terça-feira, 16 de julho de 2019

O sorriso triste de António...

"1984. Primeiro português a ganhar uma medalha olímpica no atletismo. Leitão, o rapaz de Espinho, essa cidade onde as ruas têm números em vez de nomes, que morte resolveu levar num dia estúpido, demasiado cedo.

uma imagem marcante, e eu gosto de imagens.
António Leitão corre com a facilidade de um homem sem pesos na consciência. Tem o dorsal 722. A seu lado seguem o finlandês Loikanen, o queniano Kipkoech e o mexicano Eduardo Castro.
Guardem essa imagem na parede branca da vossa memória.
Algo de inédito está à beirinha de acontecer.
'Cometi um erro grave', queixou-se Leitão no final. 'Hesitei. Deixei-me ficar, só arranquei a 400 metros da meta, fui ultrapassado pelo Aouita e não contava com o suíço Ryffel'.
Foi terceiro.
Mas primeiro, também. Nunca até então o atletismo português ganhara uma medalha olímpica.
A memória às vezes é curta, e os homens fazem-na ainda mais curta.
António Leitão tem um lugar inapagável historia do desporto em português. Que ninguém se atreva a mergulhá-lo nas águas profundas do olvido.
Imagem para sempre
António Leitão era de Espinho, essa cidade onde as ruas têm números no ligar de nomes.
Era pouco mais velho do que eu, ele que já morreu há tanto tempo, sete anos passados sobre aquele dia fatal que pôs às suas galopantes debilidades.
Rapaz tranquilo, o António.
Tinha lá dentro uma mágoa que nunca se apagou: 'Se estou contente? Não, senhor, não estou contente. Eu queira o ouro. Julgo que tinha todo o o direito ao ouro. Fui eu e o Ezequiel Canário que fizemos a corrida toda, que renetámos com toda a gente, que impusemos o ritmo, que fizemos a despesa. E, no fim, vejo-me comido pelo marroquino e pelo suíço. Pelo Aouita, ainda vá lá, contava com ele. Mas agora pelo outro, francamente...'
A surpresa vinha envenenada.
Ryffel não era Ryffel. Era um projecto falso, trafulha. O suíço não passava de um batoteiro, de um aldrabão.
Poucas semanas mais tarde, num torneio internacional, a verdade impôs-se: foi apanhado positivo num controlo anti-doping.
A tristeza de António foi ainda maior. Uma injustiça deu-lhe nós na alma, provocou-lhe borgorigmos no estômago, fez-lhe comichão no sangue: 'Algum motivo haveria para ter sido surpreendido daquela forma. Eu, que conhecia tão bem todos os meus adversários. Ryffel deveria ter sido suspenso, deveriam ter-lhe tirado a medalha de prata e deveriam tê-la atribuído a mim. Mas acredito muito. Muito! Ainda voltarei, um dia, a ter a hipótese da minha vingança. E chegarei ao ouro. De forma limpa como sempre trabalhei. Não com químicos. Com pureza! Com a força das minhas pernas e do meu coração. Com a minha alma!'
As lesões, a doença, tudo se juntou para abater António, o rapaz de Espinho que tinha uma resistência digna das ondas do mar da sua terra.
Em Los Angeles, o seu sorriso simples já espelhava tristeza.
'Tenho a medalha pendurada ao pescoço, mas não consigo deixar de pensar que é mau. Fico aqui, por dentro, a remoer a asneira que fiz, o meu erro. Pensava que o andamento que impus era suficiente para dar cabo deles todos, e não foi. Calculei mal. Devia ter atacado antes. Talvez aos 600 metros da meta. Cometi a infantilidade de olhar para trás, e houve ali uma falha na passada que se tornou terrível. O meu treinador, o Jorge Ramiro, tantas vezes me avisou para ter cuidado com isso. É injusto. Mas tenho de queixar-me de mim próprio. Queria tanto o ouro e sou obrigado a contentar-me com o bronze'.
Sim, António. Esse  bronze dourado de teres sido o primeiro português medalhado no atletismo de uns Jogos Olímpicos. Sim, António. Estejas onde estiveres, sorri. Sorri com um pouco de alegria que afaste para sempre e melancolia desse sorriso triste..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Um percalço financeiro

"Um campo remodelado, um clube estrangeiro, quatro jogos de futebol, alguns escorregões na relva e... 'vinho aos homens'.

