sábado, 7 de dezembro de 2019

Aparece entre linhas, que eu encontro-te

"«Já perceberam que estamos a jogar de forma diferente… tinha de ser»
Bruno Lage

Já antes tínhamos feito referência a um Benfica mudado (aqui) que havia crescido bastante na recepção ao Marítimo, e no Bessa resgatando novamente para a equipa Chiquinho e Taarabt com Vinícius na frente de ataque voltou a comprová-lo.

«Na Liga Nacional juntar Chiquinho a Taarabt e ter um avançado eficaz nas grandes áreas adversárias poderá permitir o salto qualitativo que o Benfica procura desde o início da temporada»
in Lateral Esquerdo

Havia sido referido no último jogo na Liga e vai confirmando-se a profecia, mesmo num Estádio do Bessa perante um tradicionalmente muito complicado Boavista – O Benfica está mudado e para melhor – É assim que as equipas competentes colectivamente crescem – Com o inserir dos jogadores certos nos posicionamentos certos. E se Bruno Lage desde há muito elevou para um nível muito alto o colectivo do Benfica, havia na presente época que o “casar” com as individualidades. Havia que encontrar forma de esconder a menor qualidade dos jogadores do Benfica comparativamente com outras épocas não tão anteriores aos últimos anos, e tirar rendimento de Chiquinho e Taarabt é uma obrigação.
Ligações que se criam – Descritas nas próprias redes socais
Losango em zona intermédia na saída para o ataque para permitir mais linhas de passe e maior proximidade nas ligações – já havia sido referenciado na recepção ao Portimonense (aqui)
Entrada para zonas de criação – Chiquinho baixa para interior – Mobilidade entre Gabriel e Adel – Quando o marroquino baixa para procurar os colegas entre linhas, Gabriel sobe. Losango vira triângulo entre médios – Pizzi e Cervi na linha da frente com Vinícius
Variabilidade em Construção (alternar curto com longo) – Gabriel baixa para linha dos centrais – Mantêm-se triângulo no meio – Variação do corredor para lado fraco do adversário


Pouquíssimos são os que percebem o que separa o que é performance colectiva e o que é performance individual – Por isso continuam os treinadores a ser tomados por titereiros e os jogadores por marionetas.
Bruno Lage introduziu algumas mudanças nos posicionamentos encarnados nos últimos jogos, mas sobretudo nas últimas duas partidas da liga fez coincidir os seus dois melhores jogadores – Chiquinho e Taarabt. Com eles a bola chega melhor, por eles os colegas encontram mais espaço e tempo – Com eles o Benfica melhorou. E há ainda Carlos Vinícius – Um avançado capaz de dar expressão no marcador ao que o Benfica cria, mas também de não perder cada bola que toca, mantendo fluidez ofensiva – Substancialmente diferente do que acontecia antes naquela posição.
A imagem parada faz parecer uma decisão bem fácil – Mas quantos já teriam visto e teriam habilidade e agilidade para a um toque desmanchar a pressão e servir Chiquinho? Ver – Analisar – Executar – A marca dos melhores"

VINIcius, vidi, vici: uma pose letal

"Chegou, viu e venceu. Contratado ao AS Mónaco por 17 milhões de euros, Carlos Vinícius tem sido uma das grandes revelações do Benfica 2019/2020. O carioca já é uma peça preponderante na manobra ofensiva dos encarnados, sendo que parece ter agarrado, em definitivo, um lugar no onze titular de Bruno Lage.
Possante, móvel e um finalizador nato. Serão estas as palavras que, porventura, melhor descrevem Carlos Vinícius. O ponta de lança brasileiro tem aproveitado ao máximo as oportunidades dadas por Bruno Lage, sendo a sua exibição de ontem contra o Boavista FC o expoente máximo do excelente momento de forma que atravessa. O avançado de 24 anos voltou a bisar e ainda assistiu, na vitória por 4-1 sobre os axadrezados.
O camisola ’95’ soma 13 golos em 18 partidas oficiais – nove golos na Primeira Liga, um na Liga dos Campeões e três na Taça de Portugal -, sendo que grande parte destes golos foram obtidos com a presença de Chiquinho em campo.
De resto, o técnico das “águias” tem apostado na dupla Vinícius-Chiquinho para o ataque dos encarnados. A parceria tem dado frutos, com o médio ofensivo a aparecer entre linhas adversárias, camuflando algumas dificuldades que Vinícius tem nesse aspecto do jogo, permitindo ao mesmo procurar as costas das defesas adversárias, onde a sua capacidade técnico-táctica o diferencia dos restantes avançados do clube da Luz.
Carlos Vinícius distingue-se dos seus companheiros de posição pela frieza que apresenta em frente à baliza – de lembrar que o carioca tem mais golos do que Seferovic e Raúl e Tomás juntos -, pelo que se perspectiva uma época repleta de golos para o camisola ’95’."

Boavista FC 1-4 SL Benfica: Brace yourselves, Vinícius is coming

"Depois de um empate na Covilhã a meio da semana, o SL Benfica deslocou-se ao Estádio do Bessa, no jogo inaugural da 13ª jornada do campeonato, para defrontar o Boavista FC, naquele que é um clássico do futebol português. Vinícius deu ar de sua graça e resolveu a partida com dois golos e uma assistência.
O SL Benfica começou o jogo logo com um golo invalidado. Pizzi, após um passe de Ferro, fez um chapéus a Bracali, mas estava em posição irregular.
Os comandados de Bruno Lage estiveram sempre por cima da partida, tentando explorar, entre linhas, os espaços deixados na defesa axadrezada e, aos 34′, numa saída rápida de bola, Cervi deixou para Pizzi que, com um passe a rasgar a defesa do Boavista, encontrou Vinícius. O brasileiro não desperdiçou e fuzilou as redes de Bracali, desbloqueando o nulo no marcador.
O Boavista FC chegou ao empate na partida, num dos raros ataques organizados que fez na primeira parte. Marlon passou por Pizzi, tocou para Stojiljkovic que, isolado, empurrou de cabeça para o fundo das redes de Odysseas. Tudo de volta à estaca zero no Bessa.
Jorge Sousa assinalou o final do primeiro tempo e registava-se, no placar, um empate a uma bola, apesar de um domínio encarnado durante os primeiros 45′.
A segunda parte, à semelhança da primeira, começou com o Benfica por cima, e com Chiquinho a testar os reflexos de Bracali. Aos 51′ Vinícius recebeu de Grimaldo e assistiu para Cervi, no meio de um imbróglio com Marlon, empurrar para o segundo golo encarnado. Nova vantagem bem cedo na segunda metade da partida.
Pouco depois, Vinícius, o homem do momento na Luz, ampliou a vantagem com um remate categórico. O brasileiro, de primeira, colocou a bola, em jeito, no ângulo da baliza de Bracali.
Os encarnados, em cima dos 90′, haviam de chegar ao quarto por intermédio de Gabriel, numa cabeçada a responder ao cruzamento de Pizzi. Terminava assim a partida, com o Benfica a receber os louros de uma exibição sólida e competente.

