Olheiro BnR: Tiago Araújo


"Desde a paragem para os jogos de seleções, Jorge Jesus tem chamado vários jovens dos escalões de formação do SL Benfica, para trabalhar com a equipa principal. Tiago Araújo tem sido um deles. O jovem português já teve até oportunidade de se estrear na equipa principal das águias, frente ao USC Paredes, e tem sido convocado com alguma regularidade. Mas, afinal, quem é Tiago Araújo?
Para quem acompanha mais regularmente as equipas de formação da equipa da Luz, Tiago Araújo é já um nome conhecido. Tiago começou a destacar-se nas equipas de juvenis e juniores, onde alinhava sempre como extremo esquerdo e tinha alguma propensão para fazer abanar as redes. Na época passada, o jovem natural de Vila do Conde desceu no terreno e começou a alinhar, muitas vezes, como defesa esquerdo na equipa de sub-23 das águias.
Primeiro com Jorge Maciel e depois com Luís Castro (não é o que estão a pensar), Tiago Araújo começou a mostra qualidade numa equipa que, apesar de não ter atingido objetivos desportivos, era riquíssima em talento.
Esta descida no terreno acabou por surgir mais por uma questão de necessidade posicional do que propriamente por poder potenciar as capacidades do jogador.
Na minha opinião, para tirar melhor proveito de todas as suas qualidades, Tiago Araújo deve jogar sempre a extremo esquerdo. Se é verdade que fez uma época competente a lateral esquerdo, também é verdade que 90% dos seus melhores momentos surgiram em produção ofensiva.
Defensivamente, Tiago é ainda um jogador muito verde. Fisicamente não é um jogador potente, o que o pode prejudicar nos duelos. Posicionalmente tem também alguns defeitos. A sua velocidade e o facto do SL Benfica jogar quase sempre balanceado para o ataque mascarou, muitas vezes, estas debilidades. 
Não obstante, é no ataque que o internacional sub-20 português mais brilha. Tiago Araújo é um extremo clássico muito vertical. A sua velocidade é uma das suas grandes armas. Ultrapassa facilmente os defesas. Embalado é um jogador dificílimo de travar.
Esta velocidade e a sua excelente capacidade de drible permitem-lhe adquirir espaço para efetuar aquilo que é outro dos seus fortes: o cruzamento. Do pé esquerdo de Tiago Araújo, a bola parece sair sempre teleguiada. Sempre de cabeça levantada, consegue colocar a esférico em zona de finalização de forma soberba.
Tiago Araújo faz lembrar Gareth Bale, ainda bem nos primeiros passos ao serviço do Tottenham Hotspur FC, mas sem a mesma potência física. Comparações à parte, Tiago Araújo é ainda um jogador em desenvolvimento, mas tem demonstrado uma evolução muito positiva.
Esta tendência mais vertical pode prejudicar o jogador na chegada à equipa A. Jorge Jesus tende a pedir aos seus extremos que realizem movimentos mais interiores. Se é verdade que Tiago o poderia fazer à direita, onde até podia demonstrar mais a sua boa qualidade de remate, não acredito que fosse a posição ideal do jogador.
Numa altura em que se discute muito um eventual esquema de três centrais, a posição de lateral ofensivo à esquerda podia ser uma boa opção para Tiago Araújo. Com mais um elemento no centro da defesa, não necessitaria de ter tantas preocupações do ponto de vista defensivo.
Os movimentos interiores de Everton (expectável que jogasse à sua frente) deixaria muito espaço no flanco para Tiago explorar e aproveitar as suas qualidades. Neste capítulo, até acho que desempenharia melhor a função do que Grimaldo, que deriva muito mais para o meio do que o português.
O que é certo é que Jorge Jesus parece pelo menos estar atento ao desenvolvimento de Tiago Araújo. O jovem continuará a evoluir dividindo-se entre equipa principal e equipa B. Tem muito potencial."

Luca e Pote, foi você que pediu o último passe?


"A assistência está totalmente relacionada com a eficácia do finalizador. Podendo um verdadeiro criador terminar jogos e jogos sem assistir se o colega não materializar em golo criação que lhe chega.
Luca e Pote não são os jogadores com mais assistências da Liga, mas são quem mais passes “açucarados” – Daqueles que pedem o último toque, somam.
São dezanove de Luca contra quinze de Pote."

“Sim, paguei meses de salários em atraso a funcionários do Vitória, que estavam no clube quando passei por lá. Agora, ajudei-os”


"A ligação ao irmão [José Fonte], seis anos mais velho, é tão forte que Rui Fonte revela que a primeira vez que jogaram juntos, no Crystal Palace, em Inglaterra, nenhum dos dois desfrutou do momento tal era a preocupação um com o outro. Aos 30 anos e depois de passar por clubes como Sporting, Benfica, Belenenses, Arsenal, Espanyol, Fulham e Lille confessa-se feliz em Braga. Confirma ainda que recentemente pagou salários em atraso a dois funcionários de um clube, algo que já terá feito no passado

Nasceu em Penafiel. Apresente-nos a família.
O meu pai foi profissional de futebol e a minha mãe como era relativamente nova e já tinha dois filhos, eu e o meu irmão [José Fonte], estava em casa a cuidar de nós, só mais tarde é que concluiu os estudos e tornou-se professora. O meu pai jogava no Penafiel quando nasci.

Ficou em Penafiel até que idade?
Até aos dois anos. O meu pai já estava numa fase mais descendente da carreira e decidiu regressar a Lisboa. Ele ainda chegou a jogar no Malveira, mas pouco tempo depois deixou definitivamente. 

Quando era pequeno torcia por que clube?
O meu irmão jogava no Sporting, ele é mais velho seis anos, e o meu avô também era seguidor do Sporting. Eu comecei a jogar no Sporting aos seis anos, por isso também ganhei algum carinho e apreço pelo clube. Lá em casa toda a gente gostava do Sporting.

