quinta-feira, 16 de julho de 2020

Processos ganhos

"Foram divulgadas, ontem, duas decisões de tribunais favoráveis ao SL Benfica, ambas relacionadas com castigos aplicados devido a alegado apoio a grupos organizados de adeptos.
Sobre a interdição, de cinco jogos, do Estádio da Luz, por parte do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) decidiu revogar essa decisão. Foi considerado que a norma regulamentar não poderia ser aplicada neste caso, concluindo-se que "a FPF não tem competência legal para aplicação de sanções relacionadas com a concessão de apoios a grupos organizados de adeptos que não estejam registados junto do IPDJ, na medida em que tal competência é exclusiva do IPDJ".
Por outras palavras, de acordo com o TAD, "a decisão da FPF está, pois, inquinada por um vício de incompetência absoluta e, como tal, é nula". O TAD acrescenta ainda no seu acórdão que "não foi dado como provado que se tenha registado qualquer consequência negativa da utilização do material coreográfico pelas 'claques'".
A outra decisão coube ao Tribunal da Relação de Lisboa, em que, dada razão ao SL Benfica, considerou-se improcedente o recurso do Ministério Público da decisão que, em primeira instância, já absolvera o Clube do castigo de um jogo à porta fechada e multa imposto pelo IPDJ por alegado apoio ilegal a grupos organizados de adeptos.
Com este despacho, o Tribunal da Relação reitera a legalidade dos procedimentos do SL Benfica, sendo os mesmos conformes aos imperativos e às necessidades de segurança para um espectáculo desportivo, como é o caso de um jogo de futebol, e alinhados com as exigências de uma boa organização deste tipo de eventos.
Ademais, deu-se por provado que qualquer adepto, ainda que não inserido em grupos organizados, pode requerer autorização para entrada no Estádio com o mesmo tipo de material que o fazem os adeptos que se identificam com os Diabos Vermelhos ou os No Name Boys.
Reconhecendo que ambas as decisões foram alvo de notícia por parte da generalidade da comunicação social, o contraste do destaque dado comparativamente às primeiras acusações merece uma reflexão de todos.
Aí o alarido foi enorme, com primeiras páginas e aberturas de telejornais, contribuindo, então, para adensar um clima de suspeição despropositado, conforme as mais recentes decisões o demonstram.
A luta por audiências e leitores não pode justificar tudo!
É evidente que a ampliação desmesurada do anúncio de investigações, e até mesmo acusações, serve certos interesses, atropelando-se valores inalienáveis como, entre outros, a presunção de inocência, e promovendo-se julgamentos na praça pública. E este flagelo torna-se ainda mais evidente quando as decisões dos tribunais são favoráveis aos visados, não havendo semelhante divulgação, no espaço público, das mesmas.
Congratulamo-nos por estas duas decisões. Por muito empenho dos acusadores, que o houve, por muito entusiasmo dos detractores, que foi notório, e por muita insistência de alguma comunicação social, que a deveria envergonhar, ficou provado, mais uma vez, que o SL Benfica age de acordo com a lei."

Comunicado

"Desde a passada segunda-feira que circulam inexatidões, falsidades e especulações sobre o teor da imputação feita no âmbito do processo n.º 461/17.

Temos, pendente de despacho, requerimento no sentido de ser confirmada a informação verbal que nos foi dada de que o processo não se encontra sujeito a segredo de justiça. Seja como for, e uma vez que, com todos os prejuízos inerentes, continuam as especulações e as falsidades, impõe-se-nos como interesse superior e muito urgente esclarecer agora, publicamente, que a imputação feita e comunicada, nos termos e com as consequências legais, é de alegado crime de fraude fiscal.
Nada mais. Uma coisa são a verdade, o objecto do processo e as regras legais, tudo o mais é ruído."

