sexta-feira, 17 de maio de 2019

Vergonha (II)...

"Confirma-se o castigo a Hugo Miguel e Luís Godinho, árbitro e VAR, do Rio Ave FC x SL Benfica. 
Ambos ficam de fora da última jornada da Liga, após o chorrilho de criticas e pressão da Torre das Antas e seus fiéis avençados e cartilhados.
Tudo isto é vergonhoso. Basta recordar os inúmeros jogos em que o #portoaocolo foi claramente beneficiado esta temporada, sem nunca haver qualquer castigo ou punição aos árbitros, pelo contrário, eram premiados com nomeações chave para os jogos seguintes.
É desta forma que se condicionam árbitros e o Conselho de Arbitragem, entre outras iniciativas, passa a mensagem.
Lances de duvida em beneficio do SL Benfica, árbitros são punidos. Lances em prejuízo do SL Benfica, árbitros são premiados.
Nesta mesma jornada, temos ainda, a nomeação de Fábio Veríssimo para o clássico do Dragão. Um prémio que o CA considera justo para um árbitro que colecciona vergonhosas actuações esta temporada, seja como árbitro e/ou VAR:
- Meia final da Taça da Liga (SLB x FCP) – 2 Golos ilegais do FC Porto e golo mal anulado ao SL Benfica;
- J3 FCP x Vitória SC – Golo do FC Porto em fora de jogo e penalty contra por assinalar;
- J11 Boavista x FCP – Penalty escandaloso de Brahimi não assinalado.
Tudo isto é triste. Tudo isto é Fontela Gomes. Uma vergonha!"

Vergonha (I)...



"Fábio Veríssimo, o árbitro de um dos maiores roubos do futebol português que correu o mundo e afastou o SL Benfica da Taça da Liga foi premiado com a nomeação para o jogo da Santa Aliança. Não podem existir coincidências.
Sabemos que um FC Porto x Sporting CP pode ser considerado para muita gente como um jogo amigável, mas não deixa de ser a última jornada de um jogo que pode decidir o titulo e que opõe o 2º e 3º classificado da Liga.
É desta forma que Fontela Gomes sinaliza aos árbitros qual o caminho que devem percorrer.
Uma vergonha!"

Pablo Aimar ou o primado do cérebro sobre o físico!

"Pablo 'El Mago' Aimar! Um dos melhores jogadores que já pisaram os relvados portugueses. O protótipo de jogador que fazia do cérebro avançado o seu principal predicado. Inteligente, criativo, mentalmente muito dotado, o internacional argentino dominava na perfeição o binómio espaço-tempo, como nos dizia Xaví na sua recente entrevista. Com acções simples, mas tão eficazes quanto belas, passava o jogo a tentar encontrar espaços livres, e dessa forma aumentar o tempo para pensar e tomar as melhores decisões. Para si e para os seus companheiros.
Chegou ao Benfica na temporada 2008-09, num período de plena hegemonia do FC Porto, pela mão do director desportivo encarnado Rui Costa, entretanto retirado do futebol jogado. Bastou uma conversa curta e a promessa de herdar a camisola 10 benfiquista, pertencente ao próprio Rui Costa, para Aimar ficar seduzido. Depois de uma primeira época algo intermitente, partiu para três épocas de grande nível, em que se assumiu como uma das pedras fundamentais da manobra ofensiva da equipa de Jorge Jesus, contribuindo decisivamente para a conquista de um campeonato e quatro Taças da Liga. A sua propensão para lesões e os constantes problemas físicos impediram-no de ter uma carreira muito mais sólida e a última época de águia ao peito em 2012-13 foi o reflexo disso.
Passou os seus melhores anos no Valência. Foi um dos ídolos da 'afición ché' e um dos que mais contribuiu, com a sua genialidade, para a conquista de duas ligas espanholas, uma Taça UEFA e uma Supertaça Europeia (frente ao FC Porto). Iniciou a sua carreira profissional no colossal River Plate, tendo ainda actuado em clubes como Saragoça e Johor FC (Malásia). Com a camisola da selecção argentina, brilhou numa fase mais inicial da carreira, participou nos Mundiais de 2002 e 2006, mas nunca conseguiu assumir uma preponderância que o seu talento sublime justificava.
Não integra a categoria de lendas do futebol mundial, nem construiu uma carreira de excepção, mas quem o viu jogar, sabe o quão superlativo foi o seu futebol. Para quem entende o jogo sobretudo como um exercício mental, onde as capacidades físicas são um mero complemento, Pablo Aimar foi prodigioso. Porque além de tecnicamente ser muito evoluído, evidenciava uma velocidade de pensamento fora do comum e uma simplicidade de processos belíssima. Sempre num registo de elegância e leveza, era capaz de, com um simples toque na bola, colocar um companheiro na cara do golo e desmontar uma defesa inteira.
Lionel Messi sempre disse "Aimar era e é o meu ídolo". Diego Maradona declarou que "Só por ele vale a pena pagar um bilhete para ir ao estádio". Jorge Jesus afirmou que "Aimar é um génio para quem aprecia o futebol como arte". Eles sabem do que falam. Nem só de títulos e distinções individuais vivem os grandes génios. Muitas vezes é a forma como jogam, a diferença que marcam face aos demais, as sensações que nos provocam, que lhes garante um lugar privilegiado na memória colectiva. Aimar foi um deles."

