sábado, 31 de agosto de 2019

O admirável Bruno Lage

"1. O Benfica foi batido no clássico pelo FC Porto e Bruno Lage teve a ‘infeliz’ ideia de reconhecer o mérito ao adversário e até de dar os parabéns ao treinador rival pela vitória alcançada. A atitude do técnico dos encarnados foi tão impactante para larga franja dos adeptos como os três pontos perdidos, a surpreendente superioridade demonstrada pelos dragões e a falta de soluções das águias para contrariar o futebol mais compacto e fluído do opositor. Este é tão-só mais um triste exemplo de que quem vê o futebol da bancada ou sentado no sofá pouco ou nada gosta de desporto. Interessa apenas, em nome de um clubite acéfala, que o clube (seja ele qual for) destroce o antagonista, custe o que custar. Ou por que Sérgio Conceição não teve a mesma atitude na hora da derrota frente ou Benfica, ou por que é humilhante reconhecer a supremacia alheia, como se alguém estivesse destinado a ganhar sempre, ou por que a claque adversário fez ecoar ‘olés’, tudo serve de argumento para criticar alguém que se limitou a reconhecer o óbvio. Bruno Lage é dos poucos a quem o lado perverso do futebol ainda não corrompeu e que sabe distinguir um rival do inimigo. Não é infalível, apesar do quase milagre operado na época passada, mas tem, porventura, o mais importante: uma noção de fair play que devia fazer corar muitos que se comportam como autênticos energúmenos quando os jogos não lhes correm de feição. Bruno Lage sabe ganhar, o que também não é fácil, e sabe perder.

2. Entre os vários problemas reais que a partida com o FC Porto colocou a nu destaca-se o subrendimento de Raul de Tomas, algo que, aqui sim, Bruno Lage tem obrigação de resolver rapidamente. O espanhol, pelo percurso e pelas características que apresenta, deveria ser concorrente de Seferovic e não apoio dele. A compatibilização é possível frente a adversários que actuem com o bloco defensivo muito baixo, caso contrário, como aconteceu no fim-de-semana passado, o reforço benfiquista, a jogar de forma contranatura dez metros mais recuado, nem promove o jogo entrelinhas nem alarga a frente de ataque. Neste defeso, aliás, o Benfica foi buscar um ‘João Félix/Jonas’ (Chiquinho, agora lesionado) e dois ‘Seferovic’ (De Tomas e Vinícuis). Conviria definir melhor as prioridades... e não gastar 37 milhões de euros numa opção e na ‘opção para a opção’.

3. Fernando Santos escolheu 25 jogadores para o duplo compromisso da Selecção Nacional e desse extenso lote não figura um único ponta-de-lança de raiz... pelo menos é discutível que Cristiano Ronaldo o seja. Entre tanta redundância no que diz respeito a extremos e segundos avançados, em que há até espaço para dar oportunidade a Daniel Podence, Gonçalo Paciência, por exemplo, está condenado a assistir aos jogos pela televisão."

Ganhar 1-0

"Há qualquer coisa de maravilhoso numa vitória por 1-0. Há um controlo de esforço, uma aparente certeza de eficácia que parece tornar as equipas mais fortes do que quando goleiam. Um 1-0 conseguindo perto do fim deixa-me a crer que a equipa estava só à espera de contar o final da piada, de que sempre soubera como tudo aquilo iria terminar. Já um 1-0 logrado no início, que se aguenta até final, transmite-me uma sensação de superioridade porventura ainda maior, pois se por um lado é implacável na forma como deixa um empate ali tão à mão do outro - o outro que no final perderá na mesma e com isso sofrerá ainda mais, porque achava que podia ter outro destino que não aquele -, por outro lado o 1-0 conseguido cedo é também misericordioso, na medida em que inflige tão-só o mal necessário.
Grandes treinadores, é bem verdade preferiam vencer por 5-4, desde logo Cruyff, que o disse exactamente assim, preferindo sempre o desfrute, e por isso lhe fizeram esta semana uma estátua em Camp Nou. Em todo o caso, outros grandes técnicos conduziram campanhas históricas de 1-0: o Chelsea de Mourinho em 2004/2005, com 11 vitórias assim na liga inglesa.
O treinador do Atl. Madrid, Diego Simeone, é um treinador de 1-0, que por isso admiro. Os madrilenos gastaram €120 M em João Félix e venceram os dois primeiros jogos da liga dessa forma. Desde que orienta os colchoneros, a partir de 2011/2012, 78 das 265 vitórias que conseguiu foram por 1-0, 29,4%. Pode facilmente entender-se isto como pensamento defensivo, medroso, incapacidade para mais ou negação do sentido do jogo claro que pode. Mas no 1-0 reside um controlo de emoções, uma capacidade para fazer apenas o que tem de ser feito, por fácil ou difícil que seja, nem mais nem menos. Se o futebol é magia, a ilusão e a fantasia, o 1-0 é a ciência que tudo suporta. Golear é a bonita travessia de barco até à margem do triunfo. O 1-0 é usar a ponte."

