sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Vencedores

"A vitória sorri a todos estes jovens do projecto Para ti Se não faltares! que sabem como ninguém resistir a adversidades e aprenderam por experiência própria que, por mais difícil que pareça a situação em que nos encontremos, existe sempre mais que uma saída. Assim a queiramos empreender e estejamos dispostos a dar tudo o que nos exige o sonho.
Assim, todos os anos, a Fundação Benfica ajuda muitas centenas de jovens a acreditar em si mesmos, aprendendo a avaliar de forma realista a situação em que se encontram na escola e a reconhecer quais as suas capacidades e que aptidões desenvolver para ambicionarem e alcançarem resultados cada vez mais elevados. O seu percurso marca-se da apatia inicial à performance a meio dos três anos de projecto e muitas vezes à superação e à excelência no final de percursos individuais extraordinários. Marca-se com resultados e celebra-se com prémios, muitos e bons, atribuídos na presença dos seus pares e recebidos em euforia numa festa que só o Benfica sabe fazer. Mas se há coisa que estes jovens aprenderam e nós sublinhamos é que o descanso é dos guerreiros e, chegando o seu tempo, deve ser gozado com o sabor doce da vitória que o trouxe. Por isso, boas férias e bom descanso a gozar os prémios merecidos. Setembro está à porta, e então, como sempre, voltem com tudo.
A Fundação Benfica estará cá, como sempre, para vos apoiar!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Dois passados

"1. A 'máquina' entrou (finalmente) em produção. A partir do zero. Ou, melhor, com o contador a zeros, como deu a entender Jorge Jesus, já que o que está para trás não conta. É passado.
2. Que sabemos é que a ambição está renovada em função dos modelos, tendo em conta a presença de alguns protagonistas da relva, e, em especial, considerando também o próprio capital de esperança que - pelo que tenho ouvido e sinto, eu próprio - recupera, de um modo já não passivamente expectante, os sólidos índices conjuntivos que só o Benfica consegue, porque (como costumo dizer) só o Benfica pode.
3. Por muita conversa fiada (a cujos bolçamentos a gente se vem habituando) de muitas origens externas e internas, a verdade é que poucos no seu lugar teriam ousado chegar-se à frente nos modos decididos como Luís Filipe Vieira acabou por fazer agora.
4. Os resultados hão de ver-se a breve trecho. Tão certo como dois e dois fazerem quatro.
5. Por um lado, porque ninguém no mundo estaria tão preparado para montar uma equipa de futebol com tamanhas responsabilidades, em tão pouco tempo; e, por muito difícil que parecesse ser, foi precisamente essa personalidade que, no momento verdadeiramente decisivo, se foi resgatar ao outro lado do mar para vir conduzir a equipa do Benfica.
6. Por outro, porque, se se definiram objectivos claramente mais ambiciosos e mais consentâneos com a afirmada largueza de recursos largueza de recursos do Benfica, também não deixou de haver o atrevimento de recorrer ao mercado de forma a reconstruir uma equipa caldeada e fortalecida por mais experientes executantes, à medida dessas nossas novas ambições objectivamente proclamadas.
7. Realismo. Realismo usando regras claras, escoradas na gestão equilibrada dos recursos humanos e infraestruturas disponíveis e, evidentemente, na prudente projecção de futuras consequências que as actuais circunstâncias recomendam.
8. Afinal, no Benfica não é como nesse espantoso mundo das instâncias judiciárias portuguesas, no qual, à boleia de formidáveis vagas de comunicação (e às vésperas de um importante julgamento...), pelos vistos, os ladrões passam de repente a poder acasalar livremente com os polícias e os magistrados, a quem reiteradamente antes haviam rabiado e provocado de viva voz, ou mediante astutos mandatários às escâncaras, em variadas sedes e meios nacionais e estrangeiros.
9. Na Justiça à portuguesa, portanto, o contrário 'disto', agora, também parece que é passado. Mas um passado peculiar, com lei de fora...
10. Um passado à medida das conveniências do presente no qual, se for preciso, dois a dois, afinal, até podem passar a fazer mais que vinte e dois... E, se não for assim, pelo menos a um leigo, até parece que possa mesmo passar a ser: basta que um senhor juiz aceite validar tudo o que um polícia, para a passar a poupar a mais trabalhos, venha a combinar com um ladrão..."

