sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Estamos a preparar-nos, PAOK


"Não quero saber quem joga ou quem marca: quero é ver o Benfica a regressar da Grécia com as possibilidades de entrar na Liga dos Campeões intactas. Não há espaço para errar, malta. E, se algum erro der a vantagem ao PAOK, como há dois anos, espero bem que a reacção seja a mesma e respondam com quatro golos que arrumem com a eliminatória. O Benfica tem de estar na Liga dos Campeões todos os anos. Porque traz prestígio, traz dinheiro e, sobretudo, traz uma excitação dos diabos quando se realiza o sorteio da fase de grupos.
O PAOK é o primeiro obstáculo. Quando penso neste clube grego, lembro-me de imediato daquele maravilhoso golo à Panenka, na cobrança de um livre à entrada da área, do Nico Gaitán - o que estás tu a fazer em Braga, Nico? Dessa vez eliminámos os salonicenses da Liga Europa nos 16 avos de final, em 2018 voltámos a eliminá-los no playoff de acesso à Liga dos Campeões, e agora, se tudo correr bem, vamos mesmo entrar para a lista negra da equipa grega. Suponho que o leitor não fique particularmente incomodado com esta possibilidade. No entanto, devo relembrá-lo de que o presidente do PAOK, Ivan Savvides, invadiu o campo de pistola na mão durante um jogo com o AEK há dois anos, depois de ver o árbitro anular um golo à sua equipa. Eu confio na estrutura que comanda o futebol e sei que estão a ser tomadas as devidas precauções. Espero que LFV, Rui Costa ou Tiago Pinto consigam fechar a contratação do Rúben Semedo o quanto antes. Assim, na eventualidade de o homem voltar a perder as estribeiras, temos a garantia de que alguém habituado a estas andanças é capaz de controlar a situação."

Pedro Soares, in O Benfica

Longe da vista


"A pandemia que tomou conta do mundo obrigou tudo e todos a decisões repentinas, perante situações inesperadas, e em clima de total incerteza. Nem por isso deixo de questionar a fórmula que a UEFA encontrou para acelerar o apuramento para a Liga dos Campeões, realizando eliminatórias de apenas um jogo, em campo sorteado.
Percebo que não houvesse tempo para mais partidas. Mas, disputando-se apenas uma mão, fazia todo o sentido jogá-la em campo neutro - ou, no limite, à falta de outro critério, no estádio da equipa com melhor ranking. Sortear eliminatórias internacionais com este grau de aleatoriedade é que me parece desadequado, e até um tanto primitivo.
Ao Benfica saiu a fava de ter de jogar lá para lados do mar Egeu. E é lá que teremos de ganhar, para nos mantermos na rota da Europa dos grandes.
Mesmo não me recordando de caminho mais sinuoso para chegar à Champions, devo dizer que confio a 200% que o Benfica vai vencer o PAOK, depois ultrapassar o playoff (frente aos russos do Krasnodar, carrascos do FC Porto há um ano), e marcar presença na fase de grupos da prova milionária pela 11.ª vez consecutiva, juntando-se, nessa condição, a um estrito lote de emblemas constituído por Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique.
Podia ser mais fácil. Normalmente é mais fácil. Mas, para grandes males, grandes remédios. Jorge Jesus e os seus jogadores têm a palavra neste primeiro e decisivo embate da nova época. Será longe, muito longe, da nossa vista. Mas a força transmitida pelo crer de milhões de benfiquistas chegará certamente a Salonica e vai empurrar a nossa equipa para o triunfo."

