terça-feira, 2 de junho de 2020
Olhos postos no futuro
"O Presidente Luís Filipe Vieira concedeu, ontem, uma longa entrevista à BTV, na qual, durante um pouco mais de hora e meia, todas as questões da actualidade benfiquista lhe foram colocadas e nenhuma ficou por responder.
Dos temas mais quentes do momento ao contexto em que o Benfica está inserido, passando pela visão estratégica para o futuro do Clube e da SAD, tudo foi escalpelizado numa entrevista esclarecedora, recheada de conteúdo e, sobretudo, reveladora da confiança moderada que a excelente situação do Clube, num tempo caracterizado pela incerteza, permite sentir.
A evolução do Clube desde que Luís Filipe Vieira assumiu a presidência assenta num pilar fundamental, a credibilidade, com o cumprimento escrupuloso de todos os compromissos assumidos, sejam com funcionários, atletas, fornecedores, Estado ou parceiros. A partir desta, gerou-se um ambiente de colaboração ideal para reerguer o Benfica, independentemente do grau de ambição de cada projecto.
A crença no potencial ilimitado do Benfica, a dedicação inexcedível dos benfiquistas, o rigor na gestão e uma visão estratégica para o Clube fizeram o resto, conduzindo-o a um patamar de excelência que muitos julgavam inalcançável há apenas uma década.
A solidez financeira da SAD é um bom exemplo disso mesmo, com uma valorização recorde do activo em muito superior à do passivo. Recuperados os capitais próprios, com seis exercícios consecutivos a dar lucro (enquanto se conquistaram cinco Campeonatos Nacionais nessas seis épocas), a SAD benfiquista tem hoje a capacidade, em simultâneo, de manter um elevado investimento e de reduzir o passivo.
Luís Filipe Vieira revelou, inclusivamente, que estava no seu horizonte baixar a dívida para valores residuais, mas que a pandemia, e as consequências que dela advêm, atrasaram este objectivo, não se podendo ainda antever o que nos reservará o futuro próximo (em Março a dívida financeira rondava os 70 milhões de euros, enquanto no final de 2013/14 superava os 300 milhões de euros).
Só uma situação económica e financeira muito positiva e uma tesouraria desafogada permitiriam atravessar este período sem grandes sobressaltos. Tem sido o caso do Benfica, embora, como é natural, se saiba que não será possível mantê-la indefinidamente. Esta é a razão para que o Benfica, ao longo destes meses, tudo tenha feito em prol da retoma das competições, estranhando-se que nem todos os clubes pareçam ter estado sempre interessados neste desígnio.
Conseguido o regresso das competições, é com enorme entusiasmo, comprometimento e ambição que a nossa equipa abordará as onze "finais". Queremos muito ser bicampeões nacionais e vencer a Taça de Portugal.
Mas o futuro do Benfica faz-se para além da presente temporada e Luís Filipe Vieira deixou pistas importantes quanto à estratégia implementada. A aposta na formação será para continuar, complementada por um scouting competente que preencherá as eventuais lacunas da nossa Formação para completar o plantel. Manter a hegemonia nacional e melhorar o desempenho nas competições europeias é o objectivo.
Bruno Lage é, neste momento, o treinador ideal para este projecto. Pela sua competência, pelo seu bom percurso à frente da equipa e pela total identificação com os valores e estratégia do Clube.
O investimento em infraestruturas, meios técnicos e metodologias será igualmente para manter. O Benfica, dada a evidente menor capacidade de investimento em atletas face aos mais ricos clubes europeus, estará sempre obrigado a procurar obter vantagens competitivas.
E estas podem ser obtidas em diversas vertentes, sendo que uma delas está relacionada com a capitalização da SAD, para a qual a OPA, entretanto não realizada, teria sido o primeiro passo. Luís Filipe Vieira explicou que a detenção de 95 a 97% do capital da SAD possibilitaria, no futuro, a entrada de parceiros estratégicos, ficando o Clube, directa e indirectamente, com a maioria do capital.
