segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Lixívia 1

Tabela Anti-Lixívia
Benfica..... 3 (0) = 3
Sporting.. 1 (+1) = 0
Corruptos. 0 (0) = 0

Início de época relativamente tranquilo dentro do campo, mas com nomeações inquinadas:
- A dupla Manuel Oliveira / Luís Ferreira na Luz, com mais um Fiscal com ligações públicas aos Corruptos é esclarecedor... Temos mesmo que golear, senão ficamos à mercê desta gente!!!
- Tiago Martins, nos Barreiros, é como se o Varandas fosse o árbitro... o Tiaguinho já provou que quando apita o seu Sporting, não tem qualquer 'complexo' em decidir sempre a favor dos seus!
- O Ferrari Vermelho (apesar de ser Lagarto) em Barcelos foi uma tentativa de aproveitar a estória ficcionada do Ferrari... correu mal!!!

Na Luz, o penalty evidente foi marcado sem hesitações... mas para mim, tal como escrevi na crónica, existiram outros dois erros graves: a 'chapada' do RdT para mim é propositada, e daria expulsão! Não seria penalty, porque o RdT fez falta primeiro, puxando a camisola do adversário, mais logo a seguir é agredido...; também ficou por marcar um penalty sobre o Rafa: o empurrão é claro, o braço nas 'costelas' do Rafa, empurrando o nosso veloz extremo... o Duarte Gomes n'A Bola, 'desculpou-se' com a intensidade! Desculpa parva...
No resto do jogo, o RdT podia ter levado Amarelo, mas como no minuto anterior também tinha sido perdoado um Amarelo a um jogador do Paços, 'safou-se'!!!
Ainda houve um lance, na 1.ª parte, onde me pareceu existir fora-de-jogo do Paços, que não foi marcado, e que acabou com um pontapé de canto contra o Benfica. Se do 'corner' fosse golo, já não daria para 'anular'!!!

Em Barcelos, além da habitual permissividade disciplinar com os Corruptos, nas faltas e nas 'palavras', ficaram dois Casos para serem analisados pelo VAR: no 1.º o Nuno Almeida, marcou penalty, mas depois de avisado pelo VAR, recuou e não marcou! Boa decisão, existe o contacto 'normal' nos cruzamentos para a área... tendo o jogador dos Corruptos, 'inventado' uma queda!!!
No 2.º lance, o árbitro nada marcou, mas o VAR analisou, 'chamou' o árbitro, que desta vez marcou penalty! Na minha opinião, foi uma boa decisão... Fica a dúvida se a bola bate ou raspa na barriga antes de ir ao braço, mas o defesa do Gil aumentou claramente a área do corpo... Foi um lance escusado, mas é penalty!

Nos Barreiros, Tiago Martins, voltou a 'esverdear' por todos os poros!!!
Nos minutos que se seguiram ao golo do Marítimo, os jogadores do Sporting, ficaram de cabeça perdida... faltas, protestos... valeu tudo!
Sendo que houve dois erros graves: no golo do Sporting, o Coates faz falta sobre um defesa: quando o Canto é marcado, o Uruguaio, empurra com os dois braços, descaradamente o defesa, que o tentava atrapalhar... Estes lances são 90% das vezes, 'matados' à nascença com falta ofensiva! Quantas vezes a bola ainda vem do ar, nas bolas paradas, e já está o apito na boca...!!! O lance seguiu, houve um 2.º cruzamento, e deu em golo... O VAR tinha a obrigação de analisar o lance desde da marcação do Canto... e chamar a atenção ao árbitro!!!
O 2.º erro, foi na Mão na Bola do Marhieu... Sim, foi fora da área, mas isso é indiferente, o lance é claro, ele podia ter marcado, dentro ou fora, mas tinha que marcar qualquer coisa... Só não o fez, porque 'pensou' que tinha sido 'dentro'!!! Aqui está um bom exemplo, dum lance que com outra equipa, o mesmo árbitro, teria decidido de forma diferente...!!!

Uma nota ainda sobre os Tempos de Compensação: o Benfica não tem a culpa de golear os seus adversários! As regras são para ser cumpridas, em todos os jogos, independentemente do resultado da partida! Por acaso, um dos critérios de desempate no Campeonato são os golos marcados, se o Benfica golear todas as equipas neste Campeonato (por mais ridículo que pareça!!!), nas 34 jornadas, chegaremos ao fim do Campeonato, com 136 (34x4) minutos, em média, a menos do que os nossos adversários?!!! Estamos a falar de 1 jogo e meio, a menos!!!
Se é simplesmente de evitar 'humilhações' supostamente 'desnecessárias', então é perfeitamente absurdo!!!

Anexos (I):
Benfica
1.ª-Paços de Ferreira(c), V(5-0), M. Oliveira (L. Ferreira), Prejudicados, (6-0), Sem influência

Sporting
1.ª-Marítimo(f), E(1-1), Martins (Hugo), Beneficiados, (1-0), (+1 ponto)

Corruptos
1.ª-Gil Vicente(f), D(2-1), Almeida (Xistra), Nada a assinalar

Anexos (II):
Árbitros:
Benfica
M. Oliveira - 1

Sporting
Martins - 1

Corruptos
Almeida - 1

VAR's:
Benfica
L. Ferreira - 1

Sporting
Hugo - 1

Corruptos
Xistra - 1

Totais (árbitros + VAR's):
Benfica
M. Oliveira - 1 + 0 = 1
L. Ferreira - 0 + 1 = 1

Sporting
Martins - 1 + 0 = 1
Hugo - 0 + 1 = 1

Corruptos
Almeida - 1 + 0 = 1
Xistra - 0 + 1 = 1

Épocas anteriores:
2018-2019

Cadomblé do Vata (A ladainha...)

"Diz a ladainha que as vitórias do Benfica, até a economia alavancam. Na verdade, não é bem assim, mas pode ser parecido. As vitórias do Benfica até a taxa de desemprego baixam, tal o número de contribuintes que abandonam o subsídio para se dedicarem à nobre arte de Provedores da Gloriosa Felicidade, apetrechados de camiões cheios de tarjas "olha euforia pah", "cuidado com a bazófia", "já começaram a embandeirar em arco", "esta merda assim vai acabar mal".
Reparem, o Benfica está bem. Permitam-me que corrija: o Benfica está muito bem. Ganha, joga bem e o discurso lajeado impregnado de fair play parece estar a passar como electricidade entre a equipa e adeptos. Um benfiquista poderia não estar feliz, eufórico e contente, mas convenhamos... teria também que ser desprovido de paixão. O Benfica enfardou 5 no rival e até a estátua do Eusébio tinha lá a mão direita com todos os dedos bem abertos. Dizer que a estátua é um monólito de bronze que reagiu à goleada, é mostrar como é difícil não pensar que somos os donos do Mundo.
É preciso que os Provedores da Gloriosa Felicidade entendam que o Benfiquismo é 99% paixão irracional e 1% pragmatismo. Andar atrás de um Glorioso Adepto de sorriso nos lábios, com um placar a dizer "Cuidado com a Bazófia" é estúpido. Acabei de ganhar dois jogos oficiais por 5-0. Acabei de vencer duas competições menores mas que estão no nosso Museu. Estamos a jogar à bola. Damos um pontapé num calhau no Seixal e sai de lá debaixo um puto talentoso. Equipa e adeptos estão a interiorizar a mensagem exemplar de Bruno Lage. Estou eufórico? Fodasse, estou pah! É demasiada bazófia? Fodasse se calhar é! Isso preocupa-me? É que nem quero saber!
Estamos a chegar a um ponto em que já tenho medo de festejar um golo com medo que digam que estou a "embandeirar em arco". Já não bastava o VAR para tirar a tusa do festejo do golo com adversário em posição duvidosa, agora também aparecem os Provedores da Gloriosa Felicidade a querer amainar a alegria de ser Benfiquista. 5 secos no Rival Lagarto!!! "calma com a euforia que para a semana há Paços de Ferreira na Luz"... 5 secos no Paços de Ferreira e 3 pontos à maior do Final Portista!!! "calma com a bazófia que ainda há muito campeonato". Assim fico com saudades de quando pouco ganhávamos... nessa altura ninguém me acusava de ser demasiado feliz para os padrões d'O Clube."

Máquina do Tempo !!!

