terça-feira, 17 de novembro de 2020

Foi apenas um fantasma vermelho de passagem


"No próximo dia 26, o Benfica vai a Glasgow jogar em Ibrox. Só por uma vez lá esteve, no dia 28 de Setembro de 1965, perdendo um particular por 3-1. Quarenta e oito horas mais tarde, estava no Luxemburgo e golear o Dudelange por 8-0 para a Taça dos Campeões Europeus.

O Benfica recebeu o Rangers para a terceira jornada da fase de grupos da Liga Europa, e será caso para dizer, lançando mão ao jargão popular, que se viu da cor dos gatos para sair do jogo com um resultado mais ou menos positivo: 3-3. No próximo dia 26, será a vez de visitar Ibrox, um dos estádios mais fascinantes do mundo, situado nas margens do Clyde e cuja primeira versão data de 1899, o que faz dele igualmente peça digna do museu.
Todos os que já lá estiveram conhecem o ambiente esfuziante que os adeptos do Rangers lhe emprestam desde que saíram do Kinning Park, o local de disputadas antes de Ibrox. Hoje está reduzido a uma capacidade de pouco ou mais de 50 mil espectadores - e o mal que se infiltrou entre nós de forma velhaca fá-lo-á estar mais silencioso do que nunca quando os encarnados lá jogarem -, mas já foi um gigante capaz de albergar, num Rangers - Celtic, o exagero de 118567 pagantes - calcule-se quantas pessoas estiveram nessa tarde de 2 de Janeiro de 1939 se contabilizarmos convidados e borlistas. É evidente que não são números que assustem benfiquistas que viram, na velha Luz, apertarem-se como sardinhas em lata, multidões que ultrapassavam os 120 mil. Mas, seja como for, dispus-me aqui a falar de Ibrox e, já agora, da única vez que o Benfica lá jogou, em 1965, num encontro particular.
Em 1965, todo o mundo, dos Estados Unidos à Austrália, passando pelo Irão e pelo Iraque, queria ver o famoso Benfica. Duas Taças dos Campeões Europeus conquistadas e mais duas finais perdidas tinham colado aos lábios dos amantes desse jogo que os ingleses tratam por association nomes como os de Eusébio e Coluna, Germano e José Augusto, Torres e Simões. Pois, todos eles estiveram em Glasgow no dia 28 de Setembro. Ou, melhor, não estiveram, mas já lá vou.

Um entrave
A expectativa era muita. A despeito de se tratar de um amigável e estar um tempo de alfinetes, mais de 45 mil pessoas correram para os seus lugares na expectativa de verem aquela que era considerada, quase unanimemente, a melhor equipa da Europa. Infelizmente para os adeptos escoceses, o Benfica faltou à chamada. Isto é, esteve mutos e muitos furos abaixo do seu real valor. E, no entanto, lá estavam, vestindo as mágicas camisolas vermelhas, berrantes, os nomes que apaixonavam os maiores amantes do futebol.u
Quando José Augusto, aos 26 minutos, abriu a contagem, todos ainda se convenceram de que o Benfica iria partir para um daqueles atropelamentos mais próprios de um comboio do que de um grupo de apenas onze homens. Nada disso. Mas o golo do meu querido amigo Zé foi lindo: ameaçou e avançou, fez que ia mas não ia, os defesas recuando, recuando, e com a baliza na mira saiu um pontapé colocado e indefensável para o pobre Richie. Edward Kerry, um jornalista escocês que esteve presente nesse jogo de Ibrox, tratou de escrever. 'Acabado um período inicial de dez minutos fulgurantes, nos quais o Benfica demonstrou aquele futebol fluído, agradável e fácil que a todos nós encanta, o Rangers começou a assentar o seu jogo de luta constante no meio-campo e passes longos para os dois pontas-de-lança, McLean e Johnson, e engasgou a máquina portuguesa'.
William Handerson, um rapazinho de apenas 21 anos, natural de Baillieston, um subúrbio industrial de Glasgow, começou a dar água pela barba a Coluna, surgindo consecutivamente nas costas do capitão do Benfica e diminuindo-lhe o habitual raio de acção. A atenção de Coluna passou a ser mais defensiva que ofensiva, e isso mexeu duramente com o colectivo português.
O jogo fora para intervalo com 1-1 (golo de McLean aos 43 minutos), e a verdade é que, apesar do domínio escocês e das escassas investidas do Benfica, com Eusébio e Simões (seria substituído por Yaúca) quase sempre incapazes de desequilibrarem a defesa contrária, matéria em que eram autênticos mestres, deixando Torres à mercê dos poderosos centrais do Rangers, dava a sensação de que iria terminar assim. Diziam os latinos: 'audax fortuna juvat', que é como quem sentencia - a sorte protege os audazes. Mais audazes, os escoceses fazem golos tardios, ambos por Forrest, aos 83 e aos 89 minutos. O público delirou. A surpresa caía sobre Ibrox como uma nuvem escura. Coluna veio a público explicar a derrota: 'O Benfica jogou abaixo das suas possibilidades, mas foi evidente o cerco que fizeram a Eusébio, nem sempre de forma muito correcta. No entanto, quero dizer que perdemos contra uma equipa que jogou com todo o afinco e que mostrou jogadores de qualidade como Handerson, Forrest e McLean, para citar os principais'. Forrest, encontrava outra resposta: 'O Benfica é uma equipa terrível. Tanto defende como ataca no espaço mais curto de tempo possível. Acho que o facto de terem um jogo para a Taça dos Campeões aí a chegar pesou na exibição deles'.
Dois dias depois, em Ech-sur-Alzette, no Luxemburgo, o Benfica iniciava o seu percurso na maior prova da Europa com uma goleada de 8-0 sobre o Stade Dudelange. Talvez tenha valido a pena a poupança."