O Benfica e o Porto são superclubes europeus

"O desporto português necessita de uma estratégia de desenvolvimento para poder defender os seus interesses no seio do Modelo do Desporto Europeu.

A persistência dos grandes capitais na captura dos rendimentos do futebol profissional é crescente e mantêm a pressão sobre os clubes intermédios dos grandes países. A sua táctica é agora descartar-se de grandes clubes europeus como o SLB e o FCP. O desporto português necessita de uma estratégia de desenvolvimento para poder defender os seus interesses no seio do Modelo do Desporto Europeu e não embarcar na destruição que começando no futebol alastrará a todas as outras modalidades cortando aos países de média dimensão o acesso ao sucesso desportivo e europeu. O desporto europeu é competitivo, rico e invejado pelo mundo porque é diverso, complexo e popular envolvendo a maior percentagem de praticantes do desporto mundial através do seu Modelo de Desporto.
Estarão os governos a proteger o feito extraordinário da existência de superclubes portugueses ou com a sua ineficácia política estarão a contribuir para a degradação e possíveis fracassos destes expoentes nacionais? A resposta é: os governos desconhecem a realidade desportiva por estarem despojados de boas instituições desportivas e resta-lhes a vacuidade dos discursos, a nulidade dos actos e a cobertura do imediatismo futebolístico na comunicação social durante legislaturas inteiras. 
Wladimir Andreff e Paul Staudohar, em 2000, constataram a transformação de clubes sem finalidade lucrativa em empresas lucrativas como um racional irreversível. De facto alguns clubes transformam-se em empresas mas o sucesso do futebol profissional não tem de ser feito a partir da captura da riqueza associativa dos clubes que é pertença dos seus associados. O Barcelona é o exemplo da excelência de um clube sem finalidade lucrativa e pertencente exclusivamente aos seus associados para obter vitórias do futebol profissional graças à excelência da gestão de sucessivos dirigentes. Neste movimento europeu de privatização e esbulho dos activos sociais das populações locais, as SAD criadas em Portugal são actualmente a forma de todas as aventuras e marginalidades que já levaram à ruína muitos clubes nacionais que eram bandeiras das suas cidades, concelhos e regiões. Tornou-se criminoso que se passem legislaturas sem que nenhum governo mexa nestas matérias cruciais para as populações autarquias e empreendedores locais.
Mais tarde, em 2015, o investigador de Harvard Matt Andrews procurou compreender a realidade dos maiores clubes europeus que podem ser superiores às maiores empresas de desporto profissionais americanas. Discorreu sobre a relevância dos mecanismos económicos, mais do que os desportivos, para explicar o surgimento dos superclubes à imagem das maiores multinacionais. Apontou duas fases. Na primeira, os clubes tornam-se complexos, altamente criadores de valor de produtos consumidos globalmente. Na segunda, os clubes acumulam novos conhecimentos catalisadores de mecanismos de envolvimento como capital, infra-estruturas e liderança adaptativa. A actual filosofia do desporto português sugere que o futebol é um mercado de concorrência perfeita onde o Estado não se deve imiscuir por ser um grande negócio global.
O futebol necessita que os governos actuem em 3 áreas: Primeiro, Portugal necessita de uma estratégia nacional de promoção do seu futebol para além do que tem feito, nomeadamente na consensualização do que pretende ser e estar no século XXI na produção de futebol nacional e do seu lugar europeu e mundial. No respeitante aos superclubes as políticas deveriam estabelecer objectivos e estratégias nacionais face a parceiros globais que actuam nos maiores países. Segundo, há que desenvolver regulação aplicada a todos os clubes e SAD assegurando o cumprimento dos princípios do Fair-Play Financeiro criado pela UEFA e aplicado pela FPF com desenvolvimentos nacionais como os relacionados com a qualificação das unidades locais de produção do futebol. Terceiro, olhar para o todo nacional exige medidas visando o aumento da competitividade dos campeonatos nacionais promovendo condições económicas que permitam aos clubes e aos campeonatos de menor dimensão crescerem desportivamente e aproximar-se dos primeiros. Nas condições actuais o Sporting e o Braga terão uma distância cada vez maior para alcançarem o topo.
O presidente da UEFA Aleksander Ceferin tem combatido a tendência rentista reafirmando a sua determinação no aprofundamento do Modelo de Desporto Europeu. A defesa dos princípios europeus deveria ser explorada pelos nossos governos.
Para potenciar os resultados do futebol há que cuidar do todo desportivo. Em primeiro lugar, os governos portugueses deveriam nomear pessoas conhecedoras de desporto e, principalmente, que tivessem “mundo”, o que inexiste! Apenas o político “com mundo” tem a capacidade de liderar a complexidade do desporto. Os nomeados públicos são desconhecidos e estão a destruir a administração pública do desporto. Em segundo lugar, reconceber a totalidade das instituições do desporto foi um fracasso da modernização do Estado e que o desporto mais sofreu às mãos das medidas que sonham com a privatização dos bens públicos e de mérito do desporto. Em terceiro lugar, os governos deveriam promover a competitividade de todos os clubes e federações nacionais e não privilegiar os do costume que oferecem almoços-grátis, dado que a sua posição e a boa política pública vai permitir-lhes beneficiar do investimento feito no associativismo desportivo."

