segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Macumbas de Jesus, o líder espiritual “Macaco”, a seleção do Daesh e a outrora Taça da carica

"Mundial de Clubes
O Flamengo de Jorge Jesus até podia ter vencido o Mundial de Clubes. A vitória do Liverpool foi magra, mas o fosso entre os dois clubes é grande. O fosso não é apenas entre os dois clubes que se enfrentaram. É entre o futebol cada vez mais rico e universal dos grandes clubes europeus e o futebol fragilizado e cada vez mais regional das potências sul-americanas.
Jesus tentou superar o abismo atlântico entre as duas equipas com recurso às suas macumbas tácticas e apelando ao espírito de sacrifício e à disciplina dos seus jogadores. Se olharmos para o resultado, o objectivo foi alcançado. Perder 1-0 com este Liverpool não envergonha ninguém. Em certos momentos, o Flamengo chegou a estar por cima do jogo.
Porém, nunca foi tão ameaçador como o Liverpool. Só uma noite perfeita do Flamengo poderia ter dado a taça ao clube carioca. Aos pupilos de Klopp, bastou uma noite assim-assim. É essa a triste realidade para os clubes sul-americanos.
No entanto, o jogo de Doha pode também ser visto como um triunfo do futebol brasileiro no que tem de melhor: os seus jogadores. Alisson e Firmino (Fabinho está lesionado) contribuíram para a vitória do Liverpool e, do outro lado, à excepção de Pablo Marí e De Arrascaeta, todos os outros jogadores eram brasileiros, entre reformados e traumatizados do futebol europeu, outros que fizeram toda a carreira no Brasil, alguns que ainda esperam por uma oportunidade no Velho Continente e jovens promessas com muito futuro.
Nenhum deles é titular na selecção brasileira.
Sem tirar mérito a Jorge Jesus, que outro país do mundo poderia fornecer tanto e tão barato talento? Os brasileiros orgulham-se, e com toda a justiça, dos cinco campeonatos do mundo, mas, perante uma abundância quase pornográfica de talento, a questão devia ser outra: só cinco?

Taça da Liga
Outrora vilipendiada por todos aqueles que a não conseguiam ganhar, a Taça da Liga (que é Allianz e já foi Carlsberg, CTT, da Carica, da Cerveja, Lucílio Baptista, entre outras denominações menos caridosas) tem vindo a conquistar um prestígio que a coloca quase ao nível de um Mundial de Clubes.
Os que antes se lhe referiam com sarcasmo, tributam-lhe agora uma profunda reverência, em nome do respeito pelo futebol e pelo espírito de competição. O Porto já não quer aliviar o calendário sacrificando a menos importante das quatro competições nacionais, o Sporting deixou para trás os tempos das finais traumáticas contra Vitória de Setúbal e Benfica, o Braga procura enriquecer o seu palmarés em casa e, este ano, o Vitória de Guimarães está decidido a ir ao “sambódromo” fazer a festa.
Os treinadores põem um ar muito sério quando falam da “final four” e não estranharia se o Presidente Marcelo distribuísse comendas não apenas aos vencedores, mas a todos os finalistas.

Canelas
No sábado, contra o Benfica, Guedes, avançado do Vitória de Setúbal, marcou o mais fabuloso golo de canela da história do futebol mundial. Mas as canelas que preocupam o Benfica são outras. Canelas é uma pequena localidade do concelho de Vila Nova de Gaia que, à parte do seu curioso nome, nada tem que a distinga. Melhor dizendo, nada tinha até ao aparecimento musculado do Clube Futebol Canelas 2010.
O Canelas tem como líder espiritual Fernando Madureira, conhecido chefe dos Super Dragões desde o Neolítico e fiel depositário de um legado futebolístico ancestral que teve como expoente máximo Paulinho Santos.
A paulatina ascensão do Canelas no panorama do futebol nacional, embora o clube ainda milite no Campeonato de Portugal, deve-se a uma combinação perfeita de artes marciais, manobras de guerrilha urbana e técnicas de intimidação dos adversários que, em alguns casos, preferiram não jogar contra o Canelas, evitando dessa forma uma sempre incómoda visita às urgências do hospital público mais próximo.
O apuramento para os quartos-de-final da Taça de Portugal é, até agora, o feito mais notável desta simpática agremiação. Mas, como qualquer clube ambicioso, o Canelas quer ir mais longe. Madureira, também chamado “Macaco”, deseja com todas as forças receber o Benfica em casa.
Diz o jogador do Canelas que quer dar o conhecer o ADN do clube, de preferência com os dentes cravados na cabeça de algum jogador do Benfica. O mais célebre canelense não está sozinho nesse desejo. Quem não gostaria que os caprichos do sorteio pusessem frente a frente os dois clubes? Quem não gostaria de testemunhar a hospitalidade do Canelas?
Quem não gostaria de assistir a um embate entre dois estilos futebolísticos tão opostos? Entre duas filosofias tão distintas?
Ao que consta, só os dirigentes do Benfica estão preocupados com um possível encontro com o Canelas e até já terão mostrado disponibilidade para, em alternativa, jogarem contra uma selecção de ex-combatentes do Daesh. Exageros, claro está. Tenho a certeza de que um eventual jogo entre Canelas e Benfica será um óptimo espectáculo de divulgação da modalidade. Depois logo se verá de que modalidade."

