quarta-feira, 8 de maio de 2019

Emoções genuínas e rivalidades abomináveis

"Em Vila do Conde, bom será que o Benfica entre para ganhar, sem ansiedade bloqueante e não pensando que um empate pode chegar

1. Um resultado folgado e um sofrimento apertado, assim posso resumir o que vi o senti no jogo Benfica - Portimonense. Os mais de 60.000 espectadores na Luz souberam ser o verdadeiro 12.º jogador, sobretudo nos momentos mais difíceis da partida, num apoio puro e unido, sem atoardas contra terceiros e apenas focados no clube do coração. Uma partida sem casos, para lástima dos programas televisivos de sangue colérico e delirante.
Bruno Lage concluiu uma volta completa à frente da equipa. Dezasseis vitórias e um empate é categoricamente afirmativo da fulgurante caminhada que a sua liderança vem proporcionado. Há 17 jornadas, no fim dos quais o Benfica estava a 7 pontos do então líder, FC Porto e num medíocre quarto lugar, a 2 pontos do Sporting e a 1 ponto do Sp. Braga, quem apostaria que agora lidera o campeonato isolado? Visto de outra maneira, o Benfica de Lage fez mais 9 pontos do que os portistas, 10 do que os sportinguistas e 18 do que os bracarenses. Vejamos no quadro a síntese:

Uma Volta Completa Com Bruno Lage Treinador do Benfica
                       P    V    E   D   GM   GS
Benfica     -  49    16   1   0     65      13
FC Porto   -  40    12   4   1     37     10
Sporting   -  39     12   3   2    38      14
SC Braga -  31     10   1   6    22      17

Impressionante é a eficácia ofensiva da equipa: 65 golos marcados, faltando apenas quatro para, no total, se atingir a mítica marca de 100, jamais alcançada neste século e que a última vez que aconteceu foi há 45 anos também pelo Benfica (1972/73, 101 golos, com apenas 16 equipas concorrentes). Uma média superior a 3,8 golos/jogo, bem distante das médias do Porto e do Sporting (2,2)! Em 17 jogos da era Lage, o Benfica marcou 4 ou mais golos em 19 deles! Quem prognosticaria um desempenho destes, com o atraso pontual atrás mencionado, e tendo jogado fora no Dragão, Alvalade, Braga e Guimarães! É certo que as estatísticas não garantem campeonatos, que faltam duas partidas decisivas e que 'cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém'. É absolutamente necessário manter uma alta concentração nos 180 minutos que ainda se jogarão.
No jogo de sábado, percebeu-se (como em Braga) que a ansiedade tomou conta de alguns jogadores, e que a juventude e alguma inexperiência deste combate que, agora, assume uma componente psicológica acentuada, começou por tolher o desempenho do colectivo e de alguns jogadores. É curioso observar que, por paradoxal que pareça, a equipa quase que precisou de sofrer primeiro um golo para se libertar de fantasmas e ser ela própria. Bruno Lage começou a sua caminhada virando um 0-2 contra o Rio Ave num 4-2. E remontadas é coisa que não falta neste período: no Dragão (2-1), no Feirense (4-1), em Braga (4-1) e agora contra o Portimonense (5-1).
No domingo, em Vila do Conde, bom será que o Benfica entre para ganhar, sem ansiedade bloqueante e não pensando que um empate pode chegar. Será um jogo difícil, como são, em regra, todos os jogos do SLB contra todas as equipas que se empertigam como se estivessem a jogar a final mais decisiva das suas carreiras. Acho intrigantes certas declarações de jogadores acabadinhos de chegar a um país que não conheciam dizendo que vão jogar para «tirar títulos» a outros, e coisas do género, com tal arreguenho que mais parece que sabem de cor e salteado a história do futebol português e as suas naturais rivalidades. Isto para não falar em técnicos, ás vezes tão impressivos, outras vezes tão suavemente respeitosos, ou da relativa apatia e conformismo com que algumas equipas jogam em certos contextos. No entanto, compreendo que, curricularmente, para alguns atletas uma coisa é ganhar ao Benfica, outra é vencer outros jogos. É como as antigas diligências para transporte de malas postais e passageiros, então conhecidas como malas-postas, que, por razões às vezes obscuras, privilegiavam certas paragens nos seus percursos.
Uma palavra de profundo reconhecimento para Jonas. Um grande profissional, um jogador talentoso e um benfiquista ímpar. Um craque que, estando agora mais tempo no banco de suplentes, continua a entrar nos jogos como um menino que se estreia numa equipa principal. Respira espírito genuinamente benfiquista. Quando não está no relvado corre desalmadamente para os colegas festejando um golo. Quando é ele a marcar, fá-lo como se fosse o primeiros dos 300 golos da sua carreira. Na tarde soalheira de sábado na Luz atingiu o 137.º ao serviço do seu clube. Se há quem mais mereça ser, de novo, campeão nacional é este atleta.

2. A rivalidade é um dos principais ingredientes do desporto. Dá-lhe animação, vivacidade e vida. Com ela, fundem-se emocionalmente, o coração da razão e a razão do coração, e reforça-se a identidade de um clube com a inclinação de cada adepto fervoroso. Sem ela, muitos jogos - de futebol ou das modalidades - seriam uma pasmaceira, sem sal e sem açúcar.
Mas a rivalidade, por muito forte e até tensa que seja, não deve ultrapassar certos limites morais, sociais e relacionais, caindo na falta de civismo mínimo, de decência e de respeito. Assistimos, muitas vezes, a uma agressividade patológica da rivalidade, caracterizada quase sempre por ódio indisfarçado e inveja desmedida e por reacções absolutamente injustificadas e qualquer circunstância desportiva.
Nenhum clube tem estado imune a estas javardices que medram em estádios ou fora deles. Mas, é notório que é no anti-benfiquismo primário (primário... talvez seja até uma palavra simpática) que se sentem os mais recorrentes sinais exteriores de uma absoluta grosseira e de um rescaldo sentimento hostil para com o Benfica. Já nem me detenho no sistemático 'hino' de obscenidades contra o Benfica quando o Porto joga seja contra quem for. Falo, agora, do que se passou no pavilhão leonino na recepção aos novos campeões europeus de futsal e que evidenciou como é difícil, para certas mentes, ser nobre na vitória. Segundo as notícias, um animador de serviço (presumo funcionário do clube) iniciou um 'cântico' de escárnio dirigido ao Benfica com vários palavrões à mistura, perante uma multidão com crianças indefesas perante estes comportamentos destituídos de exemplaridade (algumas das quais junto dos seus pais, jogadores). Mais parecia que se festejava um desaire benfiquista do que uma saborosa e meritória vitória do SCP. Que triste bandalheira. Impropérios, atitudes inconcebíveis e os jogadores e colaborarem. Perante isto, não houve uma palavra de repúdio de quem a deveria ter.
A talhe de foice, lembro-me do castigo de 90 dias aplicado pelo Conselho de Disciplina da FPF e Luís Filipe Vieira, numa sempre discutível fronteira entre o princípio constitucional de liberdade de expressão e de opinião e a ofensa ao bom-nome ou profissionalismo de outrem. Um assunto que desenvolverei, proximamente. O que agora me importa é o que mais salta à vista: decisões tomadas com dois pesos e duas medidas. Vieira leva 3 meses de suspensão e um membro da equipa técnica do Porto que tentou agredir um espectador com a medalha que tinha acabado de receber na final da Taça da Liga - situação que levou à intervenção de um dos seguranças presentes - apanhou uma suspensão irrisória de uns simbólicos 15 dias! Gostaria de saber onde pára o critério da equidade naquele douto Conselho. E já agora, os insultos a que atrás me referi no futebol e no futsal ficarão sem penalizações, tudo numa boa? E aquela do desplante do mesmo Conselho abrir novo processo ao Benfica porque não gostou de ser criticado pela decisão que suspendeu o presidente do Benfica? Achar-se-ão acima de qualquer crítica, reparo ou escrutínio? E onde é que já se viu, num Estado de direito, um órgão jurisdicional ir apreciar e julgar críticas a si feitas, ainda que duras e com alguns termos que se deveriam ter sido evitados? É como se não se pudesse criticar uma decisão de um tribunal comum ou superior e ser o mesmo órgão criticado a julgar essa crítica!

