quinta-feira, 18 de junho de 2020

Vitória importante

"A nossa equipa obteve ontem uma vitória importante no reduto de uma das melhores equipas portuguesas da actualidade, reconhecida pela qualidade do seu jogo e bem classificada.
Tratou-se de um jogo difícil e de um triunfo suado, nomeadamente pelas incidências da partida. Até ao golo vila-condense, precedido de falta não assinalada sobre Dyego Sousa e conseguido por volta dos 25 minutos na primeira oportunidade do nosso adversário, o Benfica dominou sempre o jogo. 
Antes e depois desse golo do Rio Ave, a nossa equipa esteve quase sempre melhor do que o adversário, fez 16 remates, dispôs de quatro ou cinco ocasiões flagrantes e ainda viu ser-lhe anulado um tento de Rafa, que deixou dúvidas, demonstrando a muita raça e ambição com que defrontou um valoroso adversário no seu reduto.
O Benfica jogou em Vila do Conde sem três defesas que tinham sido titulares nos últimos jogos: André Almeida, Jardel e Grimaldo. Nos seus lugares jogaram dois jovens de 19 e 20 anos (Tomás Tavares e Nuno Tavares) e ainda Ferro. Demonstraram, todos eles, que a qualidade está lá e Nuno Tavares até acabou por ser decisivo ao fazer a assistência para o golo de empate.
Seferovic e Weigl viriam a ser os autores dos nossos golos, contribuindo decisivamente para uma vitória incontestável. Ganhar era o objectivo da nossa equipa. Conseguiu-o e agora já só está focada no importante embate da próxima terça-feira frente ao Santa Clara. Lance a lance, jogo a jogo, para somar mais três pontos.
Somos ainda obrigados a manifestar a nossa estupefacção pela ladainha acerca das duas expulsões de jogadores do Rio Ave. Ninguém, se intelectualmente honesto, poderá colocar em causa a justiça dessas decisões. E, pelo caminho, escamoteia-se o que se passou ao longo dos 90 minutos: o Benfica foi melhor contra 11, contra 10 e contra 9. Em suma, foi sempre melhor.
Esta pressão permanente sobre a arbitragem é inaceitável e ainda mais incompreensível numa jornada em que o erro mais flagrante, de acordo com a generalidade dos analistas, remete-nos para uma grande penalidade fantasma no Aves–FC Porto. Estas tácticas são já sobejamente conhecidas, não passam de artimanhas de outros tempos cujos ideólogos ainda andam por aí. Normais e esperadas, portanto.
Mas agora só nos interessa a partida frente ao Santa Clara, conquistar mais três pontos é o objectivo. A preparação para esse jogo será o foco da nossa equipa técnica e jogadores. Acreditamos muito neles e cá estaremos para apoiá-los!"

