sábado, 17 de outubro de 2020

Derrota inesperada...

Riba d'Ave 5 - 4 Benfica

Este ano vamos ter play-off's, portanto estes deslizes têm menos importância... mas nem assim os 'apitadeiros' dão descanso... Independentemente da forma incompetente como continuamos a 'atacar' os LD, hoje, voltámos a sofrer as consequências de tentar sobreviver no lodaçal que esta modalidade se transformou...

Derrota com 10...

Arouca 1 - 0 Benfica B


O jogo estava equilibrado, por 'baixo', com poucas oportunidades, mas a expulsão do Morato mudou a dinâmica do jogo... Se o 2.º amarelo até foi correcto, o 1.º foi um absurdo!
Sem o Gonçalo, a equipa não 'sabe' marcar golos!!!

Memórias...



"Em dia de jogo com o Sporting, o foco do #PortoaoColo continua a ser o SL Benfica.
Há 16 anos, tal como hoje, continuam a querer fazer-se de vítimas e hoje recordam mais uma vitória à #PortoaoColo com a ajuda do inesquecível Olegário Benquerença.
O ruido antes desse famoso jogo por parte do #portoaocolo, algo que já é habitual há largos e largos anos, serviu para influenciar e pressionar o árbitro, e como se pode confirmar pelos relatos da época teve uma exibição onde "pior é impossível"."

SL Benfica | O adeus a Vasiliy Kulkov, Ângelo Martins e Augusto Matine


"Como explicar tão terrível semana para o universo benfiquista? Assim de rompante, num período de quatro dias, três figuras da história do SL Benfica despedem-se rumo ao Quarto Anel, provocando saudade eterna naqueles que com eles tiveram oportunidade única de conviver ou naqueles que apenas apreciaram, a cada fim de semana, o seu talento de águia ao peito.
Vasiliy Kulkov, há mais de um ano a travar intensa batalha oncológica, viu-se inesperadamente diante de outro monstro chamado Covid-19. O homem que sempre demonstrou frieza ilimitada bateu-se corajosamente, mas a bagagem acumulada de uma vida recheada de prazeres foram peso insuportável. 
Chegou a Lisboa em 1991, famoso para lá da cortina de ferro à conta do destaque num Spartak europeu. Enquanto líbero, assumiu-se no gigante moscovita e ajudou-o a chegar às meias-finais da Liga dos Campões – numa edição onde só caíriam aos pés do futuro campeão, o Olympique de Marseille do inveterado Tapie, depois de eliminar o Real Madrid CF.
Eriksson apreciava as suas qualidades e fê-lo chegar ao Benfica juntamente com o enfant terrible Sergey Yuran, craque do Dínamo de Kiev. Na Luz, seriam sempre figuras problemáticas, já que, habituados à rigidez soviética, viam no clima temperado português e na nossa lendária… hospitalidade motivos para dispersar atenções além dos assuntos da bola.
Vasiliy, porém, marcou o seu nome na cultura encarnada com uma das suas melhores características – nunca se amendrontava e, como tal, era figura nos jogos grandes – o que lhe possibilitou marcar em Londres, no 3-1 ao Arsenal FC, ou no ainda mais memorável 4-4 de Leverkusen, onde fez dois golos de belo efeito.
Pêndulo que equilibrava a ânsia ofensiva de uma máquina futebolística composta por Rui Costa, Isaías, João Vieira Pinto e Vítor Paneira, o russo deixou muitas saudades na Luz – apesar de, após três temporadas, se ter mudado para a Invicta.
«Adorei jogar no SL Benfica e no FC Porto. São dois grandes clubes, não consigo dizer se um é melhor do que o outro. Fui bem tratado por toda a gente. Se calhar eu é que não tratei bem todos», dizia em 2011, por ocasião das meias-finais portuguesas da Liga Europa. Exposto fica o carinho que pelo nosso país teve e, sobretudo, a mea culpa por todos os casos de indisciplina fora de campo. Assuntos que, por agora, pouco interessam.

 

