sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Fundamentalismo? Não obrigado!

"O castigo imposto pela federação inglesa de futebol a Bernardo Silva - um jogo de suspensão, 50 mil libras de multa e presença numa acção educacional individual - representa um rude golpe na luta contra o racismo, porque abre a porta a um fundamentalismo que inevitavelmente concorrerá para a descredibilização de tão nobre demanda. Os tempos andam perigosos e a ditadura do politicamente correcto faz-se sentir nas mais variadas áreas da sociedade, elevando a hipocrisia à categoria de arte, praticada por quem se preocupa apenas com a forma e não com a substância. E, quanto à substância, neste caso de Bernardo Silva, não há quaisquer dúvidas e até a comissão que avaliou a situação concluiu que o tweet do jogador português «não tinha intenção de ser racista ou ofensivo, em nenhuma forma». Então, se não houve intenção racista, muito menos o destinatário do tweet se sentiu ofendido, estamos a falar de quê?
O futebol, de há vários anos a esta parte, tem sido um instrumento eficaz na luta contra a discriminação, seja de raça, de religião, de género ou de opção sexual. As acções, de enorme visibilidade e grande eficácia, começaram no consulado de Blatter (que entre, muitas tropelias também fez coisas dignas de reconhecimento...) e mantiveram-se como bandeira do desporto mais popular do mundo. Mas o futebol, em nome desse tremendo crédito que somou, deve precaver-se contra as investidas radicais, que nunca acabam bem. O que foi conseguido não pode ser desconsiderado pelo medo, que tolhe muitos decisores, de irem contra a horda hipócrita que vive do politicamente correcto."

José Manuel Delgado, in A Bola

Pensar no futuro amanhã

"Os jogos em Portugal são maus, mauzinhos, às vezes péssimos. Este ano, tirando a excepção nacional do V. Guimarães e a europeia do SC Braga, a qualidade exibicional dos restantes quase que roça o indigente. É triste, mas é verdade. A falta de dinheiro em relação aos grandes campeonatos europeus é uma parte da explicação, mas há outros que nada têm a ver com isso. O principal passa por muito poucos se preocuparem com uma estratégia global para o futebol nacional que terá de estar relacionada com a diminuição do fosso dos candidatos ao título para os restantes e isso apenas se fará caso os mais pequenos tenham direito a verbas mais simpáticas provenientes da TV. Há quatro/cinco anos perdeu-se uma oportunidade para que isso tivesse sido feito e a factura chegou agora. Os grandes ficaram com as fatias de leão do bolo e os outros com as migalhas. Cavaram um fosso interno mas na Europa é o que se vê esta temporada, com o Benfica em dificuldades na Champions e o FC Porto a deslizar como há muito não deslizava na via uefeira - falo destes porque são os mais fortes concorrentes ao título. A Liga até pode ser mais ou menos competitiva, mas o ritmo e a intensidade são completamente diferentes para as principais europeias, pelo que as equipas portuguesas, quando chegam aos grandes palcos, padecem de um medo cénico que tanto pode ser suportado na consciências das suas dificuldades como na de enfrentar alguém que se não é melhor do que ele, pelo menos tem quase a mesma dimensão. No fundo, é como os adolescentes se sentem na fase de puberdade, com todos os fantasmas e sombras que lhe assolam a existência, olhando para um futuro incerto no qual, muitas vezes, não preferem pensar com grande profundidade. Mas não há volta e dar e têm de sair do armário. Tal como o futebol português. Tem de deixar de pensar no futuro amanhã. Porque quando chegarem ao futuro, se calhar, a vida e o sucesso já passaram. E ontem já era tarde."

