quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Nova vitória...

Benfica 2 - 1 Feirense


Jogo bastante agradável, só no início da 2.ª parte, nos primeiros 10 minutos, até ao golo do Feirense aos 55', jogámos mal, no resto da partida estivemos bem...

Muita rotação no onze, sem que se tivesse sentido as 'ausências', parece-me que vamos ter uma equipa de sub-23, a tentar jogar bom futebol... Uma novidade, diga-se!!!

De negativo, as lesões, mais duas: Fabinho e Gouveia... Três laterais lesionados em poucos dias: Pinheiro, Cruz e agora o Fabinho!
De positivo: Serginho, excelentes indicadores...; Kokubo, continua muito bem dentro dos postes, e parece estar mais 'tranquilo' nas saídas...

Inacreditável como nenhum jogador do Feirense foi expulso!!! Chegou-se ao ridículo do Duk ter sido placado à entrada da área por dois jogadores, e ter sido assinalado falta contra o Benfica!!!

Um clássico em tempo de férias

"Primeiro clássico do campeonato, logo à terceira jornada, em Agosto, quando o país ainda está de férias, gozando o sol, os rios e o mar. Porém, um Benfica - FC Porto é sempre um jogo especial. Agora, talvez ainda mais especial, porque são, de facto, os dois maiores candidatos ao título e lutam, ombro a ombro, pela hegemonia do futebol português.
Os sinais apontam para um novo ciclo de poder encarnado, mas o FC Porto tenta resistir, apesar de menos forte, menos coeso, menos sólido. Sobrevive, no entanto, uma cultura única de ambição e de conquista. Uma cultura que se torna mais guerreira quando o adversário representa, não apenas o principal rival, mas o primeiro representante da capital do que resta do velho império lusitano.
Neste tempo precoce da época, não há, obviamente, jogos decisivos, mas há jogos de diferentes graus de importância e, este, é um dos muito importantes. Talvez se deva admitir que sendo muito importante para os dois clubes, é ainda mais importante para o FC Porto, porque teve uma desastrosa abertura de se reerguer e de dar uma outra imagem, mais competente e, sobretudo, mais esperançosa para os seus adeptos.
Partirá o Benfica - é inevitável dizê-lo - com um muito teórico favoritismo para este clássico. Porque joga em casa, porque parece ser uma equipa já mais construída e mais consolidada, porque continua a ter uma forte dinâmica de vitória, porque tem menor pressão. Mas sendo, este FC Porto, uma equipa construção, é de admitir que faça da sua aparente desvantagem uma razão maior para vencer."

Vítor Serpa, in A Bola

O desporto devia ser benevolente com os camionistas de matérias perigosas

"A greve deixou claro que os motoristas de transportes de matérias perigosas são os criadores de valor económico que os governos, os empresários e organizações de classe manietaram durante décadas. O desporto tem uma situação semelhante.

A greve deixou claro que os motoristas de transportes de matérias perigosas são os criadores de valor económico que os governos, os empresários e organizações de classe manietaram durante décadas. O desporto tem uma situação semelhante pelas perdas do valor económico criado pelo seu capital humano na produção desportiva. Nada de novo se se considerar que entre os deuses gregos Crónus destacava-se por comer os seus filhos logo que nasciam.

Os camionistas de matérias perigosas
A população será contrária à greve dos camionistas de matérias perigosas por falta de literacia económica e cultura democrática. Os condutores de camiões de transporte de matérias perigosas são profissionais cuja importância é perceptível para quem tem uma carta de condução e a usa responsavelmente.
As mortes e os feridos directos e indirectos, a destruição da propriedade dos causadores dos acidentes e de terceiros provocados com quaisquer camiões são um custo inaceitável. Um sinistro com um camião que transporta matérias perigosas pode ter consequências privadas e públicas elevadas. Para além das possíveis mortes, que não têm um preço, alguns dos feridos mais graves poderão ter sequelas ao longo da vida cujo custo será muito grande para o próprio, famílias, amigos e sociedade. 
Obter a carta de condução destes veículos exige requisitos especiais. A qualificação para lidar com essas competências específicas exigem investimentos ao longo do tempo o que restringe a oferta de bons condutores sobre a procura das empresas, aumentando o salário que os motoristas auferem. Por esse motivo o seu nível de remuneração acaba por ser superior a outras profissões em que as exigências de formação e o seu custo são menores e a oferta de trabalho é maior face à respectiva procura.
A comunicação social demonstrou que a escassez de oferta é uma realidade quando referem que o salário total dos motoristas chega a montantes que são várias vezes a remuneração de parte significativa dos trabalhadores portugueses.
A greve sugeriu haver falhas relacionadas com a distribuição do valor económico gerado pelos seus motoristas. Não menos importante é o arrastamento ao longo de décadas das iniquidades da redistribuição do valor económico criado o que contribuiu para a gravidade da actual crise que, não tendo sido contidas no âmbito das negociações entre as partes envolvidas, levarão a que a população e restante economia venham a ser lesadas pela não resolução atempada das iniquidades sofridas.

