quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Um Benfica como Lage quer

"Pizzi é o melhor jogador do Benfica. Junta decisões acertadas a extraordinária dinâmica

Da ameaça ao reequilíbrio
1. Depois de um bom arranque de jogo em que o SC Braga acaba - é verdade que com alguma felicidade pelo meio - por chegar à vantagem na sequência do autogolo de Ferro, pensou-se que podia fazer frente a um Benfica com a confiança em alta. O golo de Pizzi, passados cinco minutos, recolocou a partida num patamar de equilíbrio e igualdade. A questão central é que o Benfica manteve o ritmo de jogo alto e foi isso que procurou fazer ao longo de todo o desafio.

O respeito do SC Braga
2. O SC Braga respeitou o actual bom momento que o Benfica atravessa. Num longo período do jogo esteve longe da baliza do Benfica e só a partir do momento em que Ricardo Sá Pinto lançou Paulinho em campo é que se voltou a ver o SC Braga mais estendido no jogo, mais próximo da periferia da área dos encarnados e da baliza de Zlobin. Parece que o SC Braga jogou mais em função do Benfica do que o contrário, isto é, não foi tão autoritário no seu jogo e isto tem muito a ver com o que já expus no primeiro ponto desta crónica: não há dúvida de que o Benfica está, neste momento, mais forte e com índices de confiança muito elevados. Tem vários jogadores que atravessam um excelente momento de forma.

Pizzi e Gabriel marcam o ritmo
3. Do conjunto de jogadores em alta neste Benfica destaco alguns nomes: Pizzi, Gabriel e, naturalmente, Vinícius, que merecerá uma análise isolada mais à frente no remate da crónica. Falando especificamente de Pizzi, é actualmente o melhor jogador do Benfica. Junta uma extraordinária dinâmica a decisões acertadas tanto a construir jogo como a aparecer em zonas de finalização. O Gabriel, por seu turno, põe a equipa a jogar curto e largo e acaba por fazer com que este Benfica tenha a tal dinâmica que marca a diferença para os adversários. A equipa de Bruno Lage procurou jogar à mesma velocidade, nem sempre com total clarividência, mas sempre acima do SC Braga. Está numa linha de crescimento que arrasta todos os jogadores para uma identidade mais vincada que o treinador do Benfica pretende para a sua equipa.

Os estragos do 'Tanque'
4. Por fim, Carlos Vinícius. Pareceu-me um lance de autogolo aquele que resulta no 2-1 que apura o Benfica e dita a sentença do SC Braga nesta eliminatória da Taça de Portugal. Contudo, o que destaco é esta ideia: o ponta de lança brasileiro, 26 anos, continua a ser determinante. O Benfica deixou de ter a profundidade de Haris Seferovic, mas agora tem um tanque no ataque. Um tanque que toca poucas vezes na bola, mas quando o faz provoca fortes estragos nas estratégicas dos adversários. Foi o que aconteceu ontem, uma vez mais, numa matriz que nos remete para o crescimento sustentado deste Benfica enquanto colectivo coeso e unido. Depois, salta para o relvado a magia de Pizzi, os processos eficazes de Gabriel e a definição exemplar de Carlos Vinícius."

Domingos Paciência, in A Bola

Benfica em frente e CR7 em órbita...

"Grande jogo na Luz, onde o SC Braga do meio da semana, que não é o mesmo dos fins de semana (esse está a 21 pontos do líder, na Liga), lutou até ao fim pela passagem aos quartos de final da Taça de Portugal. O bom futebol dos minhotos serviu para adensar o mistério da bipolaridade da equipa de Ricardo Sá Pinto, enquanto que os campeões nacionais, também por culpa do adversário (e da forma como por vezes se deixaram enervar por Artur Soares Dias), não conseguiram estar ao nível do que tinham feito nas últimas três partidas. Mas, pelo menos, Bruno Lage parece estar apostado em aprofundar a coesão de um onze que demorou a encontrar. Praticamente fora da Taça da Liga, o Benfica vai entrar em 2020 em três frentes onde mostrar serviço, não podendo esquecer que entre 5 de Janeiro e 9 de Fevereiro (antes, pois, de jogar com o Shakhtar), tem, para a Liga, deslocações a Alvalade, ao D. Afonso de Henriques e ao Dragão.

Jogava-se o minuto 45 em Génova, no Sampdória - Juventus, com o marcador a registar um empate a uma bola, quando, da esquerda, Alex Sandro cruzou ao segundo poste da baliza da equipa da casa. Cristiano Ronaldo subiu e ficou à espera da bola, nas alturas. Parado no ar, tomou conhecimento do que ia acontecendo no clássico que se disputava em Camp Nou, informaram-no, ainda, de que seria o Liverpool a medir forças com o Flamengo na final do Mundial de Clubes e teve tempo para perguntar a que horas começava o Benfica - SC Braga. Quando, finalmente o esférico tomou contacto com a cabeça de CR7, a 2,56 metros do solo, assistiu-se a um dos grandes golos da carreira de Air Ronaldo, um jogador para a eternidade, sem tempo nem distância."

José Manuel Delgado, in A Bola

Algoritmo e olho clínico

"Ninguém diz isto como Valdano: “entramos num desvio perigoso da modernidade, agitada pelo protagonismo da big data, em que a ciência pretende apoderar-se do jogo. Tudo é mensurável, analisável, portanto, memorizável, portanto, previsível, portanto”. A questão é o que está em causa: a estatística? os dados GPS? observação e análise? a estratégia levada ao limite? os perfis de jogadores etiquetados pelos especialistas em scouting? Será um pouco de tudo isso.
Claro que há hoje uma imensidão de dados – alguns capazes de surpreender até os mais apaixonados pelo jogo - que não podem ser desprezados. O espanhol El Confidencial fez contas há uns dias e concluiu que mais de 230 olheiros e analistas, com idades entre os 21 e os 23 anos (sim, são os millennials da bola!), trabalharam a tempo inteiro no ano passado só para os clubes das cinco maiores ligas europeias (inglesa, alemã, espanhola, italiana e francesa). Não há como fugir ao estudo do jogo, é nova gente de um novo tempo, que chega e acrescenta. A necessidade é que não se pode reduzir o jogo a uma equação matemática - em que se “x” corre “y” e chuta “z” logo “g”, de golo - ou o jogador a um autómato dividido em parâmetros fixos. É obviamente útil saber quantos quilómetros foram percorridos e a que velocidade. Ou o número de passes e remates efectuados e em que zona do campo. E quais os atletas que estão a perder rapidez nos deslocamentos durante o jogo. Ou antes dele começar, quantificar o “índice lesional”. O problema é que, somado tudo isso parece restar pouco, quando o que acontece é exactamente o inverso: sobra quase tudo o que é essencial. É que, só pelos registos, posso saber quem corre mais mas não sei quem corre melhor, quem mais passa e remata (até com que acerto) mas não se a melhor decisão era passar assim ou finalizar naquele momento.
Contra os registos frios, emoção quente, que o talento fatiado em dados podia ter-nos privado de Sócrates ou Riquelme, Pirlo ou Rui Costa, Baggio ou Romário. Eu quero lá saber quantos quilómetros corre Messi? Eu quero é ver Messi, mesmo a passo. E se aprecio os centímetros do salto de Ronaldo é mais porque chega ao golo que por superar a fasquia histórica de Javier Sottomayor. Saltos há muitos, daqueles é que não. Há cem anos que este jogo resiste e se regenera com base nas ideias antes dos números, porque as ideias podem tornar-se números e o inverso não. Este é um jogo de homens, logo subjectivo, jogado por vários, o que multiplica as interacções, e preferencialmente com o pé, o que reforça a aleatoriedade. Não há dados que superem a visão de quem sabe. O algoritmo não pode valer mais que o olho clínico.
O jogo que adoro é mais técnica que aritmética, mais táctica que matemática, sempre mais intuição que equação. Se assim não for, mais vale formar gestores para o futebol que treinadores e inaugurar business schools do pontapé na chincha. Até porque vejo dirigentes, presidentes mesmo, a justificar decisões estranhas agarrados a tabelas de dados ou folhas de Excel. Não há nada mais perigoso, diz-me sempre um amigo, que dar argumentos a quem não tem razão. Mas haverá: alguém com conhecimento escasso a invocar alegados factos, munido de dados pretensamente objectivos. Nada do que é absolutamente humano se reduz à razão, quanto mais a números. O futebol é o tal jogo de homens e não de máquinas, produto de decisões permanentes, na maioria emocionais. A única verdade absoluta deste jogo é a força do treino, que deixa marcadores somáticos bem mais fiáveis que as migalhas de Hansel e Gretel a caminho da casa de chocolate. Não há pássaro que nos roube a orientação se rotinarmos o caminho. O GPS não me diz o destino, apenas pode ajudar-me a chegar mais rápido. Se souber para onde vou, pode falhar o 4G que não me perco.

