sexta-feira, 15 de maio de 2020
Telma... de 'Monchique'!!!
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O 'ás' do chalanismo
"O 'El País' qualifica a devoção de Futre a Chalana como uma verdadeira forma de estar no futebol, e na vida. O mestre e o seu ás merecem, afinal, do futebol português e do país, um tributo que verdadeiramente ainda não tiveram. Talvez esteja na hora!
Em tempos de pandemia e de falta de futebol, o jornal espanhol 'El País' tem publicado uma nostálgica (e excelente) rubrica intitulada 'O jogador que deslumbrou...'. Para responder, convida uma estrela do futebol que escolhe e analisa o ídolo da sua infância ou adolescência. Ou mesmo de velhas rivalidades enquanto jogadores de um mesmo tempo.
No passado domingo, o 'El País' desafiou Paulo Futre para escolher o jogador que o deslumbrou. E Futre dá, como sempre foi o seu timbre, um verdadeiro festival. Não escolheu um mas dois craques. Ou melhor: um bom jogador, Chendo, o antigo lateral do Real Madrid que marcou Futre sempre com grande competência e elegância - 'Foi quem menos me deixou jogar'. E um jogador que representa a pureza eterna e originária do futebol de rua, Fernando Chalana, uma estrela imortal do futebol português e mundial.
Ler Futre a falar de Chalana é o mesmo que regressar ao território encantado da infância e do tempo em que o futebol ainda não tinha sido asfixiado pela ditadura dos 'sistemas' e pela tentativa de construir uma supremacia da táctica sobre o esmagamento da táctica sobre o esmagamento da técnica. Ora, Fernando Chalana foi, depois de Eusébio, o maior astro do futebol português, que meteu milhares de miúdos por esse País fora a querer 'fintar à Chalana'. E 'fintar à Chalana', impossível para um imitador, por mais perfeito que fosse era elevar o futebol à condição de oitava maravilha do Mundo.
Como bem recorda Paulo Futre, o seu ídolo tirava três ou quatro adversários do caminho apenas com os movimentos das ancas. Conduzia a bola na ponta da bota com a precisão do mais perfeito lapidador de diamantes do mundo e sempre no palmo de terreno inalcançável pelos perseguidores. Futre seguiu o mestre e tornou-se o seu melhor seguidor. Um do Montijo, outro do Barreiro, filhos de terras com histórica e carácter. No terreno e fora dele elegeu o chalanismo', como apropriadamente qualifica o jornal espanhol a devoção de Futre a Chalana, como uma verdadeira forma de estar no futebol e na vida. Com muito talento, muita simplicidade e trabalho, muita pureza. Um e outro sempre imbuídos de um forte sentido de justiça e solidariedade. O mestre e o seu às merecem, afinal, do futebol português e do País, um tributo que verdadeiramente ainda não tiveram. Talvez esteja no hora!"
Cultura benfiquista
"Na semana em que se comemora o terceiro aniversário do Tetra, a BTV tem-nos oferecido conteúdos especiais sobre esse feito inédito do Clube. Ontem foi a vez de o destaque recair na formação, representada por três dos obreiros do Tri, Gonçalo Guedes, Nélson Semedo e Renato Sanches. Vimos ainda uma entrevista a Paulo Lopes, também formado no Clube e membro do plantel nas quatro temporadas após o regresso numa fase posterior da carreira, e outra a Rodrigo, chegado ao Benfica na primeira época de sénior e determinante para o êxito em 2013/14.
A conversa com Guedes, Renato e Semedo, conduzida por Andreia de Magalhães, deixou bem patenteadas algumas das razões de a aposta na formação ser um dos eixos estratégicos do Clube. Tanto Gonçalo Guedes como Renato Sanches chegaram ao Benfica em tenra idade, passando por todos os escalões da nossa Formação. Nélson Semedo só mais tarde passou a representar o Clube, na Equipa B, mas a tempo de se transformar como jogador e singrar na posição de lateral-direito.
O tom descontraído da conversa proporcionou a revelação de várias histórias protagonizadas pelos nossos antigos jogadores, mas também algumas ideias sobre o que é ser um jogador do Benfica formado no Clube e que sente o benfiquismo.
A responsabilidade acrescida de se ser um benfiquista em campo a defender as nossas cores e emblema; o adepto que festeja títulos sabendo que foi determinante para chegar a eles; o exemplo em que se torna para as gerações vindouras da nossa Formação; a gratidão ao Clube pela vida que lhes proporcionou e pela contribuição indelével para a sua formação não só enquanto jogadores, mas também como homens; a aprendizagem para lidar com a pressão; e a vontade de, um dia, regressar ao Clube ainda na plenitude das suas capacidades para que possa voltar a ganhar títulos pelo Benfica.
Foi, sem dúvida, mais um grande momento da nossa BTV, pelo tempo bem passado e também por ter tido o condão de nos recordar o acerto de uma aposta que tem gerado enormes benefícios desportivos e financeiros.
Recordamos que, ao longo do Tetra, entre os 70 atletas que se sagrarem campeões ao serviço do Benfica, contaram-se 16 os que passaram pela nossa Formação, sem considerar os que chegaram apenas à Equipa B. Foram eles André Gomes, André Horta, Bernardo Silva, Ederson, Gonçalo Guedes, Ivan Cavaleiro, João Cancelo, José Gomes, Kalaica, Lindelöf, Nuno Santos, Paulo Lopes, Pedro Pereira, Renato Sanches, Rúben Amorim e Sílvio.
Trata-se de uma aposta que veio para ficar e que voltou a ser decisiva na temporada passada, com a Reconquista. Alfa Semedo, Ferro, Florentino, Gedson, João Félix, Jota e Rúben Dias foram os campeões formados no nosso Clube na época transacta e na corrente época surgiram Nuno Tavares e Tomás Tavares. E como o futuro se faz hoje, é com entusiasmo que olhamos para Gonçalo Ramos, João Ferreira, Morato, Paulo Bernardo, Rafael Brito, Tiago Araújo e Tiago Dantas, chamados para participarem nos trabalhos da Equipa A nesta fase, além de muitos outros pertencentes às nossas equipas no Seixal.
