quarta-feira, 6 de maio de 2020
Domingo de Carnaval em Maio!
"A festa do Campeonato de 1970/71: cabeçudos a jogar à bola no relvado, jogadores sem camisola e duas invasões de campo.
O 18.º título nacional do Benfica ficou assegurado na penúltima jornada, na Póvoa do Varzim, mas só no Domingo seguinte, na Luz, poderia erguer-se o 'caneco'. Nesse derradeiro jogo o resultado era o que menos interessava, o Campeonato estava assegurado. Porém, ainda havia uma boa dose de emoção para ser vivida. É que Artur Jorge arriscava-se a conquistar a sua primeira Bola de Prata! Precisava de marcar apenas dois golos. Fácil.
Os momentos de folia sucederam-se no relvado antes da entrada da equipa: bandas filarmónicas, fanfarras, até um desfile de seis cabeçudos de figuras ilustres do Clube, entre eles Eusébio, que 'constituíram um excelente, número de alegria'. Até deram toques na bola!
Quando a equipa entrou no relvado atingiu-se o delírio. Os foguetes sucediam-se por todo o Estádio e as bancadas encheram-se de serpentinas. 'Era a continuação do «Carnaval» começado uma semana antes'. Aos oito minutos da primeira golo do Benfica saía dos pés de Eusébio. Aos 16 outro, desta vez de Nené. Artur Jorge foi muito solicitado, todos queriam ajudar o companheiro a conquistar o lugar de melhor marcador, passando-lhe constantemente a bola para os pés. Nervoso, falhou várias oportunidades.
Na segunda parte, a equipa entrou em campo com camisolas velhas. Como se previa uma invasão de campo no final, trocaram de equipamento, pois não queriam que as camisolas novas fossem rasgadas ou parar a parte incerta. Mal sabiam que a invasão chegaria antes do final.
Artur Jorge inicia a segunda parte mais confiante e focado no seu objectivo. A oito minutos do fim marca e faz o 4-1. O público fica ao rubro. Aos 89 dispara novamente e faz o 5-1. Acabara de se sagrar o melhor marcador do Campeonato Nacional naquela época. O público não se conteve e... invadiu o campo para congratular o jogador que, sem perceber como, depressa ficou sem camisola. Os companheiros fugiram para o balneário e só saíram quando os adeptos estavam fora do rectângulo, encostados às linhas laterais. O jogo podia prosseguir, mas não por muito tempo. Logo que o apito soou, o verde da relva foi substituído, novamente, por um gigantesco caudal humano. Agora sim a festa podia começar o terreno e muitas arrancaram pedaços de relva para levar para casa.
Podem saber mais acerca dos títulos nacionais conquistados pelo Clube na área 6 - Campeões Sempre, no Museu Benfica - Cosme Damião."
Marisa Furtado, in O Benfica
Simulacro popular de um campeonato
"Na 1.ª Divisão joga-se a saúde por causa do dinheiro, na 2.ª Divisão compensa-se com algum dinheiro não se jogar por causa da saúde
1. Está decidido, mas não está definido. Dizem-nos que vai ser concluído o campeonato iniciado em Agosto do ano passado. A meu ver, se a prova chegar ao seu final, será um simulacro e um enviesamento de campeonato. Sei que estarei entre uma minoria (ou talvez não) dos que pensam que a prova deveria ter sido cancelada, ponto final. Claro que, com o cancelamento, haveria alguns aspectos por resolver, mas para tal sempre se poderiam delinear formas específicas e expeditas de os solucionar.
Esta agora considerada e chamada retoma da época futebolística é insensata, injusta, assimétrica e populista. Insensata, porque vai decorrer com tais restrições que é tudo menos o futebol que sempre existiu; treinos multi condicionados, jogos à porta fechada, restrição de campos relacionados, riscos de aglomeração fora dos estádios, etc. Clamorosamente injusta, porque a falsa rentrée favorece uns poucos em detrimentos de todos ou outros, assim se consolidando um futebol por anéis cada vez mais cavados e estanques. Assimétrica, em função não das questões desportivas, mas do todo poderoso dinheiro, com tomada de decisões diferentes para situações desportivas idênticas. Populista, porque é a cedência à excepção por medida, fortemente impulsionada pela simpatia política de dar 'coisas boas' ao povo: futebol e assunto para discutir nas televisões e fora delas.
Vejamos mais em detalhe estes e outros pontos de uma decisão que, naturalmente, seria difícil em qualquer caso. Não podendo haver soluções boas, sabemos que qualquer posição tem prós e contras. Acontece que o decidido toma mais os prós (desportivamente populares= por suficientes e desconsidera o lado dos contras. E, para esta avaliação, não nos esqueçamos que não estamos a falar de uma posta restante da competição, mas de ainda 10 jornadas e 80 jogos correspondentes a 30 por cento do campeonato.
2. É incompreensível que os desportos colectivos tenham sido dados como concluídos e o futebol não. Bem sei que parte deles - hóquei, andebol, basquetebol, futsal, voleibol - se realizam em recintos fechados, mas nestes casos também seriam à porta fechada. Alguns, por exemplo, como o voleibol até nem têm contacto físico. E há ainda o râguebi ao ar livre, também suspenso, não se compreendendo como é que para casos similares se decide tão diferentemente. Ou melhor, percebe-se: é que o futebol movimenta mais interesses, o resto é quase paisagem, a não ser quando os titulares dos órgãos de soberania se apressam na afã de serem os primeiros a mandar felicitações por uma conquista internacional nestas modalidades.
Mas a assimetria não é só com outros desportos associativos. É, igualmente, dentro do omnipresente futebol. A FPF decidiu - e bem - dar por terminadas todas as provas, ou seja, o chamado Campeonato de Portugal (3.º escalão), todos os escalões não seniores e o futebol feminino. Agora a Liga resolve dar por concluído o campeonato da 2.ª Divisão (desculpem-me, mas nunca sei dizer as novas designações). Mas porquê? Percebo que haja menos condições logísticas para prevenir contaminações, mas, pelos vistos, a decisão foi tomada de chofre, sem se dar uma cabal e completa justificação. Reconhece-se assim que há profissionais de primeira e de segunda, clubes grandes, pequenos e miseráveis. Depois dão-se uns trocos para acalmar os ânimos, pois, no fim do dia, o dinheiro é o principal motor das vontades ou falta delas.
O recomeço vai fazer-se com normas ridículas para 'inglês ver'. Os jogadores têm de ser divididos em dois autocarros, em dois vestiários, as equipas entram separadamente no relvado, os atletas não podem cumprimentar-se antes ou depois de um encontro, se calhar não podem festejar um golo, mas pode, durante a partida, empurrar-se, chocar, cair em cima uns dos outros, fazer barreiras nos livres, etc. E como vai ser jogar ininterruptamente em dois meses de calor, como são Junho e Julho? E quanto ás máscaras, como será? Convenhamos, o recomeço da 1.ª Divisão beneficia de «bonomia técnico-sanitária» das autoridades de saúde,sujeitas e uma pressão que, para outras actividades ou ajuntamentos, não têm.
3. A reunião que juntou dirigentes do futebol com o Governo e os presidentes dos três clubes ainda designados grandes (abro um parêntesis, para saudar os seus três presidentes que souberam discernir o essencial neste momento) foi certamente positiva, sobretudo quanto à ideia de auscultar opiniões e orientações. Mas foi também negativa quanto à representatividade do 1.ª escalão do futebol português. Benfica, Porto e Sporting são os clubes tradicionalmente mais fortes e com mais apoio popular, mas que eu saiba não representam os outros 15 clubes da Liga. Li notícias que estavam por eles mandatados, embora não saibamos como e para que fins e decisões. Eu se fosse adepto de um deles - por exemplo, do Sporting de Braga ou Vitória de Guimarães - ficaria desolado e irritado com esta segmentação para um decisão excepcional e jamais existente, envolvendo todos os clubes. É este o critério representativo de uma Liga que existe para representar todos os seus associados de um modo igual?