A lavandaria de futebol

"Esta manhã, confesso, acordei a saber patavina do que iria aqui escrever até espreitar, pela primeira vez, o telemóvel com olhos de ver e, no ecrã, ler Jamal Khashoggi.
É o nome do jornalista saudita que, em Outubro de 2018, necessitado de alguma papelada para se divorciar, entrou pacato no consulado do país, em Istambul, na Turquia, e de lá saiu morto, assassinado e esquartejado por um esquadrão de agentes também sauditas. Cinco foram condenados à morte e juntar-se-ão a Jamal Khashoggi do outro lado, por certo nunca, jamais, nas mesmas parcelas de terreno do Além, para quem acredita que na morte está a implacável mão da justiça entre a benignidade e a malvadez, que separa os bons e os maus em vida, no caso, nascidos na Arábia Saudita.
Este é o nome do país onde os italianos sintonizaram a televisão para, no domingo às 16h45, em dezembro, verem a Lazio ganhar à Juventus e conquistar a Supertaça de Itália. Tinham-no feito já o ano passado e, durante mais uns momentos, o futebol é uma caravana circense e nómada, indiferente ao que se passa nas terras onde vai parando, preocupado apenas em entreter, se lhe perguntarem pelas suas motivações, mas, sobretudo, focado em visitar os lugares onde o dinheiro o chama e a Arábia Saudita chamará, em Janeiro, por quatro equipas espanholas, no primeiro de três anos contratualizados para a nação onde a democracia é musculada e os direitos humanos são trinca-espinhas acolher um novo formato da Supertaça de Espanha.
De repente, o que de mais fulcral aconteceu nos futebóis do mundo centralizou-se ali e no vizinho Qatar, onde a versão jesuleirada do Flamengo perdeu a final do Mundial de Clubes, só no prolongamento, com o Liverpool treinado por Jürgen Klopp, que disse ter de ser "influente no futebol e não na política", escolhendo não falar sobre "um assunto sério, que tem de ser falado", ainda assim falando mais do que Razvan Lucescu, do Al-Hilal, que disse não estar autorizado pelo clube dos Emirados Árabes Unidos a falar sobre o facto de a homossexualidade ser ilegal no Qatar que, em 2022, acolherá o próximo Mundial e soma acusações de maus tratos a trabalhadores migrantes, violações de direitos humanos e corrupção.
Ninguém fala, pode falar ou acha que deve falar sobre estes temas. Concebe-se que o futebol é a bola e o resto é isso mesmo, um resto em que não se deve meter, mesmo que países como a Arábia Saudita e o Qatar tenham cada vez mais pegada no futebol e lhe dêem mais itinerância, perguntem a Jesualdo Ferreira, que certamente falará dos quatro anos que passou a treinar o Al-Sadd, os supostos últimos da carreira, mas que agora, aos 73 anos, deve ir treinar o Santos, do Brasil, para onde já foi Augusto Inácio (Avaí), ambos depois de Jorge Jesus desbravar um caminho de quase sucesso total até ir ao Qatar, porque lá se decide hoje em dia o caneco que pretende distinguir o melhor clube do mundo.
O futebol é um globe-trotter e uma lavandaria em eterna rotação, onde se banalizou ouvirmos que nunca se sabe o dia de amanhã pois, de facto, não podia ser mais verdade.
(...)"

