sábado, 23 de maio de 2020

O árbitro que vá no porão

"Se a empresa Cosmos já levou árbitros no porão até ao Brasil, se bem que no século passado, não deve apresentar dificuldade de maior, já neste novo século, repetir o procedimento de uma forma mais alargada a bem da verdade desportiva e da retoma da economia

Está quase. Mais duas semanas e temos o campeonato de volta. Já se nota, é verdade. Já se nota na retoma das discussões televisionadas, na troca de acusações e de insultos e no lançamento de suspeitas a torto e a direito a preencher os horários nobres das grelhas de programação. Haverá ainda paciência para 'isto' depois da experiência global do confinamento a que fomos submetidos? E será que 'isto' ainda rende como rendia? A questão da paciência é, como sempre foi, um problema (ou um não-problema) de cada um, já a questão do rendimento da plena operacionalidade dos gabinetes de ódio é uma questão mais prática e, sobretudo, mais geral.
Por meados de Março, quando nos chegou o estado de emergência, imperando a consciência cívica e um frenesi de bons sentimentos houve muita gente a acreditar que nunca mais nada seria igual ao antigamente. E o futebol, este jogo tão bonito, não escapou a ver-se incluído nessa onda de esperança por um mundo menos imbecil que despontaria, inevitavelmente, no rescaldo da crise pandémica. Mas, olhem, não despontou nada. Tudo leva a crer que se enganaram os que acreditavam numa revolução civilizacional desse calibre. Está quase de volta o campeonato e estão de volta as calorosas indignações por qualquer coisinha que mexa.
Vem, por exemplo, ocupando horas de discussão a hipótese de os árbitros poderem viajar com as equipas no mesmo avião para o Funchal quando couber ao Marítimo fazer o papel de anfitrião. O assunto, em si, não ter interesse nenhum não se desse o caso de ter o Benfica na sua agenda uma deslocação à ilha. E como este campeonato, pelo que parece, só vai ser disputado até ao fim para que se decida no campo quem é o campeão e, consequentemente, quem vai meter ao bolso os milhões da Liga dos Campeões, tudo o que mexa com os dois candidatos ao título serve, à falta de melhor, de pano para mangas.
Se é um escândalo um árbitro viajar para a Madeira no mesmo avião do Benfica então que se corte o mal pela raiz e enfie-se com o árbitro no porão do aeroplano juntamente com o carga e, assim, se evitará qualquer tipo de contágio ou coisa pior. Sempre é mais fácil, e dá menos trabalho, enfiar com o árbitro no porão a equipa toda do Benfica, incluindo o seu staff técnico, clínico e directivo. Como é do conhecimento público, a cada jornada, a Liga fornece à empresa de viagens Cosmos, para marcação de hotéis e de viagens, a lista dos árbitros nomeados para todos os jogos.
Se empresa Cosmos já levou árbitros no porão até ao Brasil, se bem que no século passado, não deve apresentar dificuldade de maior, já neste novo século, de repetir o procedimento de uma forma mais alargada a bem da verdade desportiva, da retoma da economia e do turismo de massas."

Regresso a Casa: Sim, talvez e porque não?

"“Saudades! Sim… Talvez… e porque não?”
Há precisamente 15 anos festejava o meu primeiro título como benfiquista. Lembro-me perfeitamente de estar no café com a minha mãe, a pessoa que me obrigou a gostar de futebol e a ser do SL Benfica, das pessoas a gritarem e de seguir para a baixa de Setúbal, que estava tão bonita vestida de vermelho. 
Hoje já festejei mais seis vezes, cada uma à sua maneira e cada vez menos emotiva. Em 15 anos muita coisa mudou. E, há 15 anos, não nos imaginávamos na situação actual.
Sem futebol, há muito em que pensar e, apesar de difícil, parece que até sabemos viver melhor sem ele. O desporto que nos apaixona deixou-nos há mais de dois meses e agora que está prestes a voltar, em vez de espalhar por este país fora uma alegria imensa, traz de volta o pior do futebol: muros vandalizados, violência à porta de estádios, interesses, polémicas e protestos.
Sou apaixonada. Pelo futebol, pelo Benfica. Mas em 15 anos aprendi, apesar de querer que para sempre a minha vida gire em torno do futebol, que não há amor grande o suficiente que justifique a raiva, o ódio e a rivalidade – que há muito deixou de ser desportiva e cheia de fair-play.
Recordo com saudades os tempos em que achava que nada me fazia mais feliz que o Benfica. Sentia-me gigante, imparável. Vi pela primeira vez o Benfica ganhar um campeonato em 2005, só voltei a ver em 2010 e desde então vivemos e vimos coisas que nunca mais se vão repetir.
Achei que era a pessoa mais sortuda e feliz do mundo porque vi o Rui Costa jogar, porque vi o Aimar e o Saviola juntos, porque vi o Benfica ir à final de uma competição europeia duas vezes, sempre a brilhar. E só isso me interessava. Benfica, Benfica, Benfica. Chorava, de tristeza e felicidade, ficava chateada e impossível de aturar quando algo não corria bem.
Hoje nada me faz mais feliz que futebol. E tenho tanto amor aos jogos na Luz numa quarta-feira às oito da noite, como aos jogos no Bonfim às nove, no Inverno, a levar com chuva na cara.
O meu desejo para o novo mundo que pode surgir depois da pandemia? Que todos nós gostemos acima de tudo do desporto. E depois, do resto. Porque quem não ama futebol não ama clube algum. E quem ama um clube ao ponto de cegar e espalhar ódio no mundo bonito do futebol não ama nada neste mundo.
Mas isto é só o meu desabafo, num regresso à casa que me fez amar ainda mais o futebol."

5 ex-jogadores do SL Benfica que só brilharam fora da Luz

"Quando o mercado de transferências abre, as equipas procuram adquirir reforços para melhorar a qualidade dos seus plantéis.
Ainda assim, nem todos os jogadores contratados se conseguem afirmar num novo clube, sendo por vezes considerados flops. Há ainda aqueles que são diamantes em bruto na formação, mas não são lapidados para a equipa principal.
Bem, no artigo de hoje vou falar de cinco jogadores que tiveram uma passagem apagada pela Luz, mas que acabaram por brilhar, uns mais que outros, noutro clube.
Uns foram autênticos flops em Lisboa, outros apenas não tiveram a sua oportunidade, mas todos demonstraram o seu valor no após a sua saída do SL Benfica.