Os praticantes desportivos e os técnicos, dirigentes e voluntários no desporto
No desporto há igualmente quem beneficie de rendas extraordinárias obtidas na produção associativa. O desporto tem 2 vertentes humanas: a primeira vertente é a matéria-prima da actividade desportiva e são as pessoas que a praticam e transformam o seu capital humano para elevarem os níveis bem-estar relacionados com a produtividade pessoal, desportiva e profissional; a segunda vertente são os factores de produção humanos das organizações, como os técnicos, dirigentes e voluntários, entre outros.
Na primeira vertente, a não prática regular e a má prática de uma actividade desportiva contribuem para o sedentarismo e têm consequências negativas para a vida dos indivíduos como a obesidade e outras doenças. A falta de um estilo de vida activo através do desporto tem custos de milhares de milhões de euros ao longo da vida da população pela sua falta de produtividade e na menor qualidade da sua saúde, por exemplo. É gravíssimo que mais de 50% da população portuguesa não tenha estilos de vida activos através da prática desportiva.
Relacionada com a primeira vertente estão os erros de política desportiva que são incapazes de valorizar o valor da vida da juventude nos casos graves que acontecem com as claques desportivas, nas praxes académicas, na formação militar, nos acidentes que acontecem no mar, praias, rios e zonas ribeirinhas em todo o país e durante todo o ano, etc.
A segunda vertente, relacionada com a qualidade dos técnicos, dirigentes e voluntários, condiciona a qualidade da produção, ou seja, a qualidade do valor desportivo que beneficia a vida do praticante.
Os fracassos no mercado de produção de actividades desportivas geram a diminuição do valor da vida e pode acarretar a perda de anos de vida dos cidadãos. O velho Modelo de Desporto Português, que se encontra em vigor, impede a criação de valor humano desportivo quer através da falta de incentivo à participação desportiva regular, quer no insuficiente ou mau financiamento dos seus factores de produção técnicos, dirigentes e voluntários. Em particular, a base da formação de populações desportivamente activas está no investimento na prática dos sectores carenciados da população que abrange cerca de 40% dos portugueses e dos seus clubes produtores de desporto.

O mito grego de Crónus
Crónus é o Deus da mitologia grega que comia os filhos assim que nasciam. A mulher Rhea escondeu o nascimento do filho Zeus que obrigou o pai a regurgitar todos os irmãos. Este mito ilustra a desigualdade de uma sociedade onde a distribuição da riqueza favorece uns poucos à custa da maioria.
A greve dos camionistas de matérias perigosas alerta para um padrão de desigualdade de bem-estar de outras profissões como os enfermeiros, médicos, jovens doutorados, jornalistas, operadores de call centers, de supermercados, bombeiros, para citar algumas.
A sociedade portuguesa é das mais desiguais a nível europeu em que as condições de apropriação da riqueza gerada contam com a exiguidade da actuação do Estado. Sectorialmente, o velho Modelo de Desporto Português celebra Crónus por ser um instrumento de desigualdade entre as necessidades de criação de capital humano desportivo da população e os comportamentos rentistas de alguns parceiros.
O desporto deveria actuar para além das obrigações de curto prazo impostas por certos parceiros sociais e políticos e promover a valorização do capital humano desportivo sem restrições e numa perspectiva de longo prazo.
Alertados pela greve dos motoristas de matérias perigosas, a reforma do Modelo de Desporto Português deveria combater no desporto o comportamento do Crónus nacional."

Cadomblé do Vata (Touro...!!!)

