sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Que raio nos resta, assim...

"Vejamos: por enquanto nada está ganho em termos de títulos. Para além daquela saborosa e contundente vitória sobre o 'antagonista' de ocasião, na Supertaça, evidentemente...
Mas, em todo o caso, neste caso, essa já lá vai. Cinco a zero, sem mais conversa. Ponto final. E a dita já se encontra no seu devido lugar à vista de todos, desde esse 4 de Agosto do ano passado - está reluzente e descansada na sua competente peanha, no Museu Benfica - Cosme Damião, que é onde, de resto, fica muito bem. Embora, na realidade, tal magna copa seja um troféu, assim... a modos que híbrido, que ninguém sabe muito bem a que época se há de atribuir - se à anterior (que já se tinha ido), ou à seguinte (que, então, ainda estava para vir)...
Agora, quanto às contas que verdadeiramente a nós (e os outros) nos interessam, pode dizer-se com propriedade e com oportunidade que - apesar das reconfortantes aparências - ainda nada se ganhou. Precisamente a meio do campeonato, como estamos, quando muito o que temos por diante e à nossa frente é, autenticamente, ter de fazer, pelo menos, outro tanto do que fizemos durante a primeira volta.
Ou, se quiserem, não menos do que se fez na segunda volta da época. É só escolher, porque ambas as opções nos servem.
No entanto, há aqui meia dúzia de conceitos que, à cautela, devemos ter em conta, se não os considerarmos, mesmo, autênticos princípios que será conveniente seguir, com todo o desvelo e cuidado.
Em primeiro lugar, do ponto de vista do Benfiquista comum, sabermos manter a mesma unidade e a mesma confiança entre nós que, nas épocas das vitórias mais retumbantes, sempre sabiamente empurraram os nossos em todas as circunstâncias, mesmo nas mais difíceis e trabalhosas.
Jogar sempre com a Equipa, passando de fora as melhores vibrações que pudermos reunir antes, durante e depois de cada desafio.
Não cantar vitórias, senão no fim de cada jogo; e, sobretudo, nunca, jamais, deitar foguetes (sejam eles metafóricos, ou físicos) antes ou durante cada desafio. Não atender ao item anterior é tão pernicioso e tão grave como estabelecer juízos prévios acerca de, seja quem for, interveniente em cada partida. É essencial que contemos sempre apenas connosco, com os nossos e com as nossas forças reunidas: perder o rumo traçado, ou distrairmo-nos do essencial relativamente a cada um dos sucessivos objectivos que semana a semana foram definidos, pode pôr tudo em causa. Mas, deste modo, afinal, que raio nos resta, assim, nesta aparente 'triste vida' de contenção sistemática?...
Pois, deste modo, certamente que nos restará celebrar em crescendo, jornada a jornada, cada exibição e cada vitória. E, por fim, celebrar, mais intensamente do que nunca, toda a somada conta dos pontos, como - em 37 épocas cumpridas - há muito os nossos nos habituarem a festejar."

José Nuno Martins, in O Benfica

'Privatização', méritos e perigos

"Companheiros os últimos 20 anos dos três grandes, no que respeita a presidentes, treinadores e títulos nacionais:
- FC Porto, um presidente, 17 treinadores, 9 campeonatos ganhos;
- Benfica, dois presidentes, 13 treinadores, 7 campeonatos ganhos;
- Sporting, 8 presidentes, 23 treinadores, dois campeonatos ganhos.
Se nos reportamos apenas aos últimos dez anos, o retrato é este:
- Benfica, um presidente, 3 treinadores, 6 campeonatos ganhos;
- FC Porto, um presidente, 9 treinadores, 4 campeonatos ganhos;
- Sporting, 5 presidentes, 16 treinadores, zero campeonatos ganhos.
Significa isto, relativamente à actual conjuntura do Sporting, que numa actividade onde a evolução na continuidade é essencial para o sucesso, a estabilidade é um bem inestimável. Mas será legítimo, em nome da estabilidade, impedir a alternância que decorre da democracia? A única forma de desatar este nó górdio é decidir, democraticamente, pela alienação da maioria do capital da SAD, criando uma situação comum a todos os grandes clubes estrangeiros, Real Madrid e Barcelona à parte (e estes funcionam com democracia delegada). A solução de entregar a privados (soit disant...)  a SAD pode ser a única que livre o Sporting do declínio. Porém, há um perigo que deve ser desde já identificado. Na maior parte dos casos, os compradores das SAD em Portugal têm primado pela ausência de projecto desportivo, funcionando como predadores que apenas querem fazer dinheiro fácil, tornando os clubes em entrepostos de jogadores e maquinações de apostas.
Fica o aviso, para o caso de..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Duas semanas !!!

"Bastaram apenas duas semanas para assistir a uma total mudança de comportamento e discurso, por parte do Presidente do VSC, Miguel Pinto Lisboa.
O que mudou entretanto? Apenas o adversário. No jogo com o SL Benfica, foi unânime, excepto para o Dragões Diário, que não existiu qualquer falta de Rúben Dias, mas isso, não impediu o líder do Vitória Sport Clube de falar das nomeações, VAR, discutir lances e lançar insinuações sobre os adeptos do SL Benfica.
No jogo com o FC Porto, em disputa o acesso à final da Taça da Liga, que acabou envolto em polémica - independente de com ou sem razão - o próprio assume “discordar com determinadas decisões”, mas acabou no entanto, por não comentar os lances de arbitragem e as incidências do jogo.
Qual a razão para esta diferença de tratamento, quando na melhor das hipóteses, falamos de dois jogos em que o VSC não tem razões de queixa da arbitragem.
Este é um dos pontos que explica todo o poder do #PortoaoColo durante estas décadas. A forma de excepção com que gere diversos intervenientes do fenómeno desportivo.
Por fim, é sempre bom olhar para a própria casa, antes de apontar o dedo aos de adeptos de outros clubes, ainda para mais, quando o histórico fala por si. Ficamos a aguardar agora as declarações de Miguel Pinto Lisboa, sobre a pirotecnia para o relvado e o rasto de destruição que os seus adeptos deixaram no Municipal de Braga."