Weigl, o farmacêutico

"Sejam bem vindos a mais um episódio de Bruno Lage: For Better or Worse. Série inspirada no excelente documentário da colecção 30 for 30 dedicado a Dennis Rodman, no qual, já perto do final, somos convidados a fechar os olhos e a imaginarmo-nos no céu, acima de todas as nuvens, do daily-grind e de todos os temores humanos. E se Rodman, a dada altura aí esteve, também Bruno Lage subiu ao céu de forma fantástica e (teremos que o dizer) inesperada. Ainda que não entrando no stunt de se vestir de noiva, Lage experimentou que, ganhando, bem pode dizer o que lhe apetece, como lhe apetece e, mais importante, fazer no onze, ou na estratégia as alterações que lhe apetecerem. Mas, tal qual a inesperada cavalgada até ao céu, também a descida foi retumbante. Longe de esperar tal cambalhota emocional, Lage entrou na época com a onda vermelha em grande efusividade. Mas mal ele sabia que tudo o que disse e, mais importante, tudo o que fez se haveria de virar contra ele. Na hora dos dez jogos sem conquistar o esperado, a outra face da moeda do sucesso (que outrora enalteceria até Lage vestido de noiva numa conferência de imprensa) desta feita criticaria tudo o que mexe. A postura, o fato-de-treino, o discurso, os jogadores, a estratégia. No meio do turbilhão, Bruno Lage soube esperar por Weigl no Estádio dos Arcos e por uma vitória que lhe tira o bafo do tsunami encarnado de cima. Até ao próximo jogo.
Mas para lá chegar, Bruno Lage experienciou novamente que esticar este Benfica para meter fortemente a mão no jogo e segurá-lo é bastante difícil. Olhe-se para o Rio Ave-Benfica como exercício disso mesmo e repare-se que o técnico é contra o que se passou na segunda metade do jogo de Portimão. E qualquer pessoa que se dedique ao futebol (até só como adepto) também o seria. Mas o Benfica recuar linhas para se defender de não conseguir retirar dividendos de pressionar as saídas-de-bolas adversárias já é um filme bem antigo. Lage garantiu-o na antevisão e levou a ideia para os Arcos. O Benfica aparecia esticado e a não querer recuar, e o resultado foi o Rio Ave a conseguir encontrar soluções para mandar no jogo. Saíndo curto e passando (umas vezes facilmente, outras com tumulto) pelas linhas (imaginárias) que o Benfica desenhava, Carvalhal viu o seu plano levar vantagem ao do seu outrora sidekick de Sheffield e Swansea. Para lá chegar, Carlos arrisca e viu, por isso mesmo, o Benfica chegar às (únicas) oportunidades por aí (alguns roubos de bola no meio-campo ofensivo) mas o lado positivo da moeda ofereceu minutos de grande controle rioavista, numa demonstração de personalidade que o 523 defensivo aguentava, e o seu 343 ofensivo criava.
Taarabt cria a partir da linha o ‘golo’ que Rafa veria anulado aos 42′
Um berbicacho que, com o golo de Taremi a carimbar o positivo momento dos da casa, previa mais uma descida de Lage ao inferno das expectativas encarnadas. E dizemos expectativas porque o que cria a frustração é exactamente a realidade não as acompanhar. E por alguma razão, na cabeça da maioria dos benfiquistas, anda a perigosa ideia de que o Benfica é rei e senhor do futebol em Portugal e que por causa dessa hierarquia artificial não pode ter momentos menos positivos. Pois bem, à custa disso qualquer crise de resultados na Luz se tem prolongado até levar o treinador. Se com Rui Vitória o desconforto passou da mente às bancadas depois de uma derrota em Amsterdão, com Bruno Lage a onda deixou de lhe dar a mão depois da derrota com o FC Porto em casa. Estava criada a dúvida, estava feita a ponte para a contestação e a fenda por onde os jogadores haveriam de passar a duvidar de si próprios, trocando o caminho positivo feito na época anterior, para uma inacreditável espiral negativa que (pelo menos em termos de resultados negativos) encontrou pausa, esta quarta-feira em Vila do Conde.
Rio Ave não abdicou dos 5 defesas após a expulsão. Algo que não impediu o golo de Seferovic

E se a confiança exacerbada que fez os jogadores parecerem super-heróis, e Lage um génio que podia fazer o que lhe apetecesse, fosse de repende trocada por uma dúvida existencial que hiperboliza falhas que afinal já existiam? Assim, está hoje evidente que nem no céu, nem no inferno. O Benfica, desculpem, não só não era a oitava maravilha, como hoje não será uma equipa que não consegue mandar na maioria dos jogos que joga, seja por incapacidade física, seja por incapacidade nos duelos, seja pelas escolhas dos jogadores que tanto irritam os adeptos (quando se perde, os que não jogaram são sempre os melhores). O Benfica de Lage continua com muito para se ver do ponto de vista estratégico e com mudanças de jogo para jogo (mais gente à frente na zona defensiva nos cantos; Taarabt a descair para a ala servir entradas na área) mas o estado mental, emocional e físico dos jogadores tanto hiperbolizará um bom momento, como um mau. E este mau momento do Benfica teve, pelo menos, uma pausa quando Musrati foi expulso por acumulação de amarelos (63′). Num esforço de domínio (sim, é sempre assim com este Benfica) que já havia começado no reatar, o golo de Seferovic (depois de boa combinação de Gabriel com Nuno Tavares) fez acender uma chama que o 531 (com dez) e o 431 (já com nove e com a linha média a dançar) do Rio Ave não haveriam de poder resistir. Foi Weigl, o farmacêutico, que transformou o ‘H1N1 Gripe do Ave’ numa estirpe bem mais controlável – o H1N2 – que permite aos encarnados apanharem um adversário que se esqueceu do Tamiflu noutro aviário.
Rio Ave-Benfica, 1-2 (Tahremi 27′; Seferovic 64′ e Weigl 87′)"

