sábado, 5 de outubro de 2019

O maior crime de sempre em Portugal - Parte II

"Assustador! Assustador! Assustador! Mas há muito mais, muito mais coisas assustadoras!
'290. Com efeito, no dia 12 de Dezembro de 2017, pelas 22:13:56h, o arguido Rui Pinto, fazendo uso do IP 128.31.0.13 através de formas de anonimização, criou blogue mercadodebenficapolvo.wordpress.com, acessível, à data, através do URL https://mercadodebenficapolvo.wordpress.com no domínio Wordpress.
291. Aquando do registo indicou, como nome de utilizador, 'mercadodebenficapolvo' e, como e-mail, 'osemailsdopedroguerra@tutanota.com', tendo dinamizado o conteúdo do blogue desde a sua criação, com publicações alusivas ao mundo futebolístico, como correio para efeitos de contacto. No próximo artigo veremos como copiou os servidores de várias entidades, incluindo a Procuradoria-Geral da República! E o que vai acontecer quanto ao Benfica.'

Dúvidas então não existem de que foi Rui Pinto que publicou as caixas de correio electrónico de todas as pessoas do Benfica que por isso foram afectadas, desde Luís Filipe Vieira, Rui Costa, Domingos Soares de Oliveira, Paulo Gonçalves, Célia Falé, Miguel Moreira, Ana Paula, Ana Zagalo, Valido, Carla Figueiredo, Pedro Guerra, e-mail do Benfica, e-mail das Relações Públicas do Benfica, além de muitos outros, e obviamente o mais perigoso de tudo, de todas e quaisquer pessoas que trocaram e-mails com todos estes benfiquistas, eu incluído!
Digamos que devemos ter um universo de cerca de 1 milhão de potenciais visados! Todos, mas mesmo todos, são lesados pela conduta de Rui Pinto.
Outra coisa bem diferente é a quem foram entregues estas caixas de e-mails? Quem tem a informação toda dos e-mails destas pessoas?

Ataque à Federação Portuguesa de Futebol
'218. A infraestrutura informática da FPF aloja todo o tipo de informação relacionada com a actividade desenvolvida pela Federação.
220. Em data não concretamente determinada, mas seguramente anterior ao dia 1 de Março de 2018, o arguido Rui Pinto decidiu entrar no sistema informático da FPF, com vista à recolha de informação que entendia relevante.
221. Assim, entre as 04:31h e as 08:00h do dia 1 de Março de 2018, o arguido Rui Pinto, utilizando a funcionalidade de 'SSL Network Extender', efectuou 48 (quarenta e oito) acessos a vários servidores/máquinas da Federação Portuguesa de Futebol.
222. Nos diversos acessos à VPN, realizados no dia 1 de Março de 2018, o arguido Rui Pinto procedeu a exaustivas pesquisas e consultas em directórios e ficheiros dos computadores utilizados, pela FPF, com os endereços 10.90.23.200, 10.90.23.245, 10.90.84.63, 10.90.90.200 e zeus.fpf.pt.
223. Em seguida, procedeu ao mapeamento e inventário de todos os serviços e dispositivos disponíveis na rede da FPF, por meio da utilização da ferramenta Zenmap (do programa 'Nmap'), o que lhe permitiu efectuar um reconhecimento com grau definido de profundidade da infraestrutura de rede, bem como de todos os equipamentos conectados e vulnerabilidades.
225. Com efeito, entendeu o arguido Rui Pinto como relevante guardar os seguintes ficheiros no seu disco rígido da marca Western Digital (Elements) com o S/NWX51E944XR33, designadamente:
- acórdão de 2 de Março de 2017 do Tribunal Arbitral do Desporto (Acórdão 30TAD2016_VF(02032017).pdf);
- lista de contactos de árbitros (Contactos Arbitros.xlsx);
- Manual Operacional - Tecnologias de Informação (Brasil 2014) - (Manual Operacional Tl Brasil 2014.pdf);
- Processo Disciplinar n.º 07-18/19 Conselho de Disciplina da FPF (PD 05 (18-19) - fls. 1 a 14.pdf e PD 59 17 18 CDSP acordao.pdf);
- Procedimento de instalação e configuração da VPN Check-point (Procedimento de instalação e configuração da VPN Checkpoint.pdf);
- decisão do Conselho de Justiça da FPF, de 16 de Agosto de 2017 (rec 16-17 31 acórdão final.doc);
- documento denominado 1a Acção de Reciclagem e Avaliação Árbitros C1 e Árbitros Assistentes C2 (1ARA CI e AC2_2018_19.pdf);
- classificação de árbitros, árbitros assistentes e observadores de futebol de onze, referentes à época 2014/2015 (Classificações 2014-2015.pdf);
- classificações de árbitros, árbitros assistentes e observadores de futebol de onze e futsal, referentes à época 2015/2016 (Classificações A, AAs e Obs 2015-2016.pdf);
- parecer proferido a 18-03-2016, no âmbito do processo n.º 057 da Comissão de Apreciação de Reclamações da Secção de Classificações, do Conselho de Arbitragem, da FPF (DOC230316-23032016174956.pdf);
- Questionário de Avaliação da Eficácia da Formação emitido pelo Conselho de Arbitragem para a época 2018/2019 (FPF-Questionário-satisfacaoEquipasTecnicas-02.pdf);
- documento do Centro e contacto e Suporte da FPF sobre a Plataforma de ServiceDesk (FPF-Guia rapido de Utilização CCS.pdf);
- processo de inquérito n.º 32-17/18 do Conselho de Disciplina da FPF (FW-CDSP Processo_de_Inquerito_n.º_32_-_2017_2018 Notificacao_de_Despacho_e_remessa_dos:autos..zip);
231. Ainda na plataforma 'Score' o arguido efectuou o download de 23 documentos, correspondentes e inscrições, transferências e revalidações de jogadores das categorias 'benjamim' até 'sénior' no âmbito do futebol amador.
232. Dentro da mesma plataforma, o arguido efectuou diversas pesquisas (por nome) relativamente a diversos jogadores profissionais da Primeira Liga, designadamente
(Castillo, Ignacio, Facundo, Hermes, Jonas e Carrillo)
238. No disco rígido da marca Western Digital (Elements) com o S/N WX51E944 XR33, que se encontrava na residência do arguido a 16 de Janeiro de 2019, concretamente no ficheiro de texto 'F488C171-62B1-4C20-B906-8A4C995E1095.txt', o arguido dispunha de anotações por si redigidas referentes a 'FPF', desde endereços de correio-electrónico e respectivas palavras-chave e plataformas de ficheiros'.