"Quando Jorge Jesus deixou a Nação Benfiquista, emigrando para o Terceiro Mundo competitivo do outro lado da 2ª Circular e compôs e orquestrou aquela ária chorosa dos vouchers, cresceu em mim um absurdo sentimento de "quero tanto ganhar este campeonato, que não me importo de ficar 11 anos à espera de vencer novamente". Claro que estando Vitória do lado dos bons e Jesus do lado dos maus, facilmente se atingiu tal desiderato e se acompanhou o repasto com o do ano seguinte. O desejo ardente de vencer não foi singular e na temporada transacta surgiu-me novamente ali por volta do Carnaval, obtendo por conseguinte, novo final feliz, que se espera vir a fazer parelha em Maio de 2020.
Antes de podermos ter hipótese de festejar em Maio de 2020, temos no sábado a recepção ao FC Porto na Catedral do Futebol Mundial. E mal grado o pouco tempo que tenho tido para pensar no jogo, a verdade é que gostava mesmo de passar o domingo com um sorriso na face. Gostava tanto, que arrisco dizer "quero tanto ganhar o próximo clássico, que não me importo de ficar 11 clássicos seguidos sem vencer novamente". As razões para tamanho desejo, empilham-se como Mega Blocks de Lego na minha sala de estar.
Vencendo no sábado somamos 3 vitórias seguidas sobre o rival Duriense. Nunca vi tal acontecer e deve ser lindo de ver. Alcançando o apito final com mais golos facturados do que sofridos, deixamos os azuis e brancos a 6 pontos com apenas 3 jornadas decorridas. Repito, nunca vi tal acontecer e deve ser bonito de ver. Se esfrangalharmos o FCPorto juntamos-nos ao Krasnodar e Gil Vicente na lista de desaires em apenas 1 mês de competição. Se já alguma vez vi acontecer, não me recordo. Mas deve ser engraçado de ver.
Tal como na primeira aparição de tamanha vontade de vencer em troca de derrotas sucessivas, também este projecto se afigura como um Evereste para acontecer. Nenhuma equipa no Mundo tem tanta capacidade de vingar orgulho ferido como os rapazes dos pijamas às riscas das Antas e este é um dado de muita importância numa equipa que baseia todo o seu jogo na evoluída "Táctica do Touro"... muita força física e marra no vermelho."

O Lateral Direito

"A caminho do quarto jogo oficial, a zona do lateral direito ainda tem muitas incertezas e por esta altura já merece alguma reflexão pois o mercado fecha dentro de 9 dias. Há dois jogadores que fazem a posição de raíz no plantel, duas grandes promessas no Seixal a pelo menos um ano de distância de estarem prontos para dar o salto (na teoria) e tem sido Nuno Tavares a jogar lá. O que é que vai acontecer na posição de lateral direito?
1. André Almeida. Fez uma boa época o ano passado no Campeonato. A grande questão é ver se consegue fazer o mesmo na Liga dos Campeões. Não acho que seja pelo André Almeida que as coisas possam vir a correr mal. É um jogador sólido, versátil, comprometido com o clube e que encaixa bem no nosso modelo de jogo, onde os laterais são muito verticais. Faz sempre falta.
2. Tyronne Ebuehi. Há muita falta de paciência neste caso. O que é totalmente compreensível. Em mais de um ano no Benfica, o Ebuehi não tem um jogo completo, nem se chegou a estrear em jogos oficiais. Há quem diga que um clube que faz 200M em jogadores num verão, tem mais do que capacidade para ir buscar um lateral direito que ofereça garantias. Mas estranhamente (ou não) ou Ebuehi vai ficando. Pelo andar das notícias das últimas semanas vai mesmo continuar. Uma coisa é certa, as únicas pessoas que sabem o que ele realmente vale, é Bruno Lage e restante equipa técnica que o viram treinar. Mas se correr mal, vai-lhes cair tudo em cima.
3. Tomás Tavares e João Ferreira. Em teoria, um jogador só salta da equipa B para a equipa principal depois de fazer um volume significativo de jogos na Segunda Liga. Tanto o Tomás Tavares como o João Ferreira, ambos juniores de 2º ano, têm dois jogos na equipa B, que é manifestamente pouco. Nuno Tavares tinha 13, é um ano mais velho e fisicamente já tem uma estampa que nem um nem outro têm. Não os vejo a fazer muita coisa na equipa principal, a menos que o vendaval de lesões continue - que é na minha opinião a principal razão para estarem a treinar na equipa de Bruno Lage. No entanto, o facto de ambos para o ano puderem estar prontos a dar o salto, parece-me estar a pesar bastante na decisão de manter Ebuehi. É que André Almeida renovou, logo não faria sentido contratar outro lateral direito para competir pelo lugar no plantel com Ebuehi sendo que num espaço de um ou dois anos o Seixal poderia oferecer uma alternativa.
4. Nuno Tavares. Já vai com alguns jogos a lateral direito. Se contarmos com a pré-época, já foram seis. As exibições têm vindo em crescendo e contra o Paços de Ferreira foi, para mim, o melhor em campo. Mas depois ainda são visíveis algumas falhas naturais de quem não tem um pé direito assim tão desenvolvido, tanto a nível ofensivo, como a nível defensivo.
Quando se faz um plantel, não se pensa apenas no ano que corre, mas também no impacto que uma contratação pode ter a dois ou três anos. Acho que é isso que está a travar o Benfica de resolver esta questão de vez. No Seixal acreditam bastante no Tomás Tavares e/ou no João Ferreira. Para não lhes tapar o percurso natural de subir à equipa principal, não se contrata ninguém. Até porque André Almeida oferece algumas garantias como titular. Quanto a Ebuehi, ninguém fora do Seixal sabe bem. Mas para continuar, pelo menos garantias como suplente deve oferecer.
Por outro lado não deixo de compreender a frustração de quem vendeu a maior promessa do futebol mundial por 120M e a única contratação feita desde então foi um ponta de lança por 17M quando ele o ano passado tinha custado 4M - ou seja, um jogador claramente overpriced que ainda por cima tem ligações claras ao empresário responsável pela transferência de João Félix que já tinha recebido 12M. Se a grande aposta é o Seixal, não se pode deixar sair os melhores jogadores. Mesmo por propostas de 120M. Alguém tem dúvidas que se o Atlético quisesse vender o João Félix hoje não fazia mais de 120M? É um craque. E 120M foi uma pechincha. Não digo que devíamos ter ido buscar um lateral direito. Mas como é que é possível o Benfica estar no mercado por um guarda-redes há três meses tendo 120M em carteira há mês e meio?"