2020: Odyssea do suplente

"Ficou claro nas oportunidades dadas por Bruno Lage a Ivan Zlobin que o russo ainda não tem aquilo que é necessário para ser o suplente de um guarda-redes com a qualidade de Odysseas Vlachodimos. Se comprometeu em jogos da Taça da Liga como seria se tivesse de actuar na Liga Europa ou num jogo decisivo do campeonato nacional?
O jovem belga Mile Svilar tem estado num bom momento na equipa B dos encarnados, mas precisa claramente de continuar a jogar todos os fins-de-semana para não voltar a regredir na sua evolução. Parece então que o Benfica precisa reforçar a baliza para a segunda metade da época, até porque esse já era um desejo antigo do técnico que sempre quis concorrência forte para o número 99.
Existem várias opções no mercado, com vários preços, idades distintas, proveniências diferentes e nem todos com a mesma experiência entre os postes. Deixo aqui então algumas sugestões que poderiam agradar às águias e levar Luís Filipe Vieira a dar ao mister o tão ambicionado suplente de Odysseas.
Futuro internacional AA português – Rui Patrício é dono e senhor da posição no que toca à principal selecção de Portugal, no entanto alguns nomes têm vindo a surgir como possíveis sucessores do guarda-redes dos Wolves, um deles é Rui Silva que tem brilhado na La Liga ao serviço do Granada, contribuindo bastante para a fantástica campanha da equipa em 2019/2020. Com 25 anos e 1,91m, poderia perfeitamente lutar, num futuro próximo, pela titularidade com o internacional grego do Benfica.
Conhecedor do campeonato – É sempre importante um atleta conhecer o campeonato onde está inserido e em Portugal isso não é excepção, nesta situação está um guarda-redes com bastante qualidade, ainda jovem (24 anos) e que tem sido suplente no Lille (fez apenas 4 jogos). Falo do brasileiro Léo Jardim, que demonstrou ter potencial para outros voos na temporada passada ao serviço do Rio Ave e isso fez com que o clube da liga francesa o viesse comprar.
A caminhar para a 'reforma' – A experiência é sem dúvida um posto e ter no lote de guarda-redes alguém com bastante traquejo pode ser uma vantagem, todos sabemos que nesta posição do campo uma carreira pode durar facilmente até aos 40 anos de idade. Nesta situação existem vários bons jogadores, sendo que um dos mais interessantes é Danijel Subasic que nesta época foi relegado para suplente do Mónaco, aos 35 anos o internacional croata, por 44 vezes, tem tudo para ainda brilhar alguns anos. Menção ainda para outro guarda-redes que teve uma carreira fantástica, mas que tem sido suplente de Jordan Pickford no Everton nos últimos anos, Maarten Stekelenburg de 37 anos. 
Próximo titular – O Benfica pode também, caso veja como provável a saída de Vlachodimos no final da temporada, preparar desde já a sua sucessão e garantir neste momento alguém que se possa assumir facilmente como titular. Se a linha a seguir for esta, penso que Pedrag Rajkovic (24 anos, 1,91m) do Stade de Reims pode ser uma belíssima opção a ter em conta, o internacional sérvio tem sido fulcral no desempenho da sua equipa e tem contribuído com boas exibições para que o clube seja a defesa menos batida do campeonato gaulês neste momento. Também o croata Dominik Livakovic, do Dinamo de Zabreg, seria excelente como primeira linha de sucessão da baliza benfiquista, no entanto o seu alto valor de mercado poderia dificultar a sua vinda para Portugal.
Fora dos 3 grandes – A solução mais falada é mesmo esta, de que o futuro guarda-redes suplente do Benfica vai chegar do campeonato português, sendo que os nomes mais ditos são Helton Leite e Giorgi Makaridze. O brasileiro do Boavista tem boas características e até podia ser uma hipótese forte, mas as lesões dos últimos anos não têm permitido que jogue com a regularidade pretendida num clube grande, já o internacional georgiano do Vitória Futebol Clube demonstrou noutros clubes que não se sente confortável sendo suplente e, também por isso, não aparenta ser mentalmente forte o que importa bastante numa equipa como o Benfica. Com tudo isto surge apenas uma opção dentro de portas que pode ter condições de no futuro defender as redes benfiquistas, Matheus Magalhães, apesar de que um possível negócio como o Sporting de Braga não parece ser nada fácil, o guardião, que a qualquer momento pode obter nacionalidade portuguesa, tem demonstrado nestes anos aos serviço dos gverreiros ter todas as condições para jogar num clube com outras ambições.
Qual seria para vocês a melhor escolha por parte do clube da Luz para poder suprir a possível ausência de Odysseas Vlachodimos? Alguém que venha e não trema em jogos de elevado grau de exigência."

