sexta-feira, 24 de maio de 2019

O campeão voltou...

"Continuamos a viver a melhor década da história do Sport Lisboa e Benfica. No último fim de semana, foram conquistados mais três títulos nacionais. Qual máquina trituradora, as épocas vão-se sucedendo, e os títulos, idem. Creio que é caso para dizer que não há museu que aguente este ritmo.
No futebol, foram mais dois. E no hóquei em patins, a nossa extraordinária equipa sénior feminina brindou-nos com mais um. São já sete campeonatos consecutivos, e confesso que, quando me cruzei com o treinador Paulo Almeida, fiquei sem saber o que lhe dizer. O que se diz de original a quem papa títulos época após época? Quem começou esta saga vencedora foi a notável equipa de futebol feminino. Logo no primeiro ano, as nossas Papoilas Saltitantes fizeram-nos vibrar, levando o nome do Glorioso por esse mundo fora.
Mérito total de um plantel muito bem construído e que ambiciona altos voos internos e extremos. A conquista da Taça de Portugal será o primeiro de muitos troféus. Deixo para o fim o melhor - a reconquista. O 37.º título foi obra de todos - adeptos, jogadores, treinadores e dirigentes. Não me lembro de um ano em que tenhamos sofrido tanto, lutado como nunca para estarmos eufóricos. Aquilo que todos considerávamos uma miragem, no início de Janeiro, tornou-se uma realidade em Maio.
O profissionalismo do nosso grupo de trabalho, a dedicação dos nossos dirigentes e, sobretudo, a visão dos administradores da SAD e do presidente, em particular, fizeram a diferença. Com a escolha de Bruno Lage aprendemos uma lição - a solução para os nosso problemas está dentro de nossas casa.
Venha o 38!"

Pedro Guerra, in O Benfica

Maio, Mês do Coração

"Sabemos todos que o Estádio do Sport Lisboa e Benfica, naqueles dias em que o Benfica dá o máximo e os jogadores comem a relva pelo resultado, por ser 'impróprio para cardíacos' como todos costumamos dizer.
São 65000 corações de respiração suspensa prontos a explodir em alegria naquele ambiente fantástico que faz da Luz um inferno vermelho, fumegante e ruidoso. Maio é também um mês especial porque marca o fim da época e o amealhar de títulos como este 37 da reconquista que tanto nos orgulha a todos pelo mérito e resiliência que o Benfica patenteou publicamente. Mas não é desse Maio de emoções nem desses corações em sentido figurado que agora falo. Falo, sim, dos corações verdadeiros, feitos de músculo e vitalidade que nos permitem a todos levar a vida pelo mundo e aproveitar com a melhor qualidade possível esta oportunidade fantástica de passar tantas décadas, por vezes mais de um século, neste planeta extraordinário.
Por vezes, a nossa constituição ou a genética familiar ditam que o coração sofra e fraqueje. Mas muitas vezes, muitas mais que as necessárias, escolhendo estilos de vida completamente errados, somos nós com o nosso comportamento inadequado que determinamos as inevitabilidades cardíacas. Nunca é demais repetir o que já todos sabemos de cor: beber, fumar exercício e por aí fora, em suma, viver desregradamente é uma combinação de factores que conduz incontornavelmente à doença e antecipa a morte a tantos e tantos seres humanos.
Por isso, todos os anos, a Fundação Portuguesa de Cardiologia faz de 'Maio, o Mês do Coração', procurando alertar os portugueses para os riscos cardiovasculares e incentivando a que adoptem estilos de vida mais saudáveis para poderem viver mais e melhor. Por isso, também todos os anos, a Fundação Benfica acolhe esta campanha no estádio em dia de jogo e promove a saúde de algo que todos sabemos que os benfiquistas têm:
Um enorme coração!"

Jorge Miranda, in O Benfica

E a ordem cósmica cumpriu-se

"Da felicidade à euforia, os benfiquistas experimentaram no desafio do último sábado toda a dimensão da distância que medeia entre o sonho e a realidade. Fazendo-se as contas no fim, estava escrito nos astros que, como predizia a sabedoria dos homens, havíamos de vencer. Vencendo-nos, primeiro, a nós próprios, das nossas insuficiências e nas nossas dúvidas, com as quais sempre quisermos e soubemos superar os nossos limites. E, a seguir, ultrapassando os obstáculos que aleatoriamente sempre surgem, de modo inesperado ou nem tanto, no percurso que nos foi dado empreender. Por fim, ganhando, com brio, competência e estilo, as mais difíceis disputadas directas com os nossos adversários.
Estávamos fortes e preparados: sempre nos mantivemos juntos e unidos na adversidade, cada um sempre disponível para todo o esforço de carreira e todos em cada dia mais fortalecidos pelo desempenho conjuntivo que irrevogavelmente nos impelia para o triunfo.
Pela frente, a realidade estendia-nos o caminho que devíamos prosseguir: conhecendo-nos, como ninguém nos conhece, na nossa própria cadência e na capacidade trabalhada que vamos desenvolvendo com humildade e persistência, no íntimo, como sempre, me face dos resultados que fomos alcançando, desenhámos e fomos tornando mais definidos os nossos planos.
A meta estava nítida. Se as contas definitivas se haviam de fazer no fim, bastaria considerar e prever todos os factores próprios que estivessem ao nosso alcance, de modo a dosear devidamente o nosso esforço, ajustando-se sempre à realidade das jornadas que se sucediam. Simples.
Não pensar nos outros, terceiros, cujo rendimento não tinha que nos interessar directamente, senão quando eles o confrontassem face a face com o nosso, fez-nos focar exclusivamente nas nossas próprias tarefas. Cada vez mais nitidamente, concentrámo-nos no nosso próprio objectivo. Esse, para nós, semana a semana, tornava-se mais nítido. E embora a fadiga e a traição física por vezes se viessem insinuar, logo sentíamos o determinante apelo daqueles que nos envolviam: já falta pouco... não podemos fraquejar... afinal, todos juntos, vamos conseguir.
E conseguimos.
Cumpriu-se a ordem cósmica: tínhamos de ser campeões e, como nas anteriores trinta e seis vezes, hoje voltámos a ser campeões. Porque, como nos ensina a História do Benfica, soubemos definir o rumo, soubemos cumpri-lo; e, sobretudo, porque, depois de começarmos por nos superar a nós próprios, todos juntos nos soubemos focar e manter, exclusivamente, naquilo que tínhamos de fazer.
Aí, está, de novo, o Grande Benfica!

José Nuno Martins, in O Benfica

O discurso do rei

"A grande figura do novo campeão sabe que colocou a fasquia muito alta e que, tendo ganho, ganhou também mais responsabilidade

É muito difícil não simpatizar com Bruno Lage, esta figura alta, magra e simples que se evidencia pela discrição, pela serena e aparente genuinidade e pela natureza de um discurso tolerante no meio de tão feroz clima que há muito se instalou no futebol em Portugal sempre que se fala de Benfica, FC Porto e Sporting.
Bruno Lage acaba de ganhar e não podemos, portanto, saber se vai ter a coerência de manter comportamento e discurso quando perder, quanto muito podemos acreditar que sim, sem nos esquecermos, porém, de o termos visto azedo sempre que a coisa deu esta época para o torto, como foi caso do momento em que perdeu em Alvalade e foi eliminado da Taça e quando perdeu em Frankfurt e foi eliminado da Liga Europa.
Ou seja, a ganhar é sempre mais fácil mostrar serenidade, tolerância, compreensão, filosofia, e a perder é bem mais difícil evitar que estale o verniz.
Apesar disso, claro benefício da dúvida a um homem que pode realmente orgulhar-se de ter sido a principal figura do novo Benfica campeão e que surpreendeu, realmente, pelo discurso improvisado, pareceu-me, com que se fez ouvir (e espero que se tenha feito ouvir muito bem) no último dia da competição, que consagrou o Benfica como justo campeão nacional pela quinta vez nos últimos seis anos.
Lage sabe que colocou, assim, a fasquia muito alta e que, por isso, ganhou ainda mais responsabilidade, e veremos na próxima época se se confirmará ou não toda esta filosofia, comportamento e palavras, na que será a verdadeira prova dos novos rostos benfiquistas, a começar por um treinador que parece realmente boa lufada de ar fresco e que merece, pelo que já mostrou, a oportunidade de também ele aprender e crescer como treinador de um grande clube e de uma equipa que se exige grande no espaço competitivo português e ambiciosa e lutadora no espaço internacional.
Pode o Benfica sonhar com o que quiser, mas o que se espera e exige ver na próxima época antes de qualquer sonho é se vai o Benfica de Lage ser capaz de continuar a discutir intensamente todos os títulos nacionais e não ser na Europa o Benfica europeu que foi o tão pequenino Benfica na última época completa de Rui Vitória.
É isso certamente que os benfiquistas esperaram. E é isso que Bruno Lage vai ter que lhes dar!