Resultados de uma estratégia

"Se olharmos para o onze inicial mais vezes utilizado pelo nosso clube há cerca de cinco, seis anos, verificamos que era raro existir um jogador português.
Definida uma estratégia, hoje é com enorme satisfação que, tendo por base o onze titular mais vezes utilizado esta época, podemos constatar que a equipa campeã nacional tem uma maioria de jogadores nacionais (neste momento seis: Ferro; Florentino; Nuno Tavares; Pizzi; Rafa; Rúben Dias), a que acrescem mais sete no plantel (André Almeida, Chiquinho, David Tavares, Gedson, João Ferreira, Jota e Tomás Tavares), num total de 13, um número impressionante a que ainda se pode acrescer Nuno Santos, Pedro Álvaro e Tiago Dantas que, tendo integrado o estágio de pré-época, estão neste momento na equipa B.
São maioritariamente jovens com toda a sua formação feita no Seixal e a grande dificuldade é conseguir mantê-los o maior número de anos possível face ao assédio que a sua qualidade merece por parte dos mais ricos clubes europeus.
E são jogadores que reconhecidamente têm qualidade para jogar em qualquer das principais equipas do mundo e alguns já com títulos internacionais ao serviço da selecção.
Mas esta aposta na formação não se esgota, como se sabe, só em jovens portugueses e é com orgulho que verificamos os trabalhos feitos por diversos media internacionais com os jogadores made in Benfica que brilham nas principais ligas europeias.
Um rumo e uma identidade que se têm vindo a reforçar ano após ano e agora também acompanhadas por uma aposta em equipas técnicas lideradas por treinadores nacionais, constituindo Bruno Lage o melhor exemplo da qualidade e mais-valia que isso representa.
Uma estratégia com benefícios imediatos nas nossas selecções e que tem vindo a alargar o leque de opções para a primeira equipa, enquanto, tal como tinha prognosticado Luís Filipe Vieira, o Benfica por norma é o clube com mais seleccionáveis nos diferentes escalões.
Acreditamos que esta aposta em jovens, e naturalmente a maioria deles portugueses, pela equipa campeã nacional servirá de exemplo para outros clubes com tudo o que isso poderá representar para a competitividade e sustentabilidade da nossa Liga e para a consolidação da afirmação do nosso país nesta indústria.
Para percebermos o valor do trabalho que é feito neste sector de actividade em Portugal, seria bom que o país no seu todo ocupasse os rankings europeus que temos. Sejam treinadores, jogadores, empresários e agora gestores destas áreas, a afirmação dos profissionais nacionais cresce e a sua procura tem aumentado de forma constante. Para nós foi claro desde o primeiro momento a necessidade de profissionalização nas mais variadas áreas. E o crescimento reconhecido que temos é muito fruto dessa aposta.
Mas tudo isto só é importante porque existe aquele maravilhoso espectáculo dentro das quatro linhas. Estamos a dois dias de mais um clássico no nosso Estádio. Casa cheia, duas grandes equipas crónicas candidatas ao título e emoção ao rubro neste início de época.
Da nossa parte, foco total aos verdadeiros protagonistas – os treinadores e os jogadores – e à sua arte e magia que apaixona milhões."