Quem 'matou' a mudança? Suspeito 20 - Resistir à eficácia

"“O que é que torna as organizações grandiosas?” – perguntou o Presidente Mark Angie ao Detective Colombo. Tinham passado umas semanas, depois das conversas sobre os 3 “C’s” que alavancam a eficácia, nomeadamente o Conhecimento (link), a Competência (link) e a Concretização (link) e, desta vez, o Detective Colombo acompanhava a comitiva do F.C. os Galácticos para o grande jogo, no autocarro do Clube. “Que honra” – pensava Ele. Os jogadores seguiam no piso de cima e o Staff sentava-se no de baixo. Ao entrar, o Detective Colombo reparou no detalhe de todas as cadeiras terem as iniciais de cada pessoa bordadas, no encosto para a cabeça e, por isso, esperou que todos se sentassem. Enquanto tirava a sua gabardine, reparou que já estavam todos sentados e que havia apenas um lugar desocupado e, enquanto se aproximava, foi surpreendido com as iniciais “DC” no encosto de cabeça desse banco. Hesitante entre se sentar ou esperar, o Presidente Angie disse – “é mesmo o seu lugar Detective Colombo”.
Com os bancos virados uns para os outros, o Detective Colombo trocou olhares com Robert West Director Geral, Brad Wooden Treinador Principal e Anthony Smith Coordenador da Academia. Todos estavam curiosos por descobrir o que é que tornava as organizações grandiosas e, já depois do autocarro arrancar, o Detetive Colombo começou por perguntar – “concordam que todas as acções – concretizações – têm uma reacção, um efeito, um impacto, um desenlace ou uma consequência?” Perante o acenar de acordo com a cabeça, de todos, o Detective disse – “o problema não está nas acções ou concretizações terem consequências, mas na qualidade das mesmas”. “Como assim?” – perguntou o Presidente Angie.
“Quando um jogador é substituído e atira a braçadeira de Capitão para o chão, não cumprimenta o Treinador ou Colegas, a caminho do banco, pontapeia as garrafas de água e na conferência de imprensa culpa os colegas, o Treinador ou os árbitros pelo desempenho, a consequência é positiva?” – perguntou o Detective Colombo.
A resposta parecia evidente, mas todos ficaram em silêncio, antes de começarem a explorar a situação. Passados uns segunditos, o Coordenador Anthony Smith disse – “independentemente desses comportamentos poderem ser impulsivos e, muitas vezes, inconscientes, poderão ainda ser reveladores de interesses egoístas”. O Director Geral Robert West acrescentou – “esse conjunto de acções (atirar a braçadeira de Capitão para o chão, …) poderá ajudar o jogador a descarregar, no imediato, a energia, mas é-lhe prejudicial a longo-prazo, como já aconteceu no Clube com um jogador que teve este tipo de comportamentos e foi-lhe instaurado um processo disciplinar e acabou por ser transferido, com enormes prejuízos para Ele e para o Clube”.
Os olhares voltam-se novamente para o Detective Colombo que, por isso, perguntou – “nos momentos em que um Treinador é condescendente com os jogadores “estrela”, permitindo-lhes atrasos a treinos e jogos, a não passarem a bola aos colegas desmarcados e a não se esforçarem nos treinos, as consequências são positivas a médio e longo-prazo?”
O Presidente Angie desviou o olhar para a janela, como a recordar alguma situação, e disse – “estou-me a lembrar de tantos e tantos talentos e de alguns Treinadores que poderiam ter tido uma excelente carreira e proporcionado excelentes momentos, mas acabaram na “rua da amargura” por tentarem agradar aos outros, aos colegas, aos treinadores ou aos jogadores”.
O olhar pensativo de todos parecia dizer – “que se estavam a lembrar de situações semelhantes” e o Detective Colombo continuou com mais uma pergunta – “quando uma equipa ou um clube são regidos por regras e regulamentos que mais parecem um “lençol” descrevendo o que as pessoas não podem fazer e as respectivas punições para os prevaricadores, as pessoas (jogadores, treinadores, colaboradores, …) acabam por cooperar comprometida, entusiástica e criativamente?”
A pergunta parecia ser uma rasteira, mas o nível de integridade e honestidade de todos ajudou a continuar com a exploração. A confiança no Detective Colombo parecia estar a dizer a todos – “o Detective quer ajudar-nos a perceber algo” e, por isso, o Treinador Brad Wooden contribuiu dizendo – “bem pelo contrário. Quando comecei a ser treinador, tinha uma lista infindável de coisas que não se podiam fazer, até porque quando jogava tinha-me apercebido dos muitos comportamentos que comprometiam o rendimento das equipas. Por isso, a acompanhar esse “lençol” de coisas que não eram permitidas, havia as respectivas multas. A intenção era a melhor, que as pessoas tivessem um comportamento adequado ao rendimento, mas não era nada disso que “colhia”. As pessoas acabavam aprisionadas e a consequência era a resistência dissimulada de uns, a rebeldia de alguns, a desistência ou transferência de outros e o cumprir com o essencial de uma boa parte.”
Por esta altura, o autocarro parou. Todos saíram para alongar um pouco e beber um café. Foi um momento curioso. Os Dirigentes e o Detective Colombo passaram esse momento em silêncio. Parecia que todos estavam a reflectir. Já no regresso ao autocarro e à viagem, o Detective Colombo colocou mais uma pergunta – “em que é que os jogadores acreditam e o que é que acham importante fazer para jogar se, por exemplo, o Treinador convocar e fizer alinhar os “talentos” mesmo que eles não se preparem, esforcem, progridam e executem o melhor para todos?”
Depois de olhar para os outros, o Director Robert West respondeu – “começam a acreditar e a valorizar o talento e passam a comportar-se em função dessas crenças e valores e, mais tarde ou mais cedo, a qualidade dos treinos baixará e os jogadores não se esforçarão, nos jogos, tornando muito difícil o sucesso”.
“Quais são as consequências” – começou o Detective Colombo e continuou – “para uma organização ou equipa que “alimenta” os interesses egoístas, o melhor a curto-prazo (no imediato), o agradar complacentemente aos outros, mesmo que isso seja errado, seguir-se a “letra da lei” (regulamentos detalhados e punitivos), mesmo que sejam incoerentes e aplicados intransigentemente com os “fracos” e grosseiramente com os “fortes” ou que tenha dirigentes, treinadores ou colaboradores que “alimentem” crenças e valores com consequências nefastas?”
Sentindo todos a olharem para ele, o Presidente Angie disse – “essas organizações e essas equipas acabam por inibir e limitar o potencial humano, por mudar o mundo, mas não para melhor, por fracassar no tempo, por comprometerem toda a eficácia, no tempo. Até podem vencer um campeonato, mas dificilmente conseguirão repetir consistentemente essas vitórias, e comprometerão todas as possibilidades de deixar um legado, alcançar a grandeza.”
“Qual é a alternativa, Detective Colombo?” – perguntou o Director Geral Robert West, seguindo-se outra pergunta, do Coordenador Anthony Smith – “o que é que torna o resultado, o desfecho, o desenlace ou as consequências das nossas acções em grandeza?”
O Detective Colombo preparava-se para responder, mas esperou um segundo, o suficiente para o Treinador Brad Wooden dizer - “a sua sensatez?” Os olhos viraram-se todos para o Detective Colombo que disse – “já lá iremos, mas antes deixam-me explorar uma ideia” – o olhar fixo de todos parecia sugerir que continuasse e foi o que fez, depois de recordar um episódio que lhe tinha acontecido – “quando deixamos cair um objecto do 10º andar, qual é a consequência?”
