quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Agora ouve-se tudo: a falta de público nos estádios é um fardo pesado a todos os níveis e era dispensável a gritaria folclórica


"A falta de público nos estádios é um fardo pesado a todos os níveis: os jogadores deixam de ser aplaudidos e incentivados, as equipas deixam de faturar receita importante para as suas contas e o espetáculo fica mais pobre, por perder o seu condimento maior, a sua força motora: o apoio maciço dos adeptos.
O jogo fica a preto e branco. Pálido e triste. Quase melancólico.
Como se não bastasse, a ausência desse ruído nas bancadas tem outro efeito colateral importante: o de permitir que se ouça, ao pormenor e sem filtros, tudo o que acontece lá em baixo. Tudo o que se passa dentro e fora do relvado. É aí que mora agora um "novo normal", que ainda não parece ter sido bem assimilado por alguns intervenientes.
Que os palavrões fazem parte do futebol, já todos sabíamos. Quando um jogador dispara um impropério, ele não está necessariamente a ofender o adversário ou o árbitro. Não está necessariamente a ser mal-educado, injurioso ou grosseiro.
No futebol, o calão é quase sempre um desabafo espontâneo, um lavar de alma. Uma forma de extravasar a emoção, a frustração momentânea. Não se esqueçam que aquela rapaziada corre noventa minutos, dá e leva pancada, salta, cabeceia, pontapeia, agarra e grita. Dá o litro pela sua camisola. Não é fácil conter tanta efervescência quando o oxigénio diminui a cada minuto. A linha que separa essa "liberdade" consentida da ofensa gratuita e ostensiva deve ser medida pela sensatez e experiência de um árbitro que saiba separar uma realidade da outra.
O problema não está, como já se percebeu, nos jogadores. O problema está na forma como alguns, cá fora, ainda não entenderam que a ausência de gente nas bancadas os tornou mais expostos.
Já todos vimos e ouvimos excessos a serem cometidos a partir dos bancos técnicos. Já aconteceu em todos os jogos de todas as equipas. Uns mais, outros menos, uns assim, outros assado. Mas agora, que os microfones exercem a sua ditadura sem contraditório, a coisa ganhou outra visibilidade. 
E deixem-me que vos diga, meus amigos... às vezes, é feio. Muito feio.
A indignação pontual, o esbracejar, o levantar tipo mola, a crítica a roçar o limite do aceitável... aguenta-se. A tensão ali também é alta, os batimentos cardíacos disparam e ninguém é de ferro. Certo. 
Agora aquela gritaria folclórica, reiterada e injustificada, que é cantada depois de cada lançamento lateral para o outro lado ou de cada faltinha não assinalada, tenham santa paciência, mas não. Poupem-nos e poupem-se.
É inócua e demasiado eighties. Fica mal.
Percebam que, sem gente para camuflar o som, todo esse espalhafato entra pela nossa casa dentro sem pedir licença. São demasiados decibéis. Decibéis que podem adulterar a ideia que todos temos de cada um de vocês.
Desculpem a sinceridade, mas é apenas um número de circo para inglês ver. Uma palhaçada mascarada de indignação pela verdade. Não convence ninguém, não muda decisões (garantidamente) e não vos ajuda a ganhar.
É lose, lose.
Uma das boas soluções seria acabar de vez com os bancos suplementares. Não estão lá a fazer nada (ou grande coisa), apenas a acrescentar ao ruído quatro potenciais vozes.
Vejam nestas palavras uma crítica construtiva, dirigida apenas àqueles que têm grande dificuldade em controlar-se. São esses que devem refletir sobre a sua maneira de estar no jogo.
Um conselho: revejam algumas partidas e ouçam ou melhor, ouçam-se. Observem-se. Vejam a figura que fazem. Vejam os gritos sem sentido e fora de contexto. Vejam os saltos dramatizados, os braços no ar a protestar por dá cá aquela palha. Vejam bem e tirem as vossas conclusões.
Pensem que vocês não estão lá sozinhos. Nós também estamos, a ver e ouvir tudo. Tudinho.
Vamos lá fazer o favor de dar um toque de classe e educação a um espetáculo que também é vosso. Já que têm a honra e privilégio de estar ali, sejam distintos.
Não custa nada e fica bem."