Ataque à Procuradoria-Geral da República
'362. A infraestrutura informática da PGR aloja todo o tipo de informação relacionada com a respectiva organização interna, bem como com a própria actividade processual dos magistrados do Ministério Público.
363. Designadamente, encontram-se alojados, nos servidores da PGR, documentos do Conselho Superior do Ministério Público, do Núcleo de Assessoria Técnica da PGR, do Gabinete de Documentação e de Direito Comparado da PGR, digitalização de inquéritos-crime que correm os seus termos no DCIAP, bem como documentos de trabalho dos magistrados do Ministério Público que exercem funções nesse Departamento.
364. O servidor da PGR aloja, igualmente, a plataforma denominada 'SIMP' (Sistema de Informação de Ministério Público) que corresponde a uma aplicação de acesso reservado que tem por finalidade a recolha e partilha de informações internas do Ministério Público.
365. Ao nível de correio electrónico, a PGR é titular do domínio 'pgr.pt', ao qual estão associadas as caixas de correio de funcionários da PGR, dos magistrados do Ministério Público que desenvolvem a sua actividade na PGR e no DCIAP, bem como de membros do Conselho Superior do Ministério Público.
367. Os servidores da PGR são geridos, exclusivamente pelos seus serviços técnicos.
368. Com vista a que magistrados e funcionários da PGR pudessem aceder, remotamente, às áreas de trabalho dos seus computadores profissionais, foi disponibilizada pelos serviços técnicos da PGR uma ferramenta de acesso remoto -VPN (Virtual Private Network) - com recurso ao programa 'Check Point End Point Security', cuja ligação se fazia através da Internet, a partir do IP 213.58.176.146'.
Assustador! Assustador! Assustador! Mas há muito mais, muito mais coisas assustadoras!"