Onzes Iniciais e Substituições
Boavista FC : Bracali; Fabiano, Ricardo Costa ( 80′ Yusupha), Neris, Marlon (58′ Reisinho); Rafael Costa, Obiora, Gustavo Sauer ( 68′ Samuel), Carraça; Paulinho, Stojiljkovic
SL Benfica: Odysseas; Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo; Pizzi, Adel Taarabt, Gabriel, Cervi; Chiquinho (87′ Samaris) , Carlos Vinícius( 81′ Seferovic)

A Figura
Carlos Vinícius – O avançado brasileiro está num momento de forma fantástico e voltou a derrubar, por completo, a defesa adversária.

O Fora de Jogo
Ricardo Costa – O central perdeu claramente o duelo com Vinícius e pareceu demasiado preocupado com o avançado em detrimento do espaço em seu redor.

BnR na Conferência de Imprensa
SL Benfica
BnR: Mister, considera que, na primeira parte, quando o Boavista começou a marcar de perto Gabriel, o Benfica perdeu algum esclarecimento na organização do ataque?
Bruno Lage: Foi isso que nós tentamos corrigir no intervalo. Havia uma marcação muito cerrada, um dos médios baixava para ligar e o outro procurava a profundidade, numa equipa de 5-4-1, um dos médios vinha buscar o jogo, sentimos que era preciso ligar jogo.

Boavista FC
BnR: O Boavista disferiu passes longos de qualidade, mas quando tentou sair com bola no pé, perdeu-a rapidamente. Acha que a precipitação dos jogadores na circulação de bola foi um dos maiores problemas hoje?
Lito Vidigal: Não me parece, o problema foi a qualidade do Benfica. Mesmo assim conseguimos discutir o jogo. Quando o Benfica era menos pressionante, circulávamos a bola, quando era mais pressionante, tínhamos mais dificuldade."

A minha ideia para o VAR

"A não ser que o mundo exploda, a tecnologia, as novas coisas que podemos fazer com as que temos, nunca anda para trás. O VAR também não. Em todo o caso, tem, além das limitações, algo que parece um atropelo ao jogo: os foras de jogo assinalados por poucos centímetros.
Recordando que a lei do fora de jogo foi instituída para evitar jogadores plantados no ataque, o que tornaria o jogo algo sem meio-campo, sem construção e logo sem interesse, o VAR passa por cima deste simples objectivo. Era, na essência, para evitar o abuso e não propriamente o uso, tanto que em caso de dúvida a própria regra recomendava que nada se assinalasse. Um fora de jogo de 5 centímetros confirmado por máquina é contra a ideia do próprio fora de jogo, desvaloriza o movimento ofensivo e a honestidade das jogadas construídas dentro do espírito do futebol.
Ora, como a tecnologia não anda para trás, só vejo uma solução para o mal, criar uma razoável zona de amortecimento, uma faixa de 50cm, por exemplo, dentro da qual um adiantamento não se assinala. Fica a sugestão.
Tal como está, um fora de jogo se 5 ou 6cm deixa-me deprimido. É de uma insensibilidade para com a verdade e para a natureza das coisas que se torna quase cómica. É não querer saber. Lembra-me aquela cena no Play it again, Sam, quando Woody Allen, num museu aborda uma mulher lindíssima, porém a revelar-se algo triste:
- Que faz no sábado?
- Vou suicidar-me.
- Então e na sexta?"

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola

Cadomblé do Vata

"1. A minha esposa não sabe, mas daqui a 9 ou 10 meses vai ser mãe outra vez... podia ir só ao Registo mudar o nome do meu puto mais novo para Vinicius, mas se é para ter um filho com o nome do goleador, prefiro fazê-lo da forma que mais prazer dá.
2. Foi um jogo de canhotos com excelentes exibições de Kostas Viniciou e de Nemanja Gabric... no caso do médio até podia ter sido uma partida memorável se o SL Benfica não tivesse perdido o Glorioso hábito de terminar as jogatanas no Bessa com o trinco na baliza.
3. Por vezes há equipas que perdem mas exibem-se de tal forma que valorizam a vitória do vencedor... por exemplo, o Boavista hoje valorizou bastante a vitória do Sporting na Liga dos Campeões de judo.
4. Nos anos 80, Pimenta Machado disse um dia que no futebol o que hoje é verdade, amanhã é mentira... actualmente, as duas letras que "SLB Vida Selvagem" tinha a mais do que a distância que nos separava do autor da frase à tarde, passaram a ser uma a menos à noite.
5. A subida de forma do Benfica é notória e entusiasma... é de tal forma que não me admiro que na terça feira os adeptos dos nossos rivais torçam fortemente para que não fiquemos já a jogar só para o campeonato e Taça de Portugal."

Passaram-se 393 dias desde o último vodka de Taarabt, que já merecia uma daquelas medalhinhas dos Alcoólicos Anónimos

"Vlachodimos
Depois de um jogo em que quase não foi obrigado a usar as mãos, Vlachodimos aproveitou o resultado confortável aos 90 minutos para colocar mal a barreira e executar uma daquelas defesas para a fotografia que farão os candidatos ao seu lugar ligar para o respectivo empresário a pedir para lhes arranjar outro clube.