Hoje não perca, na BTV, a partir das 18 horas, o especial Tetra com Rui Costa e Shéu, além da entrevista a Gaitán."
Ainda há pedras no caminho
"Presidente do Clube Sport Marítimo não aceita que o seu clube jogue fora do estádio dos Barreiros, no Funchal.
O processo de retoma do campeonato da primeira Liga prossegue a bom ritmo, pese embora haver ainda algumas pedras para remover.
A contestação ao recomeço existe ainda em alguns sectores, mas a maioria aplaude a decisão de levar por diante a prova e de cumprir as dez jornadas que sobram para completar o calendário.
Hoje vão ser certamente designados os estádios escolhidos para a disputa dos noventa jogos em falta depois de cuidadosa inspecção completada ontem em périplos efectuados por todo o país. E nesse aspecto, convenhamos, nem todas as vozes se ouvem no mesmo tom.
E porquê? Porque se considera haver uma enorme probabilidade de poder vir a ser desvirtuada a verdade desportiva: equipas há às quais caberá realizar todos os dez desafios na qualidade de visitantes, enquanto outras terão sorte bem diferente.
E é neste aspecto que rebolou um pedregulho no caminho. Atirou-o Carlos Pereira, presidente do Clube Sport Marítimo, que não aceita que o seu clube jogue fora do estádio dos Barreiros, no Funchal, todos os jogos nos quais lhe caberá a designação de visitado.
E, indo ainda mais longe, Carlos Pereira promete mesmo avançar com uma impugnação do campeonato, facto que poderá causar alguma perturbação ao processo em curso.
No seu conjunto, as entidades responsáveis não deixarão de promover todos os esforços para que este obstáculo seja removido, havendo no entanto a certeza de que podem contar com tenaz oposição do experimentado líder maritimista.
Entretanto, lá por fora, também nem tudo é pacífico. Na Itália, só para dar um exemplo, o Sindicato dos Jogadores declarou ontem a sua não concordância com algumas das normas estabelecidas para o regresso da Série A. Numa delas, diz-se que basta haver um jogador infectado numa equipa, para todos os atletas dessa equipa serem retirados da competição.
Face a isto, o presidente do sindicato, avisa que o campeonato pode não chegar ao fim."
Este Governo não vai à bola
"Para aceitar o convite para Ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques impôs uma condição a António Costa, não ficar com a Secretaria Estado do Desporto e da Juventude sob a sua tutela. Porquê? Porque não queria lidar com os problemas do futebol. Calhou ao Ministro da Educação a batata quente. Inexperiente e sem poder político ou negocial, Tiago Brandão Rodrigues resignou-se a acolher o Desporto e a Juventude no edifício da Educação, mesmo sem que a sua Secretaria-Geral tivesse quaisquer instalações ou orçamento alocados para tal fim, e pior, sem que num parágrafo, linha, ou palavra que fosse do programa eleitoral do PS houvesse o mais ligeiro indício que avalizasse uma alteração de paradigma tão radical para a orgânica governamental. Como se tal não bastasse, ainda aceitou no pacote um Secretário de Estado que desconhecia de todo, que alardiava nunca ter posto os pés num estádio de futebol ou alguma vez ter desfolhado um desportivo. Os astros não podiam estar mais desalinhados entre aquela figura e os deuses do desporto. Poucos meses passaram até ser substituído por João Paulo Rebelo.
Sem a desajustada soberba do predecessor, o actual Secretário de Estado da Juventude e do Desporto (atente-se à alteração na denominação da secretaria de estado), reconhecido facilitador de processos, um mediador hábil, embora sem qualquer currículo no desporto, era o homem certo para cumprir o pedido expresso do Primeiro Ministro, de evitar a todo o custo quaisquer responsabilidades pelo conflituoso futebol português.
As claques e os presidentes dos principais clubes não lhe têm facilitado a tarefa, ou pensando melhor, talvez nem seja bem assim.
Pelo meio das guerras, nem sempre só de palavras, do nosso futebol, o SEJD apareceu nos momentos de reunião dos desavindos, fazendo o papel que lhe compete, e o que lhe é pedido, ou seja, adiando as verdadeiras soluções.
E agora, eis senão quando, logo no momento em que o planeta futebol se preparava para voltar a girar, o Secretário de Estado do Desporto vem avisar que a Liga pode até nem recomeçar.
E pensamos nós, com que propósito?!
O futebol teima em não se entender entre si, em não fechar os compromissos entre portas da Liga de Clubes e da Federação Portuguesa de Futebol. Pressentimos todos que o retorno às competições é essencial para a sobrevivencia desta indústria, mas também que o potencial de disparate dos momentos que todos vivemos é gigantesco. E se nós sabemos que assim é, imaginem só quem nos governa.
Para a violência nos estádios de futebol, a receita deste governo foi a autorregulação, passando para os clubes, entidades de direito privado, a obrigação do Estado de zelar pela segurança e manter a ordem pública. Para o Covid-19 no futebol a DGS lembrou-se de responsabilizar individual e colectivamente os jogadores.
Vendo atletas, sindicato, clubes, Liga e Federação, aos avanços e recuos, sem falarem a uma só voz, sagaz, João Paulo Rebelo aproveitou para amplificar aquilo que já toda a gente sabe, ganhando assim para ele e para o Governo, uma espécie de carta "Está livre da prisão". Se a competição por alguma razão ficar irremediavelmente comprometida, nessa altura o Governo poderá vir dizer: "-Eu bem que avisei!"
O Estado não poderá ser responsabilizado.
E em que é que estas declarações do Governo, ao dia de hoje, ajudaram o futebol português?"
O desporto de volta
"1 - Esta pandemia permitiu a muitos atletas recuperar de lesões. Outros, a maioria, sem lesões treinou em casa, mas não é a mesma coisa. As rotinas foram quebradas e a sua reaparição é uma incógnita. Estou-me a lembrar de Chris Froome, que estava no limite para a sua recuperação depois de várias lesões graves, a pior com fractura do fémur e que agora pôde recuperar, pois, o Tour de France foi adiado para Agosto. Federer também bem de uma artroscopia ao seu joelho, contudo estava pronto para Wimbledon, mas o seu cancelamento foi um enorme revés na programação da sua temporada e no piso que mais gosta, a relva.
