pizzi logo aos 49’ podia ter feito o 2-0, contudo o seu remate saiu desviado da baliza adversária. A primeira ocasião para os visitantes surgiu pelos pés de Awwad aos 55’ que atirou à figura de Vlachodimos.
Era importante o Benfica chegar o mais rápido possível ao segundo golo, e eis que dois minutos depois, aparece Núñez para marcar: numa boa combinação com Pizzi na entrada da área, o uruguaio voltou a marcar ao Lech Poznan, tal como havia acontecido na partida na Polónia. Nem deu tempo para acabar de escrever o lance do 2-0, e Pizzi já me estava a obrigar a retificar o marcador com o terceiro golo aos 58 minutos num remate colocado de pé esquerdo.
Com uma vantagem confortável no marcador e a qualificação já garantida, Jorge Jesus fez as cinco substituições e o grande destaque foi para a entrada de Weigl que também recuperou da Covid-19. As várias mudanças trouxeram menos interesse ao que faltava jogar desta partida, embora Seferovic tenha ficado perto de entrar na lista de marcadores ao minuto 84, mas sem o sucesso pretendo pelo suíço. 
Quem marcou foi o regressado Weigl no penúltimo minuto do encontro com um remate forte à entrada da área e sem grande hipótese de defesa para o guardião Bednarek.
Poucos minutos depois, o árbitro dava por terminado a partida na Luz. Vitória sem contestação do Benfica, que permite às águias juntarem-se ao Sporting de Braga na próxima fase da Liga Europa.

A Figura
Darwin Núñez O avançado uruguaio é mesmo o reforço mais importante neste Benfica versão 20/21. Após recuperar da Covid-19, o número 9 foi titular e trouxe outra vida ao ataque encarnado: bastante móvel e sempre à procura de ter a bola nos seus pés, acabou por marcar outra vez ao Lech Poznan e vai ser certamente uma peça importante para o ciclo infernal de sete jogos neste mês de Dezembro.

O Fora de Jogo
Mohamad Awwad O ponta de lança israelita poderia ter aproveitado alguma intranquilidade evidenciada por Otamendi no jogo dos Barreiros, mas o defesa argentino esteve à altura do desafio e conseguiu secar por completo Awwad. Sem conseguir criar espaços na frente de ataque dos polacos, o seu único lance de perigo foi num remate de longe aos 55’ que foi de fácil defesa para Vlachodimos. Acabou por ser rendido após o 3-0 e certamente quererá esquecer rapidamente esta má exibição. 

Análise Tática – SL Benfica
O Benfica apresentou-se esta noite no seu habitual 4-4-2. O regresso do avançado Darwin Nuñez foi a grande novidade apresentada para mais uma jornada da Liga Europa, que, em caso de triunfo ou empate, garantia a passagem encarnada à próxima fase da competição europeia. Os comandados de Jorge Jesus entrou com vontade de resolver o jogo o mais cedo possível, mas foi apenas aos 36 minutos que inaugurou o marcador.
O segundo tempo trouxe um Benfica ainda mais determinado em marcar e isso aconteceu em dose dupla no espaço de um minuto, com Núñez e Pizzi a faturarem e garantir a passagem do Benfica à fase seguinte da prova. A partir daí, os encarnados limitaram-se a gerir o rumo dos acontecimentos e ainda conseguiram chegar ao quarto tento, através de Julian Weigl.

11 Inicial e Pontuações
Odysseas Vlachodimos (6)
Gilberto (5)
Jan Vertonghen (6)
Nicolás Otamendi (6)
Álex Grimaldo (6)
Gabriel (6)
Pizzi (7)
Rafa (6)
Everton (5)
Chiquinho (6)
Darwin Núñez (8)
Subs Utilizados
Julian Weigl (6)
Haris Seferovic (5)
Luca Waldschmidt (5)
Pedrinho (5)
Cervi (5)

Análise Tática – KKS Lech Poznan
O conjunto polaco apresentou-se na Luz num 4-4-2, e pretendia vencer para ainda sonhar com a passagem à próxima fase da Liga Europa. Ciente da difícil tarefa, o treinador Dariusz Zuraw prometeu na antevisão à partida um Lech a jogar de forma ofensiva e com vontade de marcar a Vlachodimos. 
Tendo entregado por completo o domínio de jogo ao Benfica, o conjunto polaco passou a maior parte da partida no seu meio-campo defensivo, e aí o esquema tático transfigurava-se para um 5-4-1 que se mostrava bastante compacto na hora de proteger a sua baliza.
O Lech tentou aproveitar algumas distrações do miolo encarnado para lançar contra-ataques venenosos que pudessem ferir as águias, mas a estratégia adotada durou até ao minuto 36, altura em que Vertonghen fez o golo inaugural. A partir desse momento, aliada à lesão grave de Kacharava, a formação visitante não conseguiu criar grande perigo e saiu de Lisboa com uma goleada.