Luís Fialho, in O Benfica

Dito


"A notícia chocou-nos a todos e ficámos arrasados com a partida prematura de Dito. Com apenas 58 anos de idade e uma vida pela frente, o grande Dito deixou-nos. Todos recordaremos as suas grandes prestações nos relvados, mas era a sua faceta humana que impressionava. Um cidadão pacato, exemplar, daqueles que fazem falta pela sua forma de estar na vida. Um verdadeiro exemplo de fair play.
Todos recordamos as suas brilhantes exibições ao serviço do SL Benfica, nas épocas 1986/87, com John Mortimore ao leme, e 1987/88, com Ebbe Skovdhal e Toni no comando técnico. Quem esquece a dobradinha de 1986/87, com Dito a figurar como um dos pilares defensivos? Recordo os 27 jogos no campeonato, a dupla seguríssima que formou com Edmundo (15 jogos) e Oliveira (11 jogos). Tal como recordo os sete jogos na Taça de Portugal e a notável campanha que nos levou à final frente ao Sporting, que ganhámos com dois golos de Diamantino.
Inesquecível foi a campanha europeia, na época seguinte, que nos permitiu despachar o Partizan de Tirana, Aarhus, Anderlecht e Steua de Bucareste para disputarmos a final com os holandeses do PSV. O dia 25 de Maio de 1998 foi uma data emblemática em que um dos mais prestigiados clubes europeus jogou a sua sexta final na prova mais prestigiante da UEFA. Dito foi um dos 11 titulares escalados por Toni, formando dupla com o enorme Mozer. Dito jogou sempre a titular sete dos oito jogos desta notável campanha, na qual sofremos apenas um golo. No final da época, Dito resolveu dar um novo rumo à sua carreira, iniciada no SC Braga, escolhendo o FC Porto, onde não foi feliz. Seguiram-se V. Setúbal, Gil Vicente, SC Espinho, Torreense e Ovarense. Em todos os clubes deixou a sua marca de elegância, profissionalismo e competência.
À família de Dito, aos seus amigos e admiradores e a todos os clubes que representou apresento as minha condolências."

Pedro Guerra, in O Benfica

O peixe, ou a pesca?


"A pesca, dirão os que acreditam na humanidade e no valor do trabalho. O peixe, reponderão os que acreditam na humanidade e no valor da dádiva. Ambos, talvez, em tempos diferentes conforme a urgência e a justeza das situações, dirão ainda outros, aqueles que acreditam que no meio é o lugar da virtude e que o mundo não é a preto e branco, mas um mosaico de nuances.
Certo é que o humanismo dos laicos, como a fé dos crentes, impele os mais informados de nós à acção de reparação de danos e injustiças que vemos acontecerem aos outros. O termo caridade, por estes dias celebrado nas Nações Unidas, não é consensual na sua tradução portuguesa, e há até quem tenda a reduzi-lo à mendicidade e cedência fácil da esmola que nada transforma e aprisiona o esmolado perpetuando a sua dependência num círculo vicioso. No mínimo há quem considere o assunto anacrónico, e o termo velho e ultrapassado.
Pode até ser verdade, pelo menos nalguns casos, mas nada seria mais injusto do que simplificar a questão a esse ponto e achar que assim, num ápice, se resumiu e resolveu o entendimento da pobreza. É claro que há muito mais em jogo. Como é também claro que nesse jogo todos participamos, quer queiramos, quer não, como árbitro, público e jogador, as mais das vezes um pouco em todas essas dimensões.
Por isso, se hoje damos destaque a esta causa humanitária da caridade, é porque o nosso querido Benfica, velhinho de mais de cem anos, há muito que pensa nisto. Mas não se limitou, nunca a pensar, engajando-se, pelo contrário, na acção. Empenhando-se em fazer tudo ao seu alcance para combater as desigualdades e a pobreza como mãe de todas as injustiças. Primeiro actuando pelo peixe, no exercício da caridade e da filantropia mais imediata e casuística, cheio de coração e mística a dizer 'presente' e 'aqui está'. Mais tarde, depois de viver toda a aprendizagem de um século XX em que a humanidade levou aos extremos o melhor, mas também o pior de si, o Benfica passou a estender a mão e a dizer 'vamos'. Encontrou-se com a sua dimensão gigantesca e disse para si mesmo que não poderia eximir-se à sua responsabilidade com o planeta e com a humanidade, no universo da língua portuguesa e não só. Dito e feito, em menos de uma década teve a ideia, criou e fez crescer a Fundação, voltando-a para o desenvolvimento humano como missão principal e para as missões humanitárias sempre que a urgência social a tal obrigue, enquanto condição inicial de reposição da dignidade humana para empreender os caminhos do desenvolvimento e da transformação social.
É por aqui que vamos na Fundação Benfica: peixe quando nada mais há a fazer, pesca como dignificação do ser humano, autonomia e liberdade para que cada pessoa conduza o seu próprio destino!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Contaminados