Todos esboçaram um sorriso que parecia dizer – “essa é fácil” e em uníssono disseram – “irá cair no chão” e o Detective aproveitou o momento para colocar uma nova pergunta – “qual é a consequência do contacto da água no estado líquido com temperaturas de 0º C ou de 100º C?” Embora ninguém esperasse esta pergunta, o Coordenador Anthony Smith gostava de fazer experiências, desde miúdo, e respondeu – “forma gelo, no 1º caso, e vaporiza, na 2ª situação”.
Seguiu-se uma gargalhada, como que a dizer – “esta também todos sabíamos” e o Presidente Angie fez o seguinte comentário – “está a dizer que há fenómenos naturais que perante algumas condições nos permitem observar determinadas consequências em função de uma determinada lei natural ou princípio, como quando misturados azeite na água e vemos o azeite a vir á tona”.
Parecia que se estava a aproximar um momento revelador, todos avançaram os ombros e o olhar na direcção o Detective Colombo, que disse – “do mesmo modo que algumas leis naturais ou princípios, que desenvolvemos frutos da experiência ou investigação, nos permitem prever determinadas consequências, como a queda de um objecto ou a vaporização da água, imaginem o enorme impacto que poderia ter nos Clubes, nas Equipas, nas Pessoas ou em qualquer organização, conhecermos e aplicarmos as leis naturais ou os princípios que regem as consequências das concretizações, as acções das pessoas”.
O Detective Colombo calou-se, dando espaço para todos pensarem nesse impacto e, passados uns segundos, o Director Geral Robert West perguntou – “qual é essa “porta” que nos permite aceder a essas leis naturais ou princípios?”
Todos estavam à espera de uma resposta elaborada, mas o Detective Colombo disse apenas – “a nossa consciência” e de imediato, o Treinador Brad Wooden perguntou – “como assim?”
“Quando conscientemente democratizamos o nosso ego, sacrificando os interesses egoístas e gratificações de curto-prazo, será que atirávamos a braçadeira de Capitão para o chão ou pontapeávamos as garrafas de água, ao sermos substituídos?” – perguntou o Detective Colombo e ao reparar na cabeça de todos a dizer não, continuou – “quando desenvolvemos valores e regras morais que apoiem acções / comportamentos que procuram o melhor para todos, ao longo do tempo, será que seríamos condescendentes com atrasos, faltas aos treinos ou fechávamos os olhos aos “génios” quando não dão o seu máximo?” – o mesmo gesto de cabeça repetiu-se e o Detective prosseguiu – “se subordinássemos os valores, que “depositámos” consciente ou inconscientemente, várias vezes através do feedback dos outros, como Pais, familiares, colegas de equipa, Treinadores, Professores, colegas de trabalho, (…), e que depois os “levantámos” ou utilizámos para agirmos, repito, se subordinássemos os valores a essas regras morais ou princípios, será que as pessoas iriam “depositar” valores sensatos ou insensatos e consequentemente iriam agir e concretizar de forma sensata ou insensata?” Estavam a caminho do jogo do ano, o ruído no exterior era enorme, mas o silêncio era absoluto, parecia que cada um estava sozinho, que não havia ninguém à volta, que não estavam no autocarro, que todos estavam a reflectir.
“Quando os dirigentes, os treinadores, os colaboradores ou os colegas de equipa agem de acordo com essas regras morais desenvolvidas, com essas leis naturais da interacção, com esses princípios, independentemente das consequências imediatas para elas, será que estariam a mudar o mundo para melhor?” – perguntou o Detective Colombo.
Alguns olhares cruzavam-se e o Detective Colombo fez mais uma pergunta – “se avaliássemos os efeitos, os desenlaces, os impactos, os resultados, enfim as consequências em função das regras morais desenvolvidas, dos princípios ou leis naturais, não estaríamos a “semear” crenças e valores sensatos e consequentemente “colher” comportamentos sensatos?”
Todos já tinham percebido a magnitude do que estavam a explorar e o Presidente Angie disse – “estaríamos sim” – e depois de uma curta pausa, continuou – “para além de libertar e concretizar o potencial humano, estaríamos a mudar o mundo para melhor e a exercer uma liderança que resiste e perdura no tempo.”
“O que é que entenderam de tudo isto?” – perguntou o Detective Colombo.
O Director Geral Robert West começou por dizer – “que todas as acções têm consequências e que, portanto, a questão não é se têm consequências, mas qual é a qualidade dessas consequências”, o Coordenador Anthony Smith acrescentou – “que as consequências do comportamento são regidas por leis naturais, por regras morais desenvolvidas (Ética), por agirmos em função delas independentemente das consequências imediatas para nós individualmente (Deontologia) ou poder ser regidas por interesses egoístas imediatos, pela complacência, pela “letra da lei”, (…). "Quando utilizámos a consciência sensatamente e conhecemos os princípios, desenvolvemos competência e concretizamos sensatamente com Ética e Deontologia, libertámos e concretizamos o potencial humano, perdurámos no tempo, mudámos o mundo para melhor e elevámos a eficácia à grandeza. Porém, a alternativa do ego, insensata, inibe e elimina o potencial humano, fracassa no tempo, muda o mundo, mas não para melhor e compromete a grandeza” e o Treinador Brad Wooden “rematou”“então a questão não é move-te por valores, mas move-te por valores baseados em princípios intemporais, universais e irrefutáveis”.
Agora, o ar estava desanuviado e o Presidente Angie disse – “parece que encontrámos mais uma resistência à eficácia e também à grandeza, mais um culpado de estar a “matar” a mudança no Clube. Isto é, os resultados ou consequências insensatas”. O Treinador Brad Wooden construiu e disse – “parece que há 3 questões importantes a considerar no caminho para a grandeza: (1) estamos a utilizar sensatamente a nossa capacidade de escolha, nas diferentes situações? (2) a nossa concretização segue as regras morais ou princípios desenvolvidos? (3) as consequências apoiam essas regras morais ou princípios?” “Mas quais são e como se desenvolvem essas regras morais, que nos permitem conscientemente escolher, agir e ter resultados sensatos?” – perguntou o Coordenador Anthony Smith. Seguiu-se novo momento de silêncio, parecia que todos estavam a reflectir profundamente e que tinham recebido uma importante “semente”.
O autocarro estava a aproximar-se do estádio. A multidão gritava o nome do Clube e acenava as bandeiras. Chegados ao destino, o Presidente sai do autocarro, cumprimenta alguns adeptos e dirige-se para o interior do estádio. Nesse trajecto e enquanto caminhava, pensava: “(1) o que é o melhor para todos, ao longo do tempo? (2) que grande responsabilidade tem o desporto e não só, de através dele podermos contribuir para libertar e concretizar o potencial humano ou inibi-lo e limitá-lo (3) a Ética e a Deontologia são pilares essenciais das organizações grandiosas e as leis naturais, regras morais ou princípios são a grande bússola orientadora da grandeza (4) por certo, as pessoas que recordamos como grandiosas, como por exemplo Mahatma Gandhi ou Nélson Mandela, entre muitos outros, desenvolveram, aplicaram e viveram estes princípios".
O Detective Colombo, por seu lado, pensava apenas no seu ídolo e mestre – “Obrigado Pai e até já”."

