Assembleia-Geral

"Amanhã, sexta-feira, dia 26, será realizada a Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica para deliberar sobre o orçamento ordinário de exploração, o orçamento de investimentos e o plano de actividades elaborados pela Direcção, bem como o parecer do Conselho Fiscal, para o exercício de 2020/2021.
Este orçamento foi elaborado, de acordo com a Direcção, tendo em conta os constrangimentos provocados pela pandemia, bem como a incerteza quanto à evolução e extensão deste flagelo global, nomeadamente no que concerne aos seus impactos sociais, económicos e desportivos. Acima de tudo pretende-se que o Sport Lisboa e Benfica continue a cumprir escrupulosamente todos os compromissos assumidos.
Infelizmente, face às circunstâncias em que vivemos devido à pandemia, o modelo de realização desta Assembleia Geral é diferente do normal, não havendo a possibilidade de ajuntamento dos Sócios num dos nossos pavilhões como habitual.
A proposta de orçamento foi disponibilizada aos Sócios, no dia 17 de Junho, através do sítio oficial, em área reservada a associados, os quais tiveram oportunidade de colocarem questões à Mesa da Assembleia Geral e à Direcção. Estas foram respondidas e divulgadas, também no sítio oficial, onde poderão ser consultadas por todos os nossos Sócios.
Estes procedimentos foram definidos de acordo com as regras e recomendações da Direcção-Geral da Saúde e aprovadas pela mesma entidade.
A votação decorrerá presencialmente no Pavilhão n.º 2 do Complexo Desportivo Estádio do Sport Lisboa e Benfica, entre as 17h30 e as 22h00, sendo a entrada feita pela Porta 12 e a saída pela Porta 9. O método será o mesmo utilizado nas Assembleias Gerais realizadas nos últimos anos – voto electrónico – à semelhança, também, das Assembleias Gerais consagradas aos actos eleitorais desde 2006, utilizando um sistema informático aprovado pela CNE. Participe!"

Olheiro BnR: Gonçalo Ramos



"Natural de Olhão e nomeado para o Golden Boy 2020. Gonçalo Ramos destacou-se no clube da terra (Olhanense) e chegou ao SL Benfica na época de 2012/2013 com apenas 13 anos. O avançado percorreu todos os escalões de formação e já integrou, por duas vezes, as convocatórias de Bruno Lage para jogos da equipa sénior.
Gonçalo é um jovem avançado português de 19 anos. Possante fisicamente (1,84m e 77kg), a nova máquina de golos do Seixal apresenta números incríveis nos escalões de formação: mais de 100 jogos e 51 golos marcados.
Uma característica singular de Gonçalo Ramos é que, devido à sua tenra idade, opta por jogar nos três escalões elegíveis (equipa B, sub-23 e juniores) durante a mesma época. Em 2019/2020, até à suspensão dos campeonatos de futebol devido à pandemia de covid-19, o jovem avançado contava com dois jogos e dois golos pela equipa de sub-23 e vinte jogos e quatro golos pela equipa B do Benfica. Além disto, também fez um jogo no campeonato nacional de juniores e seis na Youth League onde conta com seis jogos, quatro golos marcados e uma assistência.