Contraluz
- Justiça Injusta: O Liverpool jogou em Camp Nou como há muitos anos não se via alguma equipa jogar, numa demonstração soberba de football association. Foi a melhor, só que... do outro lado, houve o mais genial Messi que levou a um resultado quase absurdo de 3-0. O que será do Barça quando Messi deixar de jogar? E o que dizer daquele incomparável livre marcado pelo argentino?
- Parabéns: À equipa júnior do FC Porto que venceu a Youth League. Mais um feito das camadas jovens portuguesas, depois de vários títulos conquistados pelas diversas selecções nacionais. Não deixa de ser algo intrigante que seja também o Porto o clube que, nos últimos anos, menos proveito tem tirado de jovens talentos na sua equipa principal.
- Votos: Iker Casillas é, sem dúvida, um jogador que, ao alongo da sua longa e premiada carreira, tem dado provas de elevado profissionalismo e exemplaridade. Neste momento em que terá terminado a sua prestação futebolística pelas consequências da doença que o acometeu, importa realçar o seu brilhante percurso e cuidar do homem para funções que o continuem a prestigiar e, se possível, a contribuir para um melhor futebol fora dos relvados."

Bagão Félix, in A Bola

O 'novo Benfica' só tem quatro meses...

"O caminho é por aqui, construído de avanços e recuos, de vitórias e derrotas, de alegrias e desilusões: o caminho que Vieira sempre procurou

Se as botas de Seferovic fossem um pouco mais jeitosas a tratar a bola, teriam transformado em golo uma das duas oportunidades que João Félix lhe ofereceu nos primeiros dez minutos e talvez a história do jogo com o Portimonense fosse contada de outra forma, sem a severidade do costume em relação às exibições da águia, na linha de uma tendência promovida ao longo da época por indisfarçável campanha anti-benfiquista e que, sem pingo de pudor, se acentua à medida que se aproxima a linha de meta, agora à distância de uma vitória e de um empate.
Depois do chinfrim gerado na jornada anterior, a deste fim de semana foi bem menos ruidosa, percebe-se porquê. Na frente, continua tudo na mesma parecendo inevitável que o próximo campeão apenas será encontrado depois de conhecidos os resultados da derradeira ronda, embora haja elementos concretos que permitam uma análise mais cuidada sobre a bolsa de valores. Destaco quatro.
Quem, a duas jornadas do termo do Campeonato, marcou mais 28 golos do que o segundo, mais 26 do que o terceiro e mais 44 do que o quarto, merece a ser campeão.
Quem, já no consulado de Lage, ganhou em Alvalade, no Dragão e em Braga, apontando dez golos nos três jogos, merece ser campeão.
Quem, nos confrontos directos com o outro principal candidato, apresenta duas vitórias contras duas derrotas (seis-zero em pontos), merece ser campeão.
Quem, desde que Lage é o treinador principal, nos sete jogos realizados fora para a Liga regista uma média fantástica de golos marcados superior a três, é porque merece ser campeão.
Cingi-me ao que é factual. No entanto, entre o merecer e o ser sei que há um passo que é preciso dar. Passo esse que, nesta altura, o Benfica, como líder da classificação e se quiser continuar a sê-lo, deve dar com concentração e competência. Sem mais nada.

Até lá, à jornada 34, o novo Benfica, com quatro meses de idade e em crescimento acelerado, sem tempo para acudir às dores dos mais jovens, avança destemido os limites do risco, na prossecução de uma filosofia de jogo já muito notada e não menos apreciada, que privilegia a festa do golo e se diverte com o espectáculo que a beleza do seu futebol proporciona.
Talvez seja uma corajosa recuperação dos épicos anos 60 e da geração de excelência que esteve na génese dos famosos quinze minutos à Benfica, com uma diferença, porém: no tempo dos campeões europeus se uma pessoa se atrasava na chegada ao estádio, provavelmente, perdia um, dois ou três golos encarnados, enquanto, agora, o foguetório dá a ideia de ficar guardado para as segundas partes. No essencial, o efeito é idêntico, mas os adeptos sofrem muito mais...
Há pouco mais de um mês escrevi neste espaço que o Benfica tinha, finalmente, encontrado o seu caminho, quando Luís Filipe Vieira tomou uma das suas decisões mais importantes, ao libertar o clube dos fantasmas do passado e escolher um treinador verdadeiramente sintonizado com o projecto de formação.
O caminho, sim, é por aqui, construído de avanços e recuos, de vitórias e derrotas, de alegrias e desilusões, mas é por aqui: o caminho que Vieira sempre procurou.
(...)"

Fernando Guerra, in A Bola

Curiosidades...

"No mesmo dia, os jornais oficiosos da Santa Aliança, a preceito devidamente coordenados, relatam que os jogadores emprestados pelo #portoaocolo (Galeno) e seu aliado (Gelson Dala) - ao próximo adversário do SL Benfica - vão ingressar a pré-época dos respectivos clubes na próxima temporada. 
A mensagem de motivação e incentivo não é de estranhar, esta semana valerá tudo, nem tão pouco o papel que o "jornal" Record e O Jogo se prestam.
Afinal, a famosa reunião do Hotel Áltis trouxe uma comunicação conjunta, orquestrada e com veículos/avençados de comunicação bem identificados.
E claro está, com Bernardo Ribeiro, o Record tudo faz para ser a sua dama mais preciosa.
Entretanto, em entrevista à Rio Ave TV, o jogador Rúben Semedo já fez a antevisão do jogo com o SL Benfica. E quando ainda faltam 4 dias. Teremos disto a semana toda, mensagens e apelos à união, como o jogo de uma vida, enquanto do outro lado, como habitualmente, não se passa nada. A descompressão é total.
O SL Benfica joga numa liga à parte.
Foco, concentração e "jogar À Benfica".
A receita tem de ser a mesma de sempre!"

Alerta Arquivo da Fruta (II)

"Da mesma fonte de sempre (leia-se Super Dragões) começam agora a surgir os rumores que o CA, depois da denúncia que aqui fizemos que Jorge Sousa seria o árbitro do Rio Ave-Benfica, se virou para Manuel Oliveira.
Manuel Oliveira, o “chalina”, padeiro de Gondomar/Rio Tinto, é o árbitro que frequenta os camarotes do Estádio do Dragão, conforme demonstra foto que o apanhou sem querer nessa condição. Sem querer ou não, a verdade é que ficou documentado e jamais será esquecido.
Ainda não conseguimos apurar se este rumor é um mero desejo dos Super Dragões, que assim veriam um dos seus a apitar o jogo chave desta jornada, ou se é efectivamente real.
Se isto realmente acontecer, somos os primeiros a defender que o Benfica não deve comparecer em campo no Domingo. É que o escândalo tem limites."

