quinta-feira, 20 de junho de 2019

Os 3 cenários da transferência de João Félix

"Verão é sinónimo de competições internacionais de interesse duvidoso e silly season. Sempre foi assim e provavelmente sempre assim será.
No que diz respeito ao Benfica, depois de uma segunda metade de época recheada de jogos espectaculares e marcada por uma recuperação incrível, já se sabia que seria difícil manter os nossos melhores jogadores, com João Félix à cabeça. Sendo assim, não é surpresa para ninguém que a novela deste verão tenha como actor principal o nosso #79, a surpresa está no clube e na dimensão do negócio. 120M para o Atlético de Madrid é muita fruta e representará a quinta maior transferência de sempre do futebol mundial.
Mas a respeito desta possível transferência que está a mexer com o mundo do futebol, existem 3 cenários possíveis e naturalmente todos têm desfechos e consequências diferentes.
Cenário 1 – João Félix fica Do ponto de vista do adepto, e pensando apenas naquilo que nos motiva e faz ir ao estádio, este seria o cenário ideal. Estamos a falar de um jogador de 19 anos que esteve apenas uma época completa no plantel principal e que apenas agarrou a titularidade a meio do campeonato, pelo que ainda tem muito para evoluir tanto em termos técnicos como de maturidade. Com o João Félix no plantel o Benfica será sempre mais forte e estará, por isso, mais próximo de ganhar títulos… e é isso que todos queremos, certo?
De qualquer modo, continuo a achar que terá de haver um ponto de equilíbrio entre o aproveitamento desportivo e o financeiro porque não faz sentido formarmos bons jogadores se depois eles vão brilhar para outros clubes sem que tenham feito algo relevante no Benfica. OK, o dinheiro é importante, e é mesmo, mas a gestão do plantel e dos nossos melhores jogadores tem de ser feita com equilíbrio de modo a que o clube mantenha uma ambição de títulos que é legítima e de acordo com a expectativa dos adeptos e a sua história.
Cenário 2 – João Félix vendido pela cláusula Pouco haverá a dizer neste cenário. Se outro clube decidir pagar a cláusula de rescisão e o jogador quiser sair, não há nada que o Benfica possa fazer. Esta hipótese honrará também o que o Presidente anunciou, e bem, na última Assembleia Geral. Se acontecer, é ficar com o dinheiro, aproveitar para aliviar o aperto do passivo bancário e usar parte desta verba para construir uma equipa mais competitiva na Europa, competição que tem sido desprezada nos últimos anos de forma inexplicável.
Um aparte: temo que uma injecção de capital desta magnitude não sirva para resolver assuntos pendentes e reforçar a equipa, mas sim para a realização de mais obras megalómanas que ainda ninguém percebeu como se vão pagar nem a sua real utilidade. Colégio internacional? Centro de Alto Rendimento de Oeiras? Para que servem? Quanto vão custar? Quais os custos anuais? Qual o retorno a médio/longo prazo? O foco devia ser o sucesso desportivo, tudo o resto é acessório e um meio de chegar a um fim.
Cenário 3 – João Félix vendido abaixo da cláusula ou em prestações Aqui temos um problema grave. Não só não será cumprida a promessa feitas olhos-nos-olhos aos sócios, com todas as implicações que isso tem na relação estrutura/adeptos, como ficaremos mais fracos em termos desportivos e financeiros. Foi-nos prometido que o João Félix só saia pela cláusula, menos do que isso não será aceitável! Nada de suaves prestações, prioridades em atletas que nunca serão contratados, trocas de jogadores ou contratação posterior de outros craques do mesmo empresário como forma de compensação. João Félix só sai do Benfica se algum clube pagar a cláusula de rescisão indicada no seu contrato. São cento e vinte milhões de euros a pronto, ponto final. Qualquer negócio realizado em moldes diferentes será uma afronta aos sócios do Benfica que, acredito, já estão fartos de promessas não cumpridas.
Para já tudo isto não passa de boatos e o Benfica já emitiu 2 comunicados a desmentir qualquer negociação para a transferência do jogador. No entanto, já se percebeu que alguma coisa se passa e que não serão apenas rumores de mercado. O jogador e o seu empresário já foram vistos em Madrid e surgiram recentemente imagens do atleta equipado à Atlético numa possível acção de marketing para a apresentação.
Seja como for, em breve teremos novidades e a única certeza que temos é que o Benfica continua e o objectivo para a próxima época será o mesmo de sempre: vencer, vencer, vencer!
Que cenário acham que vai acontecer? Deixem a vossa opinião nos comentários."