Hugo Forte, in A Bola

A concentração dos melhores

"Nos países de menor dimensão populacional, em que o futebol de formação tem jogadores com potencial, é cada vez mais comum que a composição da selecção A seja composta por elementos de vários clubes. A capacidade económico-financeira dos de maior dimensão permite-lhes contratar os mais capazes, e dessa forma elevar o nível da sua competição interna e também ajudam a elevar a prestação desportiva desses futebolistas, e assim a tornar as selecções nacionais dos de menor dimensão com mais, e melhor, soluções. As competições internacionais de selecção têm hoje mais equilíbrio do que aquele que existia antes desta globalização.
O mesmo já não acontece nas competições internacionais de formação, e muito menos no escalão inicial. Normalmente, nos pequenos países, existe um núcleo mais restrito de clubes que estão representados. Na última terça~feira a selecção de sub-17 iniciou a fase de apuramento para o Europeu da categoria, em Viseu, e apresentou no seu onze inicial jogadores de 8 equipas, 6 nacionais e 2 franceses, sendo que nenhuma delas estava representada por mais que 2 jogadores. Um facto que passou despercebido a muitos, mas que merece a atenção devida. Não para retirar qualquer tipo de dividendos, nomeadamente em relação ao processo de observação de jogadores, antes para percebemos que quanto mais as competições forem equilibradas maiores são as probabilidades de potenciarmos os talentos emergentes. Este talento existe no litoral e no interior, no norte e no sul, dentro e fora de Portugal.
Para termos futuro na competição internacional torna-se fundamental melhor o nosso processo interno. A competição deve ser adequada ao nível do praticante e o mais equilibrada possível. Depois, a concentração dos melhores faz-se no espaço das selecções nacionais."

José Couceiro, in A Bola

Cadomblé do Vata (modo FM...!!!)

"Possivelmente vou surpreender uns ou chocar outros, mas podem parar de matraquilhar nas calculadoras, o SLBenfica está irremediavelmente condenado na Liga dos Campeões 19/20. Neste momento, precisamos de uma conjugação de resultados tão perfeita quanto improvável e colocamos-nos numa situação europeia tão grave que na próxima jornada, para além de ganhar em Leipzig, as nossas esperanças de termos uma ínfima hipótese de seguirmos para os oitavos de final da Champions residem numa vitória russa sobre o Lyon e para mantermos intactas as possibilidades de irmos para a Liga Europa precisamos que o Lyon saia vitorioso da Rússia. Portanto, conforme corra na Alemanha, tanto podemos ser russos desde pequenos ou ter duas costelas gaulesas desde a infância.
Tendo em conta o panorama altamente sombrio que nos aguarda para as duas últimas rondas da competição, não restará ao Glorioso outra opção que não seja "fazer boa figura" e neste caso já nem é "ganhar os dois jogos". A derradeira tarefa para este ano é engolir o orgulho e sacar no mínimo, duas vitórias morais. Entrar em modo "safoda" e jogar à maluca, enfiar o "Manual da Champions Para Coninhas" numa gaveta, partir as grilhetas tácticas, esquecer os calculismos atávicos e entrar em campo como se estivéssemos na festa de aniversário da esposa do Uribe. Muito provavelmente vai dar merda igual à dos últimos 15 jogos, mas na posição em que nos encontramos, já me contento se for uma merda com cheiro diferente.
Assim e porque claramente, o Bruno Lage precisa da minha ajuda, fica aqui o 11 titular para sairmos dos dois últimos jogos com alguma honra e aquela terrível sensação de que aprendemos com os erros e para o ano vamos varrer aquilo:
GR: Odysseas - não só está a fazer uma belissíma temporada, como também fala alemão e eu ainda não estou preparado para ver a nossa baliza entregue a um tipo com uma marreca maior do que a do Iordanov. Para além disso, se houver traulitada, dá sempre jeito ter um russo no banco.
DD: Tomás Tavares - "quer-se d'zer" não vamos andar os 4 jogos a sério a jogar com o puto e depois quando entramos em formato "se é p'á desgraça, é p'á desgraça", é que nos lembramos "ah esperem lá que o Almeida é melhor".
DC: Rúben Dias - neste momento é o nosso CR7. Ele e mais 10. A não ser que o Gabriel esteja ainda azamboado da viagem para os Açores e aí é o Rúben e mais 9.
DC: Ferro - nota-se que sofre um bocado contra avançados fortes fisicamente, mas se vamos acabar isto a participação a desbravar para a loucura, convém ter um gajo lá atrás que quando tem a bola no pé, sabe o códio postal dos colegas mais avançados para lhes a endereçar.
DE: Nuno Tavares - dois Tavares lançam logo a confusão no adversário e começo a achar um desperdício do cacete o Grimaldo ser só lateral. Isso e já estou cansado de ver a nossa pressão sobre a saída de bola do adversário morrer no pirulito "mete a bola no extremo direito que ele ganha de cabeça ao pequenote espanhol".
MD: Pizzi - se não jogar o Bruno Lage é um idiota porque ele é indispensável. Se jogar o Bruno Lage é um idiota porque ele só serve para defrontar o Tondela e o Santa Clara.
TR: Gabriel - não tem metade da capacidade de recuperação de bola do Tino ou do Samaris, mas é o único com arcaboiço físico para enfardar umas favolas em adversários europeus e ficar-se a rir. Isso e ser dos poucos que com bola, não se assusta quando um rival olha para ele.
MC: Grimaldo - "ah e tal adaptações patetas de Football Manager". Certo, mas é o único jogador do Benfica que na Europa domina uma bola pressionado e tem velocidade de raciocínio suficiente para decidir o que fazer com ela. E como é defesa, também tem espírito combativo.
ME: Jota - honestamente, não tenho muita paciência para o Cervi. E também está na altura de saber se dá para contar com o Jota ou se temos que começar já a tratar do empréstimo para Janeiro. Ao menos que vá lá à Champions, faça meia dúzia de reviengas inconsequentes e dê ar de quem vai rebentar com a competição na próxima temporada.
AV: Pequeno Francisco - escusamos de inventar com jogadores fortes fisicamente, porque nada do que temos para lá meter, impõe qualquer respeito aos nossos adversários. Sendo assim, é assumir o handicap físico, bolinha no chão e tentar transplantes de rins.
PL: Raúl: a este nível não se fazem brilharetes com as limitações técnicas de Seferovic nem com a modorra mental que Vinicius demonstrou em Lyon. À falta de melhor argumento, joga por exclusão de partes, mas também porque sabe que a bola é redonda."