Nota colectiva:
Releio a crónica que escrevi há oito dias e constato que o Benfica se manteve forte a triangular entre Taarabt-Chiquinho e Pizzi, porque os melhores juntos jogam melhor ainda. E que o Porto cresceu na mesma linha, com os regressos que sugeria, de Uribe, Díaz e sobretudo Nakajima, único a explorar as entrelinhas e a enriquecer a equipa com jogo interior. E que dizer de Marcus Edwards? Acredito que pode até acabar a época consagrado como um dos melhores que já vestiram a camisola do Vitória. Qualquer analista gosta que a realidade lhe dê razão. Conto-vos o segredo: é sempre mais fácil acertar quando se valoriza o talento., seja em que actividade for.

Nota individual:
Roberto Firmino – é o craque invisível da melhor equipa da actualidade. São mais exuberantes a liderança de Van Dijk, as acelerações de Alexander-Arnold, a disponibilidade de Fabinho ou Henderson, a classe de Alisson, o génio concretizador de Salah e Mané, mas Firmino está para o magnífico colectivo como a roda de balanço para um relógio de corda. É ele que possibilita o funcionamento atempado de toda a engrenagem, ligando as partes tanto nas ações protagoniza como em tantas que apenas influencia com os movimentos que faz. Ontem no Qatar, como no ano passado no Dragão, houve uma equipa sem ele em campo e outra quando entrou o brasileiro que não tem sequer nome de futebolista. Chamam-lhe Bobby, os que o idolatram em Liverpool."

O nosso Flamengo é o maior do mundo, menos a pagar indemnizações

"Quem nos tira o nosso Flamengo, tira-nos tudo, não é verdade?
Pelo menos, desde há umas semanas para cá.
Apesar do grande rival Vasco da Gama ter sido fundado por portugueses e andar há mais de um século de caravela ao peito a representar a comunidade lusa do Rio de Janeiro, subitamente somos todos rubro-negros por cá.
O Vasco foi até pioneiro a derrubar a barreira do racismo no futebol brasileiro, com a inclusão de jogadores negros. Mas isso é coisa de antigamente e a nossa memória é tão curta que já mal se recorda de que há um par de anos Jorge Jesus era tido quase como um vilão por boa parte da comunicação social portuguesa. Parece que foi noutra encarnação.
«Agora, ele é o herói», adaptando Chico Buarque – que é do Fluminense. No fundo, para efeitos imediatos e mediáticos, é isso que interessa.
Mesmo descontando a proximidade histórica e cultural com o Brasil, não deixa de ser surpreendente esta súbita paixão nacional pelo Flamengo, apesar de nos ter passado sequer pela cabeça sermos do Shanghai SIPG quando Vítor Pereira ganhou na China ou do Al Ahly quando Manuel José dominou no Egipto. Mesmo em solo brasileiro, jamais nos motivou algum interesse as curtas (e fracas) prestações de Paulo Bento no Cruzeiro ou de Sérgio Vieira no América Mineiro.
Mas a história de Jesus é boa e todos simpatizamos com ela: um português chega ao Brasil, é atacado pelos seus pares e com o seu «toque de Midas» consegue fazer história no mais popular clube do mundo. Uma lição bem dada.
Na verdade, o essencial são as notáveis conquistas da Libertadores e do Brasileirão e agora a disputa do Mundial de Clubes frente ao Liverpool, que dão boleia à elevação do orgulho pátrio. Ainda assim, se o Flamengo merece honras de abertura de telejornais, reportagens, entrevistas, horas e horas de emissão, seria interessante talvez mostrar o contexto do nosso novo clube.
Poderíamos, por exemplo, trocar só algumas daquelas vazias e recorrentes intervenções com adeptos com prognósticos sobre o resultado do jogo para perceber como a extrema-direita brasileira se aproveita da popularidade e das façanhas da equipa de Jorge Jesus.
Perceber como o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que é do Palmeiras e do Botafogo, surge com Sérgio Moro na bancada do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, ambos vestidos com o manto rubro-negro, dias depois de rebentar o escândalo «Vaza Jato».
Ou sublinhar a oferta de outra camisola do Fla por parte de Bolsonaro ao presidente chinês durante uma recente visita oficial.
Podíamos também tentar perceber como o governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que é do Corinthians, aparece no relvado do Estádio de Lima a ajoelhar-se aos pés de Gabigol, que o ignora, mas acaba por viajar no avião da equipa e no dia seguinte está no trio eléctrico com os jogadores e restante staff técnico, de medalha ao peito, a comemorar em plena Avenida Presidente Vargas.
Para conhecer melhor o clube de todos nós, teria sido útil aproveitar esta janela mediática para perceber como a direcção do Flamengo se tem recusado a alcançar um acordo conjunto com as famílias dos jovens que foram vítimas de um incêndio no centro de estágios do clube.
A 8 de Fevereiro deste ano, a tragédia, provocada por uma falha no ar condicionado, matou dez jovens da formação do clube, entre os 14 e os 16 anos. Nota importante: o local não tinha certificado contra incêndios e já havia sido interditado em 2017, após o clube ter sido multado quase 30 vezes por falta de alvará.
A 5 de dezembro, antes de serem determinadas as indemnizações definitivas, o Flamengo foi condenado no imediato a pagar dois mil euros mensais às famílias das vítimas mortais, mas… recorreu.
A título comparativo, a direcção que se recusa a pagar um total de 350 mil euros por ano às famílias de jovens que estavam a seu cargo nas instalações do clube e que morreram numa tragédia evitável, está ao mesmo tempo a oferecer oito milhões de euros num contrato de renovação a Jorge Jesus.
Há uns meses, Cristiano Esmério, pai de Christian, de 15 anos, uma das vítimas mortais, lamentava: «O Flamengo gasta 200 milhões (45 milhões de euros) a contratar jogadores e eu vou chorar a vida inteira pelo meu filho.»
Já que em Portugal damos tanto tempo de antena ao Flamengo, poderíamos ter prestado uns minutos de atenção a estes pais e à absoluta indignidade perpetrada pelo nosso novo clube.
A missão do jornalismo, seja qual for a especialidade, passa por dar contexto e novas perspectivas. Mas para isso há que reduzir um pouco ao deslumbramento e aumentar o grau de informação."

A difícil matemática do treino: afinal, 1% é mais ou menos do que 1%?

""Considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer as partes”.
- Blaise Pascal

Vivemos numa época de exacerbação do detalhe. A origem e significado das palavras merecem um escrutínio sem precedentes. As lentes fotográficas ampliam como telescópios. As câmaras de videovigilância multiplicam-se mais rapidamente que os seres humanos. Os outrora ‘operários’, posteriormente ‘empregados’, e mais recentemente ‘colaboradores’, são agora ‘talentos’, cuja performance é monitorizada e avaliada em permanência.
No desporto de alto nível, a importância atribuída ao detalhe justifica-se pelas diferenças ínfimas que separam vencedores e vencidos. Um centésimo de segundo pode fazer a diferença entre o ouro e a prata. Um ‘dia mau’ ou uma mera falha de marcação momentânea no último minuto do tempo de compensação podem custar três pontos, um campeonato, e muitos (demasiados!) milhões de euros. 