Que o desporto ajude o que há de melhor em cada um de nós

"O meu desejo para 2020 é que seja um ano de celebração. Vamos ter os Jogos Olímpicos de Tóquio, o maior evento desportivo e cultural, a nível mundial. Espero que sejam uns jogos para a celebração da universalidade do desporto.
Espero que seja uma década em que se afirme a ética: a ética do bem e da felicidade do Homem. Que se afirme a ética de um caminho para que o Homem se realize e que se afirme "o serviço", e não o "servir-se", e em que haja a ética do exemplo. Ou seja, que os pais sejam os ídolos para os seus filhos, que os políticos sejam exemplo para a sociedade. Que o desporto seja uma ferramenta para os valores, para a afirmação da amizade, do respeito, do saber ganhar e saber perder, e em que também a violência e o desato no desporto dê lugar à tranquilidade.
Devemos aceitar que, muitas vezes, não somos tão bons como os nossos adversários, e não devemos usar falsas justificações para as derrotas. Ou seja, devemos aceitar os erros.
A análise do "futebolês", que vemos muitas vezes na TV, e a hipervalorização do negativo devem dar lugar ao rigor e à opinião verdadeira.
Que o conflito dos adeptos, dê lugar ao respeito. Que os atletas, os treinadores ou os dirigentes, vejam no outro um colaborador - e não um inimigo a abater.
Que os atletas e outros agentes desportivos, aceitem os seus limites, e não recorram à corrupção ou ao doping. E que, fundamentalmente, o desporto nos ajude - a cada um de nós - a transcendermo-nos, a superarmo-nos e a melhorar o que temos de melhor.
Que as elites culturais, desportivas, politicas ou religiosas do país nos ajudem a sonhar com um país melhor, que crê em si mesmo, que crê que, juntos, podemos ser muito melhores.
Termino com uma frase do Papa Francisco: "Que o desporto ajude o que há de melhor em cada um de nós.""

SL Benfica na ICC (Futures): os miúdos aproveitam, o clube tira o proveito

"A equipa de sub-14 do SL Benfica participou, com relativo sucesso desportivo, na International Champions Cup Futures (ICC Futures), entre 11 e 15 de dezembro. O torneio disputado nos Estados Unidos contou com 12 equipas do escalão, de vários países, divididas em quatro grupos. As águias venceram o seu grupo e alcançaram as meias-finais (o conjunto de resultados segue no final do artigo).
No entanto, vencer, ainda que parte do ADN Benfica em qualquer escalão, reveste-se de pouca importância num torneio desta natureza, destinado a um escalão tão precoce. A presença nestes torneios visa, sobretudo, o crescimento dos jogadores. Enquanto atletas e enquanto futuros cidadãos adultos com necessária participação cívica.
Formar a ganhar é o lema da formação do Benfica Futebol Campus e, embora colocados em equidade, afigura-se-me substancialmente mais importante o primeiro dos verbos. E, na ICC Futures, o foco recaía sobre o processo de formação dos jovens jogadores.
Paralelamente, outros dois verbos devem reger também a participação das equipas de formação em provas internacionais extra-calendário competitivo: aprender e desfrutar. Em jogos amigáveis e apesar do peso do símbolo que carregam, os jovens benfiquistas devem aprender – e apreender – tudo quanto humanamente possível: a nível desportivo, face à qualidade dos adversários que defrontam (superior ao habitual nos campeonatos distritais e nacionais) e a nível pessoal (nada nos enriquece como viajar e contactar com pessoas de diferentes culturas e sociedades).
Em simultâneo, devem desfrutar de tudo quanto lhes é oferecido nestes torneios e nestas aventuras: a viagem, o estágio, o companheirismo, o futebol, etc. São oportunidades únicas que, bem aproveitadas, vão favorecer de sobremaneira os jovens e, como consequência, o clube.
Os constantes convites endereçados ao Benfica são sintomáticos da qualidade da formação encarnada e a qualidade da formação encarnada é sintomática do proveito extraído de torneios como a ICC Futures. No âmbito “paradesportivo”, parece-me claro que os encarnados devem continuar a fazer por serem convidados para provas desta magnitude.
Ainda que menos importante, a qualidade expressa em campo não deve ser desvalorizada. E a verdade é que os sub-14 do Benfica demonstraram qualidade, com resultados interessantes e performances elogiadas. Ficaram patentes a capacidade técnica e táctica das individualidades e do colectivo e a maturidade com que jovens de 13/14 anos abordam as partidas. Gonçalo Moreira, responsável por quatro dos dez golos do Benfica na prova, foi um dos destaques individuais do representante português. Resultados do SL Benfica na prova:
SL Benfica 5-0 ICC West
SL Benfica 1-1 (4-1 g.p.) New England Revolution
SL Benfica 4-1 Paris Saint-Germain FC
SL Benfica 0-0 (4-3 g.p.) FC Barcelona
SL Benfica 0-1 CR Vasco da Gama"

