segunda-feira, 18 de maio de 2020

Comemorar o presente...

"... para comemorar no futuro. A BTV tem dedicado, nos últimos dias, parte da sua programação a evocar o inédito Tetra e a homenagear os protagonistas deste feito alcançado há três anos.
Em 2015, festejámos o Bicampeonato, o que não conseguíamos desde 1984, no segundo ano da primeira passagem de Eriksson pelo Benfica. O sexto Tri da nossa história deu-se no ano seguinte, 39 anos depois do anterior, quando, em 1977, a equipa era liderada por Mortimore. E o muito ambicionado Tetra finalmente aconteceu em 2017 à sexta oportunidade.
Têm passado, pelos ecrãs da BTV, vários artífices do Tetra, entre os quais Luís Filipe Vieira, Rui Costa, Shéu, Luisão, Jonas, Salvio, Gaitán, Paulo Lopes, Nélson Semedo, Gonçalo Guedes, Renato Sanches, além dos treinadores Jorge Jesus e Rui Vitória.
Hoje celebra-se um ano da Reconquista, o 37.º título nacional benfiquista, na sequência do brilhante percurso da nossa equipa desde que Bruno Lage assumiu o cargo de treinador. Foram 18 vitórias e um empate, em 19 jogos, que nos permitiram regressar ao Marquês. E com 103 golos marcados, igualando o recorde benfiquista na prova, estabelecido 55 anos antes, em 1963/64.
A recordar este percurso brilhante estará hoje, na BTV, o decisivo para a reconquista João Félix, acompanhado do seu irmão, Hugo Félix, mais um jovem promissor da nossa formação.
Trata-se simultaneamente de uma justa homenagem aos protagonistas das conquistas desportivas e de um forte tónico para as onze finais que se avizinham. Somos campeões em título e queremos muito sagrarmo-nos Bicampeões Nacionais mais uma vez, para podermos pensar depois na final da Taça de Portugal e tentarmos a dobradinha!
#PeloBenfica

P.S.: Faz também hoje um ano que a nossa equipa feminina de futebol conquistou o seu primeiro título ao mais alto nível. Foi uma tarde em cheio, com o triunfo, no Jamor, da Taça de Portugal, o que permitiu às nossas futebolistas, horas mais tarde, celebrarem e serem homenageadas em pleno Estádio da Luz, no intervalo da partida frente ao Santa Clara."

Vi que Nélson Semedo, Ederson, Gonçalo, David Luiz, Renato e Bernardo querem regressar. Benfica: diz-me que é impossível depois de tentares