O marasmo desportivo


"Só uma perspetiva politicamente pobre e culturalmente frágil pode encarar o desporto, apenas, como um sistema de simples entretenimento ou de mero espetáculo de massas e, consequentemente, dispensar o papel social relevante que pode assumir junto de outras políticas públicas.

A proposta de Orçamento do Estado para 2021 ao reduzir o financiamento da administração pública desportiva e ao não incluir quaisquer medidas excecionais para a situação que estamos a viver prova, de forma irrefutável, a pouca importância conferida ao desporto, no preciso momento em que se avolumam os casos de clubes que não sobrevivem ao impacto de uma crise sem precedentes, mas na qual se inscreve a prioridade – quiçá por artes mágicas - em pôr Portugal, até 2030, no lote dos 15 países com mais prática de atividade física e desportiva da União Europeia.
É certo que o documento – o principal instrumento de política pública – é suficientemente ilegível para o comum dos mortais, mesmo para os especialistas, para se poder argumentar que algures existe uma dotação que afinal evidencia a possibilidade de alocar mais recursos. Exercícios que ficam no domínio das promessas e das boas intenções, mas que não alteram a questão de fundo.
Num outro plano, a menos de dois meses de Portugal assumir a presidência da União Europeia dispensou-se, até à data, o contributo dos parceiros desportivos no sentido de construir uma agenda de prioridades capaz de responder ao impacto económico, social e sanitário da crise pandémica na Europa. 
Obviamente estas não são realidades novas, no que respeita ao abandono político do desporto. Pelo contrário, são um traço comum no tempo, apenas interrompidas por breves oportunidades de capitalizar politicamente importantes conquistas desportivas. E abandonar o desporto é não nos sentirmos politicamente responsáveis pelos custos sanitários, educativos e económicos que é ter uma população com baixos hábitos de atividade física e desportiva.
Se a educação, a saúde, o emprego, a economia e a coesão social estão, e bem, na primeira linha das preocupações políticas então dispensar o contributo do desporto é, à partida, empobrecer os resultados a alcançar no final. Não porque o desporto tenha qualquer efeito mágico ou sobrenatural, mas por força da natureza estrutural em que é produzido, maioritariamente assente no voluntariado, logo incorporando uma significativa atividade não remunerada, de baixo custo, mas criando um valor económico e socialmente relevante.
Só uma perspetiva politicamente pobre e culturalmente frágil pode encarar o desporto, apenas, como um sistema de simples entretenimento ou de mero espetáculo de massas e, consequentemente, dispensar o papel social relevante que pode assumir junto de outras políticas públicas.
Pese embora o Vaticano também defenda estes princípios, o que aqui se afirma não é um ato de fé. Está evidenciado em dezenas de relatórios nacionais e internacionais, em milhares de textos publicados por esse mundo fora e em práticas governativas de muitos países. O que nos falta?
Tudo seria bem mais fácil no dia em que a iliteracia desportiva passasse a ser cultural e politicamente insustentável, e socialmente reprovável. Só tendo plena consciência deste facto e da verdadeira dimensão do problema, poderemos ajudar a reverter uma situação que, não sendo nova, assume particular incidência em tempo de crise.
Ao longo de tantos anos custa a aceitar este marasmo. Custa a aceitar que o desporto seja elevado à agenda política apenas quando algum resultado de nível internacional atrai a visibilidade mediática. Custa a aceitar que as prioridades políticas para o desporto estejam reféns da agenda mediática, a qual pela natureza das coisas é quase sempre monotemática e efémera. Custa a aceitar que as salas e os corredores do poder político não se abram às preocupações de todos os que no terreno enfrentam competições suspensas ou adiadas, ginásios, piscinas e campos encerrados, restrições à mobilidade e perda de receitas.
É urgente reverter a situação. Se não o fizermos, e se não conseguirmos centrar o desporto na vida política do Governo, mas também daqueles que escrutinam a sua atividade e exercem uma oposição responsável, então não seremos capazes de elevar o valor desportivo do país e as suas potencialidades únicas em domínios como a saúde, a educação, o turismo, o crescimento económico e o emprego, nem tão-pouco a aspirar resultados de excelência que projetem o país no panorama internacional e nos desaloje da cauda da Europa."