"1. O arbítrio é, seguramente, um dos dons mais diferenciadores e mais misteriosos dos humanos: os burros, por exemplo, ou os leões, e também aqueles lagartos grandes que, por causa da mítica azia (sem sequer serem capazes de zurrar, nem de balir), só vomitam perpétuas e enxofradas fumigações, serão eles, uns e outros, capazes de exercer o mister do arbítrio?
2. Não me parece. Pelo contrário: na ocasião primacial, desgraçadamente, o supremo criador terá optado por não ceder a estas e outras espécies a percepção de tudo o que representa a capacidade de destrinçar, de escolher e de julgar, com que, na sua prudente benevolência e ainda do bíblico diluvio, entendeu atribuir a (apenas alguns) humanos. E nada mais.
3. Talvez por isso, afinal (ai de nós!), o correcto uso da faculdade arbitral em todo o seu esplendor seja tão raro e tão intermitente e não menos escasso até, de tal forma, que a sua fruicção se revele tantas vezes a desfavor de tanta gente.
4. Infelizes daqueles a quem caiba estar sujeito - ou tenha de se render - à terrível circunstância de se ver julgado por humanos congéneres (em todo o caso, por vezes tão parecidos com os asnos, ou com os répteis) aos quais, por seu turno, ninguém regressivamente venha a pedir contas. Por exemplo, depois de conhecidos períodos de noventa minutos.
5. Deram-lhes o poder e está dado: depois, ninguém lhes toca. Nem o criador. Nem, muito menos, o Fontelas.
6. Esta preocupada reflexão acerca do desígnio arbitral, voltei a experimentá-la há poucos dias.
7. Dei-me a crer que a designação do árbitro alemão Brych, Feliz Brych, pressurosamente anunciada pela UEFA, oito dias antes, para o decisivo jogo de terça-feira, em Salónica, representa mais do que uma mera negligência dos mandantes.
8. Mas a simples observação da ficha de múltiplos desempenhos controversos, se não demasiado negativos do boche, em anteriores encontros seus com os futebóis de portugueses, italianos, franceses e sérvios, pelo menos, deve deixar-nos de sobreaviso, já que nos país dos cofres fortes ninguém liga meia a estas filosofias.
9. Com efeito, se da folha do pesporrento bávaro também consta ter tido de assistir (certamente inconformado) há dois anos, à expressiva vitória do Benfica na mesma cidade do norte da Grécia por 4 a 1, não se pode depreciar o facto de que, só nos 71 jogos que já assobiou em Qualificações e (na) Champions, ele ter mostrado nada mais, nada menos do que uns escassíssimos 299 'amarelos'!
10. Mas, em especial, jamais esqueceremos a vergonhosa prestação dedicadamente antibenfiquista do mesmo 'artista' (que ostenta o títlo de jurista, segundo o Direito alemão) na negra final de Turim, contra aquela equipa em que jogava o mais rasteiro (e mais baixote) guarda-redes do futebol de todos os tempos, à qual esse tedesco ofereceu quatro penáltis de mão beijada - o que não marcou a Moreno, em descarga sobre Lima, e mais os outros três que expressamente não mandou repetir ao adiantando lagarto.
11. A minha dúvida relativamente à razão para o autêntico assalto à lei do bom senso que a espúria nomeação do sinaleiro alemão para um jogo desta relevância significa consiste em decidir-me se aqui se trata de mais um caso da esfera da proverbial insensibilidade cega dos amanuenses do Comité de Arbitragem no país dos relógios de cuco quanto à exigência da melhor aplicação das regras do Futebol ao jogo jogado, ou se o vírus da incompetência e da parcialidade arbitral portuguesa não terá já contaminado fatalmente os congéneres institutos de Nyon."

José Nuno Martins, in O Benfica

Informação sobre os Red Pass


"Com o início da época desportiva, a incerteza sobre a forma como será feito o regresso de público aos estádios mantém-se. Apesar das recentes notícias que dão conta de um atraso significativo nesse regresso desejado, o Sport Lisboa e Benfica estudou os vários cenários que se perspectivam e definiu soluções para cada um deles, sempre com a premissa do respeito pelas determinações da Direcção-Geral da Saúde e da salvaguarda dos superiores interesses dos seus associados.
Nesse sentido, o Sport Lisboa e Benfica decidiu:
- Não colocar à venda qualquer Red Pass enquanto existirem restrições ao nível das assistências.
- Manter os habituais direitos de preferência na aquisição dos lugares anuais detidos actualmente pelos associados, quando as referidas limitações de acesso forem levantadas.
Se existir um período transitório de acesso reduzido de público ao Estádio, o mesmo será feito exclusivamente através da aquisição de bilhete, podendo vir a ser implementados mecanismos específicos que privilegiem a compra por parte dos actuais detentores de Red Pass.
Entretanto, os sócios detentores de Red Pass manterão os seus direitos de acesso gratuito à visita ao Estádio e Museu Benfica – Cosme Damião.
O SL Benfica encontra-se a acompanhar de perto os desenvolvimentos neste âmbito e continuará a informar os seus associados, sempre que houver dados relevantes."