É claro que, para o Governo, esta reunião foi um figuinho bem saboroso. Permitiu-lhe actuar de acordo com o que o povo quer, independentemente de outras circunstâncias (ou seja, ser populista), abrir uma oportuna excepção bem recebida e pôr-se de fora da questão sanitária a cargo da Direcção-Geral da Saúde, como se esta tivesse total liberdade para decidir contrariamente ao aceite pelo Executivo!
4. Este campeonato pode decorrer até ao fim, mas não tem qualquer interesse desportivo. Não se trata de retomar um torneio, mas o de travestir três meses depois por via de uns jogos à porta fechada, fingindo que é a mesma competição. É como, mal comparado, ter-se uma prótese numa perna e dizer que é tal e qual ter uma perna sem prótese. Não se pense que digo isto, porque o Porto está um ponto à frente do Benfica. Sinceramente, mesmo que seja o meu clube a concluir esta etapa em primeiro, não vejo motivos para festejar, como se tivesse sido ganho um verdadeiro e normal campeonato.
Obviamente, reconheço que a anulação do resto da época teria consequências económicas avultadas caso não se fizesse este pseudo torneio Clausura. Nada diferente do que se passa em indústrias e serviços, mesmo essenciais, que lutam até pela sobrevivência. No futebol, tudo ou quase tudo por causa dos direitos televisivos, ainda que aqui a pressão seja a dos três grandes que recebem a fatia gorda destas receitas (fossem elas centralizaads e a questão tomaria outros tons...). Todavia, há ganhos imediatos que podem causar prejuízos diferidos. Refiro-me à sobreposição do fim da época com o começo da próxima, à maior dificuldade de geri as qualificações europeias (para a Liga Europa e para o Benfica ou Porto na Champions), às transferências no próximo mercado, etc.
5. No momento em que escrevo, ainda há muitas coisas por afinar. Algumas de pormenor e de organização, mas outras de natureza substantiva sobre a própria natureza de competição. Tenho lido que se estão a avaliar os campos elegíveis para este torneio, sendo que uma das hipóteses é apenas a de considerar os estádios do Europeu 2004 (dos oito, quatro - Coimbra, Aveiro, Leiria e Algarve - não têm clubes na 1.ª Divisão...). Ora se assim for, estamos perante uma distorção da prova e das regras regulamentares do campeonato. Uma batota apriorística o anti-regulamentar. Ou seja, o conceito de jogar em casa ou jogar fora estará posto em causa, pelo que não há ligação com as 24 jornadas há realizadas. Assim se desvirtuará a verdade desportiva regulamentar. Por exemplo, quanto aos dois candidatos ao título, o Benfica joga 'fora' com Portimonense, Rio Ave, Marítimo, Famalicão e Aves e o Porto com Famalicão, Aves, Paços de Ferreira e Tondela. Será a mesma coisa do que jogar estes encontros num qualquer outro campo dito neutro? E será que o Marítimo e o Santa Clara têm de vir para o Continente ficar mês e meio, ao mesmo tempo que está previsto que as equipas se deslocarão apenas nos dias dos jogos, não ficando em unidades hoteleiras? Que grande confusão e contorcionismo para se concluir um agora nado-morto?
Embora se queira transformar esta invenção num fim justo e adequado da principal competição nacional, o certo é que ela está ferida de morte, quanto ao seu mérito, razoabilidade e igualdade de oportunidades. Preparemos-nos para uma salcicharia desportiva liofilizada e não sei se devidamente 'pasteurizada'.
Em suma, na 1.ª Divisão joga-se a saúde por causa do dinheiro (transmissões televisivas), na 2.ª Divisão compensa-se com algum dinheiro não se jogar por causa da saúde. Em que ficamos?
Bagão Félix, in A Bola
PS: Volto a destacar outra variável que até agora não vi ninguém referir: qual o protocolo quando um jogador acusar positivo?! Seja num teste a 'meio-da-semana', ou num teste no dia do jogo?! Joga-se sem esse jogador, ou toda a equipa fica de 'quarentena'?!!!
Obrigado aos Benfiquistas!
"O que é um clube senão as pessoas que o compõe, a partilha de afectos, as relações que se estabelecem, a comunhão dos sentimentos de pertença e amor a esse clube e o firme propósito de, pela dedicação de cada um, em prol de algo que transcende a nossa individualidade, elevá-lo cada vez mais alto?
Todos os dias temos, no Benfica, exemplos cabais dessa postura. É com enorme satisfação, e ainda mais orgulho, que o constatamos. "O Benfica, só o Benfica e nada mais que o Benfica", conforme um dia nos solicitou Ribeiro dos Reis.
É indesmentível que os benfiquistas possuem esta singularidade de colocar sempre o Clube no topo das suas prioridades. A "família benfiquista" não é um mero chavão, é antes a asserção de uma realidade que, ao longo de décadas desde a fundação do Clube, transformou o Sport Lisboa e Benfica na maior instituição portuguesa.
E exemplos não faltam, pois estes multiplicam-se. A cada dia, onde há um benfiquista – e somos milhões – gera-se uma possibilidade de demonstração de amor ao Benfica. Muitas delas chegam ao nosso conhecimento, a maior parte fica reservada a quem as pratica e ao seu círculo social. Mas todas são fundamentais neste desígnio de engrandecer o nosso Benfica.
Ainda recentemente acordámos um dia com a notícia de que a Rotunda Cosme Damião havia sido embelezada com um mural de apoio ao nosso Clube. Este mural incluía o nosso emblema, uma frase inspiradora "Ousem um lugar na nossa história", que serve não só a atletas, treinadores e dirigentes, mas também a todos os profissionais que servem o Benfica, e o rosto stencilizado de vinte glórias benfiquistas.
Ontem de manhã fomos surpreendidos com a triste notícia da vandalização desse mural durante a noite anterior.
Porém, a restauração não tardou. Ao final da manhã de ontem já o mural se encontrava livre de gatafunhos e rabiscos. E o autor, ou autores, não se limitaram à limpeza, encontrando no ato desprezível da noite anterior a motivação para ampliar o leque de atletas homenageados, acrescentando vinte stencils, e assim tornando ainda mais emblemática aquela rotunda que dá acesso ao parque sob o nosso magnífico estádio.
Sujaram e vandalizaram... limpámos e ainda nos motivou a fazer mais!
Tratou-se de uma atitude semelhante ao que, muito frequentemente, acontece um pouco por todo o País, nomeadamente nas nossas Casas.
Já perdemos a conta aos actos de vandalismo perpetrados às Casas do Benfica, sem que conheçamos um único caso em que esses mesmos actos tenham abalado a dedicação dos benfiquistas espalhados pelo País.
Logo as Casas do Benfica, as quais, neste tempo em que vivemos, se têm revelado um forte apoio local ao combate às consequências da pandemia e um contributo inalienável à prevenção da mesma. Ontem à noite foi a vez de a Casa do Benfica na Charneca de Caparica ser vandalizada. Note-se, pela quinta vez em 2020. Mas tal não fará certamente esmorecer o entusiasmo dos benfiquistas que todos os dias se empenham por um Benfica cada vez maior e melhor.
É assim o Benfica, e o mesmo será dizer que são assim os benfiquistas. Perante as adversidades, unem-se para ultrapassá-las e fazerem ainda mais em prol do clube.
#PeloBenfica"
Benfica no pós-Covid
"Dizer que esta pandemia apanhou o futebol de surpresa é dizer o óbvio – toda a sociedade civil e empresarial foi completamente surpreendida, apesar dos rumores sobre um tal vírus existente na China e que ninguém antecipou devidamente a chegada ao resto do Mundo.
Donde o futebol não poderia ser excepção. Mas há sectores e sectores e o futebol foi claramente um dos mais atingidos. Por duas razões essenciais: (i) as próprias características do jogo, muito de contacto que não permite como noutros espectáculos ou indústrias o distanciamento salutar; e (ii) vivia há muito numa bolha económica em que muitos dos seus agentes estavam já falidos e só faltava dizer que "o Rei vai nu".