Quando 1% é bem mais do que 1%
Por isso, há cada vez mais equipas à escala planetária a munirem-se de especialistas em áreas como a psicologia, biomecânica, ergonomia ou nutrição. Tudo em prol da obtenção de ‘ganhos marginais’, um princípio que ficou famoso no ciclismo com a entrada arrebatadora da Team Sky no pelotão internacional. O seu director, Sir Dave Brailsford, defendia que:
“Se conseguirmos identificar todos os componentes que podem ter impacto na performance de um ciclista – tudo aquilo que for possível imaginar – e melhorarmos cada pequeno aspecto em 1%, quando voltarmos a agregar tudo novamente, vamos obter ganhos significativos na performance”. 
Esta filosofia fez com que, por exemplo, durante as participações na Volta a Franca, a Team Sky enviasse elementos do seu staff aos hotéis em que os ciclistas iriam pernoitar depois de cada etapa, para procederem a limpezas profundas e também à instalação de colchões e almofadas personalizadas. A ideia desta operação logística passava não só por evitar a contracção de doenças mas também por garantir uma elevada qualidade de sono, e por consequência, uma melhor recuperação dos seus atletas.
No futebol, ficaram famosas as revelações do treinador Carlo Ancelotti sobre os banhos de gelo de Cristiano Ronaldo às 3 da manhã, na sua passagem pelo Real Madrid. Mais recentemente, tem sido discutido – e demonstrado – o potencial impacto dos apanha-bolas na obtenção de resultados positivos, quer desportivos quer financeiros.
Primeiro, foi o quarto golo do Liverpool em Anfield contra o Barcelona, que apurou a equipa de Jurgen Klopp para a final da Liga dos Campeões deste ano; depois, já na fase de grupos da presente edição da liga milionária, José Mourinho destacou o ‘pensamento rápido’ do apanha-bolas do Tottenham, que permitiu a Harry Kane marcar o golo do empate frente ao Olympiakos de Pedro Martins.
Todos estes exemplos são bem ilustrativos da importância dos ‘ganhos marginais’ e de como melhoras de 1% numa pequena parcela do processo podem trazer benefícios bem mais significativos, não só no desporto como noutras áreas. Que o diga Ignaz Semmelweis, o médico húngaro que, em meados do século XIX, investigou uma intrigante crise de mortalidade no serviço de obstetrícia de um hospital de Viena: o número de jovens mães que não sobreviviam ao parto era muito maior quando eram atendidas por estudantes de medicina do sexo masculino do que quando eram auxiliadas por parteiras.
Depois de considerar várias explicações, Semmelweis descobriu a causa: antes de chegarem ao serviço de obstetrícia, os jovens aspirantes a médicos trabalhavam nas salas de autópsia do hospital, de onde vinham directamente... sem lavarem as mãos! Um simples gesto, cuja adopção generalizada permitiu que inúmeras vidas fossem poupadas.

Quando 1% é menos do que 1%
No entanto, há quem questione a lógica marcadamente cartesiana do princípio dos ganhos marginais. Isto devido à forma simplista como por vezes se equipara o ser humano a uma máquina, assumindo-se que é possível dividi-lo em partes - qual automóvel numa linha de montagem - e ignorar a existência (e o papel crucial) de relações entre as partes. A análise microscópica de cada elemento do processo de treino pode tornar o atleta (e os treinadores) obsessivo e acabar por ser contraproducente.
Por um lado, se algum motivo levar a que numa determinada prova um atleta não consiga cumprir ponto por ponto o seu ‘protocolo de excelência’, a crença num resultado positivo pode ser afectada. Por outro, esta aposta na hiper-especialização pode redundar no crescimento desmesurado de equipas técnicas, dificultando a comunicação entre os ‘experts’ de cada área. Desta forma, surge o perigo de que cada um se ocupe da sua agenda (sempre a mais importante, por sinal!) sem que haja uma percepção do impacto global. O resultado provável: mensagens contraditórias, conflitos, lutas de egos, confusões. Diminuição da performance desportiva do atleta. A perda do prazer pelo desporto, motivada por (ou conducente a) problemas de saúde física e mental.
Assim, ainda que o avanço rápido da tecnologia e da investigação cientifica possam trazer possibilidades entusiasmantes, e que o investimento numa maior atenção ao detalhe em diversas áreas do treino faça todo o sentido, a sua eficácia depende em grande medida dum saber milenar: a filosofia. Numa era de informação desmedida e aceleração descontrolada, torna-se essencial arranjar tempo – e a coragem – para definir uma visão e assegurar que todos os elementos duma estrutura com ela permanecem alinhados. Só com uma direcção clara e uma cultura partilhada pode a aposta em ganhos marginais produzir resultados significativos e continuados."

Taarabt, o engenho e a esperteza de rua que o situam algures entre uma cigana vidente e Yuval Noah Harari

"Zlobin
Soltei uma gotinha com a recepção falhada aos 21’.

Tomás Tavares
A tranquilidade quase irritante de quem parece ter fumado um parpalho antes do jogo. Olhos semi-cerrados, passo ora vagaroso ora despachado, calma sob pressão, e uma mão cheia de decisões acertadas que nos colocaram por cima no jogo. Deve ser um pólen que eu experimentei uma vez. 

Rúben Dias
Seguro ao longo de todo o jogo. Especialmente bem nas 2 ocasiões em que o vi mandar Artur Soares Dias para o raio que o parta.

Ferro
Ontem viu-se bem fundido para impedir algumas incursões dos atacantes bracarenses. Costuma dizer-se que jogador tal “esteve no golo”, mas Ferro levou isto demasiado à letra. A sua cara a seguir ao lance foi uma mistura de “e esta hein?”com “bem, lá teremos que dar a volta a isto”

Grimaldo
Eu sei que a vida anda depressa demais e nem sempre temos tempo para pensar e apreciar, mas, quando tiverem um minuto nesta época festiva que se avizinha, parem e dêem graças por termos um dos melhores laterais da Europa, aparentemente encantado da vida por jogar no nosso clube.

Gabriel
Respondeu diplomaticamente ao arraial de pancada com a exibição mais autoritária desde que se assumiu como referência mais defensiva do meio-campo. Teve um ou dois pormenores deliciosos que deixaram os jogadores do Braga com pena de não lhe terem acertado mais vezes.

Taarabt
coisas que mais ninguém vê, com a arte, o engenho e uma esperteza da rua que o situam algures entre uma cigana vidente e Yuval Noah Harari. A verdade é nenhum de nós sabe exactamente para onde vai, com Adel o caminho parece sempre um pouco mais claro.

Pizzi
Belíssimo golo na conversão de um pontapé de grande penalidade e mais uma noite daquele tédio superlativo a que nos tem habituado nos jogos nas competições internas. Desta vez não foi elogiado publicamente pelo Bruno Fernandes, mas todos sabemos que ele teve tempo livre para ver o jogo. 

Chiquinho
Quase todas as suas acções no último terço do terreno - o remate ao poste, as várias recepções orientadas que quase resultaram em assistências para golo - estão a escassos centímetros de fazer dele um jogador de Selecção.

Cervi
Belíssimo espectáculo de dança contemporânea com Grimaldo no corredor esquerdo.

Vinicius
O medo de Vinicius é tanto que os guarda-redes já reagem encolhidos, permitindo assim que um remate digno de um Martin Pringle acabasse no fundo das redes. Os leitores que não souberem quem é Martin Pringle devem agradecer aos céus.

Samaris
Bem. Encostou a Soares Dias e não o deixou manobrar à vontade.

Seferovic
aqui estivemos, nós e ele: futebol triste, decisões erradas, poucos minutos em campo que parecem quase sempre tempo a mais. Todos sabemos como vai acabar esta história: com dois ou três golos decisivos na 2.ª volta e uma bebedeira de caixão à cova em maio. Porfiemos juntos, Haris.
P.S. - não voltes a tirar golos ao Pizzi.