Pouco depois, abalou Ângelo Martins – um dos nossos imortais, bicampeão europeu de clubes, com 14 épocas como jogador profissional e muitas mais outras como elemento da staff técnico, onde se destacou como impressionante formador de talentos.
Das suas mãos saíram Humberto Coelho, João Alves, Jordão, Néne, Shéu, Vítor Martins ou Chalana: delapidador de diamantes de primeira categoria, o mais alto mandatário dos valores à Benfica de rectidão, frontalidade e competência, dele ficou famoso o feitio díficil. O mesmo feitio que lhe permitia, na mocidade, encarar os transeuntes junto ao estabelecimento do seu pai, na Travessa das Antas, que o desafiavam a envergar a camisola do FC Porto, «Sou do Benfica!», dizia então orgulhosamente com cara feia.
Esse desejo eterno cumpriu-se aos 20 anos, quando os responsáveis lisboetas conseguiram levá-lo para lá do Mondego depois de complicações burocráticas. Das suas conquistas e números muito se falou por estes dias e seria exercício fútil voltar a enumerar, ponto por ponto, a enormidade de pinceladas que deixou na nossa história.
É-me mais fácil eternizar a sua memória com uma das suas famosas rábulas – e a que melhor define o seu carácter valente, talvez. Amesterdão, 2 de Maio de 1962. O Benfica acaba de derrotar o Real Madrid de Di Stéfano por 5-3, e o estádio inunda-se com uma multidão em delírio à procura de Eusébio, Coluna e companhia.
Ângelo deixou-se apanhar já nas escadas para as cabines e empurrão para cá, para lá, e queda aparatosa com direito a perda dos sentidos. Grande sorte: à espreita estavam um par de agentes da autoridade prontos a socorrê-lo – embrulharam-no à pressa num cobertor e acharam uma cabine telefónica por perto, intepretando-a como melhor solução de refúgio até acalmar a histeria.
Não esperaram muito, não podiam nem deviam, decidiram abrir caminho à bastonada até à segurança do balneário onde já se aliviavam os restantes parceiros de equipa. Lá chegado, recupera pouco depois os sentidos. O primeiro reflexo é verificar se perdera alguma parte do corpo; estando tudo no sítio, cospe tirada que se tornou lendária: «O velhote Ângelo não morre tão cedo. Ainda hoje caíram 50 em cima dele e já está pronto para outra!», enquanto corre para abraçar a taça que tanto suor custou a ganhar. Foi com essa desfaçatez e sentido prático que comandou toda a sua vida profissional, encaminhada sempre pela paixão ardente a um emblema e a uma causa, ou Mística, que tão bem soube personificar.
Como se não bastasse, dois dias depois de nos despedirmos de uma personalidade desta estirpe, fomos obrigados a dizer adeus a outra presença vincada da vida do clube: Augusto Matine, atleta no final dos anos 60 e princípio dos 70, que chegou à Luz como o sucessor de Mário Coluna.
Missão para Sísifo, mas, em 1967, o menino Augusto chega disposto a lutar por um lugar ao sol da lenda encarnada, com a genica dos grandes e com Lourenço Marques às costas no apoio. Na terra natal era o playmaker do Central, clube da segunda divisão, do qual envergava a camisola apenas para manter o emprego, bem prioritário naquele tempo.
Ângelo Oliveira, grande jornalista moçambicano e responsável por chamarem Moçambola ao campeonato do país, foi um dos impulsionadores da sua carreira, entregando-lhe o prémio de Melhor Médio da Capital no ano da sua despedida.
Por cá, vingou principalmente com a sempre honrosa camisola do Vitória sadino, onde desfilou as qualidades ímpares que lhe valeram nove internacionalizações A e a participação na Minicopa do Mundo de 1972 – à arte de bem desarmar juntava a subtileza dos grandes criativos, o saber ser ladrão e maestro, qualidades inatas a um dos grandes ‘8’ do seu tempo.
Tanto assim é que, depois de chegar a Setúbal como moeda de troca por Vítor Baptista, ainda volta a Lisboa para participar no campeonato invicto de Jimmy Hagan, em 1972-73. Como treinador, projectou remodelações no futebol do seu país, chegou a seleccionador nacional (2001-02) e constituiu-se como uma das principais vozes do progresso desportivo da terra que nunca esqueceu.
Se à colossal importância histórica de Ângelo Martins juntarmos a estima que toda uma nação teve, tem e terá por uma figura como Augusto Matine – e onde o Benfica foi a bandeira de uma longa e prestigiada carreira – e as lembranças açucaradas que Vasiliy Kulkov deixou numa geração mais recente de benfiquistas fiéis e apaixonados, é impossível disassociar os últimos dias como momentos de enorme tristeza, onde não pode existir lugar a ingratidões ou ressentimentos mesquinhos. A um clube que honra os seus e que se assim se mantenha."

Folhetins, ambiguidades e incertezas


"Morreu o bicampeão europeu Ângelo Martins e nem um minuto de silêncio no jogo da Selecção. No Benfica jamais o esqueceremos