José Nuno Martins, in O Benfica

De Ferro a Aço: o Homem-de-Aço Jan Vertonghen é do SL Benfica

"Jan Vertonghen, também conhecido como Super Jan, é reforço para o sector defensivo do Sport Lisboa e Benfica. O internacional belga, de 33 anos, chega ao clube da Luz como jogador livre, mas nem por isso será uma contratação barata.
O jogador, que dividiu a sua carreira entre o AFC Ajax e o Tottenham FC (pelo meio, uma passagem de uma época, por empréstimo dos primeiros, pelo RKC Waalwijk, da Holanda), vai pertencer ao clube dos mais bem-pagos do plantel encarnado, auferindo cerca de 2,5 milhões de euros limpos (talvez mais), e recebe um prémio de assinatura não revelado, mas que será, por certo, avultado.
No entanto, a qualidade paga-se e Vertonghen tem qualidade suficiente para ser verdadeiramente um reforço e não apenas uma contratação, que nem sequer teria retorno financeiro (pelo menos, de forma directa, através de uma revenda). Como tal, a ideia tem que passar – e passa – por uma aposta para o imediato e para a titularidade. Naturalmente, é isso que vai acontecer.
A qualidade do belga, por si só, já é um garante da sua titularidade absoluta, ao lado de Rúben Dias. Essa qualidade aliada à falta de soluções para o eixo da defesa das águias fortalece essa garantia e, mais importante ainda, deixa patente que a intenção de subir o nível do plantel (em termos individuais e colectivos, em termos exibicionais e de experiência) vai ser materializada.
Com 1,89m e uma capacidade física e atlética ainda acima do razoável (não o suficiente para aguentar toda uma época na Premier League, daí o abandono do Tottenham FC), Jan preza pela capacidade de desarme, de posicionamento e no jogo aéreo. É e será uma voz de comando, tendo um perfil de liderança de que o SL Benfica está carenciado, e pode, em circunstâncias especiais, alinhar como defesa-esquerdo.
Essa polivalência pode ser uma solução de recurso, mas não será uma solução a adoptar continuamente, espero, não só pela falta de velocidade que o jogador vai começando a apresentar, mas também porque não são boas as memórias da última vez que Jorge Jesus utilizou um central pela esquerda como defesa-esquerdo ao leme do clube encarnado.
A sua carreira espelha que Vertonghen é central de equipa grande e apreciadora de um estilo de jogo assente na construção desde o primeiro momento e primeiro terço. Essa característica é uma enorme mais-valia para as águias, que vão ter no belga um verdadeiro tratado no que diz respeito à construção pelo eixo da defesa.
O seu pé canhoto coloca a bola onde quer e a sua experiência permite-lhe ler o jogo, decidir a melhor linha de passe para avançar a jogada e executar com fiabilidade esse mesmo passe, tudo com uma tranquilidade que, para muitos adeptos, será assustadora.
Internacional A pela selecção belga por 118 jogos (e a contar…), ao serviço da qual apontou nove golos, Jan Vertonghen vem dar experiência e qualidade a uma posição carenciada e que tem que ser bem assegurada, sob pena de, caso contrário, suceder em 2021 o que aconteceu em 2020. Com Rúben Dias e Jan Vertonghen, acredito que, de facto, o eixo da defesa estará bem entregue, tratando-se de dois internacionais de duas das melhores selecções da actualidade.
Além do que significa para a equipa no imediato, também para o futuro de alguns jogadores em particular é muito importante e interessante a chegada do central belga. Esses jogadores são, claro, o próprio Rúben Dias e Ferro. Fazendo dupla com alguém do calibre de Vertonghen, Dias fica menos exposto, deixa de ser o bombeiro de serviço da defensiva encarnada e pode subir o seu nível.
Por seu turno, Ferro, com o novo estatuto de segundo central pela esquerda (mais correto do que dizer quarto central, creio), pode aprender imenso com o belga e fica também ele muito menos exposto, recaindo sobre ele menos expectativas e responsabilidades e, consequentemente, menos pressão.
O crescimento dos dois centrais formados no clube será bom para ambos, para o colectivo e para o clube, que só desta forma rentabilizará ao máximo os dois futebolistas, financeiramente. A chegada de Vertonghen, ao contrário do que possa aparentar, é uma aposta na formação, pois só ao lado de jogadores como ele, no caso de Dias, ou na sua sombra, no caso de Ferro, podem os jovens centrais crescer como se deseja.
Em resumo, Jan Vertonghen é uma das melhores e mais mediáticas contratações do Sport Lisboa e Benfica nos mais recentes anos. Bem-vindo, Jan Vertonghen!"