Os 5 maiores flops do SL Benfica deste século

"Cada vez que um novo jogador ingressa num plantel cria-se uma expectativa daquilo que o mesmo poderá render ao serviço dessa equipa. No SL Benfica, isso também acontece. Há jogadores que ficam na história do clube, mas nem sempre por bons motivos. Por não corresponderem aquilo que era esperado, são chamados de “flops”. E houve muitos neste século. Neste artigo, focamos cinco em concreto.
1. Roberto Jiménez – Este é, provavelmente, o maior “flop” da história do SL Benfica. Aquando da sua compra, Roberto era a terceira opção no plantel do Atlético de Madrid. Contudo, é de lhe reconhecer este mérito: foi o terceiro guarda-redes mais caro da história na altura. Qualquer coisa como 8,5 milhões de euros. Não sendo o pior guardião do mundo, não era, com toda a certeza, dos melhores. Muito inseguro nas saídas, provocando calafrios aos adeptos benfiquistas. Foram tantos os maus momentos que até teve direito a uma música! É caso para dizer “Ai que frango”!
2. Keirrison – É mais um daqueles casos… Sem espaço no Barcelona, tapado, na altura, por Ibrahimovic, Keirrison foi cedido, por empréstimo, ao SL Benfica. Havia custado 15 milhões de euros aos catalães e chegou com rótulo de futuro craque. No plantel encarnado, não conseguiu reproduzir aquilo que havia feito na pretérita temporada no Brasil e não era escolha de Jorge Jesus para jogar com regularidade. Tapado por Saviola e Cardozo, o avançado realizou apenas cinco jogos, sem marcar qualquer golo. Saiu no mercado de inverno, sendo a Fiorentina o seu destino.
3. Javier Balboa – Quando um jogador tem no seu currículo a passagem por um clube como o Real Madrid, é de se esperar grandes coisas do mesmo. Foi o caso de Balboa. Contratado por 4 milhões de euros, Balboa chegava à Luz com bastantes expectativas. Quique Flores quis o guineense a todo o custo e até lhe deu oportunidades. Todas em vão! A verdade é que Javier Balboa não se conseguiu afirmar no SL Benfica. Nos anos seguintes, o extremo foi emprestado a clubes como o FC Cartagena e o Albacete, com o intuito de voltar a ser opção para os encarnados, mas sem sucesso. Acabou mesmo por ser dispensado do clube e assinou a custo zero pelo Beira-Mar. Mais tarde, viria ainda a jogar pelo Estoril Praia.
4. Freddy Adu – “É como Mozart” foram as palavras proferidas por Pélé sobre Freddy Adu. Em 2007, o SL Benfica anunciava a contratação de uma das maiores promessas do futebol mundial, e logo com um contrato de longa duração: cinco anos, cinco longos anos!
O jogador nunca se conseguiu afirmar no Benfica, ainda que tivesse oportunidades para o fazer. Inclusive, a única época em que Freddy não foi um autêntico desastre foi a de 2007/2008, em que disputou 21 jogos em todas as competições. Contudo, nesta mesma temporada, foi chamado pela sua selecção para disputar a qualificação para os Jogos Olímpicos (com muito sucesso), no entanto, quando regressa a Lisboa, o treinador havia mudado e nunca mais o jogador envergou o Manto Sagrado. Sucessivos empréstimos nos anos seguintes, sem nunca atingir aquilo que esperavam dele. Cinco longos anos, até que o vínculo com o Benfica terminou. Freddy Adu tinha apenas 22 anos!
5. Bruno Cortez – Doloroso! Foi muito doloroso ver Bruno Cortez envergar a camisola do SL Benfica. Quem não se lembra da terrível exibição do brasileiro frente ao Sporting CP? Pois, quem me dera esquecer.
Bruno Cortez veio na saga de laterais esquerdos da era Jorge Jesus e vinha para colmatar a lacuna na defensiva benfiquista, mas sem êxito. Emprestado pelo São Paulo, felizmente o jogador apenas realizou seis jogos ao serviço das águias."