Para uma desmistificação educativa do desporto


"Considerando que todos os indivíduos são um produto de uma educação, esta é decisiva ao longo da vida e apoia-se numa pluralidade de atividades. O desporto assenta sobre um conjunto amplo de valores e reveste uma dimensão educativa incontestável. No entanto, se educar pelo desporto é uma evidência partilhada coletivamente, a diversidade de expetativas que estão associadas leva a uma certa confusão. Uma educação que pretende ensinar regras, por forma a programar e a prever certos atos, cai num certo condicionamento. Mais do que se limitar à questão da imposição de valores, que alguns chamam de “integração”, a educação desportiva – como todas as outras formas de educação – deve privilegiar a confrontação dos jovens à diversidade de valores que compõe a prática desportiva, por forma a libertar e a torná-los responsáveis pelos seus atos e pelos seus comportamentos. Os valores devem ser interiorizados conscientemente. A crença de que um poder mágico do desporto, apresentado como um espaço de reciclagem, do qual todos os praticantes saem virtuosos, é imaginária. A educação pelo desporto deve: 1) construir-se em torno de valores claramente definidos; 2) trabalhar sobre a sua assimilação voluntária e consciente; 3) apoiar-se sobre um desporto em que se percebe os interesses, mas também os limites. Os valores desportivos não devem ser considerados como objetivos ou como condutas que se podem prever ou avaliar, mas como quadros sociais a construir, organizando os comportamentos de cada um. O desporto não é apenas uma prática. Ele é também uma ética. Por isso, a aplicação de uma ética pelo desporto é indispensável. Só assim se pode esperar que o desporto seja um espaço educativo. Depois desta crise pandémica (Covid-19), os partidos políticos, com a participação da sociedade civil, deveriam promover uns “Estados Gerais sobre o Desporto” em Portugal, pensando no futuro."

Querem mais dinheiro?... Toma...


