terça-feira, 11 de junho de 2019

O estranho caso de Mr. Hagan (Parte II)

"À 11.ª jornada, a seis pontos do líder Sporting, as multidões crucificavam o inglês de poucas palavras. O presidente Borges Coutinho defendeu-o. Os jogadores também. O Benfica foi campeão com três pontos de avanço e bateu os leões por 5-1 na Luz.

Jimmy Hagan foi, na verdade, uma figura muito especial da história do Benfica. Esta época ouvimos muito falar deles por causa dos mais de cem golos marcados pela equipa de Bruno Lage (mais Rui Vitória) no campeonato nacional, algo que também fez parte da vida do inglês na Luz.
Três vezes consecutivas campeão nacional, uma delas concedendo somente dois empates durante, todo o campeonato, esperar-se-ia, se calhar, mais universalidade de opiniões em redor do que fez. Não sei se a sua brusca saída, em conflito com grandes figuras do balneário da época, se a sua passagem pelo Sporting (onde não se deu muito bem), se o ódio que alimentou, ou que muitos jornalistas alimentaram por ele, contribuíram em conjunto para que a sua imagem fosse abalada. Mas que foi, foi. Facto é facto. E passados todos estes anos, Mr. Hagan, um tipo de poucas palavras e muito acção, é ainda uma daquelas personagens que merece reflexão, salvo opinião em contrário, mas aqui deixo a minha.
Hagan chegou a Portugal sem nenhum currículo especial que o indicasse como futuro grande campeão, mas veio sob os auspícios do presidente Borges Coutinho que se sentia muito seguro da sua opção. Como vimos a semana passada, não foi o mau início da prova em 1970 que fez Borges Coutinho mudar de ideias. Ele tinha fixado um número que ficara para os registos do futebol em Inglaterra: com Hagan no comando, o Peterborough United tinha sido promovido ao futebol profissional com o recorde de 134 golos marcados numa época. E, com uma frase, arrumou a questão da possibilidade de Hagan vir a ter o lugar em risco ao fim da décima jornada: 'Se vai ficar até ao final da época? Nem sei o que vai acontecer daqui a dez minutos, quanto mais daqui a sete meses'...

Convencendo os jogadores
A sobrecarga dos exercícios físicos em detrimento de uma maior preparação técnica e táctica, terão, no início, posto muitos dos jogadores de pé atrás com o treinador inglês. Mas, a pouco e pouco, houve quem mudasse de ideias. Reparam no que disse, entretanto, António Simões: 'Devo esclarecer que tenho modificado o meu ponto de vista em relação a uma intervenção pública que tive recentemente e na qual declarava que não via que treinadores ingleses pudessem trazer algo de novo para o Benfica. Mr. Hagan é uma pessoa extremamente disciplinada. Toda a gente sabe que os ingleses gostam de tudo a horas, de tudo na ordem. Afirmo com toda a certeza de que os pontos que levamos de atraso para o primeiro lugar não são, de forma alguma, responsabilidade de Mr. Hagan'.
O Benfica acabara de perder chocantemente em Faro, com Malta da Silva a ser expulso. Depois, 0-2 em Setúbal.
O povo não estava contente. Como poderia estar?
E Simões: 'Toda a gente sabe que tínhamos um prémio especial de cinco contos se ganhássemos em Setúbal. Perdemos. Não ganhámos um tostão. Foi por não gostamos do técnico? Cabe na cabeça de alguém que, por não gostarmos de um técnico, percamos jogos? Temos provado com o nosso trabalho que estamos com o treinador. Mas sofremos de um estado de espírito terrível: ter de ganhar! Um estado de excitação, nervosismo e intranquilidade que nos leva a perder oportunidades que não se perderiam noutra situação. Não é verdade que o treinador não queira ouvir as nossas opiniões. Ainda na véspera do jogo de Setúbal, discutimos todos os planos pré-estabelecidos. Ele não percebe apenas de preparação física, como já vi escreverem por aí, e a marcação de José Maria e Jacinto João não foi obra do acaso. Deixemo-nos disso: não vamos dizer que o técnico não dá tácticas e que os jogadores não gostam dele e o ambiente é mau. Não é realmente bom, mas pela simples razão de que chegámos à 11.ª jornada a seis pontos do guia. Não andamos por aqui com muita vontade de brincadeiras. É natural. Temos é de trabalhar fortemente o aspecto psicológico'.
No final o Benfica seria campeão. Com mais três pontos do líder que à jornada 11 levava seis de avanço: o Sporting. Demorou dez jornadas a apanhar o seu rival e a passar para o comando. Na Luz venceu os leões por 5-1!
Borges Coutinho tinha levado a sua avante: 'Se sentisse que Hagan não servia para o Benfica já o tinha tirado. E nem todos os treinadores servem para o Benfica'."

