quinta-feira, 25 de julho de 2019

(...) viu o heat map de Gabriel a formar um 3 e um 8 e Rafael Alexandre já semeia o pânico rumo aos quartos de final da Champions

"Zlobin
Sejamos realistas. Não sei se é suposto um terceiro guarda-redes chegar àquele remate do Vlahovic. 

Nuno Tavares
Alguns cruzamentos venenosos, entendimento razoável com Pizzi e companhia quando descaíam na direita e maior agressividade em duelos directos. Ainda assim, percebe-se que é tão lateral direito como o Karadas era futebolista. Aliás, se dúvidas restassem bastou observar uma investida sua pela esquerda num contra-ataque durante a primeira parte. Mais do que procurar a baliza adversária, Nuno Tavares parecia um individuo em fuga de um estabelecimento prisional.

Rúben Dias
Nem tanto ao mar nem tanto à terra, amigo. Depois de ser comido de forma inexplicável num lance em que só faltou pedir um autógrafo ao jovem Vlahovic, Rúben Dias aproveitou a primeira oportunidade que teve para se redimir e, naquele registo de jovem impetuoso que não sabe exactamente como pedir desculpa, atropelou o avançado sérvio da Fiorentina num lance que podia ter resultado em expulsão. Se o 38 depender disso, e depende, todos preferimos esta segunda versão do Rúben, mas convém não abusar da sorte.

Ferro
A defesa benfiquista é uma espécie de 2 em 1: Rúben é o champô, Ferro é o amaciador. O problema é quando o champô acaba e achamos que vamos resolver o problema.

Grimaldo
O problema de ver um jogo da pré-época num link da net é que às vezes o Grimaldo parece o Yuri Ribeiro.

Florentino
umas semanas apareceu num conteúdo das redes sociais do Benfica de mochila às costas como se fosse o rosto de uma campanha publicitária de regresso às aulas. Passaria facilmente por estudante de liceu. Desta vez protagonizou, a espaços, um daqueles anúncios de margarina em que esta derrete ao mero contacto com a faca, tal foi a facilidade com que os italianos progrediram pelo centro do terreno. Talvez fosse mais paciente com o rapaz se não visse um belíssimo pedaço de queijo feta sentado no banco.

Gabriel
Excelente enquanto aguentou fisicamente a construção ofensiva e grande parte do trabalho defensivo. Não tive oportunidade de confirmar, mas o heat map de Gabriel deve ter formado um 3 e um 8.

Pizzi
Ainda a engrenar, mas que isso não impeça os haters. Imaginem a quantidade de gente que se manteve acordada pela madrugada dentro para poder criticar injustamente o maestro que nos conduziu ao 37º título nacional. Tenham cuidado que isso faz mal ao fígado. Façam antes assim: deixem o homem em paz, que ainda nos vai dar muitas alegrias, que, aliás, é praticamente a única coisa que nos tem dado desde que chegou.

Rafa
Enquanto a nação benfiquista debate as necessidades do plantel e suspira por um segundo avançado, Rafa vai explicando que talvez isso não seja necessário. Bastou-me o carrossel dos minutos iniciais para perceber isso. Aliás, se perguntarem aos estafados jogadores da Fiorentina, eles dir-vos-ão que o Benfica já tem as soluções ofensivas de que precisa para conquistar o 38 e chegar aos quartos de final da Champions, para em seguida pedirem oxigénio ao seu departamento médico. Rafael Alexandre, caros amigos. Em transição ofensiva é um filme de terror; em ataque posicional, um thriller psicológico. A verticalidade apresentada ao longo do jogo e de toda a pré-época, devidamente apoiada por Pizzi, Sef e RDT, já vai semeando o pânico necessário, criando espaço para outros colegas aparecerem em zona de finalização e tem tudo para resultar em duas dúzias de golos do nosso miúdo.

RDT
Continua a conhecer os cantos à casa, mas este toureiro não engana. As recepções dirigidas, a facilidade de remate, a inteligência já demonstrada a combinar com colegas, a tripla formada com Sef e Rafa em vários momentos, e uma postura que não conhece variações emocionais, apesar do olhar assassino. São só apontamentos iniciais e muitos detalhes que não trouxeram ainda vitórias importantes ou troféus, mas Raul de Tomás é a melhor aproximação que temos neste plantel ao toque de bola de inteligência de um Jonas. Ou seja, para já é exactamente aquilo que precisávamos de ver. 

Seferovic
Ainda não ouvimos Barry White quando Seferovic combina com RDT, mas bastaram uns minutos para a dupla-de-avançados-que-supostamente-não-funcionam-juntos colocar o Benfica na frente. E não foi a única oportunidade que criaram. Ora tomem.