Afonso de Melo, in O Benfica

O desequilibrador das segundas partes


"Panchito reencontrou a paixão de jogar no Benfica e retribuiu com momentos de pura magia

Para um seguidor de hóquei em patins, falar-se de talento é recordar Panchito Velásquez. Exímio patinador, o argentino aliava à velocidade uma qualidade técnica apurada, que lhe permitia tirar os adversários do caminho com enorme facilidade. Em rinque, era ele e um pavilhão completamente lotado, pois mesmo os adeptos das equipas rivais deslocavam-se aos recintos para o ver jogar. Fruto do seu virtuosismo, ganhou a alcunha de 'Maradona do hóquei'.
Representou o Benfica durante quatro épocas, após ter estado afastado da modalidade ao longo de uma temporada, em conflito com o detentor do seu passe, o Barcelona. De 'águia ao peito' reencontrou a alegria de jogar, condessando: 'vestia a camisola e arrepiava-se, sentia pele de galinha'.
Tornou-se benfiquista e revelava esse sentimento dentro de campo, sendo o principal impulsionador da equipa nos momentos-chave. Dirigentes e colegas 'depositavam a confiança num homem a viver um dos melhores períodos da sua carreira, considerado por muitos o melhor jogador do Mundo'.
A 24 de Março de 2001, o Benfica recebeu o FC Porto, na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, considerando 'o jogo do ano'. A partida era determinante para o futuro de ambos na competição. Os 'encarnados' necessitavam de uma vitória para selarem o apuramento para a final four, enquanto que para os portistas bastava o empate.
No Pavilhão da Luz cheio, os 'encarnados' contaram 'com um impressionante apoio dos fervorosos adeptos'. Após uma primeira parte equilibrada, Panchito realizou um segundo tempo estupendo. Com uma prestação magistral, 'encheu o rinque de jogadas fabulosas', coroada com um golo de antologia, 'em que ultrapassou tudo e todos'. Os benfiquistas venceram por 7-4, mas o placard até podia ser mais desnivelado, tal foi a forma como se superiorizaram, e 'só não aconteceu porque os postes da baliza portista devolveram a bola por cinco vezes'.
Duas semanas depois, o argentino voltou a ser protagonista! Na final da Taça de Portugal, frente ao Óquei de Barcelos, as equipas foram para intervalo empatadas a uma bola. Na segunda parte, Panchito apenas precisou de dois minutos para bisar na partida, arrancando para uma exibição à dimensão do seu talento. Desequilibrou o encontro 'através dos seus constantes golpes de génio, brilhou intensamente e empurrou a equipa para a vitória'. O Benfica ganhou por 4-2 e arrecadou, dessa forma, o troféu.
Saiba mais sobre esta conquista na área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Fundação Benfica


