domingo, 28 de julho de 2019

O novo Benfica mantém-se fiel à fórmula (de Lage) do sucesso

"O Benfica defronta este domingo o AC Milan (20h, SportTV1), em mais um jogo de pré-época em que será consolidada a ideia de Bruno Lage para 2019/20 - e em equipa que ganha não se mexe, (...) 

Chegou, viu e venceu. Foi assim a estreia de Bruno Lage como treinador do Benfica. Não teve oportunidade de fazer pré-época – Rui Vitória foi o treinador que começou 2018/19 -, mas nem por isso deixou de implementar de forma rápida as suas ideias, e de colocar o Benfica a jogar à sua maneira.
Agora, com oportunidade de fazer a pré-época e de limar o plantel segundo as suas ideias, não se espera menos do que um Benfica igualmente forte, e os jogos de preparação têm demonstrado isso mesmo.

Um Benfica Fiel à Fórmula do Sucesso da Época Passada
Em equipa que ganha não se mexe, não é assim? O Benfica de Bruno Lage continua a ser igual ao da época passada, desde logo a começar pela estrutura posicional com que se apresenta em campo.
No habitual 4-4-2, o duplo pivô de meio-campo, que agora tem Gabriel de regresso (terminou a época passada lesionado), mantém o mesmo posicionamento. Tanto Gabriel como Samaris ou Florentino, aparecem sempre posicionados em cobertura, ou seja, fora do bloco defensivo adversário. Fundamentais na circulação de bola e decisivos no momento da transição defensiva.
Com o regresso de Gabriel à equipa, o Benfica volta a ganhar capacidade no passe longo, muito utilizado na variação do centro de jogo.
Em ataque posicional, os extremos (Rafa e Pizzi são os titulares) continuam a aparecer muito em zonas interiores - movimentando-se nas costas dos médios adversários - com o objectivo de receber a bola apenas com a linha defensiva pela frente.
Neste momento, a largura fica a cabo dos defesas laterais, principalmente de Grimaldo, pela qualidade que oferece no momento ofensivo.
Na frente, independentemente de qual a dupla de avançados escolhida por Bruno Lage, o Benfica tem demonstrado ser uma equipa muito forte a atacar a profundidade.
Quando conseguem ligar o jogo pelo corredor central, os movimentos de apoio e rutura são uma constante.
No momento defensivo, tudo igual. O Benfica continua a posicionar-se em 4-4-2, com os dois avançados na primeira linha de pressão e com Pizzi e Rafa a juntarem-se a Gabriel e Florentino na linha média.
Com Florentino e Gabriel, o Benfica é também uma equipa que reage muito rápido à perda da bola. 
Além do posicionamento em cobertura, ou seja, sempre atrás da linha da bola, são dois médios com grande capacidade física e que muito rapidamente encostam nas linhas de passe curtas do adversário, na zona da bola.
Depois dos muitos milhões encaixados com a venda de Félix, o Benfica continua a construir o seu plantel de modo a garantir condições para lutar por todas as competições internas, e neste momento, qualidade é algo que não falta no plantel encarnado, principalmente no meio-campo e ataque. 

Baliza
Apesar de ter contratado Vlachodimos Odysseas na época passada, e do grego ter sido titular a época toda, o Benfica procura reforçar a sua baliza. Perin, da Juventus, esteve a um pequeno passo de se tornar o novo número um da baliza encarnada, mas os problemas físicos impossibilitaram a sua contratação. Os jovens Mile Svilar e Ivan Zlobin são neste momento os concorrentes de Odysseas, mas esta situação pode mudar rapidamente se um novo guarda-redes for contratado.

Defesa
Se há sector onde não há dúvidas nenhumas sobre quais serão os titulares, esse sector é a defesa. André Almeida e Grimaldo têm o lugar garantido nos corredores laterais, eles que o ano passado foram determinantes a nível ofensivo (muitas assistências para golo).
No que diz respeito à concorrência, o Benfica conta com Tyronne Ebuehi – não parece muito contar para Bruno Lage, depois do regresso por lesão prolongada – e os jovens Nuno Tavares (apesar de ser canhoto, tem jogado como lateral direito na ausência de André Almeida) e João Ferreira, pelo que é possível que o Benfica ainda vá ao mercado para contratar um defesa lateral.
No eixo central da defesa, Rúben Dias e Ferro serão os titulares indiscutíveis, com o último a ser o mais importante no momento da construção, pela qualidade de passe com que liga o jogo. Jardel e Conti surgem como suplentes, e o lote de centrais parece fechado.