Sair ou não sair, eis a questão!

"João Félix era, há um ano, uma promessa do SL Benfica. Hoje, é uma certeza do futebol mundial! Nada ingénuos, os ditos “gigantes” europeus tomaram consciência de tal e um punhado deles está, pelas informações veiculadas por meios de comunicação social portugueses e internacionais, disposto a avançar para a contratação do jovem avançado. Ou, pelo menos, tentar.
E tentar, por si só, já não será fácil. Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados, aparenta tomar uma posição de intransigência: João Félix só sai pelo valor da cláusula, ou seja, 120 milhões de euros. Um número assustador, mas comportável para clubes como Real Madrid FC, Atlético Madrid, Manchester City FC, Manchester United FC ou Juventus FC. Porquê estes exemplos? Porque são estes os clubes com quem a comunicação social mais tem casado – e divorciado, diga-se – João Félix. Ao que tudo indica, é o Atlético de Madrid que segue na linha da frente, estando a confirmação oficial iminente.
Ainda assim, e pese embora o poderio financeiro dos referidos clubes (Real Madrid e Manchester United são dois dos três clubes mais ricos do mundo), estes demonstram alguma reticência em colocar tão avolumado valor na mesa de Luís Filipe Vieira, tentando baixar a fasquia definida pelo líder benfiquista. Perguntam-se ainda, calculo eu, se João Félix valerá 120 milhões de euros. Vale?
O mercado é subjectivo e, por vezes, especulativo. Como tal, é difícil afirmar, convictamente, que Félix vale esse dinheiro (seria a terceira maior venda do futebol mundial – em termos apenas e só numéricos). Seria caro? Talvez, mas o que é bom é caro e João Félix é bom (isso, sim, é claro e objectivo). Na sua primeira época como sénior e com 18/19 anos, apontou 20 golos (15 no campeonato, que ajudou a conquistar) e deu 11 aos companheiros. Participou, de forma directa, em 31 golos, num total de 43 jogos.
Números que valem por eles mesmos, mas que são ainda mais reveladores da qualidade do viseense quando comparados com os de Cristiano Ronaldo (um dos maiores expoentes do futebol português), que completou a primeira época de sénior com menos um ano de idade, onde marcar golos não era a sua função primordial no Sporting. Como tal, a comparação vale o que vale. Mas vale!
Na sua primeira época, o futebolista da Juventus (então jogador do Sporting CP) apontou cinco golos. Para chegar aos 20, Ronaldo precisou de três temporadas (duas ao serviço do Manchester United FC). E só na sua quinta temporada enquanto sénior alcançou a marca dos 20 golos numa época (23 golos ao serviço dos ingleses em 2006/07).
Os golos deixam transparecer algumas das características de João Félix: capacidade de finalização (dentro ou fora da área, com os pés ou com a cabeça, com ou sem pressão do adversário, de primeira ou com recepção, à primeira ou na recarga), frieza, posicionamento dentro da área e movimentações na procura da bola ou do espaço em que esta vai cair que o fazem parecer cinco anos mais experiente. As assistências revelam outras: noção do posicionamento e da movimentação dos colegas, excelência no passe (curto e longo) e leitura de jogo. No entanto, João Félix destaca-se (da grande maioria dos futebolistas mundiais) pela capacidade de decisão.
O internacional português decide bem no momento do último passe (se este for endereçado a Seferovic talvez não seja o último – sim, é uma crítica à esporádica falta de capacidade para finalizar uma jogada do internacional suíço) e da finalização. Decide bem quando acelerar ou abrandar o jogo (ainda que, à semelhança de Messi e Bernardo Silva, o jogo aparente abrandar quando a bola chega aos seus pés – mas, com uma decisão, Félix salta vários passos no processo ofensivo e a jogada decorre num ápice). Decide bem que espaços ocupar e que terrenos pisar.
Os benfiquistas esperam agora que o prodígio formado no Caixa Futebol Campus decida bem o seu futuro. E a verdade é que, pelas informações veiculadas e depois de 13 golos com o pé direito, quatro com o pé esquerdo e três com a cabeça, é (curiosamente) nas mãos de João Félix que está a decisão do seu futuro. Talvez a mais importante da sua carreira.
De um lado, a adoração dos adeptos, a continuidade num projecto que já conhece e do qual é parte vital, a possibilidade de crescer com a menor pressão possível e com uma estrutura que acredita nas suas capacidades imediatas e a grande probabilidade de ser “a” estrela da equipa. Do outro, o dinheiro, a maior probabilidade de alcançar a fama e a glória europeias (do ponto de vista colectivo), um campeonato melhor e de maior visibilidade e a possibilidade de partilhar o balneário com ídolos e craques (Eden Hazard, Bernardo Silva ou… Cristiano Ronaldo).
Sair após uma época não resultou para Renato Sanches. Mas resultou para Cristiano Ronaldo. Não há uma fórmula correta e universal. Terá que ser João Félix a decidir se sai ou não sai. E essa… é “a” questão."