Alerta Arquivo da Fruta (I)

"Jorge Sousa será o árbitro do Rio Ave-Benfica.
A informação veio da fonte de fuga habitual (Super Dragões) e está a ser partilhada no seio dessa mesma claque com ordens para ser iniciado de imediato o trabalho de coacção.
Depois de Artur Soares Dias, mais um Super Dragão no caminho do Benfica. Os dois de seguida!
É o tudo por tudo e Fontelas não olha a meios para que este campeonato não fuja ao Calor da Noite. 
Continuem a não investigar como é que estas informações chegam a essa claque que não vale a pena. Fontelas acabou com a divulgação dos árbitros nos dias de jogo para se terminar a suspeição e eis que mesmo com divulgação antecipada, as toupeiras continuam a fazer o seu trabalho sem que ninguém as denuncie publicamente pelos favores que andam a fazer ao Calor da Noite.
Um Nojo!"

O livre de Chano

"O título deste post sintetiza aquilo que o futebol representava para mim enquanto catraio seguidor entusiasta do Benfica.
Contextualizemos: Estamos a falar de uma altura em que o Benfica só era “O Glorioso” para mim porque a minha família dizia (e diz) que sim.“O Glorioso” daquela altura (finais dos anos 90 e inícios de 2000) era uma espécie de ruína do que outrora havia sido uma grande civilização, como as que vemos quando vamos ao Egipto, Grécia ou Itália. Constatamos que aquilo há-de ter sido incrível mas obviamente que não era mais.
Corria a época 2000/2001, aquela em que o Benfica terminou num fantástico 6º lugar e comemorou sete épocas de jejum de campeonatos! Lembram-se de ter falado em miragens e overexpectations? Pois…
Era perante a clara noção de que ganhar o campeonato não passava de uma miragem que eu via futebol. Uma miragem não menos absurda que a de um solitário e sequioso caminhante no deserto que vislumbra um lago com palmeiras, chapéus-de-sol e caipirinhas.
Sim, era triste…mas era realista, porque isto de viver com overexpectations não é coisa boa, muito menos para um puto que nem era pré-adolescente.
Voltando ao livre de Chano. Corria a época 2000/2001, aquela em que o Benfica terminou num fantástico 6º lugar e comemorou sete épocas de jejum de campeonatos! Lembram-se de ter falado em miragens e overexpectations? Pois…
O Benfica, com Heynckes ao leme, deslocava-se ao reduto do todo-poderoso União de Leiria, clube que hoje milita naquilo que se pode considerar uma 3ª divisão. O jogo dava da TVI que tinha os direitos de transmissão dos jogos da U. Leiria em casa com os grandes e que nos presenteava com uma musiquinha com a seguinte estrofe que durante muitos anos ecoou na mente dos adeptos de futebol:
“Todos juntos
Cantamos assim
 Futebol espectáculo
É na TVI”
Assistia ao jogo na tv da cozinha e, como em todos os jogos, temia o pior. Perdíamos ao minuto 85 com um golo de Éder Gaúcho. Já muito perto do final do jogo, é assinalado um livre indirecto à entrada da área da U. Leiria e é nesta altura que eu penso “tenho de fazer alguma coisa para que o Benfica marque um golo”. Então, embalado por uma enorme “raça, querer e ambição” (sai um pleonasmo para a mesa do canto) vou para dentro da despensa pedir muito para que fosse golo. Por que razão fui para a despensa? Não faço ideia mas ninguém me tira da cabeça que tive muito mérito no que se passou a seguir.
Chano toca para Calado que pára a bola. Na sequência, Chano desfere um remate certeiro para a baliza de Costinha (lembram-se dele?) e empatou o jogo.
Ora, para marcar este livre aproxima-se um rapazito de 35 anos chamado Sebastián Cruzado Fernandez, aka Chano. Chano toca para Calado que pára a bola. Na sequência, Chano desfere um remate certeiro para a baliza de Costinha (lembram-se dele?) e empatou o jogo.
Fiquei louco. Tínhamos ganho…perdão…empatado. Que sensação incrível! Afinal éramos tão bons quanto a U. Leiria! Bem, na realidade nem isso éramos porque que eles ficaram à nossa frente nesse campeonato.
E que craque era Chano que, em plena juvenilidade, inexplicavelmente iria pendurar as chuteiras no final dessa época depois de um 4-4 na Vila das Aves. De qualquer modo, sinto que pelo menos 50% daquele golo era meu mas estranhamente nunca ninguém me agradeceu por ter ido pedir o golo para a despensa da cozinha. O golo foi tão espectacular que nem está na Internet mas o Bakero teve a gentileza de me arranjar o vídeo do resumo do jogo. Infelizmente a dimensão do vídeo não permite a sua publicação aqui, mas ficam com dois frames
O toque de Calado para Chano

A pinta do maestro espanhol após o golo

Os tempos são outros, mas nada como um pouco de retrospectiva para valorizarmos o presente."

Fim de semana vibrante

"O jogo de Vila de Conde, no próximo domingo, passou a ser o alvo da atenção de todos os benfiquistas. Estamos em contagem decrescente para mais uma “final”! Na linha de todas as que têm sido disputadas desde o início do ano, é verdade, mas esta com carácter especial. Mais que não seja por ser a última deslocação em 2018/19.
O dia da estreia de Bruno Lage à frente da equipa principal do Benfica - 6 de Janeiro - foi “apenas” o arranque nesta longa série de jogos decisivos que se seguiram até hoje.
Quatro meses depois, aí estão os últimos metros da recta final, com o Benfica na liderança da classificação e a justificar, por inteiro, a posição privilegiada em que se encontra.
O percurso no campeonato está a ser extraordinário e a segunda volta tem sido digna de registos históricos que não eram alcançados desde a década de 60.
É preciso ter consciência, no entanto, de que o mais importante não é o que está feito, mas precisamente o que ainda está por fazer. O Benfica tem sido competente, tem entusiasmado e tem mostrado capacidade para resistir a todas as pressões. Falta “apenas” dar sentido a esta brilhante caminhada e voltar a responder de forma positiva nas próximas duas jornadas.
Não será fácil, seguramente, mas a equipa tem condições e qualidade suficientes para concretizar o grande objectivo da época. E dar assim mais uma alegria a milhões de benfiquistas!
Há muito mais Benfica, porém, no próximo fim de semana. Ainda no futebol, a equipa B tem novo compromisso numa época em que tenta a melhor classificação de sempre. Na formação, as equipas de iniciados, juvenis e juniores continuam a luta pelos respectivos títulos nacionais. A equipa feminina, por seu lado, tem mais uma jornada (frente ao Condeixa) e pode chegar já aos 400 golos (!) na temporada. Seria a melhor forma, aliás, de “aquecer os motores” para a final da Taça de Portugal, que terá lugar no dia 18.
Nas Modalidades, o grande destaque vai para o início da Final Four da Liga Europeia de hóquei em patins e logo com um Sporting-Benfica. No basquetebol arranca o play off já na sexta-feira (com um Benfica-CAB Madeira) e no futsal iremos tentar nova vitória frente ao Eléctrico, no sábado, e seguir assim para a fase seguinte.
Tudo a postos, pois, para mais um fim de semana com muitas Reconquistas no horizonte."