Desporto em contexto escolar e a primazia da Real Casa Pia de Lisboa

"Foi publicado no passado dia 7 de Abril um artigo sobre a participação desportiva a nível escolar na Real Casa Pia de Lisboa, desde o ano de 1780 até ao ano de 1888, abordando hoje outro período. 
Entre os anos 1889-1896, a grande preocupação era a palavra de ordem, no seu aspecto global, para no dia 26 de Junho de 1895 ser aprovado o Regulamento para o ensino da ginástica pura e aplicada, na Real Casa Pia de Lisboa.
O enraizamento do Futebol na Real Casa Pia de Lisboa, foi precisamente no ano de 1890, primeiro de uma forma espontânea pelo Jogo da Cheia (um jogo de bola que consistia apenas em mandá-la o mais alto possível) e, depois, de uma forma organizada pela formação de uma Equipa Escolar.
A Real Casa Pia de Lisboa adoptou no ano de 1893 a prática do futebol que então se generalizava aos clubes da capital e a seguir ao Porto. Também neste ano é fundado o Club Gymnastico Velocipédico Figueirense.
No ano de 1894, o provedor da Real Casa Pia de Lisboa mandou vir de Inglaterra uma bola de futebol a sério entregando-a ao aluno Januário Barreto, um dos mais apaixonados do jogo.
Passavam pouco mais de seis meses, desde que Bruno do Carmo e Januário Barreto haviam trazido para Belém a prática do jogo da bola, quando no dia 16 de Fevereiro daquele ano, no Campo das Salésias nas terras do Desembargador, junto ao Convento das Freiras Salésias em Lisboa, se estreou a equipa da Casa Pia de Lisboa com o Grupo Académico de Futebol, formado por alunos da Escola Politécnica, com o resultado final empatados a zero golos.
Registamos que o Campo das Salésias foi inaugurado em 29 de Janeiro de 1928, sofreu obras de remodelação em 1937 e passou a chamar-se Estádio José Manuel Soares, em homenagem ao jogador Pepe e reinaugurado em 26 de Maio de 2016, desta feita com relva sintética.
O período compreendido entre 1894 e 1910, assinalou uma importante fase da história da Educação Física na Casa Pia de Lisboa, durante a qual a instituição ficou profundamente ligada, quer pela actividade que desenvolveu a nível escolar, quer pela acção realizada pelos seus antigos alunos ao processo de implementação e divulgação do futebol, atingindo uma posição de grande destaque, tal como em anos anteriores já acontecera com a prática da ginástica.
O 1º Troféu de Futebol, da única Taça do Rey, a primeira competição existente no nosso País teve como assistente o Rei D. Carlos (1863-1908). Assim o primeiro Lisboa-Porto foi ganho por Lisboa por 2-0 recebendo a taça oferecida pelo monarca.
Também no ano 1894, no dia 22 de Janeiro, apareceu o primeiro jornal desportivo intitulado “O Sport”, defensor da ginástica.
O Sarau no Colyseu dos Recreios realizou-se no dia 15 de Junho de 1895, ou seja, 20 anos após a sua fundação.
A 26 de Junho de 1895 saiu o Regulamento para o ensino da Gymnastica Pura e Aplicada, aprovado por Portaria nº 209 da Real Casa Pia de Lisboa.
Nasce na Real Casa Pia de Lisboa em 1896, o gosto pela actividade desportiva de um modo geral e pelo futebol em particular. Curiosamente neste ano realizou-se a primeira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, celebrados na cidade de Atenas na Grécia.
A 22 de Janeiro de 1898, o grupo Escolar de Futebol da Real Casa Pia de Lisboa, capitaneado pelo pintor Pedro Guedes, vence por 2-0, a grande potência futebolística de Lisboa até então “imbatíveis”, mestres ingleses do Carcavelos Club, constituído por empregados do Cabo Submarino, naquela que seria a primeira vitória de uma equipa portuguesa sobre uma equipa estrangeira. Desde 1894 que a Real Casa Pia de Lisboa se afirmava como uma das mais valorosas equipas da capital. Pedro Guedes, o ex-aluno, pintor e professor na Casa Pia, foi o capitão da equipa de futebol que venceu o Carcavelos.
A colocação do Cabo Submarino de Lisboa para a América do Norte, teve o seu início no reinado de D. Pedro V (1853-1861).
A Revista “O Tiro Civil”, de 15 de Março de 1899, dá conta da iniciação de uma classe de Tiro de alunos da Casa Pia, na carreira de tiro de Pedrouços, propriedade da União dos Atiradores Civis Portugueses, publicando um ofício datado de 27 de Fevereiro do Provedor Interino, Luiz de Sequeira Oliva, para o Presidente da União dos Atiradores, na qual indica o nome de 22 alunos para se iniciarem na prática do Tiro. Em 15 de Julho a mesma revista publica a classificação do Concurso Nacional de Tiro com a participação de diversos estabelecimentos de ensino realizado em 2 de Julho: 1º Lugar José Honorato de Mendonça Júnior do Colégio Arriaga, 12º José Nogueira, 19º Adolpho A.S. Almeida, 23º Joaquim de Sousa, 27º Henrique dos Santos Silva, 29º Joaquim Ramos Antunes, 31º Manuel da Costa 36º e último Carlos Santos Ribeiro, todos da Real Casa Pia de Lisboa que teve o maior número de participantes.
No ano de 1900, a Casa Pia faz-se representar no Campo Escolar de Tiro Civil patrocinado pelo Ministério da Guerra.
No dia 13 de Dezembro de 1901, Cosme Damião, Alves da Mota e Joaquim Bento, requisitaram ao subdirector da Real Casa Pia de Lisboa uma autorização para comprar uma bola, para com ela jogar um grupo recém-formado por 14 elementos. O documento era acompanhado de uma lista de subscritores de 200 réis cada, e de um regulamento para a prática do futebol por esse grupo. Foi assim criada uma equipa escolar.
O Ginásio Clube Português introduz a ginástica sueca em Portugal. Promovendo a abertura de classes a suas expensas, em escolas pobres de Lisboa. Entretanto em 1902, o Governo decretou a obrigatoriedade da ginástica nos Liceus.
Cosme Damião, com 17 anos, termina com sucesso a escolaridade obrigatória, como aluno médio e com destaque na Educação Física ganhando o direito de fazer o seu aprendizado, um género de estágio preparado e providenciado pela Real Casa Pia de Lisboa, sob a responsabilidade de sua mãe. Foram concedidos à mãe os subsídios de 30 mil reis durante um ano, e 15 mil reis durante o segundo ano e último ano de aprendizado, pagos mensalmente.
No dia 28 de Fevereiro de 1904, um grupo de ex-alunos casapianos, onde se destacava Cosme Damião cria nas traseiras da Farmácia Franco, na zona de Belém, o Sport Lisboa uma única secção, de Futebol.
No ano seguinte, 1905 a Educação Física passou a ser obrigatória no Ensino Secundário.
O ano da fundação do Sporting Clube de Portugal (1906), tinha quase a totalidade das suas equipas constituídas por casapianos.
No ano seguinte houve um grande Interesse dos alunos da Casa Pia pelo Jogo da Péla. Consistia em atirar uma bola (Péla) de um lado para o outro com a mão ou com o auxílio de um instrumento, sendo também considerado um dos ancestrais do ténis.
Entretanto em Tomar o casapiano José Leitão (1908), sagra-se campeão de Tiro Civil, ganhando como prémio um relógio de ouro.
No ano lectivo de 1908/1909, foi realizado o primeiro campeonato escolar de futebol, organizado pela recém criada Liga Portuguesa de futebol, com a participação das seguintes escolas: Liceu da Lapa; Liceu do Carmo; Liceu de S. Domingos; Escola Politécnica; Instituto Comercial; Instituto Industrial; Colégio Militar (1803); Escola Académica; Colégio Estefânia e a Casa Pia de Lisboa, tendo sido vencedor o Liceu da Lapa, mais tarde Pedro Nunes.
Também no ano de 1909, no velódromo de Palhavã, realiza-se uma grande parada de ginástica com várias escolas de Lisboa.
No ano lectivo seguinte realizou-se o segundo campeonato escolar de futebol com os mesmos Liceus e Escolas do ano anterior e o mesmo vencedor, o Liceu da Lapa (Pedro Nunes).
Foi feita a primeira tentativa no ano de 1910 para criar uma associação desportiva que viesse a reunir todos os antigos alunos da Casa Pia de Lisboa, fundando-se o Grupo Desportivo Luz Soriano. É fundada em 23 de Setembro a primeira associação, precisamente a Associação de Futebol de Lisboa. 
Saiu no ano lectivo de 1910/1911, o Guia dos Alumnos Matriculados nos Lyceus, assim como o Annuario para esse mesmo ano lectivo.
As primeiras preocupações concernentes à organização da Educação Física em Portugal, surgiram no ano de 1911, com o Projecto de Organização do Ensino da Educação Physica Nacional, editado pela Sociedade Promotora da Educação Physica Nacional.
Entre os anos de 1911 e 1941, foi a consolidação da organização desportiva da Casa Pia, bem como a introdução do ensino da ginástica sueca e da natação, assim como a fundação da Casa Pia Atlético Clube e 3 de Julho de 1920.
Em 10 de Outubro de 1912 foi criada a Associação Escolar da Casa Pia de Lisboa que, desde os primeiros tempos se notabilizou nas várias manifestações desportivas escolares em que participou em competição com as escolas e liceus da capital. Dados os seus antecedentes, o futebol continuou a ser o desporto número um dos casapianos. Durante vários anos a Associação Escolar fez-se representar em todas as três categorias que compreendia o Campeonato Interescolar.
No período compreendido entre os anos 1912 e 1918 houve a preocupação com os programas de Educação Física e com a sua preparação para o ensino primário. Realizaram-se Campeonatos Escolares de Basquetebol e de Atletismo. A Associação dos Alunos alcançou boas vitórias, sendo a mais brilhante conseguida em 1913, durante as Jornadas de Educação Física interescolares, organizadas pela Sociedade Promotora da Educação Nacional.
Foi definitivamente instituído em 1913 o Ministério de Instrução Pública.
Durante as Jornadas de Educação Física interescolares organizadas pela Sociedade Promotora da Educação Nacional a Associação de Alunos alcançou boas vitórias no futebol e na luta de tracção à corda, um dos desportos mais populares da época.
Em 24 de Agosto o casapiano Cosme Damião, funda o jornal “Sport de Lisboa”, que seria o primeiro jornal desportivo editado como órgão oficial de um clube, se não contarmos com o “Sport” de 1893, criado pelo Ginásio Clube Português que apenas publicou quatro números.
No ano de 1914 foi realizado o Concurso Interescolar das classes gímnicas da Casa Pia para em Dezembro do ano seguinte, as classes gímnicas da Casa Pia serem integradas no programa do 1º Congresso Nacional de Educação Física promovido pelo Ginásio Clube Português.
Em 1916 realizou-se o 1º Congresso de Educação Física em Portugal. No âmbito das actividades da Associação Escolar e através de um acordo com o Ginásio Clube Português também a natação teve um desenvolvimento assinalável, assim como o polo aquático.
No dia 4 de Novembro de 1918, é fundado o Lisboa Ginásio Clube e no ano seguinte a Associação Escolar dinamizou a patinagem, sendo fundado a 3 de Julho de 1920, o Casa Pia Atlético Clube.
No ano de 1923 o Professor Luís da Câmara Leme era o Coordenador dos Serviços de Educação Física, sendo o Professor Aníbal Ramos o responsável pela ginástica correctiva.
A organização internacional mais antiga da Educação Física (Fédération Internationale d’Éducation Physique - FIEP) é criada no ano de 1923.
Decorria o ano de 1924 quando da inauguração em Dezembro do Campo de Jogos no Restelo no denominado Campo do Pau de Fio.
O casapiano Vasco Jacob introduz o Basquetebol no Sporting Clube de Tomar no ano de 1928, já bem longe da cerca da Casa Pia. Na época de 1935/36 Vasco Jacob organiza as primeiras equipas de Basquetebol feminino no mesmo clube.
É fundada a Federação Portuguesa de Ginástica no ano de 1950.
A Casa Pia agraciou o União de Tomar, o clube mais disciplinado, com o Troféu Ricardo Ornelas na época de 1969/70.
Mais recentemente, a 3 de Julho do ano 2000, foi criado o Centro Cultural Casapiano, com o objectivo de conservar a cultura da instituição, contando com um vasto arquivo histórico na sua biblioteca César da Silva, sobre o desenvolvimento desportivo na instituição Casa Pia."

Tomás Tavares

O Benfica 'confirmou' hoje a subida do jovem talento, ao plantel principal! Não tenho dúvidas no potencial, mas tenho que esperar para ver se o Tomás está preparado para jogar com os graúdos!!!
Este anúncio, 'confirma' o mais que provável empréstimo do Ebuehi, com o Tomás a 'crescer' na sombra do Almeidinhos...
No recente Europeu de sub-19, o Tomás foi provavelmente o nosso melhor jogador, jogando com intensidade, atitude, e qualidade, na direita e na esquerda... mas mesmo assim, acho que neste momento, a 'diferença' para o João Ferreira é pouca...
O João é um lateral mais 'típico', mais vertical, que ataca com velocidade e gosta de ir à linha... O Tomás é diferente: tem toque de bola de 'médio', é alto, joga com a cabeça levantada, é polivalente, pode jogar em todas as posições da defesa, é consistente no 1x1 defensivo e decide bem ofensivamente... sendo que não é jogador para 'insistir' no ataque à linha de fundo!

Como curiosidade. ficamos com três Tavares no plantel principal: o clã Tavares da ilha de Santiago, de  Cabo Verde em 'grande' (onde eu me incluo!)!