“Se não gostarem daquilo que fazem agora, desistam”

"Palavra de atleta olímpico, medalhado, campeão, consagrado, é lei para jovem aspirante a desportista de elite, que sonha com a participação nos Jogos Olímpicos e já se vê entre os melhores dos melhores, lado a lado na Aldeia Olímpica.
Em Portugal, há cada vez mais competência instalada na área do treino – e tudo é treino, da corrida à motivação para a corrida; da nutrição à comunicação – mas a prescrição de receita feita por um Campeão Olímpico tem valor acrescentado, pela força simbólica que representa a voz de quem já teve o mundo inteiro a olhar para si em muito mais do que cinco minutos de fama construída com trabalho invisível aos olhos da multidão.
O Encontro Nacional de Esperanças Olímpicas – com organização do Comité Olímpico de Portugal pelo segundo ano consecutivo, desta vez na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto - está a transformar-se num laboratório de experimentação das melhores práticas de construção dos caminhos que podem levar as esperanças olímpicas de Portugal aos Jogos de Paris 2024. O trabalho multidisciplinar que cada Federação, cada treinador, cada atleta tem feito é partilhado, debatido e testado num espaço comum que continuamente vai fortalecendo os pilares da Equipa Portugal.
O convívio e a troca de experiências entre atletas de diferentes modalidades desportivas tem-lhes permitido concluir no espaço do Encontro Nacional de Esperanças Olímpicas que só o ofício é distinto, porque o caminho a fazer para chegar ao objectivo coincide em todas as exigências e obriga a ultrapassar os mesmos obstáculos.
Nelson Évora, o nosso Campeão Olímpico do triplo salto, protagonizou este ano no Encontro Nacional de Esperanças Olímpicas aquilo a que se pode chamar uma sessão-farol, iluminando com grande intensidade a rota dos jovens atletas desde o primeiro passo, a primeira remada, a primeira manobra ou a primeira técnica: “Se não gostarem daquilo que fazem agora, desistam.” O contexto em que o disse foi marcado por uma grande proximidade, num momento de muita emotividade, mas Nelson Évora sabia onde queria atingir a jovem audiência quase em êxtase, porque ele próprio deu muitos passos a pé, entre o Campo Grande e Odivelas, só para fazer o treino da modalidade que ele tanto gosta. Apenas sem duvidar do que se faz se pode aspirar a atingir a plenitude dos objectivos, sejam quais forem. Há dúvidas?
Rui Bragança, mais um atleta de excelência que passou pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, foi muito claro no “post” que de virtual nada teve e ecoou pelo auditório acima: “Quem quer encontra soluções, quem não quer arranja desculpas. Desistir? Nunca! Sejam loucos por aquilo que fazem. Quando toda a gente diz não dá, nós dizemos dá.” Dúvidas nunca teve quem já dormiu em muitos “hostels”, longe das mordomias dos hotéis de luxo, para ir de competição em competição em busca da vitória.
No fim, depois de um longo processo de descoberta de si mesmo, o atleta sabe que para o outro tudo se resume “àquele dia”, “o tal” - sobe ou não sobe ao pódio, há ou não medalha, é com ou sem hino? Mas para lá chegar, até tudo bater certo, a construção do trajecto comporta danos que só os mais habilitados conseguem controlar. Algo desconcertante, Nelson Évora faz desses danos o seu próprio laboratório, como explicou às esperanças olímpicas: “Eu sei onde errei. Errar é bom, por muito que sejamos criticados.” Porque, no final, “quando temos a medalha ao peito já faz sentido.”
As esperanças olímpicas ficaram sem palavras, mas agora com a convicção de estarem na via certa, do trabalho, do treino intenso em todas as vertentes, e dos estudos que é obrigatório concluir com sucesso."