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola

Cadomblé do Vata (Cut Your Head Idiot !!!)

"Cá pelo burgo, a claque do Vitória de Guimarães é vista como o pináculo da vida Ultra. Aplaudem-lhes a fidelidade, gabam-lhes a criatividade, invejam-lhes a quantidade e desvalorizam-lhes a violência. Basicamente só há 2 tipos de adepto de futebol em Portugal: os que pertencem aos White Angels e os que queriam pertencer aos White Angels.
Ontem o Vitória recebeu o Steaua depois do dono do clube romeno ter passado uma semana a rebaixar os vimaranenses, chegando inclusive a afirmar que se a sua equipa sofresse um golo dos portugueses, podiam lhe cortar a cabeça. Como era de prever, porque os deuses da bola não brincam em serviço, os jogadores de Gigi Becali saíram da Cidade Berço vergados ao amargo sabor da derrota.
Foi então que terminado o jogo, os Reis das Bancadas portuguesas puderam responder ao inefável romeno e fizeram-no... exibindo uma tarja com as palavras "Cut Your Head Idiot"... Fica assim o aviso aos mais desatentos: da próxima vez que quiserem libertar o habitual chorrilho de elogios aos White Angels, lembrem-se... o melhor que os adeptos do clube que tem no emblema o Maior Português da História empunhando um épico espadalhão mata mouros conseguem fazer para vingar as provocações de um palerma, é um farrapo branco com 4 palavras inglesas."

Ronaldo, o homem que tem passado a vida a dobrar os cabos e a levar-nos às ilhas imaginárias nunca antes vistas