É possível fazer melhor com o que há


"Estar directamente envolvido no fenómeno desportivo de alto nível em Portugal como atleta ou como treinador é um enorme desafio.
Participei, como é sabido, duas vezes nos Jogos Olímpicos. Em Atenas, no ano de 2004, e em Pequim, em 2008. Participar nos Jogos Olímpicos é tão marcante que não se torna difícil de descrever. O caminho é duro, mas gratificante e enriquecedor, e ficamos inevitavelmente mais fortes, mais preparados para a vida.
Hoje em dia, a minha actividade profissional realiza-me bastante. Tenho a possibilidade de continuar a transmitir, como treinador, toda a minha experiência e conhecimentos a atletas que trabalham diariamente para serem melhores, em busca do sonho Olímpico.
Se é notório que em termos de cultura desportiva, condições de treino e de financiamento desportivo não estamos, certamente, ao nível de outros países, continuamos a conseguir ter alguns, não muitos, casos de sucesso. Este resulta normalmente do talento individual dos atletas, da qualidade dos seus treinadores e, poucas vezes, de uma estratégia pensada e concertada, que tenha no centro das suas preocupações o atleta e o seu percurso de treino.
Além disso, apesar de o desporto de alta competição em Portugal ter para os atletas em Preparação Olímpica um programa que considero adequado, com valores de financiamento ajustados, continuam a existir aspectos que dificultam a plena implementação dos projectos em curso, que condicionam a preparação idealizada para um atleta e a obtenção de melhores resultados desportivos.
Acredito que é possível em Portugal, com as condições que temos, atingir índices de sucesso bastante mais elevados. Para que tal aconteça é imperioso valorizar o potencial dos atletas e melhorar o seu processo de treino, através da aplicação do conhecimento produzido nas nossas universidades e da cooperação e da convergência entre os diversos agentes desportivos envolvidos, nomeadamente atletas, treinadores, federações e Comité Olímpico."