Pragal Colaço, in O Benfica

O maior crime de sempre em Portugal - Parte I

"Tudo o que se irá aqui escrever é o que resulta da excelente acusação efectuada pelo Ministério Público e da brilhante investigação da Unidade de Crimes Informáticos da Polícia Judiciária a Rui Pinto.
8. Concretamente, o arguido Rui Pinto dispunha dos seguintes programas/ferramentas nos seus equipamentos informáticos:
- o programa informático denominado 'reaver', que se destina a descobrir palavras-chave em sistema 'wi-fi', através da realização de ataques persistentes contra os números de identificação pessoal (PIN) dos 'routers wi-fi', logrando desse modo, identificá-lo e obter as respectivas credenciais de acesso.
- programa 'evilginix', destinado a capturar, remotadamente, credenciais e ficheiros de informação da sessão de qualquer serviço da internet.
- programa 'armitage',que se destina a explorar vulnerabilidades em dipositivos remotos, permitindo controlo sobre o dispositivo-alvo.
- um conjunto de ferramentas denominado 'netasploit-framework', usado para desenvolver e executar comandos contra uma máquina de destino remota, assumindo controlo sobre a mesma, e testar as suas vulnerabilidades.
- o programa denominada 'Nmap' (Network Mapper), que consiste numa ferramenta de segurança usada para detectar computadores e serviços numa rede.
- a ferramenta 'Bcrypt', a qual permite cifrar palavras-chave com base em cifras simétricas, permitindo a ofuscação e segurança acrescida à fornecida apenas pela introdução de palavras-chave.
9. O arguido Rui Pinto, ainda, de um conjunto de programas informáticos orientados para a desconstrução de segurança de ficheiros e sistemas computacionais. Designadamente:
- credencialfileview - o qual permite exibir as palavras-chave e outros dados armazenados dentro de arquivos de credenciais de um sistema Microsoft.
- dataprotectiondecryptor - o qual permite decifrar palavras-chave e outras informações cifradas pelo sistema DPAPI (Data Protection API) de um sistema Microsoft.
- encrypedregview - o qual permite examinar o registo do sistema Microsoft em execução e procura por dados cifrados com DPAPI (Data Protection API), localizando e decifrando esses dados.
- mailpv - o qual permite decifrar palavras-chave de clientes de correio electrónico, como, por exemplo, Outlook, Gmail, etc.
- netpass  - o qual permite recuperar todas as palavras-chave de rede armazenamento num sistema Microsoft.
- sniffpass - programa informático de monitorização de palavras-chave dos seguintes protocolos: POP3, IMAP4, SMTP, FTP e HTTP (senhas de autenticação básica).
- vaultpasswordview - o qual permite decifrar e exibir palavras-chave e outros dados armazenados dentro do 'Windows Vault'.
10. O arguido Rui Pinto dispunha, ainda, do ficheiro 'index,php.txt', cujo código se encontrava ofuscado através de uma ferramenta online de nome FOPO (Free Online PHP Obfuscator).
11. O referido ficheiro 'index.php.txt' contém o código malicioso 'Backdoor: - PHP/Shell.A', usado para comprometer um servidor que está a correr uma aplicação ao PHP vulnerável, permitindo que a informação exfiltrada seja enviada ao atacante remoto através do script executado.
13. O arguido Rui Pinto dispunha ainda de 15 (quinze) placas de rede virtuais associadas, directa ou indirectamente, a utilização de programas relacionados com estabelecimento de sessões de 'Virtual Private Network' ('VPN').
14. Estas configuram redes de comunicações privadas efectuadas através da Internet, permitindo assim aceder - em contexto remoto, seguro e anónimo - a recursos informáticos locais.
15. Através do protocolo 'SSH' (Secure Shell), o arguido Rui Pinto efectuava ligações e endereços IP de terceiros, essencialmente, pessoas com privilégios e cujos sistemas informáticos pretendia aceder.
16. A partir daí, criava um ambiente semelhante ao do utilizador, logrando, desse modo, obter as suas credenciais de login ao sistema.
17. O arguido Rui Pinto instalou, igualmente, programas de diversas soluções de segurança informática para acesso remoto a recursos da rede corporativa de diferentes entidades, tais como o FortiClient v.5.6.5.1150,o Array SSL VPN v.9.3.0.0., o Juniper Networks Setup Client 64., o GlobalProtect v-3.1.1., Cisco AnyConnect Secure Mobility Client v.4.5.01044,Stormshield SSL VPN Client v.2.4.0. TeamViewer 14 v.14.1.3399.
18. Através da utilização dos referidos programas e ferramentas, o arguido Rui Pinto estaria apto a desenvolver ataques informáticos de vária natureza técnica, a várias entidades, logrando, deste modo, aceder e diversos servidores informáticos ligados à Internet.
19. Bem como retirar desses sistemas informáticos diversa informação que não estava acessível ao público, num procedimento conhecido como exfiltração de dados.
20. O arguido Rui Pinto utilizava uma linha de comando que corria com vista a pesquisar palavras/termos em volume de informação nos ficheiros, utilizando o comando 'grep', com o parâmetro '-r', sendo que este parâmetro permite recolher o máximo de informação em todos os ficheiros encontrados.
21. O arguido Rui Pinto dispunha, ainda, do programa FastCopy (64bit) versão 3.61, o qual permite a execução de cópias de ficheiro e directorias de forma rápida e integral de um directório e/ou volume para outro.
22. Bem como do programa informático 'Carbon Copy Cloner', caracterizado por ser um programa para execução de cópias de segurança de ficheiros.
23. O arguido Rui Pinto dispunha ainda do programa informático 'DavMail', cuja finalidade é a de conexão entre um servidor de correio electrónico e cliente de correio electrónico.
24. Estas actividades foram desenvolvidas pelo arguido Rui Pinto com ocultação da respectiva identidade, utilizando as chamadas ferramentas de anonimização (programa THOR de acesso à Internt, utilização de VPN - Virtual Private Networks - , VPS - Virtual Private Servers - bem como de servidores Proxy, que garantissem o seu anonimato na Internet).
25. Perante a necessidade de ocultar a sua actividade, o arguido Rui Pinto utilizou programas informáticos que permitem não só a ofuscação de identificação da ligação à Internet utilizada, mas também navegadores de Internet 8'web browsers') que bloqueiam tentativas de identificação de outro tipo de informação, por parte dos provedores de conteúdo online.
26. Com intenção de ofuscação da identificação da ligação à Internet utilizada, o arguido Rui Pinto utilizou a aplicação 'OpenVPN 2.4.0' instalada no sistema operativo, tendo configuradas várias 'VPN' providenciadas pelo website https://www.vpngate.net/
27. No que respeita a navegadores de Internet que procuram garantir a privacidade na utilização da mesma, o arguido Rui Pinto tinha instalados os programas 'THOR Browser' e 'EPIC Browser'.
30. Para efeitos de ofuscação de dados identificativos, o arguido Rui Pinto dispunha ainda do ficheiro 'User/admim/Downloads/useragentswicher.xml', que, tendo sido descarregado da Internet, é uma aplicação que, quando adicionada ao navegador de Internt, permite alterar e/ou esconder as informações que são disponibilizadas durante o processo de navegação, dissimulando o browser utilizado.
31. O arguido Rui Pinto tinha, instalado, o programa 'Burp Suite', desenvolvido para a realização de testes de segurança em aplicações web, o qual permite realizar o rastreamento de conteúdo dentro de aplicações web, automatizar a detecção de vários tipos de vulnerabilidade e manipular e reenviar pedidos entre o navegador e o aplicativo de destino.
32. Do mesmo modo, o arguido Rui Pinto dispunha de ferramenta denominada 'Npcap', com capacidade para interceptar pacotes de comunicações para o 'Windows'.
33. O arguido Rui Pinto, dispunha ainda de ficheiros do tipo 'HTML' pertencentes a 'websites' de instituições públicas e que serviam como modelo para criação de websites manipulados para captura de credenciais.
34. Sendo necessário compilar e organizar toda a informação que ia logrando obter, o arguido Rui Pinto criou vários ficheiros de texto que continham anotações, por si preenchidas ao longo do tempo, com informação acerca das entidades portuguesas e estrangeiras e que acedia ou tentava aceder, tais como plataformas de Intranet, redes privadas (VPN), palavras-chave, certificados de segurança, plataformas de correio electrónico e plataformas de partilha de ficheiros.
Assustar! Assustador! Assustador! Mas há muito mais, muito mais coisas assustadoras!
290. Com efeito, no dia 12 de Dezembro de 2017, pelas 22:13:56h, o arguido Rui Pinto, fazendo uso do IP 128.31.0.13 através de formas de anonimização, criou blogue mercadodebenficapolvo.wordpress.com, acessível, à data, através do URL https://mercadodebenficapolvo.wordpress.com no domínio Wordpress.
291. Aquando do registo indicou, como nome de utilizador, 'mercadodebenficapolvo' e, como e-mail, 'osemailsdopedroguerra@tutanota.com', tendo dinamizado o conteúdo do blogue desde a sua criação, com publicações alusivas ao mundo futebolístico, como correio para efeitos de contacto.
No próximo artigo veremos como copiou os servidores de várias entidades, incluindo a Procuradoria-Geral da República! E o que vai acontecer quanto ao Benfica."