Esta luta contra o tempo de jogadores mais velhos, a pandemia, por um lado, permitiu-lhes descansar, mas por outro, já não têm muito tempo para chegarem a grandes vitórias e títulos.
2 – Ronaldo que não tinha lesões, está habituado nos tempos de paragem a exercitar-se e a tratar do seu físico. Estou convencido que virá com ganas de brilhar. Ter estado parado é mais difícil retomar os níveis de massa muscular e força. Para ele não me parece que seja um problema, esta paragem até o vai beneficiar, apesar dos seus 35 anos.
Contudo para outros jogadores esta situação torna-se complicada, o exercício é muito limitado dentro de casa. Depois de uma paragem tão grande, de repente, ter que se pôr em forma não é para todos.
Vai ser aliciante ver como os jogadores reagem a toda esta situação. A dosificação do esforço será a solução para evitar lesões. No fundo os jogadores vão estar, de novo, em pré-época.
A paragem foi prolongada. Mas agora com a quantidade de jogos em pouco tempo vai ser electrizante. Como se costuma dizer, "não há fome que não dê fartura".
3 - Nunca nos podemos esquecer, que o futebol vai voltar não porque os jogadores manifestem essa vontade, mas porque o negócio assim o exige e todo o dinheiro envolvido à sua volta. Esta pandemia, com as suas dificuldades inerentes, fez com que uma parte da sociedade criticasse o dinheiro que os futebolistas ganham, por exemplo, em relação aos médicos, cientistas e epidemiologistas. Convém não esquecer que os futebolistas mais sonantes fizeram doacções de grandes somas."
Espiritualidade vencedora
"Inspirado pelo 13 de Maio, esta semana vou falar sobre os métodos espirituais e etéreos do futebol. Não se riam, eles existem. Meus amigos, acham mesmo que se ganham jogos com trabalho e tácticas? Desenganem-se, pá. O que ganha jogos são as crenças místicas e divinas, vulgo superstições.
Exemplifico:
Entrar em campo com o pé direito é uma das maiores crenças místicas entre jogadores de futebol, é verdade. Será porque o pé direito é mais crente que o esquerdo? Será mais gerador de felicidade? Não se sabe, mas não vale a pena correr riscos. Da última vez que entrei em campo com o pé esquerdo num jogo entre amigos, perdi o jogo e tive imensa comichão no pescoço. Assim, do nada. Dá que pensar, não dá?
Outro método espiritual muito usado por jogadores é aquele em que tocam com a mão na relva, benzem-se três vezes e depois entram em campo dando vários saltinhos sobre um só pé enquanto apontam com os dedos indicadores para o céu.
Bolas, isto tem que dar direito a uma ajudinha lá de cima. Já viram bem a canseira? Nem o Paquito Cardinali conseguia fazer isto. Pior: e se se enganam a meio e têm de recomeçar? E se se benzem duas vezes em vez de três? Pumbas, toca a repetir tudo. Os pobrezinhos já começam o jogo exaustos, claro que devem ser beneficiados pelos deuses da bola.
A coisa melhora ainda mais se tiverem um guarda-redes que, antes de começar o jogo, se ajoelha debaixo da baliza e aponta para o céu falando com o Senhor quase a chorar. Todos sabemos que o Senhor lhe vai dar uma atenção especial no resultado, pois se não der a quem se põe nestes preparos, dará a quem?
Mas uma das maiores crenças místicas do futebol não está no relvado, mas sim no banco: ter um treinador com uma santinha na mão durante o encontro. Esta é, de facto, uma enorme vantagem competitiva, pois é como ter uma Maya pessoal em tamanho miniatura, mas que realmente acerta no futuro.
Como se tem verificado em tantas vitórias de quem segue esta superstição, ter uma santinha na mão é melhor do que ter dois guarda-redes a voar, provavelmente porque a santa levita e vai buscar a bola lá mesmo ao cantinho da baliza.
Mas ao nível da crença espiritual no futebol, não se pode deixar de falar das preces dos adeptos. Quando as promessas falham e os santos vão fazer milagres para outra freguesia, são os adeptos que estão sempre lá, a pedir a Deus que ajude a sua equipa a ganhar. São 90 minutos de fervorosa devoção ao Criador, pedindo golos e protecção para a sua baliza.
Às vezes até se cansam mais que os jogadores.
Claro que, neste momento, a nossa única prece enquanto adeptos de futebol é voltar a ver um jogo ao vivo antes de 2022. É tudo o que pedimos. Por isso amanhã vou entrar no trabalho com o pé direito, com uma santinha na mão, enquanto me benzo três vezes e falo com o Senhor de joelhos quase a chorar. Está na altura de fazer como os profissionais."
5 jogadores que gostariam de regressar ao SL Benfica
"Para alguns jogadores, um clube de futebol é apenas um clube de futebol, o seu trabalho. Para outros, é o seu trabalho e um dos amores das suas vidas. São vários os jogadores que já passaram pelos quadros do SL Benfica que já assumiram publicamente o desejo de voltar a envergar o vermelho e branco característico do glorioso.
Ainda assim, esta lista torna-se ainda mais especial, uma vez que todos os jogadores são “Made in Seixal”, ou seja, o Benfica foi como uma segunda casa. E é como diz o ditado popular: um bom filho a casa torna.
1.
Bernardo Silva – Bernardo será, provavelmente, um dos maiores talentos “desperdiçados” pelo SL Benfica, que nunca lhe deu uma verdadeira oportunidade para vingar na principal formação encarnada.
Realizou apenas três jogos de águia ao peito, mas isso em nada influenciou negativamente o amor que Bernardo sente pelo clube da Luz, tal como já o disse publicamente.
Benfiquista mais que assumido, Bernardo Silva já afirmou várias vezes que pretende voltar ao Benfica para fazer aquilo que nunca teve oportunidade de fazer: jogar!