Afonso de Melo, in O Benfica

O talismã dos minutos finais

"Sempre que Mantorras ia para aquecimento, o público vibrava como se de um golo se tratasse

A alegria do futebol está no golo. Nenhuma grande defesa é tão festejada como um golo, mesmo o pior gera uma enorme explosão de contentamento. Como tal, os avançados costumam ser os predilectos dos adeptos. Mantorras fazia parte desse grupo, juntando, ainda, uma postura semelhante ao futebol que se pratica na rua ou no recreio de uma escola. Alegre, de pés coordenados e ao ritmo do bailado do corpo, enfrentava os defesas que lhe aparecessem à frente. Sem receio de quem fosse, passava por um, dois, três. Classe em movimento. Quando marcava, festejava como ninguém, corria como se o campo não fosse terminar, dançava e na sua cara via-se a mesma de um garoto que sente pela primeira vez a sensação de marcar um golo.
Na época 2000/01, o angolano, com apenas 19 anos, vinha a realizar uma excelente temporada ao serviço do Alverca e foi considerado uma das revelações do Campeonato Nacional. O Benfica antecipou-se à concorrência e garantiu a contratação de Pedro Mantorras, sendo o primeiro reforço para a temporada seguinte.
A boa prestação do avançado na pré-época valeu-lhe a titularidade. 'O seu jogo alegre, movimentando-se entre os defesas, numa atitude de não se preocupar com eles, antes pelo contrário, tornou-o imbatível nas jogadas de um para um', e fez com que rapidamente fosse um dos jogadores preferidos dos adeptos. Na 3.ª jornada, realizou uma das melhores exibições da sua carreira. Na recepção ao Vitória de Setúbal, o Clube até começou a perder, mas Mantorras operou a reviravolta, ao apontar os três golos do triunfo por 3-2. Deu ainda um recital de toda a sua qualidade, empolgante e com um reportório vasto de fintas que, aliadas à sua velocidade, permitiram que ultrapassasse os adversários com enorme facilidade. O angolano foi uma das peças-chave da equipa ao longo da competição, sendo o melhor marcador dos 'encarnados' no Campeonato Nacional.
A enorme criatividade do avançado resultou em inúmeras entradas duras ao longo da competição acabando por se lesionar gravemente no joelho. Nas duas épocas seguintes, participou em muito poucos jogos. Condicionando fisicamente, Mantorras voltou a ser determinante na época 2004/05. Percebendo as suas limitações, tornou-se exímio a rentabilizar o tempo de jogo. Partia do banco e 'agitava' o encontro. O momento de euforia acontecia assim que ia para aquecimento. O angolano foi decisivo na conquista do Campeonato Nacional. Encarado como 'talismã do Benfica', marcou o golo da vitória nos últimos minutos na 27.ª jornada, frente ao Marítimo, e na 30.ª jornada, contra o Estoril. Desta forma, os 'encarnados' festejaram o título 11 anos depois.
Saiba mais sobre esta conquista na área 6 - Campeões Sempre do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Sabe quem é? Crucifixo (e eternidade) - Fernando Santos

"Despedido, levaram-no a cursilho da Cristandade, a vida mudou-se-lhe; Atrás do pinheiro, Hagan apanhou-o

1. Por meados de 1971 fora dos juniores do Benfica para o Estoril e por lá jogando terminou (seis anos depois) o curso de engenharia electrotécnica e telecomunicações. Pouco era o que ganhava - casando-se, para comprar casa no Cacém teve de pedir à Caixa um empréstimo e outro a amiga da mãe (a mobília pagou-a a prestações). Ao nascer-lhe a filha, para ter dinheiro de que precisava, tornou-se o que não era: profissional - no arranque da época de 1979-1980, o Marítimo ofereceu-lhe três vezes mais do que o Estoril lhe dava e ele foi para o Funchal.