Focados

"A vitória em Alvalade já lá vai, a primeira volta pertence ao passado e a liderança da classificação e a diferença pontual para o segundo classificado neste momento, não obstante serem muito positivas, em nada condicionam a forma de estar da nossa equipa. Treino a treino, jogo a jogo, só a conquista do Bicampeonato interessa. No domingo haverá mais um embate para tentarmos somar três pontos. O adversário será o Paços de Ferreira, atual 15.º classificado da Liga NOS.
Mais do que a posição na tabela classificativa, importa analisar o percurso recente dos pacenses: nas últimas quatro partidas do Campeonato obtiveram dois triunfos (Braga e Moreirense) e dois empates (Portimonense e Gil Vicente). Não sofreram qualquer golo neste conjunto de jogos.
Por outro lado, e após um início de prova com três derrotas e um empate, Pepa chegou ao Paços de Ferreira, recolocando-o no trilho da luta pela manutenção. Com trabalhos meritórios desde que é treinador principal, nomeadamente no Tondela, as equipas de Pepa notabilizam-se pela organização defensiva e por tentarem jogar no campo todo, causando dificuldades frequentemente a clubes com outras ambições. Ainda na temporada passada, um dos nossos jogos mais complicados acabou por ser com o Tondela, na Luz.
Há também que ter em conta o histórico benfiquista em Paços de Ferreira. Apesar de ser muito positivo, constatamos que, nas últimas quatro temporadas, não fomos além de duas vitórias (ambas por 1-3, mas difíceis), empatando um jogo e perdendo outro.
Só um Benfica focado, determinado e competente conseguirá vencer a partida no domingo, com início marcado para as 17h30. O apoio dos Benfiquistas que se deslocarão a Paços de Ferreira será fundamental para ajudar os nossos jogadores a ultrapassarem as dificuldades que o adversário certamente lhes tentará criar. Que seja mais um grande domingo para a nossa equipa!
Resta-nos recordar que, ao longo do fim de semana, serão muitas as oportunidades para apoiarmos o nosso Benfica. Destacamos os seguintes jogos: no sábado, as nossas equipas de Basquetebol e de Voleibol enfrentarão, na Luz, FC Porto (15h00) e V. Guimarães (17h00), respectivamente. Às 19h30, também em casa, será a vez das nossas hoquistas entrarem em acção frente ao CS Noisy Le Grand a contar para a Liga Europeia. No domingo haverá, entre outros, o Benfica–Estoril em Juvenis, às 11h00 no Benfica Campus; e o Torreense–Benfica, às 15h00, da Taça de Portugal de Futebol Feminino. As nossas equipas merecem e precisam do nosso apoio!
#PeloBenfica"

Bomba de Cardozo ao P. Ferreira em 09/10



"Óscar Cardozo, entre muitas outras qualidades, era um exímio marcador de livres e vários foram os golos memoráveis. Um deles foi ao Paços de Ferreira para a 7ª jornada do campeonato 2009/10. Pediu a Jorge Jesus para ser ele a chutar e pagou a confiança com um golo à Cardozo. Bola fortíssima, em arco e ao ângulo.
Cardozo seria o melhor marcador deste campeonato com 26 golos em 30 jornadas e o Benfica seria o Campeão Nacional."

Why am I a Benfiquista?

"76 years ago Félix Bermudes, the 8th president of Sport Lisboa e Benfica, asked the same question. He began his answer like this: “I am a benfiquista because I have my sights set on that North Star which guides me towards the dawn of fraternity, which will teach souls how to construct a better humanity. That spirit of fraternity united the benfiquista family into one whole, where the rich and the poor, the illiterate and the cultured, the powerful and the humble shed the differences that separate them, and where all are equal in their devotion to a flag, to an emblem, to symbol, to an ideal!”
To the modern ear, of an adepto or even sócio, who has grown up in the era of commercialized modern football & one could add, modern society as well, this is not only a strange answer but, an unnecessarily complicated - even perhaps offensive- one. For most of us, the simple question is deserving of a simple answer: “I am a benfiquista because my family were benfiquistas” Or “I was born a benfiquista.” Indeed for many, if not most, of which I include myself, this is also my answer. Bermudes’ discussion of fraternity, building a better humanity, of equality, of unity- all of this, to the modern ear sounds strange and inappropriate. It is the stuff of politics; of morals and utopias. To which the modern tongue adds- “What does all of this have to do with futebol?”