PS: A renovação com o Nuno Santos (2024) também foi anunciada hoje. Gosto do Nuno, tem talento, mas muito sinceramente, não me parece que o Nuno tenha potencial para o plantel principal! Para as posições que 'pisa', fisicamente não faz a diferença e o talento que tem, para mim, não é suficientemente diferenciador para ser aposta... Acredito que fará carreira, em equipas, um nível 'abaixo' do Benfica!

Indícios de Desgraça

"Em teoria, um benfiquista deveria andar sorridente, mas (...) tem uma tese bem diferente: "Tudo isto é muito bonito, mas nada de euforias: vocês sabem o que aconteceu da última vez que o Benfica começou o campeonato a ganhar 5-0? Eu não sei, mas de certeza que não foi bom. E ganhar por 5-0 os dois primeiros jogos oficiais, sabem o que isso significa? É o regresso da Besta, o Apocalipse"

Foi com a parcialidade garantida por uma distância de seis mil e quinhentos quilómetros, a humidade baiana e os comentários neutros, porém conhecedores, dos jornalistas brasileiros que assisti, com algumas intermitências, aos jogos da primeira jornada da Liga NOS (ainda é assim que se chama? Há uns anos a designação era alterada constantemente até que eu, perdido no labirinto dos baptismos sucessivos, regressei ao uso da sólida “primeira divisão” – o arcaico tem sempre algo de intemporal). 
Concluí, talvez afectado pela batucada constante, os foguetes no céu de domingo, o latido dos cachorros “vadignos” (pois revelam todos uma grande dignidade na sua vadiagem, mesmo os que apenas dormem encostados aos muros; um deles, a quem eu chamei de Almirante, parou no meio de uma rua movimentada, não tanto a atrapalhar o trânsito como a impor-lhe um novo ritmo), a música do falar baiano e a fala chorosa do chorinho, que o Benfica tem mais motivos de preocupação que os seus adversários.
Vejamos: os adeptos tendem a concentrar-se nos pormenores, como a goleada, outra manita para dizer adeus à concorrência, ou aquele golo de levantar, não o estádio, mas até um cemitério, marcado na Luz mas criado no laboratório de milagres que é o Seixal que levou João Félix a exclamar do seu medonho exílio madrileno que o “Seixal não falha”, revelando talento de propagandista autárquico e, quem sabe, acautelando o futuro. A propósito, têm visto as exibições do rapaz? Que tristeza. Que lástima este hábito português de ostentar o talento em jogos amigáveis, criando falsas expectativas nos adeptos. Que falta de humildade. Em vez de chegar, esperar que o chamassem para a mesa e que lhe dessem a comida à boca, Félix, ignorando todas as regras da cortesia, chegou, sentou-se e começou a comer. Que vergonha nacional!
Bem, tudo isto é muito bonito, mas nada de euforias: vocês sabem o que aconteceu da última vez que o Benfica começou o campeonato a ganhar 5-0? Eu não sei, mas de certeza que não foi bom. E ganhar por 5-0 os dois primeiros jogos oficiais, sabem o que isso significa? É o regresso da Besta, o Apocalipse. Ademais, os indícios de desgraça estão todos lá: no bigodinho de Grimaldo (será que se pode considerar um bigode? Aquilo parece um conjunto de pelos convocados para um encontro mas que não se conhecem de lado nenhum e resolvem ficar bem afastados uns dos outros), no penteado anos 20 de RDT, como se fosse um figurante da Kananga do Japão, no diminutivo Chiquinho (imagino o treinador adversário a receber a notícia de que o Chiquinho vai entrar ou vai ser titular e a cuspir o café, incapaz de suster o riso que um nome mais apropriado a papagaio ou periquito sempre provoca) ou no diletantismo de Ferro. Quando o vejo entrar em campo, com o seu ar Brideshead Revisited, julgo sempre que a indumentária está errada e que devia vestir aquelas roupas brancas de veraneio que a upper class veste nas praias pedregosas com que Deus castigou aquele povo ou nas visitas às mansões com que a aristocracia se vingou do meteorológico e orográfico desprezo divino. 
Além disto, devem os benfiquistas preocupar-se com a quase-paradinha de Pizzi na marcação de penáltis (por falar nisso, o locutor brasileiro ficou extasiado com o gesto técnico de Pizzi. Normalmente, na avaliação da marcação de uma grande penalidade, os elogios vão todos para a eficácia e a técnica só é considerada quando o jogador inventa um “panenka”, mas há muita beleza na precisão de um gesto feito sob a mira da arma) e até com o golo de Vinicius. Vindo do banco, o brasileiro fez o que RDT não tinha feito, semeou a discórdia e não demorará muito até que o balneário do Benfica se transforme num drama renascentista de envenenamentos e punhaladas. 
Porém, a maior preocupação está no enganador estado comatoso exibido por Porto e Sporting neste início de campeonato. Só pode ser uma armadilha montada em conjunto por estes dois velhos ardilosos e dissimulados. Quando menos se esperar, o Sporting de Keizer aparecerá do escuro e ressurgirá como o novo Ajax que o treinador holandês tem vindo a cozinhar com discrição em Alcochete. Para já, aquilo parece o Sacavenense, mas é só para apanhar os adversários desprevenidos.
O caso do Porto é ligeiramente diferente. Com as fichas todas postas na Champions, descurou o primeiro jogo. Ainda para mais havia clima de festa pelo regresso do Gil Vicente à primeira divisão e pelas ruas de Barcelos ainda corriam rios do esfiuzante espumante. A estratégia de Pinto da Costa é simples e passa por imitar o Benfica do ano passado: conseguir a qualificação para a Liga dos Campeões, despedir o treinador a meio da época e encontrar um Bruno Lage caseiro que conduza o clube à reconquista. Uai, se resultou no Benfica porque é que há falhar no Porto?
Para aqueles que acham que o negativismo é exagerado, deixo a pergunta: onde é que anda André Almeida? Pois. Eu até posso acreditar em milagres, mas ganhar um campeonato sem André Almeida? Impossível. Nuvens negras adensam-se no horizonte."

O campeão voltou

"É verdade que, no Campeonato, o que interessa é como acaba e não como começa, mas a defesa do título e esta jornada inaugural iniciaram-se da melhor maneira.
A forte presença de benfiquistas, em ano de vendas recorde de Red Pass, correspondeu às expectativas. Os quase 63 mil nas bancadas constituíram-se como a maior assistência de sempre na primeira jornada realizada neste Estádio da Luz.
Conseguimos uma vitória convincente perante um adversário organizado, difícil e de qualidade, e vimos as estreias, em competições oficiais no Estádio da Luz, dos reforços Raul de Tomas, Chiquinho e Vinícius, além de mais um jogador da formação, Nuno Tavares, coroada com o primeiro golo da equipa neste Campeonato e uma exibição que deixou todos entusiasmados. E vimos também Pizzi chegar aos 50 golos de águia ao peito em competições oficiais.
Para a satisfação ser ainda maior, os deslizes de dois dos nossos principais rivais acentuam a importância da necessidade de total concentração nestes primeiros jogos, isto porque, todas as equipas já apresentam níveis muito elevados num Campeonato que se prevê bastante disputado.
De realçar que, apesar de novo 5-0 (desde 1964/65 que o Benfica não marcava pelo menos 10 golos nos primeiros dois jogos oficiais da temporada), Bruno Lage destacou que naturalmente a equipa ainda não demonstra na plenitude as rotinas com que terminou a época passada, pelo que mais importante se torna a forma incansável com que é visível como todos os jogadores lutam e trabalham em prol da equipa.
Humildade, resiliência nos momentos mais difíceis e apoio incansável dos milhões de sócios e adeptos em cada jogo e estádio onde formos continuará a ser a chave do sucesso para esta longa e muito difícil caminhada.
Agora todo o foco está já virado para o próximo sábado e para a difícil deslocação ao Jamor para o jogo com o Belenenses, SAD. E desde já fazemos um apelo à mobilização de todos os benfiquistas para enchermos aquele estádio histórico, apoiarmos a nossa equipa, darmos corpo, também neste aspecto, ao lema “jogo a jogo” e lutarmos pela revalidação do título que tão difícil e brilhantemente reconquistámos Pelo Benfica.
Uma nota ainda para a entrada a ganhar da nossa equipa B na sempre competitiva II Liga. Mais que a obtenção da vitória, foi importante constatar o enorme talento que continua a brotar do Seixal. Dos 14 jogadores utilizados, quatro têm ainda idade de júnior e três começam agora o seu primeiro ano de sénior. O presente já passa pela formação. O futuro está garantido!

P.S.1: O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjàrtó, marcou presença no Estádio da Luz, assistiu ao triunfo da nossa equipa e homenageou Béla Guttmann e Miklós Fehér. Por razões distintas, Guttmann e Fehér, ambos húngaros, nunca serão esquecidos e terão sempre um lugar na história do Sport Lisboa e Benfica.