Svilar
dois tipos de jogadores: os que nos fazem ficar acordados até às 3 da manhã para ver um jogo de pré-época e os que nos fazem acordar cedo e procurar um link com o jogo completo. Svilar é um destes últimos.

Fejsa
Nunca é bom quando Fejsa parece melhor fisicamente do que Florentino.

Taarabt
É raro o lance conduzido por Taarabt em que não progredimos no terreno em condições de criar perigo. E faz tudo com uma sobriedade só a alcance de um grande talento ou de um alcoólico em recuperação.

Chiquinho
Não contei os toques na bola, mas foram suficientes para criar o lance que nos deu a vitória.

Caio Lucas
Apesar do golaço, continuo a ver apontamentos estéticos que aconselham prudência. Ele que decida mais meia dúzia de jogos e logo vemos.

Jota
Poucos minutos, esforçado mas discreto, como se quer num jogador que ainda não aceitou a proposta de renovação que lhe foi apresentada."

Vitória à prova da bala de Caio!

"O SL Benfica continua a vencer e a convencer na pré-época. Na madrugada desta quinta-feira, os encarnados somaram mais uma vitória no segundo jogo da International Champions Cup frente à ACF Fiorentina por 2-1. Na Red Bull Arena em Harrison, Nova Jérsia, num jogo particularmente especial para Rui Costa, Seferovic (9’) e Caio Lucas (90+3’) marcaram os golos das águias, enquanto Vlahovic (29’) apontou o tento solitário dos violas.
Tudo correu bem do ponto de vista das dinâmicas de jogo, apesar de ser preciso sofrer até ao fim para vencer e somar mais três pontos na competição. A equipa entrou a pressionar alto e com intensidade atípica de pré-época, mas continuou a mostrar fragilidades defensivas, que permitiram aos italianos explorar espaço ofensivo e até chegar ao golo, que nasceu precisamente de um desentendimento no sector mais recuado do terreno.
Caio Lucas foi a grande figura, na medida em que entrou a 10 minutos do fim e resolveu o jogo que se preparava para ir a prolongamento. Mas não foi o único destaque a reter. A nova dupla Raul de Tomas/Seferovic voltou a estar sintonizada e a criar mossa no clube adversário. Desta vez, foi o espanhol que assistiu o suíço para o primeiro golo. Por outro lado, Chiquinho continuou a mostrar uma grande forma e cada vez mais se está a tornar um caso sério nas águias.
Entre os pontos fracos, Svilar não esteve bem entre os postes, ao facilitar por duas ocasiões no retomar da segunda parte, altura em que substituiu Zlobin. À medida que o mercado avança, é urgente contratar uma guarda-redes que, mesmo não sendo titular, possa ser um suplente que dê garantias. De momento, Svilar não tem esse perfil, pelo que deverá ser emprestado. Zlobin fez uma primeira parte competente e precisa de mais minutos para poder ser uma alternativa séria a Vlachodimos. Nesse aspecto, todos os dias surgem novos nomes para a baliza: Robin Olsen (Roma) e Simon Mignolet (Liverpool) são os mais recentes. Mas como nada está confirmado e não passam de rumores, não podemos contar de verdade com qualquer uma destas opções.
Acima de tudo, este foi mais um bom ensaio para a turma de Bruno Lage, que finaliza a passagem pelos Estados Unidos no próximo domingo com o último encontro na International Champions Cup frente ao AC Milan. Com duas vitórias, os encarnados somam seis pontos e estão no segundo posto, apenas atrás do Arsenal FC com sete.
Porém, o foco continua a ser o arranque da época na Supertaça frente ao Sporting CP, que se disputa no domingo, 4 de Agosto, no Algarve. Com os últimos jogos de preparação, Bruno Lage tem mostrado mais certezas no que toca ao onze-tipo para 2019/2020. Raul de Tomas e Seferovic são a dupla de serviço no ataque e é provável que joguem frente ao Sporting. Na defesa, nada se altera. Se André Almeida continuar lesionado, Nuno Tavares assumirá o lugar de lateral-direito. No meio-campo, Samaris e Gabriel voltarão a fazer dupla, tal como Pizzi e Rafa Silva. Chiquinho, Caio Lucas e Florentino são fortes candidatos a entrar no decorrer da partida.
Com base nos últimos jogos e nas opções disponíveis, aqui fica a aposta para o primeiro onze oficial da época (frente ao Sporting):
Vlachodimos; Nuno Tavares, Rúben Dias, Ferro e Grimaldo; Pizzi, Samaris, Gabriel e Rafa Silva; Seferovic e Raul de Tomas"

O Bom, o Mau, o Herói e o Vilão do Fiorentina - Benfica

"O Benfica bateu a Fiorentina por 2-1, num jogo em que foi quase sempre superior ao adversário, conquistando assim o segundo triunfo nesta International Cup. (...)