11 Inicial e Pontuações
Filip Bednarek (4)
Bogdan Butko (5)
Lubomír Satka (4)
Tomasz Dejewski (4)
Tymoteusz Puchacz (4)
Michal Skoras (4)
Karlo Muhar (4)
Filip Marchwinski (4)
Jan Sýkora (5)
Muhamad Awwad (3)
Nika Kacharava (-)
Subs Utilizados
Mikael Ishak (4)
Vasyl Kravets (4)
Alan Czerwinski (4)
Dani Ramírez (5)
Jakub Moder (-)

BnR na Conferência de Imprensa
SL Benfica
BnR: Julian Weigl regressou em grande à competição com um golo. Que importância poderá ter este golo na recuperação da confiança do médio alemão e que peso pode ter no ciclo de sete jogos que o Benfica irá ter até ao final do ano?
Jorge Jesus: «Nos últimos três dias, já tivemos à disposição todos os elementos e isso deixa-me feliz poder contar com todos. Não pude usar o Weigl muito tempo por causa da sua recuperação da Covid-19, pois ele só voltou aos treinos há quatro dias. A grande qualidade do Julian é ofensiva, com uma grande qualidade de passe e a área onde atua obriga a uma enorme intensidade. Como o jogo de hoje foi só atacar praticamente, estava propício para ele jogar e fico contente pela sua exibição no período que esteve em campo. O Benfica possui grandes atletas e todos têm de dar o seu máximo para conquistar um lugar no onze, e o Weigl não foge à regra.»

Outras declarações
«O objetivo foi obtido: a vitória garantia a passagem. Foi uma vitória tranquila, poderíamos ter feito mais golos e tivemos 93 minutos de alta qualidade. Quando as minhas equipas faz este tipo de exibição, é sinal de que os jogadores vão tendo confiança para mostrar o seu potencial. Além disso, foi importante não sofrer golos»
«A Liga Europa não é tão fácil como em anos anteriores. As equipas que vierem da Liga da Campeões vão trazer maiores dificuldades à competição. Temos a noção do nosso valor e queremos ir mais além.» 
«Deverei rodar a equipa na Bélgica por causa das outras competições, embora o facto de ficar em primeiro possa ter peso no futuro do Benfica na prova.»"

Já vos disse que Pizzi é um paradoxo? Não fui o primeiro


"OK, a Liga Europa é a Champions dos pobres e o Lech é a “equipazita” de um grupo acessível, também estamos de acordo, mas o jogador do Benfica tem cinco golos e dois passes para golo em cinco jogos disputados, um deles como suplente utilizado. É o jogador mais influente da competição e isso é notável - mas desconfio que não seja suficiente para nos abandonarmos em elogios ao homem. Porquê? 

Pizzi é um paradoxo. Não é um 7, nem um 8, muito menos um 9, talvez seja um 10, joga no Benfica há sete épocas, tem 285 jogos, 85 golos e 88 assistências. É ao mesmo tempo complicado e relativamente simples definir a sua importância através dos números, que escondem algumas coisas e mostram outras.
Por isso, há quem o adore e quem o despreze, quem elogie a sua eficácia quando marca e denuncie erros de posicionamento quando é ultrapassado. E quem o treina também não sabe bem o que fazer dele: se o cola à linha, se o prende ao meio-campo ou o solta atrás do avançado centro.
Já disse que Pizzi é um paradoxo? Não fui o primeiro.
Em momentos diferentes, em 2015 e em 2020, Jorge Jesus tentou explicar Pizzi.
Primeiro, assim:
– Ele andou a jogar como ala, jogou também como segundo avançado, mas nunca tinha jogado nesta posição. Não conhecia bem os processos defensivos, mas está melhor. Quando o futebol for andebol, é sempre Pizzi e mais dez: joga a atacar e depois sai, mas o futebol não é assim.
Jesus disse isto após um jogo com o Vitória de Setúbal, em fevereiro de 2015, quando Pizzi começou a ser testado no lugar de Enzo Pérez, transferido um mês antes para o Valencia. Pizzi tinha 25 anos e acabaria campeão e a jogar a 8; com Rui Vitória e depois com Bruno Lage, o futebolista voltou a rodar entre duas posições, enquanto a idade avançou e a velocidade se perdeu.
E agora que Pizzi reencontrou Jesus:
– Ele pode fazer essas duas posições, mas é um jogador de último passe. E os jogadores de último passe não jogam nas laterais, jogam nos corredores centrais.
O dilema de sempre.
Com o Lech Poznán, Pizzi alinhou um bocadinho mais adiantado, num meio-campo a três com Gabriel e Chiquinho, outros dois futebolistas igualmente difíceis de definir, o que até pode explicar os altos e baixos deste Benfica que não tem um seis clássico e poderá estar a desperdiçar um oito a trinco.
Mas adiante, que isto é especificamente sobre Pizzi.
Bom, voltando atrás, contra os polacos, Pizzi marcou e assistiu e, tudo somado, faz dele o jogador mais influente de todos os jogadores que competem na Liga Europa.
Ok, a Liga Europa é a Champions dos pobres e o Lech é a verdadeira “equipazita” de um grupo acessível, também estamos de acordo, mas Pizzi tem cinco golos e dois passes para golo em cinco jogos disputados, um deles como suplente utilizado.
É notável, mas desconfio que não seja suficiente para nos abandonarmos em elogios ao homem. Em parte por culpa dele, que é substancialmente mais eficiente com bola do que diligente sem ela, e em grande parte por culpa nossa, que insistimos em acentuar-lhe os defeitos, ignorando as suas virtudes fundamentais: se o objetivo deste jogo é o golo, na quinta-feira, Pizzi assistiu subtilmente Darwin e também marcou de pé esquerdo depois de fintar descomplicadamente um adversário ao tocar a bola para o lado.
Ou seja, Pizzi é frio e prático, duas características subvalorizadas num desporto que vive das espetacularidades do “best off” e dos “highlights” para os quais o português não serve, salvo exceções: quem marca 30 golos numa época tem certamente os seus momentos.
O estilo não ajuda.
Discreto e com uma coordenação motora pesada, deselegante e esforçada, como quem tenta acompanhar o ritmo de uma passadeira com 7% de inclinação, Pizzi passa ao lado das impressões subjetivas que associamos aos craques da bola.
É injusto, pois dentro dele está um cérebro que pensa melhor e mais depressa do que o dos outros, que toma conscientemente as melhores decisões para ele e para a equipa e que se transformou inesperadamente num goleador cínico.
Pizzi, que já jogou para Jonas, Lima, Mitroglou, Jiménez, Seferovic, João Félix, Vinícius, Darwin (e tenho a certeza que todos beneficiaram com ele), justifica finalmente a alcunha que lhe deram em Trás-os-Montes."