Regressos desejados


"É uma nova fase que vivemos na actividade desportiva em Portugal e as modalidades colectivas de pavilhão do Sport Lisboa e Benfica têm vindo a treinar dia a dia para enfrentar os desafios que a temporada 2020/21 está e irá, certamente, continuar a trazer. Todos os envolvidos, em particular os treinadores e os atletas, tiveram de fazer um trabalho de adaptação face a este contexto diferente pelo qual estamos a passar. Após largos meses sem competições oficiais e com muitas condicionantes ao nível dos treinos, o objectivo é dar uma resposta positiva nas diversas competições em que as nossas equipas estarão envolvidas.
No voleibol, esta foi a última semana de preparação antes do arranque oficial. A pandemia fez com que a Supertaça da modalidade tenha um formato diferente – seis clubes em prova – e a nossa equipa trabalhou diariamente de forma a chegar bem a estes dois primeiros encontros de apuramento para as meias-finais. O jogo de apresentação com a Fonte do Bastardo (triunfo por 3-0) deixou bons indicadores para ultrapassar os primeiros obstáculos, que serão a Académica de São Mamede (hoje às 17h00) e SC Espinho (domingo às 16h00), em Gondomar. Não muito longe daí, mais concretamente em Matosinhos, a equipa feminina entrará em acção. Orientadas por Nuno Brites, figura histórica do nosso voleibol, as nossas jogadoras entrarão em campo no sábado (15h00 com ADRE Praiense) e no domingo (17h00 com V. Guimarães) para lutar por um lugar nas meias-finais de acesso ao escalão principal. O pensamento é só um: subir à 1.ª Divisão.
Para o andebol, este sábado será de estreia (15h00) no Campeonato Nacional. Com um conjunto renovado para 2020/21, o Benfica parte com o objectivo de lutar jogo a jogo pela conquista da vitória, já a começar pela recepção ao Águas Santas. Não será o desfecho da EHF European League que retirará o foco da formação treinada por Chema Rodríguez, de continuar com o seu processo de trabalho e atacar as duas frentes internas com a ambição que caracteriza o nosso clube.
Após treinos intensos, muitos deles bidiários, o hóquei em patins tem a abertura da sua época oficial no final deste mês (dia 26) e logo com um clássico para o Campeonato Nacional. Neste sábado, pelas 17h00, há uma deslocação a Torres Vedras para defrontar a Física, num encontro inserido no contexto de preparação da pré-temporada.
Para as equipas de futsal e basquetebol, os jogos oficiais só serão no início de Outubro, por isso, estas semanas que estão pela frente servirão para continuar a treinar bastante e preparar bem os atletas para o arranque das competições. Além dos treinos, os jogos de preparação serão também extremamente importantes para ver, na prática, como estão a ser absorvidas as ideias das equipas técnicas para 2020/21.
No feminino, além do voleibol, só o hóquei em patins irá arrancar oficialmente ainda este mês, com o primeiro jogo para o Campeonato Nacional. Futsal, Andebol e Basquetebol só entram em acção em Outubro. Até lá, há também um intenso trabalho pela frente para estar à altura quando a competição começar."

O PAOK que o Benfica encontrará: completo, personalizado e com muito dedo de Abel


"O Benfica vai encontrar a equipa de Abel Ferreira na 3.ª pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões e o jogo, em solo grego, não se antevê fácil: o PAOK venceu com relativa facilidade o Besiktas e nota-se claramente a influência do treinador português