Este Benfica de Bruno Lage pode na verdade ser reservado para futuro caso de estudo, a começar pelo modo como nesta segunda volta da Liga contrariou toda aquela lógica de muitos treinadores segundo a qual os ataques servem sobretudo para ganhar jogos e as defesas servem sobretudo para ganhar campeonatos, porque o Benfica de Lage foi sempre muito mais ataque do que alguma vez foi defesa e mesmo assim fez o que fez, ganhando o campeonato claramente a atacar muitas vezes (e avassaladoramente) bem e a defender muitas vezes (e precariamente) mal. Tão depressa dominando, como sendo dominado.
Ocorre-me, aliás, comparar o futebol deste Benfica de Bruno Lage com os sobressaltos de uma montanha-russa, porque em muitos jogos o Benfica tão depressa esteve por baixo como depois apareceu por cima, numa espécie de jogo bipolar que acabou, pelo talento, fúria e movimentos atacantes, por ser capaz de uma segunda volta verdadeiramente notável e uma sequência de resultados esmagadores que há muito não se via mesmo numa Liga tão desequilibrada como é a Liga portuguesa.
Poucas vezes conseguiu, porém, o Benfica ser na realidade uma equipa consistente e equilibrada, sobretudo depois de ter perdido Gabriel, que se revelou pela mão de Lage um indispensável, que impedia a equipa de cair muito para um lado ou para o outro, e, ao mesmo tempo, era uma dor de cabeça para o adversário com aqueles passes de rotura, como os treinadores tanto gostam de chamar, capazes de criar surpreendentes e súbitas oportunidades de ataque.
Sem Gabriel, o Benfica ficou um degrau abaixo na capacidade de ser mais consistente. Perdeu experiência e qualidade de passe e ficou, por isso, uma equipa mais vulnerável. Se lhe juntarmos a pressão que foi sendo cada vez maior de jogo para jogo e a juventude e imaturidade de jogadores como Ferro e Florentino, podemos evidentemente encontrar algumas razões para o jogo ora tão fulgurante ora tão descartado deste Benfica que Lage reconstruiu em quatro meses e em quatro meses conseguiu, honra lhe seja feita, dar ao Benfica um título que há quatro meses era verdadeiramente miragem e se tornou confessadamente, no fim, e todos percebemos porquê, num dos mais saborosos de que haverá memória na Luz.

Expôs a mais mediática claque organizada do FC Porto no último jogo do campeonato, no Estádio do Dragão, um gigantesco pano com a irónica e provocadora imagem de uma equipa de futebol que titulou de campeão nacional, formada por alguns árbitros da 1.ª categoria do futebol português, mais a figura do primeiro-ministro, ainda a figura de uma juíza de Direito, e, por fim, a de um alegado empresário de futebol, que a mais mediática claque organizada do FC Porto considerará serem figuras que, por diferentes razões, beneficiaram esta época o Benfica, alegadamente ao ponto de o terem ajudado a ser campeão nacional de futebol.
Se não fosse para levar a sério, o que a mais mediática claque organizada do FC Porto só podia e devia realmente dar alguma vontade de rir. Mas não pode. Porque o que foi feito deve ser levado suficientemente para merecer um castigo exemplar, na medida em que só pode ter sido feito com a autorização dos verdadeiros responsáveis do clube.
Podem as claques, do FC Porto ou de qualquer outro clube, brincar com o que quiserem. Mas não podem nem devem brincar com a seriedade dos outros. E muito menos com a contemplação (e evidente concordância), sublinho, dos verdadeiros responsáveis de uma instituição com a dimensão, o peso e o impacto nacional e internacional do FC Porto.
Liberdade de expressão não é ofender a dignidade e a honra dos que são livres.
(...)"

João Bonzinho, in A Bola

João Félix? “Há conversas, mas não chegou nenhuma oferta ao Benfica”

"João Félix só sai pela cláusula de rescisão de 120 milhões, garante Domingos Soares de Oliveira, CEO do Benfica, ao ECO24. Mas diz que a "venda de jogadores continua a fazer parte do negócio". 

Depois de estar a sete pontos da liderança, o Benfica conseguiu recuperar. Com Bruno Lage ao comando, os encarnados acabaram por conquistar o título de campeões nacionais, o 37.º da história do clube. Um sucesso desportivo para o qual contribuiu, entre outros, João Félix, uma jovem promessa vinda do Seixal. A nova estrela da Luz está a ser cobiçada, mas Domingos Soares de Oliveira diz que a SAD vai tentar mantê-lo. “Se não aparecer ninguém a bater a cláusula de 120, que batam 100 ou 90 ou 80, o jogador fica”, diz em entrevista ao ECO24, o programa do ECO com a TVI24.
A conquista do campeonato, que abre a porta à Liga dos Campeões, vem dar maior conforto à SAD, permitindo-lhe evitar vender jogadores titulares, como é o caso de João Félix, embora a “venda de jogadores continue a fazer parte do negócio”. O acesso à Champions, diz o administrador financeiro da SAD do Benfica, “faz toda a diferença” no orçamento ao garantir um valor extra de 50 a 60 milhões de euros. Mas também ajuda na projecção do Benfica lá fora, essencial para fechar o naming do Estádio da Luz.
Na entrevista, a primeira depois do título, Domingos Soares de Oliveira sublinha também que os sucessos desportivos permitem ao Benfica estar, agora, numa situação financeira muito mais sólida, que ajuda no processo de financiamento da SAD. Prova disso têm sido as sucessivas emissões de obrigações para pequenos investidores, que têm registado enorme procura. As obrigações de retalho permitiram ao Benfica praticamente já não ter dívida bancária. “A nossa dívida bancária é de cerca de 13/14 milhões de euros, não ultrapassa isso”, diz o administrador executivo da SAD, lamentando “não poder continuar a trabalhar com a banca” devido às “regras mais apertadas” do sector.

O Benfica precisa de vender jogadores ou os atletas só saem com a cláusula de rescisão?
São duas perguntas que não estão ligadas entre si. O Benfica tem hoje uma situação económica muito mais robusta do que já teve no passado, mas mesmo assim a venda de jogadores continua a fazer parte do negócio. Não significa que tenham de ser jogadores titulares, nós este ano sinalizamos aquilo que foram as vendas do Benfica ao longo do ano, não houve nenhum titular que tivesse saído e no entanto temos um volume de negócios com venda de jogadores ainda significativo.
Segundo aspecto que se coloca é: “só saem pelo valor da cláusula de rescisão?” Sim, em princípio essa é a regra, mas digamos quando um jogador é considerado excedentário evidentemente que a cláusula de rescisão não se aplica. Tem sido essa a regra que temos aplicado nas ultimas transacções. 

Mas nos jogadores que são titulares a cláusula de rescisão é sempre para cumprir?
É aquilo que procuramos fazer. Hoje a necessidade de venda dos jogadores é completamente diferente daquilo que era no passado, pelas razões que expliquei. Se algum jogador sair, daqueles que são titulares, o objectivo é que efectivamente apareça alguém que bata a cláusula de rescisão. No entanto, este ano preferíamos que isso não acontecesse. Com sinceridade, naquilo que é a preparação da próxima época, o nosso grande objectivo é manter o plantel.