1. Bernardo Silva Bem, sem qualquer dúvida de que este é o caso mais flagrante desta lista no que toca a talento desperdiçado pelo Sport Lisboa e Benfica.
Bernardo Silva foi formado no Caixa Futebol Campus e só teve a oportunidade de jogar pela equipa A dos encarnados por três ocasiões e sempre fora da sua posição.
Bernardo acabou por ser transferido para o AS Mónaco sem a possibilidade de mostrar todo o seu génio na equipa principal do Benfica, mas as boas exibições no clube do principado convenceram o Manchester City FC a pagar 50 milhões de euros pelo passe do internacional português.
Actualmente com 25 anos, Bernardo é um dos melhores jogadores dos “citizens” e, segundo os companheiros de equipa, o “preferido” do treinador, Pep Guardiola.
A verdade é que Bernardo teve um a saída inglória do Benfica, mas tal como já referiu várias vezes, o seu desejo é voltar à Luz e fazer o que ainda não foi feito!

2. Gabriel Barbosa Quem não se lembra de quando surgiu a notícia de que “Gabigol” estaria a caminho do Benfica?
Pois bem, eu lembro-me muito bem e, claro está, depositei muitas esperanças naquele que poderia ter tido muito sucesso nos encarnados.
Chegou a Lisboa emprestado pelo Inter de Milão, mas realizou apenas cinco jogos e marcou um golo. Números muito aquém do esperado.
Após a passagem falhada pelo Benfica, Gabriel Barbosa foi novamente emprestado ao Santos FC, onde marcou 27 golos em 52 jogos, números que convenceram o CR Flamengo a, numa primeira instância, adquirir o jogador a título de empréstimo e depois a pagar cerca de 18 milhões de euros pelo passe do jogador brasileiro.
Com a camisola do Flamengo já disputou 69 jogos e marcou por 54 ocasiões, tenho sido peça-chave para a conquista do campeonato brasileiro e da Taça Libertadores.
Com 23 anos, “Gabigol” é um ídolo no Brasil, mas conseguirá provar o seu valor no velho continente?

3. ManicheQuem é que não conhece Maniche? E sim, efectivamente Maniche esteve no Sport Lisboa e Benfica; aliás, não só esteve, como é formado no Benfica.
Bem, os palmarés do internacional português mete inveja a muitos jogadores por este mundo fora: uma Taça Intercontinental, uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA, uma Taça Intertoto, duas Ligas portuguesas, duas Taças de Portugal, duas Taças Cândido de Oliveira, uma Liga italiana, uma Liga inglesa e uma FA Community Shield.
Ainda assim, nenhum destes títulos foi conquistado de águia aos peito, mas sim no FC Porto, no Inter de Milão e no Chelsea.
Maniche foi um jogador mal aproveitado pelo Benfica, clube em que realizou toda a sua formação e que acabou por sair para vencer. Não foi um “judas” e muito menos foi um flop, simplesmente não conseguiu consolidar o seu lugar no plantel encarnado e rumou a norte para ser feliz.

4. Luka Jovic Por norma, o Sport Lisboa e Benfica é conhecido por reconhecer talentos mesmo antes destes se comprovarem. Contudo, nem sempre os jogadores conseguem mostrar as suas capacidades e Luka Jovic foi um desses casos.
Ao serviço dos encarnados, Jovic realizou 17 jogos pela equipa B do glorioso, tendo marcado quatro golos, e realizou ainda quatro partidas pela principal formação do Benfica.
Tendo em conta que as exibições do jogador sérvio não convenciam, o avançado foi cedido a título de empréstimo ao Eintracht Frankfurt.
Pois bem, os 36 golos em 75 jogos na Bundesliga convenceram o Real Madrid CF a pagar 60 milhões de euros pelo passe do jogador. O problema surge quando o Eintracht Frankfurt tem a opção de compra de sete milhões e a activa só para conseguir vender o jogador por 60M no dia seguinte.
É caso para dizer que o SL Benfica ficou a ver navios, enquanto o Frankfurt fez 53 milhões de euros do dia para a noite.

5. João Cancelo João Cancelo fez grande parte da sua formação no Sport Lisboa e Benfica e, à semelhança de um jogador que constará mais à frente nesta lista, não teve a sua oportunidade na equipa principal das águias, acabando por ser transferido para o Valência por 15 milhões de euros, mesmo só tendo dois jogos pela equipa A encarnada.
À data estava “tapado” por Maxi Pereira e André Almeida, que eram donos e senhores da lateral direita, e muito por isso se desaproveitou um dos melhores defesas direitos do futebol actual.
A sua polivalência é uma das suas muitas “armas”, tal como a sua velocidade ou a sua capacidade de passe, o que o torna num jogador bastante interessante. Um daqueles que qualquer equipa deseja ter. 
Cancelo está actualmente no Manchester City e leva 24 jogos e um golo na actual temporada."

O último tango de Nico

"Foi um dos mais apaixonantes jogadores que passou por Portugal nas últimas décadas. Com o passar dos anos cresceu do ponto de vista táctico e tornou-se um jogador completo, capaz de um rendimento extraordinário. Qualidade ofensiva sublime que foi encontrando correspondência com rendimento defensivo ou mesmo ofensivo sem bola.
Pela extraordinária imagem que deixou, sempre que se torna mais viável um eventual regresso, Nico Gaitán é recordado. Mas, como tem sido o último “Gaitán”?
Em 2020 somou 4 jogos no Lille, sempre saindo do banco, e nós fomos ver como se comportou:



"

Rafa - Ponto de desequilíbrio

"Mesmo afastado da equipa por algum tempo, resultado de uma dolorosa lesão, os números de Rafa provam que a equipa encarnada está (cada vez) mais dependente do seu talento e do seu faro pela baliza, pelo golo.

Rafa Silva é um nome incontornável quando falamos do Benfica e dos jogadores que mais influenciam o resultado de um jogo. Capacidade de explosão, velocidade, verdadeiro ponto de desequilíbrio das defesas adversárias, Rafa ganhou finalmente o estatuto que merece com a capacidade de... decisão que entretanto potenciou. Hoje, Rafa não é, apenas, sinónimo de criação. É também o rosto do golo! Um perigo à solta, portanto.
A afirmação não foi, contudo, imediata. Alvo dos rivais, foi já no fecho de mercado, em Agosto de 2016, que o Benfica ganhou o negócio ao Sporting e, por um valor que muitos questionaram nesse tempo (16 M€), assegurou um reforço que demoraria a convencer os mais cépticos. Não por falta de potencial, mas porque a transição de Braga para a Luz só na época passada assumiu maior expressão. Rafa é craque. Mas parecia desconfiar de si próprio e, no momento da verdade, nem sempre conseguia estar à altura das... exigências.
Forte nos duelos individuais, tanto ao correr da linha como nos imprevisíveis movimentos para zonas interiores, Rafa é um desestabilizador por natureza e uma fonte de problemas para qualquer adversário. Hoje, com esse "upgrade" tão importante como é a capacidade de finalizar com êxito e decidir jogos. Mesmo afastado da equipa por algum tempo, resultado de uma dolorosa lesão, os números de Rafa provam que a equipa encarnada está (cada vez) mais dependente do seu talento e do seu faro pela baliza, pelo golo.
Numa equipa com a vertigem atacante do Benfica e a habitual supremacia que exerce sobre os seus opositores, o perfil de jogadores como Rafa é fundamental. Conduz com perícia, tem um entendimento perfeito do jogo, ataca o espaço no tempo certo e sabe exactamente o que fazer quando precisa de combinar com um companheiro, seja ele Grimaldo (o seu parceiro habitual) ou qualquer outro. Ah, claro! E já finaliza com a perícia dos goleadores!