A difusão dos desportos e o Imperialismo anglo-saxónico

"As actividades físicas sempre existiram. O homem sempre caminhou, correu, nadou. Mas o desporto que nós conhecemos há mais de um século, com as suas estruturas, regras, características, princípios e finalidades, é o produto de um desenvolvimento social recente. É na Inglaterra, onde o sistema capitalista se desenvolveu mais cedo, que é necessário procurar a origem do desporto moderno. É difícil avançar uma data precisa, na medida em que se trata de uma evolução complexa, mas pode-se relembrar que, em 1730, o relojoeiro inglês Georges Graham (1673-1751), membro da Royal Society, ao aperfeiçoar o cronómetro, permitiu comparar as performances dos cavalos com as performances humanas.
Segundo Elias (1986), a caça à raposa apresenta as características do desporto moderno. No século XVIII e no início do século XIX, a caça à raposa era um dos principais passatempos dos “gentlemens” em Inglaterra, ao qual se aplicava o termo “desporto”. Os proprietários dos terrenos praticavam, essencialmente, a equitação, o tiro e diversas formas de caça, entre as quais a caça à raposa.
Em ruptura com as práticas anteriores, mas também com as concepções estrangeiras, elas tornam-se um passatempo, regido por uma organização e convenções específicas, colocando mais em relevo a matilha de cães do que os caçadores eles mesmos, que não deveriam usar armas. Caçavam por procuração. Laurie (1883, pp. 253-254) relata uma dessas entusiásticas caçadas à raposa: “o interesse desta caça, e a dificuldade para os cães, é que o odor da raposa, muito forte no início da largada, diminui e se evapora à medida que ela foge. Não entra em transpiração, pelo efeito da corrida, como os outros predadores, e não semeia, pela estrada, as gotas de suor denunciadoras, mas, pelo contrário, quanto mais ela corre, menos deixa rasto, e se ela se atira à água, lavando-se na passagem, os cães só têm a vista e o instinto para a seguir. É o que torna esta perseguição emocionante”. Neste relato, refere ainda: “os cavalos, relinchantes e de veias inchadas, na sua indumentária luzente, pareciam possuídos pela mesma emulação que os seus donos” (Laurie, 1883, p. 254).
Podemo-nos questionar sobre qual é a contribuição do sistema educativo. O sistema educativo inglês, as publics schools, ocupam um lugar central. Estranha denominação para uma estrutura educativa privada, paga, reservada às classes médias e superiores. A apelação de “public schools” abrange uma grande diversidade de origens e de estatutos.
A pedido do Ministro Francês da Instrução Pública, Victor Duruy, Demogeot & Monucci, visitaram a Inglaterra e a Escócia, em 1865, com o objetivo de obter informações detalhadas sobre o estado do ensino secundário e superior. Escreveram um extenso relatório sobre o sistema de ensino e as suas práticas (Demogeot & Monucci, 1868). Referem que “um colégio inglês é uma sociedade de homens devotos ao estudo, que se recrutam entre si por eleição, como os nossos académicos [em França], e se felicitam comummente, como os membros das ordens religiosas, sob a reserva dos seus estatutos, das propriedades e vantagens da sua instituição” (Demogeot & Monucci, 1868, p. 9). Observam também que, uma parte essencial da educação nas escolas, e a mais importante aos olhos dos alunos, e talvez dos seus professores, eram os jogos. Não eram os jogos sedentários dos salões “decadentes” franceses, mas de exercícios atléticos: ténis, futebol, canoagem, regatas, corrida, críquete, etc. “Um estrangeiro que visita Inglaterra fica surpreendido ao ver a alta estima que obtém a superioridade de todos estes exercícios”, sublinham Demogeot & Monucci (1868, p. 20), como foi, aliás, o caso de Pierre de Coubertin, que viajou várias vezes a Inglaterra, e que quis implementar o mesmo modelo educacional e desportivo nas escolas francesas. Nesta altura, os “estudos eram reduzidos respeitosamente para dar lugar aos jogos atléticos. Duas ou três vezes por semana, as aulas terminavam ao meio-dia; o resto do dia era livre para os exercícios do corpo. “Nós vimos o mesmo ardor, os mesmos combates à Oxford, à Cambridge” (Demogeot & Monucci, 1868, p. 21). Na perspectiva destes “inspectores” franceses, a paixão pelos jogos atléticos tem as suas vantagens e desvantagens para as escolas inglesas, referindo que “as vantagens são consideráveis”. E detalham alguns pormenores interessantes da época vivida: o jogo da bola (futebol) tinha lugar três vezes por semana a Harrow, como em muitas outras escolas, e exigia, em média, a cada aluno uma hora e meia de cada vez. O críquete, por seu turno, ocupava quinze horas por semana. A Eton, ele exigia vinte e sete. Na Winchester consagravam-se ao críquete pelo menos três horas por dia. Mas esta proporção era a mais modesta: o aluno ambicioso, numa qualquer escola, que desejava ficar em primeiro lugar na equipa de onze, praticava críquete pelo menos cinco horas por dia. O género de vida, a dieta, a comida, etc. eram modificados(as) para os futuros concorrentes, em quem repousava a glória da escola. Havia competição entre as várias escolas (Eton, Rugby, Harrow, etc.), que não hesitavam em expor os seus troféus.
Thomas Arnold (1755-1842), antigo aluno da Universidade de Oxford, padre da igreja anglicana, casado e pai de uma família numerosa, torna-se o responsável principal no colégio situado em Rugby, em 1828, ficando até à sua morte 1842. A cidade contava com cerca de 8 mil habitantes, em 1867. A escola foi fundada em 1567. Rugby não era, como no caso de Eton, um colégio, na medida em que ele não tinha um “estado-maior” de presidentes e de professores qualificados. Na verdade, eram os estrangeiros que governavam a casa. Rugby era um externato. Segundo os inspectores franceses, o colégio contava com 496 alunos, recrutados essencialmente na classe média superior, e que procuram uma certa gratuidade no ensino.
As bolsas de estudo não eram atribuídas às famílias, mas aos alunos, fazendo com que eles se sentissem responsáveis, sabendo que um dever lhes era exigido e uma punição severa era aplicada para as infracções.
Arnold, “homem de fé”, encontra um estado de “desagregação moral”: desrespeito pelas regras, chacota relativamente aos sentimentos honestos, influência preponderante dos maus alunos, tirania dos mais fortes, torturas afligidas aos mais fracos, etc. Neste sentido, segundo Arnold, era preciso princípios religiosos e morais, um comportamento de gentleman, e aptitudes intelectuais. Arnold empreende reformar o clima de desagregação social e de insubmissão à autoridade pedagógica dos reputados colégios ingleses. O seu método é inovador, pois em vez de impor uma disciplina aos jovens dá-lhes uma grande autonomia: a responsabilidade da criança pela liberdade e a aprendizagem da disposição do seu tempo pelo espírito e pelo corpo. Decide aumentar o tempo dado aos exercícios físicos. Coloca o desporto ao serviço da acção moral. As práticas desportivas eram, neste sentido, um meio poderoso de educação. Tinha as “classes nas suas mãos”, procurando fazer dos alunos “missionários”. Darbon (2008, p. 21) refere que tinha uma “dimensão carismática e exerceu uma influência considerável sobre os seus alunos e colegas, modelando profundamente a concepção da escola inglesa”. Se a educação era carismática, como refere Darbon (2008), ela também é acompanhada de alguma rigidez, severidade e paternalismo. Para relembrar a sua autoridade, e a dos professores do colégio, cada um recebia sobre os ombros “cinco ou seis golpes de ponteiro ou reguadas”, quando cometia uma infracção ao regulamento interno. A escola parecia ter resolvido o problema de unir a disciplina com a liberdade, que recusa os soporíferos e os sedativos dos sonhos. Muitas outras escolas seguiram exemplo de Rugby. Darbon (2008, p. 32) diz que, “num contexto de competição escolar feroz entre as public schools, foram imitadas as inovações introduzidas por Arnold por outros estabelecimentos”. Sem descurar este ponto de vista, é preciso dizer também que são, de fato, os antigos alunos de Rugby que começam a dirigir outros estabelecimentos de ensino, como é o caso de Marlborough College, uma escola pública, cujo reverendo e director M. Bradely, era um antigo aluno de Rugby”. Outro aluno de Arnold, “C. J. Vaughan, diretor de Harrow de 1845 a 1859, tornou o futebol obrigatório” (Darbon, 2008, p. 25). Em 1883, recolhendo junto do túmulo do reverendo Arnold, Pierre de Coubertin confessa que faz uma homenagem à “pedra angular do Império britânico” (Attali, 2004, p. 22).