Portanto, se aparecer um clube que dê 100 milhões de euros pelo João Félix, o Benfica não vende?
Se aparecer um clube que não bata a cláusula a intenção é não vender.

O que é que determina a decisão definitiva de venda ou não abaixo da cláusula de rescisão? Faz sentido, para a realidade económica e financeira em Portugal e do Benfica, haver uma oferta de 100 milhões de euros e não vender um jogador de futebol?
Sei que é difícil as pessoas entenderem isto, 100 milhões de euros é muito dinheiro. Nunca houve vendas de 100 milhões de euros de um único jogador em Portugal. Agora, o nosso objectivo principal, à data de hoje, é ganhar no relvado. Tudo o que tivermos de fazer para manter os jogadores que nos permitam ter mais condições de ganhar no relvado vamos fazê-lo. Já houve anos, há alguns anos, em que a situação económica era mais débil e, portanto, a necessidade de vender os jogadores que eram titulares era uma necessidade efectiva. Hoje, a situação é diferente. Portanto, se a cláusula de rescisão é de 120 milhões, se não aparecer ninguém a bater a cláusula de 120, que batam 100 ou 90 ou 80, o jogador fica.

Isso inclui ou não a comissão de transferência para os empresários?
As comissões de transferência são algo que é tratado quando os jogadores fazem os seus contratos iniciais ou quando fazem renovação dos contratos. Não há um aumento. O caso do João Félix é um exemplo. Tinha uma cláusula de rescisão muito mais baixa. Quando conseguimos mexer na cláusula de rescisão e passá-la para um valor superior, existem normalmente várias coisas a acontecer. Uma é a revisão do salário. Um jogador aos 19 e aos 20 anos tem de acompanhar. Quando fazemos as revisões [de contrato], o trabalho de um empresário torna-se muito mais difícil. É fácil vender um jogador por 25 ou 30 milhões de euros, mas é muito mais difícil vender por 100 ou 120 milhões.
É normalmente no processo das renovações dos contratos que se define qual pode ser a cláusula de rescisão, qual pode ser a comissão que um agente tem relativamente a uma futura transacção. Evidentemente, a defesa do Benfica não está naquilo que paga o agente, está muito mais em colocar a cláusula num valor suficientemente atractivo para nós e desinteressante para quem esteja de fora. 

Chegou a falar-se na possibilidade de uma revisão desta cláusula de João Félix. Gostaria de poder rever o contrato e a cláusula de rescisão?
Essa decisão é essencialmente tomada pelo conselho de administração e pelo presidente em particular.

Pelo conselho ou pelo presidente?
O presidente é quem faz a sugestão, a decisão final é sempre aprovada pelo conselho. E eu sei que o presidente teve efectivamente, e creio que ainda tem, a intenção de fazer essa revisão da cláusula de rescisão. Agora vou apelar à outra parte, que é o agente, o jogador, a família do jogador, que dirá se aceita ou não aceita essa revisão.
É difícil dizer o que vai acontecer. O que o presidente disse na altura foi: “Tem uma cláusula de rescisão, tem um contrato por mais cinco anos”, portanto, neste momento, o que temos é uma situação que nos mantém confortáveis. Olhando ao potencial do jogador, se acreditamos que efectivamente o jogador pode subir significativamente o seu valor, vamos provavelmente antecipar uma subida dessa cláusula de rescisão, desde que consigamos chegar a acordo com o jogador.

Já houve algum clube a apresentar uma oferta concreta ao Benfica por João Félix?
Não chegou nenhuma oferta ao Benfica. Há conversas, há rumores, há algumas informações que até temos por via do jornal, de clubes que estão interessados. É verdade que, nas reuniões internacionais, a grande maioria dos clubes mais importantes da Europa pergunta pelo João Félix, todos têm uma expectativa relativamente ao João Félix, mas do ponto de vista objectivo, até à data, não chegou nenhuma proposta ao Benfica.

A revisão salarial de João Félix inflacionou o orçamento do Benfica?
Temos uma clara noção que os valores dos salários estão a crescer a taxas de dois dígitos no plantel. Evidentemente que se o jogador é mais novo, é natural que ele duplique ou triplique o seu salário. Num jogador mais velho é natural que o crescimento seja menos acentuado do ponto de vista de percentagem, mas aquilo que se vê em toda a Europa são crescimentos salariais significativos. Põe-se sempre a questão: como é que eu consigo reter este jogador? Não é por ele ter uma cláusula e ter um salário muito baixo que vou conseguir retê-lo. Já tive situações dessas no passado em que tivemos que vender porque o jogador, lá fora, ia ganhar três, quatro, cinco vezes mais.

Forçam a saída?
Eles não forçam a saída, mas percebe-se o desgaste que têm. Percebe-se a pressão. Não funciona. Portanto, a nossa regra hoje é comprar menos, o que significa de alguma forma reduzir o montante das amortizações que temos de fazer e o montante do investimento que temos de fazer, concentrar o maior esforço do ponto de vista do aumento da carga salarial, e continuar a ter as contas equilibradas como temos tido até agora.

Ainda assim, há uma parte do orçamento que acaba por advir das transferências. Na época que vai começar, qual é o montante de transferências que precisa de acumular para cumprir esse orçamento? 
Não costumamos divulgar esse número. É um montante reduzido. Como vamos ter a entrada directa na Liga dos Campeões, é evidente que o orçamento deste ano é preparado com muito mais conforto que o orçamento do ano passado, [porque] quando arrancamos o ano não tínhamos a certeza se íamos estar na Champions ou não. A Champions faz toda a diferença neste processo.

Quais são os valores directos?
Do ponto de vista de entrada directa na fase de grupos, é de cerca de 42 milhões de euros, mas na prática uma fase de grupos da Champions dá-nos sempre qualquer coisa perto dos 60 milhões de euros. É uma diferença significativa entre estar ou não estar. Se, em vez de estarmos na Champions, estivermos na Liga Europa os montantes baixam para 20% disso, se tanto.

50 ou 60 milhões é já uma parte muito significativa do orçamento, por exemplo do orçamento que o Benfica está agora a executar e que termina no final do Junho…
…estamos a fechar o exercício do ano, vamos fechar o exercício sem vendas de jogadores com um valor próximo de 200 milhões de euros. Sem receitas operacionais, sem qualquer transacção de jogadores. E com transacções de jogadores, se não houver nenhuma surpresa até ao final do ano, ou seja se não houver nenhuma venda relevante, o valor deve ser 250 ou 280 milhões de euros. Se considerarmos que 50 milhões – este ano é cerca de 58 milhões de euros – vem das competições europeias… As competições europeias, à semelhança dos direitos televisivos, são as duas principais componentes do ponto de vista das receitas. E são one shot, ou seja, ou estou ou não estou. Não é venda de merchandising, não é venda de bilhética que é um trabalho diário. Aqui, ou se conseguiu ou não se conseguiu.

Quanto é que vale a vitória no campeonato? Por exemplo, nos torneios…
Isso é a parte indirecta. A parte directa é que todos os contratos de patrocínio têm um prémio por sermos campeões, portanto, por aí vai-se buscar mais alguma coisa. Não é aquilo que faz a diferença, mas vai-se buscar mais qualquer coisa. Do ponto de vista de vendas de merchandising, a primeira semana a seguir a ganharmos um título é uma semana em que as vendas disparam cinco ou seis vezes, é uma semana em que podemos estar a fazer um milhão de euros em merchandising enquanto o nosso orçamento de merchandising é de cerca 13 ou 14 milhões de euros. Há um conjunto de itens que crescem significativamente. Mas o maior benefício é claramente o acesso à Champions.