O Bom
Começo pelo jogo, que foi realmente bom apesar do contexto: um Fiorentina - Benfica de pré-época, com várias substituições de cada lado. Dito isto, e indo ao que interessa, o Benfica jogou quase sempre com uma ideia fundamental na cabeça, a saber, a pressão intensa e o roubo da bola lá à frente, tentando apertar a saída da Fiorentina desde o primeiro instante para depois procurar a baliza adversária.
Foi assim na primeira-parte e foi assim também na segunda-parte, uma autêntica correria nem sempre eficaz, mas vistosa e corajosa. Com mais bola, mais assertivo e mais apoiado, o Benfica foi superior à Fiorentina na maioria dos minutos jogados, liderando a generalidade dos parâmetros medíveis. 
Quanto ao 4x4x2, com RDT e Seferovic, digamos que a coisa parece mais afinada e o golo do suíço a passe do espanhol é disso exemplo. Apesar, claro, de nenhum dos dois ser obviamente Jonas ou João Félix, sendo que a velocidade e qualidade de Rafa serviram para disfarçar a ausência de um verdadeiro pensador.

O Mau
Lá está: jogar em cima do adversário requer uma coordenação absoluta para a conveniente ocupação dos espaços. Em algumas situações, o Benfica deixou-se surpreender em contra-ataque ou transições rápidas pelo meio do terreno.
Fica, também, a ideia de que com Gabriel e Florentino Luís, com o brasileiro ligeiramente à frente do português, o Benfica perde por não estar um stopper clássico: o jovem Florentino continua a ter um botão on-off demasiado sensível e Gabriel não é especialmente rápido a recuperar no terreno.

O Herói
Era improvável que a escolha caísse em Caio Lucas, mas quando um tipo entra para marcar o golo que dá a vitória que evita a chatice das grandes penalidades num jogo de pré-época, só há uma saída possível: o herói. Caio recebeu uma bola de Chiquinho e chutou com violência para o golo que fechou as contas.
Agora, claro, "é fazer o melhor possível para tentar a ajudar a equipa no próximo jogo", disse ele.

O Vilão
O falhanço de Marco Benassi foi espectacular, pois acertou em nada com a baliza completamente à sua mercê, após um remate de Vlahovic ao poste.

P.S: Ver o filho de Chiesa e o filho de Simeone é uma viagem ao passado."

PS demarcar-se das declarações da Eurodeputada sobre o Benfica

"O Partido Socialista demarcou-se das declarações da ex-eurodeputada Ana Gomes sobre o Benfica. 

Em resposta a uma carta remetida no dia 11 de Julho por Luís Filipe Vieira, em que o Presidente do Clube perguntava ao PS se este se revia num conjunto de afirmações de Ana Gomes sobre a recente transferência de João Félix do SL Benfica para o Atlético de Madrid, o líder da bancada parlamentar do partido foi inequívoco na demarcação.
"Na posse da sua carta de 11 de Julho, relacionada com as declarações proferidas pela Dra. Ana Gomes, a qual desempenhou funções de Deputada no Parlamento Europeu, compete-me transmitir-lhe que o Partido Socialista não tomou qualquer 'posição institucional' sobre o assunto objecto dessas afirmações", esclareceu, por escrito, Carlos César.
"Assim, as opiniões da Dra. Ana Gomes reflectem apenas uma posição própria e pessoal que, tal como em muitos outros casos, não vincula o Partido Socialista", vincou o presidente do Partido Socialista."

"Fantoche perfeito"!

