quarta-feira, 24 de abril de 2019

Amantes

"1. Nenhum benfiquista terá gostado de ver o Benfica eliminado como foi, mas vou ser claro: a Liga Europa é desinteressante, desprezada pela UEFA (nem VAR...) e não dá prestígio nem dinheiro a sério. É carne picada.
2. Os pormenores da auditoria forense às contas do Sporting na gestão de BdC foram revelados a 10 de Abril, mesmo dia em que foi divulgada a primeira fotografia de sempre de um buraco negro. Coincidências.
3. A expansão do Caixa Futebol Campus é tal que qualquer dia é preciso passar pelas cancelas do centro de estágio das águias para ir ao Seixal.
4. Sporting em 2019/2020: construir uma equipa à volta de Bruno Fernandes ou à custa de Bruno Fernandes?
5. Um amigo perguntou-me porque é que sendo eu jornalista desportivo não vejo blogues, fóruns, redes sociais e programas de TV de stand up rage. Simples. Se quisesse lidar com doentes tinha ido ao médico.
6. Mais: prefiro mil vezes ouvir Samaris a falar português com ponderação do que portugueses a falar grego em tom exaltado.
7. «Nadal não é um tenista, é uma pessoa lesionada que joga ténis», disse o ex-treinador do espanhol. Acho o mesmo que Jackson Martinez mas prefiro chamar-lhe poema futebolístico.
8. Guardiola gastou (até agora) 812 milhões de euros entre Bayern e Man. City e não conseguiu ganhar a Champions Uma excelente notícia para os românticos do futebol. Isto e o Ajax.
9. Além de ter poupado jogadores, o Marítimo poupou na estadia no relvado da Luz. Percebo Petir e elogio a sua sinceridade, mas a mensagem é perversa e o resultado catastrófico.
10. Nomeações dos árbitros devem ser logo tornadas públicas. Vamos parar de escondê-los como se fossem as amantes do futebol português.
11. Se algum dia tiver problemas de tensão baixa não vou ao médico, falo logo com Vítor Oliveira. Deviam dar o nome do homem a uma grua."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

O caminho da transparência

"Como ficou patente pelas cenas dos últimos dias, a propósito da divulgação das nomeações dos árbitros, a única via séria para ajudar a arbitragem é a da transparência.
Deve ser dito, porém, por amor à verdade, que este complexo de sociedade secreta que mora dentro de quem anda na arbitragem, não é um mal exclusivamente nacional, é uma cultura generalizada, sem fronteiras, que só tem servido para atrasar o progresso.
No entanto, a pouco e pouco, a manutenção deste statu quo obscurantista vai-se tornando insustentável, e um dia, mais cedo do que mais tarde, o sector entrará numa normalidade que ultrapasse a lógica de seita, vigente.
Em relação às nomeações, o segredo mais mal guardado do mundo, será preferível que toda a gente saiba quem serão os árbitros, do que apenas alguns, por portas travessas...
Outras medidas deverão seguir-se, porque quem não deve não teme: por exemplo, em Espanha os relatórios dos árbitros estão on-line pouco tempo depois de acabar o jogo, o que ajuda a perceber o quê e o porquê das cosias, com vantagens para a credibilidade dos árbitros. E as sanções que são aplicadas aos árbitros quando cometem erros grosseiros, porque não são divulgadas?
Na corrente época, depois de uma dessas falhas graves, um árbitro esteve 53 dias na jarra. Não seria preferível que toda a gente tivesse conhecimento destes factos, afastando o insustentável manto de impunidade que parece cobrir os árbitros?
Ninguém duvide de que, nestes tempos de escrutínio cada vez mais apertado, a transparência é o caminho de salvação para a arbitragem."

José Manuel Delgado, in A Bola

Rumo Definido

"Luís Filipe Vieira reforçou ontem a confiança que existe em torno da equipa que lidera o campeonato nacional quando faltam 4 jornadas para a meta. O Benfica está determinado em chegar à Reconquista e, como o seu Presidente afirmou, irá “lutar até ao limite das suas forças” para dar essa alegria a todos os Benfiquistas.
A intervenção de Luís Filipe Vieira – à margem da cerimónia que oficializou a criação da Associação Internacional de Museus de Desporto, que decorreu na Luz – foi essencialmente virada para os próximos anos e serviu para reafirmar a certeza no projecto que todos os dias é desenvolvido no Caixa Futebol Campus.
“Nenhum clube terá futuro se não souber preservar o seu passado.” A ideia é defendida, há muito tempo, pelo Presidente do Benfica. Não deixa de ser significativo, por isso, que Luís Filipe Vieira tenha aproveitado a presença num museu (Cosme Damião) para projectar aquilo que se pretende para os próximos anos: “Um Benfica europeu com base no Seixal”.
Ficou também a certeza de que Bruno Lage é o homem certo no lugar certo e na hora certa! É com o actual treinador que o projecto irá continuar a avançar e a aproximar-se, a cada dia, do sonho de todos os sócios, adeptos e simpatizantes do Benfica.
O renascimento internacional, ao mais alto nível, dependerá também da capacidade para conseguir reter os maiores talentos que o Seixal tem sabido identificar, evoluir e ‘entregar’ à equipa principal. Os principais reforços vão continuar a sair da ‘Fábrica’ de todos os sonhos. É este o nosso rumo. E é inegociável.

PS: O Benfica disputa amanhã, em casa do seu rival Sporting, o 4.º jogo da final do play-off de voleibol. Entramos em vantagem (2-1) e, por isso, o título de campeão nacional está à distância de uma vitória. Que seja mais um excelente espectáculo entre duas grandes equipas."

Atenção, caro adepto: as leis do futebol vão mudar já em 2019/20 (para ler, aprender e guardar)

