sexta-feira, 2 de outubro de 2020

O nosso tempo


"Queira-se ou não, goste-se ou não, o futebol é hoje, em todo o mundo, e à semelhança de tantas outras, uma actividade fortemente mercantiliada, na qual o dinheiro dita quase todas as leis. Isto exige dos clubes uma abordagem predominantemente empresarial, que muitas vezes entra em choque com as emoções dos adeptos - parte deles saudosista de um outro futebol, e de um outro tempo cada vez mais remoto.
Por isso mesmo, é pura demagogia criticar as vendas de jogadores num clube como o Benfica, enquadrado num campeonato periférico, sem visibilidade e com parcas receitas, como se tal fosse de alguma forma evitável ou correspondesse apenas a um capricho dos dirigentes. De facto, temos uma má notícia: o Benfica vende e continuará a vender jogadores, pois disso depende o seu modelo de negócio - único possível no contexto português. Pior do que isso, venderá precisamente os melhores, pois são esses que têm mercado e garantem receitas substanciais, além de que são também os que sentem o apelo de propostas salariais milionárias, irrecusáveis e impossíveis de acompanhar.
Rúben Dias é apenas o caso mais recente, em negócio realizado por números impressionantes, sobretudo se tivermos em conta uma conjuntura de de pandemia. Todos gostamos do Rúben, e lamentamos vê-lo sair. Cresceu no Benfica, chegou à equipa principal, brilhou, conquistou títulos, e agora deixa uma fortuna nos cofres do clube. Resta-nos aceitar, agradecer-lhe, desejar que seja feliz, e esperar que um dia, dentro de alguns anos, depois de uma brilhante carreira internacional, possa regressar a uma casa que será sempre a sua."

Luís Fialho, in O Benfica

Pimenta & Vasconcelos


"Fernando Pimenta e Joana Vasconcelos arrasaram, no passado fim de semana, em águas húngaras. Ambos integram o lote de 40 notáveis atletas do Sport Lisboa e Benfica inseridos no projecto olímpico do Clube. Fernando e Joana preparam-se para os Jogos Olímpicos do Japão e, devido à pandemia, tiveram de alterar os seus planos. Ambos são orientados pelo mesmo treinador, o competentíssimo Hélio Lucas. Tenho o privilégio de conhecer os três e confesso que não estou espantado com os seus feitos. Há cerca de um ano, Hélio Lucas alertou-me para os planos traçados e perspetivou grandes resultados para os nossos canoístas internacionais. Fernando Pimenta, João Ribeiro, Messias Baptista, Teresa Portela e Joana Vasconcelos formam um quinteto de excelência que a professora Ana Oliveira, em boa hora, juntou no Benfica Olímpico, esse projecto que o presidente Luís Filipe Vieira delineou e inovou em clubes portugueses. A 100.ª medalha em provas internacionais de Fernando Pimenta leva-me à seguinte reflexão - como é que ele conseguiu? Com muito trabalho, disciplina férrea e método exemplar. O caso do Fabuloso Pimenta, como resolvi rebatizá-lo, tem de ser estuado. Não é normal alguém com apenas 31 anos de idade apresentar semelhante palmarés, quer em Campeonatos do Mundo, quer em Campeonatos da Europa, quer em Taças do Mundo. O seu grande desafio são os Jogos Olímpicos, onde ambiciona, pelo menos, uma medalha de ouro, pois a de prata, em 2012,nos Jogos de Londres, faz parte do passado. Em Tóquio, no próximo ano, poderemos ter 27 a 30 atletas do SL Benfica a representar Portugal em seis modalidades - atletismo, canoagem, judo, natação, taekwondo e triatlo. A isto chama-se excelência."

Pedro Guerra, in O Benfica

All lives matter!