A Complicated Answer to a Simple Question
António Calado was born on July 15th 1927 in Cabeção , in the province of Alto Alentejo. Born into a poor family of petty day traders of wares, in a poor country ruled by fascism, futebol was a popular sport not only to be played- with his older and younger brother and his classmates- but also to be followed, intensely. And intensely did António Calado follow futebol, in particular Sport Lisboa e Benfica.
By the mid-30’s Sport Lisboa e Benfica was already a club with a national dimension and arguably the largest club- of sócios and adeptos- in Portugal. Its numerous victories in the Campeonatos de Lisboa, the early versions of the Campeonato de Portugal and the victorious exploits of Benfica cyclist José Maria Nicolau had taken the águia of the Lisbon based club to the four corners of the country thus contributing to the national popularity of Benfica. But it was futebol- and the stars of the Benfica squads of the mid to late 30’s that contained players like Vítor Silva and Espírito Santo- and it was these players that the young António Calado and his brothers emulated on the streets and pelados, as they kicked their ball made of trapo.
In 1939 Sport Lisboa e Benfica founded their 15th affiliated Casa do Benfica in Cabeção- which became known as Sport Cabeção e Benfica. While by that time António had left Cabeção with his family to go to Montijo, in search of better economic opportunities as so many would be forced to do, Sport Cabeção e Benfica became a reference point whenever he returned, as it was for many natives of Cabeção. Not only did they find at the club a place to practice different sports−fishing, futebol, table tenis etc− but they found a place to socialize, to drink, to discuss, to read the paper, to take part in cultural events etc. They found a space where, regardless of their economic background and occupation- sócios and adeptos and sympathizers, could participate in and support an institution as equals. To put it more directly, in the Casas do Benfica that were peppered throughout the country, they found a social space in which even poor people of low economic standing, such as the Calado family and many others like them, could engage in forms of social participation-whether of a sporting or cultural character- which had for the most part been reserved for the well-to do.
These spaces were important for another reason. In a society starved of free civil society associations, the Casas do Benfica and the institution itself, could easily been seen as providing quasi forms of democratic civic particpation. After all, Benfica had democratic elections nearly every year to elect the club president, in addition to lively general assembly meetings of sócios, where debates and disagreements were expressed openly, in a society where there was no democracy, no freedom of expression and no legal opposition and no free elections. In the Casas do Benfica, the ideal that Bermudes was discussing had a real material form. E PLURIBUS UNUM was more than a slogan on an emblem but a first principle inscribed into its foundations.
Many years later and thousands of kilometers away from Cabeção, from Montijo and from Portugal, in Canada, António Calado would pick up his grandson from kindergarten and take him to the local Portuguese social club. There he would teach his young grandson how to read. He would start, “B-E-N-F-I-C-A”, “Ok carrapato pequenino, what does that say?” His grandson, happily would yell “BENFICA!” “Muito bem!” He would reply. “Ok another one. E-U-S-É-B-I-O. How about this one?” His grandson knew this one by heart. How could he not? So many times he had heard the stories told to him by his grandpa of this man, Eusébio. Eusébio, the greatest Benfica player of all time, the Black Panther whose estouro was second to none! Eusébio, the man who stuffed Di Stefano’s jersey down his shorts after winning the European Champions Cup! Eusébio, the man with the simple but most beautiful celebration of all (according to his grandfather): hand in the air and saltar! And so, António Calado’s reading sessions with his grandson, as so many other things in his life, would always seek to join the agradável ao útil (the pleasant to the useful); words such as COLUNA, JOSÉ TORRES, ÁGUAS, GERMANO, SIMÕES, COSTA PEREIRA, TÓNI, ERIKSSON, ISAÍAS, VALDO, SCHWARZ, LISBOA, were the building blocks of his grandsons literacy.
When his grandson grew older and António Calado grew even older, his grandson, now forever committed to Sport Lisboa e Benfica because of him, because of the reading lessons, because of the numerous times his grandfather had taken him to watch the glorioso at the social club on television, because of the 1st Benfica jersey his grandfather had bought him, because his grandfather had taken him to the velha catedral to watch Benfica play a friendly against AC Milan, asked “Papi, why are you a Benfiquista?” He replied, “Benfica was a popular club; for the people, of the people. Others, like Sporting weren’t. They belonged to the condes, to the nobreza. “We were not nobreza. We were poor.”
Those words confused me. I had only heard of the nobreza during my Portuguese history classes. What did this have to do with futebol? I had asked a simple question. My grandfather, Antonio “Papi” Calado, had given me a complex answer that I could not comprehend. Little did I know then, but that question, and his answer, would go on to have more of an influence on my intellectual, personal and political formation than I could have ever anticipated in that moment.
And so my answer to that very simple question is a complicated one. I am a benfiquista because my grandfather was a benfiquista. He was a benfiquista because in Benfica he −as so many others− found a club that was more than a club. A club that, in addition to providing a light of hope in the midst of economic misery and fascism through its glorious conquistas, also provided a space where people of all classes, and in particular from the lower classes of society, could actively participate as equals in not only supporting their clube and its various teams, but in actively participating in its modalities and shaping its direction. It gave people a sense of common purpose and hope; hope in a better world. A much better one than the one they inhabited.
Today, I am a benfiquista not only because my grandfather was, not only because I love futebol and the beautiful camisolas berrantes, but because behind these things are the values that are inscribed at the heart of the club, E PLURIBUS UNUM, which provide me with a light, a moral and ethical code, a North Star in the current agonized state of the world.

***This piece is dedicated to my dearest grandfather, António Calado who passed on December 15th, 2019. A lifelong benfiquista, who is responsible for much of the person I am today, not least of providing the spark for my chama imensa. Um abraço eterno Papi."

Cadomblé do Vata (Tuguices!)

"Os holandeses gostam de futebol como os portugueses, praticam bem futebol como os portugueses, mas não entendem futebol como os portugueses. Existem variados exemplos práticos de como Portugal está 100 anos à frente da Holanda no entendimento das dinâmicas do pontapé no esférico, mas por motivos de tempo, vou me cingir a apenas um, mas pungente o suficiente para demonstrar a lúcida superioridade nacional em relação aos nossos janados oponentes, quando o tema é a modalidade que tanto admiramos.
No passado Verão, como resultado da brilhante temporada realizada pelo Ajax, a Juventus despendeu um panelão cheio de notas de 500,00€ para contratar o jovem prodigioso De Ligt. Com meia temporada decorrida, as exibições do antigo central lanceiro têm se pautado pelo medíocre, chegando ao ponto de ter perdido a titularidade para um turco dispensado pelo clube do Ilori. Por incrível que pareça, no país das tulipas nenhum adepto do PSV ou do Feyenoord se ri do Ajax pelas sucessivas falhas do seu ex. atleta. É possível que estes atadinhos mentais que não entendem as vicissitudes da modalidade, julguem estupidamente que se o rapaz é realmente fraco, os campeões holandeses, estarão é de parabéns por terem lucrado 75 milhões com ele ou, como leigos do fenómeno futebolístico que são, ficam caladinhos de vergonha, por terem perdido o último campeonato para uma equipa que o tinha a liderar o sector recuado.
Comparativamente com oa Países Baixos, em matéria de interpretação do desporto rei, os Lusitanos dão cartas. A forma como os anti-benfiquistas olham para a carreira de Renato Sanches no Bayern Munique ou para a meia época de João Félix na capital espanhola, é digna de investidura Honoris Causa da FIFA. O riso alvar que dirigem aos Benfiquistas a cada trambolhão exibicional dos dois Golden Boy portugueses formados no Benfica Campus, que foram vendidos por um somatório de 155.000.000 euros, após conquistarem 2 campeonatos em que ambos os rivais chegaram a ter 7 pontos de vantagem, cria chagas emocionais de difícil resolução, no Orgulho Glorioso e retira ao Sport Lisboa e Benfica 7 e 19 pontos de vantagem na tabela classificativa da Liga Portuguesa.
LFV tinha razão no pós derby: isto não são favas contadas. A vantagem pontual é confortável, mas a equipa e os adeptos precisam estar alerta. A última coisa que queremos é perder o Campeonato Português devido a um golo falhado por João Félix na Liga Espanhola. Até porque do ridículo de sermos eliminados da taça por uma equipa do 3º escalão, já não nos livramos."