Bernardo não quer vir muito velho, tal como o mesmo já admitiu, até porque sente ”um vazio no coração por preencher”.
Actualmente ao serviço do Manchester City FC, Bernardo é um dos melhores médios do futebol europeu e um dos favoritos de Pep Guardiola, que já expressou várias vezes a admiração que tem pelo jogador português.
O regresso de Bernardo Silva à Luz é algo muito aguardado, não só por ele, mas pelos adeptos que nunca tiveram oportunidade de ver Bernardo a espalhar o seu génio pelo relvado da “Catedral”.
2.
Renato Sanches – Renato Júnior Luz Sanches jogou no SL Benfica na temporada de 2015/16 e foi um dos destaques da turma de Rui Vitória.
O “puto da Musgueira” envergou a camisola do Benfica por 35 ocasiões, tendo marcado dois golos e feito uma assistência para golo.
35 foram também os milhões que o FC Bayern de Munique pagou ao SL Benfica pelo passe do jogador na final da temporada de 2015/16, mas Renato não teve a passagem mais feliz possível, muito pelo contrário. Agora ao serviço do LOSC Lille, parece que o jovem médio se reencontrou.
Renato afirmou que já esteve “para voltar ao Benfica mais o que uma vez e já disse que o gostaria de fazer.” Sanches afirmou ainda que não quer voltar muito velho, que quer voltar para ganhar títulos.
3.
João Félix – João Félix é dos casos mais recentes de sucesso que a academia do Seixal tem despoletado para a principal formação do Benfica.
No Sport Lisboa e Benfica, Félix disputou 43 jogos, 20 golos e onze assistências, números impressionantes para um jogador tão jovem como João Félix.
Tal desempenho despoletou interesse um pouco por toda a Europa, tendo inclusive vários “tubarões” do futebol europeu ao seu encalço, mas foi o Atlético de Madrid que o levou de Lisboa pelo valor da cláusula de rescisão. 126 milhões de euros!
Ainda que seja novo e tenha toda uma carreira pela frente, João já afirmou que o seu plano futuro passa por voltar aos encarnados, até porque diz que quer deixar a sua marca no clube.
4.
Nélson Semedo – Nélson, embora não tenha realizado a sua formação propriamente dita no SL Benfica, foi lá que se fez jogador (até porque foi no Benfica que passou a jogar a lateral).
Foi frente ao Sporting CP, a 9 de Agosto de 2015, em jogo a contar para a Supertaça Cândido de Oliveira, que Semedo se estreou de águia ao peito. Convenceu de tal forma que ocupou no imediato o lugar que havia deixado vago por Maxi Pereira na lateral direita encarnada.
No Benfica fez 63 jogos pela equipa principal, três golos, 12 assistências e muitas exibições de encher a vista. Tais exibições convenceram o FC Barcelona a pagar 35 milhões de euros pelo seu passe e a levá-lo para a Catalunha.
Ainda assim, Semedo deixou a “porta aberta” a um possível regresso à Luz, dizendo ainda que “gostaria de voltar numa fase em que ainda pudesse ajudar.”
5.
Gonçalo Guedes – Gonçalo fez toda a sua formação no Sport Lisboa e Benfica e foi queimando etapas nos escalões de formação do clube, jogando sempre um escalão acima daquele que era o seu.
Corria o dia 8 de Outubro de 2014 quando o sonho do miúdo nascido no Ribatejo se tornou real. Guedes estreava-se com a camisola encarnada em competições oficiais pela equipa A, num jogo frente ao Sporting da Covilhã, a contar para a Taça de Portugal.
Na equipa principal do Benfica, Gonçalo disputou 68 jogos e apontou 11 golos, para além de 16 assistências.
Em declarações, Gonçalo Guedes já afirmou a vontade de voltar a vestir o Manto Sagrado. Gonçalo diz que pode vestir muitas camisolas, mas “o Benfica é diferente, é o clube do coração.”
Menção Honrosa
David Luiz – David Luiz expressou, recentemente, o seu desejo de voltar a envergar a camisola do Sport Lisboa e Benfica.
Dez anos após a sua saída para o Chelsea FC, o central brasileiro esteve na alta roda do futebol mundial, sendo até titular na selecção canarinha. Aos 33 anos, David Luiz não esquece o clube que o lançou para a Europa e assume que quer “voltar a vestir a camisola do Benfica e sentir aquela sensação”.
Tal como te disse Rui Costa, “as portas estão sempre abertas para ti”!"
Francisco do Santos, o primeiro jogador português a ir para o estrangeiro
"No longínquo ano de 1907, quis o destino que um jovem português, estudante de Belas-Artes em Roma, ao passear o seu fox terrier no parque dos Gamos, se cruzasse com a equipa de futebol da SS Lazio, que ali se encontrava a treinar. Diz-se que a bola fugiu dos italianos e foi parar aos pés do artista, que a dominou com uma mestria que surpreendeu os romanos. Ninguém diria ser um momento histórico para o futebol português, mas, em boa verdade foi: o jovem foi imediatamente convidado para se juntar à equipa, tornando-se assim, no primeiro futebolista português a actuar fora do país. Francisco dos Santos, o estudante português e jogador da Lazio por acidente, tem uma daquelas histórias de vida que dava um filme. Mas o filme começa ainda antes.
Nascido a 22 de Outubro de 1878 em Paiões, freguesia de Rio de Mouro, no concelho de Sintra, fica órfão ainda em tenra idade, o que o leva a entrar para a Casa Pia de Lisboa, onde descobre duas paixões: o futebol e a escultura. A instituição permite-lhe potenciar ambas: matriculou-se na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e fez parte da equipa que a 22 de Janeiro de 1898 venceu o Carcavelos Clube, à data, a equipa mais forte da capital. Em 1903, ganha uma bolsa de estudo para estagiar em Paris, no ano seguinte, está na origem do Grupo Sport Lisboa (que viria a dar origem ao SL Benfica), envergando a camisola vermelha e branca nesse ano.