Quem eram os seus ídolos?
Eu e o meu irmão gostávamos muito do Figo, do Rui Costa, daquela geração da seleção que foi até 2004, 2005. Também gostava do Fernando Couto, que até tinha aquela imagem de marca do cabelo, do Vítor Baía, que por essa altura andava no Barcelona. Mas se tiver de eleger só um, seria o Figo.

Estava a contar que começou a jogar com seis anos…
Aliás, foi aos cinco. Mas o Sporting ainda não tinha equipa para tão pequeninos e tive de ir para o Sacavenense. No ano seguinte é que fui para o Sporting. Mas foi uma coisa natural, nós assistíamos aos jogos do meu irmão e eu tinha sempre a minha bola, andava sempre com ela atrás.

Notou muita diferença quando passou do Sacavenense para o Sporting?
Não… Quer dizer, os meninos do Sporting tinham um bocadinho mais de qualidade mas também eram todos dois anos mais velhos do que eu. Tive de aprender logo desde pequenino que não seria fácil. 

Nessa altura vivia em que zona de Lisboa?
Em Camarate.

Como é que ia para os treinos?
Como eu e o meu irmão tínhamos de ir ao mesmo tempo, os meus pais levavam-nos.

Gostava da escola?
Sim, durante a minha escolaridade só tive duas negativas no final de um período. A minha mãe também criou essa condição para mim e para o meu irmão, de que para poder andar no futebol não podíamos ter negativas. Não nos exigia notas muito altas, mas que tivéssemos em atenção a escola. O meu irmão ainda concluiu o 12.º ano, eu fiquei-me pelo 10.º, mas foi porque aos 16 anos tive de ir para Inglaterra e tive de deixar a escola.

Como é que isso aconteceu? Acaba por ir para fora primeiro do que o seu irmão, certo?
Exato, mas foi daquelas circunstâncias normais do futebol e de clubes que tentam recrutar jogadores o mais jovens possível. O Arsenal fez isso: foi observar os torneios que eu tinha com a seleção, entretanto falaram como o meu empresário, o Artur Fernandes, que na altura era o mesmo do meu irmão, embora eles não soubessem. Depois convidaram-me para ir conhecer o centro de estágio do Arsenal e houve o avançar das negociações, entre o Sporting, o Arsenal e comigo. Comigo não foi difícil, porque só ter a oportunidade de jogar no Arsenal já era suficiente para mim.

Tinha 16 anos?
Sim. Na altura das negociações ainda tinha 15, entretanto em abril fiz 16, porque isto começou logo em janeiro, fevereiro. No final do verão fui assinar a Inglaterra e fui direto para um torneio da seleção de Sub-17, nos EUA.

Quando vai para o Arsenal vai viver sozinho, como é que foi?
Sim, fui sozinho mas fui viver com uma família inglesa porque a política deles era essa. Não era ficar num centro de estágio como nós temos aqui. Eles tinham a ideia de que era melhor para os jogadores estrangeiros e alguns ingleses, que sejam de cidades mais longínquas de Londres, ficarem com famílias porque ajuda mais à integração dos jogadores. Eu não dominava o inglês, pouco sabia da cidade e também tive sorte com a família com que calhei e com que estive.

Quem era essa família?
Tinham um filho mais novo dois anos e uma menina que tinha acabado de nascer quando cheguei. Foi bom. A família ajudou-me bastante, o rapaz mesmo sendo mais novo também me integrou bem, chegámos a estar quatro jogadores na mesma casa, porque era uma casa grande, em que era possível coabitar todos. Nós estávamos no andar de cima, tínhamos um espaço só para nós, mas a família foi realmente muito boa para mim e tendo um rapaz quase da mesma idade para jogar PlayStation, para ver filmes, para fazer seja o que for, foi bom. Foi muito importante essa experiência para a minha integração.

Notou muita diferença ao nível de futebol, do Sporting para o Arsenal?
Sim, um bocadinho diferente a nível físico. Mas em Portugal já se estava a começar, o Sporting também já tinha muito essa ideia de desenvolver jogadores a nível do ginásio. Eu como só me desenvolvi fisicamente um bocadinho mais tarde, senti muita diferença especialmente nas primeiras semanas. Treinava, chegava a casa e ia direto para a cama dormir umas horinhas. Chegava completamente morto a casa [risos]. Mas a partir do momento em que se começa a entrar na rotina, já se sabe o que esperar e aguentar desse trabalho.

Começa a ganhar dinheiro com o futebol nessa altura?
Sim, já tinha assinado um contrato de formação com o Sporting.

Qual o valor do seu primeiro ordenado?
200 euros.

Lembra-se do que fez a esse dinheiro?
Lembro-me perfeitamente porque digo a toda a gente. Na altura os meus pais não podiam dar-me botas verdadeiras e a primeira coisa que eu fiz quando recebi o meu primeiro ordenado foi comprar umas. Não foi um bom investimento, mas senti que aquele era o meu dinheiro e era aquilo que eu queria e não tive dúvida alguma em fazê-lo, fui comprar umas botas verdadeiras, umas Mercurial brancas com uns traços amarelos atrás, que custaram €198.

Foi todo para as botas.
E fiquei feliz com isso. Eu já vivia antes com o que os meus pais me davam para o dia-a-dia, para a semana, por isso...

Quanto tempo é que ficou em casa da família inglesa?
Lá existe um processo em que, quando um jogador se torna profissional, ao fim de dois anos ou sai da casa ou pode continuar, mas tem de suportar os custos que o clube tinha. No primeiro ano em que estive no Arsenal, não podia assinar contrato profissional, então durante o primeiro ano recebi um salário como se fosse de formação aqui em Portugal e depois, como o meu irmão também já tinha ido para Inglaterra, optei por ir uns dias para casa do meu irmão. Ficava lá nos primeiros dias da semana e, como já conduzia, fazia a viagem nos dias que antecediam o jogo e ficava em casa da família para poder descansar e estar preparado para o jogo. A partir dos 17 como era profissional fazia isso. Lá a carta de condução tira-se aos 16 anos.