Foi hoje conhecido o primeiro adversário oficial do Benfica de Jorge Jesus no caminho que as águias desejam que as leve até à fase de grupos da Liga dos Campeões: o PAOK, 2.º classificado da liga grega de 2019/20, calhou num sorteio em que as outras possibilidades eram AZ Alkmaar e Rapid Viena. Numa primeira análise, pode considerar-se que não foi um bom sorteio para os encarnados, até por ter ficado estipulado que o jogo único que compõe a eliminatória será disputado em Salónica, na Grécia – ainda que sem público, o que atenua o factor casa.
Contudo, a formação do português Abel Ferreira, ex técnico do SC Braga, parece ser a que, neste momento, se encontra mais forte. Se a equipa austríaca era a mais limitada das três, o AZ Alkmaar tem até mais qualidade individual do que os gregos, mas pareceu estar um nível abaixo destes na 2.ª pré-eliminatória, onde precisou de prolongamento para bater o Plzen (3-1).
O PAOK, por outro lado, venceu o Besiktas por uns 3-1 bem mais esclarecedores, onde aos 30 minutos de jogo o placar já marcava 3-0 e, mais tarde, a equipa ainda se deu ao luxo de desperdiçar várias oportunidades, entre as quais uma grande penalidade. Foi, de facto, uma demonstração de força e competência por parte das águias negras, como é conhecido o clube.
Abel, a cumprir a 2.ª época na Grécia, viveu um ano de estreia bastante conturbado, mas em que deixou boas indicações. Na Champions, caiu precisamente nesta 3.ª pré-eliminatória no ano transacto, mas fê-lo frente ao Ajax, que antes havia estado nas meias-finais da competição, e colocou muitas dificuldades aos holandeses, tendo empatado em casa. Depois, realizou uma grande primeira metade da fase regular, onde terminou no 1.º lugar, mas uma série de decisões na secretaria prejudicaram as ambições do clube.
Primeiro, foi estipulada a descida de divisão do clube; depois, a retirada de 7 pontos à equipa, pena que viria a ser retirada na ponta final do campeonato, quando o Olympiakos já detinha uma vantagem maior.
Ainda assim, a imagem dada pela equipa, a única a bater o Olympiacos no campeonato, foi globalmente positiva. E esses indícios positivos parecem confirmar-se após a bela exibição contra o Besiktas, na semana passada. Dentro das quatro linhas, Abel jogou na maior parte da época passada com uma estrutura com 4 defesas, mas nos últimos jogos enveredou por um sistema com 3 atrás, como já fazia em Braga, e foi também assim que se apresentou diante dos turcos, pelo que será esse o cenário mais provável para o Benfica.
Num 3-4-3, o PAOK começou por pressionar alto, tentando abafar e surpreender o Besiktas, conseguindo manter o jogo no seu meio-campo ofensivo. Com bola, atacou mais e melhor pela esquerda, onde o central Michailidis, de apenas 20 anos, se mostrou seguro na construção, o ala Giannoulis projectou-se muito e Tzolis, extremo de apenas 18 anos, marcou diferenças com dois golos e uma assistência. Atenções redobradas para André Almeida e companhia no corredor direito da formação de Jorge Jesus.
Conseguida a vantagem, o PAOK não teve problemas em dar a iniciativa ao adversário, mas sempre sem deixar de criar perigo nas saídas rápidas, como é exemplo o 3.º golo alcançado. No mesmo contexto, perante a pressão mais vincada do oponente, algo que pelo que já vimos nesta pré-época e pelo que conhecemos de Jorge Jesus, deve verificar-se desde o início por parte do Benfica, a equipa de Abel Ferreira não forçou a construção curta, esticando longo no pontapé de baliza à procura de Akpom, ponta-de-lança que serve de referência para a primeira bola, com a segunda a ser disputada por vários elementos próximos do duelo. Essa foi, de resto, a anatomia do 2-0 contra o Besiktas.
Assim, é fácil constatar-se que o próximo adversário dos encarnados é uma equipa completa – capaz de pressionar alto, mas também de recolher num 5-4-1 que se deve verificar bastantes vezes com as águias, em virtude da subida dos seus laterais; capaz de sair apoiado, mas também de jogar um futebol mais directo, sem correr tantos riscos – e com um sentido estratégico bastante apurado, até porque Abel Ferreira conhece bem o Benfica, que nunca bateu, mas que enfrentou muitas vezes, e Jorge Jesus, que foi seu treinador.
Face a esta possibilidade de jogar contra o emblema português, o treinador dos gregos referiu, na passada quinta-feira em entrevista ao Canal 11, “não me importava que calhasse o Benfica, desde que fosse em casa com o estádio cheio”. Parte do desejo foi cumprido – a partida será disputada em sua casa – mas, como se sabe, será sem publico.
O facto de a eliminatória se jogar a apenas um jogo constitui uma vantagem para as equipas teoricamente menos favoritas, e neste caso essa é o PAOK, ainda que o factor casa seja menos relevante sem os fervorosos adeptos do clube de Salónica. Seja como for, não foi um sorteio propriamente simpático para o clube da Luz e antevê-se um primeiro teste exigente e um jogo bem disputado, apesar do favoritismo da equipa de Jorge Jesus."