"Há poucos dias um misto de orgulho e melancolia apoderou-se de nós. A data assinalava o décimo aniversário do primeiro título da era Jesus.
Orgulho pela qualidade do futebol praticado. Afinal foi nessa altura que o termo rolo compressor se tornou célebre na luz. Havia gente a usar fraldas em plena bancada porque não queriam arriscar-se a perder um golo ou algum lance ofensivo como há muito não se via na Luz.
Orgulho, também, pela promessa de dias melhores que aquele tempo continha, e que o futuro se encarregou de confirmar com a maioria dos títulos nacionais na década seguinte.
Orgulho, ainda, por termos sido capazes de atrair e reter uma mão cheia de jogadores que, como a equipa de 2013/14, se tornaram referências para quem hoje continua a celebrar mas também a sofrer com o Benfica, que é um outro.
Orgulho, finalmente, por sentirmos, então e agora, que tudo aquilo era muito mais sobre futebol do que sobre outra coisa qualquer. Há dez anos o terreno era diferente, menos acidentado e menos acidentado. Um tipo calçava uns crocs e até era capaz de fazer uma festa aos crocodilos.
Hoje, os jogos ganham-se no lamaçal. A bola mal circula. Todos os jogos parecem-se metaforicamente com a partida dos distritais caracterizada por ocorrências algures entre uma bojarda para o pinhal, o pontapé para o ar, o chavascal de pancadaria, ou a bancada desorientada.
Não me parece que o lamaçal vá secar nos próximos tempos, portanto o último reduto é mesmo jogar à bola e com isso devolver alguma da alegria que esta doença roubou às pessoas.
Nesse sentido, não é difícil acreditar que continuaremos a ser quase sempre melhores do que os nossos adversários nacionais, como, infelizmente, a avaliar por erros de planeamento recente, é difícil acreditar que os traumas principais venham a ser ultrapassados: o confronto directo com o FCP e o regresso a uma grande presença europeia.
A sorte do Benfica é que tem muitas efemérides para celebrar e muitas datas das quais o clube e os seus adeptos se podem orgulhar. O azar é que as efemérides nos relembram de tudo o que já vivemos e da nossa condição actual. Os adeptos querem sempre mais do melhor que já viveram. Todos nós queremos, num certo sentido, mais do mesmo. Até nos fartarmos de vencer, coisa que evidentemente jamais virá a suceder.
E não são só os adeptos que querem mais do mesmo ou se deixam comover com as efemérides e com este clube lindo.
Os atletas que o representaram parecem concordar, e é aí que toda esta conversa pretende chegar. Nos últimos dois meses vimos Nélson Semedo, Ederson, Gonçalo Guedes e David Luiz, entre outros, falarem de um tempo que viveram e que gostariam de recuperar. Todos eles dizem que querem viver isso antes da reforma. Nunca duvido da sua sinceridade porque sei, todos sabemos, o quanto foram acarinhados pelo clube.
Depois tivemos Renato Sanches, que confirmou ter quase regressado por duas vezes. O caso de Bernardo Silva é ainda mais grave: o nosso modelo desportivo, mais financeiro do que futebolístico, colocou um dos maiores talentos esculpido no Seixal a caminho de um principado como se o tivéssemos entregado para adopção, apesar de termos todas as condições para ele viver feliz com o resto da nossa família.
Pois bem, se queremos voltar a sentir o tal orgulho de há uma década, não precisamos de olhar para o futuro em busca de abstracções e muito menos de prometer feitos grandiosos - um Benfica europeu - em relação aos quais pouco ou nada fizemos. Se o objectivo é tornar o Benfica ainda mais forte em Portugal e na Europa, que o façamos seguindo o modelo de há uma década: contratar jogadores feitos, neste caso, jogadores feitos por nós.
Digam-me que é impossível depois de tentarem.
Os seis atletas que referi querem voltar a representar o clube. O desígnio do clube deveria ser o de reter estes talentos. Se não os retém, que os devolva ao sítio onde foram mais felizes, e onde querem continuar a orgulhar-nos. Sobre isto, não devia haver mas nem meio mas. Dizem que este tem sido um período de reflexão.
Pois bem, eu tenho reflectido muito: não tenho saudades nenhumas do lamaçal que se viu interrompido nos últimos dois meses, e estou absolutamente farto que o Benfica não seja tudo aquilo que poderia ser, que a política desportiva não seja, como aquilo que é exigido aos nossos atletas, a de deixar tudo em campo. Estou absolutamente farto que, hoje, a percepção colectiva do Benfica se deixe infelizmente prejudicar pelos enormíssimos danos reputacionais que nos têm sido infligidos, e cujo desgaste teimamos em ignorar.
Há uns dias lia algures - penso que era isto - que há hoje mais pessoas em Portugal nascidas após o 25 de Abril do que nascidas antes. Alguém disse, de forma oportuna, que isso explica parte do esquecimento ou da frágil memória história de alguns.
Pois bem, a história do Benfica não é assim tão diferente. Infelizmente, tem a agravante de viver de muitas efemérides bem mais antigas do que o 25 de Abril. Se queremos que as nossas efemérides europeias não sejam esquecidas, temos de lhes dar sequela, temos de presenciar mais alegrias. Se queremos que o Benfica seja tudo aquilo que nós dizemos que é, o Benfica tem de voltar a ser tudo isso novamente, dentro de campo, onde nada mais interessa a não ser lutar para merecer o orgulho e entrar na história.
Isto não é uma ideia para o mandato, ou para a década, ou para sabe Deus quando. É para ontem. E escusam de lhe chamar ingratidão para com esta direcção. É exigência, e quem não a tiver estará sempre mais perto de perder."