Defender também é preciso, Ferro!

"O ambiente estava fervoroso: afinal, era dia do “Dérbi Eterno”. SL Benfica e Sporting CP defrontavam-se em jogo a contar para a primeira mão das meias finais da Taça de Portugal. Contudo, ao passar do minuto 38, Jardel lesiona-se e tem de sair do terreno de jogo. Na linha lateral, estava para “nascer” um novo prodígio, mais uma pérola do Caixa Futebol Campus que vinha com vontade de vencer; e venceu.
Francisco Ferreira, ou Ferro, fez a sua estreia, a primeira na era Bruno Lage, e deixou logo o público da Luz rendido. Quando Jardel recuperou, encontrou o seu substituto a brilhar com o manto sagrado. O entrosamento com Rúben Dias era brilhante, uma química apenas ao alcance de quem se conhece há anos, e Jardel teria de lutar pelo seu lugar.
Os meses foram passando, assim como as jornadas, e Ferro manteve o lugar que tanto merecia. Afinal, o jovem central não dava razões para que fosse relegado para o banco de suplentes, fazendo com que Jardel ficasse à espera de uma oportunidade.
As exibições do parceiro de Rúben Dias eram muito conseguidas. Muito capaz na saída de bola, acima da média na precisão do passe longo, na antecipação e no jogo aéreo, faziam dele um jogador a ter em atenção. Ainda que seja um “menino”, a maturidade que mostra em cada exibição, com os seus 22 anos, conferem-lhe uma grande margem de progressão.
Contudo, os últimos jogos ao serviço dos encarnados não lhe têm corrido de feição e tem mostrado sub-rendimento face àquilo a que nos habituou.
Ferro é, sem qualquer dúvida, exímio na construção de jogo, mas tem de melhorar no plano defensivo. Um defesa central que tem algumas dificuldades no processo defensivo é grave, muito grave. De toda a linha defensiva do Sport Lisboa e Benfica, o único jogador que é realmente bom sem a bola nos pés é Rúben Dias.
O número 97 das águias apresenta uma notória dificuldade em defender espaços largos, ou seja, tendo como adversário directo um avançado ágil e rápido, acaba por sentir muitas dificuldades. Aborda, muitas vezes, mal os lances e revela alguns erros de decisão, tais como quando deve fazer contenção ao portador da bola ou não, quando deve sair ou a quem deve sair.
Não pretendo dizer que Ferro é mau jogador (muito pelo contrário), no entanto, necessita urgentemente de evoluir as suas capacidades defensivas, que acabam por não prejudicar assim tanto a equipa devido às brilhantes exibições do seu parceiro de sempre.
Tendo em conta que atua como central pelo lado esquerdo, Ferro tem a “obrigação” de fazer as dobras a Grimaldo, que é um lateral muito ofensivo, que sobe muito no terreno de jogo. As equipas adversárias, cientes das debilidades defensivas de Francisco Ferreira, têm tendência a procurar essa zona do terreno (entre o Ferro e o Grimaldo), para sair para o ataque.
Numa liga em que os adversários não são, de todo, de classe mundial, as lacunas de Ferro acabam por passar algo despercebidas, mas para bem do jogador (e do SL Benfica), Ferro tem mesmo de trabalhar estes erros que o tornam num central banal, o que, com o potencial que tem, se torna mais grave ainda.
Tem tudo para ser um defesa de classe mundial. Os erros já há muito estão identificados. Agora, Ferro, é preciso evoluir."

Cadomblé do Vata (Jardel)

"Parece que o estou a ver ali, com 90 minutos de Benfica nas costas, entra num derby a frio e numa das primeiras intervenções, esfarrapa a testa toda na nuca de um pinoco às riscas. Estava apresentado o "Jardel do Olhanense", central com nome de ponta de lança, alto, moreno e tosco que vinha substituir o David Luiz. À primeira impressão, não lhe dei mais de 6 meses à Benfica. 9 anos depois, com 15 títulos no bornal e outras tantas lacerações no frontispício, consta que o Capitão Jardel, central com nome de toxicodependente, alto, moreno e já só medianamente tosco, pode estar de partida do Glorioso.
Parece que o estou a ver ali novamente, com 4 anos de Benfica, entra a titular na 1ª jornada da Liga dos Campeões contra o Zenit, e em constantes vagas de ataque russo, esfarrapa a nossa defesa toda. Estava apresentado o substituto do Garay e nos meus olhos só passavam flashes de épocas idas, de sofrimento e dor. Terá sido a última aparição do "Jardel do Olhanense". Como todo o Eusébio tem o seu Simões, em pouco tempo Luisão encontrou no catarinense o seu irmão branco, companheiro da liderança defensiva e na hora da despedida, herdeiro da braçadeira mágica.
Jardel nunca foi prodigioso e longe esteve de ser "o" central do Benfica. Mas só eu sei o que iria rir se em 2011 me dissessem "quando ele for embora, vais ter saudades", como já estou a ter. De desconchavada fonte de perigo para a nossa baliza, passou a ser o Líder da Armada. Se e quando sair, o Benfica perde Um de Nós, poupa uns valentes cobres em Betadine e pode dispensar dois ou três enfermeiros. Se Fejsa o acompanhar, o Glorioso até pode por termo ao protocolo com o Hospital da Luz. Pode ser cedo para despedidas, mas antes que seja tarde, aquele Abraço Capitão."