Lembra-se da sua estreia na equipa principal?
Sim, foi contra o Wigan Athletic para a taça da liga. Vinha de um início de época bom e acho que foi por alturas de dezembro, novembro. Eram aqueles primeiros jogos da Taça da Liga em Inglaterra e entrei para substituir o Carlos Vela. Tinha o meu irmão na bancada, mais uns amigos que estavam lá na altura e foi realmente bom. Foi o concretizar, não do objetivo total que seria ficar, mas de estrear-me profissionalmente e jogar na equipa principal do Arsenal. Felizmente consegui esse pequeno objetivo mínimo que era poder estrear-me no Arsenal.

O treinador era o Arsène Wenger.
Exatamente.

Com que impressão ficou dele?
Fiz duas pré épocas com ele até certa altura e ele é uma pessoa que dá as indicações, mas delega muito as funções do treino aos seus adjuntos. Era uma pessoa bastante tranquila.

Depois é emprestado ao Crystal Palace. Muito diferente do Arsenal?
Diferente acima de tudo porque já era futebol sénior, no Championship, um campeonato extremamente competitivo, tinha a ajuda do meu irmão que estava na mesma equipa, mas muito diferente das reservas onde eu estava no Arsenal.

Nessa altura já estava a viver com o seu irmão?
Exatamente, a partir daí, como ia ficar até a final da época, mudei definitivamente para casa dele. Fui viver com ele e com a nossa avó que nos últimos meses tinha ido para lá, gostava de nos acompanhar, fazia questão disso.

Lembra-se do primeiro jogo com o seu irmão?
Lembro-me mas a equipa ao certo, não sei, acho que era a Blackpool se não estou em erro.

Foi uma sensação e um gozo diferentes?
Acho que desfrutei muito mais desta vez em que estivemos juntos no Lille porque já estávamos em fases diferentes da nossa carreira, mais maduros. Naquela altura eu ainda tinha 18 anos, o meu irmão preocupava-se realmente comigo e eu como miúdo a ver o meu irmão a jogar ficava sempre muito nervoso. Porque era o meu irmão, temos uma ligação muito forte e então quando às vezes estava em campo, estava a pensar no meu irmão e ele a pensar em mim, por isso acho que quando estivemos juntos no Lille desfrutamos realmente mais do que nessa altura. Mas, claro, foi bom partilhar o balneário e a casa com o meu irmão, foi juntar os dois melhores mundos.

Entretanto, o Rui não fica em Inglaterra, regressa a Portugal e vem para o Vitória de Setúbal. Porquê? 
Porque eu tinha dois anos de contrato. O acordo feito era que o Arsenal pagava uma compensação ao Sporting por três anos de contrato, que seriam três anos de empréstimo neste caso e no final haveria a opção de comprar. Como essa opção não foi exercida e como eu tinha mais dois anos de contrato com o Sporting no caso de eles não acionarem a cláusula, fazia todo o sentido ser emprestado.

Ficou muito sentido ou desiludido por eles não terem acionado a cláusula?
Não, a partir de certa altura já adivinhava isso e se calhar para eles não faria sentido o investimento que era e também para a minha carreira não sei se seria o melhor. Porque ficaria ligado ao Arsenal, mas se calhar não teria tido as experiências que tive depois nas épocas seguintes.

Mas não lhe custou sair de perto do seu irmão?
Pelo lado afetivo custa sempre, mas também estava a voltar a casa. Quando voltei fiquei à mesma em casa dos meus pais. Também foi um regressar a casa, aonde sempre vivi, tinha a minha namorada que é hoje a minha esposa.

Como é que se chama e quando é que a conheceu?
Inês Fonte e conhecia-a na escola, andámos juntos na mesma escola aos 14 anos.

Começaram a namorar logo nessa altura?
Exatamente, mas na altura era aquela coisa: começamos, depois acabámos, depois começámos uma segunda vez, até que à terceira realmente foi de vez. Nesse dezembro, janeiro que antecedeu o meu regresso a Portugal é que nós começámos em definitivo, até hoje. O que é que a Inês faz ou fazia profissionalmente? Ela terminou o curso e exerceu medicina veterinária.

Vai para Setúbal. A que é que lhe custou mais a adaptar no regresso?
As expectativas que temos enquanto jovens em que pensamos que será tudo fácil, queremos chegar lá e jogar… Fui para uma realidade bastante diferente com o clube a descer de divisão, que tem algumas dificuldades. Quando cheguei o mister era o Carlos Azenha. Depois, o mister foi embora e tivemos o treinador interino Quim, e depois ficou o Manuel Fernandes até ao final da época.

Dos três com qual se entendeu melhor?
Não posso dizer que me entendi melhor com algum, porque joguei pouco. Foi realmente um ano que considero... Não digo perdido, porque foi de muita aprendizagem para ver realmente o que era futebol. Foi uma boa introdução porque tive bons colegas com quem partilhei diariamente o balneário, tinha excelentes capitães que foram tentando passar bons valores e boas ideias devido à sua experiência. Não fui aprendendo no campo, mas fui aprendendo nos treinos e fora deles.

As primeiras saídas à noite começam aí, ou já tinham começado em Inglaterra?
Nunca fui muito de sair à noite. Ainda cheguei a sair umas vezes em Inglaterra porque os horários são um bocadinho diferentes dos que se praticam em Portugal que é tudo mais tarde. Em Inglaterra começa e acaba tudo mais cedo e agradavam-me mais esses horários. Aqui em Portugal realmente nunca saí, muito porque nunca gostei muito dos horários e da própria maneira de se viver esse momento.