P.S.2: Pedro Pichardo, finalmente, representou a seleção nacional de atletismo e a estreia não poderia ser melhor: 1.º lugar no triplo salto do Europeu das Nações, que se realizou na Noruega, contribuindo para o feito inédito do atletismo português, a subida à Superliga do Campeonato da Europa de Nações."

Pierre Boudieu e o desporto

"A obra sociológica de Pierre Bourdieu (1930-2002) é abundante, de uma grande riqueza, intelectualmente estimulante e de uma certa complexidade. Este sociólogo foi levado a falar e a escrever sobre desporto, apresentando mesmo o que poderia ser um “programa” de investigação sobre a sociologia do desporto.
Para este sociólogo francês, o campo das práticas desportivas é o local de lutas simbólicas pelo monopólio da imposição da definição legítima da actividade desportiva: amadorismo contra profissionalismo, desporto-prática contra desporto-espectáculo, desporto distintivo de elite contra desporto popular de massa. O campo das práticas desportivas insere-se também nas lutas pela definição do corpo legítimo e do uso legítimo do corpo, lutas que envolve os treinadores, os dirigentes, os professores de educação física e outros mercadores de bens e serviços desportivos. Neste sentido, opõem-se os moralistas (o clero), os médicos (os higienistas), os educadores, os árbitros da elegância e do gosto, etc. (Bourdieu, 2002).
Segundo esta perspectiva, o desporto abre uma possibilidade quase infinita de lutas simbólicas, às quais as instituições e os grupos sociais vão se “entregar”, não apenas para as vitórias e troféus, mas, de uma forma mais “escondida”, para impor as significações particulares e distintivas ligadas aos gestos desportivos.
Para Bourdieu, a diferenciação social leva à diferenciação desportiva, opondo os “desportos chiques” e os “desportos populares”. Assim, o custo das actividades (a variável económica) não pode ser considerado como a única variável discriminatória para a prática desportiva. De uma forma geral, o desporto para “as classes superiores” é secundário. É uma forma de os círculos sociais, já unidos, se fecharam ainda mais. Se olharmos para o ténis, por exemplo, constata-se que não se procuram os parceiros de jogo pelas suas performances desportivas, mas por serem de determinadas classes sociais, ou às quais se deseja pertencer."

Alto, Hirto, Agudo, Conservador...

"Alto, hirto, agudo, conservador empedernido chamava-se António de Oliveira Salazar. Nasceu, filho de pais camponeses, em 28 de Abril de 1889. Licenciou-se em Direito, na Universidade de Coimbra, com a média de 19 valores, uma classificação de que só desdenham os que não conseguem alcançá-la. Como professor catedrático brilhou e tanto que os militares revoltosos do 28 de Maio de 1926 o escolheram para Ministro das Finanças e, em Julho de 1932, consegue tornar-se chefe do Governo. Em 27 de Abril de 1928, no ato de posse como ministro das Finanças, afirma pausado e persuasivo: “sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses”. Na prática, Salazar sobraçava a pasta das Finanças, mas ficou também com o controlo de todos os atos do Governo que implicassem despesas. Apontou depois o modelo de sociedade que, na sua opinião, devia inspirar o futuro estatuto constitucional do país, rejeitando o regresso à (muito avançada, para ele) Constituição de 1911 e assim, com outros episódios menores à mistura, nasceu uma ditadura dita nacional. No livro Flores do escritor Afonso Cruz, encontrei o seguinte: “Viver não tem nada a ver com isso que as pessoas fazem todos os dias, viver é precisamente o oposto, é aquilo que não fazemos todos os dias”. A frase aplica-se tanto ao homem vulgar, semi-sonolento e adepto interminável de um clube de futebol, como aos políticos, representantes principalmente dos sectores mais conservadores do país, que julgam trágica qualquer mudança, qualquer avanço do processo histórico, mesmo tão-só metafísico ou simbólico. Como Salazar o foi e não o escondeu, com a sua voz melíflua e pegajosa. No meu deambular constante pelos livros, folheei, há pouco, um do António Alçada Baptista, que relata o seguinte, com a graça e a leveza que lhe eram habituais. O livro foi editado pela Presença e tem o nome de A Pesca à linha – algumas memórias. Mas vejamos então o que nos diz o Alçada Baptista:
“Às vezes, gosto de observar papéis velhos. Num destes dias, estive a reler uns papéis que o meu sogro aí deixou. Ele era o engenheiro Nobre Guedes que foi fundador e primeiro Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa. Conta aí que, quando foi do lançamento da Mocidade Portuguesa Feminina, fez um pequeno projecto sobre o que seria a iniciativa, para o Salazar ver e dar o seu concordo. Dizia nesse papel, entre outras coisas, que a mulher moderna devia ser “desenvolta”, que devia praticar desporto, inclusive “natação”. O papel foi ao Salazar e ele riscou as duas palavras “desenvolta” e “natação”. A verdade é que, no seu universo, não cabia a possibilidade de uma instituição pública fomentar isto de a mulher se sentir à vontade no mundo e muito menos a possibilidade de vestir um fato de banho” (p. 132). Mas o desrespeito pela mulher, a sua subordinação obsessiva ao machismo do marido é qualquer coisa de cultural, no nosso país, que lamentavelmente ainda persiste. Durante o salazarismo, era muito difícil ultrapassar o machismo oficial. Pensar era, em Portugal, uma estratégia de não pensar, pois que só podia pensar-se, publicamente, o que a censura permitia. Mas voltemos ao Alçada Baptista: “Eça de Queirós nas Prosas Bárbaras, não hesitou em evocar Proudhon: “La femme ne peut être que ménagère ou courtisane” e a mulher em toda a sua obra é uma consequência glosada dessa asserção. Podemos mesmo dizer que, como interpretação global do fenómeno feminino, a mulher atingiu em Eça de Queirós o seu ponto mais baixo” (p. 142). A Imprensa, de 3 do mês corrente, noticiou a medalha de prata de Isabel Figueira, de 39 anos de idade, nos 50 metros bruços dos Nacionais absolutos, empatada com a Raquel Pereira, do Sport Algés e Dafundo, 21 anos mais nova. Deixo, aqui, um abraço fraterno à Isabel Figueira e ao seu treinador e marido – ambos são um exemplo de que, no desporto, não se justifica a castradora omnipresença masculina.
Também, durante o jogo da última “Supertaça Cândido de Oliveira”, foram muitas as mulheres que descortinei, entre a assistência. Por seu turno, o futebol feminino ganha terreno e praticantes e público, no mundo todo. Enfim, a presença da mulher, no desporto, mormente no futebol, é um sinal de progresso, de uma visão da mulher (e até do homem) que nasce e doutra que morre. Como praticante, ela proclama, mesmo sem o dizer verbalmente, que deixou de ser uma sombra, resignada ao silêncio, ao absentismo que a reduziam eternamente a “dona de casa”. Nos meus tempos de rapaz, postava-me à porta das Salésias, para ver entrar os jogadores que fariam o espetáculo que eu idolatrava: um jogo de futebol! Quando chegavam os jogadores do Belenenses, corria para eles que, já a pensarem no jogo, me afastavam, num gesto amigo, plácido e risonho. AS mulheres e com as audácias de nudez das mulheres de hoje, pareciam perfeitamente insensíveis a um jogo de futebol. Aliás, só nos meus raríssimos passeios ao Estoril as descobria a correr e a saltar, a jogar e a nadar, na areia fulva e coruscante da praia. E a maioria destas “desportistas” da praia do Estoril eram estrangeiras que fugiam à guerra que, nesses anos distantes, afogava em sangue o centro da Europa. O nosso ruralismo, o nosso tradicionalismo, um tempo marcado pela liturgia de algumas cerimónias religiosas – não permitiam às pessoas, designadamente às mulheres, manifestações públicas de alegria que, para o reacionarismo ambiente, ofendessem o decoro e a decência. É evidente que mostrar duas pernas de linhas harmoniosas, na praia, ou no teatro, era um escândalo, uma perigosa diabrura, segundo a ideologia salazarista. Estou certo que, quando se fizer um balanço do pontificado do Papa Francisco, poderá concluir-se que, com este Papa, se aprendeu, na Igreja Católica, a ouvir com mais atenção a mulher, a respeitar mais a mulher, a entrelaçar as mãos com ela, numa aliança de valores e princípios, anunciadores de uma nova civilização.
Os jornais noticiaram, há poucos dias, que a australiana Sailly Pearson, de 32 anos de idade, campeã do mundo de 100 metros barreiras e recordista olímpica desta distância (Londres, 2012), anunciou o fim da carreira, praticamente a um mês dos mundiais do Catar. Emocionada, foi assim o seu discurso, nas redes sociais: “Estou aqui para vos informar que decidi abandonar a minha carreira, no atletismo. Foram 16 longos anos e o meu corpo decidiu agora que era a hora de desistir da prática do atletismo e de seguir em frente, noutra direcção”. E concluiu: “Chegou a hora de pendurar as sapatilhas. O meu corpo já não pode satisfazer as exigências de treinos intensivos e constantes e de alta competição”. A fortaleza psíquica e psicológica da mulher, a sua combatividade, a sua disciplina, a sua capacidade de sacrifício são conhecidas, na História de Portugal. De facto, descortinam-se mulheres heróicas, nas mais belas páginas da nossa História. A padeira de Aljubarrota; o saiote vermelho de Maria da Fonte; a Inês Negra, companheira indefectível do Mestre de Avis, nas suas lutas em defesa da integridade do território nacional – algumas seriam as portuguesas que, neste passo, poderíamos relembrar. O Dr. Júlio Dantas, que não é um historiador, acrescente-se, distingue, entre todas, a Inês Negra, que resgatou Melgaço do domínio castelhano. A Inês, “vinte anos robustos, pequena de corpo, roliça de braços, pele trigueira acobreada do sol, olhos negros e pestanudos, que tinha, mesmo entre os homens, fama de atrevida e de valente” (Eterno Feminino, Companhia Editora Nacional, S. Paulo, 1929, p. 186). Todas as praças da fronteira, no norte do país, já haviam sido conquistadas pelos portugueses. Só Melgaço resistia. O Mestre de Avis, com os seus soldados, apertava o cerco, mas a vitória final parecia trabalho duro e… para muito tempo! D. João I então propôs que duas mulheres, uma de cada um dos exércitos, decidiriam a contenda, numa espécie de luta livre, entre as duas. Se o Dr. Júlio Dantas não se engana, a Inês Negra, na claridade fresca daquele dia minhoto, despachou a sua rival com um arraial de pancadaria. E Melgaço entregou-se, sem resistência, aos portugueses. E termino com o conhecido provérbio italiano: “Si non é vero, é bene trovato”. Entretanto, em Amã, KIfaya foi violada pelo irmão. A família, com o machismo (e a estupidez) radical que por lá campeia, decidiu que a única forma de “limpar a honra” era matá-la. Antes do desporto feminino, há problemas doutra ordem a ter em conta. E que são os fundantes! Uma religião não existe, para tapar os buracos dos nossos interesses mais repugnantes!"