Tomás Tavares
Uma mão cheia de intervenções no ataque tão boas que deixaram os jogadores do Boavista atordoados à procura de uma perna para atingir quando o miúdo Tavares já tinha ganho a linha e semeava o pânico na área.

Rúben Dias
Dividiu o tempo entre as poucas intervenções defensivas que lhe foram solicitadas e a observação atenta do adversário, cuja notável capacidade de distribuir fruta sem ser amarelado merece ser estudada.

Ferro
É verdade que lhe deu uma travadinha no lance do golo do Boavista, mas os tipos que jogam à sua frente também são pagos, entre outras coisas, para permitir o ocasional cá atrás. Além disso, Ferro soube compensar ao longo de todo o jogo com uma dúzia de passes para os colegas entre linhas que deixaram Gabriel e Taarabt a coçar a cabeça.

Grimaldo
Senhor de um pulmão só superado pelo dos adeptos do Norte, que mais uma vez receberam o Benfica como aquilo que é, a coisa mais importante do mundo.

Gabriel
Nada como um golinho de cabeça para coroar uma exibição em que voltou a usar todas as faculdades mentais que tem ao seu dispor. Bom regresso, Gabriel.

Taarabt
Passaram-se trezentos e noventa e três dias desde o último vodka. O nosso Taarabt merecia uma daquelas medalhinhas que a malta recebe nas reuniões nos alcoólicos anónimos depois de algum tempo sóbrio. Se a bola falasse pediria o colinho deste marroquino.

Pizzi
Mais logo, quando derem por vocês a ressacar porque o Benfica não joga há 24 horas, abram uma garrafa de vinho, encostem-se confortavelmente no sofá, rebobinem até às 21:05 de ontem e abrandem as imagens do passe de Pizzi a sobrevoa os centrocampistas do Boavista na direcção de Vinícius. É como se nada mais fosse possível naquele momento. Aquilo não é uma bola no ar, é um pombo treinado pelo campeão mundial de columbofilia, é a águia Vitória, é uma obra de arte em movimento. Acompanhem a gosto com música clássica - ou um fadinho, se ainda estiver a doer. 

Cervi
Um homem não pode passar chegar primeiro à bola que é logo um escândalo no futebol português. Já viram o que é acordar esta manhã e a primeira coisa que fazem, mesmo antes de falarem com as namoradas, mulheres ou filhos, é ver o que disse o Jorge Coroado sobre um lance de uma partida de futebol? Muita solidariedade com os amigos e familiares destas pessoas neste momento difícil das suas vidas.

Chiquinho
Teve nele a segunda grande ocasião do Benfica, mas Jorge Sousa entendeu que o jogo seria mais equilibrado com onze de xadrez em campo. Chiquinho respondeu com um metafórico "Ai é? Então espera aí" e arrancou para mais 58 minutos de gala, pleno de agressividade a atacar o adversário e a bola, fazendo deste jogo a festa de agressividade e futebol que os adeptos do Norte mereciam. 

Vinícius
Até há bem pouco tempo, se as pessoas pesquisassem no Google por "amor" e "Vinícius" seriam dirigidas para a página pensador.com.br. Encontrariam aí uma série de versos condoídos sobre o triste destino do nosso coração. Tudo certo. Se quiserem cultivar a dor e ver até onde isso vai, prossigam. Encontrarão conforto nos versos do genial poeta brasileiro que um dia disse que whisky é amor, cachorro engarrafado. Esta garrafa aqui ao lado não me deixa mentir. No entanto, se quiserem alegria na vossa vida, felicidade sem fim e amor em forma de futebolista, o algoritmo também sabe o o que é bom para a tosse. Dirijam-se a youtube.com e aí encontrarão os golos, assistências e recepções orientadas de um jovem poeta brasileiro de quem um dia se disse ter sido caro. Esqueçam. Amor como este não tem preço, como um dia descobriremos quando regressarmos ao versos do outro poeta para afogar as mágoas deixadas pela tua saída. Já tenho saudades.

Samaris
Entrou com o jogo demasiado frouxo, tornando menos oportunos alguns dos bilhetes que Samaris levava prometidos para os colegas de profissão vestidos de xadrez.

Jota
Continua o aproveitar o intervalo entre temporadas de Stranger Things para somar minutos. Vai ser muito importante esta época.

Seferovic
A carreira de Seferovic no Benifca entra agora num momento mais delicado. O suíço tirou a senha mas não ouviu quando chamaram pelo seu número e as três senhas de tolerância já lá vão. O melhor é voltares amanhã de manhã bem cedo."

E se Carlos Vinícius tiver sido, afinal, barato?

"O preço de Carlos Vinícius deixou muito boa gente com dúvidas no início da temporada mas, mais uma vez, o brasileiro foi decisivo, ainda para mais num campo difícil como é o Estádio do Bessa. Vitória por 4-1 do Benfica frente ao Boavista, com dois golos e uma assistência do avançado que, por estes dias, já não parece assim tão caro