Mensagem de Luís Filipe Vieira

"Caras e caros Benfiquistas, neste tempo de balanços e desejos de futuro, recordo com particular alegria os momentos de conquista que tivemos a felicidade de partilhar este ano. Terminamos um ano bastante positivo, que ficará para sempre como o ano da Reconquista!
Mas foi também um ano em que se acentuou a convergência de vontades, em que demonstrámos a todos os portugueses que, juntos, conseguimos atingir os nossos sonhos.
Quero por isso agradecer aos milhares de Sócios, adeptos e simpatizantes do nosso Clube, aos profissionais do grupo Benfica e aos meus colegas dos Órgãos Sociais o seu inestimável contributo para tudo o que conquistámos, num percurso que nos orgulha, nos motiva e nos responsabiliza mais, para a construção de um futuro ainda melhor.
O desporto, e o futebol em particular, é paixão e alegria. Para quem, como nós, tem o privilégio de trabalhar nesta área, é gratificante poder alimentar a paixão, as emoções, os sonhos, o estreitar de laços improváveis e essa comunhão fraternal, única e solidária que caracteriza a família Benfiquista. 
A todos os Benfiquistas espalhados pelo mundo, por tudo o que representam e simbolizam de paixão e amor ao nosso Sport Lisboa e Benfica, quero do fundo do coração desejar um muito Feliz Natal e um excelente Ano Novo.
Juntos!"

André Ferreira, o gigante dos Açores


"Relegado apenas para os jogos das Taças nacionais, André Ferreira, um dos melhores guarda redes de nacionalidade portuguesa na actualidade teve oportunidade apenas em quatro jogos na presente temporada. Todos fora da ilha que o acolheu, dois em pleno Estádio do Dragão, de onde o Santa Clara saiu derrotado das duas vezes por um golo sem resposta.
Vinte e três anos, uma capacidade de trabalho e de evolução tremenda fazem de André Ferreira um guarda redes diferenciado e de potencial rendimento elevadíssimo. Não poderá tardar muito a sua afirmação."

Benfica fora da Taça da Liga

"Agora o Benfica sabe que se pode, e deve, concentrar, na plenitude, na Liga NOS, na Liga Europa e na Taça de Portugal

1. O Benfica, com três empates na fase de grupos - e ontem no empate em Setúbal e com um jogo com grandes golos de Guedes e de Jota! -, ficou fora das decisões da Taça da Liga. O Vitória de Guimarães, ao ultrapassar o Covilhã, chega à final de Braga e, acredito, os seus fiéis e apaixonados adeptos marcarão presença, e em força, na cidade dos arcebispos e verdadeira cidade rival. Na verdade, a rivalidade entre Guimarães e Braga é uma rivalidade normalmente saudável. Ficámos a saber, assim, e desde ontem, dois dos presentes na final four da Taça da Liga que em finais de Janeiro se vai disputar, uma vez mais, numa cidade crescentemente atractiva e com a Universidade a torná-la cada vez mais cosmopolita. Hoje saberemos os outros dois com Porto e Braga a saberem que estão com quase pé e meio nesse momento marcante da Liga Portugal. E quase ao mesmo tempo vimos o Liverpool conquistar o Mundial de Clubes numa final que em razão da categórica e fulgurante liderança de Jorge Jesus no Flamengo prendeu, e muito, a atenção de milhões de portugueses, mesmo naturalmente perturbados com as danosas consequência de depressões que fazem galgar rios, derrubam muros, inundam campos, destroem diques e ceifam vidas humanas. Sendo que cada um de nós é um ser que não se repete! Mas em Portimão o Sporting ultrapassou, com um ânimo impressionante, o Portimonense e em Vila do Conde Carlos Carvalhal não conseguiu ultrapassar o Gil Vicente e, mesmo perto, - e com razões de queixa! - não ganhou o direito de visitar Braga em Janeiro de 2020. Agora o Benfica sabe que se pode, e deve, concentrar, na plenitude, na Liga NOS, na Liga Europa e na Taça de Portugal. Mas com a Liga NOS e ser o objectivo primeiro. Diria mesmo tão motivante quanto essencial!