Pragal Colaço, in O Benfica

No bolso do casaco de mr. Whittaker

"A desgraça de uns costuma ser a felicidade de outros, diz o povo na sua sabedoria geralmente muito sobrevalorizada.

O passageiro do lugar 23 da primeira carruagem de segunda classe do comboio nocturno que ligava Burnley a Londres acordou sobressaltado no momento em que toda a composição estremeceu e se ouviu o apito que anunciava a paragem na estação de Stafford. Esfregou os olhos, limpando as remelas e sentiu de imediato que alguma coisa não batia certo.
A posteridade não registou o nome do atarantado cavalheiro. Suponhamos que era mr. Smith. Corremos sempre o risco de acertar num dos milhões de Smith que proliferam pelas Ilhas Britânicas e por todas as fatias do antigo império onde o sol nunca se punha. Mr. Smith, portanto, entrara no comboio em Crewe. Nesse momento reparara no seu companheiro de cabina. Tinha um chapéu de palha inclinado sobre os olhos, usava um fato de tweed de fraca qualidade com uma corrente de relógio de bolsinho a bolsinho do colete. Lia atentamente um jornal da véspera e limitara-se a um cumprimento absolutamente circunstancial. Mr. Smith percebeu de imediato que não estava para grandes conversas. Isso tê-lo-á aborrecido e atirado para um estado de sonolência que pretendia evitar. Interrogado pela Scotland Yard não conseguiu ser mais conciso do que isto.
Quando mr. Smith despertou de supetão em Stafford, depois de ter afastado da cabeça aquela nuvem de lassidão fruto do seu sono profundo, percebeu finalmente o que se alterara no cenário. O seu companheiro do chapéu de palha simplesmente desaparecera. Apenas o jornal da véspera repousava sobre o assento do lugar nº 27. De Crewe a Stafford não havia paragens.
Spencer Whittaker nasceu nos arredores de Oswaldtwistle, não muito longe de Blackburn, no Lencashire, uma cidadezinha pacata fundada nos anos 600 por Osvaldo, rei da Northumbria. Com dez anos, em 1871, Spen, como lhe chamavam, jogava futebol no Oswaldtwistle Rovers e vivia apaixonado pelo nobre desporto bretão e pela bola, essa mágica senhora das paixões. Não tinha era grande jeito. Pelo que aos 32 anos continuava a jogar no Oswaldtwistle Rovers, embora também ocupando um cargo na direcção do clube. Stan era o típico inglês da classe média pronto para viver uma existência completa de imperturbável anonimato. Mas o Destino resolveu pregar-lhe uma rasteira.
A desgraça de uns costuma ser a felicidade de outros, diz o povo na sua sabedoria geralmente muito sobrevalorizada. Em 1910, o Burnley vivia os horrores de ter caído no último lugar da II Liga Inglesa e o seu secretário-geral, Ernest Mangnall, foi afastado. Spen foi convidado para ocupar o posto, não sem uma grande dose de espanto que se estendeu ao próprio Whittaker. A troca funcionou. Spencer renovou a equipa, foi à procura de bons jogadores da região e o Burnley esteve à beira da subida. Aliás, ninguém tinha dúvidas que o regresso ao escalão principal era uma questão de tempo. De muito pouco tempo.
Harry Swift era um médio-centro do Accrington Stanley, um clube que ficava ali à mão de semear. Spen gostou do rapaz. Fez perceber aos membros da direcção que era fundamental trazê-lo rapidamente para o Burnley de forma a poder utilizá-lo num jogo vital que se aproximava a olhos vistos frente ao Manchester City. Claro que havia o problema da burocracia: os registos de Swift tinham de ser entregues em mão na sede da Football Association, em Londres, na Leicester Square, antes das três horas da tarde do dia seguinte. Estávamos no dia 15 de Abril de 1910. Decidido como sempre, Whittaker enterrou na cabeça o seu chapéu de palha e saiu apressado para apanhar o comboio nocturno entre Burnley e Londres. Comprou um bilhete para o lugar 27 da primeira carruagem de segunda classe, sentou-se o mais confortavelmente possível e pôs-se a ler o jornal guardando para o fim a expectativa das palavras cruzadas.
Mr. Smith pusera os funcionários da British Railways num histerismo muito razoável. Toda a gente procurava afanosamente Spencer Whittaker. O condutor do Northbound Express viria a encontrá-lo em muito mau estado, apesar de vivo. De borco sobre a linha, num lugar chamado Whitmore, entre Crewe e Stafford. Gravemente ferido, foi levado com urgência para o hospital de Crewe e morreu no início da tarde desse mesmo dia. Tinha 39 anos e, no bolso do casaco, os papéis de registo de Harry Swift que não pôde entrar em campo frente ao Manchester City às 15 horas, a hora precisa em que Spen foi oficialmente dado como morto pelo médico que se debruçava sobre a sua cabeceira.
As causas da queda nunca foram apuradas com rigor. Aventou-se a hipótese de ter confundido uma das portas para o corredor com uma das portas de saída. No campo de Turf Moor, a trágica notícia foi dada pelos altifalantes quando o City vencia por 3-1. Dizem que os jogadores do Burnley se uniram em redor da tristeza. Empataram: 3-3. Era um sábado de Primavera. Iam chegando as andorinhas..."