Bernardo Silva merece mais protagonismo

"Onde se fala de um rapaz normal a quem aconteceu nascer com um dom extraordinário para jogar futebol

Não há em Portugal outro jogador como Bernardo Silva: não há outro jogador com a inteligência e a técnica refinada de Bernardo Silva.
Por isso, porque é um rapaz normal a quem aconteceu nascer com um dom extraordinário para jogar futebol, o esquerdino pode jogar em qualquer posição e vai fazê-lo bem.
Pep Guardiola, por exemplo, insiste em coloca-lo encostado à linha do lado direito, com liberdade para procurar espaços mais interiores em diagonais cheias de curvas e contracurvas.
Fernando Santos, por outro lado, tem também aproveitado o talento do jogador para fazer o mesmo: coloca-lo a partir do lado direito, para procurar espaços interiores em diagonais.
Essa estratégia, porém, está longe de extrair de Bernardo Silva tudo o que ele tem para dar.
Até por a explosão ser o menor dos talentos, ele ganha muito mais quando arranca de trás com a bola colada ao pé e espaço para inventar, em vez de receber a bola em velocidade no último terço.
O jogo desta quinta-feira com a Lituânia, aliás, tal como já tinha acontecido por exemplo com a segunda parte do jogo com o Uruguai no Mundial 2018, mostraram que Bernardo Silva sobe um ou dois patamares quando joga solto no meio, como 10, recuando dois ou três metros no terreno.
A exibição do jogador do Manchester City frente à Lituânia foi aliás lapidar: jogando com total liberdade, fez um golo, uma assistência e ainda esteve na origem de mais dois golos.
Fez cinco passes chave, criou duas ocasiões claras de golo e teve 94 por cento de precisão de passe.
O que me leva a concluir o óbvio. O Bernardo vai jogar bem em qualquer posição, mas o talento dele não merece apenas palma e boas exibições: merece fantásticas exibições.
Merece ovações. Merece enfim que se respeite um dom excepcional."

Agarra, que é ladrão de golos!

