sexta-feira, 24 de julho de 2020

O regresso do Messias

"Como? Quem? Onde? Ah? Jorge Jesus? Não, nunca falei mal do senhor em toda a minha vida. Ficar eufórico com o 35 e uma migalhinha dessa satisfação se dever ao insucesso do JJ? Nada disso. Divertir-me à brava com a autêntica galhofa que foi o caminho até ao divórcio com Bruno de Carvalho? Nem pensar. Desfrutar de sorriso no coração a ultrapassagem, quase em cima da meta, do Al-Nassr de Rui Vitória ao Al Hilal que Jesus tinha deixado uns meses antes com 6 pontos de avanço na liderança? Que mentira absurda.
A vida dá muitas voltas, ainda mais do que as voltas que os jogadores do Benfica vão dar ao Seixal quando Jesus comandar o primeiro treino - nem sequer é ao relvado, é mesmo à cidade. Quando chegou pela primeira vez, em 2009, JJ disse que a equipa ia jogar o dobro. Desta vez, a missão é ainda mais exigente. Se na próxima época o Benfica não jogar pelo menos o triplo daquilo que assistimos durante esta segunda volta, temo que apenas lutemos por um lugar a meio da tabela.
Quem diria, há uns anos, que este regresso seria possível? Nem o Professor Chibanga. Sinto que ainda estamos todos a interiorizar esta novidade. Neste momento não faço ideia se a dupla de avançados na próxima época será Cavani-Shevchenko ou Vinícius-Gonçalo Ramos. Espero que cheguem reforços de valor indiscutível, mas os talentos da formação não podem ser ignorados.
O regresso de Jorge Jesus envolve um misto de emoções, no entanto aquela que prevalece é a vontade de ver o mister assumir a liderança da equipa o mais rápido possível. Tenho saudades de chegar a uma final europeia, mas desta vez é para ganhar."

Pedro Soares, in O Benfica

Bem-vindo, Mister!

"Jorge Jesus é, na actualidade, o melhor treinador português e um dos melhores do mundo.
Talvez nunca devesse ter saído da Luz. Aí houve culpas de parte a parte, e excessos causados pelas emoções, fortemente amplificados devido ao mediatismo do caso. Estes cinco anos serviram para aqueles que ainda tinham dúvidas perceberem o quanto ele vale, e também para ele perceber que é no Benfica que melhor se sente. Como um casal desavindo que, depois de algum tempo de separação conclui que é estando junto que alcança a felicidade. Não interessa de que cor Jesus nasceu, nem por onde passou. Foi no Benfica que despertou para os títulos e se tornou um treinador de topo. É esta a sua verdadeira casa, onde conquistou dez troféus e foi a duas finais europeias, deixando o Benfica no 5.º lugar do ranking da UEFA. Lançou jovens como Oblak, Gonçalo Guedes, André Gomes e outros, e valorizou jogadores que, sem ele, provavelmente nunca alcançariam o nível de sucesso que alcançaram.
Enquanto esteve no Sporting envolveu-se em duras polémicas com o nosso treinador de então. Muitas vezes excedeu-se. Fez de tudo para ganhar, tal como em todos os clubes por onde passou. Mas não me recordo de alguma vez ter faltado ao respeito aos adeptos do Benfica. Nunca pisou essa linha, respeitando o passado e deixando a porta aberta para este regresso.
Era o treinador que eu queria. Que eu quis em 2015, que eu quis em 2018, que eu queria agora. Tenho a certeza de que com ele estaremos mais perto de ganhar. E é essa o único rumo que interessa ao Benfica: o rumo das vitórias e dos títulos.
Seja bem-vindo a casa, Mister!"