Segue depois para Roma, para completar os seus estudos e junta-se à equipa da Lazio, onde chega a capitão de equipa, graças à sua qualidade e à sua força: num jogo disputado em Pisa, Francisco dos Santos chocou com um adversário, fracturando duas costelas, mas mesmo assim, recusou-se a abandonar o campo e terminou o jogo. Era o líder da equipa, o maestro; com ele, a Lazio ganha todos os torneios inter-regionais, que chegavam a ter três jogos por dia, valendo-lhe um elogio no Gazetta dello Sport, que faz questão de o lembrar como “o mais irrequieto e mexido, um pequeno grande homem de 55 quilos”.
A admiração dos italianos não pára por aqui, já que no livro “Storia della Lazio”, Francisco é descrito como “o que salta mais alto que todos, é o primeiro a correr, o último a mostrar-se cansado e a render-se…. Um fenómeno…”. No seguimento do primeiro “Derby della Capitale” entre Lazio e Roma (vencido por 5-3 pela equipa do português), a Gazetta dello Sport escreveu “Em evidência estiveram o jovem Saraceni e o veterano Dos Santos, que com os seus 55 quilos foi impressionante, dos melhores em campo…”.
Escreveu uma bonita história em Roma, mas após o término da sua bolsa de estudos, volta a Portugal em 1909, para ingressar no Sporting CP e tornar-se escultor por conta própria. Além de ter dividido o campo com nomes maiores dos leões, como Stromp. Na sequência da Implantação da República em 1910, foi o autor do busto oficial da República (actualmente exposto na Câmara Municipal de Lisboa) e ainda ajudou a fundar a Associação de Futebol de Lisboa. Cinco anos mais tarde, juntamente com António Couto, ganha o concurso para esculpir a estátua do Marquês de Pombal; sim, essa estátua que estão a pensar, que repousa numa rotunda, na Praça do Marquês de onde o Benfica festeja os títulos, tal como Sporting e a Selecção Nacional. Quem diria que uma das estátuas mais emblemáticas da cidade de Lisboa e do mundo do desporto foi um projecto de dois antigos jogadores dos eternos rivais da capital? Francisco veio a falecer inesperadamente em 1930, quatro anos antes da inauguração desta obra tão ligada ao futebol, quanto foi a sua vida.
Para mim, Francisco dos Santos tem uma história bonita. Este baixote de 1.60m, com um bigode farfalhudo bem à Asterix, que derrotou o clube mais forte de Lisboa, ajudou a fundar o SL Benfica, conquistou o futebol italiano além de ter jogado no Sporting, e quando se julgava que já não tinha mais nada para dar ao futebol, eis que nos surpreendeu uma vez mais, oferecendo-nos o lugar onde muitos dos caminhos futebolísticos de Portugal vão dar: o Marquês de Pombal."
Corre Filipe, corre
"Aos vinte anos de idade é já uma das maiores figuras da Liga, fora dos quatro grandes.
Formado no Benfica, percebeu cedo que teria de sair para potenciar melhor as suas qualidades – Chegou mais cedo à Liga e a ter muitos minutos de jogo que o tornarão mais e melhor jogador, que tantos outros que continuarão à espera da sua oportunidade.
Filipe Soares foi à luta, arriscou e caminha para o triunfo.
A agressividade defensiva, e disponibilidade para as tarefas sem bola (ofensivas ou defensivas) expressa numa capacidade para comer metros decisiva no restabelecer de equilíbrios ou desequilíbrios aquando das saídas rápidas para o ataque, são os traços mais notórios de quem mesmo sendo um jogador de atleticismo evidente, sabe também tratar da bola e dar seguimento aos lances ofensivos. Ora progredindo em posse, ora procurando os colegas de forma mais rápida.
Dos seus pés a bola sai com ideias e nada é feito por um qualquer acaso. Por isso é diferente de tantos outros que se limitam a apresentar argumentos condicionais / físicos no seu jogo. Ainda à procura de uma melhoria tática e no entendimento de cada lance, tem já argumentos para ser uma espécie de “box-to-box” que liga a equipa em todos os momentos do jogo.
A agressividade defensiva, e disponibilidade para as tarefas sem bola (ofensivas ou defensivas) expressa numa capacidade para comer metros decisiva no restabelecer de equilíbrios ou desequilíbrios aquando das saídas rápidas para o ataque, são os traços mais notórios de quem mesmo sendo um jogador de atleticismo evidente, sabe também tratar da bola e dar seguimento aos lances ofensivos. Ora progredindo em posse, ora procurando os colegas de forma mais rápida.
Dos seus pés a bola sai com ideias e nada é feito por um qualquer acaso. Por isso é diferente de tantos outros que se limitam a apresentar argumentos condicionais / físicos no seu jogo. Ainda à procura de uma melhoria tática e no entendimento de cada lance, tem já argumentos para ser uma espécie de “box-to-box” que liga a equipa em todos os momentos do jogo.
Muito brevemente o contexto Moreirense será pouco para quem apresenta tanta disponibilidade para melhorar, e a progressão paulatina para patamares superiores… uma naturalidade."
Atirar por mais um lugar nos Jogos Olímpicos
"O Fosso Olímpico, uma das disciplinas de Tiro com Armas de Caça, conta com uma vasta história no desporto Português (Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo, Taças do Mundo e Campeonatos da Europa). É uma das modalidades olímpicas que em Portugal alcançou as quotas disponíveis em praticamente todas as edições, excepto Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016, tendo, consequentemente, uma representação regular nos Jogos Olímpicos.
Em 2014 surgiu-me a oportunidade de integrar o corpo técnico da Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça, tendo por missão criar uma equipa com capacidade de alcançar o desejado lugar Olímpico. Missão que acolhi de braços abertos e com a certeza de que com o esforço e participação de todas as entidades envolvidas seria concretizável. Adoptámos assim uma estratégia faseada de envolvência dos atletas, formando uma equipa munida das capacidades essenciais, coesa e consistente, e desenvolvendo campanhas de captação de novos talentos, importantes não só para a manutenção da modalidade, mas também para que desde cedo se possa acompanhar os atletas a tornarem-se mais capazes, mais fortes e proporcionando todas as medidas para que cheguem ao mais alto nível das suas carreias desportivas. Sabíamos que se tratava de uma tarefa difícil, numa modalidade cada vez menos procurada. Não tivemos o que desejávamos a tempo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro! Tínhamos pouco tempo de trabalho e fomos alvo de alguns percalços, determinantes, na minha opinião, para o insucesso desta primeira fase da nossa nova missão. Mas não baixámos os braços! Reagimos, aprendemos e ficámos mais fortes.