"Numa nota enviada às redações o Comité Olímpico de Portugal (COP) (Público, 2020-10-12) manifestou a opinião de que o desporto está a ser “claramente” discriminado relativamente à versão preliminar do Orçamento de Estado (OE) para 2021. E acrescentou ainda que “o poder político que encontra soluções para a cultura é exatamente o mesmo que as ignora para o Desporto” .
A situação do desporto nada tem a ver com a dramática situação da cultura. Se, por um lado, há clubes de futebol a gastar milhões a contratar jogadores e a pagar lautos vencimentos, por outro lado, tanto a Federação como a Liga podem acudir às dificuldades que alguns clubes possam estar a passar. Felizmente, os clubes das mais diversas modalidades, médios e pequenos, por esse Portugal fora, não deixaram de ter, pelo menos, parte das suas receitas, porque desenvolvem atividades na base do pagamento pelos associados e os próprios atletas. Alguns, para além dos apoios das autarquias, até estão a ser apoiados pelas Federações que deixaram de ter despesas relativas às competições internacionais e nacionais como se verifica no Inquérito às Federações publicado pelo Instituto do Desporto e Juventude. Acresce que muito do enquadramento técnico e administrativo dos clubes é benévolo ou de duplo emprego, pelo que a situação, embora muito difícil, nada tem a ver com o dramatismo que se está a passar na cultura, com milhares de pessoas completamente desamparadas. Assim sendo, parece-me não ter qualquer sentido comparar a situação do desporto com a da cultura, setor ao qual prometeram 1% do PIB e estão a atribuir-lhe, tão só, a quinta parte (cerca de 0,21% apenas). Se os dirigentes desportivos querem que os políticos compreendam o desporto, enquanto realidade profunda da sociedade, têm de começar por ser capazes de compreender o desporto a partir do País e das suas circunstâncias económicas, sociais e políticas.
Por isso, não se percebe como é que se pode afirmar que o desporto está a ter “um tratamento claramente discriminatório” e muito menos que se trata de “um dos sectores mais expostos ao impacto da crise”. Repare-se que toda a superestrutura continua a ser alimentada financeiramente pelo Estado e o verdadeiro profissionalismo para além do futebol é exíguo e, em alguns casos, pejado de atletas estrangeiros. E também não se podem compreender as lágrimas de crocodilo que as mais diversas entidades choram devido a umas escassas centenas de milhares de praticantes estarem privados da atividade desportiva formal. Desde logo porque, ao longo das últimas pelo menos duas dezenas de anos, nunca ouvimos essas mesmas entidades manifestar o mínimo lamento por Portugal estar, miseravelmente, na cauda da União Europeia em termos de prática desportiva enquanto descarta (deixa abandonar) dessa prática cerca de 90% dos jovens quando atingem os 18 anos de idade para, de seguida, contratar atletas estrangeiros, a fim de fazerem parte das seleções nacionais e das delegações nacionais que inclusivamente participam nas edições dos Jogos Olímpicos!
Também não se compreendem as histriónicas lamentações da cúpula do desporto nacional que, à custa da pandemia, reforçaram o discurso do “queremos mais dinheiro” esquecendo-se que, desde que o país aderiu ao Euro, a casa da Moeda deixou de imprimir papel-moeda, pelo que para terem mais dinheiro ele terá de ser subtraído de outras quaisquer entidades, eventualmente com verdadeiras restrições, carências manifestas e necessidades não satisfeitas.