Luís Fialho, in O Benfica

Jorge Jesus

"O regresso de Jorge Jesus ao comando técnico do SL Benfica é uma grande notícia. Unanimemente reconhecido como um excelente treinador, Jorge Jesus aceitou o desafio do presidente, e teremos uma certeza - o Benfica vai jogar mais e melhor. Os seus atributos são reconhecidos, e o insuspeito António Oliveira, ex-treinador do FC Porto, disse tudo quando o comparou a Pep Guardiola, Jurgen Klopp e José Mourinho.
Não será apenas o Benfica a beneficiar da excelência do seu trabalho, mas também o futebol luso. As suas performances ao serviço do Flamengo, onde conquistou seis títulos, atestam a sua competência. O Flamengo não vencia o campeonato desde 2009. Com a particularidade de ter deixado o histórico Santos a 16 pontos de distância. Em 29 jogos, somou 24 vitórias, 2 empates e apenas 2 derrotas. O grande momento foi a conquista da Taça dos Libertadores, batendo o mítico River Plate, clube que já conquistou 52 títulos. Gabigol, que passara discretamente pelo Benfica, em 2017/18, é a grande estrela e foi com Jesus que revelou todos os seus dotes de matador, conforme provam os 54 golos marcados. Tal como foi notável a prestação do Flamengo, na final do Mundial de Clubes, frente à mais poderosa equipa da actualidade, o Liverpool, campeão europeu em título. Jesus perdeu para Klopp apenas pela margem mínima (1-0) e no tempo extra. Basta recordar a forma como o Liverpool despachou Barcelona (4-0) e Bayern (3-1) e humilhou o FC Porto, com 5-0 e 6-1, para aferir da prestação do Flamengo. Ou seja, contratar um treinador com 19 títulos, 10 deles ao serviço do Benfica, faz todo o sentido."

Pedro Guerra, in O Benfica

Seniores ON

"Os mais idosos estão a passar um mau bocado. Eles são seguramente as maiores vítimas desta pandemia que ceifa vidas a torto e a direito, impiedosamente, por esse mundo fora. Por mais que se cuidem e que eles cuidemos, o espectro de perigo estão sempre presente, pairando no ar como uma ameaça iminente, amedrontando, confinando, tolhendo as mais ínfimas liberdades do dia a dia, que assim se vai pondo mais cinzento, agravando a solidão de muitos e cobrando, pelo sossego, a ausência de filhos e entes queridos. Mas há que reagir, e reage-se! Por isso, nunca como hoje os mais velhos se aproximaram das novas tecnologias, vencendo a resistência à mudança e descobrindo novos usos nos telemóveis de sempre. É certo que podem ser envervantes e complicados, mas a troco de todos os trabalhos trazem netos a sorrir, famílias e aproximarem-se mais e amigos a quem dar a mão, seja num clique, seja no toque suave dum ecrã.
Não é o mesmo: faltam as pessoas, o tacto, o compromisso do olhar, a luz dos sorrisos ou o aroma dos perfumes. Mas não falta a alma da gente, que se redobra em esforços por compensar com afectividade a dureza da distância. Nada pior para um ser gregário como nós, que disso dependemos para ter sucesso no jogo frio da evolução e da sobrevivência do mais forte, que ter de praticar em massa o distanciamento social como estratégia de sobrevivência. É contrário à nossa natureza e custa muito. Parece uma ironia e é, de facto, uma trágica ironia. Mas, apesar de tudo isto, sobreviveremos quase todos. Sobreviverão também os mais idosos, pelos cuidados tidos, mas terão de chegar adiante, a esse dia luminoso de esperança em que a medicina dará conta do recado e mandará a covid para o mesmo destino de tantas e tantas doenças imabatíveis, que a história humana mostrou vencer uma e outra vez. Mas, para já, é preciso manter corpo e alma em boa forma, e uma boa maneira de o fazer é adaptar tudo o que fazemos à nova realidade, mas nunca desistirmos de o fazer. Nós no Benfica sabemos bem o que isso é, resistir e nunca baixar os braços, prevalecer sobre a adversidade e, inevitavelmente, vencer. Por isso, a Fundação Benfica mantém todos os seus projectos com as devidas adaptações. Por isso, também, vemos com orgulho os nossos idosos a manterem as aulas em dia nas universidades seniores online, cultivando os saberes e as amizaddes de sempre e gozando a vida como o privilégio que efectivamente é. Num qualquer destes dias voltaremos aos relvados para os ver jogar walking football, e a festa será de arromba. Força, pessoal!"

Jorge Miranda, in O Benfica

SL Benfica | Os 5 melhores golos frente ao Sporting CP no século XXI

"A última jornada do campeonato 2019/2020 promete ser escaldante não só na luta pela permanência como na disputa pelos “lugares europeus”. Se por um lado o SL Benfica já não joga por nenhum objectivo, por outro encontra-se o Sporting CP a precisar de um ponto para assegurar o terceiro lugar e, consequentemente, a entrada directa na fase de grupos da Liga Europa.
Mas um dérbi é um dérbi e com ele traz sempre grandes momentos, incluindo grandes golos. Ainda que já tenham sido marcados golos espectaculares ao longo da história deste clássico do futebol português, neste artigo vou mostrar-vos os cinco melhores golos das águias aos leões este século.