De conceitos de economia, confesso aqui, percebo pouco. Mas a partir do momento em que alguém inventou o ditado “o barato sai caro”, isso quer dizer que os conceitos de “barato” e “caro” têm algo de volátil e terão, talvez, muito mais de salto de fé do que possamos à partida pensar.
Porque o barato pode de facto sair caro, mas o barato também pode sair barato e o caro pode ser caro ou, então, barato. Uma coisa é certa: quando compramos certo bem de não-primeira-necessidade, talvez não possamos ter conclusões imediatas sobre o seu valor. Isto está a ficar confuso, mas serve, essencialmente, como aviso. No defeso, os 17 milhões de euros que o Benfica despendeu para contratar Carlos Vinícius não foram poucas vezes alvo de zombaria. Afinal de contas estávamos a falar de um avançado possante, que tinha dado muito boa conta de si no Rio Ave, mas que num nível mais alto, no Mónaco, tinha desiludido.
E porquê dar 17 milhões por um jogador que se apequena num Mónaco? Desportivamente falando, isso agora talvez não interesse muito. Porque Carlos Vinícius parece cada vez mais um reforço em conta, para mais se percebermos que Raul de Tomas, que custou 20 milhões de euros, viu o jogo desta sexta-feira na bancada do Bessa. Enquanto isso, o brasileiro de 24 anos voltou a brilhar: foram dois golos e uma assistência num jogo frente a um Boavista que tem em casa uma fortaleza muito particular e onde os encarnados, apesar do 4-1 final, sentiram algumas dificuldades para controlar o jogo com bola na 1.ª parte.
Quando essas dificuldades existem, dá jeito ter um avançado em grande forma e que resolva com pouco. E foi o que Vinícius fez à passagem da meia-hora, naquela que foi a primeira vez que o Benfica de acercou com perigo à área do Boavista. Sem conseguir criar de forma apoiada, de pé para pé, “com alegria”, como disse Bruno Lage na conferência de antevisão ao jogo, foi numa jogada rápida em transição que o Benfica fez o 1-0: três passes bastaram para a bola chegar ao avançado brasileiro, que respondeu ao passe de primeira de Pizzi com um remate forte e que enganou Bracali, talvez à espera que o tiro fosse mais cruzado do que foi realmente.
Respondeu bem o Boavista ao golo do Benfica e terá sido apenas nos minutos que se sucederam ao primeiro de Vinícius que os encarnados falharam na pressão, na reação rápida à perda de bola. E não foi preciso muito para a equipa da casa chegar ao empate, num lance em que Marlon tirou Pizzi do caminho, colocou alto na área, Ruben Dias e Ferro falharam e Stojiljkovic aproveitou para marcar.
E, de repente, o jogo parecia complicado para os encarnados.
Mas o intervalo fez bem à equipa de Bruno Lage, que aos 52’ voltou a colocar-se em vantagem: Grimaldo deixou para a movimentação de Vinícius, que cruzou para a área onde Cervi fez o segundo, num lance que deixou algumas dúvidas.
O show de Vinícius não ficaria por aí. Num lance em que a pressão do Benfica funcionou em pleno, Grimaldo aproveitou o erro provocado na saída a jogar do Boavista para rapidamente colocar em Vinícius que, entre os centrais, rematou de primeira e em jeito para o 3-1.
O resultado ficaria ainda mais gordo já nos descontos, com Gabriel a marcar após livre indireto, num jogo em que o Benfica nem sequer precisou de uma montanha de oportunidades para construir uma vitória robusta. Basta, talvez, ter um avançado que em três remates faz dois golos, que joga bem de costas e ainda assiste, que já leva, sem grande espalhafato, 13 golos na temporada. E que, de repente, até parece barato."

Vermelhão: Vitória... o apitadeiro deu luta!!!

Boavista 1 - 4 Benfica


Se com o Marítimo já tínhamos demonstrado ter descoberto a 'formula' certa para o onze, creio que hoje, as últimas dúvidas desapareceram! Fizemos uma das melhores exibições da época, num jogo, onde estivemos sempre em 'inferioridade numérica', com mais uma aberração apitadeira do Jorge Sousa!!!
As duas 'duplas' voltaram a ser decisivas: Taarabt/Gabriel e Chiquinho/Vinícius! O Gabriel além do golo no final, melhorou em relação às últimas exibições, o 'descanso' proporcionado pelo castigo parece que lhe fez bem, em relação ao Adel, foi absolutamente decisivo... a forma como transforma recuperações de bola em oportunidades de golo, com um ou dois toques, é de génio; o Vinigol continua a marcar e a assistir... mas o Chiquinho sem marcar, voltou a ser fundamental na nossa construção ofensiva... e na parte final, ainda foi a vitima 'principal' das agressões do adversário! Tal como tinha acontecido o ano passado com o Gedson!!!
A azia ao intervalo era perfeitamente desnecessária, o golo do Boavista deve ser 'revisto' pelos nossos jovens Centrais, ambos estiveram mal... O Boavista não fez nada para merecer um golo. Hoje, deu para 'compensar' o erro, com vários golos, mas por exemplo na próxima Terça, com o Zenit não podemos dar abébias destas!!!
O arraial de porrada foi grande, com o 'inventivo' do apitadeiro, que consegui dar mais Amarelos ao Benfica do que ao Boavista!!! Independentemente das considerações tácticas ou técnicas, só ganhámos este jogo, porque tivemos a atitude guerreira 'certa'! Este mini-estádio na Covilhã deu resultado... a jogar assim, em Portugal, ninguém nos ganha, nem com os campos inclinados!!!
Destaque também para o Pizzi e o Cervi, ambos estiveram muito bem... e o Tomás deverá ter feito o seu melhor jogo como sénior.
Além das expulsões perdoadas a pelo menos dois jogadores do Boavista (e muitos outros diferentes e variados truques durante os 90 minutos...), a não marcação do penalty sobre o Cervi, é completamente ridículo. O Cervi leva uma joelhada, na zona do seu joelho... O Amarelo mostrado pelo árbitro, e o silêncio do VAR, devia dar uma 'irradiação'!!! Não me interessa se é incompetência, ou se foi de propósito, se foram pagos, ou se estão com medo de serem 'apertados' pelos Corruptos... ou se simplesmente, acham que têm que fazer este tipo de 'serviços' para progredir na carreira... repito, não me interessa a justificação: esta gente não pode apitar!!!
Terça-feira temos um jogo muito importante, principalmente no ponto de vista anímico. Não será a Liga Europa que nos vai 'salvar' financeiramente, das perdas que tivemos com a eliminação da Champions; desportivamente jogar a Liga Europa em Fevereiro e Março também não será benéfico para os nossos objectivos no Campeonato! Mas em termos de prestigio e em termos anímicos é muito importante não ficar fora da Europa em Dezembro...
Para o jogo com o Zenit, eu não mudava nada, mesmo sabendo que o meio-campo vai ser essencial, para 'tapar' os contra-ataques dos Russos, que vão jogar na Luz, com as linhas baixas, seguramente...