Trincão
;)"

Objectivo cumprido

"Está conseguido o apuramento para os quartos de final da Taça de Portugal no seguimento do triunfo, por 2-1, sobre o Braga. Apesar da desvantagem consentida ainda no primeiro quarto de hora, a nossa equipa soube dar a volta ao resultado, fruto de uma exibição agradável e consistente e do aproveitamento de duas das várias oportunidades de golo criadas ao longo do jogo.
Poderíamos destacar o golo magistral de Pizzi, um dos 19 que já marcou esta época pelo Benfica (20 contando com um ao serviço da Selecção), a continuidade da veia goleadora de Vinícius (totaliza 16 golos) ou vários outros aspectos individuais, mas foi a capacidade colectiva da equipa, tanto na entrega como na qualidade exibicional, que sobressaiu ontem à noite.
Vencemos com justiça frente a um bom adversário com legítimas aspirações na competição e que, conforme era expectável, nos criou dificuldades. Fomos mais fortes, merecemos ganhar e carimbar a passagem para a eliminatória seguinte.
Ontem despedimo-nos da Luz em 2019. No primeiro jogo do ano ocorreu a estreia de Bruno Lage à frente da equipa. Desde então, chegámos, em 27 jogos, aos 84 golos no Estádio da Luz, o que perfaz uma média de 3,1 golos por jogo. É preciso recuar a 1989, num ano em que marcámos 14 e 11 golos ao Riachense e ao Marco, respectivamente, em partidas da Taça de Portugal, para encontrarmos um ano civil em que a nossa equipa tenha sido mais concretizadora nos jogos em casa ao longo de um ano civil. Notável!
Notas finais para a boa vitória, por 8-3, da nossa equipa de hóquei em patins frente a um dos candidatos ao título, a Oliveirense, e para apelar aos benfiquistas que hoje, às 20 horas, encham o Pavilhão n.º 2 e apoiem a nossa equipa de voleibol que defrontará o Tours VB em jogo da terceira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

P.S. A Benfica, SAD, em contraciclo com as congéneres dos seus principais adversários, decidiu antecipar parcialmente o reembolso de um empréstimo obrigacionista, cuja maturidade será em Julho de 2021. Os 25,2 milhões de euros pagos antecipadamente aos investidores cumpre a estratégia definida e demonstra o rigor, credibilidade e boa gestão financeira do SLB SAD."

Cadomblé do Vata

"1. Foi preciso esperar pelo último jogo em casa do ano, para termos o Melhor Momento de Futebol de 2019... foi aquele minuto em que 30 ou 40 mil almas acreditaram que Carlos Xistra no VAR ia mandar marcar um penalty a favor do SLB por mão na bola.
2. Não pensem que é impossível o Momento de Futebol de 2020 ser igual ao de 2019... é preciso ter atenção que a maioria daquelas almas acreditou que era possível ser campeão com King, Paredão, Hassan e Marcelo.
3. O Homem de Bom Jesus das Selvas derrotou a equipa do Bom Jesus de Braga... resta é saber se não vem outro Bom Menino do Papa considerar autogolo.
4. Carlos Vinicius tem que trabalhar o jogo de cabeça... tem um canhão na perna esquerda e uma pistola de água na cabeça.
5. Não quero ser o gajo que está sempre a defender Bruno Lage, mas de facto com ele as coisas melhoraram muito... basta ver o caso do Tomás Tavares que está quase a roubar o lugar ao André Almeida e ainda não se lesionou com gravidade."

SL Benfica 2-1 SC Braga: Vitória sem grande história

"Nesta quarta-feira, o Sport Lisboa e Benfica recebeu no Estádio da Luz o Sporting Clube de Braga para os oitavos-de-final da Taça de Portugal. Jogo grande da eliminatória, que trouxe à memória dos benfiquistas o jogo de há precisamente cinco anos, no qual o SC Braga se deslocou à Luz, na mesma competição e eliminatória, para derrotar o SL Benfica por 2-1.
A equipa de Bruno Lage chegou a este jogo num grande momento, depois de ter realizado de forma consecutiva as três melhores exibições da época – muito fruto da equipa ter estabilizado um 11 no qual se enfatiza a posse de bola e a criatividade no centro do terreno.
Já o SC Braga chegou à Luz depois de uma derrota em casa com o FC Paços de Ferreira. Os guerreiros do Minho ainda procuram uma identidade e vão variando entre a fortíssima equipa europeia e a tremida equipa nacional. Uma das curiosidades para este jogo era perceber se, perante a exigência do duelo, a equipa de Sá Pinto iria claudicar nos ares de Portugal ou superar-se perante um adversário de nível europeu.
Os encarnados da Luz subiram ao relvado exactamente com o mesmo 11 dos últimos jogos, sendo a única excepção a titularidade de Zlobin na baliza. Já os arsenalistas apareceram com uma equipa bastante ofensiva, contando no ataque com Wilson Eduardo, Trincão, Ricardo Horta, Rui Fonte e também Fransérgio.
O jogo começou muito aberto e veloz, o que até beneficiou o estilo de jogo do Sporting de Braga. Com espaço para explorar as alas, a equipa minhota foi criando aproximações à baliza de Zlobin e obrigando o Benfica a voltar ao futebol de há uns jogos atrás, também muito na base de transições.
E foi nesse contexto de um jogo mais propício aos bracarenses que a equipa visitante chegou à vantagem: cruzamento da esquerda de Sequeira, que acabou por ser encostado por um infortúnio de Ferro.
Aos 14 minutos, o SC Braga adiantava-se no marcador, mas rapidamente as águias começaram a mudar a história do jogo. A equipa encarnada começou a conseguir pressionar mais alto, começou a condicionar a saída de bola dos minhotos e também começou a ter mais bola nos pés, favorecendo assim o futebol do tridente Taarabt, Chiquinho e Pizzi.
Foram só precisos seis minutos para, após um amortecimento de bola de Vinícius, Pizzi conseguir abrir a defesa arsenalista e, de fora da área, colocar a bola no fundo da baliza.
Com o jogo empatado, continuou-se a ver muitas corridas mas cada vez menos lances de bom futebol. A equipa de Lage conseguiu condicionar ainda mais os jogadores adversários, conseguiu ter mais bola e rondar com maior perigo a área de Tiago Sá, mas nem de um lado nem do outro surgiram continuados bons momentos de futebol.
O SC Braga pecou pela constante procura da profundidade e lateralização do jogo, tendo na área um jogador de apoios como Rui Fonte, preso no jogo aéreo entre Ferro e Rúben Dias.
O jogo foi empatado para o intervalo, com o Benfica a ser a melhor equipa em campo mas sem nunca conseguir impor totalmente o seu futebol.
A segunda-parte começou, sim, à Benfica. Com mais bola, com melhor qualidade de transporte e com uma pressão alta a anular o adversário e a colocar a equipa constantemente nas redondezas da grande área bracarense.
Os encarnados impunham o seu jogo e com naturalidade chegaram ao golo: finalização de Vinícius e erro grave de Tiago Sá, a deixar o esférico passar.
A superioridade encarnada durou mais uns cinco ou dez minutos, que foi o tempo que levou para a equipa recuar no terreno. Bruno Lage optou, ou deixou, que os jogadores recuassem no terreno e dessem bola e iniciativa de jogo ao Braga, e assim o Benfica começou a fazer não só um jogo de equipa não-grande, como principalmente um jogo que a equipa não sabe praticar.
Os bracarenses tiveram bola durante quase 30 minutos, mas sem critério, não apresentando criatividade no centro. Todo o jogo minhoto estava virado para a esquerda, a explorar as subidas de Sequeira, baseando-se na procura, sem sucesso, da linha para o cruzamento. Paulinho e Fonte na área, Horta na esquerda, Trincão encostado à direita e só Novais a tentar fazer algo com a bola.
Assim, e depois de uma entrada muito forte no segundo tempo, os encarnados decidiram convidar o Braga para o empate, mas a equipa de Sá Pinto simplesmente não soube como lá chegar. Um SL Benfica-SC Braga que muito prometia, que nos mostrou muita correria e muita luta, mas que, no fim, teve pouca qualidade técnica. Venham os quartos-de-final.