B. I.
Nome: Rafael Alexandre Fernandes Ferreira Silva
Idade: 27 anos
*Valor de Mercado: 24 M€
Jogos: 25
Minutos: 1597
Golos: 9
Assistências: 6

*Fonte: Transfermarkt"

Semanada...

"1. Lugar de Pedro Proença em Risco. O ainda Presidente da Liga de Clubes parece ter enviado uma carta ao Presidente da República a solicitar uma audiência para discutir a possibilidade de os jogos passarem em sinal aberto à revelia de todos os clubes. Naturalmente que os operadores televisivos não gostaram nada - afinal só ao Benfica, Sporting e Porto pagaram quase 40 milhões por estes jogos. Se os operadores não gostaram, os clubes que recebem o dinheiro desses operadores também não, porque desvaloriza os seus produtos. Neste momento o Benfica e o FC Porto, segundo o Record, lideram o movimento de contestação. O Presidente do Braga também foi bastante vocal quanto ao assunto, segundo o Jogo. Aliado a isto, há vários clubes da 2º Divisão insatisfeitos com a forma como a Liga terminou. Pedro Proença já pôs o lugar à disposição e tem agora três semanas para mudar a opinião dos clubes até à AG que decide o seu futuro como líder da Liga de Clubes. Pessoalmente não simpatizo muito com Pedro Proença. O ambiente extra-futebol não azedou por sua culpa, mas tudo aconteceu debaixo do seu nariz. Durante o seu mandato houve um clube a divulgar informação privada do outro no seu próprio canal e nunca vimos Pedro Proença a dizer uma palavra sobre o assunto. Mas a verdade é que também já tivemos bem piores na Liga de Clubes e mais do que nunca, o consenso sobre uma pessoa não será fácil de alcançar.
2. Ranking das Modalidades. Pelas declarações do Domingos Almeida Lima, vice-presidente do Benfica, uma parte do corte monetário nas modalidades virá da não-participação nas provas europeias. "Sobretudo nas modalidades onde as nossas perspectivas desportivas possam ser menos evidentes e o quadro competitivo obrigue a viagens mais dispendiosas", disse DAL. Seguindo estes critérios, a ordem de prioridades deverá ser: a) Hóquei em Patins Masculino - sérios candidatos ao título; fazem no máximo 5 viagens, pelo menos 4 serão em Portugal, Espanha ou Itália. b) Futsal Masculino - boas hipóteses quanto ao título; fazem no máximo 3 viagens, com destinos muito variados. Este ano fomos ao Cazaquistão e à Bélgica por exemplo. c) Hóquei em Patins Feminino - algumas hipóteses; fazem no máximo 3 viagens, com os destinos a serem Espanha (mais do que uma vez provavelmente), Alemanha, França ou Suíça. d) Voleibol Masculino - dependendo da competição as nossas ambições mudam. Se formos à Challenge Cup somos candidatos. Se formos a uma das outras não somos; Na Challenge Cup estamos a falar de 5 a 6 viagens, que podem ser a qualquer parte da Europa desde da Suécia a Israel. Se formos à CEV Champions League, os destinos são mais limitados sobretudo a Europa Central e Balcãs. e) Andebol Masculino - zero probabilidades de vencer, mas algumas de fazer uma boa prestação; só na Fase de Grupos da nova EHF League, se lá chegarmos, serão 5 viagens, podendo calhar em vários sítios da Europa Central, Norte da Europa e Balcãs maioritariamente f) Basquetebol Masculino - zero probabilidades de vencer; o número de viagens varia consoante a nossa prestação. Este ano fizemos 8 viagens. Todas na Europa Central, Balcãs ou Norte da Europa. Mas há uns anos fomos jogar à Ásia, contra uma equipa da Sibéria, Rússia. g) Futsal Feminino, Andebol Feminino, Basquetebol Feminino e Voleibol Feminino - ou não estão em posição para se classificar para as provas Europeias ou as provas Europeias não existem. Agora tudo depende de quanto é que o Benfica quererá poupar. Mas diria que pelo menos o Hóquei e o Futsal devem participar nas provas europeias. O Voleibol, se for à Challenge Cup, também acredito que participe.
3. Mile Svilar vs. Ivan Zlobin. Com o final da temporada para a equipa B, Mile Svilar juntou-se definitivamente à equipa principal e isso lança, naturalmente, a questão de quem é que vai para o banco nos jogos que faltam. Mile Svilar teve uma boa época na equipa B onde mostrou porque é que o Benfica apostou tanto nele. Já Zlobin nas poucas vezes que foi chamado, não impressionou. Zlobin tem a vantagem de ter sido o segundo guarda-redes a época toda até aqui. Mas se for por mérito, o belga parece-me estar em vantagem. Eu pessoalmente levava Mile Svilar.
4. O Erro de Domingos Almeida Lima. Na sua entrevista esta semana, DAL disse que o futuro passará mais pela formação. De facto, concordo que a maneira mais evidente de alcançar algo próximo da sustentabilidade nas modalidades terá que passar por ter uma formação mais forte. No entanto, uma das medidas da estrutura de DAL no ano passado para poupar algum dinheiro foi acabar com as equipas B em todas as modalidades. É um contrasenso e era bom que o Benfica recuperasse ou as equipas B ou que tivesse uma ou duas equipas a quem pudesse emprestar jogadores da formação.
5. Saídas no Futsal. Já tinha sido oficializada a saída de Chaguinha pelo clube, e entretanto também foi oficializada a saída de Bruno Coelho. Fernandinho também já divulgou que está de saída. No caso de André Coelho ainda não foi oficializada a sua saída, mas já há algum tempo que foi reportado que o Barcelona o teria contratado. Além destas quatro saídas, começam a aparecer alguns rumores de que Robinho e Drasler poderão também sair. A nível de entradas também já há alguns rumores, mas ainda deverão demorar, visto que os atletas têm que fazer os exames médicos primeiro e neste momento as viagens entre países ainda estão muito limitadas. Este também poderá ser o problema com André Coelho e eventualmente o Drasler, que têm contrato com o Benfica ainda.
6. Agressões nos arredores do Estádio Alvalade. Esta semana foi notícia umas agressões no Lumiar, em Lisboa. Agressões entre pessoas são sempre de lamentar. Mas nestas coisas o que menos interessa é qual é o clube destas pessoas. Os responsáveis devem ser identificados e chamados à justiça. No entanto, causa-me sempre alguma impressão que as pessoas não tenham sido identificadas, mas toda a imprensa sabia que eram adeptos do Benfica. Como é que é possível sabermos qual é o clube de alguém que não sabemos quem é? E já agora, porque é que isso interessa?
7. Crise no Futebol Francês. Marselha, Bordéus, Saint-Ettiene estão à beira da bancarrota. Além da perda dos direitos televisivos, os emblemas franceses viram-se privados das receitas de publicidade, venda de bilhetes e de algumas transferências de jogadores. Mas por cá, muita gente disse que a Liga só ia recomeçar porque o Benfica não estava em primeiro."