2. Amanhã teremos o sorteio dos quartos de final - e, por consequência, das meias-finais - da Taça de Portugal, a denominada prova rainha do futebol português. Com cinco clubes da primeira Liga (Benfica, Porto, Rio Ave, Paços de Ferreira e Famalicão) e três intrusos: Académico de Viseu, Varzim e Canelas. Há desejos de confrontos ditos impossíveis e há a vontade de outros chegarem, uma vez mais, ao Jamor. E há a consciência que deverá haver VAR em todos os jogos. Num momento em que cá - e em Espanha, por exemplo - se discute o VAR, as suas omissões e a denominada incompetência momentânea que atinge, diria que em crescendo, alguns que têm à sua disposição múltiplas imagens. E que não conseguem ver o que, nós, num instante conseguimos vislumbrar. E é esta distância entre o que vimos e o que o VAR não vê que começa a perturbar. Mas, por ora, aguardemos o sorteio de amanhã. Da Taça de Portugal e, também, da Lotaria do Natal!

3. Hoje, em Riade, capital da Arábia Saudita, disputa-se a Supertaça de Itália. Um confronto entre a Juventus e a Lazio e com a natural de Cristiano Ronaldo, um dos novos Air Jordan's do desporto depois daqueles momento inolvidável e daquele golo fantástico no passado fim de semana. Para além do salto imenso fica, para nos, aquela paragem no ar que possibilitou a cabeçada vitoriosa. Também no ano passado esta mesma Supertaça se disputou na Arábia Saudita, que concorre, em crescendo, na organização de grandes eventos do futebol com seu pequeno vizinho e grande rival que é o Catar. E que ontem viu a final do Mundial de Clubes e que verá em 2022 o Mundial de futebol. E sabendo todos que o Dubai é palco neste final de ano de uma gala de troféus do futebol o que evidencia que o Médio Oriente sente-se cada vez mais traído pelo futebol. Patrocina com milhões clubes - PSG ou Manchester City - publicita camisolas - e os exemplos são múltiplos como, entre nós, o Benfica - e, agora, vê a Arábia Saudita apostar, crescentemente, no futebol. E hoje é um dia histórico para as mulheres sauditas. Pela primeira vez não haverá restrições para as mulheres assistirem ao jogo. Histórico já que na edição passada só poderem assistir num determinado sector do Estádio que acolheu esta Supertaça. O futebol, aqui, a liderar a igualdade de género e a provocar as angústias da linha fundamentalista do islamismo saudita. O futebol na liderança da mudança. Que implicará, acredito, a compra de um grande clube europeu por um qualquer fundo soberano saudita. E estas disputas regionais através do futebol são tão interessantes quanto estimulantes!

4. A Volta a Espanha, na sua edição de 2020, - a 75.ª edição -, vai regressar a Portugal. Depois do arranque em 1997 em Lisboa no próximo ano a Vuelta chega ao Porto e, depois, a 4 de Setembro, parte de Viseu para chegar a Ciduad Rodrigo numa etapa que me fará regressar a um percurso de infância quando fazia férias no País Basco. Passava a fronteira,  bem revistados na vinda, e parava em Salamanca, Burgos e Vitória até chegar às termas de Cestona. Esta Volta à Espanha de 2020 também mostra que o ciclismo é um dos espaços marcantes de uma determinada promoção turística e das marcas que a ele se associam. Vemos isso na nossa Volta com o exemplo determinante da W52. Olhamos para a Volta à França e vislumbramos grandes marcas a ela necessariamente associadas. E esta Volta a Espanha 2020, que arranca na Holanda (Utrcht), passa ainda pela França e por um dos seus símbolos de montanha que é o Tourmalet. Porto e Viseu, aqui ainda em plena Feira de São Mateus, vão receber essa grande tribo da Vuelta. E ambas as cidades não deixarão de aproveitar mais esta oportunidade para divulgarem os seus lindos destinos, os seus deliciosos vinhos, a sua saborosa gastronomia e a sua grandiosa história. Sim Porto e Viseu irradiam história. Os seus centros são pedras vivas onde ressaltam séculos de vida e de momentos marcantes da história de Portugal. Eu que cresci na casa onde terá nascido o nosso Rei D. Duarte senti isso e vibrei com múltiplos instantes de lembranças vivas da nossa rica, marcante e vibrante história.

5. Permitem-me que deseje a todas e todos um Feliz Natal. Mais do que o ritual dos presentes e a alegria contagiante das crianças o que importa é o encontro familiar. Neste tempo de múltiplas solidões o que fica no e do Natal é o encontro. Boas partilhas é o meu profundo desejo a todas e a todos as nossas e os nossos leitores!"