Esta vitória no campeonato e o acesso à Champions vão acelerar o processo de naming do estádio? 
Não. O processo de naming do estádio está a ser discutido há muito tempo e antes do final do ano não haverá novidades, mas haverá muitas reuniões com parceiros que têm vindo a aprofundar aquilo que é o naming do estádio. Nós defendemos muito o patrocínio internacional, mais do que o patrocínio nacional. Os montantes de que estamos a falar tornam necessário que sejam empresas internacionais. A expectativa de um patrocinador é saber qual é a exposição do Benfica fora do mercado português. O mercado português, per si, não justifica o contrato de naming.
Aquilo que discutimos com a Emirates, com a Heineken, com a Adidas é: “qual é a visibilidade do Benfica”. Para isso, contam os jogos europeus que fazemos. Este ano, existe uma situação que pode mudar drasticamente: Actualmente, na fase de grupos faz-se seis jogos e nas perspectivas da UEFA para o pós-2024 existe uma estimativa mínima de 14 jogos na Champions. Existem os torneios internacionais que fazemos nos Estados Unidos que são muito importantes do ponto de vista de visibilidade de marca, porque são com o Real Madrid, Barcelona, Juventus. São 24 clubes de topo da Europa que, de alguma forma, expõem a sua marca. É quando temos os jogos fora que existe a exposição da marca em termos de camisola. O estádio tem esse atractivo para as empresas que tenham actividade em Portugal, mas que consigam tirar um beneficio que não seja apenas para o mercado português.

Sobre o naming do estádio, vamos ter novidades em Janeiro ou Fevereiro do próximo ano?
Não sei se vamos ter. Temos propostas… acredito que existem condições para fechar essas propostas durante os próximos meses, mas sou sempre cauteloso porque não queremos criar falsas expectativas.

O que é que atrasa o processo? É a identidade do Benfica? Não expor o estádio a uma marca? Ou é o facto de não ter sido oferecido dinheiro suficiente?
Não temos nenhuma objecção a associar o estádio a uma marca. Resistência do lado do Benfica não existe, mas não pode haver uma perspectiva em que as pessoas se vão deixar de referir ao estádio como Estádio da Luz. Haverá uma marca associada, mas é natural que as pessoas continuem a falar do Estádio da Luz.
No entanto, é possível associar a marca a um conjunto de negócios, em termos nacionais e internacionais, que permita rentabilizar a marca. Por isso é que digo que as marcas portuguesas não o conseguem fazer. E nós tivemos discussões com algumas marcas portuguesas e com outras internacionais e os montantes que alcançámos do ponto de vista de possível negócio são diferentes entre aquilo que oferecem e o que pretendemos. Mas há condições. Provavelmente nós ajustamos ligeiramente em baixa aquilo que é a nossa expectativa de valor, e o potencial patrocinador ajustar em alta aquilo que tem sido as propostas até agora.

É possível dar uma noção de valores?
Temos sempre apontado para um valor de cinco milhões de euros por ano. Estes contratos têm de ser de longa duração, a oito ou a dez anos.

Disse que começa esta época mais confortável. Quer dizer que o Benfica vai gastar mais? Recordo dois pontos, na emissão de obrigações assumiu o compromisso de aumentar os capitais próprios do Benfica e conter os gastos operacionais, isto é, não inflacionar orçamentos, nomeadamente com salários de jogadores. Como é que isso é compatível para ter uma equipa competitiva?
As receitas no mundo do desporto crescem sempre, não para todos os clubes, mas para a maioria e é o nosso caso. Este ano, temos um crescimento de receitas operacionais de 25%, e é uma época em que não fizemos nada de espectacular em termos de competições europeias porque saímos da Champions e fizemos depois até aos quartos-de-final na Liga Europa. Existe uma tendência neste momento no mundo do futebol que é de permanente crescimento das receitas. Na maior parte dos casos, temos receitas que estão de alguma forma contidas. Por exemplo, o contrato de direitos televisivos está fechado para os próximos anos, mas do ponto de vista de receita de bilhética, à medida que vai havendo maior escassez do ponto de vista de disponibilidade, e este ano já tivemos oito jogos em que não tínhamos mais bilhetes para vender. Naturalmente o produto mais escasso permite-nos crescer o valor, isto é válido para empresas e é valido para os particulares.
No caso das competições europeias aquilo que se nota é que de ano para ano as receitas sobem significativamente. Não é de ano para ano mas nos ciclos 2018/2021 e agora 2021/2024. Há sempre um crescimento de receitas. Portanto, contenção de custos operacionais sim, desde que isso não ponha em causa a qualidade do plantel e desde que isso seja acompanhado de um crescimento das receitas como temos tido.

A contenção é admitir crescimento abaixo desse aumento das receitas ou é manter o nível de despesa que tem hoje?
É admitir o crescimento. Claramente vamos ter um crescimento, creio que é expectável que todos os anos tenhamos um crescimento para reter o talento. Portanto, vai haver crescimento, tenho é de conseguir acompanhar um crescimento desses custos operacionais com o crescimento das receitas. 

Uma futura Liga Europeia seria bem recebida no sentido de mais facilmente poder aumentar as despesas porque as receitas serão muito maiores?
Uma futura Liga Europeia, seja ela fechada ou não — porque no fundo falou-se durante muitos anos numa Super Liga e agora fala-se de uma competição diferente, com muitos mais jogos europeus, mas que não é uma competição fechada –, é um modelo para equipas como o Benfica e, provavelmente, para outras equipas com o estatuto do Benfica, é um modelo favorável. Naturalmente que, se em vez de seis jogos, numa fase de grupos disputamos 14, o incremento de receitas é um incremento significativo.
Um desafio que se coloca é: como é que o Benfica garante estar nesse patamar das melhores 32 equipas europeias? Até agora, do ponto de vista de ranking, estamos nesse patamar e até já estivemos melhor. Do ponto de vista de receitas também. Temos conseguido aguentar-nos dentro dos 30 maiores, mesmo com os crescimentos disparatados do valor dos direitos televisivos em Inglaterra, nós conseguimos manter-nos ali dentro dos 25/30 primeiros.

Portanto, estão no limiar…
Estamos sempre ali num limite… Eu até diria que as boas notícias são que apesar de estarmos sempre no limiar dos 30 maiores, do ponto de vista de ranking desportivo estamos sempre muito melhor do que isso. Ou seja, com o mesmo dinheiro conseguimos fazer melhor do ponto de vista desportivo em termos de competições europeias. Mas temos de manter isso. Vai ser necessário continuar a investir, vai ser necessário que o modelo que desenvolvemos do ponto de vista de potenciar os jogadores que sejam oriundos da formação continue a produzir bons resultados. Só assim é que conseguimos. Porque se apostarmos num modelo — há outros clubes que apostam — de comprar e comprar e, na prática, não desenvolver talento internamente, os custos vão disparar. E isso é um modelo, por exemplo, nos clubes ingleses é óbvio porque é preciso rendimento imediato. Nós precisamos de rendimento imediato do ponto de vista desportivo em termos nacionais, em termos europeus podemos preparar um ciclo completamente diferente, coisa que nas outras ligas é muito mais difícil. Daí o sucesso de termos integrado uma série de jogadores da formação com jogadores que sejam jogadores já com experiência.

E é fulcral estar nesse espaço de referência europeu para poder manter a hegemonia do futebol português?
É fulcral estar no espaço europeu, sem dúvida. E penso que o nosso projecto tem de ser um projecto em que olhamos para os nossos concorrentes como os clubes que estão ao nível mais alto da Europa. 

Isso não é só discurso de retórica? Um clube português pode aspirar isso?
Se olharmos para aquilo que está a acontecer nas competições europeias, por exemplo, os dois clubes que vão disputar a final da Champions este ano, nenhum foi campeão, que é uma coisa desde logo estranha.

Mas é um caso atípico, não?
Não é bem um caso atípico. Porque, efectivamente, aquilo que acontece é um poderio das cinco ligas principais que eles têm tanto dinheiro que qualquer uma delas pode chegar às finais e esse poderio é muito diferente do nosso. Se eu consigo fazer crescer as minhas receitas até 300 milhões, e posso estar satisfeito de chegar a esse valor dada a dimensão do nosso mercado, qualquer um dos clubes grandes vai, provavelmente, ter receitas completamente diferentes.
Outra coisa é que nas competições europeias, na fase de grupos, é preciso manter-nos na fase de grupos e ultrapassá-la de forma positiva. E, a partir daí, são três ou quatro jogos em que as coisas podem correr bem. Foi o que aconteceu ao Ajax. O orçamento do Ajax não tem nada a ver com o orçamento do Real Madrid.

