"- Como foi possível efectuar este reembolso sem condições para efectuar nova emissão, como já aconteceu noutras ocasiões com outras SAD, e inclusive como já sucedeu com o Benfica?
- Durante muito tempo o método normal de lançar novos empréstimos obrigacionistas era fazer o reembolso anterior, com uma operação de alguma forma apoiada por uma entidade financeira, e, em função da adesão dos obrigacionistas, conseguir o reembolso da entidade financeira. Desta vez, como toda a gente percebe, há condições de mercado que são diferentes, mas, de uma maneira positiva, o Benfica tinha disponibilidades de tesouraria suficientes não apenas para fazer este reembolso de quase 50 milhões de euros, mas também para ter feito, como fizemos em janeiro, um reembolso antecipado de umas obrigações que se venciam em 2021. Juntando estas duas operações, estamos a falar de um total de reembolsos feitos com meios próprios, sem recurso a financiamento extraordinário, de cerca de 75 milhões de euros.
- O Benfica poderia ou deveria ter suspendido este reembolso em função do actual contexto de danos provocados pela pandemia de COVID-19?
- Seria possível fazê-lo. Tecnicamente falando teria sido possível conseguir fazer uma suspensão ou adiamento do reembolso. Para isso era necessário convocar uma Assembleia Geral de obrigacionistas, o que normalmente se faz com pouco mais de um mês de antecedência, e explicar o adiamento do reembolso. Uma das questões críticas do Benfica é efectivamente garantir que em nenhum momento falhamos perante os nossos financiadores, sejam bancos, obrigacionistas ou outras entidades financeiras que nos têm apoiado. Entendemos que não deveríamos fazer o adiamento e, em função das disponibilidades, decidimos fazer o reembolso na data prevista, que é justamente amanhã [24 de Abril].
- Disse que o Benfica tinha como prioridade diminuir a exposição a emissões obrigacionistas. Está excluída a possibilidade de lançamentos de novos empréstimos obrigacionistas no futuro?
- Não, não está, e sobretudo numa conjuntura que é completamente diferente daquilo que antecipávamos há sensivelmente um ano. Foi positivo termos tido a capacidade financeira para fazer estes dois reembolsos nas datas previstas. Se nada tivesse mudado, se não houvesse uma conjuntura anormal, provavelmente não estaríamos a falar de novas emissões, mas em função daquilo que é a realidade prática – e já percebemos que esta crise também vai ter impacto na nossa indústria –, é natural que, uma vez que o mercado se reanime, venhamos a fazer alguma emissão obrigacionista, até porque também sabemos que muitos dos detentores de obrigações do Benfica têm neste o seu principal instrumento do ponto de vista de investimento. Se de alguma forma as pessoas se sentiram algo decepcionadas quando antecipámos o reembolso que fizemos em Janeiro deste ano, desta vez entendemos que isso pode ajudá-las na sua gestão de tesouraria pessoal nos próximos tempos, que são incertos. Uma vez esta incerteza resolvida – não sei se daqui a seis meses ou um ano –, é natural que voltemos a utilizar o instrumento de empréstimos obrigacionistas como um dos nossos instrumentos de financiamento.
- Como fica o endividamento do Benfica, neste caso da SAD, relativamente a empréstimos obrigacionistas e ao sistema financeiro?
- Depois desta operação, temos um total de empréstimos obrigacionistas a correr de cerca de 60 milhões de euros, e temos mais uma operação de financiamento junto de uma entidade financeira de cerca de 10 milhões euros. No total – e falo do Grupo Benfica todo, porque a dívida está fundamentalmente centrada do lado da SAD –, a dívida sujeita a encargos financeiros é de cerca de 70 milhões de euros, um valor extremamente baixo. Se olharmos numa perspectiva histórica, só no início do século, quando ainda não tínhamos o novo Estádio e o Benfica Campus, é que tivemos uma dívida tão baixa. Nos últimos 18 anos, inclusivamente antes de o Estádio ser inaugurado, já tínhamos dívidas superiores a este montante de 70 milhões de euros.