Gostar de Conguitos

"Levamos vários anos de experiência a lidar com as redes sociais, mas tardamos a interiorizar que escrever um desabafo numa delas é bem diferente de participar numa conversa de café.

Bernardo Silva cometeu esse erro na piada que fez com o colega de equipa Benjamin Mendy, pela qual corre o risco de ser castigado pela Federação inglesa.
É absurdo não ver na troca de comentários entre os dois, em reacção à fotografia em que Bernardo Silva o compara ao Conguito, uma cumplicidade que permite e explica a brincadeira. Mas ao recorrer ao Twitter, a publicação do futebolista deixou de ser um momento entre amigos e passou a estar disponível para o Mundo inteiro. Perde-se o contexto e a intimidade em que o humor pisa as fronteiras do politicamente correto.
O episódio é mais um exemplo do ambiente de policiamento que se impõe de forma totalitária sobre qualquer manifestação no espaço público. Do humor aos comentários de figuras públicas, cada palavra ou vírgula tem de ser cuidadosamente medida. Porque uma vez dito, nada pode evitar a amplificação e análise detalhada de cada sentido possível e imaginário.
Quando Michel Foucault, em 1975, revolucionou o pensamento sobre política social no mundo ocidental na obra "Vigiar e Punir", apoiou-se em mecanismos físicos de vigilância, como o panótico. Hoje a torre de observação que a todo o momento vê o que se passa à sua volta é universal e omnipresente. Não é circular, mas microscópica e multidirecional, com os vigiados e vigilantes sucessivamente a passarem de um para o outro papel.
Perigosamente, cada desvio à normalidade pode originar não apenas censura, mas punição. Num tempo em que julgávamos que as novas tecnologias iriam (apenas) alargar possibilidades de conhecimento e liberdade de expressão, as reacções impulsivas e excessivamente policiais a que assistimos não deixam de ser inquietantes."