Só o melhor Benfica vence hoje

"Benfica joga esta noite num campo tradicionalmente difícil e com um treinador que contra o Benfica treina 'machos'

O Benfica venceu por 4-0 o Marítimo, de forma justa, mas o jogo podia ter tido uma história diferente se naqueles primeiros seis minutos os insulares marcassem uma das oportunidades que tiveram. Houve no entanto um bom Benfica que mereceu vencer.
Na fria Covilhã, mesmo com uma nomeação arbitral significa da falta de vontade de ver o Benfica em prova, era pedido muito mais ao onze escalado por Bruno Lage. Só posso elogiar as escolhas do treinador, está é a prova em que se devem lançar jovens talentosos e onde a gestão desportiva deve ser mais arriscada. Nenhuma crítica e nenhum reparo da minha parte às opções tomadas, eu que nunca desvalorizo a competição e que gosto de a vencer.
O Benfica quis ganhar mas não conseguiu. Vamos ter o calendário encurtado contra a nossa vontade. 
Há muito mérito na campanha vitoriana e muito talento de Ivo Vieira na forma como constrói este Vitória de Guimarães.
Não estar satisfeito e exigir mais é a nossa obrigação de adeptos, porque o Benfica não aceita menos que vencer. Estas escolhas serranas têm utilidade para Bruno Lage e para a SAD benfiquista. Servem para Bruno Lage sentir quem está melhor e quem está pior, servem para o treinador poder escolher sempre os melhores nos momentos mais complicados e importantes, serve para a SAD avaliar todos os seus activos e definir as suas necessidades na abertura do mercado. Ser focado, atento e construtivo é o único caminho válido nesta fase da época. Bruno Lage deve personificar essas características e isso é bom para o Benfica.
Hoje no Bessa é um desses momentos. Campo tradicionalmente difícil para o Benfica, com um treinador que contra o Benfica treina machos. Numa conjuntura adversa, só o melhor Benfica conseguirá os três pontos.
A lesão de André Almeida é por agora (a par da lesão de Rafa) a pior notícia. Neste plantel ter o André bem, faz muita diferença.
Vai ser uma luta a dois pelo título nacional, sabemos que vai ser um caminho muito difícil e de longas batalhas, decidido pelos dois candidatos nos jogos com os outros 16. Nestes percursos vai haver sorte, vai haver azares, mas no final temos que merecer vencer pelo nosso futebol, pelas nossas capacidades e Bruno Lage sabe disso.
Terça-feira o Benfica joga o destino europeu que lhe resta e deve lugar por ele mesmo não sendo o que desejava."

Sílvio Cervan, in A Bola

A fava

"Sou contra o acordo ortográfico por eliminar consoantes que, embora mudas, alteram o sonoridade das palavras, não significando que seja um conservador neste domínio. Pelo contrário, aprecio a constante mutação lexical.
A minha preferência recai na assimilação de nomes próprios. Há variadíssimos casos como os de Sade, Masoch, Maquiavel, Narciso, Pangloss ou Pantagruel, entre muitos outros, que originaram novas palavras. E temos, por exemplo, os sinónimos 'proençada' e 'xistrada', que, pela efemeridade dos actos e irreverência dos sujeitos, jamais passarão de calão. Veríssimo, como é evidente, também não passará do calão. Do ponto de vista semântico, além do da substância, é de facto uma verdadeira fava sempre que Fábio Veríssimo sai ao Benfica, pois a origem latina de ambos os nomes, em que o primeiro deriva de 'faba', que significa 'fava', e o segundo evolui de 'veras', muito verdadeiro, valida o que já apreendemos empiricamente: Nomear Fábio Veríssimo para arbitrar jogos do Benfica é um insulto à nação benfiquista.
No calão, 'Veríssimo' vai-se popularizando vertigiosamente. O seu significado, arrisco dizer, resulta da combinação de várias características como a incompetência, a prepotência, a teimosia e a aversão ao vermelho, exacerbadas por manifestações ridículas do uso de pequenos poderes. Quanto a Veríssimo, o homem, já se tornou uma caricatura dele próprio. Felizmente, a exibição da nossa equipa frente ao Marítimo não permitiu que Veríssimo nos verissimasse significativamente.
Mas Verissimo é veríssimo, e o verissimo acabou por ser Vinícus. Só mesmo um grandessíssimo veríssimo poderia atribuir o segundo golo de Vinícius ao defesa que o tentou evitar..."

João Tomaz, in O Benfica

Cuidado, Benfica!

"A forma de fazer oposição mudou. O debate de ideias em assembleias-gerais ou nas bancadas de um qualquer parlamento já não é o que era. O cara a cara foi substituído pela cobardia das redes sociais, onde qualquer um pode ser herói e vilão. E por dezenas, centenas, milhares de comentários de apoiantes - na sua imensa maioria virtuais - que se reproduzem facilmente nos posts, nos blogues, nos comentários às notícias.
Está provada a interferência das redes socais nas eleições presidenciais norte-americanas que levaram Donald Trump ao poder. Está igualmente bem documentada e demonstrada a partilha de notícias falsas nas eleições brasileiras que colocaram Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Por cá, assistimos nas últimas Legislativas à chegada a São Bento de um partido com uma proposta de governação bem próxima dos abusos da extrema-direita. E onde é que a sua esfera de influência está mais presente? Num canal de televisão privado que lhe garante visibilidade e num canal do YouTube e redes sociais onde se destila ódio e se partilham discursos demagógicos.
O que é que isto tem que ver com o Sport Lisboa e Benfica? Tudo.
Se nos deixarmos dormir, o que vai acontecer é um candidato à liderança do Glorioso, com menos de 5% de intenções de votos, poder discutir a presidência depois de meses, anos de guerrilha e ataque constante a tudo o que se faz no clube. E como será isso possível? Fácil, com a ilusão das multidões das redes sociais, com os favores das notícias plantadas, com a criação de um cenário de desconfiança e teoria da conspiração que acaba sempre por ganhar adeptos entre os 'eleitores' menos informados. Olhos bem abertos, meus caros."