Fernando Seara, in A Bola

O jornalismo, os teclados

"Uma criança, que esteja a aprender o alfabeto, olha para um teclado e pensa que os adultos ou são parvos, e não sabem colocar as letras por ordem, ou então passou por ali uma qualquer ventania

Os teclados não colocam as letras por ordem alfabética. Mas poderemos pensar nisso: imaginar um teclado começar lá em cima no abcdefg e ir assim por diante mudando depois de linha, tal como nas linhas de um livro, para as letras seguintes do alfabeto. E, dessa maneira, em vez de um teclado Qwerty teríamos um teclado abcdef.
Uma criança, aliás, que esteja a aprender o alfabeto, olha para um teclado e pensa que os adultos ou são parvos, e não sabem colocar as letras por ordem, ou então passou por ali uma qualquer ventania, natural ou tecnológica, e desarrumou, meio ao acaso, as letras.
E, sim, de facto, olhando com atenção parece não existir qualquer lógica - como uma sala depois de um terramoto, com tudo espalhado fora do sítio: no teclado também, as letras parecem todas fora do lugar.
Porquê na primeira linha Qwerty? Porquê no início da segunda linha asdfgh?
(e diga-se que este fhg, e o op e o jkl são uma excepção, alguma ordem alfabética no meio da bagunça do teclado).
Pois bem, vamos à explicação: a partir da máquina de escrever, o inventor americano Christopher Scholes patenteou este teclado, em 1868, com a ajuda de James Densmore, o seu sócio. O objectivo era «organizar as teclas separando os pares de letras mais usados na língua inglesa», em primeiro lugar «para que as teclas não travessem». Muita da energia da solução vem, então, de um problema antigo das máquinas de escrever mecânicas: as teclas quando eram usadas em certas sequências ficavam encravadas. Mas o mais importante é isto: a velocidade a que se escreve. As separar os pares de letras mais usados na língua inglesa (colocando cada uma dessas letras num dos lados do teclado) possibilitava-se a escrita de duas letas seguidas com duas mãos, o que acelerava muito o processo. Não por acaso, mas eis o facto: o teclado Qwerty domina quase 90 por centro do mercado ocidental.
Mas, então, o que significa? Significa que, escrevendo em português, temos um ritmo de movimento dos dedos que vai contra a natureza fixa do teclado - esse teclado feito para acelerar a escrita das palavras inglesas e não das portuguesas.
Seria interessante, pois, algum matemático português fazer as contas das mais frequentes associações de letras para perceber que teclado deveria ser criado para quem escreva essencialmente em língua portuguesa.
De alguma maneira, podemos imaginar que alguém que escreva em várias línguas possa usar teclado diferentes de acordo com a língua em que escreva (eles já são um pouco diferentes, é certo - o nosso tem o Ç e acentos, por exemplo - mas podemos sonhar ainda com teclados mais específicos). Imaginar um jornalista ou escritor que tivesse em casa quatro teclados distintos, por exemplo - além do teclado para português, um teclado para inglês, outra para o francês e outro para espanhol.
- Para que tens quatro teclados?
- Porque escrevo em quatro línguas - responderia esse escritor/jornalista que levasse a velocidade da escrita e o teclado mais adaptado a essa velocidade, ao extremo.
De qualquer maneira, o interessante em qualquer teclado é que, pela repetição de certas palavras e combinações de letras, permite um automatismo dos dedos - um conjunto de movimentos mais habituais, no meio de outros mais raros.
Alguém, portanto, que escreva rapidamente em português num teclado Qwerty, pensado para a língua inglesa, de alguma maneira impõe um ritmo e um movimento das mãos portugueses; impõe um movimento português, um movimento de língua portuguesa ao teclado que tem posições de língua inglesa. Uma espécie de batalha sem armas. Um movimento aéreo português (o movimento dos dedos) sobre as posições terrestres e sólidas inglesas (o teclado). E o movimento português vence (porque saem palavras em português).
E é, portanto, assim, numa bem portuguesa movimentação afectiva dos dedos - que se sobrepõe à posição das peças inglesas em teclado Qwerty - que me despeço, neste elogio ao jornalismo, deixando o desejo de boas festas para todos e um natal tranquilo."