Para apresentar estes dados financeiros, muitos analistas têm dito que esta recuperação do Benfica só foi possível devido ao efeito da transferência de João Félix no último verão para o Atlético de Madrid. É verdade?
Em parte, é verdade, mas é uma análise muito curta, esquecendo o que tem sido a nossa evolução na última década, mais precisamente nos últimos sete anos. Os resultados que vamos apresentar no final do ano desportivo, independentemente do impacto da pandemia, serão sempre positivos, de forma natural, como já tinha antecipado noutras intervenções, sobretudo porque o ano nos correu bem e a venda de João Félix teve impacto neste exercício de 2019-2020. Serão sete anos de resultados positivos, e aquilo que fizemos ao longo deste período de sete anos foi, de uma forma paulatina, construir um modelo de redução do nosso endividamento. Naturalmente, e nunca o escondemos, o contrato de direitos televisivos que assinámos com a NOS também nos permitiu fazer uma redução ainda mais acentuada. Esta é a explicação. O efeito Félix nunca pode ser entendido como a única explicação para termos um montante de endividamento tão baixo, que é consequência, isso sim, da estratégia e da política seguidas. Mais do que falar de um montante de endividamento baixo, é importante falar das disponibilidades de tesouraria altas que temos, mesmo depois deste reembolso.
- Era muito redutor dar apenas a transferência de João Félix como razão para estes bons resultados…
- O pico máximo de endividamento que tivemos deve datar de 2013/14. Foi um valor acima dos 300 milhões de euros. Actualmente estamos, como eu referi, com um montante de 70 milhões de euros, e, portanto, esta redução superior entre os 230 e os 250 milhões de euros nunca poderia ser só explicada pelo efeito João Félix.
- Com estes resultados financeiros que o Benfica tem apresentado e com a redução do endividamento, será que isto não vai ter consequências desportivas para o Benfica na próxima temporada?
- Há duas questões aqui que são importantes compreender. Há uma questão de tesouraria e outra questão que são os resultados financeiros. Nós já antecipámos, dentro de todos os modelos que já equacionámos, aquilo que possa ser o impacto nas nossas contas – e quando falamos de contas, falamos da parte financeira. Este ano, e temos uma clara noção que, dependendo ou não de termos jogos à porta fechada isso terá impacto, dependendo ou não de podermos concluir os dez jogos que nos faltam, isso terá impacto também do ponto de vista dos direitos televisivos. Digamos que do ponto de vista financeiro conseguimos, de alguma forma, determinar o que é que vai ser o resultado final deste exercício em função sobretudo destas duas variáveis: há ou não há jogos, e havendo jogos, se são à porta fechada. Qualquer que seja o impacto, os nossos resultados serão naturalmente sempre positivos, e até diria muito provavelmente um dos melhores resultados da história da SAD do Benfica. Depois existe uma segunda questão, que é a tesouraria. Conforme se viu na apresentação dos resultados no final do primeiro semestre, o Benfica tinha em caixa mais de 100 milhões de euros. Apesar de fazermos agora este reembolso de quase 50 milhões de euros, continuamos com uma posição de caixa extremamente favorável e positiva. Como é evidente não há uma posição de caixa que nos permita continuar, por exemplo, sem ter competições durante mais uma época desportiva inteira, não temos capacidade para isso, como não tem ninguém. Não é um tema do Benfica, é um tema de todos os clubes nacionais e europeus.
- (...)