Mas é fulcral estar nos oitavos de final?
É fulcral estar nos oitavos de final e, a partir do momento em que se entra nos oitavos de final, qualquer coisa pode acontecer. É verdade que o último clube a vencer uma Champions, no modelo actual, que não fosse a união dos cinco grandes países, foi o Porto em 2004.

E essa presença, nesse enquadramento europeu que tem uma visibilidade económica total diferente, muito maior, é um seguro de garantia para o domínio do futebol português? Consegue-se ganhar em Portugal sem ter estado na Europa?
Creio que não. Creio que isso é impossível. Ou seja, a diferença entre grandes e pequenos, seja em Portugal, seja no modelo europeu, é uma diferença que vai sempre existir. Eu posso ambicionar ter as receitas do Real Madrid em direitos televisivos, mas o meu mercado é o que é e eu tenho que me “contentar” com aquilo que tenho. E, em termos nacionais, a desproporção de orçamentos é muito grande mesmo sem os direitos televisivos, seja daquilo que se vai buscar em termos nacionais ou internacionais.
E os clubes mais pequenos da Liga portuguesa, são clubes que se veem atrapalhados para conseguir chegar a quatro ou cinco milhões de euros em termos de receita. Conseguem ter os direitos televisivos com o contrato que têm e pouco mais. O nosso campeonato, também desse ponto de vista, é completamente desequilibrado.

O Benfica acabou de fazer uma emissão de obrigações que correu muito bem. Tendo em conta o quadro que nos traça, porque é que ao mesmo tempo o Benfica teve de antecipar receitas dos direitos televisivos da Nos de 2022 e 2023?
Mais uma vez, as coisas não são coincidentes. Ou seja, primeiro fizemos essa cedência de créditos da Nos para reembolsar os 50 milhões que tinham origem num anterior empréstimo obrigacionista. Portanto, ao contrário de outras operações, em que o reembolso só era feito depois da emissão, neste caso fizemos primeiro o reembolso e depois lançamos a nova emissão, portanto, reembolsamos esses 50 milhões.

Com essa venda de créditos antecipada?
Com essa venda de créditos. As taxas que conseguimos neste novo empréstimo obrigacionista foram muito interessantes, portanto justificava-se fazer esta operação. Com a nova emissão obrigacionista, na realidade o que fomos buscar de dinheiro fresco foram 28 milhões, claramente uma redução do que tínhamos nos anteriores em termos de empréstimos obrigacionistas. Portanto, as duas operações justificam-se.

De alguma forma estenderam o pagamento dessa dívida aos obrigacionistas, a quem investiu. Está a valer a pena, mesmo com taxas baixas mas, ainda assim, mais altas do que as da banca, trocar a dívida bancária por este tipo de dívida de obrigações?
Nós praticamente já não temos dívida bancária. A nossa dívida bancária é de cerca de 13/14 milhões de euros, não ultrapassa isso. O maior problema que existe em termos de dívida bancária em Portugal é que os bancos não financiam as sociedades anónimas desportivas, dizem, por regras…

…Não é por vontade dos clubes…
Não. Nós gostaríamos muito de poder continuar a trabalhar com a banca, mas desde 2014 as regras têm sido mais apertadas e, do nosso lado, fizemos o reembolso de toda a dívida que tínhamos à banca, que não era só uma dívida do produto típico de empréstimo, mas também de papel comercial. Portanto, havia uma série de instrumentos financeiros que tinham taxas mais altas do que as habituais. Fizemos esse reembolso todo, com financiamento de 3,75% que eu acredito que se possa manter para os próximos. Estamos numa situação já bastante confortável.

Nos últimos anos, sucederam-se vários casos que envolveram o Benfica, nomeadamente e-toupeira e suspeitas sobre jogadores. A vitória deste ano é justa?
Não tenho dúvidas nenhumas. É uma vitória justíssima e os números falam por si. Tivemos um início de campeonato difícil, em que por culpa própria tivemos resultados menos positivos. E depois, a partir da entrada do Bruno Lage, fizemos um campeonato absolutamente irrepreensível. Acho que ninguém põe em causa isso.

Há quem ponha isso em causa, por exemplo num conjunto de resultados que foram consequência directa de erros de arbitragens.
Sempre ouvi dizer que o campeonato é uma prova de resistência e acho que é verdade. Um campeonato não se decide pelo jogo A ou B, pode haver um erro no jogo A a nosso favor e outro erro no jogo B a favor do nosso adversário. O que é verdade é que nas lutas directamente com os nossos principais rivais, ganhámos essas lutas praticamente todas.
No ponto de vista de eficácia e ataque, demonstrámos que voltamos quase aos anos 60/70. Portanto, sinceramente, uma pessoa honesta não põe em causa o resultado deste campeonato, porque — eu sei que é desagradável para os nossos adversários –, mas ver a performance que tivemos e ver que conseguimos ultrapassar uma barreira que parecia inultrapassável — sei que é difícil e compreendo isso, já estive do outro lado –, mas é um campeonato irrepreensível.

Ainda no caso dos emails, o Benfica pediu uma indemnização de 17 milhões de euros. Porquê este valor?
O valor está assente num conjunto de premissas que foram justificadas em tribunal. Não é um assunto de que eu queira falar muito porque ainda está numa fase de decisão, nem é um assunto que passe directamente por mim em termos da estratégia.

Mas de onde vêm estes 17 milhões?
Os 17 milhões estão calculados através de uma série de parâmetros. O que eu posso dizer é que, fugindo aos 17 milhões de euros, houve uma série de casos de empresas concorrentes que, de alguma forma, tiveram acesso a segredo de negócio. Este é um ponto essencial. E se analisarmos as decisões dos tribunais europeus em relação a esta matéria, o acesso indevido a segredo de negócio é penalizado.

Consegue dar um exemplo?
Na Fórmula 1, na indústria electrónica, na automóvel. Esses exemplos foram citados no processo. Não estou a discutir como tiveram acesso aos emails. O que estamos a discutir é informação confidencial de negócio que é obtida, estudada… É essa e temática que está aqui em causa. Portanto, não vamos discutir robô. Não é isso que está em causa.

A Benfica TV vai continuar a transmitir os jogos do Benfica no próximo ano?
Essa decisão não é só do Benfica mas, acima de tudo, de quem nos comprou os direitos televisivos. E quem nos comprou — foi a Nos — partilha esse conteúdo e custos com restantes operadores de telecomunicações. Os operadores estão satisfeitos com o modelo que têm actualmente, do ponto de vista prático, quem assinar a TV contribui para o esforço que os operadores de telecomunicações fazem e, portanto, da parte dos operadores e daquilo que nos foi transmitido recentemente, existe todo o interesse em manter o modelo actual. Da nossa parte, obviamente, completamente disponíveis para manter o modelo actual, estamos satisfeitos com ele e é para continuar.

Quer na dimensão da aposta na formação do clube, quer na avaliação desportiva que fez, há um nome que ressalta: Bruno Lage tem contrato até quando?
Penso que por mais quatro ou cinco anos.

Não é um problema a curto prazo?
Não, não é. E, por acaso, ontem [quarta-feira] tivemos o jantar com os nossos patrocinadores, fiquei ao lado do Bruno Lage e conversamos sobre imensos temas de futebol. A experiência que tem do ponto de vista internacional é muito interessante. Eu já o admirava por uma série de aspectos antes disto, mas surpreendeu-me pela dimensão, pelo mundo que tem, que é diferente de outros treinadores. Acho que temos ali uma pessoa que oxalá consigamos reter e que nos pode ajudar muito nos próximos anos."