Rio Ave FC 1-2 SL Benfica: Encarnados vencem contra nove jogadores

"A Crónica: SL Benfica vence quatro jogos depois
O Benfica entrou em campo a saber que uma vitória daria não só um ‘balão de oxigénio’ a Bruno Lage e ao plantel, mas também o primeiro lugar do campeonato. Depois de o FC Porto ter empatado ontem frente ao Desportivo das Aves, os encarnados deslocaram-se hoje ao terreno do Rio Ave.
O jogo começou com o Benfica a ter mais bola e a criar mais lances ofensivos. Ainda que sem grandes oportunidades de golo, a equipa da Luz conseguiu ter quatro cantos e cinco remates nos primeiros quinze minutos. O Rio Ave começou a ‘espalhar-se’ mais pelo campo e a conseguir parar grande parte das jogadas dos encarnados. Na zona lateral direita do campo, Taremi sofreu falta e permitiu à sua equipa ter um livre perigoso. Na sequência do lance, Nuno Santos cruza para a área e o iraniano marca num bom cabeceamento, após uma assistência infeliz de Dyego Sousa.
Até ao fim da primeira parte, o Benfica ia tentando furar a (bem organizada) defesa do Rio Ave e, aos 42 minutos, Rafa vê um golo ser-lhe anulado por fora-de-jogo de Dyego Sousa, depois de uma grande jogada de Taarabt no lado direito do ataque benfiquista.
A vantagem do Rio Ave manteve-se até ao recomeço da segunda parte, mas a equipa de Bruno Lage sofreu alterações. O técnico encarnado decidiu tirar Dyego Sousa e meter Seferovic. O impacto foi instantâneo: na sequência de um livre, o suíço faz um bom cabeceamento, mas bate com estrondo no poste da baliza defendida por Kieszek.
A primeira contrariedade para Carlos Carvalhal viria a acontecer aos 62 minutos, quando Al Musrati vê o segundo amarelo e consequente vermelho. Dois minutos depois, após um bom cruzamento de Nuno Tavares, Seferovic encosta para o fundo da baliza e reestabelece o empate. Como era expectável, contra 10 jogadores, o Benfica foi crescendo e, oito minutos depois do empate, Nuno Santos faz uma entrada violenta sobre Pizzi e vê o vermelho directo.
Com nove jogadores, o Rio Ave baixou as suas linhas e focou-se apenas em defender o empate. O Benfica continuava a pressionar e a três minutos dos noventa, na sequência de um canto marcado por Pizzi, Weigl estreia-se a marcar com a camisola encarnada e coloca o marcador em 1-2, resultado que se manteve até ao apito final.

A Figura
Haris Seferovic Teve um enorme impacto na equipa e a forma como entrou no jogo é prova disso: em 15 minutos cabeceia ao poste e marca o golo do empate. Ainda que Bruno Lage tenha optado por Dyego Sousa no onze titular, Seferovic mostrou que também conta para o treinador e promete dar luta aos dois avançados concorrentes (Dyego e Vinícius).

O Fora de Jogo
Dyego SousaAl Musrati seria um forte candidato a fora de jogo, mas o prémio vai mesmo para Dyego Sousa. Bruno Lage deu-lhe a confiança necessária e colocou-o no onze inicial, mas o avançado brasileiro não aproveitou a ocasião e durante a primeira parte (substituído ao intervalo) pouco ou nada fez no ataque benfiquista.

Análise Táctica - Rio Ave FC
Carlos Carvalhal montou (como é habitual) uma equipa organizada e consciente da ideia de jogo. Apesar de jogar contra o Benfica, o Rio Ave foi, durante a maioria da primeira parte, a melhor equipa em campo e isso traduziu-se na vantagem ao intervalo.
A primeira expulsão e o golo do empate pareciam que não tinha afectado a equipa, que continuava bastante determinada em campo. No entanto, a expulsão de Nuno Santos destabilizou por completo a equipa e permitiu que o Benfica jogasse nos últimos 30 metros do campo e chegasse ao golo da vitória.
O técnico do Rio Ave montou a sua equipa num 4-3-3 bem organizado e com os seus ataques baseados em Taremi e nos dois extremos, Nuno Santos e Diego Lopes. Pelas dificuldades que a equipa de Carlos Carvalhal colocou ao Benfica nos primeiros 45 minutos, era expectável que estas continuassem até ao final do jogo não fossem as duas expulsões.