Foram muitos mais os assuntos abordados ao longo da entrevista, predominando a visão para o futuro do Clube. Por muito que o Benfica tenha evoluído nas últimas duas décadas, amanhã será sempre mais importante. Tentar ganhar em todas as áreas no presente enquanto se preparam as vitórias no futuro é o dia a dia do Sport Lisboa e Benfica!"
Cadomblé do Vata (Novidades!!!)
"1. Em comunicado enviado à CMVM a Sporting SAD informou que teve 30 milhões de euros de lucro no primeiro trimestre de 2020... este relatório foi recebido com enorme regozijo por todos os funcionários da lucrativa empresa leonina, que estão há 2 meses em lay off.
2. Pinto da Costa mostrou-se indignado pela recusa do Novo Banco emprestar 2 milhões de euros para o FC Porto pagar os ordenados... aparentemente, a justificação para a recusa do ex. BES em enterrar duas biscas nos Dragões foi o facto do SL Benfica não estar em primeiro lugar no campeonato.
3. O Dr. Madureira anunciou que os Super Dragões vão a Famalicão apoiar o FC Porto do lado de fora do estádio "cumprindo todas as regras da DGS"... deve ter olhado para a lista de candidatos ao Conselho Superior proposta pelo Padrinho dele e pensado que os jogos dos azuis e brancos cabiam na descrição de "actividade de cariz político".
4. Acho muito bem que em preparação para o regresso do ataque ao 38, o SL Benfica tenha fechado o todo o plantel no Seixal... claro que se me perguntassem logo a seguir à nossa visita ao Bonfim, eu tinha dito que era melhor fechá-los na Carregueira.
5. Sinceros desejos de Feliz dia da Criança para toda a miudagem Benfiquista do Mundo... e para o Carlos Pereira do Marítimo também."
Cordão sanitário !!!
"O texto fala por si e pouco mais há a acrescentar.
Realçamos a coragem do cronista João Miguel Tavares. O único a pegar no tema e a expor a relação promiscua entre o clube e a política.
Deixamos só mais esta ideia no ar. Pinto da Costa apoia Rui Moreira para ser o próximo presidente, que por sua vez esta já dentro da estrutura.
Como actual presidente da Câmara, ficaremos atentos aos gastos e benefícios que se irá fazer com o clube que irá liderar num futuro próximo."
Onde andas tu?
"Ó futebol de rua, ó futebol mágico e sonhador, onde andas tu? O futebol pelo qual me apaixonei não era medido em cifrões. Não fazia distinções entre Campeonatos. Não contemplava o racismo. Nem muito menos existiam jogadores a vender a sua derrota. A aceitar dinheiro para que o mundo sombrio das apostas lhes destrua o sonho mais brilhante das suas vidas.
Pois é, actualmente, aquilo que foi dito no parágrafo inicial trata-se de uma triste realidade. Cabe aos verdadeiros apaixonados pelo desporto e pelo futebol vir a público colocar a sua posição bem vincada. De desagradado e desilusão.
A Primeira Liga Portuguesa vai regressar no início de Junho. Com todas as jornadas a serem disputadas. Excelente notícia. Em forma de contraste, na Segunda Liga, Nacional e Farense foram automaticamente promovidos. Uma varinha mágica limpou as restantes jornadas e, como por magia, já temos equipas promovidas. No Campeonato de Portugal, uma notícia ainda mais arrepiante. Arouca e Vizela sobem à Segunda Liga, uma vez que estavam em primeiro nas suas séries e tinham mais pontos do que Olhanense e Praiense, líderes das duas restantes séries. Dá para acreditar? O que dizer sobre isto? É elementar que existem séries mais competitivas do que outras. É uma falta de respeito pelo futebol passar um pano nas trajectórias fantásticas das formações de Olhão e dos Açores e, como por magia, deixá-los sem uma palavra a dizer. Nem a um justíssimo play-off de subida tiveram direito. Era assim tão complicado colocar os líderes das quatro séries num play-off que pudesse apurar, com justiça, as duas equipas promovidas? Será que o Campeonato que gera mais dinheiro tem outras regras da sensatez?