O que pode trazer ao plantel das ‘Águias’
A equipa sénior do Benfica passa por grandes dificuldades e péssimas exibições. No momento defensivo, as lacunas são notórias ao nível da bola parada e da coesão entre os jogadores. A meio-campo, Weigl continua sem justificar o investimento de 20 milhões de euros e Gabriel mantém a má forma após lesão. No ataque, existe uma inconsistência relativamente ao titular da equipa: ora joga Vinícius, ora joga Seferovic, ora joga Dyego Sousa. De facto, nenhum dos três tem mostrado bons indícies exibicionais, excepto os 45 minutos de Vinícius frente ao CD Santa Clara, onde marcou dois golos e podia ter feito mais um ou dois.
Contudo, falta uma peça ao ataque ‘encarnado’: um avançado português, jovem e possante. É neste perfil que encaixa (na perfeição) Gonçalo Ramos. Com o contrato renovado em Agosto do ano passado e com uma cláusula de rescisão fixada nos 80 milhões de euros, o algarvio é, sem dúvida, uma das grandes promessas do Seixal. Elogiado por Bruno Lage em diferentes momentos e apelidado por muitos como o ‘novo João Félix’, Gonçalo Ramos não acusa a pressão e já treina com a equipa principal do Benfica.
O internacional jovem por Portugal é um jogador polivalente que actua como segundo avançado, mas também como médio ofensivo. Ainda assim, é no sector mais ofensivo que se destaca dada a sua capacidade atlética, posicional e finalizadora.
Vice-campeão europeu de sub-19 no ano passado e melhor marcador do torneio, Gonçalo Ramos tem tudo para ter sucesso no Benfica. É, provavelmente, um dos jogadores que vai ‘subir de escalão’ e ser presença assídua na principal equipa dos ‘encarnados’, com ou sem Bruno Lage."

O que é que correu mal?