Calendário à medida

"A tabela fala por si. Não há uma única jornada em que o #PortoaoColo tenha menos descanso que o adversário. No total, são 8(!!!) dias de descanso a mais.
No caso do SL Benfica, tudo é equilibrado. Há 3 jornadas onde o descanso é maior, 4 onde é menor e 2 onde é igual.
Quem fez este calendário? Quem aprovou isto?"

Será assim que se vai inquinar mais uma vez a verdade desportiva?

"Mais um episódio da saga “o Benfica controla isto tudo”.
No meio de toda a confusão que envolve o regresso do futebol português em tempos de pandemia, ficámos a saber que a Unilabs ficou com a responsabilidade e o poder de decidir que jogadores é que estão elegíveis ou não para entrar nas convocatórias e disputar os jogos que restam da temporada. 
Ora, para nossa surpresa (ou não), descobrimos que a Unilabs tem como Director Executivo de Operações Sérgio Gomes da Silva, filho de Fernando Gomes (presidente da Federação Portuguesa de Futebol), e tem como Chefe Executivo Luís Menezes, adepto fanático do FC Porto que não se coíbe de assumir isso publicamente, como é visível nas imagens que disponibilizamos. E quem é Luís Menezes? É “somente” filho de Luís Filipe Menezes, ex-presidente da Câmara Municipal de Gaia e principal responsável pelo escândalo do financiamento do centro de estágio do Olival a favor do FC Porto. Recordamos que o FC Porto, com o negócio que fez do centro do Olival, levaria 2666 anos a pagar a sua construção.
Estamos a falar de uma empresa que em 11 testes que fez aos jogadores relativamente à covid19, conseguiu errar em 9, sendo que os últimos casos que foram dados como infectados, estavam na realidade negativos.
Que tipo de credibilidade é que estas jornadas finais terão, sabendo-se de antemão que a empresa que fará os testes aos jogadores é liderada pelo filho de Fernando Gomes e por um portista fanático, filho de Luís Filipe Menezes?
É este o “Benfiquistão” de que tanto falam? Que continuem, por favor."

As viagens dos árbitros à Madeira (tema que só passou a ser relevante porque o Benfica vai jogar lá com o Marítimo)

"Por estes dias são várias as questões que têm marcado a agenda mediática desportiva mas, para vos ser sincero, quase todas ultrapassam-me.
Não estou por dentro, não sei as suas razões, não as conheço o suficiente para emitir juízos de valor. 
Acho que esta é a postura mais sensata. Penso que as pessoas só devem falar do que sabem, sob pena de potenciarem mentiras ou contribuírem para difundir suspeitas infundadas ou maliciosas.
Há, no entanto, um tema que conheço bem. Demasiado bem.
Vivi-o, senti-o e experienciei-o na pele durante anos a fio. Por isso, sinto-me com legitimidade moral e intelectual para opinar, para dizer o que penso.
Refiro-me à recente polémica relativa às viagens dos árbitros à Madeira.
Como sabem, o que está aqui em causa é o facto de estar programado que viajem no mesmo voo (charter) que as equipas.
Vamos então falar sobre isto, de forma clara, aberta e sem rodeios:
- O assunto só passou a ser relevante porque o SL Benfica vai jogar com o Marítimo, na 29ª Jornada da Liga NOS. Se fossem apenas o Vitória FC, o Gil Vicente, o Rio Ave ou o Famalicão (como serão), ninguém falava sobre isto. Ninguém.
Desengane-se também quem acha que o tema seria menos "quente" se fosse o FC Porto a deslocar-se à Madeira. Não seria. O ruído seria igual ou, porventura, pior. Bem pior.
Quer isto dizer que o que está em causa não é o receio que as equipas de arbitragem possam ser "condicionadas ou pressionadas involuntariamente", mas o facto de um clube poder vir a tirar dividendos disso.
Vamos lá ver: todos concordamos que o ideal seria evitar essa coincidência. E seria ideal apenas para evitar este falatório, para acalmar uma percepção pública que parte sempre da desconfiança e, sobretudo, para defender os envolvidos. O problema é que, nesta fase e fruto das restrições que conhecemos, isso é impossível.
Há uma coisa que posso garantir-vos, por experiência própria: nenhum árbitro é influenciado pelo facto de partilhar, durante uma hora e vinte, o mesmo espaço físico que elementos de determinado clube.
Não é isso que pode pressionar o seu subconsciente. O que pode, eventualmente, fazê-lo é a narrativa nebulosa que se cria em torno de assuntos como este. É a transmissão da ideia que há uma preocupação honesta no meio disto tudo. É também o tipo de comunicação perversa que tantas vezes se viu ao longo desta época, jogo após jogo, jornada após jornada. Isso sim, pode incomodar. Pode retirar confiança, afectar a concentração, aumentar a intolerância.
É com isso que devem preocupar-se aqueles que agora parecem considerar importante criar bom ambiente em torno das equipas de arbitragem.
Meus amigos, deixem-me que vos diga também outra coisa: esta situação acontece há anos. Há anos! 
Não é de agora, não é de ontem e não passou a existir agora, que a pandemia obrigou a opções apertadas.
Enquanto árbitro no activo, viajei um sem número de vezes com as equipas (e respectivos adeptos). O único desconforto que sentia (pontualmente) era no regresso, quando elas perdiam ou, pior, quando tinham motivos para contestar as minhas decisões. Aí sim, o clima era tenso e frio, logo no check-in. 
Na viagem de ida, tínhamos cuidados a mais. Parecíamos monges. A prudência e a tentativa de evitar interpretações erradas impunha-nos uma espécie de barreira, apenas quebrada para um cumprimento tímido ou para uma palavra de circunstância, quando a situação era inevitável.
É estranho que pessoas íntegras, adultas e bem-formadas tenham "medo" de confraternizar, porque a cultura desportiva vigente é impreparada, pequenina e retrógrada. Há demasiada maldade no ar e a melhor defesa é não dar o flanco.
Já agora, um outro pormenor: acham mesmo que, depois de tantas medidas apertadas, fazia sentido colocar uma equipa de arbitragem (ou um plantel inteiro) a voar num voo comercial, com dezenas de outros civis, focos de potencial infecção? Acham mesmo que seria sensato expo-los a isso, depois de tantos testes e vigilância médica?
Acreditem quando vos digo.
Perante circunstâncias excepcionais como estas, este devia ser sempre um não assunto. Ao ser "importante", apenas evidencia um problema estrutural na forma como se julga a idoneidade/profissionalismo dos árbitros portugueses.
O pensamento em relação a eles parte sempre de premissa negativa. Na dúvida, são pressionáveis ou "susceptíveis de adulterar resultados de forma involuntária ou inconsciente".
Há algo que tenho por muito certo: os jogos ganham-se em campo! Ganha quem é mais forte, mais consistente, mais determinado! Ganha quem marca mais golos! Ganha quem se prepara melhor e quem controla as variáveis que dependem apenas de si!
Tudo o resto é poluição sonora, que é transversal. Muda a forma, mudam os protagonistas mas a essência está lá. Infelizmente."