Isto é tudo tão mauzinho, tão mauzinho que não pode continuar assim ((...) e a falta de educação e de formação pessoal no futebol)

"Spoiler: este artigo pode conter opiniões que já ouviu várias vezes. Isso só acontece porque há opiniões que não mudam só porque são repetidas exaustivamente.
Dito isto, vamos ao tema do dia.
A pergunta é: os árbitros definem campeonatos?
A resposta é simples: sim.
Os árbitros definem campeonatos.
Agora vamos lá "conversar" sobre este assunto, com a seriedade, frontalidade e independência que ele merece. Pode ser?
Premissa fundamental: sem árbitros não há jogo. Ponto final, parágrafo.
O futebol é jogado por duas equipas e dirigido por uma terceira. A de arbitragem. É assim desde o início. É assim em todo o planeta. E será assim durante muito tempo.
Em campo, as três têm missões específicas: duas querem marcar mais golos do que sofrer para poderem vencer os seus jogos; a outra quer assegurar-se que isso acontece sem batota e obedecendo a regras pré-definidas.
Quando uma delas erra, quando uma delas não cumpre a sua missão, quando uma delas falha... o resultado é influenciado.
Portanto sim. Os árbitros influenciam campeonatos. Os jogadores também.
No caso de quem arbitra, essa influência pode ser positiva (quando assinala as faltas correctamente e exibe os cartões a preceito, quando aplica bem a lei da vantagem e gere bem as emoções dos atletas, etc), como pode ser negativa (quando erra na análise de lances determinantes, não aplica correctamente as leis de jogo, etc).
Para quem joga, acontece exactamente o mesmo: o contributo pode resultar de passes importantes, de defesas majestosas ou de um grande trabalho de equipa, tal como a influência negativa pode resultar de golos falhados à boca da baliza, de "frangos" em momentos relevantes ou de expulsões prematuras, que prejudicam o esforço dos colegas.
Na verdade, quem está dentro das quatro linhas está sempre a tomar decisões. Por isso, tem uma de duas hipóteses: ou acerta ou erra. Num ou noutro caso, influencia o resultado e a competição.
Esta premissa é extensível aos treinadores (e respectivo staff técnico), que estão do lado de fora. 
Também eles influenciam campeonatos pela positiva e pela negativa: são determinantes na vitória, quando, por exemplo, preparam bem a equipa e constroem a melhor estratégia para determinado adversário; são determinantes na derrota quando, por exemplo, falham nessa missão, erram nas substituições, na abordagem tática ou na forma como (não) motivam as suas tropas.
Custe o que custar, doa a quem doer, o futebol é isto mesmo. Uma panóplia de gente empenhada, focada e bem intencionada, a fazer o melhor que sabe e que pode, dentro de condições de exigência e de análise muito complexas. Por cá (mas não só) esta verdade universal, muito simples de perceber e fácil de aceitar, continua a ser deturpada com frequência.
Por cá, há um interesse ora estratégico, ora provinciano, em atribuir a apenas uma das equipas a responsabilidade exclusiva de todo o insucesso.
Por cá, raramente há a dignidade e até a elegância de se assumir falhas próprias, ilibando terceiros, ainda que perante erros que esses cometam.
Por cá, raramente há a honestidade de assumir que foram os nossos erros a determinar parte determinante do fracasso desportivo.
Essa falta de classe e de grandiosidade é gritante, visível e recorrente.
Percebeu-se, há muito, que o ruído histérico, potenciando por decibéis ensurdecedores pode hostilizar, condicionar e manipular. Pode perturbar.
Percebeu-se que esse jogo fora do jogo influencia a opinião do adepto, do jornalista e do comentador. O que me faz confusão (e não deve ser só a mim) é que todos sabemos disso e, mesmo assim, nada muda.
Todos sabemos que este é um expediente recorrente, usado em função do momento e do contexto desportivo. É assim há décadas. O que varia (?) são os protagonistas, os meio de difusão e a forma como a propaganda é abordada.
Porquê?
Bem, em parte, porque a cultura desportiva, em Portugal, é quase nula. E, como é quase nula, aceita. Devora tudo isto. Nós adoramos uma boa novela mexicana. Dizem que é da latinidade. Eu digo que é da falta de educação e de formação pessoal. Da falta de cultura.
Mas a verdadeira razão pela qual tudo isto continua a proliferar é, basicamente, porque é permitido. 
Muito do lixo que lemos, vemos e ouvimos só existe porque há todo um contexto regulamentar, legislativo e judicial demasiado lentos, demasiado pesados, demasiado burocráticos e demasiado brandos. A este propósito, não esqueçamos: a percepção pública que existe quanto à impunidade e à falta de pulso relativamente a estas questões é esmagadora. Confrangedora até.
Este cenário bélico, perfeitamente evitável, não pode no entanto camuflar uma ou duas verdades, que convém aceitarmos com humildade e sentido crítico:
- As arbitragens não têm estado tão bem quanto era expectável; há alguma falta de experiência e qualidade no quadro actual; e nem todos os árbitros parecem revelar sensibilidade para as novas funções (videoarbitragem). Estes são problemas que a estrutura deve saber resolver, percebendo que a qualidade da sua equipa é determinante na qualidade do espectáculo.
Agora cabe ao futebol resolver tudo o resto. Porque o resto é tão mauzinho, tão mauzinho que não pode continuar assim."

Poemas para o Fitinha Roxa

"A atracção de Anna Amélia por Marcos de Mendonça foi mais forte do que a atracção das matérias de Isaac Newton