"Hoje acordámos e parece que se tornou consensual que temos um plantel horrível, o pior de toda a década. Na minha opinião isso é um tremendo exagero. O plantel até é relativamente bom, mas teve falhas na preparação que foram dando sinais a nível Europeu e que só agora apareceram num contexto nacional. Afinal o que correu mal?
1. Defesa Direito. Eu não acho Tomás Tavares mau jogador. Mas é um produto inacabado. Está longe de render num campo de futebol senior aquilo que rendia nos S23 ou nos juvenis (ele mal passou pelos Juniores, aliás, ainda é Junior). Ele raramente entra nos últimos 30 metros, ou seja, não tem qualquer impacto no nosso jogo ofensivo. Defensivamente também ainda tem muitas dificuldades porque fisicamente está abaixo dos adversários. Além dele, tivemos André Almeida mais tempo no boletim clínico do que em campo. André Almeida no ano passado não fez uma má época. Mas este ano, mal contou. Posto isto, desde que a época começou contam-se pelos dedos de uma mão o número de jogos em que um dos nossos laterais direitos fez de facto uma boa exibição. O que para uma equipa que joga com os extremos por dentro e espera que os laterais dêem largura e profundidade ao ataque, é manifestamente mau. Entretanto já lá vão 3 anos desde que Nélson Semedo saiu e ainda não temos um lateral direito a sério, que é só uma das posições mais importantes neste sistema.
2. Falta de Profundidade a Central. Esta foi a época em que ficou provado porque é que a maioria das equipas têm 4 centrais, pelo menos. Para nosso azar, dispensámos em Janeiro alguém que neste momento faria algum jeito, e como tal agora temos 2 centrais. Ferro tem tido uma segunda metade da época muito abaixo dos mínimos exigidos. Jardel, que parecia ter recuperado o lugar no onze inicial, lesionou-se. Acho que se Jardel não se tem lesionado pelo menos o jogo com o Portimonense teríamos ganho. Se Conti estivesse cá, por esta altura já seria titular quase de certeza. A posição de central foi muito negligenciada nos últimos anos. Os reforços que trouxemos não mostraram nada. O nosso maior investimento foi num central para a equipa B. Os golos que temos sofrido são uma natural consequência de anos de más escolhas. Neste momento acho que Samaris deveria fazer a posição de Ferro.
3. Épocas Fracas de Pizzi e Rafa. Pizzi até é o nosso melhor marcado e nesse capítulo tem estado bem. Mas tanto Pizzi como Rafa estão muito menos envolvidos no jogo. Mais do que um problema de eficácia na finalização, nós temos tido um problema gravíssimo na construção. A equipa uma vez chegada ao meio campo não consegue progredir com a bola. Acabamos quase sempre por ou a perder ou cruzá-la. Gabriel e Weigl conseguem meter a bola onde quiserem. Taarabt tem criado muitos desequilibrios. Mas sem Pizzi e Rafa a fazer o que faziam o ano passado, a bola não chega aos avançados para rematar. Este, a par da falta de um lateral direito, que inevitavelmente afecta o jogo aqui também, é o nosso maior problema. Pizzi e Rafa estão muito longe do que faziam no ano passado.
4. Jota e Zivkovic não se afirmaram. Uma época menos boa do Pizzi e do Rafa não seria muito negativa, porque apesar de haver várias posições com problemas nas alternativas, não é o caso nas posições de Pizzi e Rafa. O problema é que os jogadores que tecnicamente eram as alternativas a Pizzi e a Rafa não surgiram de todo esta época. Zivkovic, em tempos uma das grandes promessas do futebol mundial (depois do Mundial S20 2015 que a Sérvia ganhou), fez os primeiros minutos na Liga ontem. Jota, outra das grandes promessas do futebol mundial, começou muito bem a pré-época mas também nunca teve uma aposta a sério de Bruno Lage. Estes dois jogadores que a nível de talento têm um potencial incrível acabaram por perder o espaço para Franco Cervi, que tem muitos adeptos nas redes sociais, mas que além de muita luta não acrescenta grande coisa a uma equipa de futebol. Perdeu a capacidade de drible que tinha na Argentina. Não é um jogador que aparece nos movimentos colectivos. Não é uma real alternativa a Pizzi ou Rafa.
5. Mudança de Estilo de Jogo Obrigatória. Depois do Benfica contratar RDT, eu desliguei completamente das notícias que nos metiam perto do Carlos Vinícius. E desliguei por um simples motivo. Nós não precisávamos de mais um ponta de lança. Nós precisávamos era de um segundo avançado. Sempre achei que íamos acabar por assinar o Luca Waldschmidt, mas acabámos por trazer outro ponta de lança quando já tínhamos o melhor marcador da Liga NOS do ano passado e RDT. Andámos umas semanas a jogar com dois pontas de lança, acabámos por perceber que o modelo só funcionava com um ponta de lança e um segundo avançado. Lá metemos o Chiquinho a jogar atrás de Vinícius, mas Chiquinho não é João Félix. Tudo se preparava para arranjarmos uma solução (ou um segundo avançado ou um médio mais criativo que conseguisse dar os desequilíbrios e passarmos a jogar em 4-3-3). Parecia que a solução ia ser Bruno Guimarães. Até que o Benfica ficou com 7 pontos de avanço e a Direcção do clube achou que isto estava decidido, não valia a pena o investimento. Andamos desde Maio do ano passado a tentar jogar como jogávamos com o João Félix, sem João Félix ou alguém sequer parecido com ele.
Se dois destes cinco pontos não têm acontecido, não só estávamos em primeiro, como provavelmente estaríamos a 2-3 jogos de celebrar o título. A estrutura do Benfica até pode alegar que era difícil fazer alguma coisa quanto aos casos de Pizzi, Rafa, Zivkovic e Jota, mas nos outros três pontos, a culpa é totalmente deles. Não houve preparação nenhuma em casos que eram manifestamente óbvios. Temos uma política desportiva que vende jogadores ao cabo dos primeiros bons jogos, muitas vezes (a maioria) nem são substituídos. Os nossos principais investimentos em reforços parece que é mais importante que venham pela mão de determinado agente do que encaixarem-se na equipa.
Acabamos com uma equipa que tirando na posição de lateral direito, até tem um onze inicial bastante razoável. Com três (no início da temporada) alternativas válidas para ponta de lança, quatro boas apostas para extremos, quatro boas apostas para médio centro, mas sem um lateral direito, sem um segundo avançado e sem alternativas a central. Isto já não é amadorismo. Qualquer amador percebia que o que estavam a fazer era errado. Isto é um caso de interesses desalinhados. Quem fez estes negócios, trazer Vinícius depois de ter 2 pontas de lança titulares (e Vinícius até fez uma época razoável, mas não invalida o excesso de pontas de lança que temos em comparação com certas posições que estão mais curtas), não gastar dinheiro num central depois de Conti sair, não gastar dinheiro num lateral direito pelo terceiro ano consecutivo, não pode ter os interesses do Benfica em primeiro plano."