O regresso do pontapé na bola (que é uma lata de atum, porque o bife do lombo ainda não voltou)

"Dizem que o campeonato alemão recomeçou. Dizem e eu acredito. Até vi imagens nos noticiários – “o futebol recomeçou na Alemanha” – como se a Segunda Vinda de Cristo fosse em chuteiras e camisolas Adidas. “É um teste”, dizem os senhores da bola com ar de funcionários da Direcção-Geral de Saúde. “A seguir é a Europa inteira”, asseguram, escapando-lhes o lado ominoso da profecia. “É melhor do que nada”, dizia uma adepta do Borussia Dortmund habituada ao bife do lombo, num esforço para se contentar com a lata de atum, o “novo normal.”
Melhor do que nada? Desculpem lá qualquer coisinha, eu sei que a ressaca é custosa, que uma pessoa já está por tudo, mas esta pressa de jogar nos escombros só é útil para definir classificações, determinar apurados para as competições europeias, etc. Futebol? Só se o futebol agora é aquilo, aquele desconsolo de bancadas vazias, como se todos os clubes tivessem sido castigados com jogos à porta fechada. O castigo é dos adeptos. Mas the show must go on e tal.
Então, desinfectam-se as bolas, mede-se a temperatura aos jogadores (só antes dos jogos? Porque não durante? Seria uma forma de compensar os sites de apostas: aposte na temperatura do defesa-central do Mainz ao intervalo ou do guarda-redes do Hertha de Berlim depois de sofrer um golo!), árbitros e capitães evitam cumprimentos na escolha de campo, os suplentes ficam a metro e meio de distância, os festejos com abraços são desaconselhados, os ecrãs dos estádios exortam o público (que público?) a cumprir as normas de segurança.
E o jogo lá decorre com a emoção de quem preenche um relatório. No Twitter, Cesc Fabregas queixou-se: “Sinto que estou a ver um treino”. Mas eu tenho a certeza de que preferia ver alguns treinos de antigamente do que assistir a estes simulacros de futebol competitivo. Quem me dera que fosse só eu, exigente adepto de sofá, a reclamar desta variante anémica da modalidade. O pior é que treinadores e jogadores sofrem mais do que ninguém com as bancadas vazias, como se fossem fantasmas a jogar nas ruínas de um estádio.
Lucien Favre, treinador do Dortmund, disse que se ouvia tudo: “Foi uma sensação muito estranha”. O treinador do Friburgo, Christian Streich, afirmou que a “qualidade não se perde, mas faltou o indispensável calor humano.” Uwe Rosler, do Fortuna Dusseldorf, apelou à resignação: “Vamos ter de nos habituar a esta nova realidade, por mais estranha que seja.” Também Julian Brandt, jogador do Dortmund, alinhou pela filosofia do mal menor: “Preferia que as condições fossem normais, mas é o que temos.”
Reparem, “é o que temos.” Nenhum espectáculo que viva da emoção, de uma certa megalomania quanto às suas próprias virtudes espectaculares, pode mergulhar nesta filosofia de tasca – é o que temos, é o que é, é o que se arranja, já temos a cozinha fechada, acabámos de limpar a máquina do café – sem desmotivar profundamente todos os envolvidos na produção do espectáculo. E os clientes lá vão roendo a sandes de torresmo com pão de três dias: “Melhor do que nada, não é?”
Confesso que o meu desgosto também deriva de uma certa germanofobia ou, para ser mais exacto, de uma bundesligofobia. A liga alemã não me interessa nada. É uma liga de bárbaros, um colóquio de búlgaros, polacos, austríacos e turcos conduzido por armadas de alemães carregadinhos de Sturm und Drang. Quando por acaso vejo um jogo do campeonato alemão, estou sempre à espera de que um jogador desembainhe o sabre ou saque do revólver e mate um arquiduque. A competitividade, tão louvada pelos próprios, é negada pela superioridade avassaladora do Bayern de Munique, que os adversários aceitam com excessiva bonomia. Acredito que um Schalke 04-Leipzig ou um Bayer Leverkusen-Baader-Meinhof sejam confrontos emocionantes, mas para isso precisam, mais do que qualquer outro campeonato, da presença de público.
Enquanto a Premier League não regressar, e o regresso seja a sério e não com este sucedâneo insatisfatório, para mim o futebol continuará em hibernação. Se é para defender o “melhor do que nada” preferia então o método pré-histórico da moeda ao ar. Lembram-se? Eu não, mas sei que o Benfica até foi eliminado por ter escolhido cara ou coroa. Transmitia-se o lançamento da moeda, sei lá, à melhor de sete. Aleatório? Jogo é jogo. Para as coisas serem mais justas podiam dar um ponto de vantagem aos mais fortes.
A mim interessava-me tanto ver a moeda, num suspense de câmara lenta, a rodopiar no ar, como este espectáculo de jogadores no banco à distância regulamentar e no relvado uns marmanjos de que se ouvem os impropérios, a respiração pesada e os grunhidos. Sem público, o futebol é mais lento, mais mortiço, um quadro sem moldura. Já o disse, sem público todos os jogos têm qualquer coisa de III Divisão, sem o encanto primitivo desta. Não, o futebol ainda não voltou. O que agora nos servem é pontapé na bola. Futebol é outra coisa."