"«Ramsey esticou a perna, roubou o golo a Ronaldo, e pediu-lhe desculpa.»
Esta notícia da semana passada, que passou despercebida à maioria do público, vem revelar dois problemas sérios do futebol: há grandes notícias futebolísticas que passam despercebidas à maioria do público e, mais importante que isso, traz à liça esse flagelo que assola o futebol mundial, que é o roubo de golos entre jogadores.
Antes de mais, roubar é feio. Roubar golos então é horrível, e roubar golos ao Ronaldo é um crime que devia dar pena de prisão à perna do jogador que praticou o furto.
«Perna criminosa de Ramsey, apanhada em flagrante delito a roubar a Cristiano Ronaldo um golo novinho em folha, ainda por estrear, em cima da linha, foi condenada a cinco anos de prisão na cadeia do Linhó. Deverá ficar em regime de isolamento, afastada de pernas que roubam cruzamentos e penaltis, dada a maior gravidade do seu crime.»
E pronto, a ver se fazia outra quando saísse. Era o fazias.
Até porque lá na prisão de pernas aquilo não deve ser bonito. O que não faltam é histórias de violência entre gangues de pernas rivais, pernas violentadas nos chuveiros, ou pernas sodomizadas pela sua perna companheira de cela. Ficava-lhe o ensinamento para a vida e não voltaria a furtar golos, a bandida.
Tudo bem que o Ramsey até pediu desculpa ao Ronaldo, mas isso não apaga o crime. Quando o Ronaldo chegou a casa como é que justificou à Georgina que trazia um golo a menos?
«Ah e tal, quando a bola ía a entrar, o Ramsey e a sua perna larápia roubaram-me o golo, golo esse, vê lá tu, que eu ía trazer para pôr em cima da lareira, que chatice. E cheguei tarde a casa porque tive de ir à esquadra fazer o depoimento contra a perna, môr.»
Ou muito me engano, ou a Georgina não ficou contente.
É então, com profunda revolta, que utilizo este espaço para dar eco a milhares de pessoas que, como eu, gritam basta! Basta deste furtar vilanagem entre colegas de profissão! É uma prática que se tem vindo a generalizar, mas que repudiamos veementemente! E quando se repudia veementemente, é porque é mesmo a sério.
Precisamos de policiamento à entrada das balizas. Urge o destacamento de agentes à paisana dentro da pequena-área. Com estes roubos à perna armada depois admiram-se que haja jogos que acabam sem golos, e que as pessoas deixem de ir aos estádios. Pudera. Se levam os golos também hão de nos levar o dinheiro, os relógios e o resto dos tarecos.
Acima de tudo, isto de roubar golos é chato. Transtorna uma pessoa.
Um jogador treina bem durante a semana, come equilibradamente, deita-se cedo, antes do jogo faz um bom aquecimento, e aos 35 minutos vai abanar as redes adversárias e pumba, já foi! Um jogador com uma perna gatuna dá o golpe e ao intervalo o golo já está à venda no E-Bay. É nojento, é indigno e é dinheiro sujo, seus calhordas!
E atenção: isto são apenas os casos que conhecemos. Quantos golos mais modestos não são surripiados a jogadores das ligas amadoras, por colegas de profissão com pernas com menos escrúpulos, e depois levados para o mercado negro de golos para se fazer sabe-se lá o quê com eles? Só de pensar nisso até fico doente. Há indivíduos que me enojam, pá.
Chega. Basta. É vergonhoso. Até quando vamos tolerar isto? Quanto tempo teremos de ficar à espera até que a FIFA se pronuncie?
Aguardamos ansiosamente uma tomada de posição sua, senhor Gianni Infantino. O futebol assim o exige. E os donos dos golos também."

A um passo da Fase de Grupos da Champions

"O SL Benfica está a apenas uma fase – e a um passo – de conseguir alcançar a Fase de Grupos da Liga dos Campeões de Voleibol, logo na primeira participação na prova. Depois de ultrapassar os bósnios do Mladost Brcko e os montenegrinos do OK Budva, os encarnados têm apenas de ultrapassar o último obstáculo, os croatas do Mladost Zagreb.
Na primeira ronda, o Benfica passou com distinção o Mladost Brcko tanto no jogo em casa como no jogo fora de portas. Os comandados de Marcel Matz venceram ambos os jogos por 3-0 sem dar muitas hipóteses aos bósnios.
A segunda ronda trouxe nova viagem ao Leste Europeu, mas desta vez a Montenegro. No primeiro jogo em Lisboa, os encarnados venceram por 3-0 e ficavam apenas a faltar vencer dois sets para marcar presença na terceira ronda. O Benfica ainda começou a perder o jogo, mas, rapidamente, tomou conta dos destinos do jogo e fechou-o por 1-3.
Agora, na ronda que dá acesso à fase de grupos, os comandados de Marcel Matz têm nova viagem marcada ao Leste Europeu com Zagreb (Croácia) a ser o próximo destino. As águias têm o primeiro jogo em casa e o segundo em solo croata.
O próximo adversário, o Mladost Zagreb, tem a particularidade de também vir da mesma fase do que os encarnados: a primeira ronda de qualificação. Os croatas contam com uma derrota no percurso até aqui, que pouco ou nada conta porque já tinha conquistado o lugar na fase seguinte sem precisarem da vitória.
No primeiro jogo da competição, Marcel Matz, treinador encarnado, disse que a sua equipa «não entrou para brincar». E estamos a ver isto mesmo, porque o Benfica ainda não perdeu qualquer jogo e só concedeu um set numa competição totalmente nova para os encarnados. O treinador brasileiro veio revolucionar a modalidade em Portugal e tem tudo para construir um grande legado do voleibol tanto no clube como no próprio país. Aliás, acredito que já esteja a ser feito.
Esta é uma equipa com muito potencial, que tem valor e também tudo à sua disposição para conseguir estar no lote das melhores equipas da Europa nesta competição. Resta agora ultrapassar “o bloco croata”, conseguir os “sets” necessários para estar na Fase de Grupos da Champions e continuar a escrever história na modalidade."