SL Benfica 2020/2021 | Um plantel renovado

"Desde que foi anunciado o regresso de Jorge Jesus ao SL Benfica que o clube encarnado tem sido associado aos mais variados jogadores e contratações. Helton Leite, Gilberto e Pedrinho já foram confirmados. Everton, Vertonghen e Waldschmidt parecem estar quase certos e continua a perdurar a novela deste verão: Cavani. Todas estas entradas implicarão algumas saídas e um plantel consideravelmente diferente daquele que terminou esta temporada.

Na baliza
Vlachodimos ganha a concorrência de Helton Leite. Para os desatentos a contratação do já experiente guardião brasileiro parece não ser a melhor. No entanto, Helton Leite foi um dos melhores guarda redes desta edição da Liga Portuguesa. Tem perfeitamente capacidade para ser o número dois das águias e talvez até dar boa concorrência a Vlachodimos pela titularidade. O lugar de terceiro guarda redes é incerto. Zlobin parece ter perdido todo o seu espaço e deverá sair do clube encarnado. Svilar, apesar da boa época na equipa B, deverá ser emprestado a uma equipa onde será primeira opção. A escolha, caso não se concretize mais nenhuma chegada para a baliza, deverá recair entre Leo Kokubo e Samuel Soares, dois jovens guarda redes da formação dos encarnados. Ivan do Ponte Preta tem sido falado como possível contratação.

Na lateral direita
André Almeida tem agora a concorrência de Gilberto, ex-Fluminense Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede Nesta zona do terreno parece estar tudo fechado. Gilberto e André Almeida serão os concorrentes ao lugar. O português parte como favorito, mas Gilberto pode perfeitamente conquistar o lugar. O lateral brasileiro é forte fisicamente e demonstra qualidade no ataque, mas é bastante inconsistente e tem algumas lacunas. Acho que pode crescer muito com Jorge Jesus. Tomás Tavares deverá ser relegado para a equipa B, onde terá tempo para crescer longe da pressão e exigência da equipa principal, onde foi lançado de forma prematura. Diogo Gonçalves não creio que seja opção para a lateral direita.

No centro da defesa
Aqui parece estar muita coisa em aberto. Rúben Dias, um dos maiores activos encarnados e um claro candidato a ser transferido, será certamente um dos centrais titulares. Vertonghen, que parece estar praticamente fechado, deverá fazer parceria com o internacional português. Com a adição do experiente defesa belga, esta será uma das melhores duplas de centrais dos últimos anos em Portugal. Quanto às alternativas: Jardel deverá estar de saída para um destino financeiramente agradável. Ferro, depois de uma época muito pouco positiva, deverá permanecer como o terceiro ou quarto central do plantel. Ainda existe a forte possibilidade de chegar mais um central à Luz. Garay, Lucas Veríssimo, Koch (que parece já ter sido descartado), Leo Pereira ou Cabrera têm sido as opções faladas. Acredito que o mais plausível seria o regresso de Garay ou a chegada de Cabrera, mas caso o argentino não regresse e o uruguaio não chegue, o lugar que sobra deve pertencer a Morato.

Na lateral esquerda
Neste lado da defesa não há qualquer entrada e nem sequer vão surgindo muitos nomes na órbita do SL Benfica. Grimaldo manterá, certamente, a titularidade e Nuno Tavares deverá ser a alternativa, enquanto vai desenvolvendo na equipa B. Nota também para a possibilidade de Vertonghen poder fazer a posição de lateral esquerdo.

No meio campo
No centro do terreno as opções continuam a ser muitas. Jogadores como Fejsa ou Alfa Semedo deverão abandonar o clube. Weigl creio que tem um lugar praticamente garantido na equipa titular. Jesus parece ter a ideia de que o alemão pode desempenhar funções ligeiramente mais ofensivas. Faz todo o sentido, face até à excelente qualidade de passe e receção do médio germânico. Com Weigl a desempenhar mais uma função de 8, fica aberto um espaço atrás para Florentino. O jovem português é, no sentido da palavra, o melhor médio defensivo no plantel (Weigl não é um médio defensivo) e pode dar uma solidez enorme ao SL Benfica. Assumindo que Jorge Jesus manterá o seu sistema, esta para mim seria a dupla ideal. Gabriel e Taarabt são duas opções muito boas, mas o marroquino terá que perder alguma da sua anarquia táctica e o brasileiro tem que subir (muito) os seus níveis de intensidade. Com Jorge Jesus não é possível jogar regularmente correndo apenas alguns quilómetros por jogo. Samaris acho que não terá qualquer espaço. É um líder no balneário, mas em termos desportivos há muito que pouco ou nada acrescenta. Jogadores como David Tavares ou Tiago Dantas dificilmente terão muitas oportunidades. 