O que a Natação me deu

"Durante as entrevistas eu ouço sempre a mesma pergunta: “Mas, e então, gostas daquilo que fazes? Não te cansas de contar os azulejos?”
Pode parecer incrível, mas esta é a questão que eu menos gosto de responder, pois as pessoas estão sempre à espera de ouvir o clássico “quem corre por gosto não cansa”. Bem… sendo uma fanática de corridas bidiárias dentro da água, posso garantir-vos que cansa como tudo e que 70% do tempo não gosto daquilo que faço. Aliás… questiono-me frequentemente (10 a 15 vezes por treino) porque não escolhi outra modalidade? Parece-me que golfe ou tiro têm cada vez mais a minha personalidade e não estou a tentar ofender os praticantes dessas modalidades, mas só a ideia de não cheirar como um bidão de cloro e ser capaz de pentear o meu cabelo sem que 50% dele caia parece-me divinal.
E agora vocês perguntam, mas, se não gostas do que fazes, porque continuas? Ora aqui vai: comecei a praticar esta modalidade por motivos de saúde. Para a felicidade dos meus pais as constipações e a hiperatividade não tiveram a mínima hipótese contra as três aulas semanais que fazia aos sete anos. Mas, atenção, Natação em excesso não se acumula e não pode ser trocada por vidas suplentes (neste momento tenho quatro contraturas como a prova do mesmo).
Aos nove-dez anos, quando a minha saúde já se assemelhava à do Aquiles no seu melhor estado de forma, fui maliciosamente enganada com promessas de infinitos saltos para a água e aulas “divertidas”. Neste momento, com 20 anos de idade, ainda estou à espera da parte divertida.
Eu tinha 14 anos quando integrei a minha primeira selecção nacional e esse foi o momento mais importante da minha carreira. Sendo “criança”, adorei viajar para outro país, competir com os estrangeiros e ganhar as minhas primeiras medalhas internacionais. Decidi aí que queria fazer mais e ser melhor. Infelizmente (ou não), não tenho imagens desses tempos gloriosos em que usava aparelho e andava com fato de treino XL masculino.
Neste momento, estou a preparar-me para os meus segundos Jogos Olímpicos e não consigo dizer que gosto de Natação. São cinco horas de trabalho diário em que dás tudo o que tens e o que não tens. Pensando que não aguentas mais uma única braçada aumentas ainda mais de velocidade e terminas a série sem respirar… simplesmente é demasiado tempo na piscina. Demasiado tempo dedicado à Natação… esse desporto tão duro que me tornou mais saudável e mais forte, mostrou-me o Mundo, ofereceu-me os melhores amigos que tanto festejam as minhas vitórias como me limpam as lágrimas, criou um laço de profunda amizade e respeito com o meu treinador, fez com que os meus pais se orgulhassem de mim, deu-me a oportunidade de representar o meu país e tornou-me melhor pessoa."

Longe da glória

"Olhar para os êxitos dos miúdos pode ser uma solução, mas tem custos desportivos que poucos parecem capazes de pagar

O Benfica perdeu de forma justa contra o Zenit, em São Petersburgo. Sem rodeios, nem meias palavras o Benfica não jogou bem, não passa uma boa fase de exibições e reconhecer a realidade é a única forma de a alterar. Procurar num ou noutro erro individual o problema do futebol encarnado é não perceber aquilo que nos acontece nesta fase da época.
No início do jogo, no Dia do Anjo da Guarda, os adeptos russos fizeram subir numa ela coreografia uma enorme tarja que traduzido dizia «Iluminai este grande clube», num apelo ao Anjo da Guarda. Foi uma solução russa com êxito evidente, embora nunca seja demonstrável o nexo de causalidade entre o pedido e o resultado. Ao Benfica, por muitas evocações que façam os seus mais crentes, sugeria o trabalho, o talento, a determinação e a vontade como forma de inverter este momento exibicional.
Já no passado sábado obtivemos uma vitória justa, que devia ter sido bem mais tranquila e com menos sobressaltos. Mesmo com uma arbitragem irritante, que intranquiliza qualquer um, o Benfica podia ter feito mais frente ao modesto Vitória de Setúbal.
Esta fase é menos boa e vem em bom tempo esta paragem de vinte dias. Bruno Lage já o reconheceu e será nele que os benfiquistas depositam a confiança para melhorar rumo aos objectivos que continuam todos ao alcance.
Cova da Piedade é o passo que se segue. Ditada assim a sorte na Taça de Portugal segue-se a última hipótese de haver alguma Europa no nosso horizonte frente ao Lyon.
Uma reflexão global sobre o futebol português de clubes, que vá para além das rivalidades e piadas de café, mostra um panorama bem mais longe da glória. O Benfica perdeu com uma equipa de segunda linha europeia, o FC Porto foi derrotado por uma de terceira, o Sporting quase não ganhava a uma de quarta linha e as duas presenças minhotas também não melhoram o panorama nacional.
Melhoramos todos nas piadas sobre os outros, mas estamos cada vez mais longe de fazer alguma coisa. Portugal está mais pobre e o nosso futebol também. Portugal está mais periférico e o nosso futebol também.
Olhar para os êxitos dos miúdos pode ser uma solução, mas tem custos desportivos que poucos parecem capazes de pagar. Acredito que se encontre esse equilíbrio no Benfica e se rume às vitórias de imediato."