O que é que se passa, meu Benfica?

"Derrota na Luz por 3-4 frente aos açorianos do Santa Clara. Com este resultado, nos últimos 11 jogos, o Sport Lisboa e Benfica conta apenas com 2 vitórias (!).

Entrámos no jogo como entrámos desde Fevereiro: falta de brio e agressividade, de linhas de passe, de classe na definição, de processos defensivos e de construção, de agressividade nas bolas paradas. Tão deprimente é ver um jogo com a Luz vazia, mas ainda mais deprimente é ver um jogo deste Benfica com a Luz vazia.
Sem retirar mérito ao Santa Clara de João Henriques, equipa bastante interessante, este resultado de hoje é faltar ao respeito à história e ao bom nome do Sport Lisboa e Benfica. Que adianta estarmos superiores financeiramente ao nosso adversário? Que adianta gastarmos 20 milhões em jogadores de classe mundial se não temos processos em que esses mesmos jogadores se destaquem? Em poucos anos, passámos de projectos com sentido, mesmo com pouco dinheiro, para um projecto de comprar ao desbarato e transferências estratégicas para as comissões dos “amigos”.
Voltando ao jogo, depois de 40 minutos cinzentos e semelhantes aos últimos jogos, acabamos por sofrer um golo, depois de uma perda de bola surreal de Nuno Tavares. Não podia haver pior timing para sofrer o golo. Pela forma como entrámos na segunda parte, o golo sofrido parecia ter despertado o lado bom da equipa. Vinícius por Seferovic, Zivkovic por Gabriel. Aos 50’, Rafa empata depois de uma bela jogada, e a equipa parecia galvanizada para consumar a reviravolta.
Esta ilusão, semelhante a Portimão, de que as coisas finalmente podiam voltar ao que este Benfica de Lage nos habitou na segunda metade da época passada e primeira metade desta, viria a desvanecer com (mais) um golo sofrido de bola parada, apenas cinco minutos depois do empate. Surreal como continuamos a sofrer o mesmo tipo de golos, jogo após jogo. A equipa reagiu e, oito minutos depois, já vencia por 3-2, com dois golos de Vinícius, deixando no ar a pergunta da razão por ter saído do onze inicial nos últimos dois jogos.
Quando, mais uma vez, a vitória parecia bem encaminhada, Bruno Lage decidiu não mexer na equipa. Infelizmente, o jogo em Portimão não serviu de emenda. Quem mexeu foi João Henriques (e bem!), o que nunca deixou os encarnados confortáveis no jogo. Aos 80 minutos, depois de um duelo bastante duvidoso entre Fábio Cardoso e Rúben Dias, o defesa central toca na bola com a mão. João Pinheiro assinala penálti, com recurso ao VAR. Estava feito o empate. A equipa não soube reagir e, como em Portimão, mostrou-se bastante desequilibrada psicologicamente.
Nos últimos 10/13 minutos que faltavam, em vez de ser o Benfica a assumir a posse de bola, foi o Santa Clara que procurou o golo da vitória e assumiu o controlo do jogo. A saída de Taarabt não ajudou. As substituições irracionais e no desespero fizeram com que o Santa Clara chegasse ao golo da vitória, perante bastante passividade de Ferro (mais uma vez). 3-4. Em casa. Incompreensível. Indesculpável. Vergonhoso. Desde a atitude da equipa, à falta de processos eficazes, às substituições absurdas.
Não pode haver vergonha em admitir e agradecer a Lage pelo que fez na época passada, mas tem de haver lucidez para reconhecer que esta época foi um desastre, com todos os recursos que tem à sua disponibilidade. Na minha humilde opinião, o fim da linha chegou. Não há milagres, não há salvação. 
“Benfiquistas de todo o mundo, uni-vos!”. É urgente uma revolução no Benfica. Para ontem. 
Jogadores +
- André Almeida
- Ruben Dias
- Weigl
- Taarabt
- Rafa
- Vinicius
Jogadores -
- Vlachodimos
- Ferro
- Nuno Tavares
- Gabriel
- Pizzi
- Seferovic
- Zivkovic"