11 Inicial e Pontuações
Kieszek – 2
Diogo Figueiras – 2
Borevkovic – 2
Aderlan Santos – 2
Matheus Reis – 3
Lucas Piazon – 3
Al Musrati – 1
Filipe Augusto – 2
Nuno Santos – 2
Diego Lopes – 2
Taremi – 4
Subs Utilizados
Tarantini – 2
Nelson Monte – 1
Bruno Moreira – 1
Carlos Mané – 1

Análise Táctica - SL Benfica
Bruno Lage voltou ao seu esquema tático mais frequente, com Pizzi e Rafa nas alas e Taarabt no apoio ao ponta-de-lança. A equipa teve uns primeiros dez minutos com um caudal ofensivo, mas o resto da primeira parte mostrou em campo o Benfica dos outros jogos, com fraca construção de jogos, sem passes ‘a rasgar’ e a permitir ocasiões de perigo ao adversário, inclusive com um golo.
O técnico não gostou da exibição de Dyego Sousa e colocou Seferovic no seu lugar que, de facto, teve muito mais impcto no jogo do que o brasileiro. As duas expulsões ajudaram a equipa encarnada, que, a partir da expulsão de Nuno Santos, dominou por completo e deu a volta ao marcador.

11 Inicial e Pontuações
Vlachodimos – 2
Tomás Tavares – 2
Ruben Dias – 2
Ferro – 2
Nuno Tavares – 3
Pizzi – 3
Weigl – 3
Gabriel – 2
Rafa – 3
Taarabt – 2
Dyego Sousa – 1
Subs Utilizados
Seferovic – 4
Carlos Vinicius – 2
Chiquinho – 2 
Jota – 1
Samaris – 1"

Mudou e venceu. Mas, foi porque mudou?


"Futebol. Não haverá melhor explicação para a vitória do Benfica em Vila do Conde. Se a entrada pressionante (pressão bem definida – ver video) permitiu recuperar bolas potencialmente perigosas mas que acabaram quase sempre desaproveitadas por erros individuais, fazia antever um Benfica mais capaz, o golo de bola parada do Rio Ave fez ruir tudo o que prometia.
Benfica em Ataque Posicional – Posicionamentos iguais a Sporting e FC Porto na Vila das Aves 3x2x5

Desde o momento em que marcou até à expulsão de Al Musrati só deu Rio Ave. O Benfica deixou de acertar a pressão – Momento que até então lhe permitiu encostar adversário atrás e ter mais bola. Sim! Ter mais bola é algo que se consegue também muito no trabalho sem ela!
Troca de Posicionamento de Ferro com Dyego. Benfica trocou jogadores, mantendo estrutura. Ficou mais capaz para defender o centro da área.

Uma vez mais foi absolutamente pornográfica as más decisões e execuções de uma série de jogadores. Aos 83 minutos Pizzi tinha perdido 21 vezes a posse da bola. Mais do que os passes que acertou até então (17)! Nenhuma equipa, por melhores jogadores que tenha consegue resistir quando um dos colegas perde mais vezes a bola do que os passes que acerta, obrigando toda a gente a voltar a correr para trás! Se voltarmos a juntar Gabriel que nem se digna a olhar para onde atira a bola ao calhas, percebe-se as dificuldades que teve e terá o Benfica. Ainda que na pressão e na capacidade para recuperar a bola para lançar contra ataque, há poucos em Portugal com nível do brasileiro.
Weigl – É certo que joga em zonas confortáveis (espaço / tempo), mas também Gabriel.