Imprevisível. No futebol: apenas mais um dia

"Em Dezembro, o Benfica estava a sete pontos do líder do campeonato. Dado praticamente como fora das contas do título. Há uma semana, os encarnados conquistaram o 37º. troféu da Primeira Liga da história do clube, alcançando a tão aclamada reconquista. Este é apenas um dos exemplos de como no futebol nada acaba até o apito final. “It ain’t over ‘til it’s over”.
Temos o Ajax, esta temporada. Visto como o underdog que alcançara a fase final da Liga dos Campeões, mas veio a eliminar Real Madrid e Juventus de Ronaldo e alcançar as meias finais da prova. Este exemplo tem, em si próprio, outro exemplo, já que os holandeses falharam a final da prova milionária depois de estarem a vencer por 2-0 em casa e deixarem o resultado inverter para 2-3 no último segundo da partida.
Ou por exemplo o Leicester. A equipa sensação que na época 2015/16 venceu a Premier League Inglesa. A qualidade da equipa ninguém a colocava em dúvida, mas o orçamento e poderio dos grandes ingleses iria com certeza abafar a campanha sonhadora dos foxes, seria apenas uma questão de tempo. Mas depois foram vencer por 1-3 na casa do Manchester City, ganhar 2-0 ao Liverpool, por 2-1 ao Chelsea e a manter a luta pelo título sempre além do que todos esperavam.
Depois de uma segunda volta histórica, o Benfica recuperou sete pontos de distância e reconquistou o título de campeão

Novamente na Premier League Inglesa, recordando quando os grandes de Manchester disputavam o título de campeão na última jornada. O United jogava com o Sunderland e fez o seu papel ao vencer por 1-0. Já o City, enfrentava o último classificado da tabela, o Queens Park Rangers, e perdia por 2-1 aos 92 minutos, altura em que houve o empate dos citizens. Quem não se arrepiou ao ver Aguero a marcar o golo da vitória, e por sua vez o golo do título, mesmo ao cair do pano? Magnífico.
Se há algo a aprender do futebol é que não há jogos vencidos antes do apito final. Os prognósticos, como a famosa frase, são feitos depois do jogo. Tudo pode acontecer. Obviamente que há sempre maior hipótese de isto ou aquilo acontecerem, mas o futebol joga contra quaisquer odds. Barcelona a dar a volta a uma eliminatória que perdeu por 4-0 na primeira mão e a vencer por 6-1 na segunda. Liverpool a perder por 3-0 contra o Barcelona na primeira ronda e a eliminar os espanhóis por 4-0 na segunda ronda.
Há milhares de casos destes no futebol. Já foi a vez do Benfica deixar cair sete pontos de vantagem em menos de metade de campeonato. Este ano foi o Benfica a recuperar de menos sete pontos, para o título trinta e sete de campeão nacional. Não é a vida. É mesmo o futebol. E tão lindo é sendo ele assim."

Bruno Lage – O Pack completo


"«O Rio Ave tinha saída boa com o Augusto que ligava bem com os médios e rodava o jogo. Não queríamos isso. Entre os 2 o Tino tinha de subir e pressionar. O Samaris ficava mais baixo por não ser tão rápido e porque joga melhor de cabeça»
Bruno Lage"

Há a necessidade de um compromisso Europeu para salvar os superclubes SLB e FCP

"O desporto e o futebol português deveriam reconhecer que a caravana eleitoral europeia tem responsabilidades na defesa dos interesses dos clubes nacionais e não passar ao lado, como foi a actual legislatura.
A salvação do SLB e do FCP da voragem dos capitais internacionais, que engoliram os grandes clubes dos grandes países, não é equacionada pelos candidatos a eurodeputados e as instituições do desporto o governo, parlamento, partidos, organizações desportivas, federações, os feitores das leis deixam passar o momento porque têm receio de exercer os direitos do futebol e do desporto nacional.
Os grandes clubes nacionais estão a ser prejudicados como o SCP que perdeu valores económicos e desportivos significativos, destruiu mais um campeonato e outros clubes europeus estão a ultrapassá-lo. Sem boas políticas públicas desportivas depois virão as afirmações grandiloquentes, o bater no peito, as altas autoridades, a justiça que nunca lá chega, a GNR e a PSP e será tarde no mercado europeu que é o mais competitivo do mundo.
Na Alemanha os 36 clubes profissionais defendem-se e reprovam os modelos propostos pela UEFA por considerarem que afectam os seus campeonatos nacionais. Na Europa dos médios e pequenos países a preocupação é semelhante pela recusa do acesso dos seus maiores clubes á Liga dos Campeões e pela presença de capitais selváticos que compram clubes, endividam-nos e largam-nos mortos, destruindo o capital desportivo, o social e o económico acumulado pelas populações locais que não se souberam defender ou não tiveram instrumentos e líderes íntegros focados no valor criado pelas populações locais.
A comunicação social deveria perguntar aos eurodeputados portugueses questões como as três seguintes: como pretendem defender o Benfica e o Porto da voragem dos capitais abutre que usam os grandes clubes europeus na realização de lucros exorbitantes? Como defender o SLB e o FCP tal como o Ajax e outros grandes clubes de países médios e pequenos no seio do Parlamento Europeu? Os eurodeputados vão exigir ao governo nacional e aos seus partidos, uma política desportiva clara e ambiciosa na promoção do futebol português no seio do Modelo de Desporto Europeu?
Certamente que os eurodeputados portugueses já terão assistido aos grandes jogos europeus dos clubes nacionais. Certamente que se regozijam com as vitórias do desporto português. Certamente que deveriam também dar o melhor dos seus contributos que nunca se considerará ligeiro na defesa do, desporto, do futebol e da juventude portuguesa que ao protagoniza-los amadurecem e agarram o Mundo."


PS: Em poucos dias, é a terceira opinião publicada pelo colunista a falar do mesmo assunto!
Só discordo, quando insiste em colocar o Benfica e os Corruptos no mesmo saco, estamos a falar de realidades financeiras e sociais bastante diferentes...

O peso do Seixal

"A convocatória do seleccionador Fernando Santos para a Liga das Nações é a confirmação daquilo que representa hoje o Caixa Futebol Campus (CFC) no contexto do futebol português: numa lista de 23 jogadores, há 9 que foram – total ou parcialmente – formados e desenvolvidos no Seixal.
O impacto do ‘Projeto CFC’ vai assim aumentando a cada temporada, com benefícios que estão bem à vista para o Benfica, para as diversas selecções nacionais e para clubes como o Manchester City, o Barcelona ou, entre outros, a Juventus.
As maiores potências europeias reconhecem que o jogador formado no Seixal está preparado para os mais exigentes desafios. Reconhece, no fundo, a excelência de um projecto que é único na forma de identificação, preparação e evolução do talento.
É um orgulho para todos nós que tantos futebolistas ‘nascidos’ no Seixal estejam hoje ao serviço da principal Selecção Nacional. E que outros jogadores fundamentais para os êxitos do Benfica, como Rafa e Pizzi (melhor jogador da Liga 2018/19), também voltem a envergar a camisola das quinas. 
Entretanto, é hoje, ao final da tarde, que ficam oficialmente encerradas as comemorações da Reconquista, no momento em que o Presidente Luís Filipe Vieira entregar o troféu ao Museu Cosme Damião. Momento aproveitado também para a entrega da Taça de Portugal conquistada pela nossa equipa feminina de futebol, no primeiro título da sua história.
Continuaremos, porém, na busca de outras Reconquistas. Os campeonatos nacionais do futebol de formação caminham para as últimas jornadas e o Benfica mantém legítimas aspirações em alcançar novos títulos. Nesse sentido, as equipas de juvenis e juniores têm amanhã jogos de grande importância.
Nas Modalidades, será já hoje que o Futsal (Benfica-Fundão, 19h30) e o Basquetebol (Benfica-FC Porto, 21h15) irão tentar dar mais um passo rumo… à Reconquista. Vamos a isso!