A equipa foi ganhando consistência, fruto de um trabalho rigoroso e regular, e fez até uns “brilharetes” no cenário Internacional. Em Junho do ano passado conseguimos alcançar o nosso primeiro grande objectivo, o tão desejado lugar Olímpico. A emoção é de tal forma forte que é quase indescritível, quando sabemos que vamos representar o nosso país, a nossa nação, numa competição tão importante e reconhecida como são os Jogos Olímpicos.
Senti uma satisfação enorme, semelhante ao que havia sentido antes, anos antes enquanto atleta. Gostaria de poder conseguir traduzir em palavras este sentimento, esta emoção, mas só mesmo quem passa por estes momentos extraordinários poderá avaliar a conquista, o representar o nosso país. O sentimento de dever cumprido é a compensação de todo o esforço que está aí envolvido. É algo que não tem explicação, mas garanto-vos que, do ponto de vista desportivo, é a melhor sensação do Mundo.
Ser atleta de alta competição exige muito de todos os intervenientes, e só com muita dedicação e determinação, de todos, é possível fazer a diferença.
Passados alguns dias voltámos à “Terra” e no nosso horizonte já está a qualificação de mais um atleta (podem qualificar-se dois por país). Voltámos ao trabalho a todo o gás e muito mais confiantes. Temos uma equipa jovem (feminina e masculina) de alta qualidade. Quando se trabalha com atletas deste nível podemos acreditar em tudo, a qualquer momento poderemos estar num dos lugares do pódio ao mais elevado nível competitivo.
Havendo ainda um lugar a atribuir no Campeonato de Europa, em França, estávamos a executar o plano traçado com todo o rigor e dedicação, e com uma progressão bastante significativa, quando, em plena preparação, aconteceu o inesperado! Estávamos em estágio, no Norte de País quando este “maldito” vírus começou a propagar-se a uma velocidade estonteante. Algumas instalações desportivas encerraram e fomos forçados a abandonar o estágio a meio! Desde então não foi mais possível treinar, apesar de esta ser uma modalidade que não envolve aproximação. As competições internacionais foram também todas adiadas. A interrupção forçada na preparação dos atletas para a época 2020 leva-nos a introduzir uma nova estratégia, que poderá vir a ser favorável à nossa prestação. Sendo que os Jogos Olímpicos são a competição de maior exigência e maturidade desportiva, este interregno poderá ser-nos favorável por nos deixar mais tempo de preparação e aperfeiçoamento das capacidades desportivas dos nossos atletas. Todo o trabalho que vínhamos a desenvolver está fortemente comprometido, mas nada está perdido. A paragem está a ser bastante longa e a incerteza do que está para lá deste estado de calamidade causa-nos ansiedade, mas é importante tentar manter o foco porque os nossos sonhos e objectivos, como em tudo na vida, não desapareceram, foram apenas adiados. O nosso sonho continua!
A cada dia que passa aguardamos com expectativa o momento em que surja a notícia que tudo está normalizado, que não temos mais infectados e que poderemos retomar a nossa vida com normalidade (ou a nova normalidade) e aí sim voltaremos com toda a nossa energia em busca de Tóquio (já não em 2020 mas 2021) com a força e determinação suficientes para dignificarmos a nossa representação e retribuirmos aos portugueses o apoio e carinho que sempre nos têm dado."
O desporto-sistema e os seus valores
"Com o aproveitamento do 50.º aniversário do nascimento da União das Sociedades Francesas de Desportos Atléticos (USFSA, no acrónimo francês), o barão Pierre de Coubertin (1863-1937) lança, em 1894, um desafio invulgar. Com 31 anos de idade, o orgulho e vaidade pessoal assim o obrigam. Ao analisarmos as questões geopolíticas e estratégicas dos primeiros Comités Olímpicos Internacionais (CIO), o projecto político de Pierre de Coubertin, tem, de fato, um sentido particular, sobretudo no âmbito dos valores alocados ao desporto moderno. Para regularizar a sua internacionalização, ele cria uma instituição que deverá ser o guardião do templo dos supostos valores do desporto. Os historiadores do olimpismo estão geralmente de acordo para datar a origem do CIO em Junho de 1894, quando da organização de um congresso na célebre Universidade Sorbonne. O seu programa procura reunir intelectuais e homens políticos em torno do tema de amadorismo e profissionalismo e reflectir sobre o tema dos futuros jogos olímpicos. 79 delegados de 12 países (Espanha, Itália, Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha, Suécia, Rússia, Grécia, Nova-Zelândia, Estados Unidos da América, Uruguai) participaram durante mais de uma semana nos debates. Em 23 de Junho de 1894, realiza-se a sessão plenária do congresso, que formula sete votos, nomeadamente o de renovar os JO. Esta série de intenções inaugurais constituem, na realidade, a primeira carta olímpica da história do desporto moderno. Em boa verdade, os 13 membros que o constituíram foram escolhidos por Pierre Coubertin.
Pertencendo todos a uma aristocracia ou à grande burguesia europeia e/ou mundial, estes “senadores” são designados, com minúcia, pelo barão. A composição do primeiro CIO é muito política. Vejamos mais em detalhe. O primeiro presidente do CIO chama-se Dimitrios Vikelas (ou Bikelas), residente em Paris desde 1872. Vice-Presidente da Sociedade de Estudos Gregos, ele incarna uma forte influência do pensamento helénico no olimpismo e representa uma garantia determinante no sucesso dos primeiros JO de Atenas, em 1896.