"Não é novidade que, para o Benfica, a cor da pele não é documento, aliás, um dos heróis de sempre do nosso Benfica e do nosso Portugal será sempre Eusébio, ele próprio um símbolo da igualdade racial internacionalmente conhecido como 'Black Panther' e saudosamente recordado por todos os do futebol como o 'King'. Somos um clube humanista, solidário, justo e lutador. No campo, pelos títulos; fora dele, pela justiça social, pela igualdade e pelos direitos humanos, com uma acção cada vez mais musculada e reconhecida em Portugal e no mundo através da Fundação que em boa hora o Sport Lisboa e Benfica instituiu para isso mesmo, exigindo-lhe ao longo dos anos que faça cada vez mais e em maior escala, à Benfica!
Por isso multiplicam-se os projectos nesta área particular a igualdade e da luta contra todas as formas de discriminação e muito particularmente a discriminação racial, uma das mais primárias, injustas e generalizadas no mundo. 'Show Racism the Red Card', 'Welcome through Football', 'Comumunity Champions League', entre muitos outros com denominador comum: uma designação em inglês motivada pela abrangência internacional dos projectos, desenvolvidos em rede com outras fundações de grandes clubes europeus, agências governamentais e ONU, por um lado e, por outro, combater a discriminação e promover a inclusão, o diálogo intercultural, a tolerância interétnica e a desradicalização social.
Fazemo-lo utilizando o poder do futebol e a enormidade do Benfica para uma acção concreta nesta causa mais que justa, por isso, foi com orgulho que, à presente data, fomos os primeiros e únicos, da I e da II Liga, a aderir ao projecto Black Lives Matter - Matosinhos, integrado no movimento Black Lives Matter. Porque, como bem se sabe, para os benfiquistas, todas as vidas contam!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Rúben Dias e a marca dum Benfica global


"Nunca nos esqueceremos das lágrimas de Eusébio no Mundial de 66, mesmo que ainda não fôssemos nascidos. Nunca nos esqueceremos das lágrimas de Rui Costa, no lugar onde normalmente estaria um festejo, após marcar, com a camisola da Fiorentina, um golo ao "seu" Benfica.
O rosto dos heróis em lágrimas é, naturalmente, marcante porque é o momento em que se revelam homens, e não deuses, como por quem, sem querer, tantas vezes os tomamos. Mas, com Rúben Dias, aconteceu qualquer coisa diferente: deu-nos a imagem inesquecível de um jovem capitão que não se permite chorar. Diante dos jornalistas, no fim do jogo que sabe ter sido o da despedida, braçadeira de capitão aos 23 anos, o golo que abriu o resultado e o título de homem do jogo: as palavras vão chamar o choro e ele não deixa. Como tentaria não deixar depois, no balneário, discursando perante os companheiros, o Presidente e treinador, mas já não seria possível, por mais estóico.
Ali, nessas lágrimas a que não se consentiu, estava Rúben inteiro. O "centralão", como desde cedo lhe chamaram. O líder natural que se impôs, com a duríssima missão de suceder a Luisão e conseguiu, da forma mais bonita possível, que não sentíssemos a orfandade de Luisão. A voz de comando da defesa e o central de classe, de grande qualidade de passe, tantas vezes o primeiro construtor de jogo da equipa. 
Todos ficámos tristes com a saída de Rúben Dias, mas é apenas o futebol a acontecer. Chegou aos 11 anos ao Benfica, foi capitão e campeão pelos escalões por onde passou, chegou à equipa principal, tornou-se titular indiscutível, foi campeão nacional, indiscutível da seleção A, um dos capitães de equipa, fez três temporadas de grande nível e sai agora para um dos mais poderosos clubes mundiais, por uma verba que já quase parece normal, mas que constitui, na verdade, a segunda maior transferência da história do Benfica.
Tudo normal, tudo natural, tudo lógico. Pensar que o contrário seria possível é fechar os olhos para não ver a realidade – mas ela vai continuar lá. Não há como segurar atletas a carreira inteira quando despertam há tanto tempo tanta cobiça e há organizações com orçamentos tão superiores e tão disponíveis para lhes oferecer as remunerações que nenhum clube português pode pagar. Rúben é apenas o mais recente caso de algo que agora corre o risco de parecer fácil, mas que era, há apenas meia dúzia de anos, visto como impossível: que o Benfica tivesse na formação não só um dos grandes municiadores de jogadores para a equipa principal, mas também uma das suas maiores fontes de receita.
Desde que o centro de formação foi inaugurado, em 2005, foram já 446 milhões de euros alcançados em vendas de atletas vindos do Seixal.
Estas receitas significam, primeiro do que tudo, a enorme valorização dos jogadores, mas também a enorme valorização da marca Benfica. Mas estes números significam ainda outra coisa. É graças a eles que o Benfica tem conseguido o enorme salto qualitativo dado nos últimos anos, a modernização do clube e, em última instância, o próprio reinvestimento no crescimento do Seixal, para que cada vez mais Rúbens sejam possíveis.
Tudo isto só faz sentido, todavia, se os jovens do clube continuarem a chegar à equipa principal. Sabemos que não podem ficar para sempre. Há muito que não podem ficar para sempre. Nem no tempo de Eusébio se ficava para sempre. É impossível reter talentos no nosso futebol, mas eles fizeram parte do nosso futebol. Escreveram a história das tardes de sábado na Luz dos últimos anos, incendiaram os campos de todo o país, ergueram taças, gritaram por nós e nós por eles. E é assim que tem de continuar a ser, com os Gonçalos Ramos e os Dantas, e os Embalós, e os Camarás, e todas as grandes esperanças do Benfica. E para isso, é preciso que Jorge Jesus tenha feito essa evolução da sua versão 1.0 para esta 2.0: reconhecer e apostar no que já o mundo inteiro reconhece e aposta.
Não havia nenhum problema em chorar, Rúben. Nenhum. Teria sido tão belo e comovente, como foi com outros antes de ti. Que comece já no fim desta época, quando te sagrares campeão inglês – e português."