Atenção, João: com grandes quantias de dinheiro, vem grande responsabilidade

"Temos por hábito dizer, do alto da nossa sabedoria, e pela distância que temos das situações em que as personagens mediáticas estão envolvidas, que na mesma situação delas resolveríamos o problema, e que as nossas acções seriam sempre as mais adequadas. São raros os que de nós colocam incerteza sobre o seu próprio comportamento, quando nos é colocada uma situação paralela às que são mais faladas pelo grande público.
Ao João Félix, por exemplo, é pedido que, com 19 anos de idade, decida sobre aquele que pode ser o momento mais importante e mais marcante da sua vida, com a sapiência dos grandes.
Pedem-lhe que decida como José Boto, que tem mais experiência, mais informação e mais conhecimento de todas as culturas e contextos futebolísticos do que os cabelos brancos que tem na cabeça. Olhem que não assim tão poucos!
Pedem-lhe que seja Rui Malheiro, e use a sua capacidade para analisar equipas, formas de jogar, e as enquadre dentro das suas próprias qualidades, dos seus defeitos, do que pode aprimorar, do que precisa mesmo de aprender; e ainda lhe pedem que faça uma projecção do que quer ser no futuro. 
Pedem-lhe que seja Helena Costa, e consiga perceber dentro de todo esse contexto que: não havendo condições para que ele se possa evidenciar e fazer um bom trabalho, por mais tentadora que seja a posição onde lhe colocam – pela notoriedade -, por mais euros que entrem na conta, que não deve ceder aos caprichos externos e que a decisão deve ser única e somente dele.
Pedem-lhe ainda que seja Vitor Frade, e que consiga articular todo esse pensamento, e dar expressão a uma teoria explicativa do porquê de um miúdo de 19 anos, que ainda há pouco tempo passava férias pagas pelo pai do amigo, recusar uma proposta que vai transformar por completo a sua vida.
Em termos de jogo, quer-me parecer que, pelo valor que o Atlético de Madrid está disposto a pagar, Simeone vai apostar de forma inequívoca no talentoso avançado. E essa aposta é um dos factores fulcrais para que Félix se sinta tentado a assinar pelos colchoneros: vai ter protagonismo!
E se assim for, se o treinador o libertar das rígidas tarefas defensivas e da abnegação que ele exige em todas as acções sem bola, creio que triunfará. Porém, o triunfo estará sempre ligado ao número de golos e assistências, uma vez que no modelo de jogo preconizado pelo treinador argentino pouco espaço há para que o jovem avançado se possa evidenciar em outra esfera que o torna verdadeiramente especial: o jogo entre sectores.
Do ponto de vista do seu crescimento como jogador, a mudança para Madrid pode ditar de forma definitiva que tipo de jogador será. É certo que ele tem o talento necessário para vingar, tem o talento para fazer golos e assistências se receber a bola em condições no último terço, mas não menos verdade é que ele é muito mais, pode dar muito mais, pode participar muito mais, e ser decisivo em muitas mais situações do que apenas naquelas em que termina a jogada. Sem esquecer que El Cholo é um treinador que procura sobretudo o rigor e agressividade defensiva, na maior parte das vezes com as linhas baixas, e as situações em que recebe a bola podem não ser as mais adequadas.
Se os primeiros jogos correrem bem, sendo que o treinador não poderá esconder €120 milhões no banco e dar-lhe tempo para crescer sem muita pressão e sem grande responsabilidade, João Félix será a chave de todo o sucesso, mesmo quando não estiver directamente implicado. A imprensa e os adeptos vão tratá-lo desta forma: como o factor diferenciador na equipa, ainda que não tenha feito essa diferença em campo – e acabará por ser esse o seu principal desafio, uma vez que o talento não é condição suficiente para que se tenha sucesso no futebol.
A imprensa espanhola é super agressiva, quando se trata de jogadores estrangeiros, e há o problema da expectativa que o valor avultado da sua transferência irá criar. Assim como poderá ter o mérito de tudo, também terá o demérito. Como Messi e Ronaldo, o criativo avançado será o grande alvo de todas as críticas quando a equipa não tiver o resultado esperado, ainda que não seja responsável de todo. Essa pressão será tremenda, e surgirá de todos os lados: da imprensa, dos adeptos, dos adeptos rivais, do clube, dos próprios colegas. Quando a defesa falhar, culpa de Félix, quando os médios falharem, culpa de Félix, quando o treinador falhar, também será ele o culpado.
Falando mal e depressa, não é um ambiente de sonho para um jovem de 19 anos que, convém lembrar, tem menos de doze meses na primeira divisão portuguesa. Há ainda outro factor que pode não o ajudar: o seu estilo de jogo. Não é um jogador vistoso e que chame a atenção pelo que faz. Não tem um drible espectacular, não é particularmente veloz, não é robusto e foge do choque. Para se conseguir entender o que ele faz de diferente, para lá do golo, é preciso ir detalhe. Sem microscópio, é muito difícil perceber a superioridade do miúdo, e por aí ficará abandonado aos momentos de último terço, que serão sempre em muito menor número do que os restantes.
Se for para o Wanda Metropolitano, João Félix apenas conseguirá ser aquilo que os golos e as assistências lhe permitirem – uma vez que é essa a responsabilidade que todos lhe vão imputar depois da saída de Antoine Griezmann (a maior estrela da equipa), e do valor astronómico da sua transferência."