Universo Paralelo: Águias vencem blues e voltam a voar alto na Europa

"15 de maio de 2013. A Amsterdam Arena – actual Johan Cruyff Arena – era o palco de mais uma final da UEFA Europa League, com mais de 46 mil espectadores nas bancadas.
Os comandados de Jorge Jesus defrontavam uma equipa de estrelas, com o tridente ofensivo Lampard, Mata e Ramires a representar a maior ameaça à baliza defendida por Artur Moraes.
Os primeiros 45 minutos do jogo foram muito disputados a meio campo, com nenhuma das equipas a conseguir assumir o comando do jogo. O metro quadrado estava caro, sendo que os homens de Rafael Benitez utilizavam o contra ataque como a sua principal arma. No entanto, o nulo permanecia ao intervalo.
A segunda parte foi diferente. O Benfica entrou mais pressionante, sendo que nos primeiros dez minutos já tinha feito mais remates do que em toda a primeira parte. O único obstáculo ao assédio encarnado às redes da equipa londrina era Petr Cech, que estava em noite inspirada.
No entanto, ao minuto 68’, César Azpilicueta joga a bola com a mão dentro da área, levando Bjorn Kuipers a apontar para a marca dos 11 metros. Oscar Cardozo assumiu a responsabilidade e colocou os encarnados na frente do marcador.
As “águias” não tiraram o pé do acelerador e acabaram mesmo por dilatar a vantagem com um cabeceamento de Luisão, a passe de Nico Gaitan, já no período de descontos.
Os comandados de Jorge Jesus punham, assim, fim à maldição de Bella Guttman – o último treinador a conquistar um título europeu pelo Benfica, em 1962 -, que durava já há mais de meio século.
A comitiva encarnada, liderada por Luís Filipe Vieira, foi recebida em apoteose no dia seguinte. O tão afamado “Benfica Europeu” voltara, sendo que os encarnados marcavam assim o início de uma nova era na Europa."

Balanço das modalidades colectivas

"Está aí à porta mais um fim de semana bem recheado de jogos das modalidades colectivas de pavilhão e o momento pode ser aproveitado para se fazer um breve balanço.
Nos masculinos, o Futsal é líder da Liga Placard e realiza este sábado o último jogo antes de rumar ao Cazaquistão, a fim de lutar por um lugar na final four da Liga dos Campeões. O adversário é o Viseu 2001. A melhor defesa (16) e o segundo melhor ataque do Campeonato (54) entra em campo a partir das 20h45. Só depois as atenções serão viradas para a Champions League.
A regularidade também é a imagem de marca da equipa de hóquei em patins neste arranque de temporada. Líderes isolados do Campeonato com o melhor ataque (28 golos) e apenas 4 sofridos. Na Liga Europeia, o conjunto treinado por Alejandro Domínguez goleou e também não consentiu nenhum tento na 1.ª jornada (14-0 ao Herringen), cumprindo este sábado (20h00) o encontro com o Sarzana, em Itália, em mais uma ronda internacional.
O Andebol tem igualmente um jogo europeu de extrema importância neste sábado (17h00), após ter regressado às vitórias no início da semana para o Campeonato, prova em que há ainda um longo calendário pela frente e com vários confrontos entre os adversários directos. O objectivo de chegar à fase de grupos da Taça EHF passa por superar os croatas do RK Nexe, conjunto que tem outras armas comparativamente ao Dubrava, afastado na ronda anterior. O jogo da 2.ª mão na Luz, a 23 de Novembro, deverá assumir um carácter decisivo na questão do apuramento.
O Basquetebol, apesar de estar a ter algumas lesões no plantel, é líder na FIBA Europe Cup com três vitórias e uma derrota, estando muito próximo de carimbar a presença na próxima fase da prova. No capítulo interno, a equipa já defrontou aqueles que são considerados os candidatos à disputa do título nacional (Oliveirense, FC Porto e Sporting), tendo um registo de 5 vitórias e 1 derrota, o que lhe permite estar em boa posição para alcançar a liderança – como é desejo – nesta fase regular. Este sábado há mais um jogo, na Luz, desta vez com o Terceira Basket (15h00).
O Voleibol segue 100% vitorioso, facto ainda mais assinalável devido à participação na fase de qualificação para a Liga dos Campeões. A equipa treinada por Marcel Matz não tem tempo a perder e volta a jogar já neste domingo diante do CN Ginástica. O jogo começa às 19h00 e as águias procuram o sétimo triunfo no Campeonato.
As equipas femininas continuam também a vincar bem o seu papel no universo ecléctico do Clube. O Futsal, o Hóquei em Patins e o Andebol estão na frente dos respectivos campeonatos nacionais da 1.ª Divisão, tal como acontece com o Voleibol na 2.ª Divisão. O basquetebol feminino prossegue a sua consolidação relativamente à época transacta para estar bem nos momentos de decisão. Ocupa o 8.º posto, no entanto, tem menos um jogo realizado, a cumprir só na próxima semana.
Neste fim de semana que vem aí, o Hóquei em Patins tem dois jogos para cumprir (sábado às 16h00 em Infante de Sagres e domingo às 18h00 com o Azerede na Luz), enquanto o andebol joga para os 16 avos de final no recinto do ND Santa Joana, num encontro com início marcado para as 15h30 deste sábado.
Para domingo estão reservados os jogos a contar para o Campeonato de voleibol – recepção em casa ao Gueifões pelas 15h00 – de futsal – deslocação ao pavilhão do Sporting pelas 21h00.
Em suma, o nosso ecletismo continua bem activo e pronto para dar muitas alegrias aos Sócios, adeptos e simpatizantes do Sport Lisboa e Benfica. #PeloBenfica.