Os 5 melhores centrais da última década do SL Benfica

"O SL Benfica tem tido, ao longo dos seus 116 anos de história, vários centrais de topo mundial a passar pelas suas fileiras. De Germano a Mozer, passando por Humberto Coelho e Carlos Gamarra, o sector defensivo das “águias” esteve, de um modo geral, quase sempre bem entregue. Esta semana decidimos recordar os cinco melhores defesas centrais a envergar a camisola vermelha e branca na última década.

1. LuisãoNa primeira posição do nosso top está, como seria de esperar, Luisão. Chegou às “águias” em 2003, e por lá ficou até 2018, ano em que acabou a carreira. O brasileiro foi a pedra basilar dos encarnados durante mais de 15 temporadas, ao longo das quais conseguiu ganhar 19 títulos (seis campeonatos, quatro supertaças, três Taças de Portugal e sete Taças da Liga).

2. Rúben Dias Um dos melhores jovens centrais a actuar na Europa actualmente, Rúben Dias é um jogador digno de enveredar a braçadeira de capitão do Sport Lisboa e Benfica. Um jogador com raça, com qualidade na primeira fase de construção e com uma personalidade forte e carismática, peca apenas por “perder a cabeça” em alguns momentos do jogo.

3. David Luiz Chegou ao Benfica em 2007, a troco de um milhão e meio de euros, o que o torna num dos melhores negócios de sempre da história do clube encarnado. David Luiz veio a tornar-se num dos melhores centrais do futebol europeu, devido à sua imponente estampa física e à sua velocidade de pensamento.

4. Ezequiel Garay Chegou ao Benfica vindo do colosso Real Madrid CF, e depressa assumiu a titularidade no onze encarnado. Um jogador com uma leitura de jogo e qualidade técnica acima da média, o argentino foi, porventura, um dos melhores centrais que passou pelo Benfica nos últimos anos.

5. Victor Lindelof O internacional sueco foi dos primeiros centrais “made in Seixal” a ser uma aposta sólida na equipa principal dos encarnados. Rápido e com uma excelente saída de bola, Lindelof foi uma das peças chaves quer na conquista do tricampeonato, quer na conquista do “tetra”."


PS: O Garay devia 'saltar' para o 2.º lugar, de resto concordo...