Na posição de segundo avançado
Para este papel, o titular será certamente Luca Waldschmidt. O jogador alemão chega da Bundesliga e acrescenta muita qualidade ao plantel encarnado. Forte na finalização e com boa qualidade de passe e de drible. O alemão terá a concorrência de Chiquinho, que foi uma das boas surpresas do final de época. Com melhorias na finalização poderá ser uma opção muito válida. Atenção também a Pizzi. Numa entrevista recente ao canal do clube, Jorge Jesus disse que achava que Pizzi potencia mais as suas características no meio do terreno do que encostado a uma ala. Se é verdade que pode jogar mais recuado no meio campo, acho que e é aqui, com uma função mais de médio ofensivo e não tanto de segundo avançado, que pode brilhar.

Nas extremidades
Para extremo as opções são também de muita qualidade. Everton Cebolinha será certamente o titular à esquerda. Um extremo muito forte no desequilíbrio individual e com um excelente remate. Cervi parece não ser opção para Jorge Jesus como extremo. Não quero levantar suspeitas, mas com o historial de criar (ou querer) defesas esquerdos… Jota poderá ser uma opção válida, mas terá de crescer muito. Contudo, este crescimento só será observável com minutos de jogo. Na direita, considerando que Pizzi poderá ser uma opção mais para o centro do terreno, a luta será entre Rafa e Pedrinho. Dois jogadores diferentes. O português mais rápido e com mais capacidade de explorar os espaços, o brasileiro mais técnico e capaz de desequilibrar individualmente. Normalmente procura-se que os dois extremos titulares tenham dinâmicas ofensivas algo diferentes o que, com Everton à esquerda, pode fazer de Rafa o titular à direita. Zivkovic provavelmente continuará a não contar.

Na frente de ataque
Vinícius é titular absoluto. A não ser que abandone a Luz ou… chegue Edison Cavani. O avançado uruguaio tem protagonizado a grande novela deste mercado de transferências em Portugal. A ser confirmado seria, a seguir a Casillas, o jogador com maior nome a chegar a Portugal nos últimos anos. Sem problemas físicos, seria o melhor avançado em Portugal, por larga margem. Seferovic é dispensável e Dyego Sousa permanecerá até dezembro (altura até à qual está emprestado), mas certamente não fará parte das opções. Gonçalo Ramos poderá ser a terceira opção.
Um plantel verdadeiramente melhorado que promete muito!"

Desporto e lazer: um espelho das sociedades

"É dado como certo que a industrialização determinou o surgimento do desporto moderno e a sua expansão foi determinada também pelas condições promovidas pelo avanço das técnicas. O século XX foi palco de transformações tecnológicas e sociais, alterando a vida das populações.
No processo de alterações societais, o lazer assumiu um papel importante. A partir de 1980, e consoante os países europeus, o tempo livre tornou-se o tempo de vida mais longo, que ganhou sobre o tempo de trabalho e o tempo requerido a satisfazer as obrigações diversas (sociais, administrativas, higiénicas, familiares, domésticas, etc.). O trabalho não foi destituído socialmente, na medida em que ele continua estruturador e organizador da vida dos cidadãos. É a partir do trabalho que se continuam a se distribuir as temporalidades sociais. O trabalho ritma e determina os modos de vida, dos activos, bem como dos inactivos. É o trabalho que continua a organizar o dia, a semana, o mês e o ano.
Retirando a questão profissional, praticantes desportivos e não desportivos procuram aproveitar o lazer. Na sua continuidade, o fenómeno desportivo é inteiramente lazer. É isso que lhe dá sentido e lhe confere a sua especificidade. Sem o lazer, sem o surgimento de uma sociedade de lazeres, o fenómeno desportivo não existe. E se existe, é de outra forma. O tempo livre tornou-se o primeiro tempo de vida nos países desenvolvidos. Uma tendência se afirma, que consiste em compensar um trabalho cada vez mais intenso pelas actividades de lazer com uma intensidade correspondente. Ouve-se dizer que o desporto reclama capacidades físicas. Se é verdade para o nível de alto rendimento, não é verdade para todos os desportos.
A simples saúde permite amplas possibilidades de praticar desporto e o leque de práticas desportivas é tão rico para a diversidade de gostos e de aptidões se possam exprimir. O desporto tem a incomparável faculdade de preencher o tempo livre. Compreender o desporto (ou os desportos), é perceber o sistema de relações que ele tem com a cultura e a sociedade que lhe dá sentido. Na sua multiplicidade, de formas e funções, o desporto escapa a uma clara definição, na medida em que é objeto de um incessante processo de legitimação social."