A importância do desporto de alto rendimento social

"A educação do século XXI reconhece os valores e as competências sociais no desenvolvimento cognitivo e na capacidade de resolver desafios. Ela deve despertar consciências e curiosidades. Para a UNESCO, os objectivos educativos são, essencialmente, apoiar a realização de uma Educação para Todos, procurando:
1) assegurar a liderança global e regional na educação;
2) fortalecer os sistemas de ensino em todo o mundo (da infância à idade adulta);
3) responder aos desafios globais contemporâneos através da educação.
Sob a recomendação da mesma Organização, o desporto é uma importante ferramenta de mobilização e de educação para o desenvolvimento, na medida em que promove a cooperação entre alunos e professores e oferece um enquadramento para a aprendizagem de competências pessoais e transversais, necessárias para a responsabilidade social e cidadania. O desporto é um fenómeno social que impregna profundamente a vida quotidiana dos cidadãos. Aristocrática na origem, a prática desportiva conheceu, desde o século XIX, um crescimento prodigioso e continua a ser um dos fenómenos sociais mais marcantes da nossa época. A sua prática democratizou-se amplamente e envolve quase todos os indivíduos. Simultaneamente, o seu carácter internacional não cessa de se afirmar. Na década de 90, a Comissão Europeia definia cinco funções específicas no âmbito do desporto:
1) A função educativa para equilibrar a formação e o desenvolvimento dos indivíduos em todas as idades;
2) A função de saúde pública no quadro do bem-estar geral da pessoa para preservar o “capital-saúde” dos cidadãos;
3) A função social para lutar contra a exclusão, a intolerância, a discriminação e o racismo;
4) A função cultural, permitindo ao cidadão de se reconhecer no seu território;
5) A função lúdica como componente do tempo livre e do lazer individual e colectivo.
A declaração do Conselho da União Europeia, de 05 de maio de 2003, refere o valor social do desporto, sobretudo para a juventude. O Conselho e o Parlamento Europeu decidiram proclamar o ano 2004 no ano europeu da educação pelo desporto. Imitados pela UNESCO, instauraram o Ano Internacional do Desporto em 2005.
Com esta iniciativa desejavam:
1) sensibilizar os cidadãos sobre a importância das práticas desportivas no domínio da educação;
2) aumentar a prática desportiva nos programas escolares;
3) promover a integração social e a tolerância, insistindo sobre o equilíbrio psicológico e físico proporcionado pelo desporto;
4) ajudar na prevenção dos problemas de violência.
Em 2015, as Nações Unidas definiram 17 objectivos sustentáveis com uma agenda ambiciosa, tendo em vista a erradicação da pobreza e o desenvolvimento económico, social e ambiental à escala global até 2030. Ficou conhecida como Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Como actividade transversal a várias áreas sociais, o desporto pode funcionar como uma ferramenta multidisciplinar de ensino e de promoção dos objectivos sustentáveis. Com base na análise sociológica do desporto, tem sido nosso objectivo incentivar a busca de conhecimentos, desenvolver a literacia e a capacidade de visão crítica sobre questões contemporâneas, vista a centralidade do desporto na sociabilidade e no processo de inclusão social. O interesse pelo desporto funciona como motivação para a permanência na escola e o desenvolvimento de actividades pedagógicas que vão desenvolver a criatividade, o pensamento crítico e a comunicação. Apesar de todo o retorno positivo que o desporto pode trazer para a educação de jovens, em muitos casos a socialização em torno do desporto traz exemplos negativos. A violência, o racismo e a homofobia são comportamentos presentes em grupos de adeptos e expressos em recintos desportivos. Nesse cenário, ao invés de se afastar os jovens do desporto, o que precisamos é trazer novas pessoas, novos olhares e novas acções ao desporto para que os aspectos e comportamentos negativos possam ser deixados de lado e que o desporto possa servir de ferramenta de inclusão e de transformação social."