O adversário não é inimigo, é ser humano

"Recentemente foi divulgado uma investigação do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho que concluiu que os maiores índices de ódio no Facebook em Portugal estão concentrados no tema do futebol, o que nos deve deixar apreensivos, mas não nos pode espantar, pois a forma como o futebol profissional "comunica" com os consumidores da indústria, centra-se no incentivo ao ódio, à suspeição, à intolerância e ao ganhar a todo o custo, movidos muito mais por questões económicas do que desportivas.
Esta manipulação negativa constante, através dos departamentos oficias de comunicação dos clubes (que em alguns casos deveriam ser punidas disciplinarmente não apenas com sanções monetárias, mas também com perca de pontos), que servem de "alimento" para a quantidade anormal de programas de comentadores de futebol (desculpem, de outras coisas que não o "jogo", porque disso a maior parte não percebe muito), faz com que os adeptos sigam esses comportamentos e que os exponham publicamente nos canais de comunicação, que hoje facilmente têm à sua disposição, as redes sociais.
O Desporto é neutral e os seus problemas, são de facto os problemas das pessoas, são elas que escolhem de que lado querem estar e de promover ou não os seus reais valores.
Foi isso que aprendi quando há 5 anos aceitei o convite do Dr. José Lima, Coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto, para ser Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto.
Desde então, tenho tido a oportunidade de partilhar os valores do desporto em escolas, clubes, associações, federações e até mesmo em estabelecimentos prisionais. Na verdade, a Ética e os Valores são os pilares da sociedade, apesar de muitas vezes ignorados. Mas como pode uma sociedade construir-se, evoluir, transformar-se e dar resposta às adversidades se não estiver assente nestes pilares?
Muito já foi feito, mas há ainda muito para fazer, pois se pensarmos no estado actual (e num passado recente) do Desporto Rei em Portugal e compará-lo com o que Nelson Mandela conseguiu na África do Sul, facilmente se consegue perceber que" O desporto tem o poder de mudar o mundo!"
Ao continuar a comunicar de forma a "ver" o meu adversário como um inimigo e não como o ser humano que me possibilita a prática desportiva, esquecendo a Ética e os Valores, demonstramos que estamos muito mais motivados por TER do que por SER, com claro impacto na nossa cultura desportiva.
"No Desporto, o mais importante não é a vitória, a taça, o campeonato ou o clube, mas sim as "pessoas!", palavras sábias de umas das minhas principais referências, o Prof. Manuel Sérgio. 
Dirigentes, treinadores, atletas, árbitros, adeptos e jornalistas, todos somos agentes desportivos e temos a responsabilidade de tentar transformar a nossa cultura desportiva para melhor, potenciando um crescimento positivo da nossa sociedade.
Costumo dizer que "A Ética é o movimento intencional para a mudança comportamental!", pois estou convicto que só assim nos conseguiremos respeitar mutuamente, quer ao nível desportivo como também aos níveis profissional e familiar.
Existe uma necessidade imediata de regular e fiscalizar a actividade de "comentador desportivo" e de aplicar sanções mais eficazes a todos os agentes desportivos, que desrespeitem os códigos de ética afectos à sua profissão e nestas matérias considero essencial a tutela do poder central, garantindo a coordenação deste processo de valorização do desporto em Portugal.
Há ainda muito a fazer e a "sensibilização" não está a conseguir competir com a "comunicação", principalmente com a dos clubes e seus responsáveis, e por isso temos de passar à "acção", juntando todos os agentes que entendam que esta mudança comportamental é uma necessidade, trabalhando em conjunto para apresentar e desenvolver propostas concretas para que possamos ter um Desporto mais saudável, Ético e assente em Valores e por consequência uma sociedade mais forte e positiva."