"O IFAB publicou, recentemente, uma súmula das principais alterações às leis. As mudanças às regras de jogo passarão a vigorar a partir de 1 de Junho (início da época desportiva). Porque queremos que esteja actualizado - nem que seja para legitimar o seu direito à crítica -, deixamos de seguida as alterações que entendemos ser as mais substanciais.
1 - Processo De Substituição
O jogador substituído deve sair do terreno de jogo pelo ponto mais próximo da linha lateral onde se encontra e não pela zona de meio-campo, como fazia até aqui. A excepção é se o árbitro pedir que ele abandone o campo por outro local. Isso só acontecerá em caso de transporte por lesão, por ser mais célere ou por questões de segurança. Objectivo? Evitar perdas de tempo e contestações em torno deste processo.
2 - Cartões Após Recomeço De Jogo
O árbitro não pode mudar uma decisão depois da partida recomeçar, mas pode exibir um cartão amarelo ou vermelho a um jogador. Isso acontecerá se for entretanto informado, por um colega, que houve uma infração disciplinar antes do jogo reiniciar. Exemplo - Agressão nas suas costas imediatamente antes de um lançamento lateral. O jogo recomeçou rapidamente e o árbitro não teve tempo para ouvir indicação do assistente.
3 - VAR Ao Intervalo E Final Do Jogo
Se ocorrer um lance passível de revisão segundos antes do apito para o fim de um período de jogo, o árbitro pode deslocar-se aos écrans para rever a jogada e deve pedir aos jogadores que tenham saído para regressarem às quatro linhas. Se confirmar-se ter havido erro, esse deve ser corrigido como se o jogo não tivesse terminado. Exemplo - Pontapé de penálti não punido seguido de apito para o intervalo. VAR alerta para a infração quando equipas estão a regressar ao balneários. Devem voltar ao terreno para o respectivo castigo máximo.
4 - Cartões Para Elementos Técnicos
Os elementos dos bancos técnicos passarão a ser punidos com aviso (verbal), cartão amarelo ou cartão vermelho (depende do tipo condutas ilícita, que a lei também tipifica).
Nota - Se não for possível identificar quem teve o comportamento indevido, será o elemento sénior a receber a sanção (regra geral, o treinador principal). Deixará de haver dúvidas públicas sobre quem foi sancionado e como.
5 - Lesionado Pode Marcar Pontapé De Penálti
Quando for concedido um pontapé de penálti, o executante (caso se tenha lesionado e necessite de assistência médica) pode ser assistido no terreno e não tem que o abandonar de seguida. Seria injusto privá-lo de marcar o penálti por ter sofrido falta que o pôs fora do jogo.
6 - Pausas Durante O Jogo
Passam a existir duas pausas permitidas: para hidratação (até 1m) e para os jogadores refrescarem (até 3m). Tudo dependerá da temperatura e do regulamento da respectiva competição. 
7 - Sorteio
A equipa que vencer o sorteio passa a escolher se dá o pontapé de saída ou se escolhe campo. Até hoje, só podia escolher a baliza para a qual iria atacar. É justo premiar a escolha.
8 - Bola Ao Solo
Alteração radical neste procedimento:
A - Se a bola estiver numa das áreas de baliza quando o jogo for interrompido, a bola ao solo será efectuada apenas e só para o guarda-redes.
B - Em todos os outros casos, será efectuada, apenas e só, para um jogador da equipa que a tocou em último lugar, no local onde isso aconteceu.
C -Todos os outros jogadores têm que estar a uma distância mínima de 4m. Acabaram os potenciais conflitos nesse momentos de "falso" fairplay.
9 - Bola Que Toca No Árbitro
Se a bola tocar num elemento da equipa de arbitragem (que esteja dentro do terreno) e daí resultar: A - Perda de posse de bola para a equipa adversária; B - Início de um ataque prometedor; C - Jogada de golo... ... a partida será interrompida de imediato e recomeçada com lançamento de bola ao solo, no local do contacto. Em todos os outros casos, a partida continua. Era injusto que fosse o toque fortuito de bola no árbitro a potencialmente determinar o vencedor de um jogo.
10 - Golos Marcados Com Mãos/Braços
A - Um guarda-redes não pode marcar golo na baliza adversária usando as mãos (arremessando a bola);
B - Qualquer golo marcado com as mãos/braços (ainda que involuntariamente) na baliza do adversário, será anulado como se a acção fosse deliberada. Acabaram os golos em que o último toque na bola foi na mão ou braço do atacante.
11 - Guarda Redes Pode Agarrar A Bola Após Atraso Deliberado
Imaginem a seguinte situação: um guarda redes recebe a bola vinda de um passe de um companheiro (ou lançamento lateral). Sabe que não pode agarrar. Por isso, pontapeia ou tenta pontapear a bola mas falha. Com a nova alteração, nestas circunstâncias, poderá agarrar a bola. Demonstrou publicamente que não queria infringir.
12 - Mostrar Cartões Mais Tarde
O árbitro pode adiar a exibição de um cartão se a equipa que sofreu a falta executar o pontapé livre rapidamente e criar uma oportunidade de golo. A respectiva punição disciplinar será efectuada na paragem seguinte. Era injusto beneficiar o infractor, interrompendo o jogo para sancionar o atleta.
13 - Cartões Que Se Mantém Após Anulação Do Golo
Um amarelo exibido por festejos excessivos (como despir a camisola ou arrancar a bandeirola de canto para celebrar) mantém-se, mesmo que o golo venha depois a ser anulado pelo VAR.
14 - Braço Baixo Após Pontapé Livre Indirecto
Assim que um pontapé livre indirecto for executado, o árbitro pode baixar de imediato o braço, se for óbvio para todos que daí não resultará golo. Isso acontecerá, sobretudo, nos reinícios por fora de jogo. É pouco confortável (e útil) correr muitos metros de braço no ar.
15 - Pontapés Livres E Pontapés De Baliza
Nos pontapés livres dentro da área de penálti (a favor da equipa defensora) e nos pontapés de baliza, a bola passa a entrar em jogo assim que for pontapeada e se mover claramente, com os jogadores da equipa que tem a posse da bola a poderem recebê-la dentro da área. Deixa de ser necessário que saia dessa área para que o jogo recomece. Já os adversários devem estar fora da área até ao recomeço.
16 - Barreiras Com Três Ou Mais Defesas
Sempre que existir uma barreira defensiva de três jogadores (mínimo), os adversários terão que estar, pelo menos, a um metro de distância do local. Se infringirem, a sua equipa será punida com pontapé livre indirecto. Excesso de avançados nas barreiras cria conflitos e prejudica a imagem do jogo.
17 - Pontapé De Penálti
A - Os postes, a barra e as redes não podem estar em movimento aquando da execução de um castigo máximo.
B - O guarda redes já não tem que ter os dois pés sobre a linha de baliza no momento do pontapé. Basta que tenha apenas um (ou parte dele) a tocar nessa linha. 
18 - Lançamentos Laterais
Todos os adversários do executante devem estar a, pelo menos, dois metros do local da linha lateral onde é executado este recomeço, mesmo que o lançador esteja recuado no terreno (por exemplo, lance da pista).
E pronto. Resumidamente, é isto. As mudanças introduzidas perspectivam um jogo com menos paragens e maior dinâmica.
Devem também fomentar alterações tácticas (sobretudo por parte dos guarda redes, nos penáltis e dos defesas/avançados nos pontapés livres na área e pontapés de baliza)."