1. Lima (Primeira Liga Portuguesa 2012/2013) – Sem dúvida, um dos melhores golos de sempre em jogos frente ao Sporting Clube de Portugal. Uma jogada fantástica que teve como intervenientes Lima, Gaitán e Salvio.
Gaitán recebe a bola no meio-campo adversário marcado por dois jogadores dos “leões” e com uma finta de corpo passa por entre os dois de forma a prosseguir até à área. De seguida, o argentino tabela com Salvio que, ao primeiro toque, trata de devolver-lhe a bola. Também ao primeiro toque, Nicolás Gaitan cruza para o centro da área onde aparece Lima que num pontapé em habilidade (no ar) finaliza de forma perfeita para o fundo da baliza de Rui Patrício.

2. Lazar Markovic (Primeira Liga Portuguesa 2013/2014) – No mesmo campeonato que o golo do Enzo Pérez, mas desta vez logo à terceira jornada, em Alvalade. Um golo memorável por parte do sérvio Lazar Markovic, em ano de estreia no Benfica.
O ex-Partizan recebe a meio do meio-campo “leonino”, passa por William Carvalho e conduz a bola em direcção à área adversária. Já à entrada da área, Eric Dier tenta desarmar o sérvio, mas este finta o inglês e o argentino Marcos Rojo, que se encontrava junto do companheiro de equipa. Depois de fintar três jogadores, Markovic só teve de colocar a bola por baixo de Rui Patrício e estabelecer a igualdade no marcador.

3. Enzo Pérez (Primeira Liga Portuguesa 2013/2014) – Uma jogada incrível do médio argentino que passou pelo Benfica entre 2011 e 2015.
Enzo Pérez recupera a bola a cerca de 30 metros da baliza defendida por Rui Patrício, conduz até à entrada da área, onde encontra o inglês Eric Dier. Numa simulação de remate com o pé direito, leva Dier a cair, deixando assim toda a zona central livre para o remate. Ainda assim, Enzo Pérez quis marcar um belo golo e de pé esquerdo rematou, em jeito, ao ângulo superior.
O Benfica acabou por vencer este jogo à terceira jornada da segunda volta, num resultado bastante importante para o campeonato, que viria a ser conquistado pelos “encarnados”.

4. Geovanni (Primeira Liga Portuguesa 2003/2004) – Um grande golo por parte de Geovanni, ex-jogador brasileiro dos “encarnados” entre 2002 e 2006.
Petit recebe a bola perto do meio-campo e descobre Geovanni solto do lado direito do campo. O avançado brasileiro controla a bola com um toque e de seguida remata com força e com colocação para o fundo da baliza de Ricardo. O guarda-redes português ainda se esticou, mas não conseguiu evitar um grande golo de Geovanni.



5. Luisão (Primeira Liga Portuguesa 2004/2005) – Um golo que não se destaca pela espectacularidade ou pela técnica, mas sim pela grande importância que teve para o Benfica.
Petit cobra um livre lateral e encontra o jovem Luisão dentro da pequena área. O defesa brasileiro cabeceia a bola enquanto o guarda-redes dos “leões”, Ricardo, tenta agarrar a bola, mas falha o esférico e permite o golo aos “encarnados”.
Este golo, aos 83 minutos, permitiu ao Benfica vencer o jogo (então 33.ª jornada) e ficar isolado… do Sporting. Os “leões” alegaram falta no lance, mas acabou mesmo por ser validado e permitir às “águias” ganhar, mais tarde, o campeonato nacional."