- O que se passará na próxima época desportiva é a grande incógnita, porque se conseguirmos ter jogos, mesmo à porta fechada (que é uma coisa que ninguém deseja, mas que nos pode ser imposta), teremos aqui um impacto do ponto de vista de receita de bilhética, e aí será a nível de caixa e de resultados económicos. Depois temos uma segunda coisa que também toda a gente já percebeu que vai acontecer: todos os grandes clubes atravessam uma situação idêntica e mais difícil, portanto, este mercado de transferências que vamos ter daqui até ao final do ano vai ser um mercado de transferências diferente, provavelmente aberto durante mais tempo, mas que só se pode iniciar a partir do momento em que as competições sejam fechadas. Este mercado de transferências vai ser diferente numa perspectiva de menos negócio e, provavelmente, na desvalorização de alguns activos. Estes dois efeitos conjugados, da bilhética e do mercado de transferências, terão repercussões no próximo ano, quer ao nível financeiro (mas aí temos a certeza que o efeito COVID-19 vai tentar ser de alguma forma anulado para a análise da boa ou má gestão dos clubes), quer do ponto de vista das disponibilidades de caixa dos clubes. Portanto, o grande desafio que os clubes têm, e isso é válido para o Benfica, é termos, ou não, condições de caixa para fazer face a um exercício que, pelo menos nestas duas variáveis, transferências e bilhéticas, vai ter um impacto negativo.
- De acordo com as contas do Benfica, qual é o impacto dos jogos à porta fechada ou, por outro lado, não havendo jogos?
- Se eu quiser somar todas as receitas do ponto de vista de RED PASS, camarotes, da executive seats, normalmente a nossa receita de bilhética é, e vou apontar um número gordo que pode ter variações de dez por cento, de 25 milhões de euros. Portanto, temos aqui uma referência que se fizermos 25 jogos por ano, cada jogo à porta fechada tem aqui um custo de cerca de um milhão de euros. Se não tivermos jogos... e aqui é preciso fazer uma leitura atenta daquilo que são os diferentes clausulados de cada contrato, que no nosso caso é um contrato com a NOS. Falando nos valores que são pagos relativamente aos direitos televisivos, que no nosso caso há um valor para direitos televisivos e outro para a exploração da própria BTV, o impacto seria acima destes 25 milhões de euros, se estivéssemos uma época inteira sem ter jogos, mas aí o reflexo é muito maior porque não conseguimos ter outras receitas, pois as receitas de merchandising, de transferências, das competições europeias, sem jogos, não existem. Esse seria um cenário catastrófico e acho que ninguém o equaciona. O que todos queremos, dentro das condições possíveis e de maximizar as garantias de segurança dos nossos atletas e daqueles que estão a assistir aos jogos, é voltar às competições, vontade essa que tem sido unânime desde que as condições sejam asseguradas.
Domingos Soares de Oliveira CEO Benfica
- Fala-se que é difícil ter, a curto prazo, as tais transferências de 100 milhões de euros, como aconteceu recentemente com o Benfica. Segundo um estudo realizado pelo Transfermarkt, os jogadores estão a desvalorizar em média 20 por cento. Isto significa que para um clube como o Benfica, cuja parte da sua receita é proveniente da venda de jogadores, poderá ser mais aconselhável esperar mais um ano para realizar uma transferência que poderia realizada neste defeso?
- Essa pergunta depende em primeiro lugar da capacidade que o Benfica tenha para fazer face à crise. Hoje, temos uma situação financeira positiva, conseguimos olhar para a frente e ter a certeza de que temos as condições necessárias para continuar para os próximos meses, em situação de caixa, sem necessidade de entrarmos em planos extremamente redutores relativamente àquilo que é a nossa actividade. Nesse sentido, também não queremos ver as transferências de jogadores afectadas por esta crise. Não vamos entrar num mercado de transferências em que os nossos atletas estejam a ser desvalorizados. A análise que o Transfermarkt fez é correta, mas durante o período de transferências iremos ver alguns jogadores que poderiam ter um valor no ano passado e, este ano, vão ter um valor completamente diferente. Contudo, as condições irão mudar na janela de transferências seguinte, provavelmente no verão de 2021, e a razão para tal acontecer é porque, a partir do momento em que entremos novamente numa via normal, o que faz subir o valor dos jogadores é a concorrência. Temos uma concorrência, não tanto económica, mas sim desportiva. Nessa concorrência desportiva o objectivo de cada clube é estar sempre à procura dos melhores recursos. Da mesma maneira que nós [Benfica] queremos os melhores recursos, e estaremos na disposição de pagar por eles, também há outros clubes, mais poderosos que o Benfica, que em determinada altura, pelos factores concorrenciais, vão outra vez tentar garantir os melhores jogadores, e esperemos que eles possam sair do nosso Benfica Campus. Há uma situação momentânea de desvalorização dos jogadores que creio que irá acontecer neste ano de 2020, mas a partir de 2021/22 o mercado voltará a conhecer os valores que já conheceu no passado.