P.S.: Todas as semanas chegam dezenas de solicitações de órgãos de comunicação internacionais que querem dar a conhecer os segredos por trás do sucesso do trabalho realizado no Benfica Campus. Só nos últimos dias estão programadas visitas do Wall Street Journal, do Bild e da Agencia EFE. O rumo, a visão, o planeamento estratégico e a forma como na prática se concretizou tudo isso, conciliando o crescimento das infraestruturas com a aposta nos recursos humanos e inovação tecnológica, são sempre as áreas mais referidas. Motivo de orgulho para todos os benfiquistas!"

Coluna semanal...

"Uma análise semanal sobre pequenos pontos relacionados com o Benfica que me fui lembrando durante a semana.
1. Yony Gonzalez. Tudo indica que será o primeiro jogador a assinar pelo clube em Janeiro. O Fluminense não está na minha watchlist. Mas o Flamengo está. Vi o FlaFlu há coisa de um mês. O Flamengo venceu por 2-0. Nenhum jogador do Fluminense ficou-me no memória e o Yony jogou nesse jogo. É um jogador com um nível técnico abaixo da média e também não é um jogador que se envolva na construção de jogo. Onde se destaca mais é sobretudo pelo físico. Tem 16 golos marcados esta época, a maior parte deles marcados no Campeonato Paulista. Ou seja, não é um jogador para entrar no 11 titular do Benfica. Na verdade acho até que iria acrescentar menos do que aquilo que alguém da B seria capaz de acrescentar. Apesar de já ter 25 anos, esta eventual contratação tem todo o aspecto de ser mais uma daquelas que compramos, emprestamos e eventualmente tentamos vender mais caro, como o Oscar Benítez (onde temos 4M enterrados empatados numa equipa do México), João Amaral, Luís Fariña (que oferecemos ao Aves), Jorge Rojas ou Francisco Vera (que já nem joga futebol).
2. Mercado de Janeiro. Não me consigo lembrar do último grande reforço do Benfica em Janeiro. Por isso, as minhas esperanças relativas a um/dois bons reforços em Janeiro são limitadas. No entanto, a leitura que faço é que tudo está dependente daquilo que vão ser os próximos dois jogos na Champions League. Se ficarmos em último, o Benfica fica com um jogo por semana até ao final da época, num Campeonato onde tem 10 vitórias em 11 jogos. Os reforços são necessários, mas deixam de ser urgentes neste cenário. Reforços em Janeiro vêm sempre com um premium no preço.
3. Comprar para vender mais caro. Esta estratégia de mercado é muito bem utilizada pela Juventus. E é uma que nós temos andado a tentar seguir. As mais-valias até aparentam existir, apesar de ninguém saber ao certo porque não nos dão os números. Mas a verdade é que o Benfica não tem capital infinito para ter múltiplos projectos a correr simultaneamente. O dinheiro gasto em Cádiz, Caio Lucas e eventualmente em Yony, dava para pagar o salário que o João Félix aufere no Atlético. Não tínhamos os 120M, que também não utilizámos, mas tínhamos um talento geracional que nos garantia outro jogo, tínhamos mais vários milhões em prémios da Champions e eventualmente, para os fãs de grandes vendas, até podia ser vendido mais caro no futuro.
4. Voleibol. A equipa de Voleibol garantiu na Quinta-feira o apuramento para a última fase de Qualificação da Champions League. Batemos o Budva de Montenegro. Vários jogadores estiveram em destaque. Tiago Violas é provavelmente um dos melhores distribuidores do mundo. Talvez se tivesse um serviço mais forte, estaria a jogar numa das melhores equipas do mundo. Hugo Gaspar é a inspiração da história do filme "O Estranho Caso de Benjamin Button". Agora vamos apanhar o Mladost da Croácia. A Croácia tem um ranking mundial pior que Portugal. No entanto esta equipa do Mladost tem um sérvio capaz de fazer diferença que é o Stefan Kovacevic e ainda o Ivan Raic que passou por vários campeonatos de grande nível antes de regressar a Zagreb esta época. O Benfica parte com um ligeiro favoritismo. Mas a ausência de Rapha por lesão pode pesar. Vamos ver se ele recupera a tempo. Se ganharmos, estamos na Fase de Grupos da Champions League. Se perdemos, caímos para a CEV Cup."