Infelizmente alguma comunicação social alinha em reportagens que, por ausência de sentido crítico e de contraditório, acabam por fazer passar uma narrativa que não expressa verdadeiramente o que na realidade acontece. E a ideia que sobressai é a de que Portugal em matéria de apoio do Estado ao desporto “está longe dos milhões da Europa”. E, regra geral, são apresentados alguns exemplos que, se em termos absolutos nada significam, quando verificados em termos relativos a conclusão é precisamente a contrária daquela que querem fazer passar. Pelo que, se olharmos com olhos de ver, chegamos facilmente à conclusão de que o problema do desporto nacional não é falta de dinheiro, antes pelo contrário, o problema do desporto nacional é dinheiro a mais e, sobretudo, dinheiro fácil, gerido sem organização, planeamento, objetivos claros e à margem de controlos externos, sistemáticos, competentes e credíveis. Um dinheiro despendido num sistema balcanizado, burocratizado, gerador de desperdícios, duplicação de funções, conflitos de competências, ausência de estratégia de desenvolvimento, desorientação, gestão política por impulsos, com o Alto Rendimento proletarizado e a mais completa ausência de um rumo claro a partir da base da Pirâmide de Desenvolvimento. Um sistema que acaba por ficar nas mãos de dezenas de organizações a funcionarem em roda livre, à margem de qualquer orientação política e, na máxima anarquia, sustentadas à custa do dinheiro dos contribuintes.
Por isso, quando a comunicação social, no quadro da estratégia do “queremos mais dinheiro”, é levada a proclamar que “Portugal está longe dos milhões da Europa”, é necessário considerar que uma coisa é o habitual folclore do discurso miserabilista de um faustoso desporto que prima nas ridículas galas em demonstrar quanto está afastado do país real e outra, completamente diferente, é a determinada pelos factos.
Comparemos, em termos relativos, os dados referentes a Portugal e a Espanha.
No âmbito do OE, uma comunicação social completamente escandalizada noticiou que o desporto nacional vai receber para o ano de 2021 a quantia de 65,4 M€ e Espanha vai receber 260,5 M€. Quer dizer que, se em termos absolutos o desporto português recebe do OE um quarto da verba do desporto espanhol, todavia, em termos relativos, uma vez que Espanha tem um território mais de cinco vezes maior e uma população mais de quatro vezes maior, o desporto português acaba por receber mais do Estado do que o desporto espanhol. E ainda acresce que à verba de 65,4 M€ do OE faltam contabilizar, pelo menos, mais cerca de 30 milhões de euros referentes aos Jogos Online e ao Placard, verbas que transitam diretamente da Santa Casa para as respetivas Federações. Nestes termos, o orçamento do desporto português por parte do Estado para 2021 rondará os 100 milhões de euros, o que significa bem mais de um terço do valor do orçamento espanhol, país que tem mais de quatro vezes a população portuguesa e um território cinco vezes maior do que Portugal. Assim sendo, o que se sugere é que a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, de imediato, a fim de contrariar os discursos demagógicos, no quadro de um Livro Branco do Desporto Nacional, publique um documento onde sejam divulgadas todas as verbas afetas pelo Estado ao desporto nos últimos dez anos, bem como aquelas obtidas através de organizações privadas nacionais ou internacionais como é o caso da Solidariedade Olímpica.
Mas se regressarmos ao ano em que se realizaram os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016), a fim de cruzarmos a informação financeira com os resultados desportivos, a situação ainda se torna mais expressiva. Em 2016, o orçamento do desporto espanhol foi de 175,5 M€ e o de Portugal cerca de 72 M€ correspondentes a 42 M€ do OE, acrescidos de 30 M€ respeitantes ao Desporto Escolar, aos Jogos Online e ao Placard. Quer dizer, o desporto português em 2016 teve quase metade da verba do desporto espanhol. Todavia, se olharmos para os resultados desportivos, podemos apurar que nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016) enquanto a Missão Espanhola foi composta por 306 atletas (163H; 143M) que competiram em 25 desportos e obtiveram 17 medalhas (7,4,6), a Missão portuguesa foi composta por 92 atletas (62H; 32M) que competiram em 16 desportos e conquistaram uma única medalha (0,0,1). Comparando os resultados conseguidos com o número de atletas da Missão Espanhola com os da Missão portuguesa temos de dizer que, nem nunca Coubertin disse que o “importante é participar” com o sentido que alguns lhe querem dar, nem os Jogos Olímpicos podem servir para fazer turismo à custa do bolso dos contribuintes.