O desacerto é tanto que recorrer a Seferovic acabou por ser uma óptima decisão. É claro que é sempre impossível adivinhar se o Suiço acertará na baliza, tão grande é a sua ineficácia, mas traz sempre pressão sobre a construção adversária e isso ajuda na toada do jogo. Tira bola a uns para dar a outros. É pouco para um avançado do Benfica? sim, pouquíssimo. Mas, em terra de cegos…
Salvou o resultado, o Benfica, num jogo em que a aleatoriedade fez cair para o lado dos encarnados superioridade numérica na partida e tal revelou-se determinante para as contas finais."

Não se assustem. Há 15 anos o Benfica foi campeão com 6 golos de Karadas, que faz Dyego Sousa parecer Ronaldo Nazário de Lima

"Vlachodimos
Que saudades dos tempos em que o nosso único problema aparente na defesa ser Vlachodimos. Já imaginaram ter só um problema na defesa? Até parece mentira. Hoje em dia são dos poucos momentos em que posso aproveitar para ir à casa de banho sem ter o receio de que alguma coisa grave aconteça. Lage devia criar um sistema de jogo em que Vlachodimos possa ter mais bola. A minha bexiga agradeceria.

Tomás Tavares
uns dias passei no Seixal à noite, vi os holofotes acesos e a primeira coisa que imaginei foi um daqueles anúncios épicos com o protagonista sozinho no relvado, só ele e vários sacos de bolas, a treinar cruzamentos. Ficaria genuinamente feliz se o boletim clínico dissesse um dia destes que o Tomás Tavares estava fora devido a lesão de esforço em virtude de ter passado a madrugada a treinar cruzamentos para o meio dos centrais. Acho que todos compreenderíamos.

Rúben Dias
O único homem capaz de me fazer ir ao Google para confirmar como se escreve a palavra bandolete, bem como considerar usar uma daqui a sete jornadas em jeito de celebração e simultaneamente humilhação por ter feito pouco da referida bandolete, esse mesmo, Rúben Dias, mostrou algumas dificuldades perante Taremi em nova sequela do clássico revisteiro “Vais tu ou vou eu”, um espectáculo em exibição sempre que há um lance de bola parada contra o Benfica. Não obstante, foi também ele quem ajudou a empurrar a equipa para a frente naquele seu jeito “fax, se não for eu esta merda não vai lá” que tanto me agrada. Força, Ruben. A bandolete fica, por agora.

Ferro
devem ter visto esta cena do Rocky II. O protagonista sai de casa eufórico e salta sobre um lancil de escadas directamente para o pavimento. A partir daí seguem-se 2 minutos e meio de treino que culminam na subida dos 72 degraus que são entrada do Museu de Arte de Filadélfia. A cena conta a história de um homem que, não sendo o favorito a vencer o combate, se prepara arduamente para estar à altura dos desafios. Agora imaginem que esse protagonista tropeçava a saltar do lancil de escadas, era insultado meia dúzia de vezes pelo caminho e, em vez de dois minutos de planos filmados em Filadélfia, essa sequência durava 3 meses, era filmada no Seixal e terminava com o Ferro a trepar a estátua do Marquês de Pombal. O quê, vão dizer que não pagavam bilhete para ver este filme?

Nuno Tavares
Fico sempre comovido quando vejo que o Seixal é capaz de formar laterais que sabem fazer cruzamentos. O Nuno Tavares foi um dos melhores em campo, não apenas pelos vários, mas porque conseguiu a proeza de jogar em duas posições - lateral e extremo - e ainda fazer uma assistência para golo. Provou que o melhor antídoto para as críticas é mesmo jogar à bola. Quando é assim ninguém se chateia muito por ter que enfiar a viola no saco.

Weigl
O primeiro golo de cabeça da carreira do Weigl, assim como a flash interview emocionada, foram a mais bonita resposta que o alemão poderia dar aos selvagens que puseram em risco a sua carreira e a dos colegas. Só não digo ao alemão que pode finalmente fechar os olhos e dormir um pouco no regresso de autocarro porque os ditos selvagens ainda não foram identificados. De qualquer das formas, tiveram o primeiro castigo. Vão ser obrigados a aplaudir o Weigl, uma humilhação que os próprios não esperavam.