Gonçalo M. Tavares, in A Bola

Ainda falamos de TPO (II)

"O tema da proibição dos TPO e das várias acções judiciais pendentes relativas à mesma, já suscitaram diversos artigos neste espaço. Em particular, já aqui demos conta da acção judicial que corre termos na Bélgica, relativa à proibição, imposta em 2015, pela FIFA, da cedência de direitos económicos a entidades terceiras. O fundo de investimento Doyen e um clube belga, FC Seraing, contestaram, perante o tribunal de primeira instância de Bruxelas, a legalidade dessa proibição, tendo sido negado provimento à acção. As partes vencidas recorreram.
Para além da decisão do Tribunal de segunda instância de Bruxelas relativa à validade do CAS e das respectivas decisões arbitrais proferidas, foi esta semana preferida uma outra decisão, por este Tribunal, relativa à legalidade das regras da FIFA.
Tal acórdão negou provimento ao recurso da Doyen e ao clube belga, confirmando assim a legalidade das regras de TPO e TPI da FIFA as quais se encontram definidas nos artigos 18bis e 18ter do Regulamento do Estatuto e Transferências de Jogadores.
O Tribunal de recurso belga reconhece que a decisão do CAS proferida em 9 de Março de 2017, e recurso da mesma interposto para o Tribunal Federal Suíço, julgado em 20 de Fevereiro de 2018, não são mais susceptíveis de recurso, pelo que terá de se reconhecer, em pleno, os efeitos do caso julgado.
Assim, confirma a validade das decisões disciplinares proferidas pelos órgãos da FIFA que sancionaram o FC Seraing por violar as regras de TPO e TPI. Além disso, o Tribunal de Bruxelas confirma que os recorrentes não trouxeram argumentos convincentes para duvidar dos objectos legitimos das regras impostas pela FIFA."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Benfica não soube gerir

"Benfica com a sua segunda linha não conseguiu controlar vantagem que ganhara

Benfica altera matriz de jogo
1. O Benfica iniciou este jogo da última jornada da fase de grupos da Taça da Liga frente ao Vitória FC com nove alterações em relação ao seu último jogo diante do SC Braga para a Taça de Portugal. Do outro lado estava um Vitória que apenas alterou dois jogadores para este encontro em relação ao último. As muitas alterações deixaram na expectativa que Bruno Lage fosse alterar a matriz da sua equipa e assim foi. Na construção, os laterais formaram uma linha de quatro com apoio frontal de Florentino. Não houve as habituais subidas dos laterais e a procura dos extremos em espaços interiores mais recuados. Com Morato, não houve os passes interiores que Ferro habitualmente faz, acelerando a construção e queimando a primeira pressão do adversário.

Dificuldades na construção
2. O Benfica procurou frente aos sadinos iniciar pelos corredores sempre com apoios dos médios interiores. Os de Setúbal por sua vez procuraram impedir a ligação entre sectores do Benfica, obrigando o adversário a procurar a profundidade dos avançados, tornando a sua tarefa mais fácil. O Benfica durante toda a primeira parte enfrentou dificuldades na construção e ligação fazendo compensar com uma excelente atitude em recuperar a bola quando as situações ofensivas não tinham sucesso. Na segunda parte com a infelicidade do Vitória em errar na sua fase de construção, Raul de Tomas aproveitou e colocou o Benfica em vantagem. O Vitória procurou os corredores laterais para construir e chegar perto da área encarnada, do outro lado, e como havia mais espaço Florentino começou a par de Gedson a ser a ligação entre a construção e a criação tornando o jogo do Benfica muito mais intenso pelo corredor central.

Mudanças fatais
3. A procurar em pressionar e condicionar a saída do Vitória, que com Velásquez as saídas de pressão são mais controladas e com muitos apoios, fez Jota conseguir a bola em zona vital e fazer um grande golo. A partir do minuto 75 e com as alterações do Benfica, deixou de haver equilíbrio defensivo. A subida dos laterais deixando Morato e Jardel apenas com o apoio de um médio defensivo no apoio, tornou as transições ofensivas do Vitória bastante perigosas principalmente quando construídas pelos corredores. De salientar que o excelente gesto de Guedes no seu segundo golo amenizou o facto de o Benfica o ter sofrido em transição defensiva e, nos dois lances de golo do Vitória, Morato não foi feliz e o Benfica com a sua segunda linha não soube gerir a vantagem de dois golos em 15 minutos."