Estar, ou não, 'no ponto'

"Bruno Fernandes está - para grande equipa. Quanto a mim, João Félix não está. E temo grande erro na opção por Madrid. Fabuloso para o Benfica!

Foi a mais latejante dúvida: João Félix e Bruno Fernandes ficam, ou não?; e, saindo, por que valor financeiro? A primeira certeza (factual) de saída veio de onde eu menos esperava... (jogador e clube contratante). E por verba que sempre considerei absolutamente irrealista!!!
Convicção de rápida partida mantenho quanto ao estupendo médio todo-o-terreno que levou o Sporting ao colo em toda a temporada. Idêntica garantia não dava ao tão talentoso avançado que soube aproveitar o magnífico trampolim da súbita revolução Bruno Lage.
Bruno Fernandes sairá já de Portugal, por amplos e fortíssimos motivos. Desde logo: Sporting tem híper necessidade de grande encaixe financeiro. Em simultâneo: a juventude de Bruno (24 anos em Setembro) já possui firme maturidade, consolidada nos anos em Itália, nas Selecções sub-20 (logo capitão) e nas 2 muito atribuladas épocas sportinguistas (JJ, quando deixou Alvalade, vincou ver nele o próximo capitão - e foi, por se tratar de inato líder!).
Bruno, excelente técnica e tacticamente, na visão de jogo e no invulgar, para um médio, poder de remate, senhor de já provada solidez competitiva, mentalmente muito forte, atleticamente pujante, está no ponto para grande equipa. Em Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha. Por quanto? Creio que justifica à volta de 70 milhões; mas tem a palavra o mercado...
João Félix, quanto a mim, não está no ponto - com apenas 19 anos e tão-só meia dúzia de meses na Liga... portuguesa. Se eu estiver errado (oxalá!), este miúdo medirá meças com projecção de Futre, Figo, Ronaldo, em idêntica idade. Talento às carradas (!) possui; a par de inevitável imaturidade. Muitíssimo para crescer. Sobretudo em consistência competitiva - e poder muscular... -, até ao topo de craque entre craques que o seu tremendo potencial tanto promete. Precipitada ânsia de queimar etapas igual a alto risco de estagnação, ameaça de retrocesso.
OK, o Benfica propôs-lhe €3 milhões/ano e o Atlético de Madrid irá pagar-lhe o dobro! Essa substancial diferença - mas já seria gigantesco salto... - é assim tão importante, aos 19 anos, para recusa de maturar mais uma época? João Félix e os seus conselheiros desligaram do sucedido com, por exemplo, Renato Sanches (Bayern), André Silva (Milan) e João Mário (Inter). Fabuloso negócio faz o Benfica.
Quiça pior: João vai para o estilo de futebol que marca Simeone. Não vai para o futebol de Guardiola, que também terá apontado à sua aquisição. Sim, o menino à sua aquisição. Sim, o menino necessitaria de tempo até se impor no City que abarrota de craques; o extraordinário Bernardo Silva, mesmo já com tarimba de campeão francês no Mónaco, precisou de um ano para ser firme titular. Mas seria estilo de futebol muitíssimo mais ao jeito do perfil técnico de João Félix. Quanto a mim, errada opção por Atlético estruturado com base em altíssima intensidade de poder atlético na sistemática busca de corpo a corpo (por isso os tecnicistas Gaitán e Gelson ali tão mal se deram).
Acresce a brutal exigência (adeptos, jornalistas, quiça também balneário...) que vai cair sobre miúdo de 19 anos, vindo de... Portugal e por galácticos 120 milhões - dos quais este clube nunca sequer se aproximara! Isto quando o gigante Real Madrid, em tudo por tudo para se redimir no monumental fracasso pós-CR7, acaba de pagar 100 milhões por Hazard, avançado há muito de topo mundial!