Gabriel
Quando Beckett falou em falhar melhor, talvez não estivesse a pensar num centrocampista fã de forró, mas a expressão adequa-se na mesma. Toda a gente sabe que um jogador como o Gabriel recupera muitas bolas e, com a autoridade que se lhe reconhece, irá arriscar mais no passe e até mesmo a segurar a bola, mas o homem tem que perceber a importância de falhar com mais convicção, isto é, os seus falhanços não podem ser confundidos com falta de vontade, sob pena de o Beckett que reside em nós se transformar num taberneiro capaz de insultar um futebolista que já nos deu várias alegrias.

Pizzi
que estamos numa de alterar os regulamentos, acham que podemos instituir a figura do jogador que só entra para marcar lances de bola parada? Ontem teria dado um jeitaço.

Rafa
De cada vez que o Rafa é obrigado a jogar de costas para a baliza como se fosse um apoio e não o homem que vai carregar sobre os adversários, morre um golfinho. Vejam lá isso.

Taarabt
O lance individual que resultou em golo anulado conseguiu mostrar várias coisas: 1- Adel é amor; 2 - Ainda não é totalmente claro que Dyego Sousa deva representar o Benfica; 3 - Ele é provavelmente o único jogador em campo capaz de tirar estes coelhos da cartola e isso alegra-me quase tanto quanto me preocupa; 4 - Não sei se é boa ideia tirar de campo um futebolista que, como referido no ponto 1, é amor, por muito bem que isso possa parecer na cabeça do Lage.

Dyego Sousa
Primeira vez no onze titular e cedo mostrou capacidade de pressão a par de alguns movimentos para criar apoios que permitissem a subida de mais colegas, coroados com uma assistência para golo resultante de uma jogada estudada (neste caso pelo Rio Ave). Não se assustem com a sua saída ao intervalo. Já aqui estivemos. Há 15 anos fomos campeões com 6 golos de Azar Karadas. Não foi por isso que deixámos de celebrar. Relembro este craque norueguês porque faz Dyego Sousa parecer Ronaldo Nazário Lima. Acreditemos por isso na sua redenção.

Chiquinho
A entrada do Chiquinho em campo fez o meu optimismo recuar ligeiramente e até desejar mais duas ou três expulsões para estabilizar a nossa equipa, mas ele acabou por entrar bem e ajudou a encostar o Rio Ave às cordas. Bora Chiquinho.

Seferovic
Apareceu quando mais precisávamos e nem o facto de ter mantido a sua taxa de sucesso - 1 golo a cada 4 remates - nos fez celebrar menos o seu regresso. Para além disso, não é todos os dias que assistimos ao início de uma bonita história de amor como aquela que irá protagonizar com o Nuno Tavares nas sete jornadas que faltam.

Vinícius
Esteve muito certinho no papel de avançado secundário que pouco acrescenta à equipa. O seu melhor momento foi o grito de celebração quando a bola do Seferovic entrou na baliza. Foi importante sentir que os tipos queriam aquilo tanto como nós. Nem sempre acontece. 

Jota
Nem deu para despentear.

Samaris
Ainda não foi desta que começou a central.

Zivkovic
Nhecos.

Taremi
O quê? Ele ainda não é nosso?"

Cadomblé do Vata (por acaso, até não foi assim tão perfeita!)

"Luís Godinho no relvado e Tiago Martins no VAR tiveram hoje em Vila do Conde um dos jogos mais complicados de arbitrar e conseguiram acertar em tudo, com parceria entre árbitro e VAR perfeita. Dúvida no golo do Rafa "Luis vai ver ao ecrã". Possível má avaliação da entrada de Nuno Santos "Luís vai ver ao ecrã".
Apesar do brilhante trabalho de arbitragem, digno de ser mostrado em cursos de arbitragem, ninguém o vai aplaudir e só foram precisos 10 minutos após o apito final para Carlos Carvalhal dar início à caça ao árbitro admitindo que ainda não tinha visto os lances. Porque quando dizem que foi retomado o futebol em Portugal, poucos se referem ao pontapé na bola."

Vermelhão: Finalmente, uma vitória...