Sílvio Cervan, in A Bola

Freud (lento)

"Cuidado com o flagelo que ameaça assolar os nossos dias, porventura fruto de uma conspiração internacional que envolverá o BCE, as várias Casas da Moeda da Zona Euro e sectores de actividade económica, desde logo o da produção, tratamento e comercialização de relva.
Já haverá um paciente zero. Parece que apanhar da relva uma leve e desvaliosa moeda de cinco cêntimos de euro poderá causar hematomas e sabe-se lá mais o quê. Alerte-se imediata e estridentemente todas as associações e todos os instintos que poderão, mesmo que minimamente, ajudar a humanidade a acautelar-se dos perigos decorrentes do simples acto de colectar uma moeda destas de um relvado outrora unanimemente considerado inofensivo. Chame-se a Protecção Civil. Aliás, urge a intervenção da ONU! Há quem considere, no entanto, que episódios destes devam ser remetidos para o foro da psiquiatria.
Poderá ser uma invenção, emanada de uma propensão para a mentira, de um distúrbio delirante ou da vontade de prejudicar outrem. Mas outros há que atribuem o alegado hematoma supostamente causado pela apanha, num relvado, de uma moeda de cinco cêntimos, a uma manifestação psicossomática. A vítima acredita que o hematoma existe, sento-o, mas é produto da sua imaginação. A culta (ou lucidez se os actos precedentes foram intencionais, mas infrutíferos) pode causar delírio e/ou transtorno. Não deverá ser assim tão raro que, por exemplo, ignorar um jogador abalroado dentro de uma área num campo de futebol se seguir critérios diferentes em várias situações de jogo semelhantes, cuja aplicação só é corrente quanto à equipa prejudicada, possa resultar numa necessidade, consciente ou inconscientemente de vitimização. Analise-se!"

João Tomaz, in O Benfica

Eu voto sempre

"E espero que vocês também o façam. À direita ou à esquerda, mais ao centro ou até em branco, mas façam-no, que é para ninguém decidir por nós. As eleições para eleger os nossos representantes na Assembleia da República vão decorrer no próximo domingo. E se vos parece que este é um tema que não faz sentido no jornal do Sport Lisboa e Benfica, estão muito enganados. E enganadas. A democracia é condição fundamental para a existência do Glorioso e da sua história. Basta olhar para a lista de antigos dirigentes do Clube. Já aqui recordei em diversas ocasiões que o SLB organiza eleições democráticas muito antes de a democracia estar consolidada em Portugal. Fica a lembrança, mais uma vez, para que os pobres de espírito não andem a sujar a história do país e do seu clube desportivo mais importante e transversal.
Sabem por que é que voto sempre? Para evitar que voltem noites escuras, por respeito a quem lutou para que todos o pudéssemos fazer. Neste ano escolhi o voto antecipado, porque no dia 6 não vou estar nas proximidades da minha assembleia de voto. Votei no domingo passado. Eu, a minha mulher e mais 56 mil pessoas no território nacional. Não custou nada, nunca custa.
Neste domingo é a vossa vez. Sigam a vossa consciência e botem lá a cruz no quadrado certo. Façam como nos disse o treinador Bruno Lage nos festejos do 37 do Marquês. Indignem-se com o que realmente está mal neste país, sejam mais exigentes em matérias como a educação, a cultura ou o emprego. Façam-se ouvir - através do voto - contra a corrupção, a dívida dos bancos ou a desigualdade social.
Mesmo com cadernos eleitorais totalmente falseados e à espera de limpeza, vamos dar quinze a zero à abstenção."

Ricardo Santos, in O Benfica

Um mês de paragem: que agonia!

"Então a próxima jornada (8) do campeonato é apenas no dia 27 de Outubro? Um mês de paragem? Eu não gosto de ser repetitivo, mas este calendário deixa-me completamente danado. Fico ainda mais frustrado em olhar para a tabela e ver que o Benfica não está na liderança. Bom, mas em relação a isso também não tenho assim tanta pressa: posso aguardar pela 9.ª jornada. Eu vivo em aflição quando tenho de esperar uma semana pela ronda seguinte, agora que há um mês de esperar pela frente estou a ponderar marcar uma consulta no médico para ver se existe alguma possibilidade de me colocarem em coma induzido. Não sei é se será viável, porque esta ideia também só tem interesse se os médicos me conseguirem despertar nos jogos que o Benfica for tendo pelo meio noutras competições. Enfim, nada como agendar uma consulta e colocar a questão em cima da mesa.
Eu e o leitor estamos separados por dois dias sempre que é publicada uma nova edição do jornal O Benfica. Eu escrevo à terça-feira, e o jornal vai para as bancas à sexta. Desta vez, neste entretanto decorrem dois acontecimentos importantes: o duelo com o Zenit para a Liga dos Campeões e o sorteio da Taça de Portugal. Em relação ao jogo da Rússia, desejo naturalmente uma vitória. Quanto ao sorteio da Taça, é pena haver aquela condicionante que proíbe que os clubes da Primeira Liga se defrontarem nesta 3.ª eliminatória. Assim, o Benfica está impedido de defrontar o Sporting, clube comandado por um dos treinadores menos graduados em competição. O adversário que mais me assusta é o Canelas. Não nos poderíamos reforçar devidamente para esse encontro, uma vez que a janela de transferências da WWE também já está fechada."

Pedro Soares, in O Benfica

Todos por um


"O Benfica é nosso!
É de todos os sócios, mais de 230 mil espalhados pelo país e pelo mundo.