Prossegue a sociedade 'Razzi'

"A velocidade e técnica do primeiro e a sagacidade e visão do segundo têm permitido que nos 3 jogos oficiais, 7 dos 12 golos tenham sido desta dupla

1. Vitória difícil, mas merecida, do Benfica SAD, que, na época passada, tirou 5 em 6 pontos possíveis aos campeões nacionais. Com esta vitória, chegou-se à 10.ª vitória seguida fora de casa no campeonato (27 golos marcados e 7 sofridos), num percurso até agora imaculado desde que Bruno Lage passou a liderar a equipa. Um feito tão mais assinalável, quanto, para este percurso imaculado, ganhou em Alvalade, no Dragão, em Guimarães, Braga e Vila do Conde. No sábado e no Jamor, foi um triunfo difícil por várias razões: a primeira, porque o adversário jogou bem dentro das suas naturais possibilidades, tratando-se de uma equipa bem treinada e que sabe o que deve fazer no jogo; a segunda, porque o Benfica desperdiçou algumas boas oportunidades, tendo reduzido o seu grau de eficácia, face aos jogos contra o SCP e Paços de Ferreira; a terceira, porque o relvado de um estádio que se diz nacional é dos mais fracos do nosso campeonato, o que dificulta o andamento da bola que corria aos soluços e que, ainda que prejudicando ambas as equipas, tal foi mais notório no modo como o Benfica joga. Importa ainda sublinhar duas oportunidades flagrantes da equipa azul, ainda que resultantes de infelicidade (Rúben Dias escorregou e Vlachodimos impediu com classe) e de uma oferta de Nuno Tavares, que quase me fez lembrar  modo como o Belenenses SAD marcou os golos que lhe deram o empate do ano passado, na Luz.
Sublinho aqui o jogão que Florentino Luís fez, com uma capacidade física inexcedível e uma ocupação de espaços notável. E, obviamente, a sociedade Rafa & Pizzi (ou, abreviando, Razzi) que continua a ser decisiva em momentos em que é difícil penetrar na área para o golo. A velocidade e técnica do primeiro e a sagacidade e visão do segundo têm permitido que nos 3 jogos oficiais já disputados (12 golos marcados, 0 sofridos), 7 tenham sido desta dupla, a juntar às assistências de um para o outro, ou para outros colegas facturarem. Eis uma brilhante razia da sociedade Razzi. Sobre Rafa Silva, há, no entanto, que registar com preocupações um ponto comum às 3 partidas efectuadas. Não chegam os dedos das mãos para contar os raides com que avançou rumo à baliza adversária que, todavia, foram anulados por faltas duras e perigosas sobre o atleta. Este modo de massacrar o jogador (a que uns dóceis comentadores chamam «faltas tácticas inteligentes»!= deve ser severamente punido sob pena de um claro benefício do jogador infractor que, quase sempre, tem levado uma mera repreensão ou, no limite, uma generosa cartolina amarela.
Continua a sentir-se a falta do lesionado Gabriel, um jogador esclarecido e que tão bem faz a sintese entre defender e atacar. Isto apesar da generosidade de Samaris que, todavia, me parece longe da forma que atingiu na fase final da época transacta.
Uma última nota sobre este jogo e relacionada com o golo anulado ao Benfica (que seria o segundo). A anulação, depois de cinco (!) longos minutos de análise e hesitação, foi devida, segundo a sinalética do árbitro, a um fora de jogo no início da jogada. Não pretendo escrever sobre a decisão tomada, mas, mais uma vez, salientar o aspecto tendencialmente negativo de infracções que só uma tecnologia com a precisão de um relógio suíço é capaz de ultrapassar o que com a mente e sentidos humanos jamais seria possível. No caso deste (não) golo, a festa do futebol deu mais uma vez lugar à retroactividade do (não) festejo, ainda por cima, numa empolgante e melhor jogada da partida.
Quem me estiver agora a ler poderá pensar que assim penso porque foi um golo não validado ao meu clube (imagine-se, todavia, o que poderia ser se o resultado então quase no fim fosse ainda de 0-0...). Se uma acção desta beneficiasse o meu clube, não negarei que até me poderia agradar no redemoinho emocional em que vemos os jogos, mas, racionalmente, teria a mesma opinião que sempre tenho exprimido nesta coluna. Agora com esta nova e infalível tecnologia de linhas a três dimensões, vai haver lances de fora-de-jogo esmiuçados até ao centímetro. Terá sido o caso deste golo  no Jamor. Só não percebo tanto tempo para decidir, pelo que poderei concluir que nem o VAR, nem o árbitro em campo (que foi ver ao monitor, onde esteve algum tempo) tinham a certeza inabalável de ter sido (ou não) offside. Se se entrega à geometria virtual pura a decisão milimétrica destes lances, não compreendo as dúvidas ou hesitações: ou está ou não está fora-de-jogo, ponto final. Pelo que, a contrario sensu, posso concluir que neste tipo de infracções ainda há espaço para a discricionariedade (ou subjectividade). Ou seja, afinal com tão sublime e infalível tecnologia, ainda não é sempre pão, pão, queijo, queijo... Depende dos gostos. Por outras palavras, se o árbitro tivesse decidido validar o golo, os argumentos visuais teriam sido absolutamente os mesmos. Há (havia?) uma regra de sensatez: a de, em caso de dúvida, nas situações potenciais de fora-de-jogo, beneficiar quem ataca. Ora, parece-me que tal prática desapareceu com o primado totalitarista desta tecnologia.
O VAR tão afoito neste lance estaria, porém, a dormir quando de um penálti claro sobre o inevitável Rafa. Eis outra sociedade a seguir com atenção: Veríssimo & Xistra ou Xistra & Veríssimo...