O CIO é composto de um general russo, Alexeï Boutowski, que estava na direção das escolas militares russas, de um médico checoslovaco, Dr. Jirí Guth (considerado um dos mais fiéis amigos de Pierre Coubertin), de um militar da armada sueca, o coronel Viktor Balck (considerado um dos pais do desporto sueco e defensor, desde a primeira hora, do restabelecimento dos JO), de um notável neozelandês, Léonard Albert Cuff, secretário da “New Zeland Amateur Athletic Association”, de um professor americano, William Milligan Sloane (professor na Universidade de Princeton de Nova Jersey), de um médico do Uruguai, o Dr. José Benjamín Zubiaur (reitor do Colégio Nacional do Uruguai), de um aristocrata italiano, o conde Mario Luchesi-Palli (Vice Cônsul de Itália em Paris), de dois ingleses, Charles Herbert (secretário da Amateur Athletic Association de Londres) e o Lorde Ampthill (aristocrata), de um húngaro, Ference Kemény (diretor da Escola Real de Eger na Hungria) e de um francês, Pierre de Coubertin (antigo secretário da USFSA), que arroga o título de primeiro secretário do primeiro CIO. Nota-se uma importância da amizade franco-russa relativamente à Inglaterra. Desde a sua promulgação, o CIO estabelece relações com o “Bureau International de la Paix” (Gabinente Internacional Permanente para a Paz), confirmando imediatamente a sua dimensão supranacional.
Os primeiros jogos em Atenas em 1896 reafirmam as intenções do francês, que transformam progressivamente esta instituição “democrática” num cenáculo aristocrático. A partir de 1896, Pierre de Coubertin dirige o CIO com mãos de ferro em luvas de veludo, nomeadamente até 1925, data da sua demissão de presidente do CIO, dando lugar ao seu sucessor, o conde Henri Baillet-Latour. Pierre de Coubertin controlou o desenvolvimento das federações desportivas internacionais, integrando-as progressivamente no CIO. Várias federações depois da Grande Guerra (1914-1918) tentam adquirir a sua autonomia, contestando a liderança. A concorrência do desporto feminino e do desporto da classe operária, subestimada antes da Guerra, deveria ser controlada.
Ela acaba por ameaçar o sistema olímpico, que decide reagir integrando-os, pois foi incapaz de os eliminar. Sobre o plano dos valores, esta assimilação de federações autónomas destabiliza um pouco mais a ideologia olímpica, que não hesita em actuar para salvar o que poderia ser no plano simbólico. Sem chocar muito, os valores do desporto operário ombreavam com os valores do desporto aristocrático. Nos anos 1930, a grande confusão reina. Se o presidente do CIO está à frente de um sistema, ele não controla mais a sua evolução.
O desporto oferece, no âmbito dos valores, tudo e o seu contrário. A urgência de salvar esta organização não governamental e o seu sistema de propaganda, incarnado principalmente nos JO, faz esquecer o inicial ideal filosófico. Para evitar a implosão e/ou complots olímpico por parte dos seus membros, o CIO mantém os critérios de recrutamento muito estritos. Os principais membros representam as grandes potências ocidentais, a que se integram, entre as duas Guerras, novas nações. Os países em via de independência não tinham nenhum direito de pertencer à instituição olímpica. De forma geral, só as grandes potências reinam na Suíça, fiéis ao princípio de Pierre de Coubertin, segundo o qual o CIO apoia-se prioritariamente nas nações fortes. O desporto-sistema coloca em prática a visão de uma sociedade internacional desigual. O CIO recruta os verdadeiros militantes, pronunciando a sua adesão de modo não democrático, dado que nenhuma eleição é organizada. O CIO organiza uma instituição internacional, fortemente hierarquizada, com as suas filiais, as suas organizações nacionais, as suas publicações, as suas manifestações, as suas tradições e os seus ritos, que promove valores que não são exactamente o seu reflexo."
Viagens ao corpo (II)
"Terminámos o artigo anterior afirmando que enquanto ao longo da filogénese humana o corpo hominídeo se foi modificando como resultado de uma evolução condicionada pela natureza, actualmente as modificações do e no corpo humano resultam de uma resposta ao ambiente criado pela sua própria espécie.
O número global de pessoas que sofriam de obesidade em 1995 cifrava-se em 20 milhões. Cinco anos depois esse número passou para 30 milhões. De imediato o nosso raciocínio é conduzido para a ingestão excessiva dos hidratos de carbono e para os hábitos de vida não saudáveis. Mas será só isso?
Regressemos um pouco atrás! O corpo dos caçadores-recolectores operava essencialmente em função da marcha. As suas posições de descanso eram a agachada ou a deitada. A partir do momento em o homem se sedentarizou, a posição agachada foi sendo progressivamente substituída pela posição sentada: numa pedra, num tronco de árvore, num banco, numa cadeira, num sofá… A partir desse momento e com a dedicação à agricultura toda a alimentação do homem se modificou (o que provocou também modificações a nível de mandíbula e dentição) reflectindo-se nas funções do próprio corpo e na anatomia do mesmo. Vários estudos demonstraram que foi decrescendo a densidade óssea dos humanos: do caçador mesolítico passando pelo agricultor neolítico até chegar ao trabalhador moderno. Os ossos foram ficando mais esguios e porosos…
O sedentarismo originou o enfraquecimento progressivo dos flexores do quadril, dos músculos isquiotibiais, dos glúteos e dos abdominais que provocaram a actual inclinação pélvica anterior com as consequentes lordoses a originarem cifoses correctivas. O desalinhamento da coluna reflectiu-se nos discos inter-vertebrais e respectivas hérnias discais. Nos nossos dias mais de 80% da população mundial sofre de dores lombares e/ou dorsais.
Na civilização grega o trabalho sedentário deu origem ao exercício físico como forma de compensação para umas classes, enquanto para outras o aumento do tempo de lazer deu origem aos jogos, ao espectáculo e ao divertimento. Daí o desporto seguiu o seu curso, até aos dias de hoje, onde o movimento e a competição (a todos os níveis, designando vencedores e vencidos) estão presentes, sendo uma actividade codificada (com regras e regulamentos) e estando integrado num sistema institucionalizado (organizado em torno de clubes e federações). Já ninguém ignora que hoje em dia o desporto é uma indústria que movimenta milhões de euros e mesmo aqueles que se pautavam por um desporto com fins formativos e educativos mudaram o seu discurso reconhecendo que o desporto (ou seja o que for a que se chame desporto) está onde estiver o dinheiro. Poucas são as excepções.