2. Jogava a lateral-esquerdo - e no Marítimo esteve um ano apenas. Numa viagem a Espanha, os pais foram assaltados num semáforo - partiram-lhes os vidros, a pedra atingiu a mãe na cabeça. A ela, caso criou-lhe situação de stress pós-traumático - e, ao ouvir do psiquiatra que o facto de ele estar longe o agravava, regressou ao Estoril.

3. Como o presidente do Estoril, Benito Garcia, era dono do Hotel Palácio, aceitou-lhe proposta numa condição: que lhe arranjasse emprego no hotel como engenheiro. Para se dedicar ao emprego, às vezes, nem sequer podia treinar com a equipa - e não deixava de treinar, mais tarde nem que tivesse de ser só um bocadinho.

4. De treinar não gostava muito: «De uma vez, fui ao campo, deu duas voltas ao campo - e parei. Pedi ao roupeiro que, se o treinador perguntasse lhe dissesse que eu já treinava. Quando ia a entrar no duche, apareceu, o Hagan: «O senhor não treina? Ouvindo-me dizer que sim, explodiu: Não, que eu estar no pinheiro e ver senhor dar duas voltas. Come on! Estive, por isso uma hora a subir e a descer escadas». (revelou-o em entrevista ao Sol).

5. Continuando como engenheiro no Hotel Palácio, ao deixar de ser jogador - outro destino agarrou: o que o atirou à eternidade. Em entrevista a A Bola, Rogério Azevedo perguntou-lhe: 10 de Janeiro de 1988 foi o seu primeiro jogo como treinador, lembra-se? A resposta saiu-lhe torcida: «Recordo-me mais do último jogo como jogador-treinador: empatámos com o FC Porto nas Antas, para a Taça, frente à equipa que tinha conquistado a Taça dos Campeões, a Taça Intercontinental e a Supertaça Europeia. Depois, no desempate, perdemos 1-2 na Amoreira, com dois golos de Rui Barros e falhámos penálti. O processo para começar a treinar foi muito rápido, nem me lembro do primeiro jogo...»

6. Esse seu primeiro jogo como treinador foi na Amoreira, contra o Barreirense, na 16.ª jornada do Nacional da II Divisão - e acabou 1-1: «Ser treinador foi coisa que me apareceu por acaso.Sugeri ao presidente do Estoril convidar para o cargo o António Fidalgo, meu afilhado de casamento, mas ele só aceitou na condição de eu o ajudar, como adjunto. Fez uma época fantástica, indo para o Salgueiros pediram-me no Estoril para ficar uns seis meses - e fiquei seis anos...»

7. 100 contos por mês foi o primeiro ordenado como treinador. «Que acabaram por ser reduzidos quase a zero, anos mais tarde, porque parte desse dinheiro era ajudas de custo e prémios e o Fisco considerou que fazia parte do meu salário e tive de pagar tudo com retroactivos. Só comecei a ganhar dinheiro no último ano no Estoril, com Filipe Soares Franco na presidência. Aí sim, o vencimento já se equivalia ao hotel, eram sete/oito mil contos por ano».

8. Levou o Estoril à I Divisão, por lá o manteve durante três anos - e, em Março de 1994, despediram-no (ponto Carlos Manuel no seu lugar): «Fui para a rua e pensei: acabou-se o futebol!» Vendo-o amargurado pela chicotada, casal amigo que o visitara em casa, desafiou-o a ir a um retiro do Movimento dos Cursilhos da Cristandade: «Fui para pôr a cabeça em ordem, pensei que era uma boa oportunidade e, olha: encontrei Cristo. Foi a maior sorte da minha vida: descobrir que, afinal, Cristo vive em nós».

9. O resto é o que se sabe. Passou para o Estrela da Amadora, de lá saltou para o FC Porto - e depois de ter sido, por lá, o Engenheiro do Penta, andou em brilho pela Grécia. Em menor brilho cruzou Alvalade e a Luz. Após nova passagem em fulgor pela Grécia, tornou-se seleccionador de Portugal. Ganhou o Euro 2016 (de crucifixo no bolso) e a Liga das Nações deu-lhe, em fervor ainda mais eternidade."