Então e a II Liga?

"O segundo campeonato profissional terminou mais cedo, sobem Nacional e Farense. Mas, olhando agora, será que foi a decisão mais acertada?
Faço um ponto prévio: é claro que é mais fácil opinar e abordar os temas com algumas semanas de distância - e isto é particularmente verdade para o contexto pandémico imprevisível que vivemos. No entanto, a bem da verdade, pessoalmente sempre fiquei com algumas dúvidas sobre o final antecipado da II Liga.
Se é verdade que a prioridade nessas semanas era minimizar os estragos de uma doença ainda mais ou menos desconhecida, também era difícil compreender uma decisão tão abrupta, quando era claro que a I Liga ia jogar-se… Mais difícil ficou depois de praticamente todos os estádios dos clubes do campeonato principal terem tido luz verde para receber jogos. Então porque parou a II Liga?
Cada vez mais me parece que teria sido possível retomar os jogos. O número de pessoas envolvidas na organização destes jogos é muito menor, as estruturas são mais pequenas, há menos jornalistas, meios mais modestos na transmissão dos jogos. E por aí fora. Os jogadores e árbitros são os mesmos. Seria assim tão impossível criar condições para as equipas jogarem o que ainda faltava? Se tivesse existido mais vontade e empenho (e aqui aponto o dedo a alguns clubes), talvez tivesse sido possível. 
A questão das infraestruturas é importante. Os estádios de II Liga são, por norma, menos luxuosos que os da primeira, mas repare-se: Desp. Chaves, Estoril, Nacional, Académica (estádio do Euro2004), Penafiel e Feirense estiveram na I Liga há pouco tempo. Suponho que seguramente possuem infraestruturas com as condições necessárias para conseguir organizar os encontros. Estádios como o do Varzim, Mar (Leixões) ou São Luís (Farense), pelo que conheço, não são radicalmente diferentes dos estádios de clubes como o Rio Ave, Moreirense ou Tondela.
Existem seguramente alternativas que até já foram usadas noutras ocasiões para os clubes com menos condições (Aveiro, por exemplo). E mais, se bem se recordam, alguns clubes do escalão principal tiveram tempo para finalizar algumas obras e alterações para poder receber os jogos. Mas será que alguns clubes queriam fazer esse esforço e ter essa hipótese? E a Liga, queria dar essa oportunidade ou preferia optar pelo caminho fácil e evitar dores de cabeça?
Acredito que o final prematuro da II Liga não originou mais 'burburinho' mediático por três motivos. Primeiro, porque apenas o Feirense - e talvez Mafra e Estoril - tinham hipóteses de fazer frente a Nacional e Farense na luta pela subida. Se a luta estivesse mais acesa e com mais clubes, as vozes seriam outras. Segundo, porque estes clubes têm mais dificuldade de encontrar espaços de destaque na imprensa - até na mais especializada. E terceiro, porque o fundo de 2,5M€ disponibilizado pela Liga e pela FPF seguramente “relaxou” alguns indecisos, que com a garantia de algumas verbas, terão optado por não “cumprir calendário”.
A título de curiosidade, estive presente no último jogo da II Liga 2019/2020, Leixões-Farense (1-1). Na altura não o sabia, claro. Fui a Matosinhos a convite de um amigo leixonense, e a minha costela algarvia (por parte da avó) aproveitou para rever o Farense. Foi um jogo intenso, nem sempre bem jogado, mas com bastantes adeptos nas bancadas e com espírito competitivo. Gostava de ter visto mais jogos destes esta época. E volto a perguntar: era mesmo impossível?"

Da Champions à liga dos últimos

"Vamos ter a Champions em Lisboa, mas na verdade disputamos a liga dos últimos. A jogar em pelados e aparentemente sem treinador. É tudo ao molho e fé em Deus.