Os Melhores da Época
Em cheio o fecho do ano futebolístico lusitano: meia-final e final levaram Portugal à conquista da Liga das Nações (dos 23 conquistadores, só 7 no nosso campeonato - ainda...). Eis o meu balanço:
Treinador do ano: Bruno Lage (fulgurante obra ressuscitar Benfica liquidado no início de Janeiro!)
Melhor onze: Casillas; André Almeida, Rúben Dias, Éder Militão, Alex Telles; Pizzi, Herrera, Bruno Fernandes; Marega, Seferovic, Rafa.
Segundo onze (em 3-4-3, por ausência de outro defesa direito convincente): Odysseas; (ou Renan); Felipe, Coates, Mathieu; Corona, Danilo, Samaris, Grimaldo; João Félix, Soares, Acuña.
Outros destaques: Tiago Silva (Feirense) e Chiquinho (Moreirense), médios ofensivos que merecerem equipas de superior craveira; meninos Ferro e Florentino (Benfica); nada menos de 5 guarda-redes: Léo Jardim (Rio Ave), Tiago Sá (SC Braga), Cláudio Ramos (Tondela), Helton Leite (Boavista), Muriel (Belenenses); defesa esquerdo Sequeira (SC Braga), o qual, aos 28 anos, deve ter entrado na lista de Fernando Santos; extremo Tabata, 22 anos (Portimonense); avançados Kikas, 21 anos (Belenenses) e Cádiz (V. Setúbal). E não me esqueço o que Gabriel dimensionou no Benfica de Lage até se lesionar...
Óbvio: opiniões..."

Santos Neves, in A Bola

Nova e triste cena do episódio Catar

"Mais uma cena penosa no já longo episódio da escolha do Catar para sede do próximo Campeonato do Mundo, com a detenção de Michel Platini por suspeitas de corrupção na surpreendente viragem num voto que se anunciava a favor dos Estados Unidos e que acabou por recair num país árabe especialmente conhecido no futebol por ter comprado o PSG e ter relações perigosas com o futebol e a política francesas.
Assim, a suspeição da escolha seria sempre obrigatória e nem sequer precisava de se lhe juntar a estranheza de um pagamento de 1,8 milhões de euros por consultoria prestada pelo, então, presidente da UEFA à FIFA.
Ninguém duvidava de que o Catar tem dinheiro para organizar vários campeonatos do mundo de futebol e que seria capaz de construir, em tempo útil, dezenas de estádios. A questão, porém, nunca poderia ser tão explicitamente financeira. Um Campeonato do Mundo de futebol é, hoje, uma imensa festa universal, um acontecimento global, capaz de reunir gente de todos os cantos do mundo, um palco privilegiado para a reunião de povos, de todos os credos, de todas as raças, de todas as culturas. O Catar é, obviamente, limitativo dessa festa universal. Falta-lhe condições óbvias, a começar essencial dos direitos humanos, desde a igualdade do género à tolerância religiosa. E se quisermos abordar a questão da universalidade do futebol e do facto dos Estados Unidos já terem organizado a prova, então pensemos que a proposta da Austrália poderia ser mais conveniente. A verdade é que entre todas as razões que poderiam levar-nos a compreender a escolha do Catar, nenhuma será benigna."