Desporto, Educação e Valores


"O mundo está a mudar a uma velocidade sem precedentes. Atualmente, questões relacionadas com a educação, a saúde física e mental, a economia, a multiculturalidade, a tolerância e o respeito, os direitos humanos, o meio ambiente, a superação e a resiliência aos novos desafios a que somos submetidos diariamente fazem parte do quotidiano da maioria da população mundial. Estas mudanças que ocorrem como resultado da globalização também afetaram, inevitavelmente, o comportamento dos jovens e o seu processo educativo. Torna-se assim necessário robustecer a educação, enfatizando a importância dos valores, como pilares essenciais para um processo educativo de sucesso.
O desporto, à semelhança de outros contextos, como o académico, possibilita a exposição das crianças e jovens a experiências específicas que, vivenciadas da forma correta, vão potenciar o desenvolvimento de competências como a autoconfiança, o respeito, a resiliência e a autonomia, entre outras. Consequentemente, ao verem elevadas as suas competências de base, estarão melhor preparados para encontrar soluções mais ajustadas face aos desafios que lhes são colocados diariamente, no plano da prática desportiva, mas também nas suas vidas.
O desporto é uma poderosa ferramenta de aprendizagem para a educação, fornecendo uma linguagem universal que permite ultrapassar barreiras, como a religião, o idioma ou a cultura e transmitir mensagens-chave sobre tantos assuntos como a inclusão social, a igualdade de género e a não discriminação, bem como a necessidade de se adotar um estilo de vida ativo e saudável.

Programa de Educação Olímpica do Comité Olímpico de Portugal
Foi a partir desta premissa que o Comité Olímpico de Portugal criou o Programa de Educação Olímpica, um programa de educação baseado nos Valores Olímpicos onde se destaca o potencial do desporto e do Olimpismo como ferramentas educativas para o desenvolvimento de valores. É desde cedo que os nossos valores são definidos, neste sentido, tão importante como saber ler, escrever, fazer contas, correr, saltar e jogar é fundamental que se promova e incentive a aquisição desses valores. Contudo, isto leva-nos à questão: Que Valores?
O Movimento Olímpico desenvolve a sua atividade tendo por base os valores da EXCELÊNCIA, AMIZADE e RESPEITO, defendendo que são essenciais tanto no contexto desportivo, como no nosso dia-a-dia.
Os nossos valores são o reflexo da conjugação de diversos fatores que começam a ser traçados no contexto familiar e são moldados pelas nossas experiências ao longo da vida. Professores, Treinadores e outros Educadores assumem um papel de enorme responsabilidade neste âmbito, uma vez que as crianças e os jovens passam muitos anos da sua vida na escola e no local de treino. Na verdade, se pensarmos nos professores que nos marcaram, podemos nem sempre recordar os conteúdos curriculares que lecionavam, mas muito provavelmente vamos lembrar-nos daquilo que é o seu verdadeiro legado: os ensinamentos para a vida que nos proporcionaram, e que, muitas vezes, condicionaram as nossas escolhas, mas, também, os nossos comportamentos e atitudes.
Atualmente, o Programa de Educação Olímpica está a ser implementado em 233 Estabelecimentos de Ensino público e privado, de norte a sul de Portugal continental e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Conta com 679 professores registados, que diariamente têm ao seu dispor conteúdos e propostas de atividades transversais às diversas áreas do conhecimento e aos diferentes níveis de ensino. Aproximando-se mais uma edição dos Jogos Olímpicos, prevê-se que mais escolas e professores venham a aderir.

“A Educação é a ferramenta mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo.”
Nelson Mandela"