Que sejas campeão, Benfica

"Desde os meus 16 anos que sou cliente assíduo na Luz. Digo cliente porque nos últimos anos temos visto algo que nunca pensei que fosse possível no Benfica, pelo menos naquele que idealizei. Sócios viraram clientes, paixão virou negócio e o inferno da Luz virou cinema.
Finalmente, nos últimos tempos, tem-se andado a perder o medo de falar nestes assuntos. O ambiente que se vive nos jogos na Luz é o assunto que mais preocupa. Não nos afecta só a nós, sócios e adeptos. Afecta a equipa e o rendimento nos jogos. Estamos a quatro jogos de celebrar o quinto campeonato em seis anos e o que se vive na Luz é surreal. Em vez de empurrar a equipa nos momentos difíceis, colocamos mais peso nos ombros dos jogadores. A tão aclamada onda vermelha não é só esgotar todos os estádios onde jogamos fora. Por falar em esgotar, alguém sabe do paradeiro dos mais de cinco mil lugares cativo que não aparecem na Luz? Nem nos momentos decisivos? Agora, esgotar a Luz significa que estão 57 mil presentes. Ontem assistimos a mais um ponto marcante na curva descendente que é o ambiente na Luz, a recepção à equipa na rotunda Cosme Damião. Aquela rotunda em bons tempos viu milhares de adeptos fazerem recepções eufóricas e despedidas arrepiantes à equipa e agora, estes mesmo adeptos, são corridos pela polícia aquando da chegada do autocarro. A estrutura do Benfica achou que meter cheerleaders, umas quantas bandeiras e a palavra reconquista ia ser igual ao apoio apaixonado dos benfiquistas. Deixem apoiar os poucos que ainda o fazem.
Outra coisa que me mete confusão é o momento em que o Benfica marca golos. Ainda a bola não beijou o fundo das redes adversários e já se ouve o speaker do estádio. Os golos do Benfica é dos poucos momentos onde as bancadas em que não estão os grupos organizados se fazem ouvir e se levantam das cadeiras. Deixem esse momento perdurar e não metam o speaker a abafar este momento natural com pedidos de aclamação ao jogador que marcou vezes e vezes sem conta. Mais importante do que gritar por quem marcou o golo, é gritar pelo Benfica. Espero que o apoio nos dois jogos que faltam em casa seja empolgante, que empurre a equipa para a vitória e para a tão desejada reconquista.
Que sejas campeão, Benfica."

O fabuloso destino de Bernardo Silva

"Os calções cor-de-rosa com que aterrou em Manchester para encarar o frio britânico, em 2017, e o guarda-roupa de que se serve habitualmente (Ilkay Gundogan chegou a dizer que o colega de equipa se veste como um avô) são os únicos “defeitos” que, em tom de provocação, são apontados a Bernardo Silva. Este fait-divers serve somente para se perceber quão consensual é hoje o jogador português, dentro e fora do balneário do City. É um esbanjador de classe e, de longe, o activo do plantel que mais elogios tem merecido do treinador - e Pep Guardiola está muito longe de ser um treinador qualquer.
A admiração do catalão pelo criativo português remonta aos embates entre Mónaco e Manchester City na Liga dos Campeões. Foi nessa altura que se decidiu a pedir a sua contratação e, desde então, Bernardo Silva tem superado as expectativas. Guardiola já se pronunciou inúmeras vezes sobre os méritos do atacante lisboeta, tendo também já desvendado qual o primeiro atributo que procura num jogador quando aborda o mercado - a capacidade de se relacionar com os colegas e com a equipa técnica.
É evidente que, a este nível, todos os restantes pré-requisitos estão também preenchidos, a começar pelo talento ímpar e pelo valor acrescentado que o reforço pode gerar para a ideia de jogo preconizada. Mas a importância que é dada pelo catalão à capacidade de os seus atletas se submeterem ao interesse colectivo é um sinal de inteligência, um alerta de quem sabe com que linhas se cosem os egos num clube movido a milhões de libras.
“Portugal pode estar orgulhoso. Bernardo é uma jóia, como jogador e como homem”. “É impossível deixar Bernardo Silva de fora. É Bernardo e mais dez jogadores. Aquilo que ele tem feito ao jogar pelo meio (...) tem sido perfeito”. Ou, mais recentemente, após o triunfo sobre o Tottenham: “Quando vemos quão altos e fortes eles são nos duelos... nós sofremos, com excepção do Bernardo Silva. Não sei o que é que ele comeu”.
É difícil encontrar um atestado mais credível do peso que o internacional português tem no fabuloso City 2018-19. Os recursos técnicos já não eram novidade para ninguém, mas em Inglaterra Bernardo ascendeu a outra dimensão: ganhou uma incrível capacidade de defender sem bola, de activar a pressão, de disputar bolas no choque. Não deixou de ser um jogador de estatura modesta (1,73m) para os padrões da Premier League, mas no ideário de Guardiola a questão da métrica é uma questão menor. E a cirúrgica leitura de jogo em movimento que o criativo oferece aos “citizens” é uma arma poderosíssima.
Não é por acaso que está entre os nomeados para o prémio de melhor jogador da época em Inglaterra, pela Associação de Futebolistas Profissionais, fazendo parte ainda da lista de candidatos ao galardão de melhor jovem da temporada. Ele, que aos 24 anos tem uma maturidade que ultrapassa largamente o cartão de cidadão (e o altruísmo que mostrou ao entregar a Phil Foden a distinção de melhor em campo, no fim-de-semana, está aí para o provar), é já uma das figuras incontornáveis do campeonato mais apetecível e entusiasmante do planeta.
O prazer que retira de cada recepção, de cada assistência, de cada linha de passe que descobre certamente que ajudará a esta imparável afirmação de qualidade, mas é com a bola colada aos pés que Bernardo expressa a sua arte na plenitude. As movimentações de fora para dentro, normalmente numa equação de “extremo” de pé trocado (ainda que considerar Bernardo um extremo neste modelo seja altamente redutor), não têm paralelo no City actual. Especialmente porque é difícil encontrar alguém que coordene de forma tão perfeita a condução a alta velocidade com um diagnóstico tão preciso do jogo e do que ele pede a cada momento.
“São muito poucos os extremos que dominam o espaço-tempo de maneira correcta. Quando um extremo se coloca por dentro, é atacado por todos os lados e existem poucos que sabem jogar por ali, que sabem receber e atacar bem”, apontava Guardiola ainda nos tempos do Bayern. Pois bem, o técnico catalão encontrou uma dessas raridades."

Só ele era mais negro do que o touro...