Remontada, logo a abrir...

Benfica B 2 -1 Estoril


Jogo bastante agradável, muito ofensivo (na 1.ª parte massacramos mesmo!)... sendo que acabámos por 'oferecer' espaço ao Estoril para o contra-ataque, mas fomos os justos vencedores!
Entrámos a 'dormir' após o intervalo, mas mesmo a fechar - com alguma sorte! - deu para selar a remontada!!!

Destaco a estreia do Rafael Brito na equipa B. Júnior de 1.º ano, que pode jogar em todas as posições da defesa, mas é como '6' que vai fazer carreira... mais um!!!
O Vinicius sem lesões, ainda pode chegar à A...!!!

O essencial de onze meses de futebol

"No meu caso carrega Benfica! Carrega mesmo! Concretiza os sonhos de cada um de nós. Sabendo sempre que o Benfica nunca perde

1. O pontapé de saída já se multiplicou. E depois da goleada na Supertaça temos de acreditar que vamos viver uma época desportiva com resultados tão inesperados quanto surpreendentes! Em quase todos os estádios, mesmo nos estádios emprestados. Estamos igualmente em plena primeira jornada das duas competições profissionais. E das trinta e seis equipas que participam quinze são acima do Douro! E próximo do Tejo ou abaixo dele apenas catorze! E se olharmos para o Mondego serão vinte e uma acima desse Rio tão emblemático para mim, para os beirões, para Coimbra e para a Figueira da Foz. Que em cada Agosto me faz regressar à infância! Mas esta Liga também acolhe a Madeira e os Açores. Uma Liga NOS, mas do quase encolhida ao Atlântico! E o que constamos é que só o Benfica está envolvido nas três principais competições: Nas duas ligas profissionais (como Benfica B) e na Liga Revelação organizada pela FPF! Já que, nesta prova, o Futebol Cube do Porto não participa! Mas também já vivemos os primeiros jogos das fases de (pré) qualificação para as duas competições europeias. E, hoje mesmo, a Volta regressa ao Porto, e às suas margens, para um final em verdadeira apoteose. Mas centromo-nos no futebol. Neste Agosto temos as três primeiras jornadas e, no seu final, e antes de sabermos quem vai entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões e da Liga Europa, teremos um Benfica - Futebol Clube do Porto. Depois da Supertaça Europeia que para a semana, e com uma arbitragem feminina, se disputará em Istambul. E vivendo a fase final do primeiro e intenso - a todos os níveis... - período de transferências. E com transacções de peso e transferências de largos milhões.

2. Em Setembro, para além do duplo regresso da Selecção Nacional - deslocações à Sérvia e à Lituânia -, viveremos as emoções das primeiras jornadas da Liga dos Campeões e da Liga Europa. Mas importa ter desde já presente que a quarta jornada da Liga ocorre no primeiro dia de Setembro e só teremos futebol doméstico quinze dias depois. É a primeira grande pausa. Mas com Cristiano Ronaldo e Fernando Santos a chamarem, entre tantos nomes ilustres e de referência - mesmo longe -, a nossa atenção.

3. Chega Outubro e com ele a realização de eleições legislativas mas sem que os programas desportivos dos partidos políticos tenham qualquer interesse ou relevância mediática. O que fica para este mês são duas jornadas da fase de grupos da Liga dos Campeões e da Liga Europa e uma nova pausa de quase quinze dias para os compromissos da nossa Selecção rumo à reconquista do Europeu. Com o determinante encontro com a Ucrânia!

4. Novembro pode - deve! - ser o mês do nosso apuramento directo para o singular Europeu 2020! Agora com uma pausa de cerca de dez dias nas competições internas e sempre com uma eliminatória da Taça de Portugal depois dos compromissos da Selecção. Já tinha ocorrido em Outubro e ocorre agora em Novembro com a realização dos jogos da quarta eliminatória da Taça rainha do futebol português.

5. Dezembro é o mês das classificações finais da fase de grupos da Liga dos Campeões e, logo, com os primeiras contas dos valores arrecadados. Que podem ser ou bem estimulantes ou bem perturbantes. Mas é o mês e que haverá, pela primeira vez nos últimos anos, uma justa pausa natalícia. A décima quarta jornada decorre no fim de semana de 14 de Dezembro e a décima quinta apenas a 5 de Janeiro de 2020! E, decerto, já com algumas chicotadas psicológicas ocorridas e com alguns lances polémicos do VAR  a serem vivamente dissecados. Havendo, no entanto, e em termos de jogo jogado - e não do múltiplo e diferenciado jogo falado! -, os oitavos de final da Taça de Portugal e jogos da fase de grupos da renovada e reconhecida Taça da Liga!

6. E entramos no ano Novo. E Janeiro já é o mês da disputa do dito campeão de Inverno, ou seja, e lá para o seu final, o momento da realização das meias-finais e da final da Taça da Liga. Com Braga a ser o centro e o epicentro! Mas antes teremos as emoções de o Sporting a receber o Porto e, poucos dias depois, receber o Benfica! A que acrescem os quartos de final da Taça de Portugal e, também, e naturalmente, o fecho do segundo período de intermediação de jogadores. Que ganhará uma dimensão específica já que estamos em ano de Europeu. E haverá alguns que se querem mostrar aos diferentes seleccionadores. Participar num Europeu é uma montra de efectiva valorização!

7. E chegaremos a Fevereiro. Aos oitavos de final da Liga dos Campeões e aos dezasseis avos de final da Liga Europa. E às meias-finais da Taça de Portugal. E com realização de quatro importantes jornadas da Liga, incluindo a ida do Benfica ao Dragão!

8. Em Março, e para além das jornadas da nossa Liga, e dos oitavos de final da Liga Europa, apenas está programada uma pausa para os play-off  de acesso ao Europeu. Como acredito que já estaremos apurados decerto teremos uma pausa nos finais desse mês de Março.

9. Abril é o mês do principio das grandes decisões. Internas e europeias. No seu final chegarão as meias-finais da Liga dos Campeões e da Liga Europa e teremos cinco importantes jornadas das nosas Ligas.

10. Maio é o mês de todas as finais. A 17 a última jornada com um Benfica - Sporting. Uma semana depois a final da Taça de Portugal. A 27 a final da Liga Europa em Gdansk, na Polónia. Uma marcante cidade e referência na luta pela liberdade. E no dia 30 o regresso a Istambul, e a um bonito estádio para a final da Liga dos Campeões. E, assim, o futebol europeu escolhe Istambul para a Supertaça - na próxima quarta-feira! - e regressa a uma cidade marcante na história da Humanidade do Mediterrâneo mesmo nos finais de Maio de 2020!