Liga Europa


Realizou-se hoje o sorteio da Liga Europa, desta vez foi um sorteio 'mais ou menos'!!! Normalmente levamos sempre com as equipas mais complicadas...!!!
Standard Liége, Glasgow Rangers e Lech Poznan, nomes interessantes, com história, e que em condições normais, até poderiam dar em jogos atractivos na Luz... E tenho a certeza que com público nos estádios, na Escócia e na Bélgica o sector dedicado aos Benfiquistas teria cheio e mesmo na Polónia levaríamos muita gente!!!

Desportivamente, temos tudo para ganhar o grupo, mais tudo vai depender das opções do Jesus! Com um calendário super-apertado, vai haver muita rotação na Liga Europa, é expectável um Benfica, com a 'segunda' unidade em campo... teremos que aguardar para verificar a resposta! Até porque os plantéis ainda não estão fechados... Mas numa altura 'depressiva' socialmente, com os primeiros jogos a serem realizados antes das eleições, será muito importante chegar longe na Europa, pois os adeptos estão famintos de sucessos...

Calendário:
1.ª Lech Poznan-Benfica, 22/10 | 17h55
2.ª Benfica-Standard Liège, 29/10 | 20h00
3.ª Benfica-Rangers, 05/11 | 17h55
4.ª Rangers-Benfica, 26/11 | 20h00
5.ª Benfica-Lech Poznan, 03/12 | 20h00
6.ª Standard Liège-Benfica, 10/12 |17h55