"Há uns anos largos, uns bem contados cinquenta, o barco que me trazia do Funchal tinha acabado de chegar ao cais da Rocha de Conde d’Óbidos. Era o Funchalense. Havia dois iguais: o outro era o Madeirense e chamavam-lhes os bananeiros porque era sobretudo de carga e não de passageiros. Desembarcar levava o seu tempo. O meu pai trazia o carro preso no convés, era preciso desamarrá-lo. Fiquei entretido num pequeno camarote onde, durante a viagem os senhores fumavam e conversavam e as senhoras jogavam à canasta ou ao crapaud. Havia uma televisão. Um aparelhinho miserável de pequeno e desacertado, ainda assim um luxo que, lá na ilha, era preciso subir ao Pico do Areeiro para, num café, se espreitar volta e meia a TV Canárias.
Isto brotou-me tudo da memória, assim de supetão, por causa de Chibanga. Do grande Ricardo Chibanga, o Divino Negro. Na televisãozinha manhosa do Funchalense estava a dar, em directo, uma tourada, e eu preso às imagens relutantes, traços cinzentos subindo e descendo, lentos, as imagens desfasadas. E, negríssimos, Chibanga e o touro.
Ricardo colocava o joelho no chão e hipnotizava o touro. O touro olhava para ele e deixava de ser touro e era apenas boi, manso, submisso. Não havia traços cinzentos a subir e a descer no ecrã arredondado que os distraíssem um do outro. Ambos geminados naquela negritude de que falavam Césaire e Senghor.
Há muitos, muitos anos, eu perdia-me nas páginas dos jornais que traziam as partidas e as chegadas dos barcos ao porto de Lisboa. E ficava ali sonhando com carreiras das Índias que me levassem pelas costas de África para o oriente que fica para lá do oriente. Não sei que horas eram quando o Funchalense entrou, nesse dia, na barra do Tejo. Provavelmente cinco em ponto da tarde. Eu gostava que tivessem sido cinco em ponto da tarde. «Ay qué terribles cinco de la tarde! Eran las cinco en sombra de la tarde!».
Lorca de olhos postos em Chibanga e no touro embevecido: «Las heridas quemaban como soles». Depois, Ricardo Chibanga fazia uma festa no focinho do touro e esse movimento equivalia à estocada perfeita do matador. Beijava a palma da mão direita e soprava para o alto e para o público. A ovação batia-lhe no peito como uma vaga de calor vinda lá da sua Lourenço Marques natal.
De súbito, estava eu preso às imagens de Chibanga na televisão minguada do Funchalense e, às cinco em sombra da tarde, um burburinho entrou-me pelos ouvidos. Gritos e risos à mistura. Movimento de passos apressados. E eu, na minha curiosidade infantil, à procura da amurada onde pudesse espreitar as inopinadas acontecências. Não era um touro, mas a memória embaciou-se-me entretanto. Uma vaca mais impaciente ou um novilho excitado pela irritação dos homens. Nenhum deles tinha a sedução fascinante de Ricardo Chibanga. Corriam atoleimados por entre contentores e caixotes de madeira atrás do bicho escouceante numa facécia de precários cowboys sem Texas Jack.
Há muitos, muitos anos, fiquei à espera que Chibanga chegasse ao cais da Rocha de Conde de Óbidos envolvido no seu sortilégio de príncipe de lantejoulas e, com o movimento prestidigitador de um segundo de deslumbre, fizesse ajoelhar o tourinho de brincadeira, o olhasse sorrindo até ao fundo das pupilas inchadas de receio, e lhe falasse com a voz calma dos que conhecem os segredos mais profundos dos que habitam o País dos Inquietos. E ele, sossegado, compreendido, pacificado com a realidade indelicada dos humanos, lamber-lhe-ia as mãos no ponto mais alto da humildade.
Alguém me disse, ou se calhar li em algum lado, que Ricardo Chibanga morreu. Ri-me. Que tonteria! Que disparate! Quem é que mata um matador? Nem mesmo Deus, se tivesse a decência de existir.
«Y el toro, sólo corazón arriba!». O touro exausto. 450 quilos de carne diluída à força de chicuelinas. Espumando pela boca num cansaço sem remissão. O orgulho não o deixa ajoelhar-se. O sol bate de chapa nas lantejoulas do fato do toureiro e um caleidoscópio toma conta da arena e cega toda a gente. Escuridão completa, por segundos, por milésimos de segundo.
«Num mundo de coisas raras
Faz uma pega de caras
Não te deixes vencer», dizia o fado do filme A Última Pega.
Era raro um toureiro negro.
Sereno, luzidio, de uma escuridão intensa.
Chibanga não foi o único negro na arena. Veio com ele, lá da mesma Mafalala de Eusébio, Carlos Mabunga, que o destino tratou de esquecer.
O touro, olhos nos olhos.
Os dois negros, divinos negros. Cavalheiros ambos. Medem-se pelos palmos da coragem, da teimosia. E Chibanga sorria, finalmente, vencedor da morte. Ele, só ele, conseguia ser mais negro do que o touro. E o touro sabia-o melhor do que ninguém."

A “euforia” João Félix

"No último mês muita tem sido a atenção dedicada ao desempenho deste jovem atleta – desde o aumento antecipado da sua cláusula de rescisão, aos “tubarões” europeus que estão já em sua perseguição, às comparações com Cristiano Ronaldo, à forma como (aparentemente) o Benfica passou a ser “Félix + 10”, ou ao facto de reunir, inclusive, a admiração de adeptos de diferentes clubes.
Menos de mil minutos jogados e temos já um novo herói nacional – até porque, com o avançar da idade de Cristiano e a invisibilidade que, aparentemente, Bernardo Silva tem para muitos portugueses, urge encontrar um substituto que eleve o orgulho português – televisões, jornais e internet, rapidamente se associaram ao fenómeno, dando-lhe ainda maior expressão.
No meio de tanta agitação e, possivelmente, “histeria em massa” salva-se a actuação responsável do seu treinador que, a cada oportunidade, reforça a necessidade de respeitar a idade e o crescimento do jogador, por forma a não comprometer as suas necessidades de maturação.
A actuação de Bruno Lage (e mais tarde do próprio clube, protegendo o atleta da exposição aos media nas típicas “flash interviews” de final de jogo) evidencia, sem dúvida, a experiência de alguém que sabe que nada ainda está “provado” ou garantido e que, de facto, o atleta precisa de “espaço” (até privacidade) para crescer e evoluir. Revela, também, a preocupação de um líder em criar (ou proteger) as condições ideais para que a formação do atleta possa ser concluída em segurança e sem atropelos.