Onzes Iniciais e Substituições:
SL Benfica: Zlobin, Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo; Pizzi, Gabriel, Taarabt, Cervi (Samaris, 78′); Chiquinho, Vinícius (Seferovic, 83′).
SC Braga: Tiago Sá, Esgaio, Bruno Viana, Sequeira, Wallace (João Novais, 79′); Palhinha, Fransérgio, Trincão, Ricardo Horta; Wilson Eduardo (68′), Rui Fonte.

A Figura
Pizzi Com a braçadeira de capitão, o Luís Miguel de Trás-os-Montes deu continuidade às grandes exibições dos últimos jogos. Aliás, hoje até esteve um furo abaixo, mas mesmo assim foi o jogador mais decisivo do jogo. Juntou ao excelente golo uma enorme capacidade de rasgar a defesa adversária, com passes bem temporizados e assistências de luxo para os colegas finalizarem. No decorrer da segunda parte, foi-se alheando do jogo e vendo Chiquinho com maior capacidade de afirmação, mas nos últimos minutos voltou a aparecer e a quebrar o momento ofensivo do SC Braga.

O Fora de Jogo
Wilson Eduardo Também aqui se destaca o capitão de equipa, mas desta vez o da equipa derrotada. A escolha de Wilson Eduardo é também uma nota negativa para Ricardo Sá Pinto. Um jogador completamente inofensivo, preso a um jogo básico de recepção e bombardeamento de bolas para a área. O extremo bracarense tem qualidades mas também muitas limitações. Consegue destacar-se pela sua qualidade de remate, vindo da direita para o centro. Hoje, preso à ala esquerda, não acrescentou velocidade, criatividade, meia-distância, nem nada digno de registo positivo."

Como trespassar uma armadura

"O Benfica está nos quartos de final da Taça de Portugal após bater o Sp. Braga por 2-1, num grande jogo de futebol, com incerteza e duas equipas à procura da vitória, como só a Taça nos parece conseguir dar

Não tenho uma folha de cálculo Excel com tais dados, nem sequer memória especialmente prodigiosa, mas ninguém me tira que os jogos para as taças entre as principais equipas do nosso campeonato são sempre melhores do que os jogos do campeonato itself. Isto não é ciência e não faltarão jogos que detonem esta minha teoria, mas, aqui entre nós, há qualquer coisa nos jogos a eliminar.
Talvez as questões de vida e morte tornem os homens menos cínicos e mais de peito feito à sua missão. E isso no futebol resulta em jogos mais abertos, menos cerebrais, mais rápidos e menos contidos. Como este Benfica - Sp. Braga foi em muitos momentos.
E percebeu-se rapidamente que o jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal, que aconteceu, curioso, precisamente cinco anos depois de outro Benfica - Sp. Braga para os oitavos de final da Taça de Portugal, ia ser intenso, disputado e equilibrado, com os minhotos a entrarem bem, a condicionarem o Benfica e a ficarem eles próprios muitas vezes com a iniciativa de jogo em pleno estádio da Luz.
O pé de Ferro que involuntariamente se fez a um cruzamento de Sequeira e enviou a bola para a baliza de Zlobin, aos 14 minutos, não foi, portanto, uma surpresa de maior, ainda que por essa altura já o jogo estivesse mais equilibrado. E tão equilibrado estava que o empate do Benfica apareceu logo a seguir, quatro minutos depois, numa jogada em que Vinícius serviu de pivô e de costas para a baliza amorteceu para Pizzi, que ainda fora da área e rodeado de adversários encontrou o espaço para rematar cruzado e colocadíssimo para o golo dos encarnados.
Mesmo sem grandes oportunidades, a 1.ª parte seguiu animada e bem jogada, com as duas equipas em busca da bola e do apuramento para os quartos de final. Até ao intervalo, o Benfica ainda desperdiçou uma grande oportunidade, com Chiquinho a rematar ao poste após uma boa jogada de entendimento pela esquerda com Cervi e Grimaldo.
Entrou melhor o Benfica na 2.ª parte, ainda que com problemas a definir no último terço. Acabaria por ser um erro de Tiago Sá aos 62 minutos a dar o 2.º golo ao da casa: Taarabt lançou Vinícius em velocidade e o brasileiro rematou já praticamente sem ângulo. O guarda-redes do Sp. Braga fez-se mal ao lance e deixou fugir a bola que foi caminhando caprichosa até à baliza.
A jogar em casa, a vantagem poderia significar que o jogo estaria dominado e controlado pelo Benfica, mas não nos podemos esquecer que perante nós estava um jogo de Taça, com todas as características que esses jogos têm e que eu já expliquei no início do texto e por isso não vou repetir. Portanto, ao golo do Benfica, o Sp. Braga respondeu com o seu melhor período na 2.ª parte.
Sá Pinto fez entrar Paulinho depois do golo de Vinícius e o avançado português, numa interessante sociedade com Trincão, criou desde logo perigo. Dois minutos depois de entrar colocou a bola na baliza, mas o golo foi anulado por fora de jogo. Mas era um aviso, que repetiu aos 77’, quando rematou forte mas por cima da baliza do Benfica.
Os momentos finais do jogo foram de incerteza, com os minhotos à procura do golo e o Benfica a aproveitar as transições para criar perigo, com Chiquinho e Seferovic a estarem muito perto de aumentar a vantagem em lances de contra-ataque.
Mas 2-1 foi o resultado final, com o Benfica a conseguir com dificuldade trespassar a dura armadura dos guerreiros do Minho, que desta vez não estava só no seu futebol mas também no equipamento. E isto num belo jogo de futebol, com emoção até final, como só a Taça de Portugal nos consegue dar. O Benfica segue para os quartos de final e o Sp. Braga regressa a casa com mais uma derrota (a terceira seguida em competições internas), mas pelo menos com a certeza que teria sido, também, um vencedor justo do jogo."

Que dinâmica, Lage

Gabriel – Por duas vezes recuperou a bola no lance do golo do Benfica, onde faria mais tarde o passe para Vinícius servir Pizzi

"Curtas de um Benfica muito forte na recepção ao Braga:
- A facilidade com que o Benfica chega ao último terço voltou a fazer notar-se na partida contra um Braga repleto de qualidade – Inúmeras foram as vezes que chegou às imediações e à grande área bracarense, sempre à procura de melhor definição no cruzamento ou passe final;
- Jogo de grande qualidade de Gabriel Pires – Defensivamente a notar-se pela quantidade de bolas que roubou, às quais deu na maioria das vezes seguimento – Vários passes por entre adversários a encontrarem os jogadores mais ofensivos do Benfica, com condições para partirem para o desequilíbrio;
- Pizzi e Chiquinho uma vez mais com jogo de elevado quilate – Pizzi a finalizar, Chiquinho a criar, acelerou o jogo em condução sempre que encontrou espaço e fez nascer vários lances de grande potencial perigoso; 
- Fantástico Tomás Tavares – Nível técnico e de decisões absurdo! Um cérebro que também contribuiu bastante para esta subida de produção do Benfica, pela forma como liga os ataques; 
- Dificuldades maiores para Ferro – Mal posicionado no controlo da profundidade por várias situações, está ligado ao golo sofrido e ainda aos lances mais prometedores do Braga;
- Grande reacção na perda empurrou o Braga para trás durante largos períodos da partida, e somente a capacidade individual de Trincão conseguiu amiúde libertar a equipa bracarense da teia que a equipa de Lage criou;
- Parte final da partida, com vários contra ataques desperdiçados marcaram um jogo em que um Benfica muito dinâmico e competente superiorizou-se a toda a linha a um Braga com jogadores para muito mais que ser apenas uma figura secundária no Estádio da Luz Gabriel – Por duas vezes recuperou a bola no lance do golo do Benfica, onde faria mais tarde o passe para Vinícius servir Pizzi"

O artista azul...


"Sem vergonha e premeditada, foi assim a arbitragem de Artur Soares Dias ontem no Estádio da Luz. Considerado “um dos melhores” pela opinião pública (porque será?), a verdade é que cada vez que arbitra o Benfica nos presenteia com um espectáculo degradante. Será que que é uma vingança por não ter direito a roupão personalizado como tem no Dragão?
Pedíamos a ASD que fosse sério, se concentrasse na arbitragem e deixa-se de lado os negócios com os seus companheiros de bancada no Dragão.
Há tanto por falar, mas deixamos o lance do penalty por assinalar a favor do Benfica. Num jogo onde assinalou todos os toques da bola com a mão, “esqueceu-se” deste. Porque será?"