Para além dos colégios, as competições universitárias também impulsionam as práticas desportivas. Oxford, Cambridge, Harvard, Yale, Amherst e William desafiam-se em remo, râguebi e basebol, “e desenvolvem os departamentos de educação física e de desporto, dotados de uma miríade de profissionais preparados pelos programas especializados em administração do desporto” (Guttmann, 2006, p. 68). Assim, para Guttmann (2006, p. 86), o desporto moderno passa a ter “secularismo, igualdade, especialização, racionalização, burocracia, quantificação e procura de recordes”, que os distingue dos desportos primitivos, gregos, romanos e medievais.
Como sublinha Vigarello (2002, p. 57), “a verdadeira originalidade das práticas inglesas tem, portanto, dispositivos menos visíveis e mais profundos: a visão moral, a organização e o desenvolvimento dos encontros. O projeto é educativo”. O desporto constitui um “privilégio” e um “dever” e o “sportsman” vai identificar-se com o “gentleman”.
Os jogos desportivos desenvolvem-se, assim, nas public schools e juntam-se aos desportos tradicionais praticados pela aristocracia inglesa.
Um dos principais desportos praticados na época, pela nobreza, era a equitação e as apostas eram florescentes. O hipismo tem o seu “General stud Book containning pedigrees Races Horses”, registo dos puro-sangue, desde Guillaume III (fim do século XVII) e o Jockey Club é fundado em 1750. As corridas de cavalos tornaram-se um fenómeno cada vez mais importante. Ainda que a velocidade não fosse ainda muito acreditada, passaram a ser frequente as apostas, levando aos recordes e à procura sistemática do aperfeiçoamento dos treinos.
A corrida a pé (atletismo) começa a seguir o mesmo caminho que as corridas de cavalos, surgindo as primeiras competições organizadas. São profissionais ou semiprofissionais. No final do século XVIII veem-se os nobres, os burgueses e os militares a correr. A aristocracia faz correr os “footmen” como os cavalos. Outras práticas desportivas começam a ter relevo: futebol, râguebi, golfe, luta, esgrima, boxe, etc. São criadas as primeiras federações desportivas e os regulamentos. O sucesso do desporto excede muito rapidamente o registo escolar para evoluir para um fenómeno social, instaurando a competição desportiva como lazer e como eixo de construção social do indivíduo.
Com a revolução industrial do século XIX, o sistema institucional desporto não tardará a expandir-se a todas as classes sociais. Brohm (1976, p. 79) afirma que “a institucionalização do desporto se opera em todos os países quase em simultâneo, à medida que o modo de produção capitalista se instala e se consolida definitivamente, antes de conquistar todo o planeta”. Bouet (1968, p. 346), por seu turno, sublinha que “o desporto inglês foi assimilado progressivamente, tornando-se um fenómeno mundial, e é objecto de relações internacionais”. As competições internacionais multiplicaram-se, levando à formação de organismos federativos internacionais que contribuíram fortemente para a evolução das normas dos diferentes desportos em direcção da racionalidade”. Como nota McIntosch (1963, p. 80), “a maioria dos desportos correntes e uma grande maioria dos mais populares foram exportados da Grande Bretanha”. Com efeito, o império britânico semeou pelos quatro cantos do mundo as práticas desportivas da sua aristocracia e da burguesia industrial.
Segundo uma estimativa de Thistlewhaite (1964), cerca de 22 milhões de pessoas emigraram a partir das ilhas britânicas entre 1815 e 1912. O seu destino foi essencialmente para os EUA. Por outro lado, os britânicos que estavam em funções noutros países não era somente uma classe dirigente. Era também uma classe de lazer. A prática dos jogos aprendidos nas public schools tinham por função distrair os expatriados, isolados no meio das populações mais ou menos hostis, mas ao mesmo tempo manter um sentimento de pertença. No processo de difusão, os missionários, os professores, os militares e os civis todos tiveram um papel importante na expansão dos desportos. “É a desportivização do mundo”, ligada, em parte, à mediatização.
Callède (2007, p. 347) afirma que “inventado em Inglaterra, generalizado pela Grã-Bretanha e difundido a nível internacional por esta grande potência marítima, o desporto moderno impõe-se inicialmente como um indicador sociológico pertinente, para difundir um tipo de sociedade, e como uma ferramenta social do processo de civilização”. Por fim, para Elias e Dunning (1986, p. 25), para quem “o conhecimento do desporto é a chave do conhecimento da sociedade”, existem várias condições para o aparecimento do desporto: uma etapa relativamente avançada do processo de civilização, a liberdade do controlo das emoções, o desenvolvimento da evolução das normas de comportamento cada vez mais exigentes, a homogeneização progressiva das atitudes.
É preciso insistir aqui sobre os vários factores que levaram ao desenvolvimento mundial do desporto: 
1) aumento do tempo livre e do lazer. A prática desportiva situa-se na parte não-trabalho que a expressão “tempo livre” coloca em valor de forma significativa. É o tempo de liberdade, onde o indivíduo, livre das suas obrigações e também dos “papéis” tradicionais que a sociedade lhe impõe, acede a uma consciência renovada da sua unidade vital;
2) a mundialização das trocas proporcionadas pelos transportes e os meios de comunicação de massa; 
3) a revolução científica e técnicas;
4) o confronto entre as nações.
No primeiro caso, a aparição histórica do lazer permite consagrar uma parte do tempo a actividades não produtivas. O tempo de repouso é, claro, um tempo de recuperação para força de trabalho, cujos horários são extenuantes (jornadas de 10, 12 horas de trabalho). “Para a luta contra a fatiga do trabalhador industrial, o treino desportivo propõe métodos eficazes”, afirma Magnane (1964, p. 69). O desporto surge como um meio de recuperação, de distracção e de cultura. No segundo caso, os transportes proporcionam a deslocação dos atletas para participar nas competições. No terceiro caso, as aplicações da ciência abriram perspectivas de treino dos campeões, mas também da ascensão ao desporto pela massa de indivíduos que podem adaptar a aprendizagem das especialidades desportivas porque os meios são mais racionais e manipuláveis. Outra consequência é a criação de novas práticas desportivas (automobilismo, motociclismo, mergulho, espeleologia, etc.). Por fim, no quarto caso, o desporto exige instituições “democráticas”, garantindo a comparação igual e livre dos indivíduos. As instituições constitucionais-democráticas permitem uma certa fluidez e mobilidade das classes sociais.
Com o evento do desporto moderno, o espectáculo desportivo assumiu uma importância considerável. As grandes manifestações desportivas multiplicaram-se com o aumento das competições nacionais, internacionais e olímpicas."