A Loucura Dos “Golden Boys”
A necessidade de novos ídolos é tanta, que todos os anos saem listagens de mais de 60 atletas que demonstraram ser a “esperança” para o futuro do futebol – curiosamente, João Félix não fez parte da listagem de 2018 e, em boa verdade, uma grande maioria dos atletas listados acaba por ter uma carreira em clubes de menor expressão, muito por motivo da qualidade evidenciada não se revelar de forma consistente e sustentada nos anos imediatamente a seguir a este tipo de nomeações.
O risco de tanto alarido prende-se, necessariamente, com uma excessiva visibilidade (e suas consequências em termos de solicitações externas, de variada ordem e, consequente perda de foco) numa fase de vida do atleta onde, em termos de maturação, este dificilmente terá as competências psico-emocionais necessárias para lidar eficazmente com este tipo de mediatismo (e perda de anonimato, com inevitável invasão de privacidade) procurando até, de forma natural (e até inconsciente), corresponder às expectativas que sente que o meio (e os seus significativos) deposita(m) nas suas capacidades.
Contudo, de forma muito ingrata, os media e as massas, com a mesma velocidade com que “criam” ídolos, também os “trucidam” e esquecem (ou não houvesse já comentários acerca do “eclipse” de João Félix na Alemanha, como se o natural, a partir de agora, fosse marcar três golos e fazer mais um par de assistências) – e, com isto, também um miúdo de menos de vinte anos, tem que aprender a lidar.

Responsabilidade Partilhada: A “Fórmula” Secreta Para A Confirmação De Um "Talento Anunciado”
Acredito que não seja difícil recordar, nos últimos 10 anos do futebol português, um número elevado de “miúdos” que, revelando-se enormes promessas para a modalidade, por razões várias (nem estas, nem os seus nomes serão identificados neste artigo, por razões óbvias de protecção de privacidade) acabaram por não comprovar o seu talento ou debatem-se ainda com dificuldades para conquistar o seu espaço na modalidade (em território nacional ou internacional).
Em boa verdade, a transição para a “idade adulta” (que coincide com o final da formação do atleta) transporta muitos desafios (por exemplo, o atleta saber escolher um clube que tenha um bom projecto formativo para finalizar o seu próprio processo de formação, ao invés de escolher o clube que “paga mais alto”, que acarreta sempre um enorme deslumbramento) que, demasiadas vezes, empurram o atleta para um desfecho menos sucedido da sua carreira.
Existem, por isso, diferentes “protagonistas” neste processo de transição que, trabalhando de forma concertada, poderão favorecer esta transição, seja em termos da saúde mental como da performance do atleta.
Destes, poderíamos destacar:
O Atleta
Desde logo o principal implicado, deve apostar desde cedo na diferenciação das suas qualidades cognitivas (através da frequência escolar bem sucedida) que irão interferir de forma clara na sua capacidade de reunir informação discriminante para o processo de tomada de decisão; também da sua responsabilidade, a partir de uma certa idade, apostar no desenvolvimento das suas competências psico-emocionais (de forma mais sistematizada, recorrendo a profissionais devidamente credenciados para o efeito) e da sua rede de suporte social (fundamental!);
A Família
Desde sempre identificada como um dos principais pilares de sucesso (ou pressão) para os atletas – importante, por isso, saberem apoiar e orientar o processo de tomada de decisão, sem serem os protagonistas da mesma. Apoiarem o sonho e carreira do seu educando, ao invés de “viverem” o sonho – saberem manter o distanciamento, evitando a entrada em processos de “deslumbramento” que em nada favorecem a tranquilidade necessária. Assegurarem, acima de tudo, apoio e amor incondicional ao jovem (e não ao “atleta”), função esta que não pode ser desempenhada por mais ninguém;
Clubes de Formação
Quero acreditar que ainda verei, no decorrer da minha carreira, uma clara aposta dos clubes em que estes atletas se formam, na integração de planos de desenvolvimento de competências psico-emocionais que não só facilitem esta dura transição como favoreçam a rápida adaptação nos “clubes compradores” – em boa verdade, para além de assegurarem uma transição fluída (com risco reduzido de situações que possam ameaçar até a saúde mental do atleta, como se encontra identificado na literatura científica da área), estarão claramente a “vender” uma imagem de marca muito mais sólida, na medida em que trazem garantias acrescidas para o investimento despendido pelos clubes compradores, ao reduzirem o tempo de latência em que o atleta chega ao novo clube e em que começa a evidenciar o seu talento através de desempenho consistentes (para ter uma ideia, por vezes, este período pode levar entre seis meses a um ano);
Clubes Compradores
Já alguns clubes possuem “programas de acolhimento e aculturação” aos atletas recém-chegados, contudo, importa reforçar e expandir ainda mais este tipo de estratégias e suporte que, curiosamente, podem ser até importadas do mundo das empresas.
E, ainda...
Empresários
Urge uma modificação relevante na relação que se estabelece entre atletas e empresários, muito frequentemente caracterizada por “necessidade” e não por confiança. Empresários e atletas deveriam conseguir estabelecer relações claras e de compromisso de longa duração. A figura do empresário necessita acompanhar o “futebol ciência” que tem emergido nos últimos anos, o que implica uma necessária profissionalização dos mesmos – empresários de “alto rendimento”, que se fazem rodear de conhecimento cientifico e que podem vir a assumir um papel de “mentor” podem vir a ser, de facto, o futuro da própria profissão pois, só acompanhando a evolução da modalidade poderão melhor servir os seus “clientes”.

Prognósticos Só No Fim
Tantas as variáveis a considerar, tantos os co-protagonistas a actuar que, de facto, a carreira de sucesso de qualquer “João Félix” apenas poderá ser constatada... no fim.
Tal como José Mourinho referiu numa das últimas conferências de imprensa que encetou ainda no clube onde esteve, respondendo a uma provocação de um jornalista acerca da sua aparente “falta de sucesso”, apenas podemos constatar o mesmo quando, treinador ou atleta, ano após ano, invariavelmente evidenciam desempenhos de excelência que se traduzem, frequentemente, em títulos para as suas equipas ou prémios pessoais.
Para já, qualquer atleta que surja com a idade do João, será sempre apenas um miúdo que se diverte a “jogar à bola” – importante seria (e será) que, de facto, o seu espaço (e, já agora, o dos seus colegas que, muitas vezes, se “eclipsam” na opinião dos adeptos e imprensa – o que é uma tremenda injustiça e falta de respeito face ao seu contributo) continuasse a ser perseverado, até porque, se desaparecer a “alegria”, certamente que também desaparecerá a “magia”."

Finalmente uma vitória...