Nasceu rapaz numa fileira de raparigas. Escreveu poemas. Foi à baliza. E ela, dada também aos poemas, viu-o no campo do América numa tarde suave de 1913: «Foi sob o sol azul, ao louro de Maio/que um dia te encontrei, formoso como Apolo/E o meu amor nasceu num luminoso raio/como brota semente à humidade do solo».
Sim, talvez poeta atraia poeta na razão directa das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias, tal como acontece com a matéria de Newton. E poeta atraiu poeta.
Vocês sabem que Desmond Morris, no seu livro monumental, A_Tribo do Futebol, diz que no futebol os clubes que usam camisolas castanhas não existem? É a cor impossível. Os brasileiros gostam de lhe chamar marrom num toquezinho afrancesado que lhes vem de uma certa vaidade classista de um Rio de Janeiro entregue às elites do início do século passado. Pois, no bairro da Tijuca, havia um clube que usava camisolas marrom: era o Haddock Lobo Football Club. Depois fundiu-se com o América. Foi lá que Marcos Carneiro de Mendonça que vivia no Solar dos Abacaxis, ali ao Cosme_Velho, edifício distinto da cidade Princesinha do Mar, começou a encantar meninas com o seu estilo que Edilberto Coutinho descreveu assim: «Goleiro, doublé de estudante universitário, rapaz culto, estudioso da História, a própria encarnação do ideal grego e do intelectual-atleta».
Marcos pagava cinco mil réis para jogar. O clube só dava a bola e as instalações. A farda era por conta dos jogadores e ele era a elegância em pessoa. Camisa branca, calções brancos, uma faixa branca em volta de cada chuteira como se fossem polainas de lorde da Ordem da Jarreteira. Em volta da cintura uma fita de pano: roxa. Os jornalistas gostaram demais daquela fitinha. Marcos Carneiro de Mendonça passou a ser o Fitinha Roxa.
Sempre cavalheiro desde a sua infância em Cataguases. Uma vez, em Inglaterra, os adversários britânicos do Corinthians começaram a bater palmas às suas defesas distintas, ajanotadas, em pleno relvado. Ele esboçava uma vénia e defendia mais e mais.
Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça, filha do engenheiro José Joaquim de Queiroz, pioneiro da indústria siderúrgica brasileira foi a Paris em 1911 publicar um livro. Queria escrever poesia e alguém lhe disse que no Rio de Janeiro não valia a pena. Só na Europa. Quando regressou, a rapariguinha trouxe os exemplares impressos de Esperanças. E bolas de futebol. João do_Rio leu e disse: «Ou estes versos não são desta criança, ou esta criança é uma Shelley tropical».
Percy Shelley nunca escreveu poemas sobre futebol mas Anna Amélia, dizem os mestres, introduziu o futebol na poesia do Brasil com O Salto, inspirado num Marcos alado, alvo, voando com aqueles braços que mais pareciam asas que Deus se esqueceu de acabar: «Como um deus a baixar do_Olimpo, airoso e lépido/tocaste o solo, enfim, glorioso, ardente, intrépido/belo na perfeição da grega e antiga plástica».
Em 1914, Marcos de Mendonça zangou-se com o América e passou para o Fluminense. Nas Laranjeiras seria tudo. Até presidente. Levou consigo o movimento encantatório das mulheres que sentiam os olhos humedecidos ao ver o Fitinha Roxa em contraluz, pairando no caminho da bola. O cronista social mais famoso da época, Peregrino Junior, não perdia pitada do que se passava na arquibancada do Fluminense: «Um deslumbramento em cor-de-rosa. Bouquets de flores seguem Marcos de Mendonça».
Foi o primeiro guarda-redes da selecção brasileira, venceu os campeonatos sul-americanos de 1919 e 1922, deixou de vez a fitinha roxa e passou a gerir os negócios do pai de Anna Amélia, com quem casou, a Usina Esperança, tornou-se historiador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, estudou profundamente o Marquês de Pombal, publicou livros atrás de livros, entre os quais O Marquês de Pombal e o Brasil e Amazónia na Época Pombalina. Anna ensinava aos operários da usina o jogo dos patrões, prestava-lhes orientações técnicas, passou a ser mais do futebol do que o marido.
Viveu apaixonada pelo Fitinha Roxa. Não deixou de lhe dedicar poemas. Ou talvez os dedicasse a ambos: «Como um guerreiro grego, após uma vitória/trazia à bem-amada a coroa de louro/tu me vieste trazer esta medalha de ouro/símbolo do fulgor que auréola a tua glória». Dizia-se parnasianamente perdida por ele. E ele, preso nos versos, no voo irretocável de um pássaro incompleto, todo branco, completamente branco, de uma brancura quase roxa..."

O autocontrolo também se treina

"Ou somos capazes de controlar as emoções, ou arriscamo-nos a sermos controlados por elas. A máxima, mesmo que não vertida aqui ipsis verbis, na sua essência é esta. E é válida tanto nas curvas do dia-a-dia como nas rectas dos dias de jogo. A obediência ou a indiferença a este princípio pode muito bem ser a linha que separa o sucesso do fracasso.
A incorporação de um psicólogo numa estrutura profissional há muito que deixou de ser um mero capricho para passar a ser olhada como uma necessidade imperativa. Não é apenas a gestão da frustração pós-jogo ou a arrumação dos problemas pessoais na prateleira de cima do armário que está em causa, mas também a atitude perante o contexto competitivo e as adversidades que ele traz.
É tão certo como o destino: os imprevistos vão acontecer, os dissabores vão bater à porta e é preciso estar preparado para lidar com eles. E a primeira razão pela qual urge dominar este jogo de cintura é porque está directamente ligado ao factor rendimento. Individual e, por extensão, colectivo quando se trata do mundo do futebol. Em campo, uma reacção irreflectida é passível de pôr em causa o esforço e o objectivo comuns.
Basta ver o que sucedeu anteontem no Estádio do Bonfim. A um primeiro cartão vermelho mostrado aos sadinos seguiu-se um período de alguma indignação, que culminou com uma atitude pouco ponderada. Numa espécie de reacção em cadeia, essa atitude custou uma segunda expulsão e essa segunda expulsão (alavancada pelo ruído que em torno dela se criou) terá contribuído para o avolumar da tensão e para uma entrada incauta de um terceiro elemento, punida com um segundo cartão amarelo.
Três expulsões em sete minutos são, naturalmente, um sapo difícil de engolir, mas antes de se tentar cuspi-lo a toda a força é bom que se meçam as consequências. Para o jogo em causa, para o seguinte e para o futuro imediato do clube. Até porque a responsabilidade de representar uma instituição (tenha ela o peso histórico que tiver) vai muito para além do cumprimento de horários e da comparência em sessões de autógrafos.
Não menos relevante é o efeito de contágio que se produz, facilmente constatável por esse mundo fora (salvo honrosas excepções). Para aquela franja da multidão que já faz dos estádios uma via de escape ao stress e às frustrações de uma semana de trabalho, confrontar de forma ostensiva a equipa de arbitragem é como um sinal verde para que se avance com manifestações de fúria e irracionalidade. E é esse impacto que têm junto dos adeptos que os agentes do futebol devem também levar em linha de conta nas decisões que tomam.
A dada altura, alguns jogadores do Vitória sentiram-se desrespeitados por decisões do árbitro das quais discordaram? Independentemente do valor das decisões, é um estado de alma legítimo. O que não é aceitável é que a sua falta de autocontrolo exponha a equipa a uma situação de fragilidade agravada, que acabou por custar três pontos no imediato, castigos para a jornada que se segue e eventuais sanções para o clube, depois da invasão de campo de um par de adeptos.
Na mesma linha de raciocínio, é compreensível também o incómodo que sentiu o treinador perante o desenrolar dos acontecimentos, mas já é mais difícil de interiorizar que se tenha indignado quando, na conferência de imprensa, lhe falaram em descontrolo emocional dos jogadores. Um cenário que o próprio rejeitou, mas que foi admitido pelo presidente do clube. Houve descontrolo emocional, sim. E isso não torna os protagonistas em melhores ou piores jogadores, em activos mais ou menos importantes do plantel — vem apenas provar que há uma dimensão da sua preparação que tem de ser melhorada.
E o que é válido para o Vitória é válido para Neymar (que tentou agredir um adepto do Rennes na final da Taça de França), como deveria ter sido válido para Cantona e antes para Maradona, entre muitas outras figuras maiores do futebol. A reacção a quente é um convite para o desastre, sem olhar a alvos ou a razões mais ou menos atendíveis. E a impermeabilidade à provocação (ou a um comportamento que se entende como injusto) um requisito necessário.
Partindo do princípio de que todos, árbitros, jogadores ou treinadores, tentam reduzir os erros ao mínimo no exercício das respectivas funções, é conveniente que a percepção momentânea da injustiça não conduza a reacções intempestivas. Errar é humano? Certamente. Perder pontualmente a cabeça é humano? Sê-lo-á também. Mas é a capacidade de racionalizar e de emendar comportamentos que nos eleva à condição de que gozamos."