Não fica em Setúbal porquê? Porque é que vai parar ao Espanyol?
Porque acabou esse ano de empréstimo e esse último ano que tinha de contrato com o Sporting fui emprestado novamente, assinando no contrato que, se tudo corresse bem, eu ficaria lá e foi isso que aconteceu, felizmente. Inicialmente ia para a equipa B do Espanyol com perspetiva de subir à equipa A, nunca foi nada garantido, mas desde o início que tive a sorte de encontrar um treinador [Pochettino] que realmente gostou muito de mim. Quando abriu o mercado de transferências, em janeiro de 2011, subi à equipa principal e fiquei até ao meu regresso.

Vai sozinho para Espanha?
Sim, a Inês estava a concluir o curso de medicina veterinária.

Custou-lhe voltar a sair e sozinho?
Por um lado é sempre aquele bichinho da aventura, de ir conhecer, mas no fundo custa sempre, principalmente nos momentos que não estão a ir tão bem, sente-se a falta das pessoas. Mesmo com os telemóveis é sempre melhor quando há a presença física das pessoas.

Tinha algum jogador português no Espanyol?
Não. Chegou depois o Simão Sabrosa já no fim, na época em que vim para Portugal, mas foi só o Simão.

Está duas épocas e meia no Espanyol. O que mais o marcou?
Foi mesmo o treinador, o Pochettino. Também gostei bastante da cidade, mas o acreditar dele em mim, o querer fazer-me acreditar em mim mesmo, que eu era realmente bom jogador, isso marcou-me até hoje. Às vezes em jeito de brincadeira, como ele chegou a um nível tão alto, brinco com o que ele me dizia, que se eu acreditasse em mim como ele acreditava, eu podia ser um grande jogador. Isso foi realmente o que me marcou. Também tive um diretor desportivo que tratou sempre muito bem de mim, por isso posso dizer que tive um treinador e um diretor desportivo que tiveram sempre em atenção a minha pessoa enquanto jogador e ser humano, proporcionaram-me tudo dentro do que podiam, tentaram sempre ajudar-me.

Entretanto acaba contrato com o Sporting e assina pelo Espanyol.
Sim, por mais dois anos.

Mas não os completou.
Não, na última época vim para o Benfica.

Como é que isso acontece?
Entretanto, o Pochettino tinha saído e eu estava a jogar numa posição que não gosto, a extremo, as coisas não me corriam bem, estava fora da minha posição. Gosto de jogar como ponta de lança, a segundo avançado. Depois, os meus pais também se estavam a separar e então estava numa situação difícil, estar tão longe a lidar com tantos problemas... Felizmente, surgiu a oportunidade de vir para o Benfica e vim de olhos fechados.

Mas veio para a equipa B.
Exato.

Não o incomodou?
Não, porque entendia que teria de passar novamente por esse processo, de provar às pessoas a minha qualidade. Nunca tive esses problemas de ir para uma equipa B e ter de provar novamente. A minha carreira foi feita assim, a tentar e a provar às pessoas que merecia as oportunidades que tive. Infelizmente quando cheguei à equipa B do Benfica lesionei-me no primeiro jogo.

Onde?
Rompi os ligamentos cruzados do joelho direito em fevereiro e depois, a recuperar dessa lesão, fiz uma segunda em setembro e fiquei 15 meses parado ao todo. Mas como estava a dizer, nunca tive problemas em provar às pessoas o meu valor.

Quando vem para o Benfica volta a casa dos seus pais ou já vai para uma casa sua?
Os meus pais entretanto tinham-se separado e eu fiquei em casa do meu pai; a minha mãe tinha voltado para Penafiel, de onde é, e eu fiquei em casa do meu pai porque cinco dias depois de ter chegado, lesionei-me . Não fazia sentido estar a viver sozinho e assim tive a ajuda do meu pai. A minha mãe um bocadinho mais longe, mas sempre dando o apoio de mãe e fazendo as suas visitas. Mas no meu pai, como é um prédio de família, tinha as minhas tias e na altura a minha avó. A minha tia vive no andar debaixo do do meu pai, sempre foi um forte apoio porque tratava das refeições e de tudo o que eu precisasse.

Voltou a jogar com que treinador, em que época?
Quando voltei já era o Hélder Cristóvão que treinava a equipa B. Ainda faço quatro jogos da época 2013/ 2014, fui entrando aos poucos até que fiz o último jogo a titular nessa época, já estava tudo resolvido e realmente havia espaço e era oportuno para mim poder acumular alguns minutos com vista a preparação da próxima época. Iniciei a época seguinte também na equipa B, mas aí já completamente recuperado, e em janeiro subi à equipa principal e depois já no fim do mercado fui emprestado ao Belenenses. Foi o iniciar de uma nova carreira na minha opinião.

Chegou a fazer algum jogo na equipa principal do Benfica?
Ainda joguei com o Arouca para a Taça da Liga.

Era Jorge Jesus o treinador.
Exato.

Como é que se deu com ele?
Bem, ele foi sempre correto comigo. Claro que fazia sempre as suas retificações, especialmente aos mais novos, mas foi sempre muito correto comigo. Aliás. como toda a estrutura do Benfica foi e eu só tenho a agradecer porque tão novo e passar por aquelas lesões, só com o apoio de gente muito boa, já nem falo dos profissionais que são, mas das pessoas, dos seres humanos que são e que me ajudaram a poder recuperar destas duas lesões da melhor maneira. Na altura em que saí, fui falar diretamente com o mister e ele entendeu, era o que fazia sentido, tanto que fui emprestado ao Belenenses.

Gostou da experiência no Belenenses?
Foi espetacular porque no passado recente o clube tinha subido de divisão, no ano anterior tinha-se safado na último jornada e nessa época conseguimos ir à Liga Europa. Eu cheguei em fevereiro, contribui com algo mas foram os meus colegas que o fizeram, por isso foi o culminar de uma boa época para mim.