2. Aproximam-se os sorteios por potes. Uma lotaria de potes, portanto. Forçando um neologismo de união entre estes duas palavras, uma verdadeira potaria. Para uns - os insaciáveis donos disto tudo - pote quer dizer compoteira, para outros - os apurados no pote 4 para compor o ramalhete - não passará de uma peniqueira. Por força da eliminação supreendente do FC Porto face a um quase ignoto clube russo de nome Futbolniy Klub Krasnador da cidade com o mesmo nome (antes chamada Ekaterinodar), num jogo com direito a transmissão debutante pelo Porto Canal (mas não visto na Rússia), o Benfica  foi promovido do pote 3 para o pote 2. Coisa de somenos, pois o que mais interessa é o sorteio dos potes e não tanto os potes do sorteio.
Com o Porto e Sporting assegurados na Liga Europa, bom será que Sp. Braga e Vitória de Guimarães alcancem também a fase de grupos, o que levaria - ao que creio - à maior representação portuguesa nesta competição e poderia aumentar as possibilidades de melhoria do ranking, pois que vitória na Liga Europa vale, para este efeito, tanto como vitória na Champions (outra música é a do dinheiro encaixado...).
Entrementes, havia sido anunciada, com algumas circunstância, a disposição da direcção da Liga para evitar, tanto quanto possível, a anomalia de haver jogos à segunda-feira, que em nada beneficiam a competição nacional, afastam adeptos e promovem estádios às moscas. Se tivermos em atenção o que aconteceu nas duas primeiras jornadas, custa a compreender que não se tenha concretizado a boa intenção anunciada pela Liga, pois houve jogos neste dia da semana, sem que houvesse motivos imperiosos para tal. Se todas as quatro equipas portuguesas atingirem a fase de grupos, não sei como vai ser, pois os jogos da Liga Europa são sempre à quinta-feira. Será que, em determinadas jornadas, vamos ter a segunda-feira como o dia quase principal dessas rondas?