Rio Ave 1 - 2 Benfica


Sinceramente, já nem me lembrava da última vitória para o Campeonato!!! Obtida em mais um jogo, onde os obstáculos foram muitos, a começar pela fraca intensidade do jogo... e a nossa incapacidade em marcar golos!!! É verdade que não permitimos ao Rio Ave a controle da posse de bola, como eles normalmente fazem, mas com 'bola' definimos muitas vezes mal...
Também é verdade que o resultado até podia ter sido outro, se algumas decisões dos apitadeiros tivessem sido diferentes, mas acabámos por chegar ao triunfo, a jogar contra 9... numa fase onde não estávamos a jogar bem!!! Isto depois, de uma relativa boa entrado no jogo, e mais uma vez, numa bola parada, contra a corrente do jogo, no 1.º remate à nossa baliza, sofremos um golo...!!!
Estreia a titular do Dyego amaldiçoada... o Weigl além do golo, voltou a estar bem, já em Portimão tinha notado um aumento de 'confiança' no alemão, mais agressivo, mais comprometido com os companheiros...
Voltamos a estar empatados na classificação com os Corruptos, que por incrível que pareça ainda estão a jogar pior que nós, e nem com os empurrões dos apitos, os conseguem garantir os três pontos... Isto vai ser um sofrimento de bradar aos céus até ao fim, apesar da minha esperança continuar muito baixa...

O normal deste jornalismo é mau

"Nesta semana fomos brindados com um artigo miserável publicado no respeitável Público e com uma justificação lastimável do seu director-adjunto, David Pontes. O artigo versa sobre contratos entre Benfica, Aves e jogadores, que poderão criar uma suposta subalternidade do Aves face ao Benfica, o que poderia condicionar o desempenho desportivo do Aves em jogos com o Benfica. Não sendo o anátema suficiente, ainda escamoteia a legalidade dos contratos em causa, bem como a sua aplicação generalizada no futebol, em Portugal e no estrangeiro, apresentando o Benfica como se fosse o inventor e fomentador único das tais cláusulas. De forma patética e nunca mais vista onde impera a seriedade jornalística, socorre-se de opiniões de 'especialistas' jurídicos que requereram anonimato, o que me faz sentir tentado a revelar que, de acordo com alguns especialistas em jornalismo meus conhecidos, mas que preferem manter o anonimato, o autor da peça e o Público prestaram um favor a alguém. Mas mais grave foi a justificação de David Pontes, ao evocar que, no artigo, é possível identificar suspeitas várias e que, portanto, o normal do futebol é mau.
Ou seja, o jornal Público levantou suspeitas infundadas sobre contratos para depois o seu director-adjunto usar essas suspeitas infundadas para caracterizar o futebol português, com o Benfica no epicentro de todos os males. Seria maquiavélico se planeado assim. Talvez tenha sido apenas um acidente de percurso.
Parafraseando David Pontes, o normal deste jornalismo é mau, e é preciso repeti-lo e que não nos habituemos. E, acrescento eu, espero que o Público continue a ser uma reserva fundamental do bom jornalismo em Portugal, não obstante este episódio lamentável."

João Tomaz, in O Benfica

Sem perdão

"Não foi o regresso ao futebol que queríamos. Há que ser directo quanto a isso. Não houve público nas bancadas, nem golos ou uma vitória do Sport Lisboa e Benfica. E isso custa, depois de três meses em que todos queríamos fazer esquecer um mês de Fevereiro fraco em termos desportivos. É óbvio que tudo isso ficou em segundo plano depois de termos visto aquilo que um punhado de delinquentes decidiu fazer após o empate em casa com o CD Tondela. Vamos lá ser claros: frustrados pelo empate estamos todos, mas ninguém mais do que jogadores e equipa técnica; furiosos por a bola não ter entrado após mais de 20 remates estamos todos, direcção incluída. E isso dá-nos o direito de cometer um crime e de colocar em risco a vida dos profissionais que servem o Glorioso? Não. De maneira nenhuma.
Aquilo que se passou no regresso da equipa ao Benfica Campus é crime e deve ser tratado como tal. Os elementos que foram identificados naquela noite vão ter de pagar pelo que fizeram. Não são apenas os danos físicos e materiais, são os prejuízos psicológicos e motivacionais que foram colocados em cima desta equipa. É preciso ser muito pouco inteligente para pensar que a violência é a solução para o que quer que seja. As vicissitudes da pandemia estão a fazer-nos mudar comportamentos, e parece-me que esta é uma excelente oportunidade para o futebol cair na real. Temos os estádios vazios, mas queremos que as bancadas voltem a estar cheias de adeptos. A questão é: que tipo adeptos? Clubes, associações, Federação e Liga têm agora uma oportunidade de ouro para mudar o futebol em Portugal. Não estou a falar de um debate alargado sobre as claques, parece-me que é tarde de mais para isso. Gente que faz o que foi feito na semana passada, no ataque ao centro de treinos de Alcochete ou que eterniza as ameaças no Olival e nas bombas de gasolina de Portugal e do estrangeiro não tem lugar no futebol do século XXI. É simples, é básico, é claro."