"Sempre que vejo Cristiano Ronaldo lembro-me de um discurso de Felipe González antes da sua primeira vitória eleitoral: “Que cada um faça o que tem a fazer com convicção moral; que o romancista escreva a novela com convicção moral; que o pedreiro trabalhe a pedra com convicção moral; que o cirurgião opere com convicção moral.” E por aí fora. Talvez seja esse o segredo de Cristiano. O miúdo que veio aos 11 anos para Lisboa e chorava com saudades da mãe, foi dia a dia, com a ajuda de Aurélio Pereira, fortalecendo o espírito. Digo assim, porque mais do que o talento (que é muito), mais do que os músculos, a arte da finta, a velocidade e a potência do remate, a força de Cristiano está na cabeça, na confiança em si mesmo, na convicção moral com que treina e joga. Antes das Bolas de Ouro, ele teve de vencer-se muitas vezes. Nos treinos de madrugada, em dias cinzentos e chuvosos, nas noites de insónia e solidão, ele dava um pontapé no desalento, na rotina, no fatalismo, na ideia tão portuguesa de que não é possível e não vale a pena. Para ele está sempre tudo por fazer, há sempre mais um impossível a alcançar. Falta-lhe sempre mais um golo, mais um título, mais uma bola de ouro. Diz que já não tem nada a provar. Falso. Cristiano está sempre a provar que ainda pode ir mais além. Por isso é diferente.
Procurei e procuro ver todos os seus jogos. No Manchester, no Real Madrid, na Juventus, na Selecção. Vi-o marcar 3 golos à Suécia, mais tarde outros 3 à Espanha, recentemente à Suíça. Vi-o levar muitas vezes o Real Madrid às costas, marcar 3 e às vezes 4 golos em vários campos de Espanha. Vi o fantástico golo contra a Juventus, que os próprios adeptos italianos aplaudiram. Foi nesse dia que o conquistaram, porque há um miúdo em Cristiano que precisa de palmas, carinho, e de que gostem dele. E vi-o eliminar o Atlético de Madrid em Turim, fazendo uma vez mais o inesperado: 3 golos que eliminaram os madrilenos.
Tivemos grandes jogadores. Mas nunca tivemos ninguém como Ronaldo. Ele tem passado a vida a dobrar os cabos e a levar-nos às ilhas imaginárias nunca antes vistas. Tem-nos sobretudo ajudado a descobrir, como dizia Torga, as Índias de dentro, que são as mais difíceis. Cristiano é muito mais do que um grande jogador de futebol, um daqueles, raríssimos, em que, como em certos artistas, o talento e a técnica se transformaram numa segunda natureza. Inscreveu o nome do país no seu próprio nome. E anda a escrevê-lo por todos os continentes.
Cada golo marcado foi muitas vezes concebido antes, dentro de si, na sua cabeça, na sua auto confiança, na sua visão optimista sobre si mesmo e sobre o jogo da vida. Ele liberta-nos, pelo menos a mim liberta-me, de velhos fantasmas onde tantas vezes nos perdemos. Com Cristiano não há jogos impossíveis de ganhar nem batalhas irremediavelmente perdidas. Nem negro fado fatal. Ele entra em campo para ganhar. Não é pecado. Marca um golo, salta, bate no peito e diz: “Eu estou aqui.” Significa que vai vencer. E nós com ele.
É claro que ele também abana o “país quietinho”, criticado por Teixeira de Pascoaes, o país cinzento, o país da inveja, última palavra de “Os Lusíadas”. Camões sabia porquê. À sua maneira, Ronaldo também sabe. Cada sua vitória é uma derrota da mesquinhez, um pontapé ou uma cabeçada na apagada e vil tristeza. A sua epopeia é escrita no campo, em cada jogo, pela sua alegria, pelo seu talento, mas, sobretudo, pela confiança que o inspira e nos inspira. Cristiano liberta-se e liberta-nos. Devemos-lhe isso. E não tem preço."

Bento vai numa aventura!

Bento vai numa aventura from Bakero on Vimeo.

"Manuel Galrinho Bento. Um dos mais épicos, fantásticos e memoráveis jogadores da História do Sport Lisboa e Benfica. Defendeu a baliza do clube durante 20 anos, entre 1972 e 1992 fazendo 465 jogos de águia ao peito. Apesar da sua baixa estatura, tinha uma agilidade incrível e uma coragem como poucas vezes se viu num guarda-redes: colocava literalmente a cabeça onde os outros nem o pé colocariam.
E depois tinha o seu quê de louco, como todos os ídolos. Em 1982 deu um famoso empurrão ao Manuel Fernandes que nos custou o título. Mas quantos nos deu por outro lado? A Bento tudo se perdoa. Até pelas coisas que fazia como podemos ver no vídeo. Num Braga-Benfica de 82/83, já com o Benfica campeão, Bento achou que era altura de fazer uma "graçinha" e começou a correr. E correu e correu até mais não poder. A baliza tinha ficado para trás, mas Bento era Bento..."

Viva o Jorge Fonseca! Viva a nova Lisboa! Viva nós!