Um Vieirista e um Abutre à conversa

"Numa tasca qualquer no Portugal profundo, dois Benfiquistas debatem a actualidade do clube. Um é claramente apoiante do presidente atual ("Bah, não passa é de um Vieirista..."), o outro desespera por uma alternativa ("Bah, não passa é de um Abutre..."):
Vieirista: "Olha quem é ele...já me vens azucrinar a cabeça outra vez? Aposto que até festejaste o golo do Famalicão!"
Abutre: "Oh amigo...eu já nem festejo nem deprimo. Desta equipa já não espero nada e espero tudo ao mesmo tempo. Só quero que cheguem as eleições em Outubro..."
V: "Pronto. Já cá faltava. O objectivo é só esse, não é? Tirar de lá o melhor presidente da História do Benfica."
A: "Epá...assim até me engasgo com a mini! Meu rico Borges Coutinho. O melhor presidente que vai perder 10 campeonatos em 17 para o Porto? Ou é o melhor presidente a colocar o nome do Benfica nas ruas da amargura, envolvido constantemente em polémicas e casos de tribunais?"
V: "Isso acontece porque o querem tirar de lá à força toda! Quando o Benfica não ganhava campeonatos, os nossos rivais gozavam a dizer que o queriam lá muitos anos. E agora atacam-no de todos os lados? Por alguma coisa será. Ganhaste 5 campeonatos nos últimos 6 anos, já para não falar no campeonato da credibilidade..."
A: "Mas quais credibilidade? A bem do Benfica, só espero que tudo o que se diz seja mentira. E se for, que medalha é essa da "credibilidade"? Ser honesto no Benfica é uma obrigação e não algo que deva ser elogiado."
V: "Pois é...mas vocês esquecem-se que já lá tivemos um ladrão, que deixou o Benfica só com as pedras da calçada. Entretanto, surgiu alguém que avançou para um estádio, um centro de estágio, um canal de televisão, recuperou o clube financeiramente e vai com quase 20 troféus conquistados."
A: "Eu nunca disse que ele não tem os seus méritos! Mas achas que é o único que conseguiria isso? O Porto e o Sporting também têm estádio, centro de estágio, televisão, etc. Mas há uma hegemonia desportiva que tarda em ser alcançada e se calhar fazia bem ao clube mudar em nome da democracia, não?".
V: "Pinto da Costa está lá há quase 40 anos e os portistas não se queixam. Então mas se o que Vieira fez é fácil, onde está a oposição? Vais votar no Rui Gomes da Silva que até há bem pouco tempo estava lá dentro, presume-se que a concordar com o rumo seguido?"
A: "Pois, não sei. Ainda não me decidi. Continuo à espera de um D. Sebastião que me faça acreditar que não é preciso manhosos no futebol Português e que o Benfica tem dimensão suficiente para ter equipas de futebol tão melhores que os outros, que não precise de esquemas nenhuns."
V: "Não te deixes levar pela conversa dos outros! Nada está provado. Mas também não podes ser lírico, Portugal é o país da cunha, do conhecer a pessoa certa. Como dizia o outro "Manda quem pode, obedece quem tem juízo". Precisas sempre de alguém assim...ou então terás o que tiveste nos anos 90. Um Benfica anjinho e manietado."
A: "Pois, não sei. Estou muito desiludido com isto tudo. O que queria mesmo é que não tivéssemos desperdiçado este campeonato e não estivéssemos a oferecer dois títulos em três anos numa bandeja a um Porto intervencionado pela UEFA..."
V: "Estão intervencionados, mas continuam a gastar muito dinheiro. Tem calma, que eles hão-de cair. O Benfica está numa situação financeira muito mais invejável e mais tarde ou mais cedo isso há-de passar factura."
A: "Epá, com tantas abébias que lhes estamos a dar, qualquer dia recuperam e depois arrependemo-nos profundamente destes anos em que os tivemos à nossa mercê."
V: "Tem calma, que o Presi agora vai buscar o Jesus e vai voltar a nota artística!"
A: "Quem te viu e quem te vê em relação ao Jesus! Mas vê bem o desespero: há 5 anos o Vieira deu-lhe um pontapé no traseiro porque era para apostar na formação e agora já o quer de volta. Enfim. Olha...sabes do que tenho saudades? É da antiga Luz! Do Paneira, do Magnusson, do Isaías, daquele 3º anel cheio de bandeiras, da vénia, dos 120.000 a bater com os pés no chão para assustar os outros. Sinto saudades desse Benfica puro e belo."
V: "A nostalgia pinta tudo mais bonito do que era realmente. Não podes desistir do Benfica pá! Continua a ser a mais bela ideia criada, uma frente Popular que nasceu para ser o maior clube Português e o elo de ligação de milhões de pessoas em todo o mundo.
A: "Apesar de Vieirista, agora falaste bem. Mesmo com todas as minis que já levas em cima ahah. É isso: não desistir do Benfica. Se não desistimos no Vietname, não é agora que o vamos fazer. Sabes que amo o Benfica. E se critico é porque quero o melhor para ele. E porque sinto que o actual está muito longe do potencial e da beleza que devia ter.
V: "Percebo. Lá chegaremos. No entretanto, logo à noite vens cá ver o jogo?"
A: "Claro. Se o Seferovic marcar um golo pago uma rodada à malta toda!"
V: "Ah valente!""