"No espaço de quinze dias temos um Secretário de Estado a enviar recados morais a adeptos benfiquistas, depois de um de nós ter sido agredido com risco grave para a integridade física, e a "gozar" com a direcção do Benfica, sugerindo que os nossos adeptos até podem não se associar, como desejaria o Secretário de Estado, desde que prescindam das prerrogativas atribuídas a claques, que há muito se associaram... Obviamente, este Secretário de Estado adopta uma conduta parcial, o que não lhe é permitido, e gere com marcada estupidez, disfarçada de ousadia, um tema deveras sensível. 
Começando por este último ponto, o Secretário de Estado não pode ignorar que as "claques associação", cujo modelo parece defender, são as principais responsáveis pela criminalidade disseminada no futebol. Invadem instalações desportivas, de árbitros e dos próprios clubes, agridem quem encontram pela frente, coagem, participam em esquemas de apostas ilícitas, traficam drogas, branqueiam capitais, instalam um permanente clima de ódio e terror.
Sabendo de tudo isto, o Secretário de Estado defende, com o seu silêncio cobarde, o indefensável. Prefere acolher-se na imprensa tablóide que faz dos ataques irracionais ao Benfica o seu modo de vida. Segue esse rasto de deturpação e mediocridade. Faltaria assumir , publicamente, que a sua intervenção nesta área deixa tudo como está na prevenção dos piores perigos associados às claques. Continuarão a ter criminosos e delinquentes menores como líderes, continuarão a ter associações de fachada por onde circula muito dinheiro, continuarão a coagir as estruturas directivas dos seus clubes e, indirectamente, a Liga e a Federação (até uma claque "nacional" inseminaram). Para os profissionais destas cenas, o Secretário de Estado é o fantoche perfeito. Move-se, fala e é descartável. 
Por falar em parcialidade, porque carga de água é que a sede da autoridade que previne a violência no desporto, recentemente instituída, tem sede em Viseu, cidade de onde provem o Secretário de Estado? Não serviriam Santarém, Guarda, Beja, Castelo Branco? Um sector que movimenta milhões de euros e com necessidade de escrutínio claro e efectivo dispensa estes truques venais de juventude partidária.
O Chefe, e dono, bem podia meter ordem nisto, ou então é capaz de ter parca colheita em dia de eleições. Para gerir riscos eleitorais já bastam problemas sérios, um pouco por todo o lado, dispensam-se estes números da Rua Direita. Se é para atirar que seja a varrer."

O herói!!!!

"Ai sim? A mando de quem?
«'Sábado' avança que hacker do Benfica invadiu email do juiz Carlos Alexandre Invasão do sistema foi feita através da conta de email de um funcionário judicial que está identificado como vítima nos autos do processo-crime
O Ministério Público (MP) identificou a porta de entrada usada pelo pirata Rui Pinto para aceder a dezenas de endereços electrónicos, por exemplo, do Ministério da Justiça. Segundo apurou a Sábado junto de fonte próxima da investigação, a invasão do sistema foi feita através da conta de email de um funcionário judicial que está identificado como vítima nos autos do processo-crime. Foi através deste método - também usado no escritório de advogados da PLMJ - que Rui Pinto terá acedido depois ao email que o juiz de instrução Carlos Alexandre usa no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).
No início deste mês, as procuradoras que tutelam o processo, Vera Camacho e Patrícia Barão, ouviram como testemunha Carlos Alexandre. No caso do juiz, uma das intrusões ao email do TCIC verificou-se a 8 de Janeiro de 2018.»"


PS: Como não podia deixar de ser, a Cofina, continua a confundir o criminoso, com a vitima, só assim se explica, continuar a chamar ao individuo o hacker do Benfica!!!

O espectáculo - a variável esquecida (I)

"O desporto apresenta-nos situações motoras competitivas com competições escalonadas a todos os níveis (escalões etários, género, etc.) e de diversas formas (consoante as modalidades), e é uma actividade codificada possuindo regras e regulamentos que se consubstanciam num sistema institucionalizado organizado em torno de clubes, de associações e de federações (desde as nacionais às internacionais). É uma actividade apoiada em gestão de organizações, em planificações, em metodologias de treino, em estratégias, em tácticas e em técnicas onde o indivíduo (ou o colectivo a que pertence) se procura transcender alcançando a excelência.
Mas esta excelência – «areté» no tempo dos gregos e «virtus» no tempo dos romanos – sempre foi obrigada a ser do domínio público, onde o indivíduo (ou a equipa) pode sobressair e distinguir-se dos outros. Como refere Hannah Arendt (1), “para a excelência, por definição, há sempre a necessidade da presença dos outros, e essa presença requer um público formal”, pelo que o desporto só é desporto quando existe o espectáculo.
Se admitirmos que a génese do desporto se encontra na caça – o Australopithecus africanus já era caçador e poderá ter usado paus e ossos como armas, enquanto o Homo neanderthalensis era um hábil caçador e já caçava animais de manadas –, verificamos que “a caça apela para a cooperação, desde a organização da expedição até à captura da caça, sem omitir a divisão das tarefas antes e depois da captura. Por outro lado, o trabalho do indivíduo depende em cada instante do dos companheiros” como nos diz Serge Moscovici (2), o que pressupõe a utilização de estratégias de conjunto, pelo que constatamos que nesta se encontram todas as variáveis que pertencem ao desporto. É a caça a primeira actividade do homem onde surge a existência de um enquadramento com vista à adopção de estratégias de conjunto a fim de se tomarem as melhores decisões em relação ao fim em vista – “a caça engloba uma cadeia complexa de acções preparadas, organizadas, colectivas, um equipamento intelectual e técnico exigindo uma formação prévia dos indivíduos” (2).
E é ao começar a utilizar armadilhas na caça que o homem começa a planificar e a desenvolver técnicas e tácticas mais complexas tendo de se preparar antecipadamente para as aplicar – “a caça por meio de armadilhas e as técnicas anexas incluem o ataque e a defesa numa única acção” (2) – e passa do fabrico do utensílio individual para o fabrico do utensílio colectivo (a corda, a rede, a fossa ou as estacas para capturarem o animal). “O conteúdo técnico e intelectual da caça por meio de armadilhas testemunha o facto de a caça ser autodomínio, resistência, mas sobretudo astúcia” (2) – e é precisamente este último aspecto que é importante como mais-valia dos povos caçadores, pois “transforma uma posição de fraqueza numa posição de força e acrescenta ao aparente, o dado, a dimensão do simulado e do construído” (2).
Haveria outros elementos da tribo que, ao não participarem na caça, reservavam para si um papel de observadores ou de espectadores? Não o sabemos de fonte certa, mas a resposta provável será a positiva, pois sabemos que o espectador nasceu no momento em que o homem pré-histórico colocou na parede da caverna as impressões positivas e negativas das suas mãos, conforme defende Marie-José Mondzain (3). E se, por exemplo, as pinturas rupestres de mãos humanas nas grutas de Chauvet possuem uma idade de cerca de 30 mil anos, elas são precisamente de uma época em que os humanos eram caçadores-recolectores… A representação de cenas de caça em grutas pré-históricas podem indiciar-nos um duplo espectador: o que assistia à caçada e que admirava posteriormente a sua própria obra de arte.
Actualmente o desporto não subsiste sem o espectáculo e, consequentemente, sem o espectador, coloque-se este no estádio, no pavilhão, na mesa do café ou no conforto do seu sofá. Muitas têm sido as variáveis estudadas no desporto, no entanto parece-nos que o espectáculo tem sido a variável esquecida."