"Ontem, em Tóquio, uma senhora de cabelos brancos ergueu-se, livrou-se de uma écharpe que lhe embaraçava as palmas e desatou a ovacionar um campeão do mundo. Havia algo de seu naquela vitória, a senhora Sashiko era filha de Kiyoshi Kobayashi, o mestre. Este fora ensinado para piloto kamikaze durante a II Guerra Mundial, mas a mais radical das formas de combater não estava no seu destino. A mais delicada das artes marciais, sim: conduzir, com técnicas delicadas, o adversário à perda. Que forma nobre de lutar! Kobayashi emigrou para Lisboa em 1958 e inventou o judo português.
A Federação Portuguesa de Judo organiza um torneio internacional - o anual Memorial Kiyoshi Kobayashi - e muitas vezes Sashiko regressa a Portugal para assistir à homenagem ao seu pai, que faleceu em 2013. Quis esta história entre dois países longínquos, que o momento mais alto desta relação, ocorrido ontem, tivesse sido no ponto de origem, Tóquio. Era o que a senhora aplaudia, emocionada. O semear do seu pai deu como fruto, pela primeira vez, um campeão do mundo, Jorge Fonseca. Plantar longe, num hemisfério; para colher no outro, lugar de partida. Parece tirado do Fernão Mendes Pinto.
Um mundo novo, como deve ser, expresso por wazari, golpe quase perfeito. Seguiu-se um ippon, golpe perfeito. Tão perfeito, que aconteceu depois da vitória (já lá vamos). Entretanto, eis uma pequena e enorme lista dos herdeiros de Kiyoshi Kobayashi, que o são, mesmo quando não o conheceram: Nuno Delgado, lisboeta filho de cabo-verdianos, campeão europeu, medalha olímpica; Telma Monteiro, filha da Outra Banda, vice-campeã mundial, campeã europeia e medalha olímpica; Bárbara Timo, nascida carioca, vice-campeã mundial (também esta semana) e o já referido Jorge Fonseca, desde ontem campeão mundial, nascido em S. Tomé.
Então, Jorge Fonseca, aplaudido pela filha do Mestre, proclamado campeão do mundo pela juíza, passou a explicar isto tudo. Segundos depois da vitória, com o tal ippon, com o gesto perfeito. Poderoso, fechou os punhos, abriu os braços ao mundo. Pausa. Então, ele convocou a nova Lisboa. Essa, a cantada por Dino D"Santiago, que é da ilha de Santiago como os seus pais, mas todo ele da Quarteira, por nascimento e tudo o mais. Lisboeta de ginja, pois. Em Tóquio, o judoca dançarino - a música e a letra não se ouvindo (os locutores e as bancadas estavam aos gritos de alegria e espanto) - pôs os seus passos de Nureyev de mais de cem quilos.
Dizia a dança: "Qualé ideia? Qualé a ideia? Mas qualé a ideia?". E respondia a dança: "Vem, sente, sente, sente esta quente Lisboa/ Sente, sente, sente esta nova Lisboa." E mais umas ashi-waza (técnicas de perna), e outras koshi-waza (técnicas de quadril), entrecortadas por te-waza (técnicas de braço) com este pano de fundo: "De onde veio toda essa gente, eu não sei/ Dizem que tamos na moda, ma n ka krê sabê"... O queremos saber é que o negro Jorge, cabeça rapada e suada, sorriso aberto, dizia que quer ser recebido na sua cidade, a nova Lisboa, a dançar.
Quem se opuser é tolo. Toda a técnica do judo é levar-nos, firme e docemente, pelo que de fundo temos nós. Chega-nos o pai da delicada Sashiko e oferece-nos a arte que nos trouxe de tão longe. Chega o pai do Dino D"Santiago e vai pescar atuns algarvios, porque já os conhecia de Chão Bom. E aproveita o judoca campeão, são-tomense da Damaia, e dá-nos uma lição, perdão se estou a ser otimista, sobre o mundo moderno, sobre o mundo como deve ser. O Mundo Nôbu que canta Dino D"Santiago. Ou peço perdão coisa nenhuma: se "tamos na moda" é exactamente porque somos mesmo mais como o mundo deve ser do que pensamos, escrevemos e não sabemos."

Vitória aos 94' !!!

Benfica 1 - 0 Estoril


Jogo fraquinho, com um golo nos últimos instantes, numa bola parada, após fífia de um estorilista!

Bem o Dylan na baliza, entre os postes, e a controlar a profundidade... e boas entradas do Serginho e do Csoboth - merecem a titularidade!