"A pandemia não é igual para todos, em particular as suas consequências económicas e sociais, acentuando desigualdades e expondo crescentemente os mais necessitados.
O Estado tem reforçado os apoios e implementado medidas que visam diminuir o impacto, a vários níveis, da pandemia, enquanto as instituições de solidariedade tentam alargar o raio de ação, bem como o universo de beneficiários, tentando ultrapassar constrangimentos e desafios que se avolumam, incluindo no modo como se implementam os projetos.
É neste contexto que a Fundação Benfica procura manter ininterrupta a sua atividade e, simultaneamente, contribuir para minorar adversidades emergentes da crise pandémica, criando para este efeito o projeto "Juntos cuidamos de Si".
Logo numa primeira fase, houve a doação ao SNS que permitiu a aquisição de milhares de máscaras, fatos, termómetros e dois ventiladores. Colaborou ainda com a GNR na entrega de 3000 kits alimentares para idosos em contexto de fragilidade social e isolamento e procedeu à oferta de mais de cinco toneladas de alimentos às pessoas em situação de sem-abrigo. Mais recentemente, numa parceria com a empresa Active Capital, foram doadas 25 000 máscaras a escolas e 10 000 viseiras a hospitais.
Igualmente relevante é a capacidade demonstrada para assegurar a continuidade dos projetos implementados e dos quais beneficiam milhares de pessoas. São onze as iniciativas a decorrer presentemente.
O projeto "Para ti Se não faltares", de capacitação e combate ao absentismo e abandono escolar, abrange, no presente ano letivo, 480 crianças em dez escolas de Paranhos, Ponte de Sor/Montargil e Lisboa.
O "Community Champions League", presente em 12 freguesias de Lisboa, visa o fortalecimento dos laços comunitários e a promoção da cidadania ativa em pessoas de diferentes origens, incidindo em 150 jovens e respetivas comunidades envolvidas.
O "Hat-trick: Treinar, Jogar e Vencer" destina-se a 75 jovens de 15 a 21 anos da Escola Profissional Gustave Eiffel. É um projeto de intervenção e inclusão, com foco no desenvolvimento de competências pessoais e sociais, e assente nos princípios do projeto "Para ti Se não faltares" e da prática desportiva de Futebol de rua.
O "Benfica Faz Bem", que consiste em proporcionar um conjunto de experiências e interações com atletas e símbolos do Sport Lisboa e Benfica a diferentes grupos que de alguma forma se encontram em contexto de fragilidade social ou de saúde, continua mesmo em contexto de pandemia, destacando-se o recurso às videochamadas com elementos do plantel da nossa equipa de futebol profissional.
O "KidFun – Educação para valores", implementado desde 2014 em itinerância (150 escolas de 18 distritos e 50 concelhos) e que abrangeu 20 000 a 25 000 crianças do 1.º ciclo, teve de ser reformulado nesta fase para eliminar o risco de propagação do novo coronavírus, nomeadamente através da transição para formato online, com adaptação em curso dos conteúdos. As atividades têm início previsto em dezembro, com as inscrições a decorrerem até final do ano.
O combate ao racismo e outras formas de discriminação é feito através do projeto "Show Racism the Red Card". Foram envolvidas 400 crianças, outras 800 têm a participação pendente face à pandemia e serão envolvidas ainda 2400, de forma mais pontual em ações de sensibilização.
Os projetos "Walking Football" (envelhecimento ativo) e "Futebol Adaptado" (desporto inclusivo) têm os treinos e eventos suspensos, o que não significa que estejam parados, com trabalhos preparatórios a decorrerem conforme as necessidades, em particular o reinício dos treinos do futebol adaptado na próxima quinzena.
"Welcome through football" trata-se de um projeto europeu em colaboração com a EFDN e outros clubes membros com o objetivo de promover a inclusão social e a empregabilidade junto de refugiados. O Protocolo já foi estabelecido com o Alto Comissariado para as Migrações, o início das atividades será em dezembro e terá mais de 30 participantes.
Há ainda o projeto "Faz da tua escola um viveiro", em parceria com a Lousitânea - Liga de Amigos da Serra da Lousã, para educação ambiental e apoio específico à reflorestação das zonas afetadas pelos incêndios de 2017, com uma metodologia participativa envolvendo alunos, professores e famílias das Escolas Básicas do 1.º Ciclo.
E, finalmente, o "Benfica Contigo | Assistência Humanitária", através do qual se concebem e implementam estratégias e ações de colaboração em torno de determinadas causas e respostas muito específicas a desenvolver. Enquadram-se, em particular, neste projeto, as causas relacionadas com as catástrofes ambientais que cada vez mais impactam de forma extremamente significativa o nosso planeta.
A Fundação Benfica é um dos ativos mais importantes do Sport Lisboa e Benfica, tornando-se, desde cedo e pelo impacto muito positivo na vida de milhares de pessoas, absolutamente imprescindível."