No Verão de 1915, o Sport Lisboa e Benfica convidou um grupo espanhol para uma série de desafios particulares. Angariar verbas para fazer face às recentes despesas com o Campo de Sete Rios - a construção de um campo de ténis, a adaptação dos edifícios já existentes no recinto a vestiário, enfermaria e balneários, a construção de bancadas e a colocação 'em volta de todo o campo de um ripado de madeira' - era o principal intuito, mas era igualmente uma nova oportunidade 'd'uma aproximação athletica com o paiz vizinnho'.
Encarregue pela Direcção do Clube 'de elaborar as necessárias negociações para tal fim', Cosme Damião não defraudou as expectativas e, no dia 23 de Junho, o Real Club Deportivo Español de Barcelona chegou a Lisboa.
Durante a sua estadia na capital lusa, o campeão de futebol da Catalunha e finalista do Campeonato de Espanha realizou quatro jogos, três com o Sport Lisboa e Benfica e um com um misto formado por atletas do clube 'encarnado' e do Internacional. O Campo de Sete Rios foi o palco dos desafios que decorreram nos dias 24, 26, 27 e 28, sempre às 17 horas e 30 minutos.
Apesar de ter 'o seu onze bastante enfraquecido devido à falta de cinco jogadores do 1.º grupo que não se puderam deslocar', 'o team de Barcelona' causou uma excelente impressão no público português. Nem o facto de terem estranhado o campo relvado, 'pois os terrenos de Barcelona são muito duros e sem herva' e, 'não usando travessas nas botas, escorregavam muito, não se aguentando bem sobre o terreno', fez diminuir o chorrilho de elogios publicados na imprensa: 'afáveis, finos e correctos'; 'alguns d'eles d'uma cultura mesmo pouco vulgar'; 'não era um simples grupo de footballers mas um grupo de sportsmen completo'.
O principal objectivo não foi cumprido pois 'o Benfica sofreu um percalço financeiro com a visita do grupo espanhol', mas, de acordo com O Sport Lisboa, 'tem a compensa-lo a satisfação intima de ter cumprido o seu dever como colectividade sportiva'. Na nota das despesas que se encontra no arquivo do Centro de Documentação e Informação estão listadas as verbas dependidas com a produção de placards para afixar nos carros eléctricos e de programas para distribuir pelas ruas e até o custo com 'gratificação e vinho aos homens' que auxiliaram no logística."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

Recorde histórico

"Mais uma prova inequívoca do entusiasmo e mobilização com que os Benfiquistas encaram a próxima época.
A venda de Red Pass, até às 10h00 desta manhã e a quase um mês do início do Campeonato, já atingiu números históricos. Foram vendidos 43 741 lugares de época, um recorde impressionante, tanto para a realidade portuguesa (só três estádios, em Portugal, teriam capacidade para tantos espectadores), como até mesmo para a benfiquista: verificou-se um incremento nas vendas de 6,4% face ao total da temporada passada e de 36,3% comparando com as vendas feitas há precisamente um ano (mantendo-se, aliás, a tendência de crescimento acelerado: por exemplo, na temporada 2013/14 foram vendidos 19 796 Red Pass e, em 2016/17, 32 017).
Há várias razões para este sucesso, além da hegemonia alcançada nos últimos anos, que passa pela qualidade do futebol apresentado na segunda metade da época passada e pela perspectiva de continuidade do ciclo ganhador em que o Benfica se encontra.
E que passa igualmente, pelos tradicionais benefícios para os detentores de Red Pass (conforto, garantia de lugar nos jogos em casa e prioridade na compra de bilhetes para as competições europeias, finais e deslocações no Campeonato Nacional), e também pelo próprio crescimento das vendas, o qual gera mais interessados. Esta evolução aponta para que o Benfica alcance o patamar reservado a apenas alguns dos melhores clubes europeus, em que existem listas de espera para a aquisição de lugares anuais, transformando-os numa raridade.
Por outro lado, as recentes possibilidades de partilha do cartão por meios digitais e da venda, no mercado secundário, do lugar, contribuem decisivamente para tornar mais atractiva a aquisição de Red Pass. É particularmente significativo que haja, até à data, 6 144 novos detentores do cartão. Acrescentando os lugares corporate (camarotes e executive seats), a taxa de ocupação do estádio situar-se-á acima dos 80% antes da colocação de bilhetes à venda para cada jogo.
Assim, amanhã, dia 17 de Julho, será dada por terminada a fase de renovação e venda de Red Pass para que haja lugares disponíveis para venda em cada jogo. É essencial que os sócios (235 765 sócios activos hoje de manhã) que, por qualquer razão, não queiram adquirir lugar anual, tenham a possibilidade de compra de bilhetes, os quais serão vendidos exclusivamente a associados do Clube. Só tem mais um dia, aproveite!"