Suprema ironia

"Primeiro – e durante longos meses – foram as ameaças e toda a pressão sobre os mais diversos agentes desportivos.
Nas duas últimas semanas, o registo de agressividade e intimidação foi inclusivamente utilizado sobre a sua própria equipa técnica e jogadores.
Tudo isto a acontecer na ponta final de um campeonato onde até os mais insuspeitos comentadores e todos os analistas independentes reconhecem que o FC Porto beneficiou de um conjunto de erros de arbitragem que lhe permite estar com mais 10 pontos do que realmente deveria ter.
Ou seja, só existe mesmo uma leitura possível sobre as insinuações do presidente do clube relativamente à influência das arbitragens nesta edição da Liga: ridículas, ineficazes e absolutamente artificiais.
É provável que tenha sido um ataque súbito de saudades. De muita coisa: do tempo em que decidia as nomeações junto do presidente do Conselho de Arbitragem. Ou saudades dos tempos em que os árbitros eram premiados com férias. Ou até mesmo saudades do tempo em que esses mesmos árbitros o visitavam em casa. Ou, por fim, uma saudade mais recente: de arbitragens como a que aconteceu na meia-final da Taça da Liga, em Braga.
Compreende-se a revolta: apesar de tanta pressão, apesar de tanta coação, apesar de tanta gritaria, apesar de tanto benefício, o (justíssimo!) líder do campeonato é o Benfica quando faltam disputar duas jornadas.
Assim, em desespero, lá vem mais intimidação em forma de insinuações sobre a arbitragem. É toda uma forma de estar e uma cultura de sobrevivência que têm beneficiado de total impunidade.
E não deixa de ser curioso verificar que – tal como no passado recente, em que foram feitas ameaças concretas de descida a árbitros, por parte de dirigentes daquele clube – estejamos de novo a assistir ao total silêncio do Conselho de Disciplina perante estas últimas declarações do presidente do FC Porto. 
Sempre tão célere a actuar quando se trata de alguém do Sport Lisboa e Benfica (como se viu na reacção imediata aos protestos do clube sobre o castigo aplicado ao nosso Presidente), desta vez… zero! Até ao momento, silêncio total.
Qual é a parte que ainda não perceberam?
A referência aos adversários que vestem de preto e têm um apito na boca? Ou os nomes dos árbitros lá citados?
Dali já se assistiu a tudo, até ao arquivamento de um processo em que um responsável portista reconheceu ter feito declarações lesivas e que, mesmo assim, foi perdoado.
Da nossa parte, com a humildade reforçada e a total consciência de que nada está ganho, resta-nos manter a linha de sempre: lutar pela vitória e procurar, apenas com o mérito do trabalho, dar uma imensa alegria aos milhões de benfiquistas."

First Love 🎵

"S/S Benfica 2001/02 Away (Vodafone).
No início da época 2001/02, a camisola alternativa não era esta. Tinha Telecel Vodafone como patrocínio. 
Entretanto a marca mudou e em início do ano de 2002 a camisola do Benfica foi alterada.
Esse ano de 2002 marca a entrada na moeda única bem como a minha vinda para Lisboa para o primeiro emprego. Com o meu primeiro ordenado, comprei a minha primeira camisola do Benfica. Esta camisola.
Na altura, o velhinho Estádio da Luz estava a ser demolido e estava a começar a ser criado o novo no espaço adjacente. E o meu ritual de sextas feiras, saindo do trabalho, incluía a visita às obras para ver o estádio a crescer.
Um amigo meu chegou-me a dizer:
- "Já te estou mesmo a ver quando fores velho, de boina, com os 3 desportivos debaixo do braço, a ires ver os jogos dos putos à Luz..."
Pobre diabo, não poderia estar mais enganado: tirando a boina (que admito usar se formos penta), os putos passaram a jogar no Seixal e há anos de que não compro jornais desportivos. Enfim, gente sem visão.
Em relação à época, arrancou forte em expectativas com a equipa maravilha de Mantorras e Simão juntamente com os ex-FC Porto Argel, Zahovic e Drulovic mas revelou-se à imagem de Pesaresi (fabulosa expulsão no 2-2 inicial na casa do Varzim), Fernando Aguiar e Mawete Junior: após a pior época da história do Benfica, terminámos em 4º lugar e consequentemente fora da Europa pelo segundo ano consecutivo.
Pegando aqui na dica da Adele, esta foi a minha primeira camisola, my first love, mas sinceramente, estes são tempos aos quais não quero voltar.
🎵 Forgive me first love, but I'm tired
I need to get away to feel again 🎵
A título de curiosidade:
- Esta foi a minha camisola nº 1 do Benfica;
- Levei-a na minha primeira deslocação ao estrangeiro para ver o Benfica. Derrota em Glasgow por 3-0. No fim do jogo, foram 45 minutos a pé à chuva até à estação de comboio. Perdi o comboio por 5 minutos e fiquei uma hora à espera, totalmente encharcado. Dormi 2 horas e regressei a Lisboa. Uma das melhores deslocações de sempre. A sério;
- Raramente a utilizo em jogos fora a que vou. Pelo valor sentimental e porque na altura comprei um tamanho acima: Não, não estou mais magro. Antes é que estava mais gordo.

Adele - First Love https://open.spotify.com/track/3d2DyIigzomibwlVgobyxO"

Cadomblé do Vata (variedades!)

"1. Antes de visitar a Luz, Bruno Tabata disse que o Portimonense ia roubar o título ao SL Benfica... isto vindo de um jogador da equipa que participou no despedimento de Rui Vitória, acabou por soar meio irónico.
2. O FC Porto quer que seja o Estado a pagar a indemnização de 17 milhões ao SL Benfica... isto não deve ser surpresa para o Glorioso que processou um indivíduo insolvente e um clube intervencionado pela UEFA.
3. Os fãs de Game os Thrones estão em choque por terem descoberto um copo de Starbucks no último episódio da série... sei bem o que eles sentem: uma vez vi o Sporting CP na lista dos clubes grandes de Portugal.
4. Loum chegou ao FC Porto em Janeiro por empréstimo, com promessa de compra por 7 milhões ao FC Porto, jogou 4 minutos e andou à bolachada com uma das claques do clube... não me quero meter em assuntos alheios, mas queria só relembrar que o capitão Herrera, titularíssimo e apaziguador das hostes, disse que ficava no Dragão por menos 1 milhão do que o custo do senegalês.
5. O Record anunciou hoje que o SL Benfica já está a preparar a festa do título para domingo... a News Benfica tem que negar peremptoriamente isto, por risco de estarmos a motivar ainda mais os nossos adversários e de o pessoal da Central de Cerveja avançar já com a greve."

Dualidade...

"No mesmo dia, o Conselho de Arbitragem faz participação imediata de Vítor Hugo Valente, Presidente do Vitória FC, por criticas sobre arbitragem e ignora por completo, as declarações graves e injuriosas do Presidente do crime organizado.
As provas sucedem e são diárias. Eles já nem tentam esconder a diferenciação de tratamento e o clube que servem. É à descarada!
Ficamos também à espera da participação e castigo exemplar do Senhor Meirim, isto claro, se tiver tempo para fazer uma pausa na perseguição e ataque cerrado/declarado ao SL Benfica."


PS: Entretanto, já ganharam vergonha, e praticamente com 24 horas de atraso, lá levantaram o processo de inquérito ao Pintinho!!!

Football, bloody hell

"Anfield viveu uma noite absolutamente mágica e nós celebrámos com ele

7 de maio de 2019.
É bom que não se esqueça desta data. O futebol, muito provavelmente, não vai esquecer. 7 de maio significa o dia em que a perfeição desceu sobre um campo de futebol.
A goleada do Liverpool, o entusiasmo da equipa, as lágrimas dos adeptos, os aplausos dos adversários, a comunhão em torno do You’ll never walk alone, a volta solitária de um Alexander-Arnold de olhos humedecidos, a recusa de 50 mil pessoas em abandonar as bancadas, enfim, tudo foi absolutamente mágico na noite de Anfield Road.
O futebol, assim, não dá hipótese: é a coisa mais fantástica que este mundo já viu.
Alex Ferguson tem uma frase que sintetiza bem momentos como este. «Football, bloody hell», disse o escocês depois de vencer a Liga dos Campeões com dois golos nos descontos, numa noite de primavera admirável como esta.
Tinha razão."