PS: A equipa de atletismo do Benfica participa este fim de semana na Taça dos Clubes Campeões Europeus e irá lutar pela conquista do lugar mais alto do pódio. Irá fazê-lo, ainda assim, competindo sob protesto, em função de uma decisão da Associação Europeia de Atletismo que consideramos, no mínimo, lamentável. Para o Benfica, Pedro Pablo Pichardo, o melhor atleta do Mundo em triplo salto em 2018, é Português! E tem, por isso, os mesmos direitos que qualquer outro cidadão em espaço europeu. Doa a quem doer!"

Os homens do título: Pizzi, o carteiro da liberdade

"É o homem que precisa de menos tempo para fazer uma assistência quando comparamos a liga portuguesa com os grandes campeonatos europeus, à frente de bons rapazes como Sancho, Sané, Hazard e Di Maria. É um daqueles futebolistas de quem se diz normalmente “a bola sai mais redondinha do seu pé do que quando chegou”. Pizzi, que é Pizzi graças a Juan Antonio Pizzi (ex-Barcelona, clube que adorava em miúdo), aprendeu os básicos deste jogo no Grupo Desportivo Bragança. Até à primeira divisão foi um tirinho, depois de passagens no Ribeirão e Sporting da Covilhã. Ainda tem 29 anos, vai para o sexto no Benfica, mas já parece daqueles jogadores batidos.
Quando chegou ao Estádio da Luz piscava o olho à linha lateral. Com Rui Vitória, que já o tinha treinado no Paços de Ferreira, passou para 8. E ele há poucos dias, na SportTV, admitiu que não tinha pedal: “Defensivamente não sou, nem de longe nem de perto, o melhor jogador do mundo. Jogando com dois [no meio-campo], pode notar-se mais essa debilidade defensiva da minha parte. Jogando com três no meio era diferente, beneficiava-me.” Até que chegou Bruno Lage e mudou o desenho para caber o miúdo João Félix: “Agora, em 4-4-2, jogando pela direita, é onde me sinto mais confortável. Para além de ter muito mais liberdade, estou muito perto da baliza adversária, estou mais perto de assistir os meus companheiros, que é das coisas que mais gosto. E posso ser decisivo.”
Pois é, Pizzi agora navega pela direita e tem autorização para visitar terras do interior, convidando à subida do amigo André Almeida, para depois pisar mais vezes a grande área rival. Os números da Goal Point comprovam-no: o médio marcou 8 golos de bola corrida (+5 de penálti), 7 deles dentro da área, corroborando a teoria de Pizzi (“estou muito mais perto da baliza adversária”). Nas assistências também é verdade: 18 passes para golo (bola corrida), contabilizando ainda 55 key passes.
O número que mais impressiona, ainda assim, é o tempo que demora a oferecer um golo (já sabemos que isto depende sempre do pé afinado do colega). Comparando com os grandes campeonatos europeus, Pizzi é o carteiro mais eficaz: uma assistência a cada 152 minutos. Jadson Sancho (Dortmund) chega depois (175’/assistência), seguido por cityzen Leroy Sané (187’/assistência), Eden Hazard do Chelsea (194’/assistência) e Ángel Di María (201’/assistência) do PSG."

Lage, o comunicador

"Da longa e muito interessante entrevista concedida ontem por Bruno Lage, retiram-se facilmente meia dúzia de frases que dão excelentes títulos de jornais. Comunicar bem é exactamente isso: passar mensagens de forma fácil, fazendo com que entrem rapidamente na cabeça dos destinatários e que dali não saiam. Os receios de Lage sobre a sua capacidade de comunicar eram, como tem mostrado praticamente de cada vez que abre a boca, manifestamente exagerados.
Entre as mensagens que dali saíram, destaco aquelas em que Bruno Lage aponta para o futuro (ao ‘pedir’ João Félix) e para aquilo que quer ver em campo. "A equipa tem de crescer em muitas coisas", admitiu, assinalando depois fragilidades na consistência do jogo dos encarnados. Em momentos de ressaca de grandes conquistas, como foi claramente este título nacional para o Benfica, o mais fácil seria festejar e olhar para o espelho como as mesmas expectativas do que a madrasta na história da Branca de Neve. Mas Bruno Lage olha para o espelho e também vê as imperfeições; mais do que vê-las, fala sobre elas, aponta-as e eleva a exigência.
A entrevista de ontem acabou por ser muito pouco sobre a temporada que agora termina e foi muito mais sobre a que vai iniciar-se a 1 de Julho. Também por isso, Lage mostrou habilidade para comunicar."

Lage, o Benfica e a política

"Os portugueses (lamentavelmente uma minoria) vão votar este domingo para as eleições primárias das legislativas a que normalmente se chama europeias e arrisco dizer que a maior parte não tem consciência em quê. Em que projecto, em que ideias para a Europa e para o país, em que causas? Não sabemos. Sabemos que os candidatos continuam a fazer campanhas do século passado com beijinhos em feiras e mercados, mas principalmente nos partidos “mainstream” temos dificuldade em perceber que causas concretas defendem.
Esta situação é especialmente grave no centro direita, representado pelo PSD e CDS. As sondagens parecem reflectir isso. Se já estava complicado entender o seu caminho alternativo, ficámos ainda mais confusos quando os vimos a apoiar a luta de Mário Nogueira e a estenderem uma passadeira vermelha para António Costa reforçar o eleitorado que decide eleições: o do centro.
Como eleitor deste espectro, gostaria de ver mais convicção na defesa dos cidadãos que não integram corporações de funcionários públicos e que têm sido colocados em segundo plano nas prioridades da geringonça. Mais do que críticas inflamadas ao “ilusionismo” de António Costa, à sua maior ou menor honestidade política e às relações familiares em que todos parecem ter telhados de vidro, talvez fosse mais interessante ver este centro direita a defender um caminho alternativo e concreto, por exemplo, em relação às múltiplas investidas do Governo e seus apoiantes sobre a propriedade e iniciativa privadas. Veja-se a mais recente lei que agrava brutalmente o IMI sobre imóveis devolutos de particulares, incluindo meros apartamentos. Recorde-se o “imposto Mortágua” e as intromissões na liberdade privada no mercado de arrendamento. E o que dizer da mais alta carga fiscal de que há memória sem contrapartida em investimento público? Pelos vistos, muito pouco. O que nos faz ter a sensação de que, na realidade, o centro direita tradicional não acredita muito que há uma verdadeira alternativa, para além de uma mera mudança de rostos de poder. Isso é preocupante e, não é por acaso, que seja à direita que estão a emergir novos partidos com ambição de fazerem neste lado o que o Bloco fez à esquerda.
Como bem disse Bruno Lage perante uma multidão de benfiquistas em festa no Marquês de Pombal, temos que ser tão exigentes nos outros aspectos do nosso Portugal como somos com o futebol. Ele falou da saúde, economia e educação. Eu acrescento a política. Temos que ser mais exigentes em relação aos nossos políticos, pedindo-lhes mais projectos e menos politiquice ao sabor de vazias agendas mediáticas que rapidamente se esfumam. Como benfiquista assumido que sou, Bruno Lage é o meu herói desportivo de 2019. Transformou lata em ouro. Mas, mais do que isso, o seu discurso é uma lufada de ar fresco para um futebol esgotado de palavras azedas e absurdamente bélicas. Promove uma cidadania responsável e rapidamente demonstrou que não é preciso ser fanfarrão para se ter atenção. Com inteligência e humildade, conseguiu fazer sobressair as suas qualidades técnicas e humanas de liderança, com resultados comprovados.
Em detrimento de gritos e críticas cegas contra árbitros e adversários, Lage optou por dizer alguma coisa que pusesse as pessoas a pensar. A sua liderança promoveu uma cultura de exigência e meritocracia, que aposta na juventude sem desprezar os mais velhos e em que “todos contam”. 
Depois do previsível desaire deste domingo, PSD e CDS têm praticamente o mesmo tempo até às legislativas de Outubro que Bruno Lage teve para transformar um campeonato quase perdido numa vitória memorável. Talvez fosse boa ideia aplicarem à política a tática de Lage no futebol."