Era de vida que se tratava

"Benfica tirou o rival do seu estado comatoso. Esperemos que não se verifique a velha máxima «quem seus inimigos poupa às suas mãos morre»

O FC Porto venceu com justiça o clássico. Foi a melhor equipa e está de parabéns Sérgio Conceição. Como reflectia no passado domingo a capa de um jornal desportivo, com uma linha editorial afecta ao FC Porto: «Vivos». Era de vida que se tratava para o nosso adversário. Foi um Benfica irreconhecível que tirou o rival do estado comatoso em que se encontrava. Esperemos que não se verifique a velha máxima «quem os seus inimigos poupa às suas mãos morre».
É injusto procurar culpas individuais com tanto desacerto colectivo. É mais útil reconhecer as limitações, os erros e redobrar na ambição para voltar a ganhar. Centrar no Benfica, no que podemos e devemos fazer para continuar a vencer os adversários. No fim só interessam os títulos e este ano ainda só ganhamos tudo.
Este fim de semana, em Braga, vamos ter um jogo dos mais difíceis da Liga, uma oportunidade de mostrar que o último fim-de-semana foi a excepção.
Há uma vantagem que aprecio em Bruno Lage, mesmo quando erra e perde, vê os mesmos jogos que nós, assume e explica. Não são precisas justificações, são precisas correcções e Bruno Lage é o primeiro assumi-lo. É muito boa a razão porque a derrota na era Lage custa mais aos benfiquistas, é por ser muito rara. Mas se há uma análise correcta do jogo e da justiça da vitória portista há um gigantesco erro de paralaxe na análise do momento dos dois clubes. O excelente FC Porto está fora da Liga dos Campeões e em igualdade com o Benfica em pontos e golos. O limitado Benfica está na Liga dos Campeões com vitórias no prestigiado ICC de pré-época, com uma Supertaça conquistada e em igualdade pontual com o rival.
Ou se admite uma diferença muito grande de dimensão dos dois clubes ou há um erro de paralaxe monumental na análise efectuada esta semana. Reconheço, que pode até haver, um bocadinho de cada.
O resultado de um sorteio da Liga dos Campeões nunca pode ser fácil, estão as melhores 32 equipas da Europa. Mas ter o adversário mais difícil do pote 3 e o mais difícil do pote 4 é um sorteio madrasto. Vamos ter um grupo aberto, ironia talvez seja o clube oriundo do pote 1 ser aparentemente o menos forte dos adversários. O Benfica terá que jogar e lutar por vencer os seis jogos porque mau mesmo era não estar neste sorteio onde o Benfica esteve pelo décimo ano consecutivo, facto apenas reservado aos clubes muito grandes."

Sílvio Cervan, in A Bola

Derrota na Supertaça...

Benfica 2 - 6 Sporting

No momento que escrevo esta crónica ainda não conheço as razões para o Roncaglio não ter jogado. Lesão? Castigado? (o amigável com o Leões de Porto Salvo, 'aqueceu'!!!) Opção?
Mas uma coisa tenho a certeza: este não era o jogo ideal para o André Sousa fazer a estreia oficial com a camisola do Benfica! Eu estou à vontade, porque critiquei a sua contratação... não o fiz por questões 'desportivas' mas devido a questões 'comportamentais'!!! Mas hoje, entre os golos 'concedidos' e o auto-golo do Chaguinha, dava pelo menos para 'empatar'!!!
O único argumento 'semi-válido' poderá ser a questão da rotação de campo: sem os lesionados portugueses, com o Roncaglio, sairia provavelmente o Fits devido aos NFL, e assim ainda teríamos 'menos um' na rotação!

O jogo de facto não correu bem, ainda por cima sem o Cecílio e ainda sem o Henmi (além do Roncaglio), o Célio está na selecção e com o Drasler ainda sem a intensidade necessária, após uma pré-época onde esteve lesionado...!!!

A não contratação de um substituo do Raul Campos (ainda vamos a tempo...!!!), a juntar aos maus desempenhos do Fits nos jogos com o Sporting, em caso de não conquista do Campeonato, pode vir a sair caro!!!