Rio Ave 2 - 3 Benfica


Têm sido poucas as vitórias dos nossos sub-23 nesta 2.ª fase da Liga Revelação, por isso, mesmo com uma 2.ª parte muito sofrida, soube bem...!!!
Excelente entrada no jogo, com 0-2 aos 8 minutos... e 1-3 ao intervalo! O Rio Ave no 2.º tempo 'carregou' marcou numa recarga de um penalty (ilegal, já que o jogador estava dentro da área, quando o penalty foi marcado!!!), o Benfica tremeu... mas aguentámos!
Com o campeonato de Juniores 'parado' no último fim-de-semana, deu para reforçar esta equipa com alguns jogadores, que têm jogado pouco neste escalão (João Ferreira, Gonçalo Ramos)... além do 'regresso' do Vukotic que tem estado na equipa B... e o Jorginho a regressar após lesão prolongada!!!

PS1: Decorreu hoje, o já habitual evento do Benfica Corporate no Caixa Futebol Campus, onde o Benfica permite aos nossos patrocinadores, o contacto directo com a estrutura do futebol profissional, num cenário especial...

PS2: O Estádio da Luz, foi o local escolhido para criar a ISMA (Associação Internacional de Museus Desportivos), mais uma excelente iniciativa, que o Benfica tem o privilégio de fazer parte, demonstrando mais uma vez, a nossa ligação à História do Clube...

Joao Felix: The Benfica teen who is a 'star already'

"(CNN) - At the tender age of just 19, Joao Felix is already breaking records, not to mention attracting admiring glances from Europe's biggest clubs and comparisons to some of Portugal's greatest players.
The Benfica forward became the youngest player to score a hat-trick in the Europa League when the Portuguese league leaders defeated Eintracht Frankfurt 4-2 in the first leg of their quarterfinal tie in Lisbon (although they would subsequently lose the tie on aggregate).
On Monday, he grabbed a brace against Maritimo in the Primeira Liga, while a long list of suitors -- which is reported to include Juventus, Real Madrid, Manchester City and Manchester United -- are said to be tracking his performances, with Benfica reportedly having inserted a $135 million release clause in the teenager's contract.
Not bad for a player that only made his competitive first team debut last August.
Joao Felix celebrates after scoring against Eintracht Frankfurt. Joao Felix celebrates after scoring against Eintracht Frankfurt.
For those who have worked with Felix from an early age, however, his rapid progress comes as no great surprise.
"He's a very talented player, very technical player," says Joao Tralhao, who coached Felix in the Benfica youth ranks before moving to become assistant to Thierry Henry during the Frenchman's spell as manager at Monaco. "(Felix's) decision making qualities are absolutely amazing, outstanding. Elite level for sure,"
Tralhao adds. Tralhao says Felix was long a standout during training games with Benfica's senior squad when he was still a youth team player, marking out his clear potential.
But talent does not always equal progress and the fact that he is "very humble, likes to work, likes to listen ... (and) has a competitive mentality" has aided his progress, Tralhao adds.

Different from Ronaldo
Tall but graceful, Felix is strong in the air and skilful with the ball at his feet.
His exquisite balance, vision and languid running style have earned comparisons to former Brazil international, Kaka, as well as Benfica stalwarts such as Rui Costa.
Thirteen goals in 22 league appearances this season, meanwhile, puts Felix among the top scorers in the Portuguese top flight -- an impressive return for a player so young, not to mention one that does not always play as an out-and-out striker.
He appeared emotional after scoring his third goal against Frankfurt, further endearing him to Benfica fans who quickly took to the teen after he scored against arch-rivals Sporting in one of his first games.
And Felix brought yet more smiles when he scored against Maritimo, hugging his younger brother who was positioned behind the goal and working as a ball-boy.
Being Portuguese Felix has, perhaps inevitably, been labeled by some as the next Cristiano Ronaldo. 
The teenager has spoken of his admiration for Ronaldo in the past, telling Spain's Marca he was an "exemplary footballer" and the "best in the world."
For Nuno Gomes, a former Benfica player and 79-cap international for Portugal, however, such comparisons are not entirely fair.
"They are different," Gomes says of the two players. Ronaldo is the best in the world, aged 34. Felix is still only 19."
Gomes became the general manager of Benfica's youth department shortly after Felix was signed from rivals Porto's youth ranks. He has watched his development closely and offered him a first professional contract at the age of 16.
Reports suggest that Porto were unsure about Felix when he was there given his slender frame.
But Gomes says Benfica were quickly convinced by his potential once he began to work with the club's coaches. "It was clear for everybody that we were in front of a young special talent," he says. 
"His relationship with the ball, his first touch, his intelligence" marked him out as a completely "different kind of player."

'He is already a star'
Porto's loss is certainly Benfica's gain.
They not only have an outstanding talent, potentially helping them towards the latter stages of the Europa League, but an asset Europe's richest clubs look set to battle it out for the right to buy.
Benfica has traditionally produced some of the most exciting, young Portuguese players. It has also developed a reputation for signing and developing talented individuals from outside Portugal before selling them on to clubs in Europe's biggest leagues at a profit.
Recent big money sales include Ederson, David Luiz, Nemanja Matic, Victor Lindelof and Angel Di Maria. Bernardo Silva, Renato Sanches and Joao Cancelo also came through the ranks at Benfica. 
That model suggests Felix will also be sold in future too.
Both Gomes and Tralhao see Felix signing for one Europe's biggest clubs for a considerable sum of money one day.
Gomes played in Serie A for Fiorentina, as well as Blackburn Rovers in England's Premier League, and says it will be important that Felix keeps his feet on the ground in the months and years ahead. 
He adds that Felix -- who he describes as "reserved" and an often quite "shy" individual, but one who can also be extremely "funny" -- has the intelligence, character and support of a strong family not to get carried away.
"Even if he is a star already, he is a young boy that has humility, he's a nice guy, he's a nice person," Gomes says.
Tralhao concurs and says that although football will "create obstacles," his former youth player has the intelligence to navigate them.
In the meantime, Benfica will hope to reap the benefit of Felix's cleverness and ability on the park. 
While the Europa League may now be out of the question after being eliminated by Frankfurt, the battle with Porto for the Primeira Liga title remains very much on."

