"Foi aposta forte de Rui Vitória no sistema de 4x3x3 empregado pelo ex-treinador do SL Benfica, perdeu espaço no 4x4x2 de Bruno Lage, foi importante em momentos específicos da temporada (na lateral direita, na ala do mesmo lado ou mesmo no ataque à profundidade, de que é exemplo o jogo frente ao Eintracht Frankfurt, no Estádio da Luz), sagrou-se campeão nacional, esteve no Mundial de Sub-20 (titular nos três jogos de Portugal, sem brilhar) e lesionou-se durante o plano de férias de preparação para a nova época.
Tudo somado, a temporada 2018/2019 foi atribulada para o jovem nascido em São Tomé e Príncipe, mas terminou com nota positiva, enquanto a época 2019/2020 começa de forma negativa … e mais tarde. A lesão no quinto metatarso do pé direito vai deixar fora de combate um dos melhores produtos Made in Seixal durante dois meses … pelo menos. Azar para o médio de 20 anos. Mas, diz o povo, azar de uns, sorte de outros. A ausência de Gedson Fernandes dos trabalhos de pré-epoca pode abrir vaga para outro jogador. Quiçá, outro jovem oriundo do Caixa Futebol Campus. Num exercício de análise, elenco quatro opções (três nomes) para tomar o lugar do internacional português pelas camadas jovens.
Chiquinho – Fez grande parte da sua formação no Leixões SC, brilhou na Segunda Liga pela Académica de Coimbra (tendo-se revelado um médio goleador, ao apontar nove golos em 41 jogos), foi contratado pelo SL Benfica e emprestado ao Moreirense FC, a equipa sensação do último campeonato (muito graças ao seu contributo), onde voltou a brilhar (pela equipa minhota marcou dez golos em 38 jogos) e prepara-se para ser recomprado pelo campeão nacional.
Trata-se de um médio criativo, com futebol na cabeça e nos pés (sobretudo o direito, o seu predilecto), que joga e faz jogar e que tem uma apetência quase incomum para o golo. Aparece bem e com facilidade nas zonas de finalização, ligando com mestria e qualidade o segundo e terceiro terços do campo. Pela capacidade de controlo de bola que possui, executa tranquilamente movimentos da esquerda para dentro, caindo, por vezes, na ala esquerda.
Dadas as características referidas acima, não será o substituto natural de Gedson Fernandes. Ainda que possa alinhar na direita do meio-campo encarnado, como fez o jovem formado no Benfica em algumas ocasiões, sendo uma solução de banco a Pizzi, ou como médio interior num sistema de 4x3x3 (a que o SL Benfica não deve voltar de forma definitiva), à semelhança de Gedson com Rui Vitória, creio que Bruno Lage poderá ver Chiquinho como solução para segundo avançado.
O mais provável é que o jogador de São Martinho do Campo seja um polivalente, podendo actuar pela direita, pela esquerda, como médio criativo em parelha com Samaris ou Florentino Luís ou como segundo avançado. Mas creio (e assumo que poderei estar a ver em Chiquinho o que ele não é) que assentaria que nem uma luva “nas costas” de um avançado dito fixo. Poderá, acredito, estar aqui uma das soluções para o lugar de João Félix.
É um candidato ao lugar de Gedson, mas, até pela sua contratação ser noticiada desde muito antes do infortúnio do jovem formado no Seixal, não acredito que seja o favorito à vaga do luso-são-tomense.
P.S: A contratação de Chiquinho não está consumada, sendo, consequentemente, esta hipótese condicional. Ainda assim, o princípio é o de que Chiquinho fará parte do plantel.
Contratação – A ideia, publicitada, vincada e reiterada pelos responsáveis máximos do clube (incluindo, recentemente numa entrevista à Rádio Renascença, pelo presidente), passa por olhar primeiro para o Seixal e depois, e só depois e em caso de necessidade, avançará o SL Benfica para contratações. Médios temos, assevera Vieira. Estaria a contar com Gedson? Se estava, os planos podem ter que mudar.