Foi com o Lito Vidigal ou com o Jorge Simão?
Quando eu chego ainda estava o mister Lito Vidigal e depois acabei com o mister Jorge Simão.

Muito diferentes um do outro?
Sim, como são todos os treinadores, porque cada um tem a sua ideia, a sua maneira de trabalhar, a sua maneira de estar com os jogadores, mas concluindo foi um ano muito bom porque conseguimos essa qualificação para a Liga Europa que foi um feito histórico para o clube no que tinha sido as suas épocas anteriores.

Teve pena de não continuar em Belém?
Não porque no ano a seguir venho para Braga. Tendo a oportunidade de vir para o Sporting de Braga não podia dizer que não.

E vai para Braga também sozinho ou nessa altura já tinha casado?
Eu casei nesse verão de 2015. Fiz a pré época com o Benfica, uma pré época que correu bem, ma tendo em conta as opções que o Benfica tinha, o que fez sentido foi poder aproveitar a oportunidade de representar um clube como o Braga ao mais alto nível e foi isso, foi sem pensar, já estava casado, viemos os dois para Braga e foi o iniciar de uma história que ainda está por concluir, mas que está a ser muito bonita.

Chega a Braga com Paulo Fonseca no comando, certo?
Exato.

Gostou dele?
Bastante, não só pela relação que criámos, mas pela sua maneira de ser como treinador, pelas suas ideias, pela maneira como vê o jogo. Aprendi realmente muita coisa com ele. Ele considerava-me um jogador inteligente mas ele abriu-me outras ideias, mostrou-me outras coisas que fazem realmente faziam sentido.

Consegue dar um exemplo prático?
Dentro da maneira dele jogar, os avançados têm de correr em direção à baliza, estar sempre virados para a baliza, não estar nunca de costas. Ele criou a ideia dentro da equipa de que os avançados tinham de correr para a frente, que era para criar o espaço para os alas. O envolver de todos os jogadores num processo que terminasse no golo, na vitória e os avançados tinham que ter essa ideia presente que era ir para a frente, não se preocuparem muito em vir buscar a bola e estar sempre de frente para a baliza porque o avançado faz golos é de frente para a baliza. É essa a principal ideia que ele me passou. Isto dito assim muito rapidamente, é uma das suas ideias. O mister Jesus numa maneira diferente, porque aprendemos com todos, mas com o Paulo Fonseca foi o abrir de um leque de ideias que eu não conhecia até ali.

Regressa ao Benfica ou já não?
Não, eu faço essa época em Braga e depois assinei com o SC Braga.

Não chega a fazer uma pré época com o Benfica, com o Rui Vitória?
Na época seguinte regresso ao Benfica, exatamente. No primeiro ano vim emprestado para o Braga pelo Benfica e no final dessa época até ao meu regresso a Braga, fiz a pré-época no Benfica com o Rui Vitória, exatamente.

Muito diferente do que tinha vivido?
Sim, também era uma equipa diferente, ideias diferentes, uma pré-época que me correu bem, mas infelizmente num jogo em Lyon lesionei-me. Depois, deu-se o iniciar da temporada, da Supertaça e eu estava lesionado, mas estava tudo alinhavado para regressar a Braga.

Era o que o Rui queria, regressar a Braga, ou preferia ter ficado no Benfica?
Como disse anteriormente, dadas as opções do Benfica na altura e tendo a oportunidade de assinar em Braga, um sítio onde tinha sido muito feliz, tanto eu como a minha esposa, gostamos da cidade, gostamos muito do clube, tínhamos ganho a Taça de Portugal nesse ano anterior, então só fazia sentido estar em Braga.

Regressa com Peseiro à frente da equipa e depois vem Jorge Simão.
O mister Abel ainda fez um jogo na transição do mister Peseiro para o Jorge Simão, mas foi o mister Jorge Simão que fez a maior parte dos jogos da segunda volta.

E do Peseiro com que impressão é que ficou?
Muito boa pessoa, um treinador afetivo que gosta de falar com os seus jogadores, de perceber como é que estão, de saber o que é que lhes vai na cabeça, acima de tudo tem uma relação muito próxima com os jogadores, e depois tem sempre a ideia de fazer muitos golos, um futebol atrativo que possa traduzir num futebol extremamente ofensivo, essa é a principal ideia.

Muito diferente do Jorge Simão?
Acho que o mister Jorge Simão tinha uma ideia diferente mas que bem explicada e bem entendida pelos jogadores pode ser uma boa ideia, tanto que ele fez bons trabalhos aqui em Portugal, tanto no Chaves, no Paços de Ferreira, no próprio Boavista que estava numa fase difícil e ele conseguiu estabilizar o clube. Foi pena que a sua passagem aqui pelo SC Braga.

Na época seguinte ainda inicia no Braga com o Abel Ferreira não é?
Exatamente.

E que tal?
O mister Abel Ferreira tinha feito os últimos quatro jogos dessa época, quando o mister Jorge Simão saiu, e inicia a seguinte. Acho que foi um continuar diferente, um continuar das ideias do Paulo Fonseca porque eles trabalharam juntos. O mister Abel com algumas nuances diferentes, mas a sensação que tenho do mister Abel é a mesma da do Paulo Fonseca, um treinador que tem uma ideia muito vincada, que consegue realmente explicar aos jogadores o que quer, e isso também transmite confiança ao jogador porque sabemos sempre o que temos de fazer ou o que esperar do próprio jogo. Gostei bastante do mister Abel.

Mas o Rui não fica em Braga vai para o Fulham. Como isso acontece?
Foi-me falado umas semanas antes sobre esse interesse mas nem liguei muito. Mais tarde quando a gente vai à Luz jogar com o Benfica, nessa altura eles ligam a dizer que tinham ficado realmente agradados. Na semana seguinte jogamos aqui em casa com o Portimonense e foi quando realmente me fizeram a proposta e eu tive de decidir se realmente queria ir para o Fulham. Como era bom tanto para mim, como para o clube, foi sempre esse o meu foco, que fosse bom para todos, aconteceu. O Fulham fez a proposta, o Braga negociou...

