segunda-feira, 13 de julho de 2020

Aposta consolidada

"O Sport Lisboa e Benfica não se tem limitado a acompanhar a importância crescente, a nível mundial, da vertente feminina do desporto, estabelecendo-se, antes, como um promotor dedicado e entusiasta da igualdade de género em Portugal.
Esta postura repercute-se na participação cada vez maior de mulheres nas actividades do Clube, seja como atletas, treinadoras ou dirigentes nas muitas equipas de diversos escalões e modalidades, seja pela relevância crescente nos recursos humanos, ou simplesmente por se ter assistido a um incremento significativo do número de associadas benfiquistas, assim como de detentoras de Red Pass.
O Benfica nunca, ao longo da sua história, menorizou o papel das mulheres no desporto. Desde cedo teve equipas femininas, garantindo condições para que a prática desportiva fosse universal. Foram muitas as atletas que se destacaram ao longo de décadas, o que é facilmente constatável quando se visita o nosso extraordinário Museu. As Marias, no voleibol, Leonor Cadillon, no ténis de mesa, ou Edite Cruz, na patinagem, são, talvez, os nomes mais evidenciados.
No final do século passado houve um certo afastamento desta tradição benfiquista, mas o reencontro com esta matriz tem sido uma marca indelével do benfiquismo nos últimos dez/quinze anos.
Retomou pela aposta ocasional numa ou noutra modalidade (por exemplo o râguebi) e pela contratação de atletas de eleição em desportos individuais, através do projecto olímpico, sendo que Vanessa Fernandes e Telma Monteiro rapidamente se tornaram referências do Clube.
Desde então o Benfica é o clube que mais se tem notabilizado na promoção do desporto, no feminino, em Portugal. A abrangência da intervenção benfiquista neste domínio não encontra paralelo no presente ou no passado. Contamos com equipas em muitas modalidades, incluindo os vários escalões da formação, com retorno desportivo assinalável.
Somos hegemónicos no hóquei em patins e no futsal; estreámo-nos, no futebol, com a conquista de todos os títulos possíveis, incluindo a Taça de Portugal; conseguimos o primeiro título, ao mais alto nível, da nossa história no basquetebol; dominámos a temporada passada no polo aquático; e vimos o regresso das nossas cores no andebol e voleibol, ambicionando chegar rapidamente ao trilho do sucesso. Continuamos a contar com o contributo de muitas atletas nos desportos individuais, algumas delas medalhadas em competições internacionais, e persistimos na manutenção de modalidades sem cariz competitivo, mas que fomentam significativamente a prática de desporto.
Este é um projecto sustentável, que acompanha os tempos e a evolução do desporto a nível mundial, e dignifica e engrandece a instituição. Estamos na vanguarda do desporto em Portugal, incluindo na vertente feminina, o que se constitui como motivo de orgulho para todos nós e, principalmente, reforça a ambição de querermos sempre mais, em todas as vertentes do desporto, para honra e glória do Sport Lisboa e Benfica.

P.S.: Hoje, pelas 16h30, serão anunciados os resultados do lançamento, pela Benfica, SAD, do empréstimo obrigacionista 2020-23, cuja subscrição terminou na passada sexta-feira."

É o que é

"É o que é "É o que é". Esta frase infeliz de Nélson Veríssimo diz tudo sobre o momento actual do Benfica. Dá-lhe até um certo sentimento misterioso e místico, transmitindo a ideia que, aparentemente, não havia nada a fazer e sempre estivemos condenados a um fim de campeonato penoso. Teremos um campeão justo? Diria que sim. Pelo menos foi claramente o que mais quis ganhar, tendo conseguido unir-se para ultrapassar a fase mais complicada da época na altura em que Sérgio Conceição colocou o lugar à disposição. Já o Benfica fez o percurso inverso: partiu de uma posição invejável e de grande estabilidade para um autêntico descalabro desportivo e emocional. Não há explicação óbvia para esta derrocada, apenas os jogadores poderão desvendar este mistério, mas parece-me evidente que algo aconteceu naquele balneário depois da derrota no Porto por 3-2.
Mas sobre isto já estarão fartos de ouvir falar e ficará, certamente, para memória futura. Prefiro debruçar-me sobre o futuro e as possíveis consequências deste terramoto benfiquista.