Vítimas do desporto

"O mito do fomentar a saúde é uma das bandeiras do desporto. O cliché “o desporto dá saúde” é mais que conhecido… mas nada há de mais errado! O desporto tritura o competidor, levando este a aceitar riscos e a conviver com a dor, assim como o leva a interiorizar poder superar os limites do seu desempenho, porque, para além de vencer ou de ganhar dinheiro, é motivado pela crença de que ser um ‘verdadeiro atleta’ implica assumir riscos para a sua própria saúde, fazer sacrifícios e jogar o preço de ser tudo aquilo que quiser alcançar.
Em Março de 2007, no Congresso denominado «Morte Súbita no Desporto» realizado em Lisboa, Gomes Pereira, médico do Sporting e professor universitário, teve a oportunidade de afirmar que “o treino é uma agressão. A alta competição pode ter contornos prejudiciais para os atletas”. Nesse mesmo evento foi secundado por Rui Miller, médico do Belenenses e também professor universitário, que declarou que “a alta competição é extremamente prejudicial para o atleta”.
Num comentário ao meu artigo anterior colocaram esta questão: “E qual é a percentagem de desportistas com maleitas ósseas e articulares graves por terem feito desporto?” Não me é possível responder taxativamente a esta questão por dificuldades estatísticas mas mesmo que fosse 0,002% passaria a ser 100% se fosse com o referido comentador… ou com um filho seu… ou com o seu melhor amigo…
Mas vou tentar responder a esta questão com alguns exemplos.
Roger Riviére, ciclista francês, 24 anos, 1960; Yelena Mukhina, ginasta soviética, 20 anos, 1980; Dennis Byrd, jogador de futebol americano, 26 anos, 1992; Reggie Brown, 23 anos, também jogador de futebol americano, 1997; Sang Lan, ginasta chinesa, 17 anos, 1998; Takuma Aoki, motociclista, piloto oficial da Honda, 24 anos, 1998; Charles Manosalva, chileno, salto com vara no desporto escolar, 16 anos, 2002; Kira Gruenberg, austríaca, saltadora com vara, 22 anos, 2015. O que há de comum entre estes desportistas? Exactamente o mesmo que têm em comum com Tiago Sousa: em Janeiro de 2005 este atleta de ‘tumbling’ do Lisboa Ginásio Clube, aos 20 anos, contraiu uma lesão na coluna durante um treino ficando paraplégico.
Se a estes casos juntarmos o do piloto inglês de BMX Stephen Murray, de 27 anos, ou o caso de Kevin Everett, jogador dos Buffalo Bills, de 25 anos, que em 2007 ficaram ambos tetraplégicos, poderemos dizer que em 55 anos são “apenas” 11 casos… mas estes são “apenas” os que conhecemos!
Estes são casos extremos. Mas há aqueles que sujeitos a pressões de marcas, de patrocinadores, de dirigentes e até de treinadores se tornam vítimas do desporto. As sobrecargas de treino, o esforço repetitivo, os abandonos precoces da carreira de desportista e as lesões vitalícias estão aí à vista de toda a gente. E não estamos a falar de acidentes ou de casos de morte súbita…
Situações confirmadas por Pat Lafontaine, Eric Lindros e Mike Modano no hóquei no gelo na NHL, por Patrik Sjoberg no atletismo ou Charles Barkley no basquetebol, ou no futebol por Van Basten, Brian Laudrup, Vítor Martins, Eusébio e Mantorras… Aliás, o futebol é fértil nestes casos. Basta recordarmo-nos que em 2002 o inglês Matt Holmes (30 anos) e o croata Igor Stimac (35 anos) ficaram impedidos de praticar futebol, tal como em 2003 o norueguês Alf-Inge Haland (30 anos) ou em 2006 o irlandês Roy Keane (35 anos). O brasileiro Leandro Machado, também colocou fim à sua carreira aos 32 anos em 2008, devido a tendinites crónicas nos dois joelhos e em 2009 o argentino Juan Pablo Sorín, de 33 anos, disse adeus ao futebol também na sequência de sucessivas lesões. 
Numa pesquisa realizada entre os anos de 1992 e 1995 nos EUA, envolvendo 680 mil atletas, os desportos onde mais lesões graves se verificam durante um ano são a luta livre (38,2%), seguida do voleibol (29,9%), da ginástica (20,6%), do basquetebol (19,2%), do futebol (13,8%), do atletismo (7,2%), da natação (5,4%) e, por fim, da esgrima (4,7%).
No boxe, Muhammad Ali aos 42 anos (1984) apresentava sérios transtornos cerebrais e sintomas de doença de Parkinson, provável consequência dos golpes recebidos ao longo dos 25 anos da sua carreira.