Ricardo Santos, in O Benfica

Encomenda ao Pai Natal

"Sou um jovem que gosta de conhecer e praticar algumas tradições (há umas celebrações efusivas em Maio, por exemplo, que eu adoro), portanto não é de admirar que Dezembro seja um dos meses que mais estimo. O vermelho do Natal, os jantares de convívio e, claro, os presentes.
Neste ano pensei em vários pedidos e tenho todo o gosto em partilhá-los com o leitor. Será fácil perceber o meu elevado sentido altruísta, uma vez que não procuro nada em especial para mim, mas muito mais para os outros.
Espero que o Pai Natal surpreenda o treinador do Sporting com uma ficha de inscrição para o quarto nível de treinador. Assim, Silas poderá finalmente ser livre para partilhar as suas opiniões durante as flash interviews. Mas nem tudo são rosas e nem sequer tenho certezas absolutas de que Silas terá assim tanto interesse em subir de grau académico. Por enquanto não pode levantar-se do banco nos jogos, mas estando lá sentado pelo menos não tem de assistir de tão perto às exibições da equipa. 
Gostaria ainda de encomendar 50 garrafas de champanhe e outras tantas de whisky com destino ao Estádio do Dragão: se Uribe e a sua companheira passarem o Natal em Portugal temo que não fiquem convencidos com a aletria e as rabanadas, e não quero que lhes falte nada para se poderem divertir à brava na noite de Consoada.
Por último, mas não menos importante, gostaria que o Pai Natal fizesse chegar ao Seixal três dúzias de embalagens de ketchup. Já todos nos apercebemos de que o Pizzi e o Vinícius se empanturraram com o saboroso molho de tomate no início da época e só deixaram um restinho no pacote para os outros jogadores, portanto o melhor é repor rapidamente o stock."

Pedro Soares, in O Benfica

Exigência ou fantasia?

"O Benfica é campeão nacional. Segue isolado na liderança do campeonato com 11 vitórias em 12 jornadas (melhor registo dos últimos 37 anos). Está na Taça de Portugal, na Taça da Liga, e ainda tem hipóteses de prosseguir na Liga Europa. Venceu a Supertaça, goleando o eterno rival por 5-0 (resultado mais expressivo em dérbis nos últimos 34 anos). Tem apresentado, com regularidade, uma espinha dorsal de jogadores portugueses formados no Seixal.
Conquistou 5 títulos nacionais nas últimas 6 temporadas. Nesse período, venceu mais 9 troféus, entre Taças (2), Supertaças(3) e Taças da Liga(4).
Está em 11.º lugar do ranking da UEFA dos últimos 10 anos, período ao longo do qual foi 2 vezes à Final da Liga Europa e 2 vezes aos quartos-de-final da Liga dos Campeões.
Tem batido recordes de receitas ordinárias e extraordinárias, o que lhe permite uma sólida posição financeira, por contraste com os rivais, e em contraciclo com a realidade actual do futebol português. Tem investido no Centro de Estágio, sedimentando a aposta estratégica na formação, sem esquecer Museu, Fundação e outras realizações.
Só nesta década, ganhou mais de 80 títulos nas 5 principais modalidades de pavilhão, considerando apenas os seniores masculinos. Tem investido fortemente no sector feminino, que também já nos garantiu cerca de meia centena de troféus.
Perante tudo isto, esperava-se regozijo, ou até euforia, da parte dos benfiquistas. Mas para uma minoria, porventura influenciada pelo ruído dos rivais, tudo parece insuficiente. Estranha forma de vida a de um clube tão bem-sucedido com um grupo de adeptos tão infelizes."

Luís Fialho, in O Benfica

Três bons exemplos

"Nesta semana dedico o artigo a três benfiquistas especiais. Domingos Piedade partiu e deixa-nos uma imensa saudade. Ele, que foi único na área do automobilismo, era um grande embaixador do Sport Lisboa e Benfica. Benfiquista dos sete costados, ajudou muito a divulgar o nosso clube por esse mundo fora. Como ele contava, sempre que no estrangeiro invocava o nome do SL Benfica, as reacções eram impressionantes. Sobretudo na Alemanha. E foi precisamente em Leipzig que os campeões nacionais rubricaram uma magnífica exibição, provando toda a qualidade do nosso grupo de trabalho. André Almeida e seus pares mereciam a vitória. Este empate deve motivar-nos ainda mais para acreditarmos que é possível construir um Benfica europeu para se bater na Champions. Saibamos todos acreditar que com método, trabalho e, sobretudo, paciência, havemos de lá chegar. Demorámos muitos anos a conquistar a hegemonia do futebol nacional. Os 18 títulos conquistados, entre Março de 2010 e Agosto de 2019, provam que o sonho de Luís Filipe Vieira se concretizou. O novo sonho do presidente é o Benfica Europeu. A renovação de Rúben Dias, um benfiquista exemplar, é mais um passo. Uma palavra muito especial para o novo sócio - Benjamin Azevedo de Noronha. Nascido em 1 de Dezembro e sócio logo no dia seguinte, com o n.º 257463,graças ao seu tio, Élio Azevedo, o nosso antigo andebolista e um grande comentador da Benfica TV, o belo e garboso Benjamim é mais um bom exemplo de uma família que não pára de crescer. Desde a conquista do 37.º Campeonato Nacional, no passado dia 18 de Maio, entraram mais de 15 mil sócios."