Mas se, em função das condições proporcionadas, os resultados relativamente aos JO foram deveras medíocres com a agravante de terem sido despendidas avultadas verbas que deviam estar ao serviço da promoção do desporto, no que diz respeito à prática de base a situação desportiva portuguesa relativamente à espanhola é pior do que medíocre. Segundo o Eurobarómetro (2017), enquanto 14% da população espanhola pratica regularmente desporto e 40% diz nunca praticar, em Portugal só 5% da população diz praticar regularmente desporto e 68% diz nunca praticar.
O problema do desporto português não é falta de dinheiro. Sou mesmo de opinião de que, no estado atual da Situação Desportiva portuguesa, atribuir mais dinheiro ao desporto é agravar ainda mais a situação, uma vez que não é atirando dinheiro para cima dos problemas que eles se resolvem, como tem sido apanágio em muitas outras áreas em Portugal. Quando tal acontece fica-se sem o dinheiro e com mais e maiores problemas. É o que tem vindo a acontecer desde o golpe palaciano perpetrado em 2005. E quem quiser olhar para o futuro basta-lhe olhar para o futebol. Temos uma Federação rica e um futebol pobre do ponto de vista ético-cultural, que vive à custa de três ou quatro clubes, cujos exemplos que passam para a sociedade são pouco ou nada edificantes. Salva-se uma seleção de estrangeirados que, através das competições internacionais, contribui magnanimamente para o orçamento da Federação e, felizmente, ainda alimenta o umbigo nacional.
O desporto português necessita da assunção de um pensamento estratégico de regime. Para o efeito, é indispensável preparar um Processo de Tomada de Decisão sucinto tendo em atenção: (1º) Levantar a Situação Desportiva Real (aquela que existe); (2º) Analisar a Situação Desportiva Real em confronto com os países da EU; (3º) Determinar a Situação Desportiva Ideal (aquela que devia existir; (4º) Apurar o Nível Desportivo do País; (5º) Prospetivar o Nível Desportivo que se deseja obter a três Ciclos Olímpicos considerando valores nos marcos intermédios; (6º) Equacionar as grandes linhas estratégicas que, amplamente participadas, tendo em atenção o território nacional, hão de conduzir à melhoria do Nível Desportivo do País; (7º) Desagregar por Fatores de Desenvolvimento, por programas e projetos as grandes linhas estratégicas do desporto nacional; (8º) Determinar um sistema de controlo externo em tempo real; (9º) Orçamentar; (10º) Preparar o processo de decisão política de regime.
Trata-se de um Processo de Tomada de Decisão a ser elaborado de uma forma clara, precisa e concisa, sem narrativas inúteis e complicações desnecessárias pelo que deve ser formalizado em três, no máximo quatro páginas A4, de modo a ser compreendido, assumido e partilhado pela generalidade dos agentes. Depois, os programas e os projetos desenvolvem e especificam o que tiver de ser.
É de fundamental importância ultrapassar perspetivas de desenvolvimento suportadas em discursos vazios do tipo “o desporto é um desígnio nacional” porque, para além de só conduzirem a lado nenhum, fazem lembrar a qualquer ex-combatente como eu e tantos outros os velhos tempos da ação psicológica promovida pela PIDE/DGS nas Províncias Ultramarinas do regime colonial.
Por tudo isto, quando se ouvem os discursos de alguns dirigentes desportivos, há dezenas de anos agarrados ao poder ou a saltarem de poder em poder, completamente descontextualizados do País e da própria Situação Desportiva, a reivindicar direta ou indiretamente mais dinheiro, apetece-me parafrasear a velha frase de Bordalo Pinheiro e dizer: Queres mais dinheiro? … Toma…"