Feita a introdução, a realidade é que a Covid-19 encontra o futebol profissional português numa fase totalmente descapitalizado e sobretudo sobredimensionado para a economia nacional. Há equipas a mais na 1.ª Liga e ainda é pior o cenário na 2.ª Liga. Se formos para o futebol amador, o cenário económico é desolador, como se pode ver pelos salários em atraso ainda antes da crise no Campeonato de Portugal.
Não sendo o artigo de matriz económica devo, contudo, relembrar que o PIB português per capita (cerca de 20.700 euros antes da pandemia) é apenas o 17.º da União Europeia, mas os campeonatos da 1.ª e 2.ª Liga contam com 18 equipas cada. Ou seja, as mesmas equipas que a Alemanha, que tem um PIB per capita de 41.300 euros. Como não seria de esperar que o futebol português esteja economicamente depauperado?
O Benfica aparece como rara excepção no deserto português, com uma situação económica e financeira equilibrada num conjunto de equipas com dificílimos problemas financeiros. Ou seja, a pandemia, pelo encerramento da actividade económica, apenas acelerou o que estava adiado, sobretudo a montante do ‘futebol profissional’, alimentado com verbas bem elevadas, nomeadamente pela via da publicidade e promoção. Pelo meio, umas transferências de valores absurdos em que se afirmando serem integralmente liquidadas, acredito que em muitas das vezes existiriam complexos encontros de contas com situações cruzadas ou trianguladas que um dia alguém haverá de decifrar.
Mas o Benfica, pese embora a sua situação, não vai ficar imune. Resiste melhor e mais tempo pela marca consolidada que tem, mas vai ter de fazer um ‘downsizing’ significativo. Como todos certamente, de certeza não tanto como os seus principais rivais. Mas na escassez de sponsors, na certeza da diminuição de valores nos próximos anos, a espiral de verbas que alimentava um orçamento de mais de 200 milhões com transferências de atletas, uma estrutura de 600 pessoas e uma equipa de futebol principescamente paga a nível nacional, com mais de 100 jogadores contratualizados, vai ter de acordar para realidade.
Ou seja, as estruturas terão de ser reduzidas. Por exemplo, na área comunicacional que tanto alimenta as guerras e os ódios fomentados de parte a parte entre Benfica e Porto, terá de ser reduzida. Ou ainda, não se pode ter uma BTV com tantos colaboradores e opinadores, na esmagadora maioria sem qualquer criticidade e defensores do ‘partido LFV’, tudo em nome da união benfiquista em que pensar diferente é garantia de ser arrasado por aqueles. Ou nem tantos comerciais e de marketing quando o produto a vender não constitui prioridade actual na reconstrução da economia conforme Fernando Gomes (presidente da FPF) já reconheceu.
Adicionalmente, o Benfica não se pode deixar adormecer em cima da presunção de inocência que deve defender com toda a legitimidade, tendo de resolver todos os dossiês que envolvem o seu nome e se encontram pendentes porque minam a credibilidade institucional. Não adianta clamar aos sete ventos a inocência sem que a mesma fique inequivocamente provada. O Benfica de Cosme Damião (e do seu contemporâneo e amigo Virgílio Paula, meu avô), de Joaquim Bugalho, de Duarte Borges Coutinho, de Fernando Martins, dos irmãos Vieira de Brito, entre tantos outros, precisa de sair disto imaculado.
O betão não é o desígnio do Benfica. Construir foi necessário no seu tempo e Vilarinho e LFV foram essenciais, gravando o seu nome na história do Clube. Mas tudo tem a sua dimensão e a sobre-dimensão traz custos insustentáveis. Não vamos ter anos de construir campos e hotéis no Seixal ou em Oeiras, desperdiçando recursos para o que o que faz falta e move as multidões que o Benfica alimenta.
Nas chamadas amadoras, o Benfica é e será para mim um clube sempre ecléctico ou não fosse eu o promotor das quotas para as modalidades que ainda hoje prevalecem facultativamente. Mas terão de definir claramente quais as prioridades. O Benfica não é nem pode ser um clube que se limite a participar galhardamente. Ao participar tem de ser para ganhar. Pode não ganhar como não ganhou tantas vezes – mas compete para ganhar em nome da sua história. Cada um tem as suas preferências, a direcção do clube que lá estiver após as eleições de Outubro lá estará para decidir.
Finalmente, o futebol profissional. Tantas vezes discuti com os actuais dirigentes quais as políticas desportivas em que acreditava até me afastar porque este Benfica virou nos últimos anos uma plataforma comercial de transacções, sobretudo desde a ‘parceria estratégica’ com Jorge Mendes. Compreendo parcerias, mas as únicas estratégicas são com os sócios do clube e accionistas da SAD. As outras são instrumentais, sem submissão a interesses de terceiros mesmo que circunstancialmente coincidam com os nossos.
Desejo um Benfica autónomo a reerguer-se desta crise pandémica inequivocamente na liderança do futebol profissional, mas uma liderança tanto desportiva como de princípios e valores. Sermos capazes de nas estruturas nacionais do futebol pugnarmos por arbitragens de competência, por conselhos de disciplina que sejam isentos, por dirigentes nacionais que sendo de qualquer clube demonstrem integridade e hombridade.
Vamos ter de reajustar as estruturas de futebol profissional? Seguramente. Vamos ter de facto de apostar num Seixal como alfobre da equipa principal? Sim e não. Sim - porque se de dois em dois anos tivermos jogadores a entrar na equipa principal, o investimento fica justificado. Não - porque só com Seixal não saímos da cepa torta. Temos de ter equipas competitivas internacionalmente porque isso é ‘ser Benfica’ e estas só se conseguem com equilíbrios entre a formação e compra cirúrgica de jogadores de outras nacionalidades, mas sempre com um mínimo de ‘calo’ para acrescentar mais valia imediata (ou com boa probabilidade de isso acontecer) e não ao quilo a ver se dão boas transacções no futuro.
Em conclusão, ou teremos a capacidade de continuar a surpreender, inovando na gestão, ou ficaremos confinados à regionalidade ibérica e, mesmo essa, periférica."
O recado de Rui Costa
"O designado 'Benfica de Eusébio' encantou a Europa. Ao de hoje pede-se-lhe que esteja à altura desse legado brilhante de conquistas aquém e além fronteiras
Rui Costa fez bem em assinalar a vitória do Benfica sobre o Real Madrid na final da Taça dos Campeões Europeus, em Maio de 1962, e que corresponde à conquista mais importante da história da águia, por ter sido alcançada perante o gigante Real Madrid de Araquistáin, Santamaria, Pachin, Del Sol, Di Stéfano, Puskas e Gento, na altura pentacampeão europeu e que naquele jogo não só perdeu a sua invencibilidade como viu ser lhe retirado o estatuto de líder da Europa pelo desconhecido Benfica (2 títulos e 5 finais), o qual, durante toda a década de sessenta, conseguiu resistir à poderosa reacção «espanhola (Real Madrid, 2 títulos - 4 finais) e à forte oposição italiana (Inter, 2 títulos - 3 finais, e Milan 2 títulos - 2 finais).
Não foi um sucesso isolado. Depois de derrotar o Barcelona, um ano antes, na final de Berna, o fantástico triunfo sobre o Real Madrid, já com Eusébio na equipa, pelos números e pela dança do resultado, representou a afirmação de novo poder no futebol europeu, reivindicado e justificado pelo Benfica, mesmo sem uma retaguarda influente num país virado para dentro que o protegesse, nem a pontinha de sorte que lhe faltou em 65, quando Germano acabou a guarda-redes na final com o Inter, em 6, como há bem pouco tempo Humberto Coelho recordou em A Bola, naquele lance ao minuto 90 em que Eusébio, isolado, mas com o joelho desgraçado, não teve força para rematar e apenas encostou. O troféu viajou para Manchester por vontade dos deuses.
Em 2003, em Old Trafford, na final que consagrou Rui Costa também como campeão europeu com a camisola do Milan, Eusébio, então como convidado especial da UEFA, teve direito a uma sala só para ele a fim de responder ao interesse de jornalistas de todos os lugares do mundo. Pediu-me para ficar junto dele e, entre sai um - entra outro, confessou-me:
«Não percebo, nunca ganhei em Wembley e os ingleses gostam muito de mim».