Os outros

"Lage tem sido uma lufada de ar fresco. Não usa esse modismo tonto de 'bicadas' e 'soundbites' para falar de uma 'outra equipa'

1. Acabou o sonho europeu dos dois clubes portugueses candidatos ao título nacional. O Benfica parece ter jogado mais a pensar neste do que nas meias-finais da Liga Europa. O Porto, pela voz do seu treinador, disse que a sua Champions é, afinal, o campeonato de cá. É assim a realidade europeia: financeiramente muito atractiva, mas desportivamente limitada. O Benfica é eliminado por 4-4, depois de na Taça sair por 2-2, por via dessa invenção dos golos fora, que hoje já não tem justificação que valha. Em ambas as competições, embora vencendo em casa, foi, paradoxalmente, eliminado na Luz. O Porto teve um registo pior do que na temporada passada contra o temível Liverpool: passou de 0-5 para 1-6, mas agora com duas derrotas. Mesmo assim, achei 'curioso' dizer-se que o Porto fez boa figura nos quartos-de-final e o Benfica foi desastroso! Claro que os ingleses são melhores do que a equipa alemã, que mesmo assim arrumara a Lazio, o Marselha e o Shakthar por 4 golos em casa, e eliminara o Inter. O Benfica jogou para não perder e, como é norma, acabou eliminado, tal e qual como em Alvalade, apesar de muito prejudicado pela arbitragem em Frankfurt. Se olharmos para os semifinalistas, o Benfica, se tivesse passado, iria jogar com uma assinalável desvantagem: a de os outros clubes poderem jogar com uma equipa alternativa para o respectivo campeonato por já não estarem a lutar por nada de significativo (Chelsea, Valência e Arsenal).
Não percebo a lógica divisionista e segregacionista da UEFA, a todos os níveis, relegando a Liga Europa (a dos outros) para uma abordagem desprezivelmente secundária. Das duas uma: ou o VAR é importante ou não. Se o é, tem de o ser para as duas provas, sob pena de se querer dizer que numa delas os erros clamorosos de arbitragem são normais. E nem sequer é uma questão de custo no mundo financeiro abastado da UEFA...

2. Entre vários factores, a Liga Europa tem sido a principal causa de o Benfica jogar, quase sempre, depois do seu competidor directo europeia às quinta-feiras, o Benfica jogava depois a um Domingo tardio ou a essa invenção espúria de segunda-feira, um dia de trabalho. Eu próprio, quase sou obrigado a escrever sobre a jornada do fim-de-semana sem conhecer o resultado do meu clube, somo é agora o caso. E, como é costume, lá vem o tonitruante classificação «à condição», tão do agrado (futebolisticamente disfarçado ou literalmente indigente) de certos jornalistas e comunicadores.
Sobre esta precedência dos jogos de um clube em relação a outro, há quem diga que é melhor jogar antes e há quem defenda que é preferível jogar depois. Faz-me lembrar a questão de ser melhor ou pior num desempate por penáltis, começar primeiro ou ser o segundo. Nesta matéria, e em boa verdade, tudo depende do que fizer o que primeiro joga (ou remata). Se tem sucesso, a pressão vira para o outro lado, se as coisas lhes correm mal, a outra equipa (ou rematador) ganha um ânimo adicional, ainda que continue a ter a mesma necessidade de vencer ou de meter a bola na baliza. No caso dos jogos, não podendo agora serem à mesma hora do mesmo dia (excepto nas derradeiras jornadas), se pudesse escolher, a minha equipa jogaria primeiro e, nos penáltis, seria também a que iniciaria o ritual do desempate. Porquê? Não sei responder, é intuição misturada com emoção.

3. Como já aqui escrevi, acho que as conferências de imprensa 'obrigatoriamente' realizada antes dos jogos, seja com uma forte equipa nas competições europeias, seja com um modestíssimo clube na Taça de Portugal, são mais do mesmo, com lugares-comuns, interjeições de diversa ordem e considerações tautológicas. Aliás, difícil é não ser assim, pois imagino o que é para um treinador dos chamados grandes ter de fazer umas cinquenta ou sessenta 'antevisões'. Neste aspecto, Bruno Lage tem sido uma lufada de ar fresco. Muitas vezes não segue o guião fastidioso do costume, dá explicações e analisa contextos com algum interesse (pelo menos, para os benfiquistas), não usa esse modismo tonto de 'bicadas' e soudbites' para falar de uma 'outra equipa', que não as que se vão defrontar, não é exuberantemente palavroso, nem zangadamente histriónico. Na antevisão de um dos últimos jogos, apreciei a parte em que refere que não deve haver incómodo em pronunciar o nome dos directos rivais ou de exprimir uma apreciação elogiosa a jogadores de outras equipas. Coisa simples, portanto. O certo é que, amiúde, vejo colegas seus falarem - sobretudo referindo-se ao Benfica - como (a) «outra equipa» ou (o) «outro clubes». É feio e deselegante. Nenhum de nós gosta que o tratem por «o outro», como nenhum clube deve ser chamado a não ser pelo seu nome. Pois com o Benfica há um 'outro treinador' que simplesmente chama sempre ao Benfica «o outro». Deve queimar-lhe a língua dizer o nome.

4. O campeonato está perto do fim e todo o cuidado em não desestabilizar as equipas e os jogadores é fundamental. Dentro de um mês, a 'época da caça aos talentos' vai começar para decorrer até ao fim de Agosto. Pois não é que, quanto ao Benfica, não há dia em que não se leiam noticias (?) sobre o interesse dos do costume - Real Madrid, Barcelona, Man City, Man United, Juventus, etc. - em contratar meia-equipa encarnada. Não há, ao menos, o respeito institucional e contratual que se deveria impor em momento tão decisivo de uma temporada? Afinal, o defeso - já de si estupidamente avantajado - passou a ser todos os meses, diria e horas? É claro que parte destas iniciativas (reais, presumidas ou tácticas) está nas mãos dos agentes intermediários e empresários de jogadores, que tudo controlam e baralham, indiferentes aos interesses desportivos aos clubes. O que eles querem é ganhar comissões obscenas, quanto mais turnover mais recebem, quanto mais inchados ficam. E na UEFA e FIFA (e também a nível doméstico) há castigos para um alargado cardápio de infracções, e estes manobrismos com as  épocas a decorrer e fora do período de transferências não são objecto de qualquer reparo. Por exemplo, no Benfica, o que pensarão rapazes de 19, 20 ou 21 anos no meio de tanta girândola de milhões e milhões à sua volta, com comilões a desfrutar a gula insaciável de comissões, fees, prémios e outras prebendas. É, por isto, que não gosto nada de 'pactos' e 'permutas' que sempre podem surgir quando um clube fica muito dependente de um quase monopólio de intermediação nas compras e nas vendas. O que se passa em redor do nome de João Félix é preocupante. Porquê tanta pressa? Que ganha o Benfica com isso? Ou o jogador que, com 19 anos, tem uma vida de futebolista consagrado à sua frente? Nestas coisas, todos arriscam: o clube que deixa de ter o jogador, o clube para quem é transferido e, obviamente, o atleta. Só um interessado no negócio nada arrisca: o comissionista dos lucros crescentes ou danos emergentes associados ao jogador. Ou seja, o outro...
Neste contexto de perturbação (sim, no mínimo) do colectivo e da cabeça de jogadores, bem gostaria de ver o Benfica a afirmar sem hesitações alto e pára o baile a este tipo de manobra sobre a 'mão-de-obra'. Até para que, na próxima época, se possa consolidar uma grande equipa com estes novos e brilhantes jogadores, pois que - segundo li em declarações recentes do principal e competente responsável financeiro - o Benfica não está agora dependente de receitas extraordinárias. Veja-se o caso paradigmático do Ajax que, embora e tal e qual como o Benfica, não tenha poderio para reter por muito tempo talentos, tem gerido com prudência e gradualismo estratégico o inevitável assédio dos todo-poderosos.