Pedro Guerra, in O Benfica

Fome

"Portugal não é um país de fome nem de pobreza, mas - e há sempre um mas -, como sabemos padece dos males do mundo desenvolvido, em que, apesar da legislação avançada e da democracia consolidada, a justiça social que ilumina a nossa Constituição teima em não ser completa. Na verdade, a questão da distribuição de riqueza é transversal à União Europeia, e parece cavar-se cada vez mais o fosso entre pobres e ricos. Também não se trata de um problema exclusivamente europeu, mas sim de um problema global que as Nações Unidas têm bem identificado e que é um dos males que afligem o mundo contemporâneo. Em termos gerais, no nosso país, a linha de pobreza está abaixo de 60% de rendimento mediano por adulto. Ou seja, mais de 21% da população no ano de 2018.
Claro que abaixo desta linha existem muitas condições e que, mesmo com as limitações conhecidas, o Estado social funciona e o país assegura uma vida digna à maior parte das pessoas. Mas a sociedade é complexa e feita de lugares recônditos, zonas cinzentas e excepcionalidades quase imperceptíveis no crivo das grandes estatísticas e que constituem bolsas e casos de pobreza com grandes dramas pessoais e familiares. E aí, nos terrenos sociais mais difíceis, aparece também a forme. É isso que torna tão importante a acção da sociedade civil, pela sua proximidade ao terreno e às pessoas e pela versatilidade e rapidez que tem e pode colocar, de imediato, ao serviço das populações.
O Banco Alimentar é uma das instituições da sociedade civil portuguesa que assume, no combate à fome, um papel de grande relevância ao mobilizar a sociedade no seu todo para a recolha e doação de alimentos destinados a fornecer as dispensas de uma rede imensa de instituições de proximidade que apoiam famílias e previnem a fome e a subnutrição. Para que consiga satisfazer cabalmente a sua missão, é fundamental a participação de todos, e, para isso, o mundo do futebol, com o seu poder mobilizador, constitui seguramente uma grande mais-valia. Por isso, saudamos esta iniciativa da Liga, através da Fundação do Futebol, envolvendo todos os clubes, e sabemos que os benfiquistas, como sempre, encheram com fartura e mais vazia das mesas!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Desígnio do Futuro

"De falta de oportunidades para caçar ingénuos desprevenidos, ignorantes e labregos, não nos podemos nós queixar... Basta que se fale de uma qualquer nova atitude do Benfica, inovadora ou mais ou menos preocupante para a vidinha corriqueira que o espaço público não seja imediatamente submerso pelo tsunami do despautério, pelas vagas da mais petulante ignorância ou, até, pela onda da idiota 'útil' (que por vezes também alastra cá para dentro do nosso próprio universo...).
Por isso, já que no reino do 4x4x2 tudo corre como dantes, com o quartel-general em Abrantes e o Benfica em primeiro... volto ao mesmo assunto de há duas semanas para procurar ser um pouco mais explícito nas minhas interpretações pessoais acerca da OPA, que tanta inveja e preocupação causou nos quintais dos vizinhos.
Mas vamos lá, então, começando pelo principio.
A avaliar pela performance do Benfica e pelas desgraças dos congéneres nestes últimos anos, é hoje plenamente consabido que o Glorioso está a deixar de 'caber', tanto estrutural como desportivamente, no estrito mercado sociodesportivo em que nasceu. E bem se percebe já que o Benfica tem de ousar passar a medir-se por outras dimensões e que, para tanto, seja inevitável que se apetreche convenientemente para toda uma outra natureza de desafios.
Em Maio de 2019, a consultora KPMG Internacional actualizou as suas avaliações de Janeiro de 2019 sobre os maiores clubes europeus de Futebol. Da renovada lista desse credível estudo anual de referência - The European Elite 2019 - Football Clubs' Valuation - consta (e já antes constava) o Benfica.
A metodologia de avaliação usada pela KPMG para a valorização de um clube de futebol fundamenta-se, como sempre, no prudencial conservadorismo e baseia-se no chamado Entreprise Value, cujo algoritmo conjuga factores financeiros com outros vectores patrimoniais específicos decorrentes dos stati organizacional e desportivo exibidos por cada clube na época anterior.
Segundo o estudo, exclusivamente dedicado aos 32 mais importantes emblemas europeus, à data de 1 de Janeiro de 2019, o SL Benfica estabiliza na 26.ª posição do ranking, mantendo-se naturalmente como única instituição portuguesa referida. A avaliação da Benfica SAD era aí fixada ente os 318 e os 348 M€, isto é, bastante acima dos actuais 115 M€ consagrados na Contas da nossa Sociedade Desportiva.
Ora, terá sido mediante análises de conjuntura relativa e global como as que a European Elite 2019 expôs que, entretanto, voltaram a despertar inusitados movimentos financeiros de grande envergadura em torno de emblemas prestigiados, como, por exemplo, o Lyon e o Manchester City, levando à rápida transacção de percentagens relativamente reduzidas do capital desses Clubes por valores estratosféricos.
Eu não sei, mas presumo... que também tenha sido a partir de idênticas análises conjunturais que a Benfica SGPS definiu a urgência da OPA voluntária e parcial anunciada há quinze dias, tendo como objecto muito preciso as acções da Benfica SAD que se encontram dispersas por pequenos investidores, porventura Sócios do Clube e, sobretudo, por terceiros, sendo estes de maior dimensão.
No final da semana passada, nunca intervenção informal na BTV - enquanto, provavelmente, a CMVM estará a estudar o processo de formalização da operação - o presidente Luís Filipe Vieira acentuava que o Benfica se encontra numa situação demasiado 'apetecível' para avanços hostis na esfera da alta finança internacional.
O adepto comum e o Sócio mais dedicado podem não estar a par de todas estas circunstâncias. Mas, afinal, o que diríamos nós daqueles a quem elegemos. Mas, afinal, o que diríamos nós daqueles a quem elegemos, se, de repente, nos víssemos feridos por uma OPA hostil que, por baixo preço e de sopetão, nos levasse a fatia actualmente não controlada dos 28% do capital da nossa SAD? Sem prejuízo dos cabais esclarecimentos que o prospecto da operação, devidamente validada pela CMVM, venha a trazer-nos, imaginemos, de modo laico, um dos cenários possíveis para o 'dia seguinte' a uma OPA bem-sucedida: desde logo na posse da quase totalidade do seu capital da SAD, o Benfica fica em condições de, por uma lado, bloquear para si a maioria definitivamente absoluta das acções. E, por outro lado, fica em condições, para negociar a seu bel-prazer a entrada de um autêntico Parceiro institucional de grande dimensão internacional e com inequívoca capacidade financeira e motivacional, disposto a fazer desenvolver, conjuntamente com o Benfica Dos Sócios, e o Benfica Do Século XXI.
De acordo com a minha interpretações estritamente pessoal e sem conhecer os verdadeiros termos em que a operação foi, ou esteja a ser, montada e oficialmente aprovada, creio que esse será, porventura, a única maneira de alavancar definitivamente um Grande Benfica devidamente apetrechado, a todos os níveis, para os enormes desafios internacionais do Desporto continental, cada vez mais próximos e urgentes e por isso cada vez mais definitivos...
De outro forma, ficaremos inevitavelmente de fora e, em breve, não nos restará, senão, continuar a tentar sobreviver em perda, no plano fatalmente inclinado do mais acabado romantismo...
Ou seja, diante da perspectiva que acaba de nos ser entreaberta, bem me parece que não podemos condenar-nos à pequenez dos outros. Conhecendo a nossa história e o legado que recebemos dos nossos Maiores, não nos podemos deixar reduzir para sempre, aos esforços cada vez menos bastantes que temos mantido, a duras penas, quando ao naming do Estádio, à venda da face das camisolas, ou aos mitigados patrocínios de duas ou três bancadas do Estádio, dos Pavilhões e do Benfica Campus e a mais uma bateria de imaginativas soluções pontuais que - depois de ontem nos terem erguido do soalho e nos terem conseguido pôr a sonhar - certamente não nos poderão ajudar, amanhã, a mais do que criar ilusões que até aqui nos orgulham e nos bastavam... Claro que a decisão provocou imediatamente a enorme ruideira mediática que se conhece: tendo em conta o impacto positivo que a OPA certamente pode representar e, sobretudo, as dramáticas consequências que se irão reflectir, com o inevitável afastamento dimensional definitivo relativamente aos desempenhos dos nossos rivais, outra coisa não se podia esperar.
E, por mim, porque democraticamente acredito na representatividade daqueles que os Benfiquistas elegem livremente, desde já afirmo que não hesitarei em me desfazer do meu próprio Património em acções da SAD. Fá-lo-ei #Pelo Benfica. E não posso deixar de recomendar vivamente aos meus Amigos e Consócios que o façam, também. Por presumir que a minha atitude contribui, quanto em mim cabe, para cumprir esse desígnio do Futuro que já está a bater à nossa porta!"