Apetecia-lhe sair outra vez?
Não posso ser hipócrita, a proposta financeiramente era muito vantajosa para mim, o clube também recebia um bom valor pela minha transferência e não podia dizer que não a essa oportunidade. Era um campeonato que já conhecia bem, o Championship, com ambição de subir à Premier League, não estava simplesmente a mudar. Realmente a parte financeira era muito boa, mas também havia um projeto para o próprio clube, não foi só "vou atrás do dinheiro". Era um clube de Londres, o meu irmão na altura também estava em Inglaterra, e estava relativamente perto de mim. O Fulham era um clube histórico. Por outro lado sentia-me muito bem em Braga, tinha sido nomeado capitão pelos meus colegas, pela própria equipa técnica, sentia-me bem. Infelizmente a época anterior não nos tinha corrido como pretendíamos, mas tínhamos ambições renovadas para esse ano. O ano anterior tinha sido bom para mim pessoalmente e queria dar continuidade a isso, mas ponderei tudo e decidi voltar a Inglaterra e felizmente também correu bem.

Foi com a sua mulher ou ela ficou cá?
Fomos os dois.

Não tinham filhos?
Ainda não.

A sua mulher adaptou-se bem a Inglaterra?
Ela continuou sempre a trabalhar, só deixou quando nasceu o nosso pequenito, mas foi sempre trabalhando, fazia duas, três semanas lá e vinha a Lisboa, mas gostou. Londres é uma cidade que é boa para se viver alguns anos, eu pessoalmente acho muito grande, muito longe para se chegar a todo o lado, mas realmente tem tudo o que nós quisermos. Uma peça de teatro, jogos da NBA, concertos, restaurantes de todos os sítios do mundo, tem realmente essa oferta e é bom de se experienciar e vivenciar isso tudo. Mas eu, como sou um bocado mais recatado, gostei de estar lá, mas não me via a viver lá para sempre.

O treinador que apanha no Fulham é o Jokanovic. Ficou com boa impressão dele?
Pessoalmente, não. Tanto pela parte tática, técnica e pessoal porque era uma pessoa fria que não falava muito com os jogadores. Felizmente correu bem para nós, conseguimos subir à Premier League nesse ano, mas a opinião que tenho dele não é a mais positiva. Claro que aprendi certas coisas com ele, mesmo que não sejam positivas no momento, mais tarde vê-se que podemos aprender com isso e foi isso que eu fiz.

A que se refere em concreto?
Foi a parte pessoal de certas coisas, que neste caso não disse ou não fez, mas pronto também não vale a pena entrar muito em detalhe porque foi uma experiência passada, felizmente acabou bem para todos porque conseguimos a ambição do clube, por isso, medindo tudo, acabou por ser um bom ano porque tinha arriscado em ir para lá.

Não fica porquê?
Porque iniciamos a época na Premier League, ele também inicia e eu já sabia de antemão que dificilmente ele quereria que eu ficasse lá, então...

Tiveram algum problema, algum desentendimento?
Não, porque como eu disse simplesmente nunca foi pessoa de falar comigo e se ele não queria falar comigo também não seria eu a dar esse passo porque eu queria seguir em frente, não queria alimentar esse problema que neste caso nunca houve, mas que era um problema tanto para mim, como para ele. Mas nunca houve essa questão de se chegar a falar sobre isso e era sempre uma questão de tempo até arranjar a solução que fosse realmente boa para mim naquele momento.

A solução foi ir emprestado para o Lille. Foi o seu empresário que conseguiu? Teve a ajuda do seu irmão?
O mister Luís Campos, que era o diretor geral e o conselheiro do presidente, já tinha perguntado ao meu irmão, que tinha assinado e iniciado a pré-época, qual era a minha situação e o meu irmão disse-lhe que eu realmente não estava contente. O Lille também atravessava alguns problemas porque precisava de tratar da situação de alguns jogadores para poderem entrar outros e por isso é que se fez no último dia de mercado. Mas foi assim, o mister depois ligou-me a perguntar se eu via com bons olhos essa ida para o Lille eu disse claro que sim. Já tinha falado com o meu irmão como é óbvio, ele estava em pré-época e eu ia-lhe perguntando coisas do clube, como é normal. Mas depois o mister disse-me o que é que pretendia de mim, o que é que esperavam do clube para essa época e foi isso que me fez seguir para lá. Seguiu-se o Belenenses.

Reencontra o seu irmão e como disse no início da entrevista desfrutaram ambos mais dessa experiência. 
Sim muito mais, até pela maneira como iniciámos o campeonato, joguei logo nos primeiros jogos. Depois, devido ao tempo que estive, não por lesão mas sem jogar consistentemente no Fulham, fiz três jogos seguidos e lesionei-me. Mas foi uma época realmente muito boa porque estava a viver com o meu irmão, a família do meu irmão não o acompanhou, porque um dos filhos já estava na escola, e porque Londres é relativamente perto de comboio, fica a uma hora. Então, ficámos os três na mesma casa e foi realmente agradável porque podemos desfrutar de tudo isto. Depois nasceu o meu filho, o Gabriel, em dezembro de 2018.

Nasceu lá ou cá?
Nasceu cá, era para ter nascido lá, mas decidiu nascer mais cedo e nasceu aqui em Portugal. Teve de cá ficar aquele tempo normal e mais tarde acompanhou-nos até lá e foi muito bom, o meu irmão pode estar com o sobrinho. Foi boa essa época tanto a nível pessoal, como a nível futebolístico, porque também culminou na qualificação para a Liga dos Campeões, em 2º lugar. O que para um clube que se tinha safado a duas jornadas do fim na época anterior, conseguir a qualificação para a Liga dos Campeões nessa época foi realmente um feito muito bom para o clube que felizmente tem dado continuidade a esse sucesso.