Grupo A
Roma
Young Boys
Cluj
CSKA Sófia

Grupo B
Arsenal
Rapid Viena
Molde
Dundalk

Grupo C
Leverkusen
Slavia Praga
Hapoel Beer Sheva
Nice

Grupo D
Benfica
Standard Liège
Rangers
Lech Poznan

Grupo E
PSV
PAOK
Granada
Omonia

Grupo F
Nápoles
Real Sociedad
AZ Alkmaar
Rijeka

Grupo G
SC Braga
Leicester
AEK Atenas
Zorya

Grupo H
Celtic
Sparta Praga
Milan
Lille

Grupo I
Villarreal
Qarabag
Maccabi Telavive
Sivasspor

Grupo J
Tottenham
Ludogorets
LASK
Antuérpia

Grupo K
CSKA Moscovo
Dinamo Zagreb
Feyenoord
Wolfsberger

Grupo L
Gent
Estrela Vermelha
Hoffenheim
Slovan Liberec

Expectativas elevadas


"Nas duas jornadas inaugurais da Liga NOS, o Benfica obteve dois triunfos e foi muito elogiado pelas exibições. É natural que, agora, se espere o mesmo da nossa equipa, visto que os indicadores foram bastante positivos nos dois jogos anteriores e dispôs de mais uma semana de trabalho para afinar processos e aumentar o entrosamento entre jogadores e setores. 
Desta feita o adversário será o recém-promovido Farense, que ainda não somou qualquer ponto neste regresso ao convívio dos grandes. No entanto, e de acordo com os analistas, a situação dos algarvios poderia ser outra tendo em conta o equilíbrio verificado nas duas partidas realizadas.
Apesar de o Farense ter participado no principal escalão, pela última vez, em 2001/02, há uma longa história entre ambos os clubes, com vantagem acentuada para as nossas cores. Nos 23 jogos disputados em casa a contar para o Campeonato Nacional, vencemos 20, empatámos dois e perdemos um (69-13 em golos).
Nem o momento de ambas as equipas, nem o histórico de confrontos entre os clubes terão qualquer influência no desenrolar da próxima partida. A nossa equipa terá de estar focada e determinada e, também, de ser eficaz, sabendo que defrontará um adversário que lutará por um resultado positivo.
O objetivo é somar mais três pontos. É sempre com o triunfo em vista que a nossa equipa tem vindo a preparar-se afincadamente ao longo destes anos no nosso clube.
Mas o dia de ontem ficou também marcado por factos que demonstram a qualidade do trabalho que tem sido realizado no Benfica.
Foi aprovado o Relatório e Contas da SAD relativo ao exercício 2019/20, bem como a proposta de aplicação do segundo maior lucro de sempre da nossa SAD (5% de reforço da reserva legal e o remanescente para resultados acumulados).
E Rafa foi escolhido, pelo selecionador Fernando Santos, para os jogos de Portugal com as congéneres de Espanha, França e Suécia, numa convocatória, mais uma vez, dominada por jogadores formados no Benfica (oito), patenteando o excelente trabalho desenvolvido ao longo dos anos no Benfica Campus (o mesmo se verificando nos Sub-21, com sete atletas Made in Benfica entre os convocados).

P.S.: Foi realizado, ao início da tarde, o sorteio da fase de grupos da Liga Europa. O Benfica medirá forças com Standard Liège, Glasgow Rangers e Lech Poznan."

Semanada...