Rúben Semedo ao pormenor


"No programa “Futebol Total” do Canal 11, o Pedro Bouças analisou ao pormenor as características do possível reforço do Benfica, Rúben Semedo.
Posicionamento, controlo dos diferentes espaços, forma de deslocar-se e colocar os apoios não apenas no espaço, mas também sobre como colocar o peso do corpo. Rúben Semedo ao pormenor nos jogos do Olympiakos contra o campeão Europeu Bayern."

Em Portugal as bancadas dos estádios estão vazias. No Japão, há público desde julho, mas sem fazer muito barulho para não acordar o vírus


"António Costa desiludiu os que achavam que iriam poder voltar já aos estádios. Futebol sim, mas sem público. Do outro lado do mundo, no Japão, o som das bancadas é uma canção com regras apertadas, muita contenção, mas já se ouvem aplausos não-enlatados quando um golo é marcado

O som de um jogo profissional de futebol em Portugal, no tempo do coronavírus, é o resultado natural de milhares de cadeiras vazias, nalguns casos cobertas por cachecóis que não falam, que são a representação possível dos adeptos que lá não podem estar. Nalgumas situações, a reprodução sonora do ambiente de outros jogos, antes disto tudo, permite esquecer momentaneamente o silêncio pouco próprio de um recinto desportivo vivo.
Assim vai continuar, segundo o primeiro-ministro António Costa, que afirma não haver condições para que o público regresse aos recintos desportivos, mesmo que se trate de estádios com capacidade para milhares de pessoas e houvesse espaço suficiente para um distanciamento maior do que em qualquer restaurante. A DGS diz que o regresso dos adeptos às bancadas não é prioridade.
Do outro lado do mundo, no Japão, a paixão pelo futebol não é menos intensa do que na Europa. Covid-19 é, lá como cá, ameaça, mas o som do futebol profissional ao vivo é ligeiramente diferente. Ao contrário do que acontece no velho continente, o público japonês pode assistir aos jogos no estádio desde o início de Julho.
O “New York Times” descreve o ambiente do futebol profissional japonês na era do novo coronavírus: “À medida que os jogadores levam a bola pelo campo, oiço de repente o distinto amarrotar de um saco de plástico quatro filas à minha frente, com um homem a puxar de uma perna de frango para comer”. 
Em tempos normais, os adeptos japoneses não são apenas barulhentos mas também, como seria de esperar do rigor nipónico, extremamente orquestrados e disciplinados. Ao longo de um jogo, cantam, vibram, tocam tambores e agitam enormes bandeiras, num espectáculo que rivaliza com o que se passa em campo. A maioria dessas acções de apoio está, por agora, proibida, por medo de ajuntamentos mais acalorados.
Quando a jornalista do “New York Times” assistiu a um jogo do FC Tóquio ao vivo, teve ao seu lado 4.600 adeptos do clube da capital, todos eles muito silenciosos, excepto pelo ocasional ruído de um pacote de comida ou a rara e contida explosão de aplauso. Lá como cá, com ou sem fãs nas bancadas, era possível ouvir os comentários dos jogadores e treinadores e mesmo alguns pontapés na bola. “Quando os fãs aplaudiam um golo ou uma boa defesa, o som era o de um concerto sinfónico, com o público a aplaudir entre movimentos,” registou Motoko Rich.
O Japão nunca cedeu à ideia de confinamento, apesar de conviver com o vírus ininterruptamente desde Janeiro. No estádio, todas e todos se submeteram à análise de um termómetro. Nas zonas de alimentação, marcas no solo lembravam da necessidade de manter o distanciamento. Nas bancadas, uma em cada duas filas permanece vazia, com dois lugares de intervalo entre cadeiras ocupadas. Durante o jogo, os espectadores têm de permanecer nos seus lugares. O consumo de álcool é proibido. 
Aos portadores de bilhete foi pedido que deixassem o nome e a informação de contacto para que pudessem ser contactados no caso de haver um caso de Covid-19 no estádio. Contudo, de acordo com a liga de futebol, nenhum espectador foi infectado até agora desde que os estádios reabriram.
No jogo de domingo, Noriyuki Yamagami, adepto de corpo inteiro, tentou ultrapassar a falta de espectadores ao seu lado colocando recortes de cartão vestidos com a camisola do FC Tóquio. Yamagami confessou à jornalista do “New York Times” que, em casa, faz as suas refeições longe do resto da família, como precaução. Mas não conseguiu ficar longe do estádio.
“Quando eu via os jogos na televisão, só queria respirar este ar, os cheiros, ouvir os sons. Não é como antes mas eu tinha o desejo de estar aqui,” disse o adepto japonês."