A grande final

"Está a chegar, finalmente, o dia mais desejado pelos Benfiquistas. O dia pelo qual todos esperámos durante muitos meses. O dia com que os Benfiquistas tantas vezes sonharam. O dia que os Benfiquistas merecem. Está a chegar, finalmente, o dia da Reconquista!
É compreensível que exista uma enorme confiança e ambição em conquistar o 37.º título de campeão nacional, mas também há um conjunto de princípios que faremos questão de levar até ao fim: não existem vitórias antecipadas, é fundamental respeitar o adversário e será preciso estar a um nível muito alto para conquistar o resultado que nos interessa.
O Santa Clara, sabemo-lo bem, é uma equipa com qualidade, bem orientada e que conseguiu sempre ser competitiva frente às equipas mais fortes do campeonato. Desta vez não será diferente. É por isso que amanhã, na Luz, teremos de ter o melhor Benfica.
A preparação da equipa para esta semana – que pode ser especial, obviamente – decorreu com absoluta normalidade. Indiferença total, pois, ao ruído exterior provocado por aqueles que, de megafone em riste, tentam despudoradamente manter na agenda mediática um eventual erro de decisão em Vila do Conde.
Todos sabemos – de A a Z – aquilo que aconteceu neste campeonato. Os benefícios que uma equipa teve e a forma artificial como, até hoje, foi capaz de se manter na luta pelo título.
Todos sabemos, também, o que foi o campeonato anterior e, em especial, o que aconteceu no clássico da Luz, que acabou por ser decisivo.
Só com muita falta de vergonha alguém pode tentar justificar com as arbitragens o eventual falhanço neste campeonato.
Repetimos aquilo que, para nós, é o mais importante: o título não está decidido e será preciso um grande Benfica para conseguir aquilo que todos queremos. Sabemos o quanto foi complicado conquistar estes 84 pontos. O que falta fazer será, no entanto, o mais difícil.
Contamos para isso com aqueles com que Sempre Contámos! Com um extraordinário grupo de trabalho e com os melhores adeptos que seria possível ter. ‘Os Incansáveis’ foram fundamentais para chegarmos à última jornada nesta posição privilegiada. Amanhã, na Grande Final, voltarão a ser. Carrega, Benfica!

PS1: Esgotaram, na Luz, os 16 mil bilhetes que nos foram disponibilizados para a final feminina da Taça de Portugal, que tem lugar amanhã, no Jamor, às 15 horas, frente ao Valadares Gaia. Um sinal de força e vitalidade do futebol feminino do Benfica, logo na sua temporada de estreia. Boa sorte! 