- Tem-se falado muito que os clubes portugueses precisam de "apertar o cinto" face às actuais circunstâncias. Sabemos que o Sporting fez uma redução do salário dos futebolistas, há um processo de lay-off dos funcionários, temos lido algumas notícias em relação ao FC Porto... E em relação ao Benfica?
- Temos estado em permanente análise daquilo que são as informações do mercado e como elas impactam as contas do Benfica. Aqui, temos naturalmente várias realidades porque o Universo do Benfica é o Clube e depois são cerca de dez empresas. Aquilo que é a situação do lado da SAD não é uma situação igual à Benfica Estádio, não é igual à da BTV, como também não é igual à do Clube. Apesar de fazermos uma gestão consolidada, depois temos de atender àquilo que é a realidade de cada universo empresarial. Não posso dar nenhuma garantia relativamente ao futuro, mas aquilo que posso dizer aos benfiquistas é que só entraremos num processo mais acentuado de redução de custos se efectivamente tivermos necessidade de fazer esse processo. Para já, numa primeira fase logo no mês de Março, o que fizemos foi rever de uma forma significativa tudo aquilo que eram os grandes investimentos, e em particular o Estádio da Luz. Tínhamos previsto fazer mudanças muito grandes no ponto de vista de iluminação, do ponto de vista do som, do ponto de vista de megascreens, todavia, esses investimentos foram colocados em suspenso. Tínhamos outros investimentos para fazer no Seixal que também foram, de alguma forma, postos em espera. Analisámos, já durante o mês de Abril, tudo aquilo que são gastos que temos dentro dos vários departamentos que pudessem ser evitados. A título de exemplo, revimos todos os custos que temos com a pré-época e, por iniciativa do próprio departamento de futebol, entendemos parar uma parte significativa desses custos, que considerámos não serem estritamente necessários. Relativamente a tudo o resto, estamos a fazer aquilo que entendemos ser o correto, ou seja, continuar a honrar todos os nossos compromissos. Não sabemos o que irá acontecer relativamente à época 2020/21, falta muita informação, falta perceber como é que o mercado vai funcionar, mas, para já, a única coisa que posso dizer é que estamos muito atentos a pilotar a situação de forma permanente, regular, com o Presidente totalmente envolvido neste processo.
- O Presidente – ainda agora na carta enviada aos Sócios – e Domingos Soares de Oliveira têm, a uma só voz, transmitido algum optimismo. O Benfica está mais bem preparado para as consequências desportivas, e do ponto de vista económico, tendo em conta o que aí vem?