Não lanço nomes (como escrevi, considerei Chiquinho como membro do plantel). Apenas deixo a opção (vaga e em aberto) de se contratar um médio para o lugar de Gedson Fernandes. No entanto, e apesar de me parecer uma alternativa mais provável do que Chiquinho, fazer ingressar no plantel mais um médio pode ser problemático. O jovem formado no SL Benfica vai parar alguns meses, é certo, mas voltará. E se, quando regressar, tiver o seu espaço totalmente ocupado, voltar à melhor forma física e recuperar o ritmo de jogo tornar-se-á bastante difícil.
Contratar poderá redundar numa de duas situações quando Gedson Fernandes regressar de lesão: ou o SL Benfica fica com excesso de médios, ou o jovem português será emprestado para voltar a ser o que era mais rápida e facilmente, saindo no mercado de inverno. Não equaciono, sequer, a hipótese de Gedson voltar à equipa B, ainda que temporariamente. Seria, creio, um retrocesso para um dos expoentes da geração de 99. E por falar na geração de 99…
David Tavares – O médio lisboeta – formado entre Tojal, Loures, Alcochete e Seixal – impressiona (que o diga o Liverpool FC) pela estatura elevada (1,90m), pelo físico possante (83kg), pela entrega, pela resistência – física e mental – pela recuperação de bola, pela capacidade de pressão sobre os adversários e pela grande qualidade técnica. É um motor de meio-campo, encaixando muito bem no papel de box-to-box, sendo capaz de executar com qualidade, muitas vezes por jogo, os três gestos técnicos que se pede a quem desempenha tal papel: recuperação de bola, transporte e passe.
Rui Vitória queria vê-lo na pré-temporada passada. Desejo negado por uma rotura do ligamento cruzado do joelho esquerdo que lhe roubou grande parte da época. No entanto, voltou a jogar pela equipa B (sete jogos) e pela equipa de sub-23 (dois jogos) na recta final da época, mostrando estar apto a ser chamado por Bruno Lage (e acredito que o vai ser, seja com que intuito for). Este ano, o azar de um colega pode ser a sua sorte.
Contudo, tenho dúvidas que David Tavares seja visto como substituto de Gedson. Apesar das muitas similitudes, há diferenças – como o físico de Tavares e a polivalência de Gedson – que os tornam compatíveis e não concorrentes directos um do outro. David deverá subir para ser alternativa a Gabriel, enquanto Gedson, quando regressado, será opção, sobretudo, para substituir Pizzi. De resto, a subida de Tavares já estava planeada antes da lesão do colega.
Não obstante, a melhor solução, para mim, está mesmo na geração de 99.
Nuno Santos – É, dos jogadores à porta da equipa principal, o mais parecido com Gedson Fernandes. Atua como médio interior direito ou esquerdo ou até nas alas, em particular a direita. Pisa, sensivelmente, os mesmos terrenos do colega de formação e de selecção (onde, no Mundial de Sub-20, atuaram em simultâneo frente à África do Sul, fazendo meio-campo a três com Florentino).
Comparativamente com Gedson, Nuno Santos apresenta uma maior qualidade técnica, mas uma menor capacidade física. De resto, são bastante similares: são polivalentes, leem bem o jogo, demonstram conhecimento táctico, são destros, podendo cair em qualquer zona do meio-campo, são fortes no transporte (por serem dotados no respeitante ao controlo de bola), pressionam alto e bem, recuperam bolas com alguma facilidade, têm qualidade de passe, decidem bem no último terço e apresentam uma meia distância razoável.
Nuno Santos, a meu ver, precisa de ser mais constante – em termos de exibições -, acreditando eu que, treinando e jogando com jogadores de um calibre superior ao daqueles com quem partilha balneário na equipa B, esse desígnio será alcançado. Sob pena de ver o seu crescimento travado, o portuense precisa de dar o salto, até porque pouco mais tem a fazer nas equipas secundárias das águias: na época que agora finda, Nuno Santos fez 41 jogos (32 na equipa B, 2 nos sub-23 e 7 nos juniores) e apontou 13 golos (8 na equipa B e 5 nos juniores).
Pela semelhança futebolística com Gedson, pela necessidade de crescer e aparecer a espaços (o que acontecerá, pois não vai ser titular), pela qualidade e vontade que tem mostrado – ainda que de forma algo intermitente – e por ser “prata da casa”, Nuno Santos parece-me ser o melhor candidato à vaga de Gedson Fernandes. No entanto, claro, a decisão final será de Bruno Lage."
PS: Não destacar o Dantas, só pode ter sido um descuido...!!!