O corpo humano, feito para a marcha, começou então a ser trabalhado no desporto ao mesmo tempo que a grande maioria das profissões se exercia sentada numa cadeira. O tempo de ócio, ocupado desportivamente, ao ar livre, em ginásios ou clubes, passou posteriormente a ser ocupado em casa (‘vídeo-games’ e ’streaming’) sendo necessária uma cadeira ou um sofá.
Surgem os “e-sports” onde os competidores – sentados em cadeiras que por mais ergonómicas que sejam, sofrem de maleitas físicas e posturais (para além da pouca mobilidade, de experiências de esgotamento emocional, isolamento social e compulsividade) – se colocam em frente a um monitor durante 6 a 10 horas por dia. Enchem-se pavilhões desportivos durante horas e horas com espectadores sentados a verem, lá em baixo, minusculamente, os intervenientes directos a competirem, quedando-se a olhar para gigantescos ecrãs electrónicos para acompanharem em tempo real a acção dos mesmos.
Tenta-se novas reformulações do conceito de desporto com o Comité Olímpico Internacional a admitir, em 2017, considerar os “e-sports” uma actividade desportiva. Ano em que se forma em Portugal uma “Federação Portuguesa do Desporto Eletrónico” com mais de vinte clubes, onde, curiosamente, só cinco possuem nome português e em que, na Cidade do Futebol se organiza o “Allianz Challenge”, no qual participaram milhares de jogadores…
Que influência poderão ter estas actividades nas posturas corporais e nas modificações do corpo humano? Que alterações biomecânicas sofrerá o mesmo? Que impactos na saúde? Talvez não sejam precisos milhares de anos para chegarmos a conclusões…"
I Congresso Mundial de Treinadores de Basquetebol
"O Basquetebol Espanhol tem sido, ao longo da sua existência, pioneiro em movimentações associativas e especialmente activo no que diz respeito aos seus treinadores. Assim, em 1973, foi criada a “Asociacion Española de Entrenadores de Baloncesto” (AEEB) que, actualmente, aglutina mais de 3.000 técnicos da modalidade de todas as regiões e comunidades de Espanha. Entretanto, em Julho de 1977, a AEEB organizou no arquipélago das Canárias, mais propriamente na cidade de Puerto de La Cruz (Tenerife), o I Congresso Mundial de Treinadores de Basquetebol. O grande responsável pela organização do evento foi o espanhol Ramon Bravo, então presidente da AEEB, que teve como principal objectivo incrementar as relações entre os treinadores das diferentes regiões continentais do planeta e criar a “World Association of Basketball Coaches” (WABC).
Para além dos muitos técnicos de diferentes países, o basquetebol lusófono não perdeu a oportunidade de estar presente. Assim, em representação do nosso país estivemos presentes, o Professor Hermínio Barreto, treinador de selecções nacionais e docente universitário (INEF-ISEF-FMH) e eu, na qualidade de coordenador nacional do plano de desenvolvimento do basquetebol (DGD). Pela República de Angola, marcou presença o então seleccionador nacional Vitorino Cunha e o reconhecido técnico Vicente Costa que, mais tarde, desempenhou funções na DGD e na Federação Portuguesa de Basquetebol.
Os temas abordados pelos diferentes especialistas foram os seguintes:
1 - A estrutura do Treino de Basquetebol (Emil Valensky);
2 – A Preparação Física como Meio do Sistema de Treino dos Jogadores de Basquetebol de Alto Nível Desportivo (Carmelo Ortega);
3 – Métodos de Ensino Polivalentes na Formação Psicofísica do Jogador de Basquetebol (Alfredo Calligaris);
4 – A Prática Mental (Moacyr Daiuto);
5 – O Controle Multi-Factorial no Sistema de Orientação da Preparação dos Jogadores de Basquetebol para Grandes Competições Internacionais (I.N. Preobrazhenski);
6 – Vigilância Médica de uma Equipa de Basquetebol de Alto Nível: ASVEL – Campeão de França-1977 (R.Guillet, R.Basse, J.Sapin);
7 – O Contra Ataque (Giancarlo Primo);
8 – Ataque Contra Zona (Lou Carneseca);
9 – O Ataque da Universidade de Carolina do Norte (Dean Smith);
10 – Defesa zonal 1-3-1 da Universidade de Kentucky (Joe Hall);
11 – Ataque Contra Defesa Zona Premente (Lou Carneseca);
12 – Defesa da Universidade de Carolina do Norte (Dean Smith);
13 – Defesa Zona Premente (Alexander Gomelsky);
14 – Defesa e Preparação Física (Mirko Novosel);
15 – Jogo Contínuo – “Non Stop Game” (António Dias Miguel);
16 – Evolução Social do Desporto e Suas Realidades (José Maria Cagigal);
17 – Intervenção de Chien Cheng-Hai;
18 – As Relações entre o Árbitro e o Treinador (Artenik Arabadjan).
A realização do I Congresso Mundial de Treinadores de Basquetebol foi uma etapa importante nas relações humanas e desportivas dos treinadores das diferentes regiões continentais.
Entretanto, em 1978, o então Instituto Superior de Educação Física (ISEF) fez questão de divulgar os conteúdos do Congresso Mundial através do seu sistema editorial (Edições ISEF), pelo que realizou uma parceria com a Associação Nacional de Treinadores de Basquetebol, tendo publicado o livro denominado “O Melhor Basquetebol no I Congresso Mundial de Treinadores”.
Pesquisámos na Net a fim de apurarmos se, desde então, se realizaram novos congressos internacionais de treinadores de basquetebol. Pode ser que tenham acontecido só que não os consegui encontrar. Se, por acaso, algum dos meus leitores tem conhecimento de algum agradeço a informação. A memória do basquetebol é uma responsabilidade que pertence a todos aqueles que amam a modalidade e estão interessados em construir a sua história."