3. Lá fora, a coisa promete. Ou será sol de pouca dura? Registe-se a circunstância de, nos campeonatos inglês, alemão, espanhol e francês, o campeão em título já ter perdido jogos ou pontos. Na Itália, ainda estão nos preparativos. O Barcelona estreou-se como o Porto: perdendo fora de casa não em Barcelos, mas em Bilbau. O Chelsea, agora treinador pelo ex-grande jogador F. Lampard, baqueou estrondosamente diante do Man. United. O Man. City empatou em casa diante do sortudo Tottenham, tal como o heptacampeão Bayern de Munique que se viu em palpos de aranha para empatar no seu terreno diante do Hertha de Berlin. Em França, o actual e virtual campeão PSG já perdeu na primeira deslocação e esta liga tem tido um início desastroso para os treinadores portugueses (Leonardo Jardim, Paulo Sousa e André Villas Boas), que somaram 2 pontos em 18 possíveis.

Contraluz
- Memória: Morreu um grande ciclista dos tempos áureos deste desporto: o italiano Felice Gimondi. Foi um dos poucos corredores vencedor do Tour, da Vuelta e do Giro de Itália. Contemporâneo e amigo do maior ciclista de todos os tempos, Eddy Merckx, teve com eles duelos empolgantes, que transporto na minha memória. Ao tomar conhecimento da morte do italiano, o campeoníssimo belga, em lágrimas, disse que «diante do seu desaparecimento sinto que parte da minha vida também acabou para sempre».
- Citação: «Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola»
(Nelson Rodrigues, escritor brasileiro, 1912-1980)"

Bagão Félix, in O Benfica

Dedos gordos

"1. Os sinais estavam à vista, agora é oficial: a Direcção de Varandas está desorientada. Entre a ambição e discurso premium e a mentalidade e meios low cost, age como um tipo de dedos gordos a mandar mensagens num telemóvel de teclas pequenas. O comunicado sobre Bas Dost é inacreditável, digno de BcC.
2. Tendo em conta que Bas Dost marcou 93 golos em 127 jogos pelos leões e que é mais difícil descobrir a identidade de jogo da equipa do que a identidade de Bansky, talvez o Sporting esteja a tentar mandar embora o holandês errado.
3. Luiz Phellype pode fazer esquecer o Bas Dost dos dias maus, mas jamais fará esquecer o Bas Dost dos dias bons. E Vietto só com fertilizante.
4. Entretanto, Sá Pinto coração de leão ia matando o leão do coração.
5. A modelo e actriz Martina Big (tornou-se negra injecções de bronzeamento...), que pretende bater o recorde mundial de implantes mamários, deve ser contra as linhas do VAR. Eu percebo, faltam-lhe 10 centímetros. Mas por 10 centímetros se ganha e por 10 centímetros se perde. Nos implantes mamários e no futebol. Eu prefiro assim.
6. Claro que não resolve tudo. «Sinto-me um ignorante ao ver jogar o Man. City de Guardiola», disse há uns tempos Marcelo Bielsa. Eu sinto exactamente o mesmo ao ver apitar Fábio Veríssimo (e não só). Com ou sem linhas.
7. Todos os negócios das SAD cotadas em bolsa deveriam ser comunicados ao pormenor à CMVM. É que não se percebe onde começa a verdade da mentira e acaba a mentira da verdade.
8. Depois dos quatro golos sofridos pelo Benfica B frente ao Vilafranquense, começo seriamente a achar que o Benfica devia testar Svilar a ponta de lança. Tem uma invulgar atracção pelo golo.
9. Diz o Benfica que abriu a «caça ao Rafa» (versão moderna do «deixem jogar o Mantorras»). E pelos vistos abriu ao mesmo tempo que a caça aos árbitros.
10. Os carros eléctricos vão ser obrigados a ter um sistema de som que avisa da sua presença. Diaby também."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Clássico de tripla

"Bruno Lage continua a fazer a sua revolução; Sérgio Conceição parece ter reencontrado a sua nova equipa