"1. A Venda de Rúben Dias. Depois de três anos na equipa principal, Rúben Dias foi vendido. Não foi o melhor negócio de sempre, mas foi o negócio possível. O Benfica está vendedor depois do desaire na Champions League. As vendas poderão não ficar por aqui. Luís Filipe Vieira diz que o Benfica também tem que ser um negócio e tem razão. Mas está na altura de aprender a não colocar todos os ovos no mesmo cesto. O Benfica teve que vender Rúben Dias porque nos meses de Julho, Agosto e Setembro, quando poderia e deveria ter feito vendas para acautelar o investimento todo que estava a fazer e a hipótese de falhar a Champions League, não fez nada. Se nesse tempo tivéssemos vendido jogadores como Seferovic, Cervi, Pizzi e outros jogadores secundários mas com algum mercado, hoje em vez de nos desfazermos de Rúben Dias e Carlos Vinícius só estaríamos a vender Carlos Vinícius.
2. O Empréstimo de Carlos Vinícius. A partir do momento que Darwin chegou, Carlos Vinícius só poderia desvalorizar e a saída acaba por ser inevitável. Vinícius vai ser o segundo ponta de lança do Tottenham atrás de Harry Kane. O Tottenham sempre foi um clube pouco gastador. Como tal, o facto deste negócio ser um empréstimo dá-me pouca esperança de que Carlos Vinícius seja efectivamente vendido. Se o brasileiro corresponder minimamente, talvez no ano seguinte, talvez um clube como o Newcastle ou o Wolverhampton acabe por contratar o jogador. Se o brasileiro não corresponder, ninguém nos paga nem 20 milhões por ele. O cenário de Vinícius ficar não era ideal. Mas este cenário de estarmos dependente dos minutos que Harry Kane não vai ter, também está longe de ser melhor. Estou bastante céptico. Mais uma vez, sabendo que havia Seferovic e Carlos Vinícius, porque é que fomos gastar 25 milhões noutro ponta de lança sem vendermos um dos outros dois primeiro? É mais um exemplo de má gestão.
3. Nicolás Otamendi. Entre Rúben Semedo e Nicolás Otamendi, eu optava por Rúben Semedo todos os dias. Acho que é um central perfeito para Jorge Jesus, muito forte fisicamente e bom com bola. É um jogador que poderia ser titular no Benfica cinco-oito anos. Nicolás Otamendi também acaba por ser um bom reforço também. Tem 32 anos e sem um grande histórico de lesões. O contrato de três anos acaba por encaixar bem. Quanto ao preço, nós não vamos pagar nada. Quando devemos 50€ a um amigo e ele nos deve 30€, como é que acertamos as contas? Vai ser o mesmo aqui. Benfica e Manchester City inflacionaram os valores de Rúben Dias e de Nicolás Otamendi para efeitos do Fair-Play Financeiro porque as mais-valias de uma venda entram todas este ano, enquanto o custo da contratação só entra o valor da depreciação anual.
4. Filip Krovinovic foi emprestado e Cristian Lema foi vendido. Krovinovic só tinha mais dois anos de contrato. Mas o que consta é que renovou até 2024 antes de ser vendido. O que faz sentido, se não para o ano quando regressasse do empréstimo estaria a seis meses de assinar livremente com quem quisesse. No WBA vai ter tempo de jogo e poderá valorizar. Já Lema acaba por ser um final já esperado que a única coisa que surpreende foi o tempo que demorou.
5. Chiquinho, o novo 8. Temos visto Chiquinho como alternativa no meio campo, posição que ocupava na Académica e no Moreirense. Deverá discutir essa vaga no plantel com Pizzi e Taarabt que serão os outros dois jogadores apontados para aí. É uma posição que me parece que poderá beneficiar mais Chiquinho do que aquela que acabou por jogar com Bruno Lage.
6. Goleada no Hóquei. A época abriu no Hóquei e não poderia começar melhor. Goleámos o FC Porto por 7-3 num jogo muito completo da nossa equipa. Já tinha dito no artigo de antevisão da época. O FC Porto vai ser o nosso grande rival este ano. Na semana passada, apareceu sem Carlo di Benedetto que está lesionado e foi o primeiro jogo de dois dos reforços importantes. A equipa deles ainda vai melhorar. A nossa também Mas a vantagem de quatro golos no confronto directo já ninguém nos tira. O Campeonato termina em Playoff, mas a vantagem caseira poderá ser importante. Nota para o golaço de Lucas Ordoñez que correu o mundo e para a exibição de Pedro Henriques que fechou a baliza quando o jogo esteve mais apertado.
7. Estreias e jogos complicados nas Modalidades. Esta semana temos as estreias do Futsal Masculino contra o Modicus, que me parece o candidato mais forte ao 3º lugar, e do Basquetebol Feminino, contra a Quinta dos Lombos que tem sido uma equipa forte. Nos jogos complicados temos o Andebol Masculino que vai jogar a Braga contra o ABC, que vai ser mais um bom teste ao que a equipa vale e sem Petar Djordjic poderemos ter um infeliz surpresa, e o Voleibol Feminino vai jogar contra o Leixões e contra a AJM-FC Porto. A AJM-FC Porto é o maior candidato ao título. Já o Leixões é um clube que deverá andar no nosso nível. 8. Fernando Pimenta e Joana Vasconcelos. Fernando Pimenta foi Campeão Mundial em K1 1000m e em K1 5000m, e ainda medalha de prata no K1 500m. Joana Vasconcelos fez 1º lugar no K1 500m e 3º lugar no K1 200m também nas provas do Campeonato do Mundo de Canoagem. Fernando Pimenta completou 100 medalhas internacionais. E é um excelente indicador para os Jogos Olímpicos do próximo ano. Já Joana Vasconcelos foi uma pequena surpresa. Há oito anos atrás Joana Vasconcelos era uma grande promessa portuguesa. Demorou a corresponder, mas parece que aos 29 anos está a confirmar-se."

Rio Ave: obrigado


"É uma questão de tempo até ganhar definitivamente dimensão europeia

Que noite.
O Rio Ave pôs Portugal a vibrar e a sofrer, no fim de um jogaço em que deixou um gigante europeu a cambalear por quatro vezes e só lhe faltou um sopro mais para o atirar definitivamente ao chão.
Esteve perto, muito perto, de escrever definitivamente história. Não o conseguiu, é verdade, mas ninguém nos pode tirar este sorriso da cara: o sorriso de um país orgulhoso com uma sua equipa.
Lembro-me que há uns anos o Sp. Braga foi a Sevilha fazer uma exibição perfeita e vencer a equipa de Luís Fabiano, Kanouté, Negredo, Jesus Navas e Perotti por 4-3, para garantir a entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões. Nessa noite sentimos que o Sp. Braga acabava de se tornar uma equipa de dimensão internacional: uma equipa europeia, capaz de se afirmar em qualquer campo.
O Rio Ave ainda não chegou a esse ponto, mas para lá caminha. Este é um clube que não queima etapas, e todos os passos são dados naturalmente, numa sequência lógica de progressão.
Em Portugal já mostrou que consegue bater o pé a qualquer adversário, e quando os grandes vão a Vila do Conde é sempre jogo de tripla. Esta noite acrescentou a isso outra evidência: que pode enfrentar nos olhos um tubarão europeu, daqueles com sete Ligas do Campeões e quatro Mundiais de Clubes, e até vencê-lo. Sem sorte, sem favores, sem acasos: apenas com talento e futebol.
Não custa adivinhar que o Rio Ave se tornará nos próximos anos uma equipa de dimensão europeia. É o percurso normal para um clube que trabalha bem em vários aspetos.
Nessa altura, quando voltar a defrontar um tubarão europeu, a bola vai bater nos dois postes e entrar. E Portugal continuará a vibrar e sofrer como hoje. Orgulhoso de uma sua equipa.
Obrigado por isso."