Nunca ganhou, não porque não tivesse merecido, somente por imperativos do destino, para quem acredita, e os ingleses, que vivem o futebol como ninguém, acreditem. Por isso, os adeptos do Manchester United irão lembrar-se eternamente de Eusébio com a deferência devida a quem muito se admira.
Rui Costa fez bem em lembrar o ponto mais saliente da história da águia, ponto esse que apenas os mais velhos são capazes de avaliar na sua verdadeira dimensão, porque o testemunharam. O resto da família encarnada apenas terá uma vaga ideia. Tal como os futebolistas e até os treinadores, uns e outros poucos disponíveis para a exporem a comparações que lhes são manifestamente desfavoráveis e darem sinais de impotência perante tão aliciante desafio.
O designado Benfica de Eusébio encantou a Europa. Ao de hoje pede-se-lhe que esteja à altura desse legado brilhante de conquistas nacionais e internacionais que as áreas de comunicação promovem com pouco entusiasmo.
O Benfica proporciona aos seus praticantes condições de trabalho ao nível do melhor que se observa no mundo e no entendimento do Rui Costa a sua rica história deverá ser utilizada para mentalizar quem chega e também as novas estrelas. «Orgulhosamente podemos dizer que fomos duas vezes campeões europeus» e transmitir-lhes que é o que «queremos voltar a fazer».
Não é uma imposição, com certeza, apenas a expressão do grandeza do clube que, por respeito ao valioso património erguido pelos seus campeões europeus, reclama outro grau de exigência a jogadores e treinadores.
O administrador benfiquista reconhecer que o clube não tem tudo uma participação honrosa no espaço europeu é o mínimo, por estar a referir-se a uma evidência, e pedir que os desempenhos seguintes estabilizem em patamar elevado na Liga dos Campeões e, um dia, quem sabe, poder até ganhá-la, objectivo legítimo e que nem esteve assim tão longe em 2012 se tivesse havido mais cabeça e fibra, é a sua obrigação, enquanto quadro superior da águia, campeão europeu pelo Milan e figura internacionalmente prestigiada.
Gedson Fernandes desabafou, mas o seu desabafo entende-se mal. Com uma cláusula de rescisão de 120 milhões, ao dizer o que disse, não só se auto desvalorizou para aí em metade como admoestou as boas práticas da formação encarnada. Então o jovem Gedson não fazia ideia da realidade futebolística inglesa? Pela televisão, pensava ele que o jogo não teria a intensidade que na realidade tem, mas, no local, pareceu-lhe uma loucura em que nem conseguia acreditar.
Julgava ele que tudo seria semelhante ao ritmo de cá, mas enganou-se redondamente, porque lá, na Premier League, destacava, «é preciso lutar mais porque todos os jogadores dão a vida em campo». Aqui, pelos vistos, será mais para o estilo, tipo Jotas e afins.
Sem se dar conta, Gedson Fernandes questiona a mentalidade dos jovens talentos lusos, como ele, e acentua as imensas dificuldades que quase todos enfrentam na transição para a idade adula, além de pôr em causa as metodologias seguidas na academia do Seixal e, até, a orientação do trabalho de Bruno Lage. O recado de Rui Costa veio mesmo a calhar."
Fernando Guerra, in A Bola
Confessem, já tinham saudades do insulto, da difamação e do ódio contra o Benfica, o inimigo público n.º1
"Já tínhamos saudades. Não falo do futebol, essa nota de pé de página no grande complexo industrial do futebol português. Sentíamos falta do resto: do insulto, da difamação, do ódio, da irresponsabilidade, do assassinato de carácter, das teorias de conspiração, e, finalmente, do vandalismo com que hoje acordámos, ao ver aquilo que uns delinquentes fizeram ao mural da rotunda Cosme Damião.
Esta é uma intervenção paga por adeptos anónimos que nada mais quiseram do que honrar a história do seu clube. São adeptos do futebol e da sua história. Em Portugal, a descrição de Javier Marias cumpre-se de forma diferente: o futebol é a recuperação semanal do lamaçal.
Ainda ontem Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, falava de um novo começo e da importância de começar bem. A sua reflexão, que chega em boa hora, procura lançar as bases para uma intervenção de todos os actores - clubes, atletas, dirigentes, parceiros - no sentido de dotar o quadro competitivo nacional de melhores condições de subsistência.
Compreende-se que a situação de emergência social e económica seja o principal foco da sua reflexão, apesar de não ter tanta fé na capacidade de regenerarmos o nosso futebol, de tão pouca que tem sido a vontade demonstrada ao longo dos anos.
Aliás, apetece perguntar também: após tantos anos de auto-elogio ao nosso futebol, onde andou este espírito crítico? À espera de uma pandemia? Bem sei que o sucesso das nossas selecções é uma improbabilidade estatística, mas há muito que as fragilidades do quadro competitivo e dos seus modelos de financiamento eram visíveis. Ainda assim, só posso fazer votos para que essa reforma possa ser operada e assente fundamentalmente numa maior convergência.
Permitam-me acrescentar, humildemente, um tema a esta reflexão. O futuro do futebol português, também como indústria criadora de sucesso desportivo, emprego e crescimento económico, depende de mais um factor: a cultura desportiva é, seguramente, um deles. Sobre isso, creio que muito pouco foi dito pelo presidente da FPF, apesar de todos sabermos que este é dos principais problemas.
Que futuro terá o futebol português se, a cada dia que passa, perde competitividade e civilidade? Feitas bem as contas, o discurso mobilizador de ontem coincidiu no tempo com o regresso das equipas aos relvados de treino, mas tanto a reflexão de Fernando Gomes como o regresso dos protagonistas foram imediatamente ofuscados pelos seus piores adeptos, com duas evidentes manifestações de ódio a norte e sul, ambas tendo o Benfica como alvo.
Sempre o Benfica, esse inimigo público número 1.
Parece haver um convencimento em determinadas facções do fanatismo futebolístico de que Portugal seria um país mais limpo e puro sem o Benfica, que a única coisa que impede esta indústria de prosperar é o Benfica, e que, portanto, estabelecida essa verdade indesmentível, toda a qualquer manifestação como as das últimas 24 horas encontram de imediato correspondência em tentativas de atenuar aquilo que está escrito a letras garrafais nas tarjas a norte ou no nosso mural Cosme Damião: que o futebol nacional só encontrará paz e progresso no dia em que conseguirem enterrar o Benfica, ou no dia em que desaparecer de vez.
Infelizmente para os que odeiam o clube, esse dia não chegará.
Jorge Valdano chama ao futebol o jogo infinito, mas isto é outra coisa. É um ódio sem fim. Resta ao Benfica conviver com esse ódio e utilizá-lo como fonte de energia para este regresso ao futebol, concentrando-se naquilo que mais interessa: condicionar os seus adversários dentro do campo, fazer respeitar os seus pergaminhos institucionais e, quem sabe, fazê-los odiar-nos ainda mais.
Ah, e recuperar o mural Cosme Damião imediatamente, como já o fez. Esta última medida parece-me a mais fácil, mas é também a mais simples de anular. Os delinquentes porfiarão.
Diz Fernando Gomes nos últimos parágrafos da sua carta que este tempo contém um aviso: as pessoas conseguem viver sem futebol. Acho que é uma reflexão de extraordinária importância, se pudermos torná-la consequente. A bem ou a mal. “É verdade que viverão pior, que serão mais pobres, que lhes faltará o prazer estético, a emoção, a alegria, a comunhão, a paixão. Mas viverão.”
Poderá faltar isso tudo, Doutor Fernando Gomes, mas o que não falta seguramente é esta convivência diária com o ódio que aparentemente se tornou essencial à sobrevivência do futebol português. Que o regresso do futebol se faça frontalmente contra o ódio e a delinquência. E que todos os que há uns dias apareceram juntos em nome do futebol sejam parte dessa mudança.
É que, à data de hoje, o regresso do futebol faz-se com uma só certeza: os seus verdadeiros apaixonados, que estimo serem cada vez menos, parecem ter que estar dispostos a passar pelo lamaçal para voltar ao seu lugar na bancada.