Uma reflexão importante sobre o tamanho dos diversos plantéis em tempos de Covid. Nunca como agora se justifica ter um plantel mais longo e com mais soluções. De repente um plantel poderá ficar sem seis ou dez jogadores e ver comprometido um ano desportivo. Tudo o que seja aproximar a verdade desportiva e diminuir o aleatório é bom para o Benfica. O que se passa na Juventus é o preâmbulo de uma época atípica. Temos de ter cuidado, ter atenção e ter soluções.
Esta época vai ser cheia de folhetins, de ambiguidades e de incertezas. Jogos adiados sem critério, equipas limitadas com infectados ou incertezas de quem estará disponível até à hora dos jogos são algumas das telenovelas que já se apresentaram. Mas vai haver mais e por isso um plantel longo com boas soluções. põe-nos mais perto daquilo que queremos, ou seja, vencer. É bom o Benfica ter um plantel um pouco mais longo daquilo que á habitual.
Benfica vai ao Estádio dos Arcos para um difícil jogo no domingo. Só interessa o nosso jogo, nada mais. O nosso clássico é em Vila do Conde. Esperamos um Benfica forte, revigorado e com vontade de manter a liderança, que temos agora e ambicionamos na 34.ª jornada. A deslocação à Polónia para a Liga Europa, neste momento, interessa pouco, só Vila do Conde nos deve preocupar até domingo à noite.
A Selecção Nacional foi empatar a França contra o Campeão do Mundo e o seu treinador saiu insatisfeito. Só é possível a treinadores de topo e a uma Selecção gigante. Depois, sem o mais conceituado jogador, vencemos 3-0 a Suécia como se tudo fosse normal, frequente e fácil. Parabéns, Fernando Santos, há muitos que esperam dizer mal, mas estão com a vida complicada.
Morreu Ângelo Martins e nem um minuto de silêncio (jogo da selecção) ao bicampeão europeu nascido na cidade do Porto, que vestiu a camisola do grande Académico do Porto e do enorme Benfica. Jogou à Benfica e jamais será esquecido, mesmo que alguns não tenham notado que por 20 vezes vestiu a camisola das quinas com orgulho e talento. Ângelo, tudo faremos para que o 38 também seja teu, no Olimpo onde descansas. Podes ter a certeza de que no Benfica jamais te esqueceremos."

Sílvio Cervan, in O Benfica

Ângelo


"Desde miúdo que, para mim, “Ângelo” era sinónimo de benfiquismo e grandeza. Apercebi-me da presença constante do nome Ângelo nos maiores feitos do clube ao perscrutar os livros sobre o Benfica, mas era pela voz do meu pai que “Ângelo” ressoava em mim como um símbolo benfiquista, merecedor de admiração incondicional e de múltiplos elogios.
Havia uma clara distinção entre a linha da frente e os outros. O Ângelo fazia parte dos outros, igualmente imprescindíveis. A polivalência do Cavém, a “loucura” do Cruz, a classe do Germano e a raça, mas com técnica, do Ângelo, em nada eram desmerecidas pelo meu pai nas sucessivas e reiteradas loas, obviamente nostálgicas, ao Benfica europeu da década de 60.
E, quanto ao Ângelo, acrescia a particularidade do meu pai ter tido o privilégio de o ter conhecido. O Ângelo não era apenas um dos maiores nomes da história do Benfica, sabia-o também um defensor intransigente da causa benfiquista, um formidável contador de histórias e um homem que conjugava uma rara capacidade para se mostrar disciplinador com os miúdos que formava enquanto, num registo informal, agraciava os convivas com o seu sentido de humor apurado.
E os anos passaram, cresci, desenvolvi a minha cultura benfiquista e tornei-me autor de vários livros sobre o nosso clube. Foi na apresentação de um deles que o Ângelo, o super-herói, passou a ser, para mim, de carne e osso, o Senhor Ângelo. A humildade e simpatia do Senhor Ângelo foram desconcertantes. Não fiquei seguro de ele se ter apercebido do meu aperto de mão carregado de admiração, adquirida e herdada, que sentia por ele. E, por isso, fiz questão de a verbalizar. Nunca esquecerei a resposta: “Meu amigo, todos fazemos o que podemos pelo nosso Benfica”. Paz à sua alma!"

João Tomaz, in O Benfica

Preparem as gargantas


"Mais cedo ou mais tarde, vamos voltar às bancadas do estádio e dos pavilhões da Luz. Sejam mil adeptos, apenas 50 ou 33% da lotação total de cada recinto, vai voltar a haver gente a apoiar as nossas equipas em competição. É o caminho normal, apesar de os números da covid-19 continuarem tão altos como em Abril passado. Aos poucos, por todo o mundo, vamos vendo espectáculos desportivos com público, seja nos campeonatos de futebol francês e holandês ou nos jogos da selecção nacional. E nem vale a pena estar a discutir novamente a embirração com o público afecto ao futebol, essa é uma questão já debatida.
O que me importa aqui é que poderemos estar, brevemente de volta ao apoio in loco ao Sport Lisboa e Benfica. E, qualquer que seja a forma de selecção dos felizardos e felizardas que vã poder ver um jogo ao vivo, interessa que quem lá for esteja preparado para incentivar a equipa. Como temos visto em algumas transmissões de eventos desportivos com presença de público, é óbvio que os ânimos esfriaram. Já não há infernos nem pressão vinda da bancada, devido ao distanciamento, mas isso tem de mudar.
Pouco importa se seremos 50, 1000 ou 20000 nas bancadas. Os que lá forem terão de vestir a camisola e estar preparados para gritar, aplaudir, incentivar e cantar como se não houvesse amanhã. Vai ser estranho fazê-lo num estádio quase vazio? Claro que sim, mas estranho é a palavra-chave para o tempo que estamos a viver. É tempo de irmos preparando as gargantas para o que aí vem. Quem não se sinta com capacidade para fazer barulho e puxar pela equipa durante mais de hora e meia, que faça como até agora e apoie à distância. Nem tão cedo voltaremos a sentir o Inferno da Luz com a casa cheia, mas com um terço da lotação - e com a alma de quem lá for - temos de fazer a diferença."

Ricardo Santos, in O Benfica