António Simões, in A Bola

Sabe quem é? A dormir no carro... - Jovic

"Antes de chegar ao Benfica, a ameaça de que passaria a jogar em «cadeira de rodas»; Da cidade-mártir à noite má

1. Foi em Bijeljina que a Guerra da Bósnia estoirou - quando Arkan Raznatovic (que fora chefe de claque no Estrela Vermelha) se lançou a «limpeza étnica» (que ele considerava «defesa dos sérvios bósnios»). As suas milícias fuzilaram os bósnios que não fossem sérvios queimaram-lhes casas e propriedades, confiscaram-lhes dinheiros e bens, destruíam monumentos e mesquitas. Mortos foram mais de 1000, muitos dos que escaparam à chacina, a ela escaparam por aceitarem ser deportados ou fugirem. (E só a partir de 2012 5000 desses bósnios não sérvios puderam, enfim, regressar a Bijeljina, que era já o que é: Bósnio e Herzegovina).

2. Quando ele, o Luka, nasceu em Bijeljina (por finais de 1997), Milan, o pai, acabara de chegar ao Sartid Smederevo (fora para lá do Partizan). Do Sartid saltou, depois para o Vojvodina - e, aventurou-se à Rússia, Chernomerets, Rostov e Saturn Ramenskoye. Era defesa, o seu adeus ao jogo deu-se em meados de 2004 no Saturn - e já tinha percebido, então, o dom que Luka tinha nos pés.

3. Ao Milan, o futebol não lhe dera riqueza. Por isso, a família vivia, modesta nas suas posses, por Batar, a 14 quilómetros de Bijeljina - quando Tomislav Milicevic, olheiro do Estrela Vermelha, se encantou com Luka e logo pediu ao pai que o deixasse ir para lá jogar (oito anos não tinha ainda...)

4. O primeiro ordenado de Luka foi de 50 euros - e mais 17 por viagem para treino ou jogo. Belgrado ficava a mais de 100 quilómetros de Batar - e Milan contou-o: «Vários vezes deixei de fazer viagem para não gastar o dinheiro que me davam para a gasolina. Ficávamos no carro, à espera do treino seguinte, do jogo. Estacionava à porta do estádio, Luka deitava-se no banco de trás para dormir, tapava-o com mantas e eu punha-me a fumar para que ele não tivesse mais frio...»

5. A cada ano que passava, maior era o seu fulgor. Para evitar salto para o Partizan, o Estrela Vermelha prometeu mais um bónus a Milan: 50 euros por cada golo que Luka marcasse - e ele continuou a marcá-los a fio. «Todos já olhavam para o Messi e o Ronaldo, eu gostava do Ibrahimovic, mas o meu ídolo já era Falcao». (E sim, o fascínio viera-lhe do que vira Falcao fazer no FC Porto - e não muito depois já lhe chamavam Falcao da Sérvia).

6. Com 16 anos, 5 meses e 5 dias, abriu-se-lhe a primeira equipa do Estrela Vermelha. Dois minutos após pisar o relvado, cumpriu, de fogacho, a sua sina: fez golo ao Vojvodina. Meses depois, Milan recebeu carta que dizia: «Se não nos deres o dinheiro que queremos, partimos as pernas ao teu filho, vai ter de jogar numa cadeira de rodas». Não, não lhes deu o dinheiro - investigação policial descobriu, num abrir e fechar de olhos, os dois chantagistas e atirou-os para a prisão.

7. Esfanicado em crise financeira, o Estrela Vermelha vendeu-o ao Benfica por 600 mil euros - e pouco jogou: «Não estava nos meus planos deixar Belgrado tão cedo. Nem sequer queria sair, saí obrigado. Não foi fácil, não estava mentalmente preparado...»

8. Com o destino a tocar-lhe a ponta dos dedos, Luka deixou-o fugir numa noite má: «Mitroglou marcava em praticamente todos os jogos, quando não marcava, ainda havia o Jiménez. A certa altura, estava o Mitroglou em má forma e o Jiménez lesionado - e eu fiz a melhor semana de treinos na equipa principal. Marcava à esquerda, à direita, tudo o que tentava, marcava. Colocava a bola entre as pernas de todos. A dois dias do jogo, o treinador colocou-me a treinar entre os titulares. No final do treino, o Rui Costa disse que aquele sim era eu, só tinha de manter o nível. Decidi ir à Baixa, só vim embora depois da meia-noite, responsáveis do Benfica viram-me e já não fui convocado...»