Um dia, não há mural que sobreviva."
Cartilhas...
"Dada a gravidade da situação que vivemos, resolvemos não mais fazer aqui qualquer publicação. A prioridade era/é sobreviver. A verdade é que nem uma semana de isolamento em casa tinha passado e já os Baldaias, O Jogo´s, etc andavam numa roda viva a pressionar para o campeonato não regressar e o mesmo ser dado como terminado, dando ao Calor da Noite a entrada directa na Champions League.
Mas, passaram poucos dias para perceberem que não podiam continuar a pressão no mesmo sentido uma vez que precisam como de pão para a boca do dinheiro da TV e patrocinadores, que ameaçavam fechar a torneira.
Como tal, com o corpo entre a espada e a parede, não tiveram outra opção. Vão mesmo jogar e a coação agora vira-se para o habitual e que tem sido o apanágio dos últimos 3 anos, ou seja, o chafurdar na lama o nome do Benfica por todos os meios. E assim, desde logo se preocuparam em reunir todos os seus cartilheiros e cartilheiros adoptivos (nova modalidade em voga e criada pela Aliança Dragarta parida no Hotel Altis) para essa tarefa.
Começou com uma reportagem de um tal Tarik (Tareco, em Português, ahahahah) do New York Times, um senhor que segue no Twitter todos os peões da Aliança Dragarta do Altis. Coincidência do caralho.
Desmascarado o Tareco, rapidamente se teve que apontar a mira noutro sentido. E então lá vieram os cartilheiros e os cartilheiros adoptivos pronunciar-se dia sim, dia sim sobre a nomeação da futura Presidente do Conselho de Disciplina da FPF. E neste caso, vamos entrar em maior detalhe. E sabem qual é o problema? Não é o facto da senhora em questão ser deputada. É o facto da senhora em questão ter uma simpatia pelo Benfica e ter dito o óbvio sobre o Apito Dourado, que o Calor da Noite e os seus dirigentes (presidente incluído) incorreram em actos de corrupção activa, inclusive assumidos e aceites pelos próprios.
Mas os cartilheiros e cartilheiros adoptivos fizeram uso da sua arma mais poderosa e que tentam a todo o custo descriminalizar em Portugal: a mais pequena conotação/ligação com o Benfica. Um dos cartilheiros adoptivos, Mário Figueiredo ex-Presidente da Liga, na ânsia de participar no espectáculo foi longe demais e descaiu-se-lhe a boca para a verdade. A futura Presidente do CD da FPF foi-lhe na altura recomendada por um advogado andrade para a Comissão de Instrutores da Liga. A ironia...ficámos a saber que quem nomeiava/nomeia pessoas para os órgãos desportivos são os…andrades.
Outra coisa relevante e que ninguém aponta: o presidente da FPF chama-se Fernando Gomes, está implicado nas escutas do apito dourado e foi ele que a convidou para o cargo agora. É andrade até ao tutano. Era inclusivamente o gajo que tratava das facturas das "deusas". Vem agora esta canalhada falar desta nomeação?
É gente totalmente sem vergonha na cara. Estes filhos de uma grande puta têm como presidente da FPF um ex-funcionário da SAD, andrade ferrenho, coadjuvado por Tiago Craveiro, outro andrade fanático. Têm na arbitragem o peão Fontelas Gomes, que entretanto se mantém na Presidência do CA sem qualquer tipo de polémica, vá-se lá saber porquê. Na Liga está Pedro Proença, escolhido por eles e na altura pelo Cashball de Bruno de Carvalho. Coadjuvado por Sónia Carneiro, mais uma andrade fanática. Vêm agora com a suprema lata de pressionar, atacar e coagir pessoas que possam ser Benfiquistas?
Não há Director de Comunicação de clube nenhum no mundo inteiro que constantemente use as redes sociais para incendiar, coagir e colocar tudo o que mexe em causa. Numa liga como a Inglesa, entre outras, isto jamais seria permitido. Para não falar na história dos mails que pagaram para ter, filtrarem o que quiseram e divulgarem no canal do clube a história conforme lhes deu jeito.
Hoje, o mural em memória de Cosme Damião foi vandalizado. É oficial: está mesmo de volta o insulto, a difamação e o ódio ao Benfica, o inimigo público número um da Aliança Dragarta e do Anti-Benfica.
Se a Liga não se mexe para pôr fim a isto, já o Benfica tinha obrigação de desmascarar estes filhos da puta que se sentem com as rédeas soltas para fazer o que querem. Isto não são dias nem meses, tem sido os últimos anos a sujar o nome do Benfica a seu belo prazer."
Saudades!!!
"Bastou 1 dia de desconfinamento e o futebol português voltou ao normal. Esperamos que isto não tire o foco dos verdadeiros problemas nacionais. É preciso confirmar se Cláudia Santos e o “juíz” são Benfiquistas e quem mais comete esse tipo de “crime”."
A voz calou-se à 15 anos!
"Era a voz...
O homem das expressões idiomáticas que, imediatamente, eram reconhecidas.
Quem não se lembra do inolvidável "ripa na rapaqueca", ou "o futebol sem golos é como comer uma muamba sem gindungo"?
Ou então, do modo como gritou este golo que, aqui, apresentamos, em que no auge da loucura gritou o fantástico golo de Rui Costa, no Euro 2004 frente à Inglaterra, com os acordes do hino?
Jorge Perestrelo calou-se de vez há 15 anos!
A seguir ao seu último jogo, a 05 de Maio de 2005 ao seu último grito de golo, no último minuto do desafio entre o AZ Alkmaar e o Sporting, em que Miguel Garcia colocou os leões na final caseira, que haveriam de perder frente ao CSKA!
Num último frémito, gritou esse golo de um modo sublime... arrasador, inesquecível e que colocamos na caixa de comentários, para também podermos recordar!
Morreria, subitamente, no dia seguinte! Porém, quem sempre amou os relatos desportivos, o estilo informal e divertido jamais esquecerá um dos nomes mais icónicos do desporto falado português...a voz inconfundível calou-se a 06 de Maio de 2005!"
Futebol condenado reinventar-se… ou a falir
"Nada será como dantes”. Este é, talvez, o vaticínio mais ouvido e lido – e ao mesmo tempo o mais vago – desde meados de Março, quando o mundo ocidental se viu perante o drama de ter de parar, “travão a fundo”, em praticamente todas as actividades que fazem a sociedade mover-se. Ao mesmo tempo que Governos e entidades tentam descobrir formas de controlar o Covid-19 e permitir o regresso a uma espécie de normalidade, também no Futebol se procuram soluções para que a época 2019/20 a nível nacional e europeu se conclua e os jogos sejam disputados, como parece ser o caso da maioria dos países – incluindo Portugal. Uma urgência que ultrapassa a mera paixão pela modalidade.
A sua mera sobrevivência está em causa, quer no seu todo, quer nas unidades que o sustentam, os clubes. Um pouco por todo o lado surgem emblemas que avançam para o “lay-off” de funcionários, para a redução de salários dos jogadores e técnicos, ou mesmo suspensão de pagamentos. Alguns clubes importantes de Ligas poderosas ameaçam fechar portas perante a ausência de receitas, ao mesmo tempo que as obrigações e despesas se mantêm mais ou menos constantes. Em simultâneo deparamo-nos com a evidência de que os nossos hospitais não estavam preparados, os heróicos profissionais de saúde afinal eram mal pagos, os sistemas de saúde estavam sub-orçamentados; e as notícias de potenciais transferências milionárias no Futebol, mesmo neste contexto, não parecem abrandar. Estaremos todos loucos?
Um travão na “lei da selva”
Um dos maiores clubes da Alemanha, o Schalke 04, está em perigo de fechar, dizem as notícias. Mas será caso único? Certamente que não. Se no Futebol amador fala-se já em jogadores a passar fome em Portugal, no profissional haverá situações de desespero entre aqueles que não ganham os milhões dos grandes craques ou, ganhando, não gerem as suas vidas de forma responsável. E se tal acontece com os jogadores, o mesmo aplica-se aos clubes. Estes ou preparam o futuro de forma diferente, ou correrão novos riscos, que chegam de vários lados. É urgente que a sustentabilidade dos clubes volte ao centro do debate, de forma a travar a irracionalidade que tomou conta do Futebol.