Entretanto regressa a Inglaterra.
Sim, fiz lá a pré-época e depois regresso a Braga.

Foi o Rui que forçou? Não queria continuar em Inglaterra?
Depois de uma conversa com o treinador, o Scott Parker, chegámos a um entendimento. Ele apreciava as minhas qualidades, mas foi sincero comigo e disse que fazia mais sentido para a fase da minha carreira jogar do que ficar ali como segunda opção e eu entendi que sim, que devia seguir em frente. Já tinha o interesse do SC Braga, mas seria sempre mais difícil ser eu a ir comunicar a eles essa situação, mas calhou bem neste caso porque eles vieram falar comigo e pôde-se fazer dessa maneira.

Recorde-nos lá a dança de treinadores da época passada.
Era o mister Abel, eu ainda não tinha chegado, depois entrou o mister Sá Pinto e depois o mister Rúben Amorim, a seguir o mister Custódio e o mister Artur Jorge.

Não deve ser fácil para os jogadores estar sempre a adaptar-se a maneiras de pensar diferentes.
Eu acho que a época passada também foi o mostrar às pessoas como o grupo era coeso, de bons jogadores e de grandes seres humanos. Aguentar a época que culminou com a conquista da Taça da Liga, o 3º lugar, isso mostra que o clube tem uma estrutura muito forte. E mostrou também que este grupo de jogadores esteve sempre junto e tentou ultrapassar todas as situações da melhor maneira. O mister Abel teve uma proposta muito boa do PAOK e seguiu esse caminho; o mister Sá Pinto estava a realizar uma boa Liga Europa, no campeonato não estávamos tão bem e o clube decidiu mudar para o mister Rúben Amorim, que foi o que foi, com o sucesso que nós tivemos na Taça da Liga, de ganharmos nove jogos em dez no campeonato, de começar a subir na classificação, até que se dá a transferência dele para o Sporting; e depois o mister Custódio apanha uma fase difícil que é da pandemia, faz um jogo e isto para. Não pode ter o contacto com os jogadores e nós recomeçamos numa altura em que havia uma grande incerteza sobre a pandemia e o que é que se podia fazer; e o mister Artur Jorge conseguiu realizar um excelente trabalho a acabar que culminou com essa vitória na última jornada, foi um feito muito bom para o clube, uma Taça da Liga e o 3º lugar. O mister Artur Jorge realmente conseguiu dar seguimento ao que tinha sido feito antes.

Ainda não se estreou com o novo treinador, Carlos Carvalhal, uma vez que se lesionou em julho num jogo com o Tondela. Tem ideia de quando vai regressar?
Já tenho a paciência e a maturidade suficientes para encarar esta fase em que estou da melhor maneira possível, sabendo que não posso apressar nenhum processo. É difícil dar um prazo, porque depende muito da maneira como evoluir a minha recuperação. Espero que seja o mais breve possível mas estar a dar um prazo para depois não se concretizar, acho que não faz bem a ninguém, nem a mim próprio ao criar expectativas. Pelo que estou a vivenciar neste momento, está a correr muito bem e está tudo dentro do que era expectável aquando da operação e do plano de recuperação.

Como foi o seu percurso nas seleções?
Fiz os escalões todos da seleção até aos sub-21 e depois fui duas vezes convocado para a seleção A, não me cheguei a estrear. Para já não passa de um sonho, primeiro tenho que trabalhar para o conseguir. 

Mas é um objetivo ainda?
Sim. Até achar que é um objetivo possível de alcançar será sempre porque acho que isso faz parte do objectivo de qualquer jogador, ser internacional.

Onde ganhou mais dinheiro?
No Fulham.

Foi investindo em quê?
Em imobiliário e também tenho uma pessoa que me acompanha a esse nível, não só no imobiliário mas na gestão bancária, que me vai sempre aconselhando da melhor maneira. Mas maioritariamente no imobiliário.

Qual foi a maior extravagância que fez porque podia?
O meu carro atual. Foi no momento da minha lesão em que achei que era merecido, tendo em conta o que eu já tinha passado.

Que carro é?
Um Porsche Targa.

Tem algum hóbi?
Além dos meus momentos familiares, gosto realmente de estar com a minha esposa e com o meu filho, dá-me realmente muito prazer, ir buscá-lo à escola, gosto de jogar PlayStation, “Call of Duty”. É o único jogo que gosto de jogar e que tenho tempo para.

É crente?
Sim. Não sou seguidor ou praticante, mas tenho as minhas crenças. Sei que há algo, mas não sigo regras seja de que religião for, mas sim praticar o bem no nosso dia a dia.

Tem alguma superstição?
Entro sempre com o pé direito no campo, só. Mas não é nada que precise de fazer, mas que faço já mais por hábito do que superstição.

Tatuagens?
Tenho. Só fiz uma e foi ao mesmo tempo que o meu irmão, que diz El Niño. Porque na altura gostava do Fernando Torres que era o El Niño e o meu irmão deu essa ideia de fazermos os dois e fizemos os dois ao mesmo tempo no braço.

Qual foi a maior alegria e a maior frustração na carreira até hoje?
Alegria na carreira foram os troféus com o SC Braga porque é um sítio onde eu e a minha família nos sentimos bem e onde realmente me dá prazer conquistar coisas, é um sítio e um clube que ficou meu, que é o meu clube. A maior frustração foram as minhas lesões, as três que já tive nos joelhos, as outras foram relativamente fáceis de ultrapassar, mas essas três lesões já me tiraram o suficiente.