A Equipa
Chegou a altura de enfrentar a dura realidade que vinha sendo mascarada pelo sucesso de Bruno Lage na época passada: esta equipa não tem qualidade, experiência ou personalidade para responder à exigência de um clube como o Benfica. Poderão achar que isto é uma afirmação dura e insensível, porque afinal estamos cá para "apoiar", mas amigo é aquele que diz a verdade, mesmo nos momentos mais difíceis.
Na minha opinião, o Benfica tem hoje um plantel recheado de jogadores medianos, projectos de futuro e outros que simplesmente não têm qualidade para envergar a nossa camisola. Não temos um único craque, um daqueles que jogaria em qualquer equipa do mundo. Zero. E reparem que já nem se pode usar o argumento que os jogadores estão em fase de crescimento e que temos de aguardar por tempos melhores! A maioria deles não evoluiu de forma positiva nos últimos tempos e arrisco até dizer que alguns pioraram. Isto deve-se obviamente à qualidade do treino, ou à falta dela, mas também em grande parte à inexistência de uma mentalidade vencedora no clube. A exigência perante os atletas é baixíssima, sentimento que também já afectou as bancadas da Luz que aprenderam a gostar de um 1-0 sofrido com serviços mínimos, e temos tido muito pouco retorno para o investimento feito em salários, prémios e apoio pessoal aos atletas. Criámos um grupo de mimados que exigem mundos e fundos, a quem nada se pode apontar e que estão longe, muito longe, de justificar o estatuto de estrelas.
Mas não se pense que este é um problema exclusivo destes rapazes que, mal ou bem, vão tentando fazer o seu caminho. A destruição do valor do plantel vem sendo feita desde o final da época 2013/2014, período que marcou o fim do mandato desportivo de LFV, o famoso "3+1+50". O Presidente prometeu 3 campeonatos, uma final europeia, 50 títulos nas modalidades e passar a transmissão dos jogos para a Benfica TV. Não só cumpriu estas metas ambiciosas como até levou o clube a duas finais europeias. Ou seja, quando havia motivação a coisa fez-se! Aparentemente essa fome de glória desapareceu e temos assistido, ano após ano, a uma degradação do valor geral da equipa que apenas a estrela cadente João Félix e o grande Jonas conseguiram disfarçar. Façam este exercício: quantos jogadores deste plantel entrariam no 11 base de 13/14? Um, dois... nenhum? Isto não foi há 20 anos, foi há 6 épocas. É surreal. É revoltante. Não se entende, não se aceita e não vale apresentar lucros recordes quando isso é feito à custa da destruição da qualidade da equipa. O resultado está à vista: estamos à beira de perder 2 campeonatos em 3 para o pior Porto dos últimos 30 anos (e podiam perfeitamente ter sido 3 em 3) e as prestações na Europa têm sido uma autêntica vergonha, com todas as consequências que isto tem termos futuros devido à descida no ranking europeu.
E agora? Quanto custará aumentar a competitividade desta equipa? Falta um central, um guarda-redes de rotação, laterais (esquerdo e direito), um médio box-to-box, extremo direito (Pedrinho já está contratado por 20M), um avançado móvel e um ponta-de-lança que seja alternativa a Vinícius. Quanto custa tapar todos estes buracos com jogadores de valor reconhecido? Nem quero imaginar.