11. E, depois das finais de clubes, Junho é o mês do Europeu de 2020. Com um formato especial e visitando diferentes cidades desta grande Europa. O que sabemos é que somos os campeões europeus em título. E o que sei é que estava em Paris, no emblemático Estádio, naquele 10 de Julho de 2016! Vibrei e chorei. Sofri e aplaudi. Abracei e fui abraçado. Beijei e fui beijado. E cantei, a plenos pulmões, a Portuguesa. E esse dia está sempre presente na minha - nossa - memória. E no futebol, como na vida, ter memória é bem importante. Já que ela nos ajuda a olhar o passado, a sentir o presente e a agarrar o futuro! Boa época desportiva 2019/2020! Nestes onze pontos. Já que o onze é o número, a essência, do Futebol!

12. Onze meses! Mas o décimo segundo jogador é fundamental. Ele é a essência da existência. Ele motiva e embala. No meu caso carrega Benfica! Carrega mesmo! Concretiza os sonhos de cada um de nós. Sabendo sempre que o Benfica nunca perde. De vez em quando não ganha! Mas hoje como ontem acreditamos mesmo! Em cada jogo! Em cada mês. E no final e afinal sorrimos!"

Fernando Seara, in A Bola

O céu e as grandes ambições, excelência

"Trabalhar, treinar, esforçar-se? Não, não, nada disso. Estou só a falar de olhar, ver, observar, contemplar, etc.

Céu e ambição
1. - É preciso olhar para o céu na noite escura, ver as estrelas e o seu brilho e ter ambição.
- Isso, que lindo. As estrelas, o céu. Quase me comove, excelência. Se eu tivesse algum jeito para os sentimentos já estaria aqui com o coração a bater.
- Não exagere. Mas sabe, excelência, gosto muito de olhar para o céu e sonhar com vitórias. Abro um buraco e olho para o céu.
- Como?
- Um buraco, para baixo.
- Eu sei que um buraco é para baixo. Mas abre um buraco para olhar para o céu, porquê? Não entendo.
- Devemos descer o mais possível e daí sim, olhar para o céu.
- Porquê, excelência?
- Vou mudar o tom de voz.
- Mude, excelência, mude de tom de voz.
- Aqui vai. Devemos olhar para o que é alto da posição mais modesta possível.
- Bonito. Uma lição. Vou escrever isso aqui no meu bloco.
- Subir para uma torre e daí olhar para o céu, uma hipótese.
- A primeira.
- A primeira. E, no meu entender, hipótese errada.
- Segunda?
- Segunda hipótese: abrir uma cova, um buraco bem fundo, um poço e daí sim: olhar para o céu.
- De um buraco, o céu fica mais alto. É isso, excelência.
- Sim, podemos fazer as contas.
- Vamos a isso.
- Se uma torre tiver cem metros...
- Sim?
- ... E se virmos o céu daí, o céu fica mais baixo cem metros. Isto tendo como referência o nível do mar.
- Exacto. Estou a apontar.
- E se o céu fica mais baixo cem metros podemos ficar com uma ideia errada da grandiosidade do céu.
- Sim, um erro de 100 metros.
- Não é um erro gigante, mas é um erro.
- Já se vossa excelência vir o céu de um poço de dez metros...
- Dez metros.
- O céu fica mais alto...
- Mais alto 10 metros.
- Exactamente.
- Portanto, a questão é esta: Vossa excelência, quer engrandecer o céu ou tirar-lhe força? É esta a questão.
- Ok.
- Portanto, como dizia a vossa excelência: gosto muito de olhar para o céu e sonhar com vitórias. Abro um buraco e olho para o céu.
- Modéstia: abrir um buraco. Ver de baixo.
- Isso.
- E grandes sonhos: olhar para o céu, para o longínquo.
- Isso mesmo.
- Modéstia e grandes vontades.
- E já começou a trabalhar para alcançar essas grandes vitórias com que sonha quando olha para o céu?
- Trabalhar? Não entendo. Como?
- Trabalhar, treinar, esforçar-se?
- Não, não, nada disso. Estou só a falar de olhar, ver, observar, contemplar, etc.
- Então, excelência? Só olha para o céu? E o resto?
- Penso que houve um mal-entendido.
- Sim?
- Sabe qual é o meu lema, excelência? Vou esclarecê-lo.
- Diga. Estou em pulgas.
- Quer ouvir o meu lema de vida?
- Diga, diga!
- Pois bem, é este: a noite é para dormir, o dia para descansar.
- Como?

A noite e o dia
2. - Que bela expressão!
- A noite é para dormir, o dia para descansar.
- Sim, temos de ser implacáveis.
- Mal acordo começo a logo descansar.
- Sem pausas?
- Sem pausas.
- Abro os olhos e Zás.
- Zás? Zás não é demasiado abrupto, excelência?
- Pois. Não é bem zás. É mais ziuuuuuuuu, assim baixinho.
- Vossa excelência acorda e ziiuuuuuu, começa logo a descansar.
- Sim, exacto. Uma transição brusca mas controlada.
- Com os olhos abertos?
- Semicerrados. Para ver a realidade a metade.
- Metade?
- O dia está à minha frente e eu vejo mais ou menos metade do dia. Fico com os olhos assim, semicerrados.
- Estou a ver, excelência.
- Descansar não é dormir.
- Claro que não. Nada disso.
- A noite é para dormir, o dia para descansar... Por vezes acordo mesmo com uma raiva enorme para descansar.
- Raiva?
- Uma raiva mansa, eu diria, uma raivinha.
- Sim, não exageremos, excelência.
- Mas para mim é claro, sempre foi um ponto de honra: ou fazemos as coisas com vontade ou não fazemos.
- Canalizar, portanto, a vontade do homem para essa actividade de baixo esforço que é o descanso.
- Sim, enquanto a noite não chega.
- Descansar até dormir.
- E dormir até acordar para descansar.
- Uma vida repleta.
- Sim, excelência.

O céu, de novo
3. Ou seja, quando vossa excelência olha para o céu, afinal não vê conquistas futuras...
- Não. Nada... Na verdade, agora já posso ser verdadeiro consigo: quando olho para o céu, de noite fico com sono, e de dia fico cansado.
- Entendo, excelência, entendo perfeitamente."

Gonçalo M. Tavares, in A Bola

Diferenças à vista

"Um jogo de campeonato é uma gota de água na temporada e há diversos exemplos recentes de cambalhotas no futebol português que exigem ponderação em análises tão prévias. Mas as primeiras imagens deixadas por Benfica e FC Porto, os dois maiores candidatos à conquista do título, não podiam ser mais distantes. Os resultados acabam por espelhar o que se passou na Luz e em Barcelos, mas o que realmente distingue as equipas nesta altura é toda a dinâmica de processos que apresentam.
Apesar das oportunidades que desperdiçou em casa do Gil Vicente, o FC Porto poucas vezes conseguiu ligar o seu jogo, procurando o resultado pela lei da força e da insistência. Os dragões jogam com poucos futebolistas criativos e insistem em bolas longas à procura da velocidade e capacidade de choque dos homens da frente. Pouco depois, o Benfica não precisou de uma exibição de gala para passar por cima do Paços de Ferreira. Além de contar com vários jogadores de grande qualidade técnica na zona de criação, Bruno Lage criou rotinas fortíssimas, como se vê, por exemplo, na reacção à perda e na velocidade das transições.
Hoje, será a vez do Sporting entrar em campo. Para os leões, a habitualmente difícil deslocação à Madeira pode ser uma oportunidade para começar a esquecer a goleada da Supertaça. Mas o risco está à espreita."

Branqueamento de capitais

"Em Março deste ano, a Comissão Europeia publicou um estudo sobre a corrupção no Desporto nos Estados-Membros da União Europeia (UE), onde era assinalado que a falta de transparência leva a que a indústria do desporto seja um campo fértil para que actividades corruptas como a lavagem de dinheiro ou a evasão fiscal ocorram.
Neste seguimento, no final de Julho, a Comissão voltou a publicar um relatório, desta vez sobre branqueamento de capitais. O futebol é um dos sete novos «produtos ou serviços» (assim são designados no Relatório) incluídos na lista de 47 sectores mais susceptíveis a actividades de branqueamento de capitais na União Europeia, juntamente com os freeports, esquemas como os Vistos Gold, a Fin Tech ou carteiras de criptomoedas. Da análise da Comissão, resulta que factores como a organização complexa do futebol profissional e a sua falta de transparência, bem como as quantias avultadas de dinheiro que estão a ser investidas neste desporto sem aparente retorno financeiro explicável, criam um terreno fértil para o uso de recursos ilegais e, assim, vulneráveis a operações de branqueamento de capitais ou financiamento de terrorismo.
A Comissão elabora, por fim, recomendações de actuação direccionadas aos Estados-membros, segundo as quais estes devem averiguar quem deve ser abrangido pela obrigação de comunicar transacções suspeitas e que requisitos devem ser aplicadas ao registo e controlo da origem dos titulares de contas e dos beneficiários finais do dinheiro.
Em Portugal, não só temos legislação em trata deste tema, bem como várias iniciativas e mecanismos de reporte criadas ao nível federativo que visam combater este fenómeno."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Não importa como começa, mas...