A argumentação


"A História da Europa, em relação à aplicação da Justiça, depende da época em que se está a falar e da influência da Igreja Católica...

O Homem socializado aprendeu a respeitar-se a si próprio e ao seu próximo, numa lógica de respeito por um ser que é irrepetível e cuja dignidade humana, dentro de um espírito humanista deve ser preservada a todo o custo. O Direito nasceu da necessidade de se regular a sociedade, com justiça e equidade, para ser possível viver, e conviver, com uma certa segurança e harmonia, sem um clima de confrontação permanente, entre as pessoas, e com paz.
A lógica da Justiça, assenta num princípio (cristão) de dar uma segunda oportunidade a quem prevaricou, depois de reconhecer que errou, e de se mostrar arrependido e com vontade de se integrar, de novo, na sociedade.
A pena servirá para ressarcir a sociedade do mal por ela sofrido, ao mesmo tempo que servirá também como remissão para aquele que cometeu o delito. Mas quem argumentar que uma oportunidade é pouco, levanta a questão de se saber quantas oportunidades serão necessárias para quem viola a lei, poder, um dia, reinserir-se na sociedade?
Segundo alguns juristas, até católicos, deverá ser sempre dada uma segunda oportunidade, mas este entendimento depende da latitude e longitude do lugar.
Há quem argumente que o cumprimento da pena redime o violador da norma, e fica a sociedade ressarcida. Mas então pergunta-se, em relação àqueles que violam a lei 6,7,8,9,10 vezes, e mais, deverá a sociedade alimentá-lo e cuidar dele eternamente???
É preciso argumentar, neste caso, à luz da Moral, da ética, e do espírito humanitário que caracterizam a Justiça na União Europeia, embora com “nuances”, de Norte a Sul da Europa.
A História da Europa pode resumir-se, no plano intelectual e sociológico a um confronto de ideias e ações entre a visão positivista e a visão cristã, e entre o existencialismo e o materialismo dialético, para além de outras análises decorrentes do pós-guerra (1939/45) e da necessidade de uma Europa que perdeu 60 milhões de cidadãos, se reorganizar para o progresso, o desenvolvimento e a paz.
A História da Europa, em relação à aplicação da Justiça, depende da época em que se está a falar e da influência da Igreja Católica, com o Vaticano como autoridade central ‘avalizadora’ dos regimes. Argumentar que uma pena a aplicar a um violador pode ser atentatória dos Direitos do Homem, aquando da primeira condenação, pressupõe que à segunda já é possível à Justiça aplicar um castigo que não permita mais a repetição do crime por impossibilidade material?!? E se alguns acharem excessivo, por desumano, qual a solução que preconizam?
De 1914/18 até 1939/45 assistimos a um recrudescer da barbárie, de 1780 a 1850, com a revolução do carvão e do ferro, e a revolução do aço e da eletricidade, de 1850 a 1914 as Nações prepararam-se para os maiores e dos maiores massacres da Humanidade na Terra. Chamaram-lhe Revolução Industrial, com 18 horas de trabalho diário, com trabalho infantil, com escravatura, com genocídios, mas tudo em nome do progresso. É preciso argumentar, explicando que a Igreja Católica, piedosa e política, foi responsável pela Inquisição que não foi inferior ao nazismo. E a Rússia em 1917? E o Japão em Pearl Harbour?
É preciso argumentar que a Escravatura acabou, mas não por razões humanitárias mas sim por razões de rentabilidade!!! É preciso argumentar, ou seja, é preciso que os jovens tenham formação e informação, para poderem, e saberem argumentar de modo a estarem em condições de saberem votar em eleições, já que precisamos de governantes que levem o país ao progresso, ao desenvolvimento e à paz."

Vitória em Ponte de Sor...

Eléctrico 0 - 6 Benfica

Mais uma excelente vitória, e sem sofrer golos... Série impressionante sem sofrer... isto, apesar de várias ausências!

Regresso às goleadas...

Benfica 4 -0 Amora
Carole, Ana Rita(a.g.), Prazeres(a.g.), Jolina


Goleada, que de facto foi um 2-2 com os auto-golos!!!
A grande novidade, foi mesmo o facto do jogo se ter realizado no Seixal...

Empate parvo...!!!

Sanjoanense 4 - 4 Benfica

A vencer 0-4 ainda na primeira parte, com 1-4 ao intervalo, não faz sentido nenhum permitir o empate a 4, a 16 segundos do final!!!
Por acaso, esta época, temos play-off, mas se fosse como nas épocas anteriores, já tínhamos deitado fora o campeonato com pontos perdidos simplesmente por desleixo!!!

Independentemente dos nossos deméritos, a Sanjoanense, conseguiu não fazer uma única falta nos últimos 20 minutos do jogo, inacreditável...!!!

Carole Costa foi despenalizada no dia 6


"O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, Secção Não Profissional, deliberou e considerou totalmente procedente, na passada sexta-feira, dia 6, o recurso apresentado pelo Sport Lisboa e Benfica para revogação do castigo aplicado anteriormente à futebolista Carole Costa [dois jogos, após expulsão na partida da Liga BPI, com o Marítimo, a 17 de outubro]. A decisão, por unanimidade do Conselho de Disciplina, e com toda a justiça, despenalizou a atleta – voltando esta a estar disponível para jogar pelo Clube a partir desse dia – e anulou o respetivo registo em sede de cadastro disciplinar.
O grupo de trabalho do Sport Lisboa e Benfica prossegue focado nos objetivos desportivos definidos e realiza esta noite a partida com o Amora FC (jogo adiado da 5.ª jornada da Liga BPI), no Benfica Campus, às 21 horas – direto BTV. Um jogo de cada vez, À Benfica!"