Sobre Pizzi, André Almeida, Rafa e Bruno Lage: o desmentido, essa arma que muitas vezes vem desmentir a mentira que se pôs a circular

"Finito. Acabou-se. Para o ano há mais. Resta, aos crentes mais devotos e insanos, o “matematicamente possível” que de matemática nada tem. As dúvidas já seriam poucas, mas as poucas que houvesse foram desfeitas pelo empate do Benfica em Famalicão e mais uma vitória cinzenta de um FC Porto cinzento. O campeonato está entregue, com justiça e sem brilho.
Mas a culpa não é da equipa de Sérgio Conceição. Afinal, um campeão é pelo menos tão bom como o melhor dos seus adversários e não precisa de mais. Se o melhor adversário é paupérrimo, problema dele que assim obriga o rival a limitar-se a ser competitivo e competente. E, com altos e baixos, o Porto foi competente e competitivo, muito mais que o melhor dos seus adversários.
Uma das vantagens de um campeonato competitiva e desportivamente pobre como este é que, por paradoxal que pareça, a contestação ao campeão diminui. Os erros próprios de quem perde são tão evidentes que, por vergonha ou sensatez, ninguém se atreve a atirar as culpas para os árbitros, a Covid, o sistema – quer o sistema entendido como o conjunto de forças obscuras que supostamente controla o futebol português, quer o sistema solar.
Não quer isto dizer que a procura activa de bodes expiatórios e o sacrifício público dos mesmos tenham terminado. Afinal, é preciso explicar aos leigos como é que o clube mais rico, com o melhor plantel e cujo presidente fez questão de não cortar salários durante a pandemia conseguiu perder o campeonato para um clube de finanças debilitadas e com um plantel desequilibrado, a galáxias de distância das melhores equipas do FC Porto.
A imolação de Bruno Lage não chega. Os deuses pedem mais. Mais sangue, mais sacrifícios. E quem melhor do que os jogadores, sobretudo os jogadores com mais peso no balneário, para representarem esse papel, poupando estrategicamente a cúpula do clube? Por essa razão, a notícia que circula há poucos dias segundo a qual Bruno Lage atribuiria o descalabro ao comportamento doloso de Pizzi, Rafa e André Almeida, e que foi desmentida pela comunicação do Benfica com uma prontidão e uma energia bastante suspeitas, chegou ao nariz dos adeptos carregando o odor inconfundível das mais engenhosas manobras de bastidores.
Vamos acreditar que Bruno Lage, qual fantasma do pai de Hamlet, anda por aí de armadura a alertar a família benfiquista – “Foi o trio! Cuidado com o trio” – em vez de permanecer caladinho a negociar os termos da rescisão. Porque é que o clube se sentiu compelido a “desmentir”? Desmentir o quê? Que Bruno Lage acha que alguns jogadores não deram o máximo? Se ele estiver convencido disso é compreensível que, ao desabafar com amigos, aponte o dedo a alguns jogadores. Seria uma atitude facilmente desculpada com o desalento, a frustração e o despeito. Mas nada que merecesse uma resposta tão longa do clube, “em defesa do bom-nome e reputação dos referidos atletas.”
E o desmentido, essa arma de comunicação que muitas vezes vem desmentir a mentira que se pôs a circular, torna-se mais suspeito do que a acusação em si. Tal como alguém que se desculpa sem ser acusado demonstra a própria culpa – excusatio non petita, accusatio manifesta – também aqueles que se excedem nas justificações apontam para si mesmos o dedo acusador. Continuando nos “latinzes”: cui bono? Quem ganha com este diferendo entre o ex-treinador e os jogadores? A quem interessa defender tão energicamente o profissionalismo e o bom-nome dos atletas que, antes desta notícia, não tinham sido postos em causa?
Uma coisa é certa, enquanto o pau vai das costas de Lage para as costas dos jogadores alguém fica de costas folgadas e a assistir de cadeirinha ao espectáculo. As manobras de diversão só não alteram a matemática e essa é clara: o campeonato, perdido ingloriamente, já foi. Mas, enfim, parece que Jesus está de volta e, se o nome não for um acaso, saberá uma ou duas coisas sobre pagar pelos pecados alheios."