"Diz o povo, na sua imensa sabedoria quase sempre assente na experiência, que isto não é como começa mas como acaba. E tem razão. Aliás, a última época mostrou até que isto não é sequer como chega a meio. Ainda assim, não deixa de ser verdade que mais vale, sempre, começar bem do que começar mal. E, por isso, não pode deixar de dizer-se que deu ontem (ou voltou a dar, tendo em conta aquilo que fizera há uma semana, na Supertaça) o Benfica um enorme sinal de força, daquelas que devem motivar preocupação nos adversários. É verdade que não fez a águia uma exibição de encher o olho. Longe disso. E muito longe daquilo que já a vimos fazer com Bruno Lage. Aliás, convém até referir que só depois de o Paços de Ferreira ficar reduzido a dez conseguiram os encarnados cavalgar para outra goleada. Mas, ainda assim, mostrou o Benfica voltar com o mesmo ADN que ganhou depois da chegada de Bruno Lage: uma equipa que não poupa os adversários, uma equipa disposta a sempre mais, incapaz até de desacelerar quando as cosias estão resolvidas. É cedo para euforias, é verdade, mas dez golos marcados e zero sofridos em dois jogos.. podem os adeptos não ficar um bocadinho eufóricos?
Ainda para mais quando tinham visto, pouco antes, o FC Porto implodir em Barcelos, frente a uma equipa promovida (e logo dois escalões...) esta época. Muito mérito do Gil Vicente e de Vítor Oliveira, sim, mas também, como frisou Conceição, muitas culpas dos dragões, que parecem incapazes de disfarçar, este ano, lacunas que lhe eram apontadas há alguns meses. Foi só, mesmo, um mau começo?"

Ricardo Quaresma, in A Bola

Um Benfica com identidade

"Foi um jogo interessante com dois momentos que justificaram o resultado pesado para o Paços

Penalizador para o Paços
1. Foi um jogo muito interessante, com um resultado que demonstra a superioridade do Benfica, mas penalizador para a atitude do Paços de Ferreira. No fundo, assistimos a um Benfica muito dinâmico, com mais bola, iniciativa ofensiva, contra uma atitude positiva do Paços que tentou sempre chegar à baliza adversária.

O golo e a expulsão
2. Houve dois momentos decisivos para o resultado na Luz: o grande pontapé de Nuno Tavares. Mérito dele e dos seus colegas, pois não é fácil entrar numa equipa da dimensão do Benfica, com todo o seu grau de exigência; por fim, e não menos importante, a expulsão de Bernardo Martins. À margem desses dois momentos, houve um Benfica com excelente controlo da profundidade defensiva, perante um adversário que conseguiu reduzir espaços e impedir o excelente jogo interior encarnado. O Paços mostrou ter chegado à Luz com um plano bem claro de jogo. O resultado pesado justifica-se, sobretudo, pela superioridade numérica do Benfica. Porém, nota para a coragem do treinador pacense por colocar jovens em campo, mesmo estando a perder, e também para o Benfica e para o seu projecto desportivo assente na qualidade da sua formação. Penso que houve mérito de parte a parte num jogo que foi interessante em grande parte do tempo.

Bem diferente da Supertaça
3. Podemos olhar para este jogo, até porque o resultado foi igual, à recente vitória do Benfica na Supertaça. Porém, cada jogo é diferente. Neste caso, aliás, penso que igual terá sido apenas o resultado. Tratou-se, obviamente, de uma abordagem diferente, dinâmicas bem distintas, é impossível fazer comparações. Há algo que, convém sublinhar, pois é evidente neste momento inicial da temporada: nota-se um Benfica muito forte na recuperação de bola, em tentar reduzir ao máximo as dinâmicas do adversário, a atacar e defender de forma compacta, com uma identidade e ideia de jogo bem vincada. Mais do que olhar para a motivação da conquista da Supertaça, dessa confiança, é o traço de identidade que existe. Creio, aliás, que o Benfica será quase sempre assim durante a época. Com estas qualidades.

Mais uma vez... Pizzi
4. É igualmente impossível não destacar o homem do jogo, novamente Pizzi. Voltou a demonstrar que pode jogar como ala tão bem como partindo da sua posição. Mas, mais importante que isso, é a qualidade na sua tomada de decisão. Consegue não só retirar o ritmo de jogo quando é necessário, como fazer o inverso com igual mestria. Depois, nota para o entendimento perfeito que vai fazendo com os restantes colegas de equipa, imprimindo dinâmicas, colocando, quase sempre, um ritmo elevado e que deixa os adversários em dificuldades. Mesmo estando numa fase inicial da temporada, o excelente entendimento demonstrado com Nuno Tavares é algo assinalável e... decisivo, como foi o caso de ontem."

João Carlos Pereira, in A Bola

SL Benfica - FC Paços de Ferreira

"Mais uma vitória por 5-0. O Paços de Ferreira apresentou-se num 4-2-3-1, defendendo sempre na primeira parte com nove homens num bloco muito fechado, sem dar muitos espaços. O Benfica entrou com o mesmo onze do jogo da Supertaça, excepto a troca entra Samaris e Gabriel. Tivemos algumas dificuldades em chegar à baliza pacense na primeira parte. O talento individual e os erros da Paços permitiram chegar em vantagem ao intervalo. Na segunda parte, após a expulsão de Bernardo Martins o jogo muda. Há mais espaço e o Benfica acabou por chegar à goleada. Umas notas sobre o jogo.
1. Nuno Tavares. O melhor em campo. Continua a ter os problemas naturais que um canhoto teria a jogar no lado direito, mas hoje soube as vantagens que também existem. Desatou o nulo do marcador ao puxar a bola para dentro e rematar com o pé esquerdo. A defesa do Paços deu-lhe demasiado espaço. O Nuno está também no início da jogada do terceiro golo, ainda faz a assistência para o Pizzi no quarto e para o Carlos Vinícius no quinto. Uma estreia de sonho.
2. Pizzi. Tanto ele como o Rafa tiveram um dia um pouco mais complicado do que no jogo com o Sporting. O Paços nunca deu muito espaço. O Pizzi acaba por estar melhor. Assistiu Nuno Tavares no primeiro golo, marcou o segundo de penalty e ainda marcou o quarto.
3. Florentino Luís. Não faz fintas, não remata, não se mete em grandes invenções, mas recupera inúmeras bolas, raramente falha um passe, algumas vezes até cria desequilíbrios com um passe, é muito solidário com a equipa, tem sempre uma grande reacção à perda da bola. Discreto mas eficaz. 
4. Ferro e Rúben Dias. Dia muito bom dos dois. O Paços tentou várias vezes sair para o contra-ataque e algumas até conseguiu, mas nunca criaram grandes problemas ao Odysseas graças aos dois centrais.
5. Odysseas Vlachodimos. Não teve muito trabalho, mas não foi um dia positivo na minha opinião. O Paços conseguiu marcar um golo que depois foi anulado por fora de jogo, mas onde a abordagem do grego na saída da baliza foi bastante má. É preciso mais concentração.
6. Haris Seferovic. Não esteve extraordinário, mas não se pode ter sempre grandes dias. Teve nos pés três-quatro boas oportunidades, acabou por concretizar apenas uma. Dias melhores virão.
7. Chiquinho. Foi o primeiro a saltar do banco. Entrou para jogar atrás de Seferovic e numa altura que o Benfica já está em superioridade numérica. Aproveitou o desequilíbrio de Nuno Tavares na ala para se desmarcar e trocar as voltas à defesa do Paços, assistindo o Seferovic que só teve que encostar.
8. Carlos Vinícius. Num cruzamento rasteiro perfeito de Nuno Tavares, Vinícius estreou-se a marcar. Só teve que encostar.
9. Raul de Tomas. É um craque absurdo. Ainda não marcou, mas anda a ajudar bastante a equipa a jogar.
Não foi um jogo extraordinário, mas o talento individual abriu um bloco defensivo do Paços muito fechado e a expulsão acabou com o resto. Bom início de época e a melhor parte é que há espaço para a equipa crescer ainda mais porque a máquina pode estar melhor oleada. Esta equipa pode fazer grandes coisas este ano."