Um clássico na terceira jornada do campeonato tem o mesmo valor classificativo de um clássico na antepenúltima, mas talvez não tenha o mesmo significado. O primeiro é preparado em clima mais desanuviado pelo facto de os actores saberem que nenhum conclusão se poderá extrair além da riqueza interpretativa que o resultado do jogo suscitar. O segundo, porém, envolve outro tipo de conversa: com a linha de meta à vista, aumenta a tensão e os competidores colocam em campo a totalidade de argumentação disponível na convicção de que lhes faltará tempo para rectificarem o que correr mal.
Este Benfica - Porto convida, portanto, a um espectáculo futebolístico de qualidade. Ambos vão lugar até no limite das suas capacidades pelo triunfo, que é o principal objectivo, mas conscientes de poderem investir no risco e darem liberdade aos seus mais talentosos executantes para deslumbrarem e decidirem. Teremos treinadores rigorosos, mas, provavelmente, mais tolerantes na medida em que seja qual for o desfecho, em termos de contagem final, as dúvidas continuarão a ser imensas e as certezas quase nenhumas.
No caso de se verificar o cenário que mais afastará águia e dragão (seis pontos), recordam-nos os exemplos mais recentes que essa diferença, ou até superior, se tornou irrelevante, com o Benfica a ser o beneficiário de recuperações significativas que o conduziram a dois títulos, na primeira época de Rui Vitória e agora, também na primeira de Bruno Lage. No entanto, o contrário é igualmente verdadeiro, pois em 2018, no ano do penta pedido pela águia, à 29.ª jornada, o FC Porto tinha um ponto de atraso e foi campeão com sete à frente.
No curto período de apenas cinco jornadas, no sprint decisivo, Sérgio Conceição conquistou 15 pontos contra sete de Rui Vitória. Inimaginável, mas real. Razão adicional para os adivinhadores de resultado não desprimorarem nenhuma das três hipóteses em relação ao clássico do próximo sábado, embora o treinador benfiquista, numa das suas últimas intervenções, tenha contestado o que considera ser um pensamento errado: aceitar como normal dar de avanço aos adversários, com a desculpa de ainda haver muito tempo pela frente para recuperar.
Lage que incutir uma atitude ganhadora em permanência, porque, defendeu, todos os oponentes querem derrotar o campeão, indo assim ao encontro da linha de pensamento de Rui Costa, o qual alertara, dias antes, para mais essa dificuldade em classificou como uma responsabilidade suplementar que jogadores encarnados devem estar preparados para ultrapassar.
Esta forma mais austera de abordar a competição por parte da águia, será, porventura, o mais entusiasmante dos desafios que se deparam a Sérgio Conceição, porque, no resto, está tudo inventado. Vai permitir-lhe também testar, em ambiente de alta voltagem, uma nova equipa, que teve de reencontrado. Fiquei com essa ideia depois do sucesso expressivo e tranquilo sobre o Vitória sadino.
Preparemo-nos, pois, para um grande jogo. Favorito? É um clássico de tripla.

Um treinador anti-Benfica
A empatar ninguém bate Silas, mas como não é encartado admite-se que esteja a meio do seu processo de formação e não tenha frequentado aulas de aprendizagem para ganhar mais vezes. No último campeonato, liderou o ranking dos empates (13 no geral e oito fora) em sinal inequívoco de que o Belenenses, em obediência à argúcia de quem o treina, bem como primeira etapa competitiva não perder, o que, não sendo criticável, para quem esgrime argumentos no campeonato do meio, não lhe dá cobertura em atrevimentos próprios de quem se julga ser o que não é. depois de levar três do Aves, apanhou oito do Sporting e antes de carregar mais cinco do Braga teimou em jurar fidelidade às suas ideias.
Ainda não é treinador da Liga, mas em matéria de convencimento está muito acima. O produto futebolístico que promove, e que tantos encómios tem gerado, para mim não passa de uma versão modernizada do velho e antipático estratagema do autocarro, daquele tipo de futebol que não dá prazer ver. O que mais me surpreende, contudo, é o seu discurso agreste quer para exaltar o empate na Luz, já no consulado de Lage, caído do céu, mas para ele fruto de muita ciência, quer, neste último sábado, para explicar a derrota no Jamor, que, segundo afirmou, se ficou a dever a «duas perdas» dos belenenses. «Não foram as dinâmicas do Benfica que desequilibraram», enfatizou.
Partindo-se do princípio que Silas não tem qualquer assunto mal esclarecido com o Benfica, ou se considera uma sumidade na área do treino ou é provável que alguém lhe tenha segredado para ir por aqui. O que só vem dar razão a Rui Costa por advertir que «o Benfica é o alvo a abater».

Fernando Guerra, in A Bola