Por sua vez, existem mais casos suspeitos de jogadores a vender a sua derrota em Campeonatos com menos mediatismo. Já sabemos que os salários nessas divisões são inferiores. E que há gente que se aproveita dessa fragilidade para aliciar e conseguir milhares de euros. Mas pense em tudo o que fez para poder ser futebolista. Em todos os sacrifícios. Em tudo aquilo que os seus pais, avós e irmãos vibraram e se apaixonaram. Pense no futebol com que sonhou e se, de alguma forma, esse futebol contemplava golos na própria baliza ou expulsões encomendadas. Julga que um dinheiro extra, em forma de felicidade fictícia, poderá ser mais importante do que tudo isto? Na nossa magia do futebol, interessavam apenas duas coisas: divertimento imensurável e ganhar. Tão fácil assim. E, como Johan Cruyff dizia, o mais difícil é jogar futebol de forma simples.
As sombras até podem tentar estragar os sonhos mágicos que iluminam a vida. Mas a última palavra será sempre nossa."
A prática desportiva e a escola
"Será que o atraso que se verifica na prática desportiva em Portugal é da Escola? As opiniões valem o que valem. Alguns comentadores, dirigentes e políticos dizem que sim. Outros respondem que não. A verdade é que muitos ignoram a realidade da escola (pública e privada). A existência de alguma confusão sobre o que é o desporto e o que é a educação física também não abona em nada. Sabemos que a escola, enquanto espaço de aprendizagem, pode dar um contributo para a elevação da prática desportiva, mas não resolve todos os problemas existentes. Não lhe cabe a ela formar “campeões” e “atletas”. Todavia, a prática desportiva escolar pode dar um contributo, qualificando os jovens. O esforço tem que vir também dos clubes desportivos. Mas muitos não conseguem atrair a juventude, que organizam o seu tempo livre de outra forma. Os espaços de sociabilidade, os hábitos, os consumos e os gostos culturais são outros.
Determinados dirigentes de clubes precisam de compreender isso e deveriam se adaptar-se novas realidades. Neste mundo globalizado, há práticas desportivas que não têm interesse por parte dos jovens. Os estudos nacionais e internacionais, relativamente aos hábitos desportivos, demonstram que determinadas variáveis (idade, género, escolaridade, estatuto socioprofissional) são estruturantes da prática desportiva. Em termos tendenciais, podemos dizer que: 1) os homens praticam mais desporto do que as mulheres; 2) os jovens praticam mais desporto do que os mais velhos; 3) os que têm um nível de escolaridade mais elevado do que os que têm um nível de escolaridade mais baixo; 4) os que detêm um estatuto socioprofissional mais elevado do que os que detêm um estatuto socioprofissional inferior. O argumento da “falta de tempo” entre os não praticantes, como a principal razão para não praticarem uma modalidade desportiva, merece um estudo aprofundado em Portugal.
Os que dizem não gostar de desporto permite reforçar a ideia de que existe uma deficiente aculturação dos valores da cultura físico-desportiva. Quando olhamos para os dados do Eurobarómetro do Desporto e da Actividade Física (2017), verifica-se que participação desportiva portuguesa é baixa, quando comparada com outros países da União Europeia. Em 2009, a percentagem de portugueses que praticava exercício ou desporto regularmente era de 9%, diminuiu para 8% em 2013 e para 5% em 2017. O número dos que raramente ou nunca praticam estas actividades (nos tempos de lazer) subiu de 66%, em 2009, para 72%, em 2013, e para 74%, em 2017. Estudos recentes referem também que muitos adolescentes não praticam exercício físico suficiente. Portugal regista uma percentagem de 84,2% (em adolescentes, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre 11 e 17 anos). Ocupa, assim, o 74.º lugar da tabela de classificação dos 146 países avaliados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) entre 2001 e 2016. Dá que pensar…"
Futebol / Em nome do presente
"Faz hoje (1 de Junho), 9 anos que que cobrindo a quietude duma distância, numa manhã de sonho vi erguer uma das maiores conquistas académicas revertidas no mastro da minha existência pela prestação de provas do meu doutoramento.