O martelo de Nietzsche III

"1- Depois de anos a fio de um sepulcral silêncio imposto pela nomenklatura politico-desportiva que, nos últimos anos, liderou o desporto ao estilo do quero, posso e mando, perante os estragos provocados pelo CODVI-19, os dirigentes da dita surgem por todo o lado com iniciativas completamente desatinadas que, à força da mais primária demagogia, pretendem adivinhar o futuro a fim de, com o habitual espírito de camaleão, se ajustarem ao que aí vem. Todavia, os retardatários da reflexão estratégica vão certamente aprender que o futuro é incognoscível. Quer dizer, o futuro não se adivinha… constrói-se. Constrói-se a partir da prospectiva enquanto primeiro produto do processo de planeamento.
2- A máxima do filosofo grego Empédocles (444–443 aC) continua na ordem do dia: “sobrevivem aqueles que estiverem mais bem-adaptados”. Esta premissa voltou a ser considerada já na idade contemporânea por Charles Darwin (1809-1882) quando na Origem das Espécies afirmou que “nascem muito mais indivíduos do que aqueles que podem sobreviver” e, depois, concluiu que só “sobrevivem, os indivíduos mais bem-adaptados”. O problema é que no desporto, na ausência de Políticas Públicas, a sobrevivência está a ser feita à custa dos princípios e dos valores numa luta fratricida de soma nula.
3- Para Heraclito de Éfeso (540-470 aC) a máxima da vida estava no “polemos pater panton”, quer dizer, a guerra é o pai de todas as coisas. Neste sentido, o combate competitivo quer ele tenha sido grego, chinês, zulo, índio ou persa, está inscrito no código genético da humanidade que, depois, se expressa através da cultura tanto na arte da guerra quanto nas destrezas das competições desportivas. O problema é que, embora a cultura desportiva faça parte do septuagésimo nono constitucional de há 46 anos a esta parte, do ponto de vista desportivo, continuamos a viver num país com uma cultura inculta.
4- Thomas Hobbes (1588-1679), na obra Leviatã, sobre a natureza humana afirmou que muito embora alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se eleva acima de todos os outros ao ponto de poder desprezar o medo de que os outros homens lhe possam fazer mal. Nesta perspectiva, cada homem tem direito a tudo. Mas, como todas as coisas são escassas, existe uma constante “guerra de todos contra todos” – “bellum omnia omnes”. Políticas Públicas em matéria de desporto deixadas em roda livre só podem conduzir a um antissistema de todos contra todos.
5- Num ambiente “bellum omnia omnes” os dirigentes do futebol, para além de terem ido a São Bento como quem vai a pé a Fátima à espera de um milagre deviam começar por aceitar que estão condenados à “cooperação por interesse próprio” através de um contrato social sob pena de, se o não fizerem, continuarem a destruir o futebol. Porque, no quadro da independência do desporto, nenhum Primeiro-ministro pode salvar o futebol dos seus próprios dirigentes.
6- À falta de futebol, surgem nas parangonas dos desportivos alguns presidentes de umas federações desportivas, numa de marketing de trazer por casa, a afirmar que as respectivas modalidades são autênticas potências internacionais!!! Ora, modalidades que apresentam Taxas de Descarte à volta dos 95% jamais serão potências ou qualquer coisa de parecido mesmo que ganhem a cobiçada medalha olímpica. Modalidades que descartam milhares de jovens ao atingirem os 18 anos de idade a fim de, ao serviço do Estado, aplicarem os parcos recursos disponíveis na proletarização de um número reduzido de atletas, alguns contratados no estrangeiro e naturalizados de aviário, a fim de alimentarem a propaganda neomercantilista não são uma potência são uma vergonha. E até o futebol, que é considerado nos rankings internacionais a tal potência, como infelizmente se tem estado a ver, não passa de uma potência com pés de barro.
7- “Pro patria est, dum ludere videmur” era a máxima que alimentava as hostes desportivas em princípios do século passado: “Quando Jogamos fazemo-lo pela pátria mãe”. O resultado de tal espírito acabou na guerra de trincheiras da Primeira Grande Guerra (1914-1918) onde, para além dos feridos, morreram mais de dois mil soldados portugueses. O desporto colocado ao serviço de desígnios nacionais é protofascismo. Infelizmente, há dirigentes que, na sua ignorância, têm uma visão militarista do desenvolvimento do desporto. É gente perigosa.
8- É sempre útil recordar que o desporto, que tem as suas origens na luta pela sobrevivência e na preservação da vida, em diversos momentos e circunstâncias da história contemporânea, foi animado por metáforas mais ou menos fascizantes ao serviço de regimes quer socialistas, quer liberais: “Pelo trabalho e pela defesa” (URSS); “Vençam ou morram” (Itália); “Trabalhar para a educação de personalidades socialistas, ambiciosas de realizarem altas performances para a glória da pátria” (RDA); “O corpo ao serviço da pátria” (Paraguai). “É de interesse nacional voltar a ganhar a nossa superioridade olímpica e, uma vez mais, darmos ao mundo uma prova da nossa força interior e vitalidade” (USA). “Levantem-se e marchem…” (RPC); O desporto é um desígnio nacional (Portugal).
9- O futuro do jornalismo está na ordem do dia. Debates, seminários, conferências, artigos e ensaios surgem por todo o lado. Por isso, num tempo em que a credibilidade do jornalismo é posta em causa, as palavras de Sérgio Figueiredo Director de Informação da TVi são de repudiar. Diz ele: “… Jornalismo é informar, mas é sobretudo ter a noção do papel que desempenha na sociedade. Por isso também é filtrar, ter a noção do tempo e do modo como o nosso trabalho impacta na vida dos outros. Enquanto os incêndios não se apagam, não é hora de questionar os bombeiros”. “Não ignoramos as falhas, mas estar a insistir nelas, estar sobretudo preocupado em denunciar o que não funciona, assusta as pessoas e afasta-as da antena, provoca rejeição. As televisões têm agora a preocupação de informar, de esclarecer, de ser pedagógicas, de perceber que as pessoas precisam sobretudo tranquilizar-se e confiar. Não basta termos a nossa verdade, as nossas certezas, se isso fragiliza ainda mais uma sociedade já frágil e desorientada perante o desconhecido”. A institucionalização desta maneira de pensar é a morte da credibilidade do jornalismo. Os jornalistas não podem ser metidos numa prisão psíquica para, ao serviço de não se sabe quem, passarem a filtrar a informação que entendem que a sociedade, que consideram mentecapta, pode consumir. Se o fizerem, transformam-se em simples funcionários de um mais do que previsível Ministério da Verdade. Sendo eu filho e neto de jornalistas e colaborador (pro bono) de jornais e revistas há mais de quarenta anos não gostaria de os ver em semelhante situação.
10- Vicente Araújo, o eterno líder burocrático do Voleibol nacional, afirmou ao Record (2019-02-24) que “o voleibol está bem e recomenda-se”. Lamento dizê-lo, mas estou completamente em desacordo. E a razão imediata tem a ver com o facto de Vicente Araújo que, para além dos anos em que exerceu as funções de Director Técnico, geriu a Federação de 1996 a 2000 na qualidade de presidente e de 2016 a 2020 na qualidade de vice-presidente, ser o único candidato à liderança da Federação para o quadriénio 2020/2024!!! Pergunto: Ao cabo de, praticamente, mais de 30 anos de Vicente Araújo, entre os 403 dirigentes do voleibol nacional (cf. IPDJ) não há ninguém competente e com outras ideias capaz de dar uma diferente orientação à modalidade? Até porque, nem o voleibol está bem nem se recomenda. O voleibol encontra-se mesmo numa situação muito difícil. Para além de não ter praticantes não tem resultados. Do ponto de vista da base da pirâmide o Voleibol, segundo as estatísticas oficiais, apresenta uma Taxa de Descarte superior a 96% quando os jovens atingem a idade de juniores. E do ponto de vista do vértice da pirâmide a Federação não conseguiu estar presente nos Jogos Olímpicos quando os réditos da Federação relativo ao corrente Ciclo Olímpico vão ser certamente superiores a 15 milhões de euros. Quer dizer, o Voleibol nacional em matéria de praticantes tem uma falsa base, não tem estrutura intermédia e o vértice a um custo médio seguramente superior a 7 mil euros por praticante não conseguiu atingir os Jogos Olímpicos. Por isso, na minha opinião, o voleibol não está bem nem se recomenda pelo que é um erro continuar a apostar na experiência de 24 anos de liderança de Vicente Araújo que, perante os resultados da sua gestão, somos obrigados a concluir que não passa de um ano de experiência repetido 24 vezes. É triste ver velhos dirigentes, colados ao poder, convencidos que o seu capital de experiência é condição suficiente para dispensar a necessária e urgente renovação a desencadear pelo efeito vivificador dos conhecimentos mais actuais e entusiasmo das novas gerações. Pobres contribuintes que, perante a mais confrangedora abulia das autoridades político-administrativas, têm de suportar os custos de tal estado de coisas enquanto veem os seus filhos a serem descartados da prática desportiva porque é o desporto que é considerado um desígnio nacional e não as pessoas."