Em 1998 Carl Lewis aos 37 anos sofria de artroses e revelava fortes dores a andar, afirmando os médicos que a sua coluna vertebral parecia a de um homem de 60 anos, e Mike Powell, o homem que derrubou o mítico recorde de Bob Beamon no salto em comprimento, anunciou o abandonou das pistas com 35 anos devido a lesão nos adutores.
Cris Pringle, jogador de críquete neozelandês, retirou-se também em 1998, com 30 anos, devido a uma lesão num tornozelo.
A lançadora de dardo alemã Karen Forkel, acabou com a competição em 2000 devido a uma lesão num ombro aos 30 anos.
No basebol, Mark McGuire, batedor dos St. Louis Cardinal, com um recorde pessoal de 71 ‘home runs’, decidiu pôr um ponto final na sua carreira em 2001 devido a sucessivas lesões, aos 38 anos.
O recordista mundial do dardo, Jan Zelezny, da República Checa, termina um percurso com mais de 20 anos em 2006, por já não poder suportar as dores no tendão de aquiles – tinha 40 anos.
Aos 27 anos, Sebastian Deisler terminou a sua carreira em 2007 por não conseguir suportar as sucessivas lesões. O internacional alemão, jogador do Bayern de Munique, foi operado cinco vezes ao joelho direito e em duas ocasiões teve de receber tratamento psiquiátrico. Segundo palavras suas “… os últimos anos foram um suplício. Já não jogava futebol com alegria”.
Em 2008, aos 33 anos, Maurice Greene, antigo recordista, campeão olímpico e mundial dos 100m, retirou-se da competição também devido a lesões. Afirmou na altura: “Já não consigo suportar a batalha mental de tentar regressar das lesões. O desgaste psicológico é imenso e uma pessoa fica deprimida.”
Yao Ming, o gigante chinês da NBA, com lesões que ameaçavam tornar-se crónicas e limitativas após ter sido operado a uma fractura no pé esquerdo retirou-se do basquetebol em finais de 2011.
Em 2012 é a vez de Ticha Penicheiro, a mais conceituada basquetebolista portuguesa, abandonar o desporto. Um dia após completar os 38 anos revela: “Ganhei tendinites crónicas nos tendões de Aquiles e é-me difícil correr. Quando acordo, para sair da cama estou a sofrer. Nunca na carreira tinha levado uma injecção ou infiltração e nos últimos 12 meses levei dez (!) para jogar”.
A tenista chinesa Na Li, vencedora do Roland Garros de 2011 e do Australian Open de 2014, aos 32 anos revelou: "Depois de quatro cirurgias nos joelhos e centenas de injecções semanais para aliviar a dor, meu corpo implora-me para parar!" e abandonou os ‘courts’…
Aos 35 anos, após quase dois anos de afastamento das provas, Naide Gomes não resistiu a lesões crónicas que a impediam de competir e anunciou o seu afastamento das pistas em Março de 2015.
Em 2016, a antiga número um do mundo do ténis, a sérvia Ana Ivanovic, aos 29 anos terminou a carreira devido às várias lesões contraídas durante a mesma. O italiano Dario Scuderi, futebolista de 19 anos, termina neste ano uma carreira que mal tinha começado, pois durante um jogo sofre o rompimento duplo dos ligamentos cruzados do joelho, lesão no ligamento do tornozelo e no menisco.
O esquiador suíço Sandro Viletta, medalha de ouro nos J. O. de Inverno de 2014, abandona a alta competição em 2018, com 32 anos, dadas as lesões que o afectavam num joelho.
Já em 2020 o hoquista espanhol do Benfica Albert Casanovas anunciou deixar de jogar, com 35 anos, devido a fortes dores nas costas. No futebol saliente-se a despedida dos relvados de Václav Kadlec aos 27 anos devido a um problema num dos joelhos. Também Viktor Ahn, patinador russo de velocidade de pista curta no gelo, seis vezes medalha de ouro olímpico, colocou um ponto final na carreira aos 34 anos por causa de várias lesões: "Devido à dor contínua no joelho, à recuperação após tratamento e à reabilitação muito longa depois das competições, é muito difícil treinar no máximo"… 
Tornozelos, joelhos, anca e coluna vertebral são as articulações mais atingidas. Lesões consecutivas e irreparáveis transformaram-se em lesões vitalícias e deram origem às vítimas do desporto. Gabinetes médicos, hospitais e clínicas desportivas ou de reabilitação têm nelas os seus melhores clientes. O desporto assim o exige."