9. Vivia a angústia da «oportunidade perdida» na Luz quando Fredi Bobic, o director desportivo do Eintracht Frankfurt propôs, sagaz, envolvê-lo no negócio da transferência de Seferovic para o Benfica. Foi de Luka o golo (de calcanhar) que pôs o Eintracht na final da Taça (ganha ao Bayern) - e de Korbel ouviu-se: «Nunca vi jogador de 20 anos com a sua qualidade. Lembra Yebosh e Cha Bum-kum com o físico do Gerd Muller». A eliminação do Benfica passou por ele a depois de marcar a Bundesliga com 5 golos nos 7-1 ao Dusseldorf - o Real contratou-o por 60 milhões de euros (deles cabendo 168 milhões ao Benfica)."

António Simões, in A Bola

Félix e os números

"À medida que os dias de mercado avançam, parece cada vez mais claro que dificilmente João Félix será jogador do Benfica na próxima época. Há muita gente com muito dinheiro interessada no jovem de 19 anos e, as recentes declarações de Luís Filipe Vieira aos sócios, na última assembleia geral, colocando a decisão nas mãos do jogador e da família, indicam que o próprio Vieira já começou a abrir caminho para mentalizar os adeptos dos encarnados para a saída do mais promissor futebolista da formação dos encarnados.
Apesar das permanentes injecções de dinheiro que o futebol europeu tem levado nos últimos anos, a verdade é que ainda estamos longe de imaginar que seja possível que alguém pague 120 milhões de euros por um miúdo de 19 anos do campeonato português, com apenas 90 minutos na Champions, cinco meses como titular no Benfica e uma internacionalização A. Se isso acontecer, como todos os responsáveis do clube têm garantido, será um negócio absolutamente excepcional.
Qualquer valor que faça de João Félix o futebolista mais caro de sempre a sair de Portugal teria de ser considerado, realisticamente, bom para o Benfica. Mas, depois de tantas garantias de que não sairá por menos de 120 milhões, será bem mais difícil conquistar as massas através dos números."

Porque devemos contratar atletas para as nossas empresas

"Quando me perguntam qual é o segredo para ser atleta olímpico, eu respondo que é o mesmo para ser médico olímpico, advogado olímpico, jardineiro olímpico… ser melhor do que no dia anterior. 

Perseverança
Quando a equipa está a perder ao intervalo, os atletas procuram formas para dar a volta ao resultado. 
Quando a performance não é ideal, dedicam tempo extra até atingirem o objectivo pretendido, conduzidos pela determinação de atingirem as suas metas.
Se pensarmos numa empresa, os melhores da equipa são os que arranjam soluções para os problemas, tal como os atletas fazem num intervalo de um jogo em que estão a perder.

Gestão de tempo
Desde crianças, os melhores atletas aprendem a lidar com um número de prioridades elevado, incluindo a escola, o desporto e as actividades sociais. Conseguem equilibrar a sua agenda, entre trabalhos de casa, testes, treinos, viagens e competições. Estas skills são essenciais para produzir resultados, tal como nas empresas, em que os melhores conseguem gerir o tempo e os prazos superando as expectativas muitas vezes.

Capacidade de aprender com o erro
Ninguém gosta de perder, no desporto esta é uma realidade presente na vida de qualquer atleta. É um sentimento que se torna familiar muitas vezes e que acaba por ser aceite no bom sentido, isto porque, em vez de desistir, o atleta procura trabalhar o erro e melhorar para ser melhor no dia seguinte. Muitas vezes quando tudo parece correr mal, o melhor é mesmo reflectir no que está errado, reagrupar a equipa e aplicar as aprendizagens resultantes do erro para seguir em frente, isto, faz com que a nossa capacidade de lidar com adversidade melhore significativamente aumentando automaticamente a nossa confiança.

Responsabilidade individual
Tal como numa equipa, numa empresa, todos temos o nosso papel, cada um deve fazer a sua parte para que a equipa seja bem sucedida, basta assistir a um jogo de futebol para percebermos quando um jogador pede desculpa ao colega por ter cometido um erro, por ter falhado aquele passe, por não ter rematado quando devia, reconhecendo instintivamente que podia ter feito melhor, numa empresa esta capacidade é chave para uma cultura e espírito de equipa saudáveis, eliminando o habito de “apontar o dedo” quando alguém comete um erro.