Prestígio reforçado

"O Benfica obteve, ontem à noite, a segunda vitória nos dois jogos disputados na presente edição da International Champions Cup. Bateu a Fiorentina por 2-1, com golos de Seferovic e Caio Lucas. Apesar da hora tardia, em Portugal, em que o jogo foi realizado, foram certamente muitos os Benfiquistas que acompanharam a partida.
Mais que conseguir um bom resultado, pretendia-se a consolidação dos mecanismos existentes e a integração progressiva dos reforços, algo que, de acordo com as declarações de Bruno Lage, tem vindo a ser feito. “Treino a treino, jogo a jogo!” Esta ideia, implementada e reiteradamente comunicada ao longo da temporada passada pelo nosso treinador, é para perdurar.
Lage destacou igualmente o forte apoio que a equipa tem recebido ao longo destas semanas nos Estados Unidos da América. Já todos sabemos que assim é onde quer que o Benfica se desloque em Portugal e no estrangeiro, mas nunca nos deixa de impressionar, nomeadamente quando se tratam de deslocações a países onde residem muitos portugueses emigrados e descendentes de emigrantes. É notório que o Benfiquismo é, além da língua portuguesa e de familiares, o principal elo de ligação a Portugal de muitos desses portugueses.
Merece também destaque o encontro entre Luisão e membros dos Brooklyn Nets, um dos trinta clubes que integram a NBA (liga de basquetebol norte-americana) e um dos 16 a conseguir o apuramento para os playoffs na temporada passada. O nosso antigo capitão teve direito a visita guiada às instalações dos Nets e foi recebido por Joe Harris, que, na época transacta, fez parte do cinco titular da equipa e venceu o concurso de lançamentos de três pontos no All-Star Game.
A poucos dias do seu término, a digressão pelos Estados Unidos da América prossegue de acordo com o planeado, estando ainda por cumprir dois dos seus momentos altos que contarão com a presença do Presidente Luís Filipe Vieira: sábado acontecerá a inauguração da Casa do Benfica de New Bedford, no Estado do Massachusetts, uma das regiões privilegiadas de emigração portuguesa no país; e, para domingo, está agendado o último jogo do Benfica na International Champions Cup deste ano, ante o AC Milan, com o qual disputou duas finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus (1963 e 1990)."

Vermelhão: Vitória em New Jersey...

Fiorentina 1 - 2 Benfica


Bom treino, com alguns momentos ofensivos muito bons... defensivamente, continuamos a ter alguns problemas, principalmente nas transições defensivas, algo que o próprio Lage identificou no final da época anterior!!!

Hoje já demos 90 minutos a alguns dos 'supostos' titulares, mas outros 'supostos' titulares, ainda estão 'curtos'...

Entrámos fortes, marcámos, podíamos e devíamos ter marcado mais e contra a corrente do jogo, a Fiore empatou...
Entrámos mal no 2.º tempo, a Fiore não passou para a frente por milagre, num falhanço 'cómico'... mas depois, mesmo baixando a intensidade, com o jovem Chiesa a criar alguns problemas, acabámos por ser a única equipa que nos últimos minutos, tentou ganhar o jogo...e já nos descontos, marcámos!!!
Até foi um jogo agradável, mas com demasiado 'espaço', para os mais pragmáticos!