Papu, o génio mais pequeno do mundo


"Tem ainda menos 5 centímetros que Messi, na prova repetida de que, como os piores venenos, também os melhores perfumes estão nos frascos mais pequenos. A Atalanta é um projeto extraordinário assinado por Gian Piero Gasperini, mas que depende decisivamente daquele 1,65m de gente que ilumina como um farol e orienta como um GPS. Podemos dizer que também há Zapata e Muriel, contratações bem fisgadas, e que agora chegou Miranchuk, na linha de Malinovskyi, mas, e para mais num momento em que permanece deprimido e ausente Ilicic, o vice-rei da equipa, não pode haver dúvidas de que esta Atalanta só existe assim com ele em campo: Alejandro Gomez, desde criança alcunhado de Papu.
Usa o 10, que não há número que lhe caísse melhor, e em todas as equipas foi ele e mais dez, desde a puberdade, que lá é uma pibe idade, no Arsenal de Sarandi, depois já num histórico do país, o San Lorenzo de Almagro. Aos 23 anos aterra em Itália, brilha em três épocas no siciliano Catania mas, sem que qualquer emblema vizinho o requisite, acaba chamado pelo dinheiro do Metalist, uma equipa entretanto desaparecida. Esteve só um ano no frio da Ucrânia, que o Atalanta o resgatou para o calcio, na melhor hora. Vai para a sétima época no clube de Bérgamo, onde bateu todos os recordes de assistências numa época (15, na época passada) desde que há recolha criteriosa desses dados (2004/05) e fez mais de 50 golos, só no campeonato. Hoje já ninguém tem dúvidas de que, apesar de tudo o que por lá fizeram Donadoni, Evair, Bonacina, Caniggia, Doni ou Stromberg, Papu Gomez ficará, bem destacado, como o melhor jogador da história da Atalanta.
Questiono-me sempre se poderia ser tão grande num clube gigante, remetido para tarefas de obrigação coletiva ou amarrado a fatias mais estreitas de terreno. Convenço-me cada vez mais de que não, que um criativo desta dimensão, mesmo vivendo um degrau abaixo do planeta de Messi, Ronaldo ou Neymar, também precisa que todo o relvado seja seu recreio. Qualquer génio carece de liberdade. Escrevo isto e lembro-me de Hagi, outro dos meus ídolos eternos, herói precoce no Steaua, onde o Real Madrid o foi buscar, fantástico no Brescia, onde o Barcelona o foi buscar, insuperável, por fim, no Galatasaray, onde a história o fez assentar, sempre melhor numa equipa onde reinasse do que onde tivesse de partilhar o trono. Quem não o viu, encontra-o facilmente na internet que é agora toda a nossa memória. Não percam, seja para descobrir ou rever, os golos da Roménia à Colômbia no Mundial de 94 e o que marcou pelo Gala ao Mónaco, num jogo da Champions em 2000. Com a bola parada vi muita gente capaz de apontar ao golo desde ângulos inverosímeis – Mihajlovic, Pirlo, Juninho Pernambucano – mas com ela em movimento não vi nenhum como Hagi, o Maradona dos Cárpatos.
Papu Gómez lamenta as poucas internacionalizações que tem – o que só envergonha os vários seleccionadores da Argentina da última década, todos eles promotores de tantos jogadores banais - e também só ter encontrado Gasperini aos 28 anos, onde o lugar de enganche, por trás dos avançados, lhe foi entregue numa espécie de jogo experimental por ausência do esloveno Kurtic. Nunca mais voltou à faixa esquerda por obrigação. Agora vai lá quando lhe apetece, e deambula pelo campo com o saber que a experiência acrescentou a um talento raro. Hoje, aos 32 anos, pode dizer-se que organiza, assiste e finaliza com idêntica qualidade e sempre a nível muito alto. Os primeiros jogos desta nova época são recados firmes para que aproveitemos até ao último trago a carreira deste argentino de palmo e meio. Foi muito mais que os 3 golos e 3 as assistências. Foi até mais que duas vitórias da Atalanta, ambas fora, com 4 golos marcados em cada, perante Lazio ou Torino, não um qualquer Benevento ou Crotone. Foi perceber que havia um jogador que habitava um nível acima de todos os outros. No jogo na casa do Toro dei mesmo por mim a pensar que se ele estivesse a jogar nas costas de Belotti e Zaza, em vez de dar apoio a Muriel e Zapata, o resultado poderia ter sido exactamente o inverso. Esta crónica nasceu nesse momento, em homenagem a Papu Gómez, o génio mais pequeno do mundo.