E a culpa é do denunciante!!!


"Frederico Varandas: «Tenho na minha lista dois juízes-conselheiros do Supremo, um procurador da República, um juiz-desembargador. Acha que estas pessoas não vão fazer braço-de-ferro na justiça pelo Sporting?»
Paulo Silva acusou o Sporting de lhe pedir para corromper jogadores.
Sporting é ilibado e o Paulo Silva é acusado de corrupção.
Afinal o Paulo Silva corrompia em nome de quem? Andava a corromper jogadores por iniciativa própria e só por diversão?
Está tudo dito. Escutas e mensagens de whatsapp a comprarem árbitros e jogadores. Não passa nada. Siga a marinha!"

Tino, o recuperador


"Quando no final se escrever a história da época 2020/2021, e muito dependendo do caminho do SL Benfica, poderá tornar-se obrigatório incluir o capítulo Florentino.
A melhor opção para a posição de médio defensivo do Benfica, jogador de enorme qualidade no desarme e capacidade para comer muitos metros, garantindo com isso o fecho do espaço defensivo, e segurança e equilíbrio numérico em momento de Transição Defensiva, seguiu para a Liga Francesa e deixou o Benfica orfão de um médio capaz de ter um grande impacto defensivo. João Tralhão, chegou a compará-lo a Casemiro.
Simplicidade com bola – que não sendo propriamente alguém com grande capacidade para servir os colegas em espaços mais adiantados, tem a virtude de decidir e entregar rápido, ao contrário por exemplo de Gabriel, primeira opção encarnada na posição – e qualidade incrível sem ela.
Florentino regressou a Portugal para ajudar a apurar a selecção de sub21 para um Europeu onde por certo estará presente e para se valorizar."