Ladrão...

"O que se passou hoje na Luz foi grave demais. Amanhã, logo pela primeira hora, tem de seguir um vídeo deste jogo para os responsáveis de arbitragem da UEFA e da FIFA. Chega disto. Isto não pode continuar a passar impune.
Ainda por cima quando as pessoas da arbitragem em Portugal se preparam para mandar este Artur Super Dragão para o jogo entre Calor da Noite e Benfica no Estádio do Calor da Noite em Fevereiro próximo.
Roubou em tudo o que pode. Tudo. Faltas por marcar, faltas mal marcadas, amarelos por mostrar, vermelhos por mostrar, penaltis por marcar, tempo de compensação exagerado (lembramos que este é o mesmo senhor dos 3 minutos de compensação em Moreira de Cónegos quando o Benfica perdia), foi um verdadeiro festival!
Chega. Chega disto. Isto é um fanático andrade em campo a roubar como pode e como não pode. 
Uma palavra para a transmissão igualmente nojenta do canal público tentando branquear ao máximo aquilo que Artur Super Dragão fazia em campo."

Vermelhão: Guerreiros...

Benfica 2 - 1 Braga


Seguimos em frente na Taça de Portugal, após mais uma vitória justa, num jogo onde complicámos a partida, com um auto-golo, mas onde fomos quase sempre a equipa que mais procurou a vitória, pressionando alto, rematando, criando oportunidades... Na parte final, em vantagem por 2-1, a gestão não foi feita da melhor maneira, essencialmente porque notou-se algum cansaço nalguns jogadores! Este ciclo de jogos já vai longo, e houve pouca ou nenhuma rotação...
Não atingimos os níveis exibicionais das últimas partidas, mas curiosamente com um bocadinho mais de eficácia podíamos ter construído um resultado mais dilatado. Além da qualidade do adversário jogámos 90 minutos em inferioridade numérica...!!! Não foram só as decisões erradas do árbitro, a forma como se tentou desestabilizar emocionalmente os jogadores do Benfica foi evidente... Esta conjugação de cansaço e puta do árbitro nos últimos minutos acabou por criar suspense num jogo, que podia ter sido decidido mais cedo!!! Acabou por ser uma vitória mais guerreira...!!!
As atenções normalmente estão nos marcadores dos golos... o Pizzi por exemplo marcou um grande golo... mas para mim, o o grande destaque foi o Taarabt! Foi fundamental... e pareceu-me o jogador mais 'fresco'!!!
Em sentido contrário o Grimaldo terá feito o pior jogo da temporada... e aquele auto-golo do Ferro, seria de facto, um grande golo, na baliza certa!!!
Como já referi, a arbitragem foi inenarrável... e nem sequer vou discutir os potenciais lances 'capitais': a forma como não assinalou uma única falta favorável ao Benfica, em zona frontal, perto da área do Braga, foi absurda... valeu tudo!!! Os cartões só foram mostrados ao Braga, 'emparelhados, com cartões mostrados a jogadores do Benfica...; até os 5 minutos de desconto, quando não houve uma interrupção no jogo (recordo que este corrupto, em Moreira de Cónegos, num jogo que estava empatado, deu 3 minutos de desconto... mesmo antes do Seferovic, marcar o golo da vitória)!!! A nomeação deste porco da confeitaria, e com o Xistra para o VAR, foi mais uma 'encomenda' descarada, mas tiveram 'azar', o Benfica ganhou!!!
Sábado temos Taça da Liga, em Setúbal. Não dependemos de nós, e de facto as probabilidades do Guimarães não vencer o Covilhã são muito baixas... por tudo isso, acho que o Lage vai 'rodar' a equipa praticamente toda! Prevejo, um onze 'estilo': Zlobin; T. Tavares, Conti, Jardel, N. Tavares; Tino, Samaris, Jota, Caio; R.d.T, Seferovic!!!

Tendo em conta o início de época, as coisas até não estão tão mal como chegou a 'parecer': chegámos ao Natal, a liderar o Campeonato, a única equipa que depende exclusivamente dos nossos resultados para sermos Campeões; estamos nos Quartos-de-final de Taça de Portugal; e continuamos na Europa... não é Champions, mas é Europa!!! A provável eliminação da Taça da Liga, acaba por ser um mal menor...!

Mesmo assim, acho que o plantel deve ser reforçado em Janeiro... se quisermos 'apostar' a sério, na Liga Europa, temos que 'rodar' o onze, e neste momento temos várias posições onde isso é impossível!

Boa vitória...

Benfica 8 - 3 Oliveirense

Bom jogo, talvez o mais bem conseguido da época, a atacar e a defender! Marcámos 4 golos de 'bola parada' em 8 tentativas, o que é uma excelente percentagem, tendo em conta o habitual desacerto!!!
Uma nota para o Gonçalo Pinto, que ficou no plantel como 11.º jogador, e que tem sido bastante utilizado, com golos em quase todos os jogos, e a destacar-se nas bolas paradas!!!

A azia dos habituais avençados da TVI voltou a ultrapassar todos os limites... esta gente não pode continuar a ter acesso às instalações da Luz.

Derrota na Alemanha...

Bayreuth 96 - 78 Benfica
22-22, 20-29, 29-12, 25-15

Não vi o jogo, mas não será fácil explicar como é que o Benfica ao intervalo ganhava por 42-51, e depois na 2.ª parte somámos um parcial de 54-27 !!!!
Os 11 minutos em campo do Murry e do Hollis também são 'estranhos'!!!

As cores natalícias

"Lembro-me de jogadores que, no SCP de Bruno de Carvalho, tiveram de abandonar o vermelho dos seus carros (...)

1. Sábado de manhã, antes do magnífico jogo que pude ver na Luz entre Benfica e Famalicão, fui a uma livraria, com o propósito de comprar livros para uma sobrinha e um outro sobrinho. Ambos benfiquistas ferrenhos e praticantes nas escolinhas do clube. Tinham-me pedido livros sobre o Benfica e a sua história. Escolhi-os e pedi para mos embrulharem como prenda natalícia. Escusado será dizer que a cor dominante nas capas de cada um dos livros era o vermelho. A jovem, que gentilmente me atendeu, olhou-me e disse-me, algo embaraçada, que, naquela altura, só tinha papel de embrulho... verde! «Mas qual é o problema?», perguntei-lhe quase distraidamente. Foi, então, que me contou que já tinham sucedido situações em que quem comprou um livro sobre o Benfica recusou determinante o verde de embrulho e, também, o inverso do Sporting e não ter consentido no invólucro encarnado. Ao mesmo tempo que sorri, disse-lhe que podia, à vontade, envolver em alegre verde as ofertas de um tio benfiquista até ao tutano para duas crianças de corpo e alma benfiquistas.
Já fora da livraria, pus-me a pensar no significado das recusas de junção de cores, que me foram descritas. E no que isso tendencialmente significa de excessivo, senão mesmo de patológico, em vez de uma sã, aguerrida e competitiva rivalidade. E no que isso pode induzir no espírito de crianças e jovens em formação, quando atitudes como as referidas são formuladas por pessoas adultas. E, pior do que isso, quando são tornadas (quase) obrigatórias por instruções de quem dirige clubes. Lembro-me de jogadores que, no SCP de Bruno de Carvalho, tiveram de abandonar o vermelho dos seus carros ou a tão insólita, como patética discussão à volta da figura do Pai Natal transfigurado num barbudo verde-e-branco.
Coincidência foi o facto de, no fim-de-semana, o Real Madrid e o Barcelona terem jogado nos seus encontros com equipamentos alternativo esverdeado quase igual. Ai se isso acontecesse cá...