ADENDA:
O jogo 'hoje' acabou as horas impróprias e por isso a crónica foi curta! Com os olhos mais abertos, aqui ficam mais umas curtas:
- Zlobin: muito bem, transmitiu segurança, bem no controlo da profundidade...
- N. Tavares: mais adaptado ao lado direito... mas renderá sempre mais na esquerda!
- Florentino: o ano passado entrou para o lugar do Gabriel, jogando com o Samaris ao lado. O Tino, arrisca muito nos desarmes, e tenta jogar 'limpo', quando falha... fica um buraco nas costas! O Samaris, sendo mais defensivo ajudava a 'cobrir', o Gabriel tem estado bem com a bola nos pés (quase sempre), mas defensivamente não dá a mesma cobertura...
- Pizzi: as estatísticas não enganam, o Pizzi nas assistências e nos golos é fundamental... o problema é quando ele 'desliga' do jogo... sendo que defensivamente, cada vez dá menos ajuda aos companheiros...
- R.d.T.: tem pormenores que não enganam: recepções, remates de primeira, desmarcações... mas também tem situações, onde perde demasiado tempo, a puxar a bola para o pé preferido! Em relação à dupla com o Seferovic, é uma questão clara de 'automatismos', com os minutos vão ficando cada vez mais adaptados um ou outro... 


A derradeira “fina ironia”

"Há décadas, instalou-se no FC Porto a ideia de que a definição de perigosos inimigos externos é excelente para reunir as tropas e ganhar “contra tudo e contra todos”. Quanto mais nos hostilizam, mais nos unimos - era a receita infalível que, acreditavam, fornecia aquele extra de energia necessária para chegar aos títulos.
Começou no atavismo provinciano, a síndrome da ponte da Arrábida denunciada por Pedroto, prosseguiu no toque à insurreição, sob a bandeira da Regionalização confundindo-se com a ambição política dos caudilhos locais, avançou para o ataque declarado ao poder central, a fantasmagórica capital do Império, e culminou na guerra civil contra um parceiro de negócio, o gigantesco Benfica. Foram tempos de agressividade declarada, mas frequentemente dissimulada por tiradas de humor cáustico e bizarro, que nalgum momento os basbaques de serviço definiam como “fina ironia” do chefe máximo.
Em todas estas sucessivas fases de guerra aberta esteve sempre presente e viva, em paralelo, uma frente de guerrilha contra a comunicação social, primeiro os jornais desportivos, agora as televisões por cabo, com tácticas de inteligência subterrânea, tão díspares como a informação zero dos blackouts do século passado ou as overdoses de informação roubada por amigos hackers de hoje.
São 30 anos de luta, bem recompensados por ciclos triunfais que, contudo, nada devem a esse vício diminutivo do confronto permanente, mas sim a grandes treinadores, jogadores e outros profissionais, que por lá foram passando. Foi a “organização” desportiva do FC Porto que conquistou os títulos nacionais e internacionais, mas sem nunca conseguir eliminar o complexo de inferioridade dos principais dirigentes, o qual impediu o clube de crescer como seria suposto e justificado e se transformar no maior do país.
Os episódios dos últimos dias, ainda difíceis de entender por inteiro, dão sinais de um descontrolo imenso que conduz o FC Porto para um destino incerto, faltando imaginação para deles desenrascar um dichote que pudesse ser lido também como humor inteligente. A derradeira fina ironia desta história gloriosa já está a tardar.
Embora haja abencerragens que só consigam ver incidentes de contra-informação e desinformação por parte dos adversários, os equívocos deste defeso apontam para a época mais difícil dos últimos 30 anos. A saber, sem ser exaustivo:
- a substituição de Casillas
- a descontratação de Bruma
- a recuperação de Marcano
- a avaliação de Nakajima
- a revelação de Zé Luís
- a tentação por Fábio Coentrão
- a desautorização de Danilo
Há em todos estes episódios recentes, na sequência de outros que evidenciam uma enorme fragilidade da tal “organização”, uma linha de actuação aparentemente negativa e insatisfatória para cada vez mais adeptos. Aliás, eu vejo-a como profundamente negativa, mas não menosprezo quem está por trás de tudo.
Provavelmente, como é da tradição, segue-se uma ordem a reunir, “contra tudo e contra todos”, e muita fé no triunfo final. Se o conseguir, se o FC Porto emergir desta pré-época delirante como campeão e triunfador, teríamos de elevar os responsáveis por esta mixórdia de finas ironias à condição de génios da estratégia."