O Desporto Juvenil e a dualidade de critérios



"Depreendo que o Desporto Juvenil, ainda que seja uma escola de ética, cooperação, amizade e um factor importante para a saúde física e mental dos jovens, não é tão importante lucrativamente como o desporto sénior e, portanto, aos olhos da DGS pode esperar. Não, não pode esperar. Os jovens, os clubes e as federações não podem esperar.

Foi com consternação, mas não com surpresa, que vi as medidas emitidas pela DGS em relação à prática desportiva, especificamente em relação ao Desporto Juvenil. O desporto e a actividade física em Portugal sempre foram dos parentes mais pobres em relação a outras actividades. É quase cultural.
Os sucessivos governos do PS, mas também do PSD, têm desvalorizado a Educação Física e o Desporto Juvenil, a começar pela Educação Física Escolar (ou falta dela). A disciplina de Educação Física é muitas vezes a única oportunidade que os jovens têm para praticar a actividade física.
A legislação actual inclui no ensino básico a disciplina no regime de AEC, sendo, portanto, optativa. Os docentes do ensino básico devem ministrar a disciplina conforme fazem com todas as outras matérias curriculares, sendo que obviamente não se sentem à vontade para o fazer, restringindo-se muitas vezes a actividades simples, que não servem o propósito de aquisição de competências esperado pelas crianças naquela idade.
Assistimos à desvalorização da profissão de professor de Educação Física, desvalorização da disciplina de Educação Física e desvalorização da saúde física e mental dos nossos jovens, que a propósito já se encontram em sexto lugar a nível europeu no que diz respeito aos níveis percentuais da obesidade. Urge uma mudança de paradigma, num país em que nunca vi um secretário de Estado da Juventude e Desporto debater-se para alterar esta realidade.
No ensino secundário a disciplina já contou para a média de acesso ao ensino superior, já deixou de contar, já contou sob determinadas condições e voltou novamente a contar. Numa instabilidade que passa apenas uma mensagem: a literacia física tem sido completamente irrelevante para os nossos governantes. É triste ver que passam vários governos e todos deixam na gaveta a máxima “mente sã em corpo são”.
A Secretaria de Estado da Juventude e Desporto tem sido cega, surda e muda. Estando inserida no Ministério da Educação, seria de esperar que uma das suas prioridades fosse justamente a dignificação da disciplina da Educação Física e dos seus profissionais. Mas não. Recentemente, numa entrevista ao Público, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, vai ainda mais além a demonstrar a sua desconexão com a realidade, afirmando que “não temos conhecimento de nenhum clube que tenha fechado portas”, rejeitando assim os sinais preocupantes colocados pelas instituições desportivas que antecipam uma debandada nos escalões de formação por falta de competição.
A longo prazo, não existirá Desporto Sénior se o Desporto Juvenil continuar a ser relegado para segundo plano. Os escalões de formação são fundamentais para a continuidade do Desporto de alto rendimento. Queremos regras iguais para todos os escalões etários. Queremos um sistema justo, que faça sentido.
Não me admira, portanto, entre tantas dualidades de critérios no que às medidas preventivas da covid-19 dizem respeito, que o Desporto Juvenil seja mais uma das áreas que se vê discriminada. Há alguma razão que justifique que os desportistas seniores possam regressar aos treinos e competição e os jovens não? Nada parece sustentar esta discriminação. Até porque, aparentemente, os jovens não são um grupo de risco.
Os Clubes Desportivos, as Federações e os Profissionais da área veem assim o seu meio de sustento em risco. Para muitos clubes, os escalões de formação representam 90% da sua receita.
Depreendo que o Desporto Juvenil, ainda que seja uma escola de ética, cooperação, amizade e um factor importante para a saúde física e mental dos jovens, não é tão importante lucrativamente como o desporto sénior e, portanto, aos olhos da DGS pode esperar. Não, não pode esperar. Os jovens, os clubes e as federações não podem esperar. 
A Iniciativa Liberal reagiu imediatamente às normas da Direção-Geral da Saúde sobre o desporto jovem e a pedir uma alteração destas orientações “graves e inconcebíveis” para que haja regras iguais para todos os escalões, em mais um sinal que é praticamente o único partido com preocupações com as novas gerações.
E permitam-me que deixe aqui um alerta. A longo prazo, não existirá Desporto Sénior se o Desporto Juvenil continuar a ser relegado para segundo plano. Os escalões de formação são fundamentais para a continuidade do Desporto de alto rendimento. Queremos regras iguais para todos os escalões etários. Queremos um sistema justo, que faça sentido.
É assim no desporto, como em tanto na vida. Se não tratarmos dos mais jovens não estaremos a tratar do futuro."