Ricardo Santos, in O Benfica

Hora de ganhar craques

"A imprensa desportiva divulgou que Luís Filipe Vieira deu uma forte reprimenda à equipa depois do empate com o Tondela. No final do jogo, no meio da frustração, apenas me valeu o alívio de não ter de ser eu a dirigir-me aos jogadores e ao treinador naquele momento. Gosto demasiado daquela gente para me dirigir a eles no mesmo tom com que me dirijo aos adversários que me derrotam em duelos online no FIFA - felizmente é raríssimo. O resultado é inadmissível, e a reacção do presidente, naturalmente impulsiva, deixou-me dividido. Por um lado, a vontade de atirar os jogadores, o treinador e a minha mãe, que me queira obrigar a ter apetite para jantar, a um lago cheio de crocodilos era grande; por outro, fiquei convencido com o empenho e a vontade de ganhar de todos. É doloroso sermos repreendidos quando nos aplicamos ao máximo, porém devemos assumir a responsabilidade nos momentos em que ficamos aquém do exigido.
Por vezes, as emoções baralham-nos o discernimento, mas é inaceitável quando o comportamento ultrapassa certos limites. A resposta daqueles adeptos que apedrejaram o autocarro e pintaram em tom ameaçador a casa de alguns jogadores e de Bruno Lage está longe, muito longe, de representar o que é o Benfica. Esses deveriam colocar ao pescoço um cachecol do Sporting e pintar antes as cadeiras de Alvalade para ajudar o clube a poupar algum dinheiro. Se queremos de volta o Pizzi que enche o campo, o Rafa que viaja com a bola à velocidade da luz e o Grimaldo que chega até ao outro lado do campo em tabelinhas imparáveis, então temos de transmitir confiança a esta malta, que fez 18 vitórias nas primeiras 19 jornadas. Vamos, craques!"

Pedro Soares, in O Benfica

Tiro ao Benfica

"1- Em virtude da pandemia, o jornalismo português está a ser financiado por dinheiros públicos. E não faltam pedidos de ajuda, a puxar à lágrima de potenciais assinantes.
Porém, assente a poeira, rapidamente os vemos largar as máscaras, prestando-se ao sensacionalismo, à clubite, e a sabe Deus mais o quê, com notícias de encomenda, reportagens doentias (de autêntico fogo-de-artifício) e primeiras páginas repugnantes - evidenciando algumas das razões que os levaram ao fosso onde se encontram, e de onde dificilmente sairão.
O Público já foi outrora um jornal de referência. Agora parece-se cada vez mais com o JN. E assim, acho que deve ir pedir dinheiro e assinaturas para outros lados. A campanha negra contra o Benfica continua e não vai cessar. Sabemos quem a patrocina. Não nos esqueceremos também dos valentões que, na sombra, lhe deram e são eco. como os Pedros Candeias, os Gonçalos Azevedos Ferreiras, os Carlos Rodrigues Limas, os Paulos Curados e os Manuéis Carvalhos deste país.
2- Não sei de que clube dizem ser os criminosos que apedrejaram o autocarro da nossa equipa, e vandalizaram casas de jogadores e técnicos. Benfiquistas não são certamente. E se acaso têm alguma ligação ao nosso clube, há que os expulsar de imediato. Gente deste tipo não tem lugar no Benfica, nem em nenhum recinto desportivo do país. Estão nem é na cadeia.
Sabemos pelos nossos vizinhos da 2.ª Circular como uma corja de delinquentes quase consegue acabar com um clube. Há que cortar o mal pela raiz, e não permitir que tal exemplo floresça do lado de cá da estrada. Sportingues, já basta um."

Luís Fialho, in O Benfica