A forma(ta)ção dos plantéis

"Há um jogador que, suspeito, vai ser marcante na época que está a começar: Chiquinho

1. Este tempo de pousio futebolístico é tempo de renovada esperança e de algum optimismo nos adeptos de qualquer clube. Não tanto pelas certezas - melhores ou piores - do plantel que continua, mas muito mais pelas incertezas dos que chegam aureolados de craques. São as fantasias de defeso, período no qual se pode dar azo a todos os sonhos no próximo futuro, pois que não se trata de ganhar ou perder, mas tão somente de gerir uma conta pessoal das expectativas do (ainda) desconhecido.
Cada vez mais global, o período de compras e vendas e de achados e perdidos no futebol alimenta-se da ilusão casada com a esperança. E o que vemos o observamos? Um ilustre desconhecido alcandorado a atleta de eleição, um jogador que passou por n clubes nos últimos tempos sedentarizado por uma aquisição prometedora, um qualquer cartomante opinativo a discorrer sobre a magia do pé esquerdo ou direito de um rapaz que acaba assinar, uma chegada a um qualquer aeroporto em apoteose de penteados e tatuagens, com declaração de amor eterno ao novo clube, uma promessa adiada noutras paragens mas que agora vai aproveitar uma nova fase para definitivamente explodir. Etc.
Por cá, entre os adeptos de clubes mais rivais, fazem-se contas (não financeiras) entre os meus craques anunciados e os dos outros. Uma vezes, em modo de euforia, outras em sistema de alerta, e tantas vezes não disfarçando o temor ou a inveja de um negócio perdido para os outros.
Tenho evitado escrever sobre o vaivém das últimas semanas e que ainda deve estar para durar. Primeiro, porque não acompanho tanta descoberta ou achamento de jogadores transferíveis. Depois, porque nesta questões sou como São Tomé: ver para crer, ainda que, em dias de melhor disposição, seja tentado a crer sem ter visto.

2. No Sporting, há a saga em torno de Bruno Fernandes, com os constantes alertas televisivos de que num «amanhã» chegará a proposta tão anunciada. Acontece que o «amanhã» ainda não foi hoje, nem ontem, passando até para «depois de amanhã» ou «o mais tardar, dentro de dias», numa corrida contra o tempo, já que o mercado britânico fecha em 8 de Agosto. Informam os media que, depois de uma primeira sondagem do Man. United em redor de pouco mais de 30 milhões de euros, estará iminente uma subida dos valores para mais de 50 milhões (o que, descontando a parte destinada à redução de passivo bancário, as comissões e a pequena percentagem de direitos económicos da Sampdoria, ficariam, em termos de tesouraria líquida, reduzidos a cerca de metade). Valor que ainda não chegou aos 70 milhões que Varandas assumiu publicamente como a linha vermelha (apesar da cor da linha). Se eu fosse sportinguista, desejaria que o atleta permanecesse na equipa, pois sem ele perde-se desportivamente mais do que, financeiramente, adiando por um ano o dinheiro a encaixar da transferência. Evidentemente, tudo isto na minha ignorância do aperto financeiro dos leões que paira nas notícias. Nestas coisas, parto de um princípio: só os resultados desportivos dão retorno sustentável. Que o diga o acesso directo à Champions.
Não respeitante ao FC Porto, na minha opinião, há dois pontos mais significativos, depois da debandada de Herrera, Brahimi, Óliver, Felipe e Militão, para além da impossibilidade de Casillas: uma boa aquisição desportiva, a do japonês Nakajima (que sempre desejei para o Benfica), mas com lógica financeira pouco compreensível, e as peripécias em torno de um novo guarda-redes titular. Não as contei, mas devem andar por volta de uma dezena, as possibilidades goradas, aventadas ou faladas. Aguarda-se o próximo capítulo ou o capítulo a seguir ao próximo.