Se não fosse jogador de futebol o que acha que teria sido?
Não sei mas acho que teria algo a ver com carros. O meu pai trabalhou com carros, trabalhava no comércio automóvel, o meu irmão também ganhou esse gosto pelos carros e eu, como mais novo, fui sempre crescendo com isso. Por isso acho que teria de ter a ver algo com os carros, não sei. Eu e o meu irmão gostamos muito de corridas, de pilotar, não sei se seria por aí, mas é algo que realmente gosto. 

Costuma seguir a F1?
Sim.

Tem algum piloto favorito?
Nesta altura há uma boa geração, mas o culminar dos sete títulos do Lewis Hamilton é um bom exemplo para todos nós. Ele é um bom exemplo do que se pode conquistar no que acreditamos.

Algum clube de sonho onde gostava de jogar ou de ter jogado?
Tinha dois, o Manchester United por toda a sua história e o Real Madrid que eu considero o top dos tops dos clubes. A seguir ao Real Madrid acho que não há realmente mais nada.

Qual foi o melhor e maior conselho que o seu irmão lhe deu?
Foi sempre acreditar em mim e trabalhar mais do que os outros.

O Tondela fez-lhe uma homenagem recentemente, porque a sua lesão ocorreu num jogo com eles. Estava à espera?
À espera não estava, mas o diretor de comunicação já me tinha avisado de que eles iriam fazer isso e foi realmente um gesto muito bonito que eu agradeci e espero que sirva de exemplo para um ambiente saudável entre todos os clubes. Foi um momento infeliz para mim, mas que está a ser ultrapassado e já agora aproveito para agradecer ao Tondela pelo gesto.

É verdade que se ofereceu para pagar três meses de salário de dois funcionários do Vitória de Setúbal este ano?
Sim.

Foi a primeira vez que o fez ou já tinha tido este tipo de gesto antes?
Não acho que adiante falar dos casos anteriores, mas este, como foi tornado público... realmente foram duas pessoas que estiveram comigo aquando da minha passagem lá e eu senti a necessidade de os ajudar naquele momento difícil; assim como eu e os meus colegas aqui no clube temos ajudado várias situações que nos vão aparecendo. É isso que tento passar também aos meus colegas, que é um momento difícil para todos nós e felizmente todos têm ajudado dentro das suas possibilidades e das diferentes maneiras com que podemos ajudar. Nós, como plantel, não só em casos individuais, mas como plantel temos tentado ajudar.

Não tem nenhuma história que possa partilhar?
Tenho uma que de certeza que a maior parte dos meus colegas que teve nesse jogo se vai lembrar. Na época 2017/18, que o mister Abel começou, eu tinha ficado capitão e o primeiro jogo da temporada era a pré-eliminatória da Liga Europa, que foi na Suécia se não estou em erro, com o AIK. Viajámos, houve a conferência de imprensa e antes do jogo, nós temos um grito, que é o grito do Braga que já está enraizado no clube e eu em vez de dizer "somos guerreiros" que era o normal; nos anos anteriores o Alan tinha-o dito e eu tinha-o ouvido centenas de vezes, eu estou na roda, é a minha primeira vez, faço o meu discurso, digo o que tenho a dizer e quando vou para dizer "somos guerreiros" digo "o que é que nós queremos?" [risos]. Aquilo saiu-me e os meus colegas disseram o que tinham a dizer na mesma. Depois já estava no túnel e eles a rir questionaram-me sobre o que é que se tinha passado e eu nem tinha dado conta do que é que tinha dito porque estava tão focado em dizer as coisas que me saiu tudo ao contrário. Eu não devo ter dormido uns três ou quatro dias, só a pensar naquilo... “o que é que nós queremos” [risos]. Eu notei que alguns se estavam a rir na altura, mas eu saí para o túnel concentrado."

Empate amargo... com a inclinação do costume!

Sporting 3 - 3 Benfica

Mais um derby, mais um roubo épico, mais uma vitória que nos fugiu nos últimos segundos... numa partida onde jogámos muito bem!
Algumas falhas individuais defensivas acabaram por ser fatais... num duelo, onde não existe margem de erro, porque as 'regras' nunca são iguais para estas duas equipas!!!
Bem os reforços, naquela que foi a sua introdução ao Futsal Tuga no seu esplendor!!!

Escócia


"Por razões familiares, em tempo de pandemia, teletrabalho, semiconfinamentos, quarentenas e afins, é na Escócia que tenho passado a maior parte do tempo desde finais de Agosto. Festejei o sorteio que juntou Rangers e Benfica perante a possibilidade de poder ver ao vivo o Benfica neste país, embora cedo tenha percebido que se afigurava bastante improvável. Faltam 48 horas para o início do jogo, e ainda não desisti.
Para quem não conhece, descrevo a Escócia numa única palavra: Imperdível. Quem já cá veio sabe que não exagero. E aos bem-aventurados futuros viajantes, confiantes nos seus conhecimentos do idioma local, recomendo que se preparem mentalmente para a segunda realidade: se é inglês que os escoceses falam, não foi inglês que vos ensinaram na escola. Eventualmente o ouvido é treinado, garanto-vos, porém, demora anos. Vale que, apesar do ar abrutalhado deste gente, predomina a simpatia para com os estrangeiros - não sendo estes ingleses, claro está -, o que facilita a comunicação. E acrescento um detalhe relevante O Verão, aqui é um mito. Ao contrário do vento, que se faz sentir forte e quase constantemente.
Retomando o que verdadeiramente interessa, e perante a hipótese, ainda que remota, de poder ir ao Ibrox ver o Benfica, um amigo desabafou que, com tantas ausências, no meu lugar não iria. Não poderia discordar mais deste estado de alma. O meu amor ao Benfica é incondicional. Num certo sentido, as circunstâncias são irrelevantes na minha vivência do benfiquismo, influindo só no estado de espírito, nunca nos traços identitários. E convenhamos que, perspectivando o onze provável a dois dias do jogo, recheado de internacionais, fica demonstrada a qualidade do nosso plantel. Acredito num bom resultado."

João Tomaz, in O Benfica