Dérbi para a história

"O jogo entre Benfica e Sporting, que será disputado amanhã, às 21h15, no Estádio da Luz, ficará para a história como o primeiro (desejando-se que seja o último), entre estes clubes, realizado nestas circunstâncias absolutamente extraordinárias, as quais implicam a total ausência de público nas bancadas.
Naquele que é considerado, no futebol português, o dérbi dos dérbis, com uma longa e muito preenchida história iniciada em 1 de dezembro de 1907, que conta já com 436 jogos disputados, o Benfica leva vantagem, com 191 vitórias, 81 empates e 164 derrotas. Em competições oficiais, realizaram-se 346 partidas, com o Benfica a obter o triunfo em 154, enquanto os leões saíram vencedores em 126 (66 empates).
Na presente temporada já houve dois confrontos, com a nossa equipa a vencer em ambas as ocasiões. A abrir a temporada conquistámos a Supertaça e, na última jornada da primeira volta da Liga NOS, trouxemos uma vitória de Alvalade.
Infelizmente, o jogo de amanhã já não terá qualquer influência para a nossa posição na classificação da Liga NOS. Não atingimos o nosso objectivo principal, que era sermos campeões nacionais, estando assegurado o segundo lugar, que dá acesso às eliminatórias de entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões. Para o Sporting o jogo assume um carácter mais decisivo, estando em jogo a obtenção do terceiro lugar na tabela classificativa.
Acresce que será importante dar seguimento aos bons sinais deixados pela equipa desde que Veríssimo assumiu o comando. As três vitórias e um empate conseguidos reflectem a melhoria exibicional e a maior eficácia da nossa equipa nestes jogos face ao passado recente.
Mas independentemente do adversário ou das circunstâncias do jogo, as equipas do Benfica entram sempre em campo para ganhar. Só a partir de domingo iniciará a preparação para a final da Taça de Portugal, prova que queremos muito vencer.
O jogo com o Sporting terá um aliciante extra, mais curioso que relevante, que é termos dois jogadores na luta por se sagrarem os melhores marcadores da Liga NOS. Pizzi e Vinícius lideram com 18 golos, seguidos de Paulinho, do Braga, com 17, e Taremi, do Rio Ave, com 16.
Os dados estão lançados. Neste jogo especial, em circunstâncias especiais, lamentando-se profundamente a ausência de público, que ganhe o Benfica! Amanhã e sempre!"

O Messi de Guimarães e os craques de Famalicão e Vila do Conde

"Previ aqui, numa das primeiras crónicas da época, que Marcus Edwards poderia completar a temporada como o melhor jogador da história do Vitória de Guimarães. Não vou dizer que acertei em definitivo, por respeito a tantas carreiras, e mais longas, com o emblema do rei ao peito, Cascavel, Ademir, Paneira e tantos mais, mas o miúdo inglês tem talento que pede meças a qualquer deles e potencial para chegar mais longe ainda. O Messizinho da cidade-berço foi a melhor notícia do ano no futebol português.
Mas há outras notícias boas, de talento revelado, já que, apesar de colectivos de pouco brilho – salvam-se o entusiasmante Rio Ave, o muito competente Famalicão e algumas intermitências elogiáveis de Braga e Vitória de Guimarães - houve talento a despontar, e é sempre do talento que nascem as melhores equipas. O maior mérito dos treinadores será o de criarem o contexto, táctico e a partir daí também emocional, para que os melhores futebolistas apareçam e cresçam. Em relação às equipas em que o conjunto suportou o brilho individual, desde logo Rio Ave e Famalicão, é não só justa como indispensável uma nota prévia: a escolha dos jogadores já mostrava um caminho, que o modelo de jogo depois corporizou convictamente rumo ao sucesso.
Quando a base de uma equipa tem Borevkovic e Monte, Al Musrati e Diego Lopes, Carlos Mané e Nuno Santos, Piazon ou Taremi, seguramente foi pensada para jogar, para ter mais iniciativa que expectativa, para assumir a bola e não para correr atrás dela. A identidade também pode ter uma marca mais defensiva mas as equipas que guardaremos na memória são as que ousam jogar, seja onde e contra quem for. Carlos Mané podia perfeitamente integrar o plantel de um grande e nem sempre joga, Piazon é um luxo para o futebol português, como Taremi, pois claro, e Al Musrati tem tanta qualidade que não se entende como pôde ter sido dispensado de Guimarães.
E se há um meio campo com Gustavo Assunção, Pedro Gonçalves e Racic, e mais Guga e Lameiras no serviço ao talento de Fábio Martins e à agressividade eficaz de Diogo Gonçalves e Toni Martinez, é porque alguém pensou numa ideia antes de juntar nomes. E a ideia pressupunha, também nestes caso, coragem no jogo, ousadia sempre que possível, como se viu contra as melhores equipas e por várias vezes.
Isto significa que as equipas que jogaram melhor são também as mais bem colocadas logo a seguir aos ricos e tradicionais donos dos melhores lugares. Foram as que ousaram jogar, não foi nenhuma das que pensavam medrosa e prioritariamente em fechar-se para contra-atacar meia dúzia de vezes em cada jogo. Não acredito que seja uma lição para o futuro, mas bem que deveria ser. O campeonato foi fraco, com poucas equipas a escaparem à mediocridade. O futebol português precisa de coragem para melhorar. Desde logo coragem dos treinadores, de assumirem o risco da iniciativa, escolher bem e fazer jogar os melhores. Como aconteceu com Famalicão e Rio Ave. E com o sucesso que é evidente."