Não é só meu. Não é só do estimado leitor e consócio. Nem só de nenhum grupo, por mais ruidoso que seja. O caminho a seguir é determinado pela maioria, e isso em democracia exprime-se no voto. Democracia, diga-se, sobre a qual o Benfica não aceita lições de ninguém.
Ora, a maioria dos sócios tem reiteradamente demonstrado o seu apoio a este projecto. E sempre de forma esmagadora. Nem outra coisa seria se esperar, dado o fulgor estrutural, financeiro e desportivo que o nosso clube tem crescentemente evidenciado.
A crítica é legítima, mas não pode equivocar-se ao confundir a mercantilização do fenómeno desportivo em geral com a gestão de uma SAD, feita necessariamente dentro desse contexto - no qual, queiramos ou não, existem patrocínios, mais-valias, transferências, empresários e comissões. Nem pode escolher outras vias, tais como aqueles que vemos no outro lado da rua, onde facções minoritárias (mas com grande poder mobilização) pretendem impor-se pela gritaria e pela desordem, com os resultados conhecidos.
É preciso também dizer que o mundo apresenta hoje riscos de manipulação populista, de que nem os Estados estão a salvo. O modelo de AG, tal como existe, talvez seja permeável e esses perigos, como já o é ao folclore mediático.
As Assembleias deveriam, por exemplo, passar de sextas à noite para sábados à tarde, permitindo uma participação mais massiva dos benfiquistas de todo o país, logo mais representativa da verdadeira dimensão do clube. O Benfica é de todos, mesmo dos que vivem longe."

Luís Fialho, in O Benfica

Contas históricas

"A última Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica fica para a história como a reunião magna em que os Sócios aprovaram, por esmagadora maioria, o melhor Relatório e Contas de sempre.
Quer no plano desportivo, quer no plano não desportivo, os números são extraordinários. Com conquistas de títulos em fez modalidades (Andebol, Atletismo, Basquetebol, Canoagem, Futebol, Futsal, Hóquei em Patins, Judo,Triatlo e Voleibol), impressionou-me a aposta nas Escolas de Futebol e Iniciação, cuja rede totaliza já 64, com 50 em Portugal e 14 no estrangeiro. Só em Portugal contamos com 7500 atletas. Já este ano, passámos a contar com mais quatro escolas- Luxemburgo, Washington (EUA), Kiev e Kharkiv (Ucrânia).
Temos ainda um projecto internacional com 11 Benfica Soccer School em nove países - Angola, Cabo Verde, Canadá, China, Espanha, EUA, Luxemburgo, Moçambique e Ucrânia. E ainda dois projectos de parceria técnica na China e no Egipto. Já para não falar nos oito países onde através dos Benfica Soccer Camps, que envolvem mais de 2600 participantes nos cerca de 34 campos realizados - 10 nos EUA,9 em Itália, 4 na Suíça e na Escócia, 3 em França, 2 na Ucrânia e 1 no Luxemburgo e na Irlanda. Quantos ao resultados económicos-financeiros, os números falam por si.
Com resultados operacionais positivos pelo 13.º ano consecutivo, com lucros pelo 10.º ano consecutivo, destaco os fundos patrimoniais, que voltaram a ser positivos, registando uma melhoria de 123%. Num ano em que o Grupo SL Benfica teve receitas superiores a 300 milhões, é hora de saudar os dirigentes, em particular o Presidente."

Pedro Guerra, in O Benfica

Jovens Com Parte

"Ouvir os alunos para melhorar os professores é uma ideia simples e uma atitude inteligente. Claro que a relação professor-aluno é sempre uma relação de poder, e, por isso mesmo, a comunicação efectiva, nos dois sentidos como tem sempre de ser, só pode acontecer quando a parte mais forte abdica de andar só, de falar só, seja pelo monólogo, seja pela ordem incontestável. Só pode acontecer, enfim, se a humildade entrar em campo. E sabemos que a humildade é o 12.º jogador de uma equipa, e de cada vez que se perde, paga-se caro, como de cada vez que se convoca, traz valor e chama a vitória. Saber o que querem os 'clientes' é a própria essência do marketing, que interpreta como ninguém as vontades das multidões e se transforma em oferta aumentando a satisfação social e criando riqueza para a economia.
Ouvir não é, portanto, uma vontade frívola, mas pode, precisamente por isso, ser difícil de fazer. Muito mais difícil do que parece à primeira vista.
Desde logo porque é preciso saber ouvir, como é também preciso estar preparado para a resposta de cada vez que se pergunta. É aqui que se complicam para as instituições as abordagens tradicionais, sobretudo quando se trata de adolescentes e de diálogo intergeracional a que as nossas realidades acrescentam hoje múltiplas complexidades, como a necessidade imperiosa de diálogo intercultural, barreiras linguistas difíceis de transpor, imperativos de igualdade de oportunidades e de equidade. Não há, portanto, outra forma de lá chegar que não seja usar de pensamento lateral, criar espaços informais de encontro e interacção, usar de dinâmicas grupais e técnicas de comunicação inovadoras que levem os jovens a acreditar, querer. É isso que o projecto ComParte soube fazer, usando de muita e boa arte. Parabéns por isso!
Desta sessão fantástica em que professores, decisores e governantes ouviram sem medo de ouvir e ganharam com isso uma dádiva dos jovens, retenho duas frases emblemáticas que dizem tudo sobre eles: 'somos caixas fechadas à espera de abrir sem medo do rótulo' e 'tudo bem o seu tempo, há que dar tempo a cada um para que se abra'.
Palavras sábias, não?"

Jorge Miranda, in O Benfica