3. Quanto ao meu Benfica detenho-me um pouco mais, evidentemente. Duas saídas de tombo, e que saídas! Sobre Jonas, já aqui escrevi quanto lamento o fim da sua carreira e a falta (mesmo que jogando menos) que, em melhores condições físicas, ainda faz à equipa. Quanto a João Félix, reitero a pena em vê-lo partir, depois de 4 meses na principal equipa. Os valores financeiros atingidos a isso obrigaram. E há o adeus de Salvio, um jogador campeão que sempre apreciei e que deixa saudades.
Absolutamente notável e arrecadação monetária das transferências e da entrada directa na Champions (tudo resultado de uma excelência desportiva) que, em termos brutos, não andará longe dos 250 milhões! Mas não há bela (financeira) sem senão (desportivo). Como uma equipa não se reduz a uma folha de Excel, tudo estará centrado no modo como se vão suprir as ausências.
Do meu ponto de vista, há um jogador que, suspeito, vai ser marcante na época que está a começar: Chiquinho. Inteligente, sereno, boa visão de jogo e com plasticidade táctica, fazendo vários lugares. Dos contratados, vindos do exterior, estou positivamente expectante quanto ao espanhol Raul de Tomas e ao brasileiro Vinícius (que custarão em conjunto 1/3 da transferência de João Félix, ainda em pagos em vários anos...). Confio que Bruno Lage vai saber aproveitar o que melhor eles têm e potenciar lacunas que lhes são apontadas. Não esqueço, também, dois magníficos reforços, quando faço a comparação entre o início da época passada e desta: Samaris e Gabriel para além de Ferro e Florentino (e porque não Taarabt?). Já quanto a Jota vejo-lhe muito potencial, assim ele esteja propenso a pô-lo, com cabeça, ao serviço da equipa. Lembro-me de que apreciei o lateral-direito Ebuehi nos jogos de preparação do ano passado. Depois de um ano sem jogar por grave lesão, aguardo com interesse a sua progressão, para ajudar o titular André Almeida. Quanto aos promovidos da formação, veremos mais tarde.
Um ponto, porém, me intrigou: a novela em torno de um novo guarda-redes. Do italiano que esteve com um pé na Luz (ou estará à condição?, como, com sentido de humor, Vítor Serpa aqui escreveu no domingo), era conhecido e seu cadastro clínico de duas roturas de ligamento e de recente operação a um ombro (zona muito sensível para um guardião). Por isso, melhor seria que os exames médicos feitos em Lisboa tivessem precedido o acordo com a Juventus. Assim, registando embora a exigência e o rigor dos exames feitos pelo Benfica (que importa realçar, não são uma mera formalidade), uma contratação anunciada categoricamente virou uma trapalhada de que ninguém saiu ileso: nem o Benfica, nem o jogador, nem a Juventus, nem o negócio, nem a negociação paralela de João Ferreira. E também Vlachodimos. Primeiro, este keeper passou de titular indiscutível a suplente e até a transferível. Num ápice volta a titular. Nesta girândola, Svilar que ia ser emprestado para rodar, ficaria depois como suplente de Perin, para agora voltar à posição inicial de 2.º ou 3.º guardião. Imagino quão necessário será agora assegurar a estabilidade e confiança psicológicas do homem da selecção grega, agora que volta a titular sob a condição de, em Janeiro, depender do ombro do italiano e ter sempre na cabeça as críticas de «jogar menos bem com os pés» e de «sair dos postes com deficiências», de que é recorrentemente acusado. Em boa verdade, a odisseia de Odysseas na temporada finda foi globalmente muito positiva. Cometeu erros (quem não os comete?), mas foi decisivo em alguns jogos. Em suma, muita confusão e, como dizia o artista, «não havia necessidade».
Quanto ao resto do plantel, ponho uma velinha com muita cera até 31 de Agosto, para que Rúben Dias e Grimaldo, continuem no meu clube.
Por fim - e bem importante - a época começa com a estabilidade de se ter um treinador que deu provas sobejas de que sabe superar obstáculos que sempre se colocam nestas fases. Com o seu avisado, sereno e competente discurso e sem a habitual correcção futebolística, resumiria nas palavras de Bruno Lage, há dias ditas em Stanford, um elemento crucial na estruturação do seu (e meu) plantel: «Como o Benfica oferece tanto conforto, eu quero tirar-lhes o conforto do jogo. A pior coisa que temos é sentirmo-nos confortáveis e passar 'estou a jogar, ninguém me vai incomodar, estou confortável'. Conforto é o bem-estar que os atletas querem ter. O outro conforto é o que quero tirar. (...) Para ser justo para todos, eles têm de pensar que estão a competir com um colega por um lugar. Nós queremos ser competitivos criar esse desconforto nos jogadores. Eles não podem pensar que estão seguros na posição. Tem de pensar 'amanhã o meu colega está a fazer a mesma coisa para lutar pelo meu lugar'». Para bem entendedor...

Contraluz
- Brilho: O jovem basquetebolista Rafael Lisboa foi o MVP do campeonato europeu de sub-20 da modalidade. Além do feito colectivo, sublinho aqui o notável desempenho do filho do melhor basquetebolista de todos os tempos, Carlos Lisboa. Quem sai aos seus... é de Lisboa!
- Emoção: A menos de uma semana do fim, o Tour de France (este ano sem Chris Froome), pode vir a ter vencedor francês: J. Alaphillippe (acutal líder) ou T. Pinot. Se tal suceder, é a primeira vez desde há 34 anos (Bernard Hinault, foi o último em 1985)!"

Bagão Félix, in A Bola