2. Ultrapassada a fase de algumas vitórias com exibições descoloridas, eis que, de há um mês a esta parte, o Benfica regressa a desempenhos não só sedutores, como eficazes. Bruno Lage terá conseguido o onze ideal no actual conjunto de jogadores disponíveis. Como ele disse, e estando ou no estádio a assistir aos desafios, percebe-se também (e tão bem) a importância de um bom relvado para o padrão do Benfica. Acresce um ponto, qual seja o de todos os jogadores estarem em boa forma. Na minha leitura de leigo, gosto particularmente do par Gabriel - Taarabt, improvável até há pouco tempo. No fundo, num um 6, nem um 8, diria, um 6,5 e um 7,5 em diagonais alternadas. Apreciei, particularmente, a grande ovação dada a Franco Cervi, um jogador que, no início da temporada, terá estado na porta de saída. Trata-se de um atleta híper trabalhador, e que tanto ataca como defende com assertividade e que liga muito bem com Grimaldo e o compensa amiúde. Outro jogador que promete é o lateral-direito Tomás Tavares. Comete erros próprios da sua idade, mas adivinha-se que tem à frente um futuro bastante promissor. Chiquinho -  disse-o aqui ainda na pré-época - é um virtuoso, que joga com inteligência, clareza e profundo sentido associativo. Pizzi é o metrónomo da equipa. Se ele joga bem (e tem-no feito muitas vezes), a equipa segue-o; se tem uma tarde ou noite menos conseguida, o colectivo ressente-se. Vinícius, já aqui o escrevi, só tem olhos para a baliza contrária e mostra valer o que custou. Vlachodimos está um senhor guarda-redes.
Segue-se agora um jogo difícil num troféu sempre apetecível. Jogar contra o Sporting de Braga para a Taça de Portugal, mesmo na Luz, constitui sempre um desafio que exige concentração, capacidade competitiva e discernimento. Em bom rigor, está-se a falar de um encontro que, não fora o sorteio, bem poderia ser nesta época o encontro derradeiro no Estádio Nacional.

3. Continuando nas competições nacionais - quando escrevo ainda não sei os resultados dos encontros por disputar na última jornada do campeonato - não posso deixar de referir as incidências da anterior jornada. Não falo de alegado pugilato nas catacumbas do Jamor, nem do modo sempre zangado como Sérgio Conceição fala aos microfones. Que diabo, dizem-nos que é só feitio, mas por que razão é tão singelo feitio só se revela em todo o seu esplendor quando perde ou não ganha? Imagine-se, por hipótese académica, que este Sérgio Conceição, treinava o Benfica. Pergunto, se a tolerância e os salamaleques que lhe fazem em certos e obedientes media não se transformariam imediatamente numa chuva ácida de críticas e onde o tal feitio viraria desequilíbrio. Não haja dúvidas, a Bruno Lage,um treinador correcto, discreto, sem mind games e sem hipocrisia reinante, sempre se inventa qualquer coisa fútil para o criticar. Comparado com a boa imprensa de que, em regra, usufrui o técnico do Porto, o treinador encarnado tende a ter uma imprensa mais adversa...
Uma situação curiosa aconteceu, igualmente, nos últimos dias. Tanta tinta sobre o 2.º golo do Benfica ao Boavista, o tal de Cervi, que - reconheço - foi difícil de ajuizar e caso tivesse sido invalidado não criticaria a decisão. A agência portista de escárnio e maldizer, nos minutos imediatos, lá bolsou nas redes sociais com uma fúria avassaladora contra o árbitro que validou este golo. Pois não é que passados poucos dias, o Porto marcou o seu terceiro e, neste caso, decisivo golo contra o Feyenoord numa indiscutível falta de Soares que levou tudo para dentro da baliza, defesa inclusive. A alegada falta de Cervi comparada com a de Soares é o mesmo que comparar uma ligeira brisa com um tornado. Significativo foi o facto de, mais uma vez, os media em regra muito obedientes (ou com medo de represálias) em relação ao FCP terem ignorado olimpicamente tal situação, ou a terem deixado perder na névoa do tempo quase imediatamente. Na transmissão da Sport TV, limito-me a escrever o que mestre Freitas Lobo disse no momento: «Soares vai com tudo, a mostrar os dentes e os pitons. O mérito é todo dele, que vai de carrinho». Tudo num boa, portanto. Balbuciar a palavra falta, qual quê... o respeitinho é muito ajuizado.

4. Excelente jornada europeia, a que apenas o Sporting entendeu não ligar (e não jogar) patavina. No campeonato 2020/2021, teremos ou duas ou três equipas na fase de grupos da Liga dos Campeões. Este ano, a passagem aos oitavos de final desta competição milionária evidenciou a 100% o poderio dos big five. Das dezasseis equipas apuradas, 4 são inglesas, 4 são espanholas, 3 são italianas, 3 são alemãs, 2 são francesas, numa hierarquia perfeita até dentro destes cinco campeonatos. Um verdadeiro oligopólio futebolístico que se vai perpetuando e cavando um fosse quase intransponível para os outros, a começar por Portugal.
Já quanto ao sorteio dos chamados grandes, e em teoria, Benfica (um confronto entre Bruno Lage e Luís Castro) e Porto terão a eliminatória mais difícil. O Sporting, curiosamente o único clube português do pote 2, terá, aparentemente, um adversário mais acessível. Interessantíssimo será o SC Braga - Rangers.

Contraluz
- Ilustrativo: Desde que Bruno Lage treina a equipa principal do Benfica, os números no campeonato nacional falam por si:
a) 33 jogos, 31 vitórias (94%);
b) 107 golos marcados (média de 3,24 golos por jogo);
c) 15 vitórias (a totalidade) nos jogos fora de casa;
d) em 18 das partidas (55% do total) marcou 4 ou mais golos);
e) nesta época, 13 vitórias em 14 jogos, 11 seguidas, 35 golos obtidos e 5 sofridos (em apenas 4 dos 14 já realizados).
- Tecnologias: Apesar dos erros defendo a existência do VAR. No entanto, com uma apreciável diferença: se para um árbitro de campo sou muito mais compreensível diante de um seu erro, custa-me admitir, que o VAR erre no sossego do sofá e com toda a parafernália tecnológica, como já sucedeu inexplicavelmente cá e lá fora. Há um ponto que também me faz confusão: a medida ao centímetro das linhas para avaliar um fora-de-jogo. Ainda há poucos dias, foi anulado um golo ao Sporting por uns míseros 14 centímetros. Sinceramente acho que, mesmo com a singularidade dos frames, calcular 14cm entre o micro-segundo em que a bola é passada e a posição do jogador que a recebe parece-me ser de um grande arbítrio.  Haverá um dia, em que um offside é assinalado por uma diferença de 1cm. Será marcado? Qual o limite para marcar ou não a infracção ou deixar a jogada ir até ao fim?
- Distinção: Rafael Lisboa, basquetebolista do Benfica, foi eleito pela FIBA para o melhor cinco de jovens que jogaram na fase de grupos da Europe Cup. Mais uma distinção no seu ainda curto percurso, seguindo as pisadas de seu pai (e treinador) Carlos Lisboa, o melhor português de sempre na modalidade."