O desconfinamento desportivo

"Por muito que se vaticine que nada será como dantes, o clube, como célula base do desenvolvimento desportivo, cumpre, e certamente continuará a cumprir, a nobre missão de formação integral do indivíduo, quer social, quer desportivamente.
Porém, neste período terrível de confinamento - onde, naturalmente por questões de enquadramento sanitário, a “elite desportiva” assume o papel de charneira no desconfinamento desportivo, tendo cada federação contribuído para encontrar as melhores soluções com vista a alguma retoma da sua actividade - continua a ser muito incerto o regresso das actividades de formação, afinal a génese de todo o edifício, quer da sua essência, quer da sua própria história.
E, tendo em conta que a formação contínua será sempre o berço e a origem de todos os campeões, é também, no modelo actual, um suporte fundamental para o funcionamento sustentado dos clubes, através da criação de receitas directas, do fortalecimento dos valores identitários de uma comunidade e do reforço do indefectível “amor à camisola”.
Nos clubes com modalidades que utilizam infraestruturas cobertas - com especial relevo para as piscinas, pelo elevadíssimo custo de manutenção e sustentabilidade desportiva no processo de formação – a situação agudiza-se com grave desequilíbrio financeiro na gestão dos respectivos equipamentos. Até porque, em muitos casos, para garantir os espaços onde a elite deverá reiniciar a actividade, vem associado um aumento significativo dos custos, que não são, de momento, suportados, nem pela formação, nem pelas actividades secundárias ou complementares.
Se para muitos gestores a realização de actividades complementares, como sejam eventos, campos de férias ou actividades de entretenimento, são formas de obter receitas adicionais, a dura realidade, mesmo nos cenários mais optimistas, aponta para uma estagnação nos meses mais próximos.
A exemplo de outros países, será imperativo que se conjuguem esforços no sentido de ajudar a suportar os custos que os clubes continuam a ter com a manutenção da operacionalidade das infraestruturas desportivas, em especial as que albergam escalões de formação. Só deste modo será possível garantir uma reabertura faseada e equilibrada, por forma a que estes cumpram a sua dedicada função.
Neste particular, consideramos que as autarquias devem liderar o processo de apoio aos clubes para suporte dos custos de gestão das instalações, com um claro reforço dos programas de apoio, que já muitos desenvolvem no seu território, e que deverá ocorrer de forma regressiva, diminuindo o financiamento à medida que se vão cumprindo as estratégias faseadas de reabertura das actividades dos clubes desportivos.
Estamos em crer que este será o momento certo para desenvolver políticas territoriais cooperativas, onde defendemos a aplicação do modelo triangular de relação entre a Escola, o Clube e a Autarquia. 
Se esta relação ganha particular importância no desenvolvimento de políticas de infraestruturas desportivas, nunca o será menos relevante nas áreas do apetrechamento, da formação, de actividades e programas para a comunidade, entre outras
Para tal, será fundamental reforçar estratégias territoriais, com definição clara de prioridades desportivas e com horizontes temporais consistentes, porque, hoje e sempre o lema continuará o mesmo…
… Unidos seremos mais fortes…!"

Luta contra injustiças

"Sabemos há muito que tudo o que se decide fora de campo é contra o Benfica. Esta realidade tem décadas e não se vislumbram mudanças

O «novo normal» é uma expressão que tomou conta do léxico televisivo. Aquilo que era excepção, anormal. inaceitável ou errado agora pode com simplicidade chamar-se «novo normal», e parece que fica tudo explicado como se tivéssemos que ficar resignados perante a dita nova normalidade. Não me parece que deva ser assim, pelo menos eu, tenho dificuldade em reconhecer esta nova realidade a explicar tudo. Campeonatos sem terminar que determinam subidas e descidas não faz sentido. Campeonatos interrompidos a determinar campeões não faz sentido. Alterações das regras para inventar resultados, chama-se batota desde o meu tempo de liceu.
Na Alemanha tivemos o regresso do futebol com sucesso. Os alemães serão organizados, serão competentes, mas por agora vão na frente a dar o exemplo. Seguir bons exemplos é um caminho correcto do que inventar asneiras.
Escrevo sem ter conhecimento do desfecho da reunião de ontem na Liga de Clubes, embora a discussão e suas decisões tivessem mais impacto económico do que desportivo. Este campeonato será também decidido na capacidade de houver nas equipas de limitar lesões nos jogadores mais importantes. Estes regressos, como nos inícios de época desportiva, trazem sempre lesões, várias lesões. Em teoria beneficia quem tem melhores planteis, prejudica quem tem menores soluções.
Todos gostariam de ter transmissões em sinal aberto, mas será razoável e responsável sugerir tal medida depois dos operadores investirem milhões na compra de direitos televisivos. Num mundo de populismos, prometer tudo dará uns minutos de simpatia e a eternidade varrerá esses comportamentos deixando aos vindouros as contas para pagar. Vejo muitos protagonistas do nosso futebol com um futuro imenso atrás deles. O futebol entrou numa fase de confinar o disparate.
A lista de estádios aprovados para concluir a mais deslocações do que estava a ser publicado. Ao contrário do que acontece com o principal rival, temos de aceitar esse prejuízo como natural, sabemos há muito que tudo o que se decide fora de campo é contra o Benfica. Curiosidade repetida que só poderá ser contrariada no relvado pelos nossos jogadores. Esta realidade tem décadas e não se vislumbram mudanças.
Embora o calendário tenha sido ontem adiado a nossa ambição é renovada todos os dias. As dificuldades aumentam a nossa vontade de vencer e lutar contra as injustiças."