PS: A Atalanta chegou a aceitar deste Verão uma proposta árabe do Al Nasr de 15 milhões. Papu Gomez recusou ser coberto de ouro e preferiu ficar para jogar mais uma Liga dos Campeões. Ainda bem, que já basta termos deixado de ver Banega a jogar entre os melhores."

Porque gostamos tanto de falar sobre desporto


"Para alguns de nós, felizmente, o desporto está presente com regularidade nas nossas vidas – seja porque praticamos uma modalidade, porque temos alguém próximo envolvido, porque lemos ou vemos notícias, ou porque assistimos a uma determinada competição. E disso surgem conversas, debates, acesas discussões em que (quase) todos os pormenores são escrutinados. Essas conversas fazem-nos sentir envolvidos, sentimos que somos parte de um todo maior que nós.
Por vezes, quando assistimos a um resultado estrondoso de um atleta de quem gostamos muito, seja nos Jogos Olímpicos, no Campeonato do Mundo ou da Europa, no Nacional, no Regional ou no Inter-Escolas, chegamos até a sentir que o resultado também é nosso. É que estivemos mesmo lá, vibrámos, sabemos que aconteceu, vimos, contribuímos, sentimos!
E talvez seja por isso que gostamos tanto de desporto. Porque mesmo quando não somos nós a correr, a saltar, a lançar, a nadar, a remar, a jogar, a rematar, ou a pedalar temos uma opinião. Gostamos de saber e de mostrar que sabemos. E talvez seja por isso que gostamos tanto de falar sobre desporto.
O normal quando falamos sobre desporto é centramo-nos na competição. Naquilo que é o resultado visível de um processo muito maior. Sem tirar o foco ou diminuir a importância do treino e da competição, há outros setores que gravitam em torno do desporto. São setores essenciais para o sucesso da modalidade, da competição, do atleta, do processo. Por vezes parecem apenas pormenores sem qualquer relevância, mas se houve coisa que o desporto nos ensinou é que todos os momentos, todos os detalhes, todas as decisões, todos os milímetros e centésimos de segundo contam.
No Comité Olímpico de Portugal gostamos de falar de desporto. E gostamos ainda mais quando podemos falar de desporto consigo. Por isso, quando surge um novo projeto que nos permite falar de desporto e que junta todos os que têm interesse nestes temas... nem hesitamos! Desta vez decidimos falar dos pormenores, dos detalhes, dos temas que fazem parte do dia-a-dia de um atleta. Temas que também são importantes. Alguns diriam que decidimos falar “fora da caixa”, mas na verdade o que fizemos foi “abrir” a grande caixa que é o desporto e tirámos de lá os temas que habitualmente ficam mais no fundo, mais esquecidos...
Assim nasceu o ciclo de conversas “Abrir a Caixa”. Os temas até o podem surpreender. Vamos falar de redes sociais, moda, fotografia e imagem, eTreino e humor e banda desenhada. Mas isso tem alguma coisa a ver com desporto? Sim, tem tudo a ver!
Todas as quintas-feiras de outubro vamos andar pelas nossas redes sociais a promover uma conversa descontraída e descomplexada com um especialista na área e um atleta. Se, como nós, gosta de falar sobre desporto então contamos com a sua companhia."