Aos Professores Doutores Manuel Sérgio, José Antunes de Sousa e Pedro Guedes de Carvalho, pelos quais humildemente me curvarei todos os dias da minha vida, num ato de eterna gratidão que jamais esmorecerá… e nessa tão afectuosa viagem de suporte em supervisionar, aconselhar, orientar os caminhos rasgados pela investigação e desejo em olhar o Futebol de Corpo Inteiro, visto à luz da ciência da motricidade humana no reencontro com a vida.
Lhes dedico, neste dia de festa, este simples mas significativo texto no âmbito da reflexão do “Futebol – em nome do presente!”...
A adversidade desperta em nós capacidades que em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas. (Horácio, 65-8 a.C.)
Estamos quase a bater à porta duma nova retoma de competição, configurada com a existência de atípicas fórmulas de metodologia, que nos vai remeter sem dúvida para uma observação e qualificação de rendimento suportado ou não pelo resultado.
Assim, iremos ter em conta o facto a ser ou não confirmado, em que equipas que para além da concentração de jogos em tempo muito curto, conseguem ou não disponibilizar-se para a competição em tempo inteiro, enriquecidas pela valorosa identidade dos seus profissionais que, embora esculpidos no caminho das dificuldades, que uma preparação muito discutível de processos lhes facultou, possam ultrapassar a crise dum rendimento sem ser acometidas de lesões e perante o silêncio que o estádio despido de energia, que em condições normais se alimenta das bancadas, serão capazes de transportar na seiva as pegadas da sua experiência, e ir à luta, continuando a fazer do jogo de Futebol um espectáculo coberto de beleza e emoção.
Como tenho repetidamente referido, a consciência é a base de toda a existência, facto que implica o absoluto o primado dessa mesma consciência sobre os demais elementos na construção da forma desportiva, física, atlética, técnica, funcional. Isto é, um corpo fisicamente em forma, mas descrente nos objectivos de conquista, não é de modo algum suficiente para garantir o sucesso no seu desempenho (Goswami, 2008 cit. Sousa, A; 2014).
Não deixará de ser interessante reflectir e avaliar a capacidade de mestria do líder/treinador e pelas assessorias administrativas e médico desportivas expressas pelos seus mais qualificados intérpretes, nesta vergada curva do tempo que a vida condicionou de forma inapelavelmente castrante.
Sentiremos o compromisso dos jogadores, apelando para transformar o estado da crença num desejo, que fará renascer a convicção para a conquista do sucesso?!...
Creio que mais do que apelar para as condicionantes biológicas, fisiológicas, atléticas e funcionais, nesta fase de abrangência competitiva, e tendo presente situações de dificuldade, que por mim foram evidenciadas no artigo anterior, deveremos antes de mais controlar os pensamentos, que movidos por uma cultura de honestidade, autenticidade, ética, resiliência e altruísmo, podem verem-se aperfeiçoados os seus desempenhos.
Neste âmbito, uma equipa mentalmente forte, os seus jogadores batem-se, jogam e lutam com a bravura dum guerreiro e vão mais longe na luta da sua conquista. Deixam no ar a linguagem da palavra, do gesto ou do silêncio, que acaba por ser o oxigénio que sustenta a convicção do êxito conseguido, porque o estado de alma envolto num espírito de conquista, é capaz de produzir um estado de crença que também gera biologia como força motriz de intencionalidade energética, onde se opera e alimenta o sucesso.
Nos dias de hoje e de acordo com algumas estratégias já por mim evocadas, através duma dinâmica de intervenção ou planificação de treino é possível a reconstrução dum modelo operacional, que após a avaliação de várias competências dos jogadores, poderemos atestar comportamentos, ajustar desejos, invocar convicções e partir para a viagem de sonho onde habita o êxito.
Entramos num momento fundamental para uma nova aprendizagem, convocados pelos sinais dos tempos. Cá estaremos para no momento próprio validar a oportunidade de rumar ao conhecimento, que vai nascendo da dúvida e alimentando da incerteza e nos permitirá requalificar o futuro."