PS: Parabéns ao Vasco Vilaça, pelo excelente 4.º lugar nos Mundiais de Triatlo de Sub-23. O Vasco continua a fazer o seu percurso, e está perto de chegar ao patamar do João Pereira e do João Silva...

Recordista da infâmia

"O director do Record, Bernardo Ribeiro, manifestou-se indignado por, supostamente, a BTV não ter mostrado os adeptos do FCP durante a transmissão do clássico. No dia seguinte, depois de confrontado por ter mentido ou, com alguma benevolência, se ter enganado, insistiu, em tom jocoso, na crítica à BTV, trasvestindo-a de pedido de desculpa. E, como se não bastasse, enganou-se novamente.
A BTV não mostrou os portistas apenas numa ocasião, fê-lo por cinco ou seis vezes segundo me garantiram. Foram mais, porventura, do que aquelas que Bernardo Ribeiro terá entendido relevantes para criticar Bruno de Carvalho ao longo dos vários anos de presidência do ex-líder leonino. Reconheça-se que o delírio resultante dos triunfos, mesmo que por camisola emprestada, retira o discernimento a qualquer um, mas convém não exagerar.
Maquiavel ensinou-nos que quando um adversário é deitado por terra, deve ser pisado ainda mais. Mas Bernardo Ribeiro, a julgar pela profundidade das suas reflexões, não passa de uma tentativa falhada de um protótipo de aspirante a adversário e a crítica ao Benfica que lhe assistiu fazer saiu-lhe furada.
Talvez pudesse antes dedicar-se a tentar entender a degradação lastimável que a venda de jornais tem sofrido e o que o leva, nesse contexto aterrador, a hostilizar frequente e gratuitamente uma enorme fatia dos seus potenciais consumidores. Seria construtivo. Porém, o Record caminha para ser uma espécie de suplemento desportivo do Correio da Manhã, agora que já é só um mero jornal sectário, servindo para pouco mais que amplificador da comunicação informal oriunda do Campo Grande. 
Parafraseando Ribeiro: Não sei se é feio, se triste. Mas é o director do Record."

João Tomaz, in O Benfica

A culpa foi minha

"Podem os protocandidatos vir já de dedo em riste lembrar que tinham avisado. Podem os treinadores de teclado dizer mal do Pizzi e do RDT à vontade. Podem os anti-Vieira afirmar que isto é tudo culpa dele. Até podem os iluminados escrever que afinal Bruno Lage não é tão brilhante como andaram a pintá-lo. Podem dizer tudo o que quiserem sobre o clássico do passado fim de semana, mas há um - e apenas um - responsável pelo péssimo resultado e igual exibição do campeão nacional em título: eu. Peço já desculpa aos adeptos, sócios, simpatizantes, dirigentes, técnicos, funcionários e colaboradores do Sport Lisboa e Benfica pelo que se passou no sábado. E passo a explicar. Na segunda volta do campeonato passado (a do quase pleno de vitórias), fiz questão de dar o meu contributo a esta equipa, vestindo sempre as mesmas boxers em caso de vitória.
Com uma semana de intervalo entre cada jogo do campeonato, a tarefa não foi complicada. Mesmo nas semanas de chuva a roupa tinha tempo para secar... Acontece que, no sábado passado, fez calor, muito calor. E eu troquei os boxers pelos calções de banho e não reparei nessa falha. O jogo começou a equipa não carburou, houve apatia, e não consegui encontrar explicação para o sucedido. Só ao fim da noite me caiu a ficha: não tinha usado as boxers da sorte. Não cumpri a minha parte, não estive ao nível do que era desejável num clube como o Benfica, não mantive a tradição dos últimos jogos, e a equipa sofreu com isso. Não volta a acontecer. Pelo bem do Glorioso, pelo sucesso desportivo, porque não tenho mesmo paciência para quem só está à espera de uma oportunidade para criticar e porque não quero que as minhas boxers sejam uma desculpa para mais exibições apagadas."

Ricardo Santos, in O Benfica