Meio-Campo
O meio-campo do Benfica permanece praticamente o mesmo da época passada, e soluções de qualidade é algo que não falta Bruno Lage.
Para o duplo pivô, Gabriel parte como número um, até pela qualidade de passe que oferece em zonas de construção. Florentino, Samaris e Gedson competem pelo outro lugar, sendo que o primeiro parece levar vantagem neste momento. Há ainda Fejsa, embora sem a importância de outras épocas, e Adel Taarabt, que tem demonstrado durante a pré época que pode ser uma excelente opção para o meio, pela qualidade com que liga a construção com a criação através do passe.
Nos corredores laterais, à imagem do que aconteceu na época passada, Rafa e Pizzi serão os titulares. Os internacionais portugueses são fundamentais em zonas de criação: Rafa mais forte em condução e Pizzi no passe. Os dois juntos representam ainda muitos golos e muitas assistências durante a época. 
Os reforços Chiquinho – acrescenta qualidade técnica, criatividade e critério – e Caio Lucas surgem como principais alternativas nos corredores laterais, uma vez que Cervi e Zivkovic parecem ser os últimos nas opções de Bruno Lage, não sendo certo que permaneçam no plantel.

Ataque
Depois da maior venda da história do futebol português – €126 milhões foi quanto João Félix custou ao Atlético de Madrid – e de Jonas ter terminado a carreira, o Benfica perdeu classe na frente de ataque, mas nem por isso deixa de ter um ataque muitíssimo forte.
As contratações de Carlos Vinícius e Raúl de Tomás acrescentam muita qualidade ao ataque encarnado, uma vez que são dois avançados muito fortes fisicamente, com capacidade para explorar a profundidade e com qualidade no momento da finalização.
Jota, que também pode jogar como extremo, tem sido testado a segundo avançado, e poderá ser uma mais-valia nessa posição, pela qualidade técnica e velocidade de execução que apresenta.
Há ainda Seferovic (melhor marcador do campeonato passado) e Jhonder Cádiz, ex-Setúbal, pelo que o ataque do Benfica não deverá sofrer mais alterações até final do mercado de transferências."

Quem irá receber o testemunho no balneário?

"No último ano, Luisão, Jonas e Salvio saíram do Benfica. Três jogadores que, além daquilo que deram ao clube dentro das quatro linhas nos últimos anos, tinham também um enorme peso no balneário. As suas saídas irão logicamente implicar que apareçam novas referências no clube fora e dentro das quatro linhas e que sejam capazes de assumir os lugares deixados pelos três jogadores referidos acima.
Na minha opinião, um dos factores que levou o Benfica a construir a sua hegemonia, conquistando cinco dos últimos seis campeonatos, foi o espírito que houve no balneário, que sempre mostrou uma equipa unida como uma família e que foi capaz de superar todas as adversidades.
Logo, quando há um rombo destes no balneário, é normal que a equipa se ressinta. No entanto, há uma coisa que não pode ser esquecida: ao longo de 115 anos, foram muitos os jogadores que entraram na história do SL Benfica e o clube permaneceu sempre grande depois da saída deles. E que de todos esses jogadores, apenas um tem uma estátua à porta do estádio: Eusébio.
Felizmente, o Benfica ainda tem muitos jogadores no plantel com vários anos de casa e que têm condições de assumirem estes lugares. Apesar da possível saída de Fejsa, existem ainda jogadores como André Almeida, Samaris, Pizzi, Rafa, sem esquecer o capitão Jardel que já está há nove anos no Benfica e ergueu o último troféu de campeão.
Luisão, Jonas e Salvio fazem parte da história do Benfica, mas o balneário continua a estar bem servido com vários jogadores que têm condições para assumirem os seus lugares e liderarem o balneário. Quem poderá continuar o legado e ser considerado como a próxima referência no balneário do SL Benfica?"