Despedida II !!!

"Depois de Carlos Xistra, é a vez de Jorge Sousa terminar a carreira ao serviço do clube do coração. Mais um gesto bonito de Fontela Gomes.
Não dá para o #PortoaoColo fazer mais dois jogos para permitir que Artur Soares Dias e Fábio Veríssimo possam, também, acabar a carreira?"

Desporto: um sector esquecido

"Sabemos que só o golfe (dados de 2018 publicados no Anuário da Federação Portuguesa de Golfe) gerou em impactos directos e indirectos cerca de 1,9 mil milhões de euros. E o surf tem certamente um impacto significativo em termos de procura das nossas praias.

Portugal aumentou em pouco anos o seu reconhecimento internacional em muitas vertentes, sendo uma delas o desporto e tudo o que este comporta e com o qual se relaciona.
A capacidade de o país organizar e acolher no seu território, com as suas infraestruturas e recursos, múltiplos eventos de diferentes modalidades tem constituído valor acrescentado e benefícios para o desenvolvimento desportivo e económico nacional.
Em resultado desse desenvolvimento, Portugal é hoje, também, internacionalmente reconhecido como um destino privilegiado para a preparação desportiva de atletas e selecções nacionais de diferentes países em inúmeras modalidades.
Existem mesmo modalidades (remo, canoagem, vela, ginástica, futebol, triatlo, surf, ciclismo, atletismo, entre várias outras) que escolhem Portugal como local de preferência para os respectivos estágios desportivos, incluindo nas suas delegações campeões olímpicos e mundiais. E quem acompanha os processos desportivos no alto rendimento sabe do efeito multiplicador que estas opções geram na procura dos espaços de preparação desportiva escolhidos pelos melhores.
Na grande maioria dos casos o país ignora a dimensão do problema. E aproveita mal os ganhos económicos e desportivos. E se existe alguma entidade que registe o movimento de entradas em Portugal por motivos desportivos e o contributo que é dado à nossa economia esse trabalho não é do conhecimento público, ao contrário do que se passa no país vizinho, onde o "Anuário de Estadísticas Desportivas", entre outras dimensões de análise, permite conhecer a magnitude do desporto em termos comerciais e turísticos.
A partir de 2016 deixaram de ser publicados dados da Conta Satélite do Desporto e naquela data o período estudado era 2010/2012. Nessa altura o desporto já representava 1,4% da mão-de-obra nacional, o mesmo nível de postos de trabalho da "indústria da madeira, papel e cartão" (1,4%) e mais do que ramos de actividade como a "consultoria e programação informática" (0,9%), "actividades imobiliárias" e "telecomunicações" (0.3%).
Numa recolha que o Comité Olímpico de Portugal fez junto de algumas entidades desportivas e operadores privados, e em apenas algumas modalidades, estima-se que o número de países que estagiaram em Portugal em 2019 seja superior a uma centena e meia, correspondendo a cerca de 200 mil dormidas. Muitas destas dormidas, geradas pela procura desportiva, são contabilizadas na indústria do turismo, por via do registo hoteleiro. Ignoramos o valor económico gerado em impactos directos e indirectos. Mas sabemos que só o golfe (dados de 2018 publicados no Anuário da Federação Portuguesa de Golfe) gerou em impactos directos e indirectos cerca de 1,9 mil milhões de euros. E o surf tem certamente um impacto significativo em termos de procura das nossas praias. E podem apresentar-se os desportos hípicos com um peso muito significativo na economia.
Em alguns casos é de admitir que esta procura se deva à promoção do país no estrangeiro e aos efeitos multiplicadores que tiveram no sector do desporto. Mas tal não correu, que seja público, por impulso concertado das autoridades que deveriam liderar este processo, designadamente o Turismo de Portugal e a Fundação do Desporto, esta enquanto coordenadora da gestão dos centros de alto rendimento que são de génese e gestão públicas.
Esta procura resulta, em grande parte, de iniciativas particulares promovidas por contactos bilaterais entre organizações desportivas congéneres ou por iniciativas de entidades privadas, sem que, porém, seja dada a devida atenção aos resultados deste fenómeno catalisador do valor desportivo nacional e incrementador de montantes avultados de consumo, que não são nem podem ser ignorados no plano económico.
Aquando da recente apresentação do Programa de Recuperação Económica e Social, a ministra da Cultura revelou que teve um "um diálogo bom" com o autor do trabalho e que está muito contente com a visibilidade da sua área no plano.
O mesmo não pode afirmar, infelizmente, o membro do Governo responsável pela área do desporto. Pelo menos no que toca à visibilidade do sector. É pena. Perde o desporto e perde Portugal."