Eliminação...

Benfica (2) - (4) 2 Aves


Derrota nos penaltis, após um jogo onde na minha opinião fomos melhores, contra uma equipa muito mais experiente... com o Rodrigo e o Diogo novamente em destaque.

Condolências por Camolas

"O Sport Lisboa e Benfica lamenta profundamente o falecimento, aos 71 anos, do nosso ex-avançado Camolas, que com o Manto Sagrado foi Bicampeão Nacional.
José Carlos da Silva Camolas foi jogador do plantel principal de futebol do Clube nas temporadas 1966/67 e 1967/68.
Aos seus familiares e amigos, o Sport Lisboa e Benfica endereça as mais sentidas condolências em nome de toda a Família Benfiquista."

Uma jornada de decisões que promovem a verdade desportiva

"Numa jornada relativamente calma e bem conseguida no que às prestações das equipas de arbitragem diz respeito, destaque para alguns lances nos quais as decisões técnicas e disciplinares foram decisivas para o desenrolar do jogo. Decisões, essas, que, entre o que o árbitro viu no momento e o que viu o videoárbitro (VAR), acabaram por se revelar como boas e assertivas em termos da tal verdade desportiva que é tão badalada, sobretudo pelos clubes.
No Belenenses SAD-Sporting o caso de jogo ocorreu ao minuto 21, quando Raphinha se isolou e, à entrada da área, mas fora desta, foi rasteirado e derrubado por Muriel. Tecnicamente, o árbitro assinalou livre directo; disciplinarmente, por se tratar de uma clara oportunidade de golo, expulsou (cartão vermelho directo) o guarda-redes do Belenenses SAD. Em ambas as decisões, nada a apontar. Relembrar apenas que estamos perante uma clara oportunidade de golo quando a distância entre o local da infracção e a baliza é curta, a direcção da jogada é no sentido da baliza, o jogador tem a possibilidade de manter ou controlar a bola e a posição e o número de defensores não permite intervir em tempo útil. Ora, todos estes factores se conjugaram.
Quanto ao VAR, neste lance teria, de acordo com o protocolo, de verificar duas situações: se era dentro da área - e aí corrigiria para penálti (não foi o caso) - e se era mesmo uma clara oportunidade de golo - pois o cartão vermelho directo faz parte do protocolo - ou se se tratava apenas de um ataque prometedor (e, nesse caso, seria cartão amarelo).
No jogo FC Porto-Desp. Aves, dos diversos lances ocorridos, destaque para a boa intervenção e correcção do VAR, ao minuto 27, quando deu como acto deliberado e intencional a forma como Jorge Felipe, no interior da sua área, jogou e tocou a bola com o braço esquerdo, impedindo que Corona pudesse recebê-la depois de cruzada por Herrera. Um claro e óbvio penálti, que na zona onde ocorreu era difícil de descortinar pelo árbitro.
Já não tão evidente - e daí não ter tido intervenção do VAR - foi a carga cometida por Jorge Felipe, com o seu braço esquerdo, nas costas de Soares, quando este estava no ar e sem qualquer dos pés apoiados no solo. O avançado é desviado e empurrado e, dessa forma, fica fora do lance e da possibilidade de jogar a bola de cabeça. Costuma-se olhar para estes contactos e perceber a questão da intensidade, mas quem anda no futebol sabe que quando um jogador está a saltar, sem os pés em contacto com o solo, basta um pequeno toque para o impedir de jogar a bola.
Sendo um lance de difícil análise em jogo jogado, não deixa de ser uma infracção passível de penálti. Com o actual protocolo do VAR, que apenas permite a intervenção no caso de erro “claro e óbvio”, lances como este vão sempre ficar de fora da alçada do videoárbitro.
Finalmente, na Luz, no jogo Benfica-Portimonense, o grande destaque vai para as diversas intervenções positivas, em relação aos foras-de-jogo, por parte dos árbitros assistentes (minuto 63, 66, 84 e 87), que em lances que resultaram em golo tiveram o chamado olho de lince, na forma como observaram e decidiram. Para isso, e olhando para as jogadas, muito contribuiu o seu posicionamento, sempre em linha com o penúltimo adversário - a boa movimentação, mas sobretudo a colocação é meio caminho andado para tomar uma boa decisão, pois estar mais à frente ou atrás dá sempre origem ao chamado erro de paralaxe.
É um facto que, com o VAR, as situações de fora-de-jogo podem ser hoje quase a 100% corrigidas e revertidas, mas o ideal será sempre que dentro das quatro linhas a equipa de arbitragem consiga resolver com acerto todas a situações que se lhe deparam. Contudo, será muito importante que na próxima época o VAR tenha as mesmas condições que o público tem em casa, em relação às linhas virtuais, para aferir o fora-de-jogo, pois não faz sentido que a operadora (e bem) disponibilize as linhas e que na Cidade do Futebol o VAR não as tenha.
Estou certo, porém, de que este é um assunto de máxima prioridade para este Conselho de Arbitragem e para a federação, que tudo tem feito para que os árbitros disponham de todas as condições para a realização dos jogos numa perspectiva da máxima de mais e melhor futebol."

E por cá, há "fair play" no futebol?

"Trata-se de uma questão cultural que não assentou arraiais entre nós.

No país onde o "fair play" é um valor, o treinador Marcelo Bielsa, também conhecido por "El Louco", deu recentemente um exemplo seguro de que também é possível praticá-lo no futebol.
Jogava-se em Birmingham um encontro entre o Aston Villa e o Leddes United, importante pelas implicações que poderiam resultar do seu desfecho quanto à possível promoção ao escalão superior do futebol inglês.
Obtido um golo pela sua equipa num momento em que um jogador aniversário estava no chão, Bielsa deu ordens aos seus atletas no sentido de permitirem que, sem oposição, a bola chegasse à baliza do Leeds United ficando assim empatado o desafio.
Face a esta ocorrência, o Leeds United acabou por ficar impedido de disputar na derradeira jornada a possibilidade de alcançar a desejada promoção.
O assunto correu o mundo nos últimos dias, e os mais rasgados elogios foram dirigidos ao técnico argentino cujo conhecido culto pela personalidade fica bem demonstrado na acção por si protagonizada.
Perante este acontecimento e, sobretudo, porque estamos numa fase algo conturbada da nossa temporada futebolística, parece justificar-se a pergunta: e entre nós, seria possível assistirmos a uma iniciativa semelhante vinda de qualquer um dos nossos treinadores de serviço?
Se olharmos apenas numa declaração distante de Jorge Jesus, um dos mais renomados técnicos portugueses, “ o 'fair play' é uma treta”, a primeira reacção leva-nos a dizer "Não".
Em nossa opinião, trata-se de uma questão cultural que não assentou arraiais entre nós e que a mentalidade portuguesa nunca se mostrará disposta a acolher."