Luís Loureiro, in O Benfica

Odysseas Vlachodimos: só o Olimpo é o limite

"Chegou ao Benfica em Maio de 2018, por uma verba a rondar os dois milhões e meio de euros. Proveniente do Panathinaikos AO, o grego tinha agora a incumbência de afastar alguns fantasmas recentes que assolavam as redes encarnadas.
A primeira época do internacional helénico na Luz não podia ter corrido melhor, com o guarda redes a ser uma das peças fulcrais para a reconquista do campeonato por parte das “águias”. No total, Vlachodimos somou 54 jogos oficiais pelo Benfica no total da temporada, tendo sofrido 55 golos.
No entanto, Odysseas tem alguns aspectos a melhorar no seu jogo. Apesar de ser um guarda redes alto e com uma estampa física imponente, Vlachodimos demonstrou algum receio no que à abordagem a cruzamentos e cantos diz respeito, nunca tentando segurar a bola e a evitar o choque com os adversários. Outro aspecto no qual o helénico peca é no controlo da profundidade. Uma equipa como o Benfica, que joga num bloco médio-alto, precisa de um guarda redes que funcione como um libero, sempre a controlar e a proteger as costas da defesa de possíveis bolas longas vindas do adversário.
Todavia, Vlachodimos parece ter melhorado todos os aspectos referidos anteriormente. Além de estar mais confortável a jogar com os pés – a sua qualidade de passe e recepção aumentou substancialmente -, a sua leitura do jogo também melhorou, o que faz com que os encarnados joguem com uma defesa subida sem ter que se preocupar demasiado em ter as costas expostas.
Odysseas Vlachodimos chegou como um desconhecido, que tinha a função de fazer esquecer nomes como Ederson Moraes ou Júlio César, mas está a tornar-se numa das principais figuras das “águias”. Agora, para o grego, só o Olimpo é o limite."

Wherever I may roam 🎵

""And the road becomes my bride..."
Dezembro de 2017. O Benfica joga a última jornada da Taça da Liga em Setúbal e já está eliminado. Eu antecipo o meu regresso de Castelo Branco pós-Natal para ir ver o jogo ao estádio. Combina-se choco frito no Léo dos Petiscos e na ida a pé para cima, o Diogo Carrasquinho comenta comigo:"Estes gajos nem sonham os sacrifícios pessoais que fazemos por eles. Entre ausências de festas e jantares, a somar aos kms que fazemos por este Portugal a fora. Este ano foram *numero absurdo que não me recordo* kms."
Fiquei a pensar nisso e decidi passar a contabilizar também os kms que faço, certo que seria um número muito menos obsceno que o Diogo.
Este ano, num total de 5.543 kms dividido por 13 deslocações, foram estas camisolas que me acompanharam por esse Portugal fora da Luz (repeti a primeira que usei em Portimão na época passada no jogo desta época em Moreira de Cónegos)
Nestes 13 jogos fora da Luz houve muito mais que um simples jogo, houve muito mais que os 5.543 Kms percorridos.
Houve medronho esquecido em Portimão, houve "Oh Ana!" nas Aves, a promessa de beber amêndoa amarga se fôssemos campeões em Moreira e Unicórnio na Feira, Houve "então mas se o jogo é às 9 da noite porque é que sais de casa às 10 da manhã?" para a Supertaça e carteira "perdida" no Jamor que afinal estava no carro. Houve regresso a Moreira e esclarecer que ninguém gamou nenhuma garrafa de vinho, o início da minha despedida de solteiro na Cova da Piedade e um pic-nic bruto no parque urbano de Tondela. Um jantar que passou das entradas para as sobremesas e 30 minutos a subir até chegar ao estádio do Vizela aos 40min de jogo e as portas abertas de sua casa para nos receber na Covilhã. No Bessa, houve tronco nu pelas apostas em quem marcava golos, decidido através de uma app de números aleatórios e a convocatória para esse jogo. E em Setúbal houve o habitual pré jogo no "Nunca Mais Cá Venho" com queijo de cabra e pic-pau no ponto certo de picante.
Muitos não vão perceber nada do que está para aqui escrito, alguns vão identificar certas histórias (porque me acompanharam nestas viagens) e eu certamente nunca me irei esquecer disto.
Quando muito se tem falado no ambiente cada vez pior do Estádio da Luz, confesso que é nos jogos fora que vou buscar maior conforto e maior prazer nisto de viver o Benfica. Porque para mim viver o Benfica é muito mais que aqueles 90 minutos de 11 gajos a correr atrás de uma bola.
Quis o destino que mais uma vez o ano terminasse com o Benfica eliminado da Taça da Liga em Setúbal. E mais uma vez partilhei a bancada com o Diogo.
Desejos para 2020?
Venham mais Kms para o bucho, mais histórias para relembrar e mais camisolas para vestir!:)
E saúde, vá...
Metallica: Wherever I may roam https://open.spotify.com/track/22GbAGb80ZZNgm2yrBMnpR"