No último sábado, o jornalista Filipe Santos Costa assinou mais uma newsletter semanal — o Novo Normal, que pode subscrever aqui — com o título “Isto está a descambar: Sem vacina nem cura“. Porque os sinais, o que vemos, o que lemos, o que ouvimos, nos fazem temer o pior, que traz de volta o medo. “Estamos num daqueles momentos em que, como no filme Match Point, a bola que ficou na rede tanto pode cair para um lado como para o outro. A vantagem, neste caso – refiro-me, obviamente, à pandemia da Covid-19 – é que não estamos dependentes da sorte, ao contrário do tenista do Woody Allen. Sabemos o que podemos e devemos fazer. Parece é que estamos fartos de o saber e de o fazer“.
Lisboa, temos um problema. Temos, mesmo, um enorme problema, e a narrativa do Governo e do cúmplice Presidente da República é desmentida em toda a linha pelos especialistas que, nas reuniões no Infarmed com a elite política. O Observador revelou que “Tanto Baltazar Nunes, epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Pública, como Rita Sá Machado, da Direcção Geral de Saúde, “desconstruíram o argumento dos testes”. E também é contrariada a tese de que os ajuntamentos de jovens é outra explicação para o que se passa na Grande Lisboa, porque a coabitação, o trabalho e só depois o contexto social, sendo que, aqui, os transportes públicos são a principal explicação. 
Fernando Medina deixava, há dias, críticas implícitas à DG Saúde (sem criticar o Governo, claro) porque se perdeu o controlo dos focos e cadeias de contaminação. Não se perdeu só isso, perdeu-se muito mais. Perdeu-se o norte. Do ‘milagre’, que nunca foi, o primeiro-ministro deixou-se embalar pelo sucesso, pelas sondagens. Agora, haverá um regresso ao estado de calamidade, quem sabe de emergência, o confinamento, o discurso do medo e do policiamento. Quando todos nos lembrámos do 1 de maio, do espectáculo do Campo Pequeno, das manifestações que, estando do lado certo da ideologia e do lado partidário certo, e puderam ser realizadas sem qualquer distanciamento social ou censura pública.
O desnorte está instalado, mas não é só na política de saúde pública. O Banco de Portugal antecipa uma recessão superior a 13% se houver uma segunda vaga. É isso que se vive hoje na Grande Lisboa? Há especialistas a dizerem que sim. Na economia, a degradação das condições económicas acelera, de mãos dadas com o aumento do números de inscritos no instituto de emprego, que já ultrapassa os 400 mil, além de cerca de 800 mil em lay-off, com corte significativo do rendimento. Mas neste orçamento suplementar não se vê o dia seguinte. E para tantas empresas e famílias nem o dia presente. O Governo prolongou a moratória das dívidas à banca até Março de 2021, mas considera que não é necessário prolongar, para o mesmo período, o diferimento no pagamento de IRS e Segurança Social, como se a actividade económica em Julho tivesse recuperado para os níveis pré.covid-19. À semelhança da incompetência na gestão da saúde pública, o Governo espera pelas falências e pelo incumprimento para, depois, tomar decisões?
E na educação? Não é só a incompetência, é mesmo criminoso, como escrevia há dias a economista Susana Peralta. Depois da pressão mediática, como na saúde e na economia, o Governo vem sinalizar que vai reabrir as aulas na segunda quinzena de Setembro — porque os meninos precisam de férias, claro, e nem há matéria para ser recuperada. E finalmente, a reboque, o primeiro-ministro anuncia que as primeiras semanas servirão para recuperar o tempo perdido neste ano lectivo. Mas como? Com que professores? Com que dinheiro?
Vamos ter a Champions em Lisboa, mas na verdade disputamos a liga dos últimos. A jogar em pelados, sem o ‘ronaldo das finanças’, aparentemente sem treinador. E com uma estratégia conhecida: Tudo ao molho e fé em Deus."