Decisão incompreensível e inqualificável

"A equipa de atletismo do Sport Lisboa e Benfica estará, neste fim de semana, na Taça dos Clubes Campeões Europeus (TCCE), em Espanha, a lutar pela conquista do lugar mais alto do pódio. Vai para a principal prova de clubes com a confiança conferida pelo valor dos seus atletas, pela condição de vicecampeão em seniores e por deter o título europeu de juniores, sustentado na forte aposta que, desde há muito, é feita na formação.
A menos de uma semana da partida para Playas de Castellón, o SL Benfica foi, porém, surpreendido com uma comunicação oficial da Associação Europeia de Atletismo (AEA). Refere esta entidade que o atleta Pedro Pablo Pichardo Peralta não poderá ser utilizado como português, sustentando-se numa decisão anterior da Federação Internacional de Atletismo (IAAF).
A Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), intermediária em todo o processo de inscrição, está a par destes desenvolvimentos burocráticos.
O SL Benfica sublinha total discordância com a estranha "deliberação", sobressaindo uma série de interrogações legítimas:
- Pedro Pichardo é português, com todos os direitos que esta cidadania lhe dá, há perto de um ano e meio. Continua o atleta a ser considerado cubano para a AEA? Ou, pura e simplesmente, é apátrida?
- Pedro Pichardo é português nas provas realizadas em Portugal, onde já saboreou vários títulos nacionais, e triunfou inclusivamente na prestigiada Liga Diamante em 2018 com a bandeira portuguesa assumida na inscrição e até nos grafismos televisivos, mas perde a nacionalidade na principal competição europeia de clubes?
- Tendo a AEA alegadamente identificado a situação na TCCE do ano passado — há um ano! —, manteve-se em total silêncio sobre o assunto, sem qualquer alerta ou iniciativa de contacto ao Benfica ou à FPA. Nem mesmo quando recebeu, no início deste ano, as inscrições preliminares enviadas pelo clube.
- Por que motivo é dirigida esta comunicação ao SL Benfica agora, a poucos dias da competição, altura em que é praticamente impossível ao clube preparar outro atleta para substituir Pichardo na ambição de triunfar no triplo-salto em Playas de Castellón?
- Terá sido a AEA influenciada por alguma das equipas competidoras? Não saberá a AEA que a decisão e respectiva comunicação no presente timing pode influenciar o potencial desportivo da equipa do Benfica no objectivo de alcançar o título europeu?
A organização está a usar para promover a TCCE nas redes sociais uma imagem de Pedro Pichardo, associada, e bem, à bandeira portuguesa.
Mas já hoje foi obtida nova resposta insatisfatória e sem sustentação nos regulamentos oficiais da competição. A AEA continua a omitir que cabe à FPA informar da elegibilidade dos atletas como nacionais ou estrangeiros. Esta informação foi reforçada pela FPA, mas a AEA prefere basear-se numa regra da IAAF que respeita à participação no âmbito das selecções nacionais e não dos clubes. 
A AEA está a refugiar-se no regulamento da IAAF para considerar o atleta como estrangeiro, mas a federação internacional não permite o uso de qualquer estrangeiro nas suas competições. Tudo isto é, no mínimo, incoerente.
Para o Sport Lisboa e Benfica configura-se aqui um enquadramento de ausência de sensibilidade e de capacidade de gestão de uma entidade que deve actuar sempre em defesa da modalidade e não alinhar em eventuais estratégias que condicionam atletas, clubes e até federações nacionais.
É difícil, neste momento, tirar outra conclusão que não seja a de que se trata de um acto de perseguição política a Portugal, ao SL Benfica, octacampeão nacional e representante luso na TCCE, e ao atleta de dimensão mundial Pedro Pichardo.
Para o Benfica, o melhor atleta do mundo no triplo salto em 2018 é cidadão português e tem os mesmos direitos que qualquer outro cidadão em espaço europeu. É isto mesmo que está legislado pelo Parlamento Europeu, e sob este aspecto está a ser avaliada intervenção na justiça comunitária. 
Pedro Pichardo será, portanto, o atleta apresentado pelo SL Benfica na disciplina do triplo-salto. 
Perante tudo o exposto, o SL Benfica informa que vai competir sob protesto nesta TCCE. Releve-se que muito tem investido e valorizado o Atletismo, modalidade histórica no clube, pela ambição europeia que a Direcção definiu.
Doa a quem doer, é com este sonho e sentimento competitivo que os campeões de Portugal estarão em pista.
#EpluribusUnum"

Eleições de outubro: o que sabem ou o que querem os partidos do desporto?

"Portugal vai iniciar, no final de Outubro deste ano, a XIV Legislatura da Assembleia da República, que aprovará o Programa do XXII Governo Constitucional.
Na área que nos interessa, o Desporto, que sabemos nós do que são os programas eleitorais dos partidos, que se irão reflectir no programa de quem formar Governo?
Quem são os autores destes programas eleitorais partidários e que relação têm com aqueles que vão exercer a actividade executiva, tantas vezes resultado de uma combinação que pouco tem a ver com a directa participação no pensamento desportivo?
Que políticas dos programas eleitorais temos a garantia que são vertidas para os programas de Governo e, destas, as que vão ser efectivamente cumpridas?
Após vários anos os programas de Governo na área desportiva são um conjunto de princípios com que praticamente todos nos identificamos, mas a sua execução prática constitui-se na verdadeira pedra de toque que nos identificará mais (ou não) com a acção governativa nesta área.
É neste quadro que nos aproximamos do momento em que os primeiros textos são escritos por aqueles que, no âmbito de cada partido ou movimento, se entende como mais qualificado para essa redacção, que nem sempre garante que o programa de Governo seja idêntico, nem que a execução prática seja um desenvolvimento perfeito dessas poucas linhas dedicadas ao Desporto.
No documento de três anos de mandato do actual Governo, lemos que foram já iniciadas 90% das 1100 medidas preconizadas, mas pouco sabemos sobre o desporto. No capítulo “Construir o futuro”, fala-se de Cultura mas não se fala de Desporto.
Nada que surpreenda, os actores desportivos têm de fazer muito mais para que a voz de uma componente social tão relevante possa ter outro eco nos programas, nos balanços, nas actividades. 
Impõe-se uma verdadeira acção de lóbi do movimento desportivo, que leve a que esta actividade social tenha o lugar e o espaço que todos reconhecem no momento da festa da vitória da equipa nacional ou de clube em provas internacionais.
A preocupação com as questões do Desporto não pode ficar pela espuma dos dias, como as questões disciplinares ou as movimentações de poder entre os Clubes de futebol.
Ficam aqui algumas áreas que, defendo, devem merecer um espaço digno e cuidado nos programas eleitorais e de Governo:
· Incentivo à prática desportiva
· Financiamento público e privado e respectivos critérios de distribuição pública
· Integridade das competições, defendendo a ética desportiva e combatendo a manipulação de resultados ou a dopagem, eliminando a violência nos recintos desportivos
· Defesa da igualdade de género, quer na competição, quer nas organizações desportivas
Exige-se ao movimento associativo que esteja atento a todas as jogadas ou movimentos e que tenha na mão o cartão com a cor adequada!"

103 golos, em menos de 11 minutos !!!



PS: Para mim os melhores da época (por ordem cronológica):
Almeida, com o Braga
Seferovic, com o Rio Ave
Seferovic, na Feira
Rafa, em Braga

Menções honrosas:
Pizzi, com o Guimarães, o 2.º (jogada colectiva)
Félix, com o Sporting
Jonas, em Tondela
Seferovic, em Tondela (jogada colectiva)
Jonas, com o Feirense
Pizzi, com o Braga
Jonas, com o Braga (jogada colectiva)
Cervi, com o Braga
Seferovic, em Guimarães (jogada colectiva)
Seferovic, na Vila das Aves (jogada colectiva)
Rafa, no Dragay
Seferovic, com o Tondela
Félix, com o Setúbal
Félix, com o Marítimo
Seferovic, com o Santa Clara (jogada colectiva)
Félix, com o Santa Clara
Seferovic, com o Santa Clara (jogada colectiva)

Golo anulado do ano:
Félix, em Alvalade!