A relevância do desporto

"Se o mundo não tivesse sido abalado pela pandemia da Covid-19, esta sexta-feira iríamos certamente assistir à Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, e acompanhar o desfile dos atletas olímpicos da Equipa Portugal.
Estava em preparação uma cerimónia de abertura que iria ser vista por mais de 3,6 mil milhões de pessoas de audiência global, e que seria transmitida por mais de 500 canais de televisão e centenas de plataformas digitais. Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que mantiveram a mesma designação e marca, estão agora agendados para o período de 23 de Julho a 8 de Agosto de 2021, e irão certamente bater novos recordes de audiência e acompanhar as rápidas mudanças de hábitos de consumo, com mais ofertas digitais para proporcionar a mais de metade da população mundial o visionamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que pretendem afirmar-se como os mais inovadores da história, transmitindo uma mensagem baseada em três conceitos principais: procurar o melhor de nós, aceitarmo-nos uns aos outros e focarmo-nos no futuro.
Em Portugal, mais de três milhões de portugueses acompanharam as prestações dos atletas olímpicos da Equipa Portugal na última edição dos Jogos Olímpicos Rio 2016, segundo um estudo realizado pela Nielson Media Research para o Comité Olímpico de Portugal.
São factos que confirmam a relevância do desporto para qualquer país do mundo e para qualquer sociedade moderna, e que têm sido aproveitados em cada vez mais países para potenciar a sua promoção através dos atletas e das equipas olímpicas nacionais, com estratégias agregadoras e acções coordenadas pelos Comités Olímpicos Nacionais, que contam com o envolvimento e compromisso das autoridades políticas nacionais, dos diversos agentes desportivos, das empresas e marcas de referência, dos media e da população em geral.
Em Portugal, temos também o dever de procurar o melhor de nós e, em cada função que desempenhamos, desde atletas, treinadores, dirigentes e responsáveis pelo desporto, ter a capacidade de fazer mais e melhor, inovar e criar projectos de qualidade e sustentáveis com a ambição de mobilizar vontades, recursos humanos, materiais e financeiros, que permitam a modernização do tecido desportivo nacional para atrair mais jovens para a prática desportiva regular.
Aceitarmo-nos uns aos outros, promovendo a entrada no sector do desporto de mais pessoas, organizações, empresas que gostam do desporto tanto como nós que cá andamos há alguns anos sem receios, e aceitar os seus contributos, inovação, conhecimentos, capacidades e sobretudo a sua vontade de ajudar Portugal a ser cada vez melhor num sector tão competitivo como o desporto. Focarmo-nos no futuro com a oportunidade de modernizar o sector do desporto, com soluções tecnológicas e de inovação no apoio ao treino desportivo, com políticas de sustentabilidade ambiental e com uma transformação digital que permita maior eficiência e eficácia das organizações desportivas, com produtos e serviços de qualidade, que as ligue rapidamente com as pessoas que serão sempre o cliente mais relevante do desporto, e que vêm nos atletas olímpicos que representam a Equipa Portugal nos Jogos Olímpicos uma referência e força motivadora para as suas vidas."