José Nuno Martins, in O Benfica

Disciplina ou talento?

"Estive na semana passada num workshop com treinadores provenientes de diferenças culturas. A determinada altura discutia-se a necessidade de a equipa ser disciplinada e a forma como se deve impor esse mesmo rigor. Defendiam que a disciplina era a questão primordial para que tudo funcionasse de forma eficaz. A importância de existirem regras, conhecidas por todos, mesmo que por vezes contestadas, é decisiva para o sucesso da equipa. Concordo. Mas será mais importante que o talento? Para mim, não. O que mais procuro é talento. Os treinadores melhoram a capacidade dos jogadores, mas não lhe dão a genialidade que os diferencia. Ninguém escolhe onze jogadores de forma aleatória, tentamos sempre escolher os melhores para cada uma das funções. Não conseguimos dar talento a um jogador, mas podemos potenciar as suas capacidades. Por outro lado, podemos impor um quadro disciplinar adequado às exigências do clube ou da equipa. Mesmo com resistência, conseguimos. Mas sem jogadores com classe nunca sermos grande conjunto. Precisamos de talento e nem sempre percebemos onde ele está Claro que este talento tem que ser integrado num quadro de respeito e rigor. Este nós podemos estabelecer, a genialidade do jogador é própria. Prefiro o que não consigo dar ao jogador, e ensiná-lo a respeitar as regras, do que uma equipa sem criatividade. Óbvio que a influência da educação e a cultura do País onde crescemos e vivemos são factores que determinam muitos dos comportamentos. Mas, nesta discussão multicultural, com influências de Angola à Rússia, temos espaço privilegiado de crescimento. Entender o pensamento e comportamento de treinadores de outros pontos do Globo dá-nos possibilidades única de crescimento. Continuo a querer talento, depois de criamos o modelo de o integrar. Quantas vezes treinamos e no jogo nada sai como queremos? As suficientes para surgir o génio o resolver o desafio."

José Couceiro, in A Bola

A importância da Taça da Liga

"Com uma jornada por disputar na fase de grupos, SC Braga e FC Porto são os principais candidatos à participação na final four da Taça da Liga. É certo que nenhum dos quatro grupos está matematicamente decidido e Paços de Ferreira, Portimonense, Benfica (e Covilhã), Sporting e D. Chaves não são cartas completamente fora do baralho. Porém, embora seja futebol, onde não há nem impossíveis nem verdades absolutas, o favoritismo dos quatro clubes referidos é evidente e todos vão seguir a tendência dos últimos anos nesta prova: primeiro dizem que é uma competição que vale o que vale, depois desunham-se para vencê-la.
Benfica, recordista de triunfos na Taça da Liga, e Sporting, campeão em título, então com um pé de fora da prova, por razões diversas: os encarnados por terem visto as segundas linhas chamadas à liça a falhar com estrondo (e viu-se na Covilhã que não aprenderam nada com o Vizela), os verdes e brancos por terem falhado quando não deviam (aliás, o Rio Ave foi duas vezes seguidas ganhar a Alvalade...), correndo contra um tempo que lhes foge.
Sem o auxílio do VAR, que, embora seja um processo em desenvolvimento, ajuda a disfarçar males maiores, os árbitros presentes nos jogos da Covilhã e Barcelos mostraram a quem ainda tivesse dúvidas como é fraco o plantel às ordens de José Fontelas Gomes. Se se aproveitar meia dúzia, já é um fartote. Torna-se, pois, urgente ir à procura de novos campos de recrutamento, que tragam para a arbitragem candidatos de perfil diferente. E se houver anos em que se questionava outro tipo de coisas, no actual estada da arte, nem isso, é apenas incompetência."

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: O Delgado é tão anjinho: incompetência o caralho!!!!