Violências desportivas

"Os estudos sociológicos sobre a violência no desporto permitem uma análise mais detalhada e fina deste fenómeno. O desporto não é um mundo virtuoso. De um modo geral, existem quatro formas principais de violência: verbal, física, exclusão e simbólica.
A violência verbal nos locais desportivos ou imediações é, sem dúvida, uma das formas mais correntes e mais fáceis de perceber. O painel é amplo: insultos, invectivas, grosserias e outros termos de consoante sexual ou racista. Este tipo de violência apreende-se nas bancadas e tribunas. É inútil insistir sobre as expressões e os cantos injuriosos que os fans entoam ao encontro de uma equipa adversária ou ao corpo de árbitros. Como refere Bromberger (1998), a propósito dos fans de futebol, as suas retóricas são em torno de três polos: a vida e a morte, a guerra e a virilidade. A violência verbal diz respeito também aos atletas, aos treinadores, etc. O que não contribui para a serenidade dos debates desportivos. Nos desportos colectivos, as disputas entre os treinadores (ou dirigentes) e jogadores no intervalo ou antes do jogo são, por vezes, pautadas por discursos muito violentos. É interessante notar que, na maior parte do tempo, os protagonistas não se apercebem da natureza das suas palavras. E quando se fazem observar, estimam que não há nada de dramático. O que eles dizem é para encorajar ou para motivar uns e outros. Ou seja, a violência verbal não incita a passagem ao ato físico.
A violência física existe no desporto. Várias são as práticas desportivas, como o tiro, a esgrima ou a equitação, que saíram directamente das artes da guerra. Elas foram desenvolvidas desde a Antiguidade pelos guerreiros para se aperfeiçoarem na sua especialidade belicista respectiva e por alguns adolescentes que, por vezes num rito de iniciação, praticavam para serem dignos de se tornarem soldados. A violência física pode caracterizar-se de duas formas: segundo o local onde ela é observada e segundo o alvo sobre o qual ela se exerce. A violência encontra-se nas bancadas e em torno da cena desportiva, no seio dos espectadores e dos fans, apesar das medidas de segurança. O hooliganismo, que surgiu na Grã-Bretanha (e que se tornou um delito), expandiu-se para a maior parte dos países europeus durante a ocasião dos grandes encontros de futebol. Bodin (1999) diz que a violência está ligada ao espectáculo desportivo, mesmo se este fenómeno, durante o decorrer do tempo, assumiu diferentes formas. O segundo espaço de violência física é o terreno de jogo. Nos desportos colectivos, os jogadores das equipas opostas molestam-se no terreno. São, por vezes, eles que promovem a violência, cujas determinantes são múltiplas e pouco diferentes dos contextos não desportivos. Os balneários e outros locais satélites do terreno de jogo (duches, corredores) não são isentos de violência. A violência pode se exercer contra alguém, e os árbitros são amplamente expostos, em particular no futebol, independentemente do nível do encontro. As ameaças de greves feitas pelos árbitros induzem bem a sua profunda exasperação face às injúrias reiteradas e às ameaças a que são sujeitos, bem como os projécteis que são lançados colocando em perigo a sua integridade física. O desporto é, assim, gerador de violência.
A violência ligada à exclusão. A violência no desporto também se pode exprimir de uma forma direta. A primeira das violências do desporto é a exclusão social. Esta exclusão assume diferentes níveis. Um deles é o género. As mulheres foram durante muito tempo afastadas dos terrenos desportivos sob o pretexto de que a actividade física poderia causar problemas na sua morfologia e que era contrário ao papel que elas tinham na sociedade. Mesmo se elas adquiriram um lugar no espaço desportivo, a igualdade com os homens ainda está longe de ser total. O nível da prática constitui um local de acção da exclusão. As federações desportivas competitivas têm por referência dominante o desporto de alto rendimento. Elas estruturam a sua disciplina, por forma a responder a um objectivo de produção de campeões. A exclusão exerce-se também através das condições económicas ou sociais dos praticantes.
A violência simbólica. Esta é, por vezes, ideológica e encontra-se na essência do desporto e, mais particularmente, na competição. A actividade física pode ser apercebida como uma luta feroz para aceder a uma elite e, deste combate contra um adversário ou contra si próprio, nasce uma violência imaterial, mas patente. É corrente comparar o desporto à guerra. A expressão: “é preciso matar o adversário” traduz bem o sentido dado à competição. Combater um rival, eliminar um concorrente, afirmar a superioridade e finalmente sair um vencedor é um “chefe militar”. Ainda bem que estes confrontos desportivos ficam, regra geral, no domínio do simbólico.
Como explicar a ligação entre o desporto e as violências? Se é fácil colocar em evidência a existência da violência no desporto, é mais difícil de a explicar. A principal razão reside no fato da maior parte dos trabalhos sobre o tema serem recentes. Não se dispõe de muitos dados explicativos e compreensivos. Mas algumas pistas podem ser apontadas. Por um lado, importa não se considerar o conjunto das práticas desportivas como submetidas a uma violência de natureza e intensidade similares. Algumas modalidades são mais expostas do que outras (boxe, kick-boxing). Em outras, a violência assume diferentes formas, em função do grau de investimento físico (hóquei, ski alpino), o risco (parapente, salto de elástico), de entusiasmo popular (futebol), ou o grau de virilidade (râguebi). Todas estas práticas estão envolvidas pela violência, mas de formas diferentes.
A atitude dos dirigentes desportivos não contribui para regular o fenómeno da violência com eficácia. Ao idealizar a prática desportiva e as suas virtudes, o mundo federativo competitivo ignora a realidade e a amplitude das condutas de violência. E, muitas vezes, quando confrontados com a realidade negam a gravidade das situações. No fundo, o desporto é uma das raras ocasiões onde a violência é tolerada e aceite. Esta questão remete-nos para a posição crítica do desporto impulsionada por Brohm (1992). Para si, o desporto, e mais particularmente a competição desportiva, é uma lógica guerreira. À imagem da sociedade capitalista, o desporto tem por única finalidade produzir campeões e de encorajar os antagonismos locais, regionais ou nacionais. Para Brohm (1992), um campeão é uma “nulidade do nada”. Assumindo-se como estruturalista freudo-marxista, considera o desporto uma instituição social total, que se apresenta como um microcosmo da sociedade, propondo a análise do sistema desportivo como o reflexo do modo de produção capitalista. Ao considerar que o sistema desportivo produz mercadorias, isto é, campeões, espectáculos, recordes e performances, estuda a sua coesão e interdependência com as restantes instituições, através do conceito de “modo de produção desportivo”. Brohm, independentemente da coerência e validade que enuncia na análise do desporto, sublinha um especto central para a abordagem sociológica do desporto: a sua componente histórica. Para este autor, o desporto moderno apresenta uma rutura histórica onde “o desporto é a materialização abstracta do rendimento corporal” (Brohm, 1992, p. 75). No conjunto de práticas identifica dois polos: as de alta competição ou de alto rendimento e as de lazer, e ainda as que se posicionam entre os dois níveis. Com base na lógica do “modo de produção desportivo”, existe, segundo o autor, uma relação de determinação das primeiras face à subordinação das restantes. Brohm reconheceu a coexistência de diferentes práticas desportivas configuradas no sistema desportivo, entrando em ruptura com concepções que lhe atribuem uma unicidade, mas na análise que realizou ignorou as dominadas, como se a sua relação fosse de “dependência” e não de afirmação e conflito. Considera que a estrutura do sistema desportivo contempla um sistema de hierarquização, uma organização burocrática, uma infraestrutura técnica de gestão e uma jurídica institucional e, por último, o princípio da espectacularidade. Identifica também um conjunto de funções sociopolíticas, nomeadamente a coesão nacional, a socialização da juventude, a manutenção das relações de produção, etc. Como sublinha Vargas (1997), um pouco de violência aproxima-nos do desporto; se for muito, afasta-nos. Não havendo, priva-nos. Se o desporto for muito violento, ele arrisca perder a sua função mítica. Não há mito onde não existe sangue."