Bagão Félix, in A Bola

Escumalha

"1. Foi aprovado numa cidade francesa um decreto que proíbe as pessoas de morrerem aos fins de semana e feriados. A alguns clubes daria jeito um decreto a proibir os jogadores de receberem o salário no final do mês.
2. Um homem roubou quase 100 mil dólares do banco onde trabalhava, nos EUA, e só foi apanhado porque um ano depois começou a publicar nas redes sociais selfies com maços de notas. Talvez daqui a um ano surjam selfies com socos do túnel do Jamor. O pacto de silêncio entre os clubes e os envolvidos é vergonhoso. Até os papagaios viraram monges da Cartuxa.
3. Se o VAR do túnel do Jamor fosse Luís Ferreira estaríamos na mesma. Quem não vê a falta sobre Galeno...
4. O campeão (Benfica) voltou. Deixou de jogar com as calças. Principal nuance: a cigarra Taarabt é agora incansável formiga. Quem diria?
5. Este Pizzi deixou de ser o Bruno Fernandes do Benfica e tornou Bruno Fernandes no Pizzi do Sporting. Já agora, uma vénia ao elogio público do capitão do SCP ao Luís Miguel. Carácter!
6. Advogado Aníbal Pinto sobre Alcochete: «Estes miúdos foram lá para incentivar, ainda que de forma errada». E eu a pensar que eram alienigenas a caminho das naves espaciais.
7. O tema All I Want For Christmas Is You, de Mariah Carey, demorou 25 anos a chegar a n.º 1 dos EUA. A «escumalha» (palavra certa) também tem de ser banida do Sporting e do futebol português, demore o que demorar.
8. A recuperação do Sporting é uma meia-verdade: Silas chegou em 9.º e está em 3.º mas entrou a 7 pontos do SLB e do FC Porto e está a 13 e a 9.
9. Diego Simeone gostava que João Félix tivesse mais gasolina na parte final dos jogos. Talvez poupando no pára-arranca das obrigações defensivas.
10. Notícia: «Polvo ataca águia e quase a afoga junto à Ilha de Vancouver, Canadá». Engraçado, sempre pensei que polvos e águias se davam bem."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Está aqui está a dizer que foi chato

"O Governo, pela palavra do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, quebrou o silêncio quanto às ameaças feitas aos jogadores do Sporting, nos Açores. E, ao falar, aquele governante provou que calado é um poeta. Disse João Paulo Rebelo: «Compreendo alguma insatisfação do presidente do Sporting, mas é uma insatisfação relativamente ao que são os comportamentos de alguns dos supostos adeptos do seu clube, e essas são matérias do foro interno dos próprios clubes». Como disse? Houve cidadãos, alguns deles são testemunhas do processo de Alcochete, que foram ameaçados em praça pública, três dos prevaricadores foram identificados pela polícia, e o senhor secretário de Estado da Juventude e do Desporto afirma que se trata de uma questão do foro interno do Sporting? E fala de Frederico Varandas dizendo, de forma paternalista, que compreende «alguma insatisfação? Mais um pouco e ainda ouvimos este membro do Governo a dizer que, de facto, Alcochete «foi chato».
Em toda esta matéria de violência associada ao desporto há um claro problema de segurança pública, a que o Estado deve dar solução. Assistir ao responsável pela tutela do Desporto a sacudir a água do capote, remetendo o assunto para a esfera interna do Sporting, obriga-nos a pensar que, das duas uma, ou se tratou de um lapsus linguae, que resultou num acto de suprema inabilidade política; ou traduz uma visão deturpada da realidade, que nos deve trazer a todos muitos preocupados.
PS - A saga continua e Jorge Jesus esta na final do Mundial de Clubes. E como o sonho comanda a vida..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Bem-vindos, os ingleses

"Que grande jogo de futebol na Luz, apenas possível por o Famalicão ter estado à altura do Benfica na forma como abordou a competição

Repara-se no Dezembro louco do Liverpool. No dia 4 recebeu o Everton (5-2), a 7 foi ao campo do Bournemouth (3-0) e a 10 ganhou (3-0) na Áustria, diante do Salzburgo, para a Liga dos Campeões. A 14 recebeu o Watford (2-0), hoje uma equipa secundária é utilizada na casa do Aston Villa (Taça da liga) e a principal defronta amanhã os mexicanos do Monterrey, no Catar, para a meia-final do Mundial de Clubes.
No sábado, em princípio, o Liverpool disputa a final, provavelmente com o Flamengo de Jorge Jesus, e regressa a Inglaterra para uma recuperação acelerada e passagem breve pelo Natal porque na quinta-feira, dia 26, joga em Leicester o no domingo seguinte recebe o Wolverhampton, em obediência ao calendário da Liga inglesa. Mesmo assim fica um jogo em falta, com o West Ham, que se sobrepunha à data da final do Mundial de Clubes.
Na primeira semana de 2020, o Liverpool recebe o Sheffield United, logo no segundo dia do Novo Ano, e visita o vizinho Everton três dias depois, para a Taça de Inglaterra.
Feito o somatório, o Liverpool tem de realizar onze jogos no período de um mês e cinco dias, com um título internacional de permeio de ter aceitado desdobrar o plantel para responder a dois compromissos em datas coincidentes: Aston Villa (Taça da Liga) e Monterrey (Mundial de Clubes).
Imaginemos idêntico cenário na lusa pátria. A confusão que seria. Reuniões, pedidos de adiamentos e alteração de calendários, acusações, direcções de comunicação aos gritos, dirigentes com mais anos de prática a espalharem veneno, treinadores frenéticos a disparatarem, governantes preocupados com a gritaria e comentadores de cachecol, agitadíssimos, a chafurdarem na mexeriquice. No entanto, em Inglaterra, se é preciso jogar, joga-se, porque o futebol é isso mesmo, um jogo.

Este exemplo do Liverpool é paradigmático para os treinadores portugueses, geralmente atrapalhados com o volume de jogos, recuperações, gestões e essas complicações várias. Devem reparar no senhor Klopp e ver como ele faz, como reage, como se adapta, como preparara os jogadores sem choraminguices nem queixinhas. Pelo contrário, diz o que tem a dizer sem jamais perder a compostura, nem a altivez natural de quem representa um emblema de referência mundial. Encara os obstáculos com a confiança de um verdadeiro líder, seguro das suas capacidades e em respeito total pelas dos oponentes, além de ter sempre presente a festa que o futebol simboliza: nunca, mas nunca um alfobre de rancores como, por cá, haja quem insista em promover.
Não pode, pois, passar despercebida a influência que está a ser exercida no campeonato português por treinadores que também beberam da fonte do futebol inglês e que, discretamente, mas de uma forma assertiva, se impõem pelas suas ideias e pelo seu posicionamento perante o próprio jogo, aproximando-se de Jurgen Klopp e distanciando-se de hábitos canhestros e em fim de ciclo, embora ainda estranhamente aplaudidos entre nós por gente ilustre que continua a achar que dividir para reinar é o melhor remédio.
Aplaudo a serenidade com que João Pedro Sousa se apresentou numa conferência de imprensa após ser derrotado, ignorando questões enviesadas e concentrando-se no essencial: a história do jogo e o desempenho da sua equipa, fazendo-o em linguagem clara e eloquente.

O Famalicão representa uma brisa de ar fresco na nossa Liga, praticando um futebol admirável, com escola, atitude e saber, porque aquele enquadramento harmonioso não é obra do acaso. Pelo contrário, transporta um conceito novo, pensado, assimilado pelos praticantes e trabalhado por um treinador que dá provas de ser capaz de inovar sem se pôr em bicos de pés nem alterar o tom de voz.
Vale a pena comprar bilhete para ver o Famalicão, não se recomenda que se gaste um cêntimo para ver o Boavista. E sugiro comparação na sequência do que se viu ao grupo boavisteiro diante do Marítimo, um pesadelo, e, logo a seguir, o que a equipa famalicense oferecer na Luz, frente ao Benfica, como já fizera, aliás, no Dragão e em Alvalade. Que grande jogo. Repito, que grande jogo, com os mesmos temperos da Liga inglesa, intensidade, alegria, disponibilidade física e discussão viva e leal até ao derradeiro apito do árbitro. Por isso, Bruno Lage expressou o seu conforto por sentir feliz o público que teve o privilégio de testemunhar no estádio um espectáculo futebolístico de elevada qualidade, apenas possível por o Famalicão ter estado à altura do Benfica na forma como abordou a competição.
José Gomes, então a medir a pulsação ao Marítimo, igualmente no Estádio da Luz, tentou o mesmo caminho e explicou até as suas opções, mas logo foi atingido por observação rasteira vinda dos exaltados do costume. Não interessa...

Nota final - Lenços brancos para Ricardo Sá Pinto? Não foi ele quem guiou o Sporting de Braga à vitória no grupo da Liga Europa? Claro que foi. Tenham paciência, mas é nas derrotas que os (bons) adeptos têm de apoiar jogadores e treinadores. Porque nas vitórias não é preciso..."

Fernando Guerra, in A Bola