SL Benfica ‘B’ | Jogadores com futuro, equipa sem ele


"Depois do início auspicioso de temporada protagonizado pela equipa B do SL Benfica – com Gonçalo Ramos a assumir papel de destaque, o que o levou a um papel de obsoletismo na equipa principal -, a turma secundária das águias segue numa série de seis partidas a perder.
É verdade que todas elas foram pela margem mínima, mas não é menos verdade – se as verdades podem ser quantificadas e comensuradas – que esse facto não interessa rigorosamente nada. Foram 18(!) pontos perdidos em 18 possíveis na última meia-dúzia de encontros referentes à Segunda Liga. 
São míseros seis pontos (em oito jornadas) os que soma o conjunto de Renato Paiva (no momento da escrita, ainda é correto fazer referência ao SL Benfica B desta forma, veremos daqui a umas semanas). Os mesmos que o Varzim SC, que carrega a lanterna vermelha por uma questão de diferencial de golos. No entanto, a equipa poveira tem menos uma derrota (e mais uma partida).
O SL Benfica ‘B’ é, de resto, a equipa com mais derrotas na corrente edição da Segunda Liga – a par da outra “B” do campeonato, o FC Porto B (que tem mais um jogo realizado). Metastizam-se, então, pelas redes sociais fora e pelos vários fóruns e polos conversacionais do mundo digital, questões e opiniões centradas no intuito primordial das equipas “B”.
“Interessa é formar os ‘miúdos’ para a equipa A”, argumentam alguns; “Todas as equipas do SL Benfica têm que jogar para ganhar, não é para aprender”, atiram alguns outros. Os apologistas do equilíbrio, como eu, defendem e apelam a uma mistura das duas vertentes: formar e ganhar.
Nada que não se possa cobrar a um clube que conotou às suas equipas de formação o mote, popularizado sob a forma de uma hashtag, “Formar a ganhar”. Pede-se, assim, que se cumpra o mote. Até porque, na realidade (apropriando-me da expressão característica de Fernando Santos), as duas vertentes não apenas devem convergir e coincidir, como coincidem.
Dois motivos soerguem-se, elevando-se em relação a outros de menor relevância. Primeiro, o SL Benfica B tem que interiorizar a mentalidade de “Formar a Ganhar” por ser a equipa A o principal destino – ou o destino pretendido – dos jovens da formação que por lá pululam.
O argumento utilizado para escudar das críticas os maus resultados em catadupa da equipa B encarnada parece querer dissociar a formação da ambição/objetivo de vencer. Essa dissociação não existe numa equipa B de um clube da dimensão do Sport Lisboa e Benfica. É obrigatório “formar a ganhar” quando se está a formar atletas que se pretende virem a representar uma equipa que joga para ganhar. 
Aprende-se muito com as derrotas, é certo. Todavia, não pode nunca acontecer que um jovem formando do SL Benfica se conforme com as derrotas e não se pode libertar o SL Benfica B da pressão – que deve existir, por ser positiva – de lutar para vencer toda e qualquer partida em que participa.
Os jovens jogadores das águias “B” não estão – em suposição – a ser trabalhados para transportarem consigo para a equipa A uma cultura de derrota. Antes pelo contrário. Exige-se, assim, que nunca se dissocie a formação da ambição.
O segundo motivo prende-se com a visão a médio/longo prazo do projeto que deve sustentar a existência e a evolução do SL Benfica B. A curto prazo pode até – ainda que não deva acontecer – parecer inócuo o facto da equipa secundária do clube da Luz somar algumas derrotas consecutivas. Pode até parecer inofensivo o cenário de descida de divisão.
Pode tudo isto parecer, sobretudo aos olhos de quem defende que não é importante ganhar, mas sim formar, mas não é. Não é inócuo perder, não é inofensivo descer de divisão. Os danos provocados pelas derrotas e, acima de tudo, por uma eventual descida de escalão seriam inquantificáveis, nocivos e duradouros – se não mesmo irreversíveis. 
 É preciso ganhar para continuar a formar com qualidade, porque só vencendo pode o SL Benfica B continuar na Segunda Liga. E a Segunda Liga é, de entre os possíveis, o melhor ambiente de crescimento para os vários jovens com futuro que procuram crescer na “B” encarnada.
A Segunda Liga, com todos os seus traços positivos e negativos e apesar de não se equivaler a muitas outras “Segundas Ligas”, é e vai continuar a ser “o” sítio para estar para as equipas B. Assim, não se trata de uma escolha que o SL Benfica tem que fazer.
Não há que escolher entre formar e ganhar. Há que lutar todos os dias para que “Formar a Ganhar” seja mais do que um slogan catita. Para ter jovens com futuro, é preciso ter uma equipa B com futuro. No momento da escrita (para registo futuro: 14 de novembro de 2020, 14:35), a do SL Benfica não o tem."

A internacionalização do desporto


"Depois da Guerra Mundial de 1939-1945, o fenómeno desportivo prossegue a sua expansão no seio das sociedades industrializadas, assumindo um papel cultural importante. Se o conhecimento do teorema de Pitágoras nos parece puramente livresco, dado que não se percebe a imediata utilidade social, a dos resultados desportivos fazem parte da cultura comum e quotidiana dos cidadãos. Sabiamente orquestrados pelos meios de comunicação social, os supostos valores do desporto moderno reagrupam os povos da terra inteira, dividindo-os, por vezes, artificialmente.
Supor que o desporto é igualitário e apresenta um caráter de justiça, é acreditar que a competitividade e a concorrência têm uma função simbólica. O mito da universalidade do desporto pertence definitivamente aos imaginários e as representações sociais surgem, com força e vigor, quando se trata de relembrar as ambivalências dos valores do desporto.
Durante os “trinta gloriosos” (expressão que designa os 30 anos que se seguiram depois da II Guerra Mundial), os responsáveis políticos dos diferentes governos e organizações supranacionais tentam pensar o desporto para evitar a sua desnaturalização. Face à mundialização do desporto, o Comité Olímpico Internacional (COI) defende os seus projetos e arroga o título de “guardião” (exclusivo) dos valores desportivos. No decurso da segunda metade do século XX, as noções de risco, de excesso e de progresso marcam, cada vez mais, as representações dos povos.
Face a esta crença, os discursos políticos relacionados com o desporto procuram despertar as consciências individuais e coletivas. Parece-nos importante evocar aqui a célebre crítica do sociólogo francês Jean-Marie Brohm (Sociologie politique du sport, Paris, 1976), que definia o desporto como um “positivismo institucionalizado do corpo”. Se a arma económica ou a arma militar são privilegiadas entre os países ricos, industrializados, a arma desportiva encontra-se disponível em todas as Nações. Reivindica-se, assim, o estatuto de Embaixador. A instrumentalização dos heróis desportivos participa nesta lógica de sedução."