PS2: Rui Vitória, treinador campeão nacional pelo Benfica em 2015/16 e 2016/17 e que orientou a nossa equipa da 1.ª à 15.ª jornada desta Liga, sagrou-se ontem campeão na Arábia Saudita pelo Al-Nassr, onde chegou a meio de Janeiro. Um feito que nos enche de satisfação. Parabéns, Rui!"

Uma final

"O Benfica está a um mero ponto de conquistar o seu 37º título nacional, o qual foi uma miragem durante grande parte da época. Mas, desde que, à 16ª jornada, a penúltima da primeira volta, Bruno Lage assumiu o comando da equipa, os encarnados encetaram um percurso glorioso merecedor de admiração e rasgados elogios que os recolocou no trilho do sucesso. Tem sido quase perfeito e, como veremos, quase único também! (tabela seguinte: Benfica no CN)
À entrada para a última jornada, o Benfica vem de uma série de oito vitórias consecutivas. O feito é interessante, mas relativamente comum na história do clube (as séries de vitórias no campeonato durante uma temporada aconteceram 96 vezes, três das quais sob o comando de Bruno Lage – uma série de nove vitórias consecutivas são duas de oito; uma série de dez vitórias consecutivas são três de oito). (tabela seguinte de acordo com a data de realização dos jogos)
A única partida, das 18 desde que Lage orientou a equipa, em que o Benfica não conquistou os três pontos ocorreu à 25ª jornada, ante o Belenenses, SAD (empate 2-2 na Luz). São 18 jogos sem averbar qualquer derrota e o aumento desta série para 19 garantirá o 37º título de campeão nacional para o Benfica (tabela seguinte: séries de jogos sem perder no campeonato durante uma temporada - de acordo coma data de realização dos jogos).
O registo torna-se ainda mais impressionante considerando apenas as deslocações. Não era só a nunca antes recuperada diferença de sete pontos para o F.C. Porto ou os níveis exibicionais que dizimavam, entre os benfiquistas, a esperança na reconquista do título. Era também o calendário que impunha deslocações a Guimarães, Alvalade, Porto (Dragão) ou Braga, entre outras. (tabela seguinte: Benfica no CN em jogos fora)
Além do registo totalmente vitorioso, é igualmente significativo constatar os resultados e, em particular, a veia goleadora. Em quatro partidas (44,44%), o Benfica marcou quatro golos. Nas 1190 deslocações anteriores, o Benfica conseguira concretizar pelo menos quatro golos em 162 ocasiões (13,61%). E conseguira pelo menos três em 347 partidas (29,16%), enquanto que, com Lage, foram seis (66,67%).
É conhecida a dificuldade teórica imposta pelo calendário que se apresentava ao Benfica quando Lage mereceu a confiança da direcção benfiquista (na sequência da derrota em Portimão, à 15ª jornada). Eis o panorama completo das deslocações:

Jornada   Adversário       Pos. 15ªJ  Pos. “AJ” Pos. Actual
     17      Santa Clara            9                9           8
     18    V. Guimarães           5                6            6
     20       Sporting               2                4            3
     22          Aves                17              14           14
     24          Porto                1                1             2
     26     Moreirense            6                5            5
     28       Feirense             16              18           18
     31        Braga                 3                4            4
     33      Rio Ave                11               7             7

Ou seja, o Benfica defrontou fora todos os adversários nas oito primeiras posições da tabela classificativa actual (2º ao 8º). Para se ter uma noção mais exacta da dificuldade que se apresentou aos encarnados, convém saber, por exemplo, que esta foi somente a sétima temporada em que as deslocações ao Sporting e ao Porto se saldaram por vitórias (1947/48; 1949/50; 1962/63; 1971/72; 1975/76; 1990/91; 2018/19), mas só em três destas temporadas Porto e Sporting ocuparam duas das três posições cimeiras (1962/63, 1990/91 e 2018/19). Nas restantes quatro, somente numa o Benfica venceu no reduto dos parceiros do pódio (1971/72 – V. Setúbal 2º). Em 1947/48 não venceu no Belenenses (3º); em 1949/50 não ultrapassou o Atlético (3º); em 75/76 ganhou no Boavista (2º), mas não no Belenenses (3º).
Estendendo a análise aos restantes classificados nas temporadas sobejantes (1962/63; 1971/72; 1990/91) verificamos que, em 1962/63, o Benfica não bateu o Leixões (5º), em 1971/72 o Barreirense (8º) conseguiu resistir à supremacia encarnada e, em 1990/91, é necessário chegar ao 11º classificado, o Farense, para encontrar um adversário que o Benfica não tenha conseguido vencer fora. Mais palavras para quê?
O que falta?
Se o F.C. Porto vencer o Sporting no Dragão, no mínimo empatar, na Luz, com o Santa Clara!
                               J   V   E   D   GM   GS
Jogos oficiais         8   7    1   0     13     2
Jogos oficiais (C)   4   4    0   0      6      1
Jogos CN               7   6    1   0      11    2
Jogos CN (C)         3   3    0   0      4      1

Força Benfica!!!!"