- Não quero fazer uma comparação entre o Benfica e os seus rivais, em particular o FC Porto e o Sporting, porque vivemos realidades diferentes. Portanto, vou analisar apenas o lado do Benfica. Hoje, estamos mais bem preparados do que há um ano, e há um ano estávamos mais bem preparados do que há dois. Temos condições para olhar para o futuro com uma confiança moderada. Olhamos para estas nuvens negras que andam em cima das nossas cabeças e não sabemos quando é que elas vão desaparecer. Todos queremos voltar à vida normal, queremos que os jogos recomecem, queremos vibrar dentro dos estádios com público. Não sabemos quando é que isto vai acontecer, porque não está nas nossas mãos. Esta confiança é sustentada pela nossa condição económico-financeira, com as nossas disponibilidades de tesouraria, mas é moderada porque não sabemos o que o futuro nos reserva. Com essa cautela, hoje estamos bem preparados. Se assim não fosse, não teríamos capacidade para fazer, sozinhos, este reembolso de quase de 50 milhões [de euros] no meio da maior crise que cada um de nós já viveu.
- Tendo em conta esta crise inédita, como é que olha para este cenário económico que se avizinha e para o impacto que isto possa ter no futebol que se segue nos próximos tempos?
- Teremos 12 a 18 meses desafiantes como indústria. E depois teremos uma situação diferente. Desafiantes porque diversas variáveis fundamentais na nossa indústria estão a ser postas em causa. Vamos ou não ter espectadores dentro do estádio? Há ou não transferências? Há ou não jogos que permitam transmissões televisivas? As respostas a estas questões terão grande impacto na indústria. Ela não vai ter de se reinventar, porque a base é o espectáculo ao vivo, mas vai passar por desafios. E não é só a indústria do futebol, mas sim a indústria do entretenimento onde está o futebol. Por exemplo, um espectáculo de uma banda de rock em diferido na televisão ou ao vivo, obviamente que as pessoas mais rapidamente pagam para ver esse espectáculo ao vivo. Toda esta indústria do entretenimento vai passar por um processo desafiante, mas é um processo que terá um fim, estou certo, algures em 2021, e a partir daí teremos condições – eventualmente com outras modalidades, e, aí, o Benfica antecipou-se através da aposta na Formação – de sustentabilidade para voltar a ser uma indústria florescente e positiva. Há poucos sinais de vida positiva como o futebol. As pessoas adoram e emocionam-se com o futebol. Esta indústria que faz as pessoas sentirem-se vivas, tão depressa quanto possível, tem de voltar a ocupar um lugar de destaque nas nossas cabeças, no nosso coração e nas nossas emoções.
- Mesmo com jogos à porta fechada, afastando os adeptos do grande palco?
- Nós não queremos jogos à porta fechada, mas se tivermos de entrar nesse caminho, vamos entrar. Isso lança-nos outro desafio, como sociedade e não como indústria do futebol. Naturalmente, as pessoas gostam de vibrar juntas, mesmo que em frente a uma televisão. Por exemplo, as Casas do Benfica têm uma actividade importante que é a transmissão dos jogos. E eu, ainda antes desta crise, assisti a um jogo do Benfica na Casa do Clube em Grândola, porque estava no Alentejo, não estava aqui [em Lisboa]. Como vamos fazer isso? Como é que vamos garantir que as pessoas podem ver os jogos em segurança sem irem ao estádio? Como garantimos que não há aglomerados quando o Benfica joga no Norte ou no Sul? Isto porque as pessoas vão sempre receber o Benfica. Temos, como sociedade, um conjunto de desafios pela frente, às quais ainda não temos resposta, mas encontrá-las-emos em devido tempo.
- Gostaria que deixasse uma mensagem final aos Benfiquistas e não apenas aos accionistas...
- A mensagem é de que temos confiança num futuro positivo, confiança de que voltaremos a vibrar dentro dos estádios e dentro dos maiores palcos europeus, como já vibrámos. O Benfica está preparado para esta crise. Em função dos desafios colocados, encontraremos resposta. Já vivemos tempos de tremendos sobressaltos, como foi a passagem do Século em que o Benfica estava praticamente em falência, do ponto de vista técnico e prático, e conseguimos ultrapassar. Com a força dos Benfiquistas, tenho a certeza de que saberemos ultrapassar este desafio. É preciso continuarmos juntos, cada um em sua casa para, no futuro, podermos estar juntos no estádio."