O Treinador
Sejamos francos, na verdade não estamos a falar de um treinador qualquer: estamos a falar de Jorge Jesus. LFV parece desesperado por contratar o nosso ex-treinador o que não só revela a total falência do projecto desportivo (já lá vamos), como demonstra mais uma vez a habilidade política do Presidente. O interesse em Jorge Jesus não se baseia apenas na vertente desportiva, é também um tiro no porta-aviões do principal rival (até ao momento) nas próximas eleições: Rui Gomes da Silva. É público o desdém que RGS tem por Jesus e esta relação profissional seria extremamente complicada, algo que certamente será explorado pela entourage de Vieira nos próximos tempos.
Jesus, que foi corrido do clube em defesa do projecto da formação e acabou no rival Sporting, é uma nuvem que teima em pairar e é referido sempre que se fala em troca de treinador no Benfica. Foi assim com Rui Vitória e é assim agora depois da demissão de Bruno Lage. LFV quer Jesus e Jesus quer o Benfica, mas será ele a melhor opção para assumir o regresso do projecto desportivo? Admito que não sou grande fã da personagem nem do homem, mas sem dúvida que estamos perante um grande treinador com resultados comprovados. A vinda dele não significa necessariamente uma vitória garantida, mas indica uma mudança radical na atitude competitiva porque, como é óbvio, não faz sentido trazer um treinador destes sem haver um reforço significativo do plantel.
Mas há mais vida para além de Jesus e, acredito, tanto Rui Vitória como Bruno Lage teriam feito melhor se tivessem tido ao dispor jogadores de melhor qualidade. Não se souberam impor e pagaram por isso, mas esta é também uma característica onde acho que um homem como Jesus poderá ser benéfico porque é um treinador completamente focado no sucesso desportivo imediato e não admite interferências de dirigentes no balneário.
De qualquer modo, podemos não estar a falar necessariamente de Jesus. Existem por aí treinadores com este perfil e que poderão ser opções bem mais interessantes (e baratas). Bielsa, por exemplo, é um treinador com ideias muitíssimo interessantes e sabe impor-se num clube. Será um alvo difícil por estar a meio do seu projecto no Leeds (prestes a subir à Premier League), mas o treinador português do Flamengo também não é propriamente um alvo fácil. Enfim, mais do que Jorge Jesus, é importante ter um treinador com personalidade forte e que, fundamentalmente, se saiba impor no balneário e exija sempre o máximo, tanto de jogadores como dirigentes. O pior que nos poderia acontecer neste momento era ter mais um treinador de estrutura que aceite tudo o que lhe dão sem reclamar.

O Projecto
Que projecto? Existe um projecto no Benfica? Correram com Jesus para apostar na formação e 5 anos depois, e com um processo em tribunal pelo meio onde se exigiam 14M de indeminização, estamos prontos para dar uma volta de 180º. Andamos completamente ao sabor do vento e o rumo do clube é definido consoante a segurança que o Presidente tem do seu lugar, o qual parece desesperado por segurar ao ponto de renegar a tudo o que disse recentemente. Na entrevista à BTV de 01/06/20 ouvimos frases como "não vamos abdicar da nossa formação", "Bruno Lage é o treinador ideal para o projeto que temos", "não podemos pôr os 17 no plantel principal... mas os 15 jovens dava para formar um plantel na 1ª Liga e não sei se não lutavam pelo título". Estamos em Julho e tudo mudou? Lage foi à sua vida, levando consigo uma indeminização milionária devido a uma renovação recente que não fez sentido, e já se fala em grande investimento no plantel (apesar das declarações de DSO em sentido contrário). Que caos é este? Afinal em que ficamos? Há projecto baseado no Seixal e contratação de jogadores jovens ou não? Parece-me que afinal o único projecto é Jesus que, recorde-se, teve se ser afastado em 2015 para abrir espaço à formação no plantel.
Vivemos tempos verdadeiramente inacreditáveis a todos os níveis, com a pandemia e instabilidade social um pouco por todo o mundo, mas como é óbvio existe sempre tempo e espaço para nos preocuparmos com o nosso clube. No entanto, a situação está de tal maneira embrulhada que, quando amigos me falam do momento actual do Benfica, não posso deixar de recordar as palavras sábias de Nélson Veríssimo, resignado: é o que é.
Será que algum dia vai ser diferente?"