Não querendo entrar em discussões filosóficas ou ideológicas, a verdade é que assistimos há anos a transferências astronómicas, salários de jogadores em níveis obscenos, comissões milionárias para agentes que orbitam e alimentam-se do dinheiro que circula na modalidade, clubes propriedade privada de bilionários que fazem das instituições os seus brinquedos de fim-de-semana, injectando dinheiro de tal forma que subverte a própria competitividade do jogo e choca com as próprias regras dos organismos que tutelam o Futebol, a FIFA e a UEFA. As mudanças fundamentais têm de acontecer aqui, na forma desregulada como tudo acontece. Será crível que os clubes se auto-regularão? Ou terá essa regulação de vir de cima?
A forma como se procederá foge-me por completo, mas acredito que essas mudanças vão acontecer. São inevitáveis, ainda que não se realizem todas as necessárias, ou que se verifiquem a níveis de profundidade insuficientes. Actualmente, os clubes vivem acima das suas possibilidades, algo que em 2010 obrigou a própria UEFA sentir a necessidade de criar o Fair Play financeiro, um mecanismo que “visa melhorar a saúde financeira global do futebol europeu de clubes”. Muitos têm sido os emblemas alvo do escrutínio do organismo, alguns sujeitos a punições e limitações, pois a tentação de se gastar quantias astronómicas em craques e salários, muitas vezes recorrendo a fortunas de proprietários, não só criava uma espécie de “bolha” que fragilizava a própria lealdade da concorrência nas competições, como colocava em risco os próprios clubes.
Medidas essenciais
Nos anos 80 e 90 muito se falou em Portugal da necessidade de os clubes serem auto-sustentáveis, fugindo à dependência de “mecenas”. E esse problema parece ter regressado e agudizado a crise de alguns clubes, pouco ou nada preparados para lidar com a realidade quando o “tapete” lhes é retirado de debaixo dos pés. Assim, acredito que o bom-senso prevalecerá e serão colocadas em prática medidas de solidez financeira própria dos clubes, para que estes vivam sem a dependência de financiamentos externos de diversa índole. E como será isso atingido? De uma forma resumida:
Tectos salariais: As Ligas nacionais, em coordenação com os seus clubes, terão de encontrar uma plataforma de entendimento para a fixação de um tecto salarial. Em Espanha, a La Liga estabeleceu tectos salariais aos seus clubes no início da presente temporada, através de mecanismos específicos que contam com auditorias às contas, passando, entre outros detalhes, pelas transferências realizadas. O objectivo era o de travar a inflação galopante nos salários – que no caso do Barcelona, o mais gastador, foi fixado em pouco mais de €671M (!) – e salvaguardar o futuro das provas. Temo que esta medida tenha de ser generalizada e apertada, reduzindo substancialmente o máximo que cada clube pode pagar ao seu quadro de jogadores.
Limitação às injecções desreguladas de capital: O valor de mercado dos jogadores cairá a pique. Esta parece ser uma consequência natural da falta de liquidez dos clubes nesta altura, que perderam a quase totalidade das suas receitas. Os únicos que poderão ainda manipular o mercado a seu bel-prazer serão os que se precaveram e têm finanças sólidas ou os que têm por detrás o poderio financeiro dos seus proprietários. Este facto irá criar um desequilíbrio ainda maior entre estas potências financeiras e os outros clubes, pelo que a UEFA – que já limita a possibilidade de os proprietários injectarem indiscriminadamente dinheiro nas equipas – terá de reforçar o controlo desses movimentos, evitando assim o monopólio dos mercados de transferências por parte de uma minoria de emblemas e mantendo a competitividade das provas.
Controlo dos valores de transferências: Essa medida visará promover a queda abrupta dos valores gastos na contratação de jogadores, algo essencial para que, com o tempo, os clubes reequilibrem as suas contas. O perigo vem depois, quando essa recuperação se der. Não creio que os clubes, em tempo de vacas um pouco mais gordas, resistam à tentação de voltar a gastar descontroladamente, pelo que terá de ser criado um mecanismo para que não se repita a “lei da selva” do mercado de transferências, sob pena de os problemas regressarem na ocorrência de outra qualquer crise global. Racionalidade precisa-se.
Menor dependência dos direitos televisivos: o futebol parou por completo. As emissoras e detentores de direitos de transmissão vêem o seu negócio esvaziar-se e o pagamento aos clubes dos direitos televisivos (parte já pagos, outros por liquidar) também parou. Este é um dos dramas que assolam os clubes. Se há alguns que recebem pouco das televisões e já vivem menos dependentes desses montantes, há os que sustentam a sua actividade nessa fonte de receita – que atingiu valores perto dos 1,7 mil milhões de euros, por exemplo, na Premier League. Esta realidade remete-nos para a necessidade já referida anteriormente, de os clubes encontrarem formas mais sustentadas de solidez financeira, que prevejam a perda abrupta de algumas das receitas fundamentais. Se tal acontecer, todas as outras premissas virão por arrasto, ou seja, salários e valores de transferências terão de encontrar um nivelamento racional. A própria competitividade das Ligas beneficiará com isto.
Menos poder para agentes de jogadores: Ainda há poucas semanas foi revelado o valor que os clubes portugueses pagam em comissões a empresários. Esse valor, no total, atingiu os €83M, e estamos a falar de uma Liga em que o poder financeiro dos clubes é limitado. Os agentes são, em alguns casos, um dos principais sorvedores de recursos dos clubes e inflacionadores dos mercados de transferências e salários. Por mais difícil que seja remar contra o poder de figuras com tanta influência, a acção dos agentes tem de ser regulada, bem como as comissões que recebem. Tudo rigorosamente escrutinado.
Ligas com menos clubes: Debate antigo é o número de clubes por Liga. É sabido que quanto menos equipas um campeonato tem, mais competitivo este é e mais liquidez financeira gera aos emblemas participantes. Para a recuperação da saúde financeira do futebol é necessário aumentar a sua competitividade e atractividade, e tal só é possível diminuindo o número de equipas por prova. A situação actual em vários países é insustentável.
Acima das possibilidades
Entre profecias de que o Covid-19 é um mensageiro da natureza para nos salvar de nós próprios e ao ambiente, a teorias de que este é o momento para introspecções e epifanias pessoais, surge a constatação de que dificilmente o mundo será o mesmo após solucionarmos o problema. Não acredito, de forma alguma, que a óbvia consciencialização colectiva de que não somos indestrutíveis e de que, na realidade, pouco controlamos nas nossas vidas nos vá mudar como espécie – capaz dos feitos e criações mais extraordinários e, ao mesmo tempo, das acções mais egoístas e cruéis tendo como premissa o nosso interesse individual.
Não duvido que, mal o mundo se abra novamente à chamada “normalidade”, a maioria voltará a correr desenfreada para grandes superfícies a consumir como se não houvesse amanhã, pouco depois de os muitos “amanhãs” terem ficado em suspenso durante meses (alguns para sempre), pouco incomodados com os efeitos das nossas acções, a nossa pegada de carbono, os malefícios de uma vida centrada no superficial. É essa a nossa natureza, a natureza humana. Mas há consequências das quais não poderemos fugir, por mais que nos tentemos enganar. Durante muito tempo tentaram convencer-nos de que vivíamos “acima das nossas possibilidades”. De uma forma dramática, como se de um pesadelo se tratasse, chegamos facilmente à conclusão de que não eram os sistemas de saúde, de educação, de protecção dos cidadãos que nos faziam viver “acima das nossas possibilidades”. O Futebol, esse sim, vivia e ainda vive bem acima, e terá de arrepiar caminho."
Como o desporto, em Portugal, deve ser um guia para a vida pós-confinamento
"A sociedade está a enveredar por um caminho individualista, conduzida por uma liberdade perigosa, porque crescemos com a ideia de que esta existe para se fazer tudo o que se quer. O desporto prega o contrário.