O lado bom da derrota

"Tendemos a lembrar-nos do passado a propósito dos momentos de glória, das recordações do pódio, das comemorações e do prestígio ganho, mas o que nos faz realmente crescer são as dificuldades e sobre esse tema tornei-me especialista.
Todos temos a nossa jornada de heróis, enfrentamos dificuldades, e comigo não tem sido diferente. As incontáveis derrotas ao longo da carreira desportiva, a morte da minha mãe quando tinha apenas 16 anos, as dificuldades financeiras, as lesões em momentos em que me sentia no auge e a depressão por não participar nos últimos Jogos Olímpicos foram os períodos que tive de superar, mas também me fizeram amadurecer e aprender imenso.
Essas circunstâncias mostraram-me essencialmente que tudo na vida é transitório, há muitas perdas inevitáveis e, por isso, é necessário entrega, crença e vontade de lutar com o coração. É aí que reside a satisfação e a vitória estabelecida por mim, e isso nada tem a ver com medalhas ou troféus, mas ao mesmo tempo dá-me forças para trabalhar pelos meus objectivos e fazer tudo o que estiver ao meu alcance para concretizar o sonho de ganhar uma medalha nos Jogos Olímpicos.
O meu valor como pessoa não está entre ganhar e perder. O resultado de uma competição é apenas a combinação de muitas variáveis e do meu desempenho naquele determinado momento. Se perdi não quer dizer que sou uma pessoa ruim ou a que minha adversária é melhor que eu.
Actualmente posso desfrutar das minhas emoções, procuro entender os meus sentimentos e, principalmente, o motivo de os estar a sentir. Não os reprimo. Isso faz com que eu tenha pequenos lutos nas minhas derrotas ou frustrações; mas também consigo adaptar-me às mudanças e rapidamente recuperar o meu equilíbrio de modo a procurar a evolução, incessantemente. Acredito que esse seja um dos caminhos do autoconhecimento.
Por tudo isso, hoje sou capaz de ficar grata por todos os momentos de dificuldade que enfrentei, pois fizeram-me pensar “fora da caixa”, buscar novos caminhos e conhecer pessoas incríveis que me deram a oportunidade de ter experiências enriquecedoras.
Eu sou o motor para criar o meu destino e as dificuldades aparecem como combustível que me faz ir mais além."

Vitória em Montenegro...

Budva 1 - 3 Benfica
25-15, 21-25, 23-25, 25-27


Foi mais difícil do que parece: só fizemos 15 pontos no 1.º Set, e no 3.º e 4.º Set's começamos em desvantagem, e só na recta final dos Set's conseguimos passar para a frente...
O facto do Rapha não ter jogado, pode explicar o 'equilíbrio'!!!