A voz dos atletas


"“Os atletas são o coração do Movimento Olímpico”, afirmou o Presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, aquando da realização Fórum Internacional de Atletas em Abril de 2019. É cada vez mais frequente escutarmos afirmações por parte de altos dirigentes desportivos que colocam o atleta no centro dos modelos desportivos internacionais e nacionais.
E a realidade é que os tempos mudaram e os atletas têm, cada vez mais, um importante papel na definição das políticas desportivas.
Nos Estados Unidos da América, as recentes e firmes tomadas de posição por parte dos jogadores da NBA, da MLB ou da NFL, associando-se às manifestações contra a discriminação racial e que provocaram inclusive o adiamento de alguns jogos, são um exemplo claro da importância e do peso que a voz dos atletas tem vindo a ganhar.
Foi também por se ter ouvido a voz dos atletas que foram investigadas diversas situações de assédio ou abuso sexual, algumas amplamente noticiadas ou registadas em documentários. Foi a voz dos atletas que colocou o COI a equacionar a flexibilização de uma regra, até há bem pouco tempo inamovível, relativa ao direito de se manifestarem no decorrer dos Jogos Olímpicos. E tem sido a voz dos atletas, entre muitos outros exemplos, a trazer a debate assuntos como a saúde mental e as dificuldades por que passam quando terminam as suas carreiras, a nível pessoal e profissional.
Mais do que nunca, os atletas têm o direito de participar, de forma activa, na definição das políticas desportivas. Não faz sentido que os principais agentes do fenómeno desportivo não participem nos processos de tomada de decisão. Para tal, é necessário que as entidades desenvolvam todos os esforços para os capacitar e, acima de tudo, envolver.
Há alguns anos que, a nível internacional, as principais entidades desportivas, como o COI ou as Federações Internacionais, têm representação dos atletas no seio das suas direcções e comissões. A nível nacional, o COP tem, já há largos anos, uma comissão de atletas activa e envolvida no processo de tomada de decisão. Mas muitas entidades desportivas nacionais, nomeadamente federações desportivas, estão ainda longe de atribuir aos atletas essa responsabilidade. Há muito que o papel do atleta ultrapassa a simples dimensão de treinar e competir. E esta é uma mensagem que deve ser assimilada pelos dirigentes desportivos ou mesmo por treinadores. Mas também deve ser assumida pelos próprios atletas. Pois se os dirigentes têm a responsabilidade de os envolver e de criar mecanismos seguros para que a sua participação seja efectiva, os atletas têm também a responsabilidade de se envolver e participar, activamente, nos assuntos que, directa ou indirectamente, lhes dizem respeito.
Porque participar activamente não é apenas um direito dos atletas. É um dever. Como tal, havendo actualmente condições para esse efeito, os atletas devem fazer ouvir a sua voz, partilhar as suas dificuldades, denunciar situações injustas e apresentar sugestões e soluções.
O sector do desporto é composto por um grande número de agentes das mais variadas áreas – atletas, treinadores e membros de equipas técnicas, dirigentes, médicos, fisioterapeutas e outros membros de equipas médicas, profissionais de áreas diversas, como gestão desportiva, marketing desportivo, comunicação, etc. É um sector social com um profundo impacto na sociedade, desde o seu papel formativo e educativo junto dos jovens até ao desporto profissional (e muito se tem falado - embora continue, aparentemente, a ser pouco valorizado - da real importância do desporto na sociedade).
Mas são os atletas, efectivamente, a peça central deste puzzle e, como tal, devem ter uma importante palavra a dizer no que respeita ao desenvolvimento do sector e da actividade desportiva.
Porque os atletas são, de facto, o coração do sistema desportivo e a sua voz tem o poder de alterar o rumo dos acontecimentos, queiram uns ouvir e outros falar. Assim sejam eles os primeiros a convencerem-se que é esse o caminho a seguir."