Sílvio Cervan, in A Bola

Visita à capital

"Já escrevi sobre a falta de pudor, quanto à instrumentalização do Presidente da República, com objectivos comunacacionais, pelo que não me alongarei sobre esse assunto. Que fique registada, no entanto, mais uma inscrição na longa lista de atitudes e actos que consubstanciam a ideia de que, lá para aqueles lados, não se olha aos meios para se atingirem os fins.
Centremo-nos, por agora, no fastidioso 'centralismo' e na atoarda 'promiscuidade com os governantes'.
Não obstante a obtenção do desejado palco para mais uma tentativa de condicionamento dos decisores, o que é certo é que o rei do 'quem não chora, não mama' veio à 'capital do império' ao beija-mão. 'Senhor Presidente, dê-nos uma ajudinha, somos uns coitadinhos a quem ninguém dá cada. Esqueça lá isso do centro de estágio, do estádio, do canal de televisão, dos investidores que só serão reembolsados sabe-se lá quando, das nomeações de árbitros locais, que isso até é para poupar nas deslocações... O nosso canal, que não é nosso, é da região, precisa de ajuda!'
Não se sabe o que Marcelo terá dito, nem seque a sua postura corporal, dada a sua conhecida hipocondria e o seu interlocutor, mas háo-de ter sido abordadas coisas, o quê não interessa, não nos esqueçamos de que o objectivo era o palco. De qualquer das formas, o único canal de clubes em Portugal - perdão, é regional - a receber uma ajuda do Estado em tempos de pandemia acabou mesmo por ser o (FC) Porto Canal. E 23 mil euros podem não ser grande coisa, mas o canal também não o é. Afinal, alguém sabe para que serve o dito para além de uns jogos das modalidades e formação e a divulgação de correspondência privada truncada e adulterada?"

João Tomaz, in O Benfica

Chegadas e partidas

"Não sei se já repararam, mas a época terminou em praticamente todas as modalidades e géneros em Portugal. Sobrevive ainda o plano de retomar o principal campeonato profissional de futebol masculino. De resto, já está tudo de férias e/ou a preparar a próxima temporada. A pré-época chegou mais cedo, daí serem normais as saídas e entradas de atletas e treinadores nas mais diferentes modalidades. E estamos a ter um pouco de tudo nas modalidades do Glorioso. Carlos Resende deixou de treinar a equipa de andebol masculina, após duas épocas e meia em que não conseguiu levar a equipa a ganhar o campeonato. E Isabel Ribeiro dos Santos sai igualmente da liderança da equipa técnica do basquetebol feminino. Os jogadores de andebol Nuno Grilo, Fábio Vidrago e Ricardo Pesqueira também deixam o clube. No basquetebol, por exemplo, Gary McGhee deixa de fazer parte da equipa, e no futsal masculino e feminino, também já há uma série de saídas asseguradas. O mesmo para o hóquei masculino e voleibol feminino. De entradas também já muito se escreve e comenta. E posso dizer-vos que há boas surpresas prontas a acontecer nas modalidades. Isto apesar de um ano que se quer de contenção. Ao contrário do que dizem os profetas da desgraça - sabemos bem como e por que razão actuam - o ecletismo e a competitividade do Sport Lisboa e Benfica não estão a ser postos em causa. Antes pelo contrário, como se tem visto ao longo da última década. Claro que é fácil criticar sem ter de tomar decisões. Ou sem ir aos pavilhões apoiar as modalidades.
Que esta paragem sirva para os benfiquistas se unirem em torno das suas muitas equipas. É tempo de recebermos as caras novas que estão a chegar e nunca esquecer o empenhamento e o profissionalismo da quase totalidade dos técnicos e atletas que deixam o Clube nestes tempos estranhos. Obrigado pelo que fizeram com a águia ao peito."

Ricardo Santos, in O Benfica

Fizeste-me tão feliz, tetra

"Por estes dias, a BTV tem relembrado os momentos mais marcantes da caminhada até ao inédito tetra conversando com os principais intervenientes - aguardo a entrevista com o Bryan Ruiz. Recordar tão agradáveis memórias tornou-se facilmente no momento de maior felicidade desde que o coronavírus invadiu Portugal. O leitor lembra-se de como tudo começou? A euforia com o Gil Vicente (2-1) quando os ponteiros do relógio já assinalavam o período de compensação, que tanta amargura nos tinha causado três meses antes. O primeiro dos quatro foi consumado na Luz, frente ao Olhanense. A bola estava com pouca vontade de entrar até que o Lima lá a convenceu por duas vezes na segunda parte, enquanto a minha avó continuava inconformada por não ter convencido o neto a almoçar lá em casa naquele belo Domingo de Páscoa.
O bi também teve um bis maravilhoso.Novamente Lima, no Dragão, a repetir a artimanha de César Brito e Nuno Gomes lembrando que a vida é uma festa. E foi mesmo, em Guimarães, depois de um nulo que Tiago Caeiro tornou agradável, desde Belém, perante o desespero de Loto... perdão, Lopetegui.
O tri, verdadeiramente especial, demonstrou acima de tudo que nada nem ninguém é maior que o Benfica - nem o Papa Francisco faltou à festa. E o tetra foi construído pelo sucesso dos anos anteriores e ainda pelo cruzamento do André Horta no Dragão, o golo inventado pelo Mitroglou em Braga (que saudades, querido Konstantinos), a bomba do Lindelof em Alvalade, o Jiménez, tal como no tri, a ser o pescador de serviço em Vila do Conde, e o festival sinfónico naqueles 5-0 ao Vitória SC. Recordar é viver. Ah, é tão bom ser do Benfica."

Pedro Soares, in O Benfica

Faz quinze anos

"Este mês é prodígio em efemérides futebolísticas. E a quarentena tem-nos deixado tempo suficiente para evocar todas essas recordações, desde os grande triunfos europeus da década de sessenta até à bem recente Reconquista.
Nesta sexta-feira cumprem-se precisamente quinze anos sobre o título de 2005. E essa foi, posso dizê-lo, a maior alegria desportiva que tive na vida.
Já festejei quinze campeonatos, todos eles saborosos, e alguns verdadeiramente memoráveis. Mas, se tivesse de escolher apenas um ficaria com o de 1005. Jamais esquecerei aqueles momentos: primeiro nas bancadas do Bessa, depois na viagem para Lisboa, no nosso estádio, que às cinco horas de manhã se encheu para vitoriar os campeões, e já sob a luz do dia quando regressei a casa de camisola encarnada vestida, com todos os jornais desportivos debaixo do braço e o coração a transbordar de alegria.
O Benfica vinha de um longo jejum de onze anos - período negro em que a sua própria existência chegou a ser posta em causa. Durante esses anos, confesso que temi não voltar a ver o grande Benfica que me fora dado a conhecer na infância.
Esse título foi um ponto de viragem. E foi alcançado num campeonato de loucos, porventura o melhor de sempre, com voltas e reviravoltas, incerteza até final - e perante um FC Porto campeão europeu e mundial, um Sporting finalista da UEFA, ainda um grande Boavista e já um grande SC Braga, entre outras boas equipas de classe média, recheadas de bons jogadores portugueses e brasileiros. O Benfica deu-nos grandes alegrias. Essa foi a maior de todas.
Dia 22 de Maio de 2005. Uma data que nunca esquecerei."

Luís Fialho, in O Benfica