Vítor Serpa, in A Bola

Ainda a propósito de João Félix...

"Quanto valem os direitos desportivos de um futebolista? Esta questão é objecto de discussão por todo o mundo e há, até, sites especializados em cotações. Tudo isso se passa, é claro, no mundo virtual, onde a especulação é permitida e o rigor é, quando muito, mais ou menos. Porque, quando se aterra no mundo real, a resposta à pergunta acima formulada é sempre a mesma: os direitos desportivos de um jogador valem aquilo que, efectivamente, pagam por eles. Nem mais, nem menos. Quando o clube comprador passa a dinheiro para o clube vendedor, a verba inscrita na ordem de transferência marca o valor que o mercado atribuiu ao futebolista em causa. Caro, barato, barrete, pechincha, isso é matéria para outras núpcias, numa arte difícil, em que as estatísticas dizem que a margem média de acerto é de vinte por cento.
A propósito de João Félix, têm sido ditas algumas barbaridades que importa desmistificar. A principal, postula que foi o marketing do Benfica a colocar Félix no Atlético. E os colchoneros, com Simeone à cabeça, são parvos, não percebem de futebol, não sabem avaliar jogadores, vão atrás do que lhes dizem? Estamos a falar de um clube detido, em 33%, por um grupo israelita, que não brinca com o dinheiro; de um clube que esteve em duas das últimas seis finais da Champions; que num campeonato que conta com Real Madrid e Barcelona se sagrou campeão em 2014 e nos dois últimos anos ficou à frente dos merengues, e de um emblema que fez crescer talentos como Torres, Aguero ou Diego Costa.
Em resumo, logo que o Benfica comunique a operação à CMVM, ficará fixado o que vale João Félix: 120 milhões."

José Manuel Delgado, in A Bola

Spice Girls

"1. Os defesos do Benfica são um clássico: comprar pelo menos um extremo (Caio Lucas), fazer uma grande venda (João Félix é mais do que isso), fazer jeito ao amigo Jorge Mendes (Pedro Neto e Jordão), comprar jogadores de clubes pequenos para a posição de influencer e reforçar a equipa. A ordem é aleatória.
2. Os Golden Stade Warriors pagaram uma página de anúncio num jornal de Toronto para dar os parabéns aos Raptors pelo título da NBA. O futebol português tem um nome para isto: ficção científica.
3. A Ucrânia ganhou o Mundial sub-20 e fala-se logo em grande geração. Dos vencedores em 2015 (Sérvia) e 2017 (Inglaterra), quantos jogadores estavam na última época nos plantéis dos clubes que ficaram no top-5 das big-five? Só três: Maksimovic (Getafe), Kyle Wlaker-Peters (Tottenham) e Maitland-Niles (Arsenal).
4. Perdido o campeonato de futsal, lia-se no Twitter do Sporting. «Futsal é extraordinário, mas hoje... F...». Quem deu a password a Bruno de Carvalho?
5. No futsal o campeão europeu não foi campeão nacional. No futebol, em 64 edições da Taça/Liga dos Campeões, aconteceu 35 vezes (54,68%).
6. Posso ver em Portugal, na TV, um Haiti-Bermudas ou um Cuba-Martínica, da escaldante Gold Cup mas não tenho acesso a Mundial Feminino, ao Europeu sub-21 ou às decisões do CP.
7. Já agora, CP é Campeonato de Portugal, não Canelas até ao Pescoço.
8. Os adeptos do FC Porto estão com pouca fé em Saraiva. Lembrem-se que neste momento jogar na selecção argentina é como assistir de capacete a uma missa na Notre-Dame.
9. Fico feliz que Rúben Semedo se tenha reencontrado, mas no plano futebolístico devo dizer que a cláusula anti-rivais protege FCP e SLB.
10. Tiago Ilori foi talvez o melhor negócio da história do Sporting na relação falta de qualidade/preço de venda (Liverpool, €7,5M, em 2013), Alguém teve a brilhante ideia de ir buscá-lo de novo (por €2M) e, claro, não correu melhor do que o regresso das Spice Girls."

Gonçalo Guimarães, in A Bola