Encantos e desencantos de um Benfiquista do norte

"1990, Carrazeda de Ansiães. 449 km à Luz. Tarde demais para testemunhar a glória europeia, cedo demais para ter uma infância feliz.
Foi mais ou menos assim que este vosso consócio cresceu: com algum terror das segundas de manhã, confuso entre a realidade do quotidiano futebolístico e as histórias de grandes clássicos na Luz, dos 4-4 em Lerverkusen, naquela bancada, dos posters gloriosos e triunfantes que forravam a velha carpintaria, herdadas pelo sangue de uma indefectível devoção ao Sport Lisboa e Benfica.
Não podia conformar-me com aquela disparidade entre o que via e o que ouvia. Pedia A Bola, mesmo antes de saber ler; fazia relatos imaginados num pequeno microfone; a bandeira que hoje me acompanha aos jogos tem um pequeno rasgão, de êxtase, às voltas pela Vila numa pequena bicicleta a celebrar, sozinho, um título no Hóquei. Mas não chegava. O Benfica, o meu Benfica, era longe. Como que um filme que vem lá de Hollywood, um amor distante, intocável, intangível. Decidi, portanto, pedir explicações: com aquela letra de escola primária, escrevi a Vale e Azevedo. Não me respondeu. Mas, à data, senti que fiz a minha parte.
Vigo. Inconsolável, procurei no olhar revoltado do meu pai as respostas para aquilo que acabara de ver. Habituado aos Domingos de Distrital, sabia, tinha a certeza, até àquele dia, que nunca aconteceria ao meu Benfica, ao grande Benfica. Foi mais uma facada na fantasia, no orgulho, a primeira de muitas nos dias que se sucederam, num fenómeno que também não compreendia, e arrisco dizer ainda não compreendo: por que é que se odeia tanto alguém só por ser de outro clube; por que é que os adeptos, velho e novos, de um clube que ganhava sempre tinham tanta raiva ao Benfica. E, é também por isso, que quero que o Benfica ganhe sempre: por nós, pelos nossos e pelos que dos nossos infortúnios fazem depender a sua felicidade.
Depois veio aquela final do Camacho, a monumental caravana a celebrar o título de Trapattoni e cheguei a Lisboa a tempo de assistir, finalmente de perto, a cheirar a relva, ao rolo compressor de Jesus. Subi à Estátua, literalmente, e senti, ali, naquela noite que depois daquele momento nada nos poderia parar. Íamos, todos juntos, cumprir o sonho, cumprir o destino do Benfica.
Todos os maus dias que daí em diante nos aconteceram tiveram sempre o sabor agridoce de um pequeno contratempo: ajoelhamos, com ele, no Dragão, mas sabíamos que em pouco tempo haveria de ser tudo nosso, ganhar de goleada em todos os estádios, erguer todos os troféus até ao dia em que veríamos um de nós com a orelhuda na mão. Tínhamos, e temos, as melhores infraestruturas, a promessa da estrutura mais diferenciada e profissionalizada, adeptos que vão a todo o lado e não abandonam os seus. Tínhamos tudo. E, como parece que só acontece a quem tem tudo, tivemos também a escolha de não querer nada.
E é assim, que regressado a norte, depois de incontáveis tardes e noites na Luz, depois de quilómetros e quilómetros atrás dos nossos jogadores, ao Sol e à chuva, me volto a sentir como naquela infância confusa e incrédula. Mas agora, sem a inocência; agora com a revolta de ver este Benfica, que já não é o meu Benfica, a oferecer balões de oxigénio a quem nos odeia de forma cega; a entregar-se nas mãos de quem não sente a camisola que veste; a ser gerido por quem usa o emblema na lapela como um adorno, não um desígnio. E o que dói mais hoje do que na altura: muito pior do que não poder é não querer. É abdicar. É ver o Benfica, que amo, usado e abusado. E pouco poder fazer, senão tentar usar da melhor maneira os votos que o primeiro ordenado pôs a contar, e que dadas as circunstâncias, pouco mais valem do que aquela carta a Vale e Azevedo. Ainda assim, e sempre: Viva o Benfica!"

Monstros!!!

"Nós sabemos, Manel! Mas não te preocupes porque ainda tens o "monstro da arbitragem" Fontelas...esse é que vocês não dão a ninguém para substituir!"