Agora, temos os Croatas do Mladost Zagreb. No papel temos tudo para passar, mas nunca se sabe... se mantivermos o nível destas pré-eliminatórias (só perdemos 1 Set em 4 partidas), acredito que vamos passar! Como não podia deixar de ser, temos um calendário 'engraçado': entre a 1.ª e 2.ª mão temos um fim-de-semana com dois jogos, sendo que um, é contra a Lagartada!!!

Benfica: só um terço dá certo

"O Benfica vai contratar mais um extremo no mercado de inverno (Yoni González, do Fluminense) porque Caio Lucas não mostrou qualidade. As contratações falhadas têm sido, nos últimos anos, uma das marcas da SAD liderada por Luís Filipe Vieira. Analisando apenas os últimos cinco verões, desde que, com a saída de Jorge Jesus, o paradigma mudou com uma maior aposta na formação, as águias contrataram 52 jogadores. Deste lote, 14 nunca chegaram a fazer qualquer minuto pela equipa principal: Cádiz, Salvador Agra, Óscar Benitez, Erdal Rakip, Pedro Nuno, Ponk, Patrick, João Amaral, Murillo, Mato Milos, Marçal, Pelé, Arango e Dálcio. Outros dois ainda foram utilizados, saindo da equipa B (Keaton Parks e Kalaica). Sobram 36 que pertenceram ao plantel,que chegaram com esta cadência:
2015/2016: Jiménez, Jovic, Carcela, Grimaldo, Mitrolgou, Taarabt e Ederson;
2016/2017: Rafa, Cervi, Pedro Pereira, Celis, Filipe Augusto, André Horta, Carrillo, Zivkovic, Danilo e Hermes;
2017/18: Krovinovic, Svilar, Gabigol, Chrien, Seferovic e Douglas;
2018/19: Gabriel, Castillo, Conti, Alfa Semedo, Vlachodimos, Corchia, Ebuehi, Ferreyra e Lema;
2019/20: Raul de Tomas, Carlos Vinícius, Chiquinho e Caio Lucas.
Considerando que Zivkovic só num determinado período (em 4x3x3 com Rui Vitória) teve bom rendimento e Taarabt perdeu muito tempo, será consensual dizer que apenas estes foram mesmo reforços: Ederson, Grimaldo, Jiménez, Mitroglou, Rafa, Cervi, Seferovic, Gabriel, Vlachodimos, Carlos Vinícius e Chiquinho.
Ou seja, 11 em 36, uma taxa de aproveitamento de 30,5 por cento. Dito de outra forma: por cada três jogadores contratados, só um dá certo no Benfica."

Fernando Urbano, in A Bola

PS: Carcela teve poucos minutos, mas foi decisivo no título... o Krovi estava a jogar, mas a lesão e a mudança de esquema atrapalharam... Svilar, Ebuehi e o Conti ainda estão cá... e o próprio R.d.T ainda não merece a sentença 'final'... o Taarabt está a jogar... o Gabigol foi um empréstimo...
Portanto 12 em 29, dá quase 50%...
É tão fácil 'brincar' aos números!!!

As longas férias do campeonato

"Pedro Proença esteve na UEFA, numa reunião que envolveu conhecidas figuras internacionais do futebol, para discutir e apresentar propostas que melhorem o jogo e os modelos competitivos. O que quer dizer que o presidente da Liga Portugal esteve no sítio certo para perceber que é urgente mudar a competição profissional no futebol português.
O estado da nação do futebol luso é preocupante e carece dos maiores cuidados. Precisa de encontrar soluções inovadoras, que permitam maior equilíbrio competitivo e melhorem os cansados modelos de negócios; e precisa que se olhe para o calendário de competição com sentido de responsabilidade e vontade de mudança.
Terminada, no final da semana passada, a décima primeira jornada do campeonato maior, a prova só recomeçará no início de Dezembro. Vinte dias de abstinência forçada pela inevitabilidade de jogos da Selecção e pela evitabilidade de jogos das Taças de Portugal e da Liga. O campeonato voltará a arrancar no início do último mês do ano, mas para logo voltar a parar, também por vinte dias, deixando os actores longe do palco do Natal e na passagem de ano, durante a qual, admito, as festas nocturnas não serão tão escrutinadas, mesmo que alguém não resista à tentação de as publicitar numa qualquer rede social perto de si.
De uma coisa estamos nós livres: que o campeonato aqueça demasiado as emoções. Pode ser um factor importante para o sossego da nova autoridade antiviolência que também poderá passar o Natal e o Ano Novo em paz. Só não é um factor importante para a melhoria do futebol português, mas isso também pouco interessa."

Vítor Serpa, in A Bola