A equipa sempre em primeiro lugar
Por muito que todos tenhamos objectivos individuais, estes estão sempre em segundo lugar, aprendemos a abdicar daquele final de semana, daquela festa, daquela ida ao cinema porque assumimos um compromisso em que um todo depende do nosso comportamento individualmente. Nas empresas, muitas vezes, ficar até mais tarde para ajudar a resolver um problema de um colega é um comportamento contagioso que pode criar benefícios em qualquer organização.

Estudamos o jogo
Como dizia Kobe Bryant, “I love the game“, e o que Kobe fazia era estudar o jogo, os adversários, as equipas e forma como jogavam, trabalhando a sua criatividade para que pudesse surpreender os adversários, descobrindo muitas vezes capacidades que nem ele sabia ter, algo que deve estar associado a qualquer organização, a constante busca de novos produtos, novos mercados, inovação e sustentabilidade.

Aceitação da crítica
Não é possível chegar longe no desporto sem termos a capacidade de ser treinados, aprender a ser criticado é um processo que deve passar por todas as carreiras desportivas, conseguir aceitar a mesma sem que ela prejudique a nossa atitude é fundamental para melhorar a nossa performance. Numa empresa os lideres saberem que podem dar feedback honesto, e que esse mesmo feedback não vai interferir na capacidade de produção, mas sim motivar a uma melhoria das tarefas que devem ser realizadas, fará com que essa mesma liderança se torne mais fácil.

Capacidade de decisão de risco
Em muitas situações os atletas são obrigados a tomar decisões determinantes em milésimas de segundo, sabem que independentemente das consequências vão ter que decidir. Essa capacidade para estar disponível e aceitar as consequências da mesma decisão é um fenómeno que está associado às empresas mais bem-sucedidas, a capacidade de decidir perante o risco correndo o risco de falhar, não sendo assombradas por esse mesmo medo.
Quando me perguntam qual é o segredo para ser atleta olímpico, eu respondo que é o mesmo para ser médico olímpico, advogado olímpico, jardineiro olímpico… ser melhor do que no dia anterior, ter uma empresa bem-sucedida resultará exactamente da mesma maneira, ter equipas compostas por membros que estejam constantemente disponíveis para melhorar no dia seguinte, como estão os atletas…sempre!"

Final empatada...

Oliveirense 74 - 81 Benfica
22-21, 16-15, 15-17, 21-28

Agora, vamos ter dois jogos na Luz para potencialmente decidir este Campeonato, que em Dezembro parecia totalmente perdido!!!

Defensivamente estivemos bem... mesmo sabendo que não podemos 'pressionar' muito senão dá logo falta, mesmo levando constantemente com faltas contra, em situações claras de faltas ofensivas, os jogadores têm mantido a 'calma'...!!!
Ofensivamente, hoje tentamos não exagerar nos Triplos, mas a 'tentação' é forte demais!!! Além disso, continuamos com uma quantidade absurda de Turnovers absurdos!!! Estivemos bem nos ressaltos ofensivos, foram decisivos!!!

Apesar das dificuldades, creio que com o Travante e o Coleman 'controlados' temos tudo para ganhar os dois jogos na Luz. Mantendo a concentração defensiva, mesmo com todas as outras deficiências, temos hipóteses... Até porque não acredito que na Luz, o critério absurdo arbitral se vai manter!!!

PS: Parabéns às nossas meninas do Andebol que garantiram hoje a subida à I Divisão. Um projecto que arrancou esta época.

Semear ventos, colher tempestades...

"O FC Porto vai dar guarida a quem praticou diz o tribunal, uma 'deturpação selectiva dos textos' e uma 'omissão nitidamente dolosa'?