A sociedade e o desporto não podem viver de relações cortadas. É claro para mim que um se desenvolve com o outro, em sintonia, e nunca o contrário. Os acontecimentos recentes obrigam-nos a repensar o nosso papel no mundo e, por isso, e como não tenho tempo para entrar em profundidade num tema tão complexo, sublinharei um enunciado de pontos que considero importantes, neste regresso do desporto a um mundo novo pós confinamento.
Fundamento o texto a partir de três pressupostos:
- É fundamental o entendimento da actividade física como um elemento central na formação do ser humano. O desporto poderá desempenhar um papel na luta contra alguns dos vícios da sociedade em que vivemos, por se tratar de um ambiente privilegiado onde as pessoas se encontram sem distinção, onde podem experimentar a alegria de competir para alcançar uma meta juntos, fazendo parte de uma equipa onde o êxito ou a derrota se supera e se partilha. O desporto também poderá contribuir para a desmistificação da ideia de que se conquista um objectivo quando estamos centrados em nós mesmos;
- O desporto ensina o sentido do outro, a experiência de comunidade e de família;
- Qualquer uma das modalidades, praticadas com seriedade e brio, pode tornar-se num veículo de formação e de desenvolvimento integral do ser humano, ensinando valores como a generosidade, a humildade, o sacrifício, a alegria, a competitividade, o espírito de grupo ou solidariedade.
Por isso, através do desporto, a pessoa é capaz de dar o melhor de si mesma.
Como tal, se no desporto habitam valores tão nobres, revelar-se-á importante uma revolução paradigmática no âmbito educacional, humano e cultural:
- Âmbito educacional e humano: Revelar a importância do desporto escolar, através do ensino de modalidades diferenciadas; desenvolver acções de formação para encarregados de educação em escolas, clubes, federações ou instituições que promovam o desporto e a actividade física; promover acções de formação de um bom dirigismo, encorajando todas as entidades que vão ao encontro dos valores fundacionais do desporto e corrigindo de forma clara e objectiva (se necessário com punições) as entidades ou os indivíduos que adulterem esses mesmo valores; Introduzir critérios exigentes, coerentes e sérios na escolha dos recursos humanos (treinadores, dirigentes, etc) para evitar colapsos constantes e mudanças nas estruturas; promover e divulgar a boa comunicação em jornais, revistas ou televisões, e condenar a comunicação sensacionalista, que não se coaduna com a função social e educativa do desporto.
A sociedade está a enveredar por um caminho individualista, conduzida por uma liberdade perigosa, porque crescemos com a ideia de que esta existe para se fazer tudo o que se quer. O desporto prega o contrário. Quem já experimentou praticar um desporto, individual ou colectivo, percebe que a liberdade pressupõe regras, responsabilidade e um enorme sentido do outro. Acredito que se o desporto de alta competição é, por vezes, violento, agressivo e corrupto, significa que estamos a falhar na formação e na comunicação. As crianças, cada vez mais, abandonam precocemente as suas actividades e, quando olhamos para cima, nem sempre os exemplos são os melhores. No futebol de formação, continuamos a incentivar os nossos atletas, dirigentes, treinadores e pais a quererem enganar os árbitros, a desrespeitarem os mesmos, a simularem faltas e a perderem tempo de jogo. Nestes casos, os fins justificam os meios... (porque parece que no momento da vitória tudo está certo quando, muitas vezes, a realidade demonstra o contrário)
- Âmbito cultural: A sociedade está polarizada. Por um lado, a especificidade de conhecimento é cada vez maior e, por outro, a multidisciplinaridade é valorizada. No caso do desporto, a primeira é muito importante (e, a meu ver, bem), mas a segunda muito pouco (e, a meu ver, mal). Para que os nossos horizontes se tornem mais amplos, gostaria que fosse possível a abertura ao mundo da cultura, das artes ou da gestão (e muitas outras), para que, em vez do medo de coabitar com pessoas de outros meios, nasça uma ambição pelo desenvolvimento, através do cruzamento de pessoas com valências diferentes e complementares.
- Competitividade e entreajuda: Sejamos realistas. O futebol é o principal desporto em Portugal e tem razões para tal. É a modalidade mais praticada, com mais audiência e a que mais contribui para a economia do país. Mas, como referi no início, é nossa obrigação contribuir para uma maior igualdade entre modalidades. O futebol, por tudo o que já conquistou, poderá desempenhar um papel relevante no desenvolvimento de outras actividades, pelo seu poderio a vários níveis. Os exemplos de superação e conquistas noutras modalidades tem sido tão notórios que não consigo elencar um por um os casos de sucesso. Logo, é um sinal evidente de que há mais praticantes, mais interessados e que devemos investir neles. Porque todos vamos precisar uns dos outros. É essa a razão que me faz acrescentar que os clubes portugueses em dificuldades necessitam daqueles que têm maior envergadura e o fosso não poderá aumentar. E se assim é, o aumento da competitividade entre clubes vai depender da ajuda dos “clubes grandes” e essa responsabilidade deve ser-lhes entregue.
- Alguns exemplos no futebol português: Se ao longo dos últimos anos, o futebol parecia uma ilha paradisíaca em matérias económicas e financeiras, esta pandemia foi clara ao deixar expostos alguns problemas – jogadores com problemas de sobrevivência, clubes com ruptura de tesouraria, etc. Torna-se, por isso, urgente a restruturação do modelo do futebol em Portugal, tomada a cabo pela FPF, pela Liga Portugal e pelo governo. É deles a responsabilidade de gerir com alguma firmeza os problemas nos estádios, os comportamentos inadequados dos adeptos, os problemas nos recintos de formação, os despedimentos constantes e trocas entre técnicos, os incumprimentos salariais, o domínio monopolizado dos “clubes grandes” nos escalões mais jovens, a organização da formação de treinadores (que não é coerente com a qualidade dos mesmos), a falta de abertura dos clubes à comunicação social ou o distanciamento para com os adeptos. A FPF também poderá assumir com clareza as suas posições relativamente ao Campeonato de Portugal e a outras competições, sem fechar os olhos aos buracos evidentes.
Não posso terminar este texto sem referir os bons exemplos de muitas pessoas envolvidas no desporto e no futebol em Portugal. Desejo vivamente que continuem a aparecer pessoas que encorajem valores sólidos e que sirvam de exemplo para toda a sociedade. Este é o tempo de pensarmos naquilo que fizemos, naquilo que estamos a fazer, e naquilo que desejamos fazer, de forma a contribuirmos todos para um desporto que nos eleve enquanto país e enquanto seres humanos."
O melhor 11 dos escalões de formação do SL Benfica
"A academia do Seixal é uma das melhores escolas de formação do mundo. O SL Benfica já formou jogadores como Renato Sanches, Bernardo Silva, João Cancelo, Gonçalo Guedes, André Gomes, Gedson Fernandes, João Félix, etc.
Actualmente, a academia dos encarnados continua repleta de craques prontos a explodir. Estas talvez sejam algumas das melhores gerações de sempre da academia do Seixal.
Como tal, decidi eleger o melhor onze dos que ainda estão na formação encarnada. Os critérios utilizados foram os seguintes: os jogadores devem ter ainda idade de júnior (19 anos ou menos), independentemente de jogarem já na equipa B ou sub-23. Procurei igualmente que nenhum jogador deste onze tivesse já representado a equipa A (isto torna Morato e Tiago Dantas não elegíveis para o onze).
Guarda-redes
Samuel Soares – Um dos grandes talentos da academia encarnada. O jovem guarda redes de apenas 17 anos tem sido o titular indiscutível da equipa de juniores das águias. Tem também já algumas aparições na equipa de sub-23 do SL Benfica.
Samuel Soares tem vindo a fazer exibições verdadeiramente impressionantes. Os seus reflexos são absolutamente felinos, apesar de não ser especialmente alto (1.83m). Samu, como é conhecido, é velocíssimo a sair dos postes. O controle de profundidade é uma das suas melhores qualidades. Esta é uma característica muito importante para uma equipa que jogue com uma defesa tão subida como o SL Benfica. Samuel é também muito forte no jogo com os pés, contribuindo muitas vezes na primeira fase de construção dos encarnados.