"Aproximou-se rodeado de alguns gangsters e ofendeu-me verbalmente"

"António Salvador acusou Theodoro Fonseca de "ofensas verbais" e "agressividade" e explicou os contornos do negócio de Tormena e Dyego Sousa.

António Salvador deu a sua versão do incidente ocorrido na véspera com Theodoro Fonseca, accionista maioritário da SAD do Portimonense, antes do jogo particular realizado entre as duas equipas no estádio do clube algarvio. Tal como O JOGO escreveu, o dirigente brasileiro questionou Salvador sobre os negócios que envolveram a contratação de Tormena ao Gil Vicente e a venda de Dyego Sousa aos chineses do Shenzhen, numa discussão que chegou a meter empurrões. "O episódio com o Theodoro Fonseca foi lamentável e um ato de enorme cobardia", começou por afirmar o presidente arsenalista, antes de detalhar como tudo aconteceu. "Eu estava tranquilamente a falar com o senhor Joaquim Oliveira e a sua esposa no parque do estádio quando se aproxima o Theodoro, rodeado de alguns gangsters, e me começa a ofender verbalmente. Não lhe permiti nem permito o tom e menos ainda a agressividade que depois teve para comigo, como também não permito que tenham tentado apertar o Tormena antes e depois do jogo. As atitudes qualificam quem as toma e por isso percebo como é que há jogadores a sair do Portimonense queixando-se de agressões por parte dos dirigentes", prosseguiu.
Na lista de acusações feitas por Theodoro Fonseca esteve o desvio de Tormena do Portimonense (na última época esteve cedido ao clube algarvio pelo Gil Vicente e, supostamente, já teria tudo acordado para assinar em definitivo). No entanto, a versão do Braga é diferente. António Salvador decidiu avançar para a contratação do defesa-central depois de ter encontrado Francisco Dias, presidente do Gil Vicente - e dono do passe do jogador -, nos escritórios da Gestifute, de Jorge Mendes. Na altura, o líder do clube de Barcelos revelou que o Portimonense não tinha accionado a cláusula de compra em janeiro (um milhão de euros) e que estava a negociar a venda do jogador para a Turquia por dois milhões de euros. Sendo Tormena um jogador do agrado de Abel Ferreira, treinador do Braga na altura, Salvador acabou por chegar a acordo com Francisco Dias, por um valor superior a um milhão de euros, tendo o clube de Barcelos garantido ainda 20 por cento de uma futura venda. Depois de fechado o negócio, o Braga acusa ainda Theodoro Fonseca de ter pressionado o jogador a reverter a sua decisão, ao ponto de o dirigente ter viajado para o Brasil, onde o jogador se encontrava a passar férias, com o objectivo de o obrigar a assinar pelo Portimonense.
No sábado, Theodoro Fonseca confrontou ainda António Salvador com os valores envolvidos na venda de Dyego Sousa ao Shenzhen - o negócio fez-se apenas por 5,4 milhões de euros, ao contrário dos expectáveis 15 milhões de euros -, uma vez que o Portimonense considera que ainda tinha os direitos económicos partilhados com o Marítimo (que garantiu 25 por cento da venda). No entanto, e no entender do Braga, esses direitos cessaram a partir do momento em que o avançado assinou pelo clube minhoto na condição de jogador livre, uma vez que tinha terminado contrato com o clube insular.
Em conversa com os jornalistas, António Salvador fez ainda graves acusações a Theodoro Fonseca, tendo pedido a intervenção da Federação Portuguesa de Futebol. "Não sei para onde caminha o nosso futebol e estranho que ninguém actue quando o representante do accionista maioritário de uma SAD é, ao mesmo tempo, alguém que distribui e controla jogadores por outras sociedades a competir nas mesmas provas e inclusive já tomou conta de outro clube [em referência ao Penafiel]. Isto é um atentado à competição, mas andamos preocupados com fait divers e fazemos de conta que não se passa nada. A FPF e a Liga devem investigar isto, porque o que se passa é um atentado às leis da concorrência da FIFA e da UEFA", rematou."


PS: Esta é uma situações mais escandalosas da actual Liga: o dono de um SAD, é o maior accionista particular noutra SAD da mesma competição (e agora dono de outra!!!), é agente de jogadores distribuídos por vários Clubes, vende e desvende jogadores, envolvendo as duas SAD's... qual barriga de aluguer e que como é óbvio, a SAD 'maior' ganha sempre por cabazada, quando defronta a SAD 'aluguer'!!!