A sentença proferida na última sexta-feira, que condenou a FC Porto SAD e um funcionário ao pagamento de dois milhões de euros, mais juros, ao Benfica, representou a primeira resposta dos tribunais ao caso dos emails. Outras se seguirão. Tal como tenho feito até aqui, manter-me-ei fiel ao princípio de acreditar na Justiça, que tem tempos e modos muito próprios, que devem ser respeitados.
Não obstante, algumas coisas, relevantes, que resultaram da sentença tornada pública há três dias, merecem análise, comentário e cuidada ponderação.
A primeira, irrefutável, é a circunstância de vários emails roubados ao Benfica terem sido truncados, alterando-lhes o sentido, de forma deliberada, pensada e criminosa. Se, no entender de quem o fez, as provas contra o clube da Luz eram tão esmagadoras, porquê este comportamento?
E, a reboque desta circunstância, surge uma pergunta, inevitável, de longo alcance: O FC porto revê-se nesse comportamento, subscreve os actos de quem, segundo o juiz, praticou uma «omissão nitidamente dolosa, cirúrgica e inteligente», que «desvirtua totalmente o sentido dessa comunicação»? Porque, ainda citando o acórdão, «esta deturpação selectiva do texto é pior do que uma mentira, pois, essa é facilmente posta em causa, a deturpação é bem mais difícil de detectar e nunca porá em causa a primeira impressão já criada».
A segunda tem a ver com os limites que foram ultrapassados, o mais evidente, o da violação da privacidade das comunicações, uma das bases de confiança na vida em sociedade, seguindo-se a evidente concorrência desleal e, para  terminar, a mais soez de todas, a intrusão na vida privada, de que Domingos Soares de Oliveira e a família foram as principais vítimas. Mas será bom lembrar que há outros processos a correr, movidos por quem se sentiu ofendido, alguns deles baseados em emails adulterados, que em breve saltarão para a ribalta...
Só em nome de uma estratégia feita de desespero é possível conceber que valesse tudo, de forma tão despudorada.
Os próximos capítulos apontam para a entrada em cena da Liga de Clubes, Federação Portuguesa de Futebol, CMVM, Autoridade da Concorrência e investigação criminal, num processo multifacetado e definidor do futuro, a que a UEFA não ficará alheia...

Ás
Fernando Santos
Um nome para a história do futebol português. Os dois títulos que conquistou acabaram com o país do quase, quase em 1966, quase em 1984, quase em 2000, quase em 2004, quase em 2006, quase em 2012... Com Fernando Santos, Portugal, menos romântico e mais pragmático, inscreveu o nome entre os maiores.

Ás
Fernando Gomes
Apostou na excelência, na qualificação, na importância dos recursos humanos, e ganhou. A FPF deixou de ser o parente pobre do futebol português e passou a brilhar com luz própria, mostrando que a competência faz a diferença. As selecções de futebol são o orgulho de Portugal, falta assumir maior protagonismo no resto...

Ás
Gonçalo Guedes
O pontapé mais importante de uma carreira de que há ainda muito a esperar. Faz parte dos jovens turcos que um dia hão de pegar no testemunho entregue pela geração-Ronaldo e assumir os destinos da Selecção Nacional. Ontem, no momento-Éder que protagonizou no Dragão, não teve medo de assumir a responsabilidade.

'We Are The Champions'
Trinta e cinco meses, mesmo um dia, depois da jornada gloriosa do Stade de France, Portugal mostrou ao mundo que a conquista do Europeu não foi obra do acaso. Com uma Selecção em processo de rejuvenescimento - metade dos campeões da Liga das Nações não estiveram em França - ficam garantias de que Portugal vai permanecer entre a elite do futebol mundial. Uma palavra especial para Cristiano Ronaldo, único titular nas três finais da Selecção, de quem se espera que se mantenha de quinas ao peito pelo menos até ao Catar.

Temos todas as condições para grande Mundial
«A FPF e a RFEF vão começar o processo de análise acerca da hipótese de apresentar candidatura conjunta ao Mundial de 2030»
Comunicado FPF e RFEF
A organização Ibérica do Mundial de 2030 seria uma oportunidade fantástica de rentabilizar, modernizando equipamentos já existentes, e de dinamizar, num evento que envolve futebol e turismo, a economia de Portugal e Espanha. E se o impacto económico de seis dias de Liga das Nações, com três selecções forasteiras, foi de 150 milhões de euros...

Caricatura de França humilhada na Turquia
Campeões do Mundo e vice-campeões da Europa, os franceses fizeram figura de corpo presente na Turquia e perderam, sem apelo nem agravo, perante uma selecção que já vi melhores dias. A boa notícia é que já não basta agitar nomes e enviar as camisolas para ganhar jogos. Um aviso à navegação."

José Manuel Delgado, in A Bola