O desenvolvimento do jovem guardião das águias tem sido notável e não parece ter fim à vista. Samu consegue este lugar no 11 inicial batendo Leo Kokubo por uma muito pequena margem.
Menções honrosas: Leo Kokubo e Guilherme Fernandes
Defesas-centrais
António Silva e Tomás Araújo – Apenas nascido em 2003, António Silva é provavelmente a melhor promessa do centro da defesa na academia do seixal. O jovem central é um jogador com imensa qualidade, até diria classe, com a bola nos pés. Contribui muito no jogo ofensivo. Tem uma excelente leitura dos lances permitindo-lhe chegar quase sempre primeiro às disputas. É excelente a controlar a profundidade e domina os comportamentos da sua linha defensiva.
Tomás Araújo é um central muito completo. Forte a defender, mas com uma excelente relação com a bola. A leitura de jogo ajuda muito à sua prestação tanto nos momentos ofensivos como defensivos. A sua capacidade física é invejável. Tomás Araújo é também um líder nato.
A posição de defesa central é provavelmente a mais fraca da academia do Seixal. Devido a isso mesmo, o SL Benfica tem procurado jovens centrais no estrangeiro. Ainda assim há diversos jogadores com qualidade.
Menções honrosas: Alexandre Penetra, Pedro Ganchas e Bajrami
Defesa-direito
Filipe Cruz – Filipe Cruz é, para mim, o próximo grande lateral a sair da formação do Seixal. O jovem nascido em 2002 é o lateral direito titular da equipa de juniores dos encarnados. Filipe Cruz começou a sua formação enquanto jogador na posição de extremo. A descida no terreno foi a ideal para as suas qualidades. Defensivamente, Filipe Cruz é muito agressivo e vai desenvolvendo uma capacidade física invejável (muitíssimo veloz e forte fisicamente). A maior qualidade do jogador é, talvez, a facilidade que tem a jogar com os dois pés. Filipe Cruz é um jogador quase ambidestro, uma qualidade muito rara e que lhe permite adicionar ferramentas ao seu arsenal ofensivo e procurar o jogo interior com muito mais facilidade.
Ofensivamente, Filipe Cruz é também muito competente, tendo uma capacidade de cruzamento muito boa (é até o batedor de bolas paradas da equipa). A sua velocidade permite-lhe fazer todo o flanco em muito pouco tempo.
Menções honrosas: Fábio Baptista, João Ferreira e Tomás Domingos
Defesa-esquerdo
Guilherme Montóia – Guilherme Montóia, nascido em 2003, é ainda juvenil. Um jogador alto e muito veloz, Montóia consegue fazer todo o corredor num instante. Apesar da grande contribuição ofensiva, é no momento defensivo que o jovem mais brilha. No 1×1 é praticamente impossível ultrapassá-lo. A sua inteligência e cultura táctica são o que mais distinguem o jogador.
Guilherme Montóia é uma das maiores promessas do Seixal.
Menções honrosas: Sandro Cruz e Rafael Rodrigues
Médio-defensivo
Rafael Brito – Esta escolha seria inevitável. Rafael Brito é apenas júnior de primeiro ano, mas é já titular na equipa B do SL Benfica. Cresceu na formação como central ou médio defensivo, mas pode também fazer a posição de lateral direito. Rafa Brito é um jogador com uma raríssima compreensão táctica, daí a facilidade com que ocupa diferentes posições. O jovem jogador parece pensar sempre antes dos outros, quando a bola chega aos seus pés ele já sabe de antemão o que fazer com ela. É fundamental na primeira fase de construção devido ao seu elevadíssimo critério.
Defensivamente é um jogador muito disponível e forte fisicamente. Disputa todos os duelos como se fossem o último e é óptimo a fechar espaços.
Dentro de muito pouco tempo, Rafael Brito estará ao mais alto nível.
Menções honrosas: Henrique Jocú
Médio-centro
Paulo Bernardo – Com a impossibilidade de colocar Tiago Dantas, a escolha nesta posição recai sobre um jogador igualmente talentoso e um dos três melhores jogadores de todo o Seixal.
Paulo Bernardo, ainda júnior de primeiro ano, já tem aparições na equipa B e é titular habitual na equipa de sub-23 das águias.
Paulo é um jogador de grande qualidade técnica. A forma como toca na bola é absolutamente diferenciada. O jovem médio é sobretudo um jogador de criação, tendo uma grande qualidade de distribuição de jogo e transporte de bola. Tanto pode operar em zonas mais características de um médio ofensivo e procurar fazer a diferença em espaços mais curtos, como pode recuar no terreno e ajudar nas primeiras fases de construção permitindo que outros jogadores busquem espaços interiores mais adiantados.
Paulo Bernardo é um jogador que tem também uma forte chegada à área e conta com uma boa qualidade de remate e finalização. O jogo do jovem jogador das águias em tudo se assemelha ao do “maestro” Rui Costa.
Menções honrosas: Martim Neto, Diogo Nascimento e João Neves
Médio-ofensivo
Ronaldo Camará – O meu jogador favorito da formação encarnada e provavelmente a maior joia da formação do Seixal. Apesar de ter completado recentemente 17 anos, Ronaldo Camará figura já desde os 16 anos na equipa de sub-23 das águias e foi um dos mais novos de sempre a estrear-se na equipa B.
Criatividade é a palavra certa para descrever o jogador. A forma como domina a bola, procura espaços e faz chegar o esférico aos seus companheiros parece tão simples. Ronaldo Camará é um jogador que parece fazer tudo bem e com uma simplicidade que provoca uma tremenda calma.
A facilidade com que tira da frente adversários é a mesma com que faz um passe a rasgar linhas, isolando um companheiro de equipa. É um jogador realmente muito especial.
Menções honrosas: Hugo Félix
Extremo-direito
Úmaro Embaló – Talvez a escolha mais difícil de todo o onze. Neste lugar podia perfeitamente figurar Tiago Gouveia, mas acabei por escolher Úmaro Embaló.
Úmaro é já há muito tempo conhecido como um dos melhores jogadores dos escalões de formação das águias, mas as lesões têm prejudicado o seu desenvolvimento. Este ano estava a fazer uma época de bom nível na equipa B do SL Benfica.
O jovem extremo encarnado é um jogador marcado pela vertigem e pela qualidade técnica. Muito rápido e forte no 1×1, conta também com um excelente remate de longe e uma excelente capacidade de finalização (com ambos os pés). A maior qualidade de Úmaro diria que é a confiança com que desempenha todas as acções no jogo.
Menções honrosas: Tiago Gouveia
Extremo-esquerdo
Gerson Sousa – O lado esquerdo do ataque encarando conta com jogadores de muita qualidade, mas o eleito foi o jovem Gerson Sousa.
Gerson é um jogador diabolicamente rápido e ágil. O jovem é caracterizado pelo desequilíbrio individual, mas define quase sempre bem no último terço. Gerson é capaz de fazer ambos os flancos, mas creio que brilha mais no lado esquerdo, onde pode procurar mais o espaço interior e a baliza do adversário.
Menções honrosas: Kevin Csoboth, Jair Tavares e Tiago Araújo.
Ponta-de-lança
Gonçalo Ramos – Gonçalo Ramos começou a sua carreira como médio interior, mas foi subindo no terreno até chegar à posição de avançado centro (primeiro na selecção, depois também no SL Benfica). Um jogador forte fisicamente e sempre muito disponível a lutar pelas bolas perdidas no último terço.
Um avançado muito trabalhador que não é especialmente técnico, mas que se faz valer da sua elevada inteligência para sobressair, sobretudo no trabalho sem bola. Em frente à baliza é caracterizado por uma frieza rara e uma grande facilidade de finalização.
Gonçalo Ramos deverá fazer parte do plantel principal já na próxima época.
Ponta de lança é historicamente uma posição menos preenchida na academia do Seixal, mas nos últimos anos vão aparecendo jogadores de muita qualidade nesta posição.
Menções honrosas: João Resende e Henrique Araújo."