Alerta...

"Nem falámos do VAR mas não pensem que não reparámos na vergonhosa nomeação de António Nobre, o Dragarto das Caldas da Rainha que expulsou Jonas no jogo de Portimão como VAR por Jonas se fazer simplesmente à bola e, pior, que fez dupla com Jorge Sousa, tal como vai fazer no Sábado, no escândalo de Braga com 2 penaltis para o Calor da Noite e fazendo vista grossa a um penalti sobre Wilson Eduardo.
Os lances estão aqui para quem os quiser ver e são por demais evidentes:

https://www.vsports.pt/vod/51070/m/449791/vsports/e2ac5305a4802b1c93091fcd04fa60e8?fbclid=IwAR3irplxFDkSnM27Vr3rPvb-QjlyZCpdQYtfdQtzX_IZ8d1KdB62In5KE1Y

https://www.vsports.pt/vod/48376/m/449681/vsports/79af7112b1e420cf63ce424f46248d8a?fbclid=IwAR2O9bUycE24A2qcw0p1gFnEpQkjI9jJ9QPC6dQzCGUXMJCq6YC1hubiGtg

O que leva Fontelas Gomes a nomear para VAR um árbitro sem experiência na Primeira Liga (7 jogos em 2017/2018 e 10 jogos apenas em 2018/2019), que nunca apitou nenhum dos grandes e a quem a internacionalização foi oferecida nos pacotes de Chocapic? Para um jogo desta responsabilidade? Como é possível?
Estamos a Alertar Pela Segunda Vez Para o Golpe de Sábado! Alerta Máximo!"

The end is near

"«Uma vez por semana, o adepto foge de casa e vai ao estádio. Ondulam as bandeiras, soam as matracas, os foguetes, os tambores, chovem serpentinas e papel picado: a cidade desaparece, a rotina esquece-se, só existe o templo.»
Eduardo Galeano

O fim está tão próximo que até já ouço o tic tac do relógio em cada olhar que troco na rua, em cada cumprimento no trabalho, em cada combinação do whatsapp que se faz para sábado. Todavia, o fim do campeonato está próximo, mas não acabarão as polémicas sobre as arbitragens, o VAR, o desrespeito pelos adeptos e a vergonha dos horários dos jogos (a más horas e sem calendarização atempada). O campeonato acaba no sábado e o Benfica vai ganhar (tenho sempre medo de escrever ou dizer estas palavras no futuro, confesso). Depois virá a pausa para selecções, as férias dos jogadores, a pré-época e tudo vira saudades. Faltar-me-á o Benfica... e os amigos. O Benfica das amizades sem género, cor, religião, idade, profissão, com desconhecidos que se tornaram conhecidos e depois amigos. Das roulottes ao porco, das redes sociais ao Benfica Independente, o meu 37 fez-se disso. Também se fez de vitórias e Vitória, de ver a luz e das luzinhas, mas, e sendo paternalista, tenho pena, muita mesma, de quem não ganha com este título mais do que apenas uma piada ou um comentário para atirar ao colega. O (meu) Benfica é comunhão. É partilha de bons e maus momentos, é conversar até tarde, é dividir cervejas, é apreciar um bom queijo da serra. O (meu) Benfica faz-se de muitos, e de muitos, um. O Benfica. E agora vou afinar a garganta, pegar no metrónomo e testar o ritmo do «Benfica, dá-me o 38!»"

Um colchão para amortecer a queda

"A entrevista que o presidente do FC Porto concedeu a O Jogo é estratégica e, desse ponto de vista, bem pensada. Perante a alta probabilidade do Benfica vencer o campeonato, nada como um colchão para amortecer o impacto da queda.
Se o campeonato fosse ganho pela força e pela estratégica de comunicação, o FC Porto já o teria ganho com muitos pontos de avanço. Mas não é, e isso inquieta profundamente a estrutura portista e o seu presidente. Não tanto por perder um título para o seu maior rival, mas por poder perder, já este sábado, o quinto título nos últimos seis anos, depois de ter tido uma vida confortável, bem na mó de cima, com 14 campeonatos conquistados nos últimos 25 anos, contra apenas 7 do Benfica, ou, até mesmo, com 10 campeonatos conquistados neste século XXI, contra 6 do Benfica.
O que legitimamente preocupa Pinto da Costa é a mudança de padrão nos títulos da prova maior do futebol português, que são, afinal, os que garantem traçar um orçamento contando com a certeza do valor da Champions.
A verdade é que o FC Porto, neste campeonato, esteve sete pontos à frente do Benfica e, por essa altura, para o presidente do FC Porto, as arbitragens eram exemplares e tudo corria dentro da normalidade. O que não era expectável é que o Benfica recuperasse o atraso pontual, ganhasse no Dragão e chegasse à liderança com um miúdo como treinador.
É sempre difícil admitir erros próprios, nestas circunstâncias, e é sempre mais fácil atirar as culpas para cima dos pobres árbitros, antes fustigados precisamente, por serem acusados de favorecerem o FC Porto."

Vítor Serpa, in A Bola