5. Volto ao VAR e ao jogo Man City - Tottenham. Uma partida prodigiosa, com 7 golos e futebol puro. Quando, ao minuto 92, a bola entra e o vencedor da eliminatória vira, viu-se, em plenitude, a beleza deste desporto e a emoção sem limites de um golo decisivo. De um lado, os que marcaram (jogadores, treinador, adeptos) exuberantes; do outro lado, o dramático conformismo de 'morrer na praia'. Eis que, um minuto depois, os papéis se invertem por acção do VAR. Havia um offside de centímetros que, ninguém (mas mesmo ninguém) viu no Estádio. Ainda que acertadamente, se anulou a festa do golo, feita de vibração, espontaneidade e autenticidade. Este é, sem dúvida, um calcanhar de Aquiles do VAR que, bem sei, é difícil evitar.
O erro é inerente à condição humana, desde que não seja sinónimo de incompetência ou de desonestidade. Com este protocolo do VAR, o erro não percepcionável pelo homem está a ceder o lugar à máquina déspota, sem alma, por vezes quase desumana, que julga da mesma maneira um offside de dois metros e outro de 5 centímetros, neste caso como se fosse possível fazer coincidir o milésimo de segundo em que a bola sai do pé do jogador que faz o passe com os tais centímetros de aparente fora-de-jogo. Em tais circunstâncias, há erros (ou melhor, inexactidões) que também deveriam ter direito a respirar para não abafar a vibração de um jogo."

Bagão Félix, in A Bola

Grande supremacia

"O Maritímo foi generoso mas muito curto para suster a dinâmica e mobilidade do Benfica

1. Boa entrada do Benfica
O Benfica entrou bem no jogo com um golo apontado de bola parada, por João Félix. Foi uma grande supremacia assente em muita posse de bola, com grande dinâmica dos laterais, que se projectaram muito pelos corredores. O Benfica também teve superioridade no corredor central com muita mobilidade no ataque. O Marítimo foi agressivo a defender, generoso, mas muito curto para conseguir suster a variabilidade do jogo do adversário. Só conseguiu criar uma oportunidade, que foi o golo anulado. A partir daí não me lembro de ver Vlachodimos a ter qualquer tipo de dificuldade. Ainda assim foi melhor a primeira parte do Marítimo do que a segunda.
2. O desgaste de Seferovic
O Benfica, apesar da sua dinâmica, não aproveitou as oportunidades que foi criando para dilatar o marcador e Seferovic, em particular, foi muito perdulário. Em relação ao avançado suíço, considerado que dada a sua capacidade física e a sua mobilidade, é um ponta de lança muito difícil de marcar, no entanto é um jogador que se movimenta para zonas demasiado fora do seu raio de acção e por isso desgasta-se demasiado, faltando-lhe depois frescura física para definir as jogadas com mais qualidade. Isto, claro, é uma leitura superficial. E a falta de confiança acaba também por ter um peso importante: quando se falha uma, duas, três oportunidades de golo, as coisas depois não correm tão bem.
3. Terceiro golo sentencia jogo
O terceiro golo do Benfica, outra vez apontado por João Félix, acabou por sentenciar o jogo. Os encarnados aproveitaram o desposicionamento dos centrais do Marítimo para alcançarem esse momento decisivo. A partir daí tudo ficou ainda mais fácil para a equipa da casa. E com a entrada de Jonas e Salvio as águias ganharam frescura, em contraste com um Marítimo que caiu muito animicamente.
4. Dinâmica do lado direito
Gostava, por fim, de deixar três destaques Uma pela negativa: a segunda parte do Marítimo, que foi bem pior que a primeira. E dois pela positiva: a qualidade e maturidade de João Félix e a grande dinâmica do corredor direito do Benfica, personificada em André Almeida e Pizzi."

José Carlos Pereira, in A Bola

O 'vale tudo' deixou de valer

"Magnífica oportunidade para os clubes, se quiserem, adequarem o regulamento disciplinar com punições mais severas

Esta semana começa com uma boa notícia para o futebol português: a partir de agora, comentadores exaltados, analistas, especialistas, e, principalmente, os departamentos de comunicação dos clubes devem ser menos grosseiros no que dizem e menos desabridos no que escrevem sobre a figura do árbitro, na sequência de um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo que considera que a injúria e a difamação «excedem os limites do que deve ser a liberdade de expressão», conforme previsto no art.º 37.º da CRP, pondo em causa o direito ao bom nome dos árbitros em questão».
O Conselho de Disciplina da FPF viu assim ser dada razão ao seu recurso, no qual defendeu argumentação jurídica superiormente atendida.
A Bola noticiou ontem, em trabalho assinado pelos seu chefe de redacção Ricardo Quaresma, e tendo por base este entendimento do STA, que foram recusados os recursos apresentados pelos reis da festa da má língua, os senhores Marques e Bernardo, e confirmados os castigos que lhes tinham sido aplicados pela justiça desportiva.
Marques e Bernardo são dois dos braços armados de estratégias comunicacionais que não informam, não promovem, não divulgam; apenas intoxicam o ambiente e confundem as pessoas - felizmente que o mais frenético de todos saiu de cena com a eleição dos novos órgãos sociais do Sporting.
O vale tudo acabou. Magnífica oportunidade, portanto, para os clubes, se quiserem, adequarem o regulamento disciplinar com punições mais severas, sobretudo ao nível das multas, que são ridículas. O problema é que não querem. Falam muito, lamentam-se ainda mais, mas não passam disso. Por outro lado, que crédito pode dar-se a uma Liga que tem de viver na dependência de dirigentes distraídos ou desinteressados, que vão para reuniões e assembleias sem conhecimento suficiente do que vai ser analisado e sem vontade nem ideias próprias. Como exemplo mais recente, o desconchavo de posições sobre a reintegração do Gil Vicente na Liga principal.

O presidente do Conselho de Arbitragem tanto se preocupou, para nada, em manter em segredo as nomeações dos árbitros. Rigorosamente, para nada, motivo por que ficou a saber-se que nas últimas quatro jornadas do Campeonato será levantada a confidencialidade, voltando a ser tudo às claras, como nunca deveria ter deixado de ser.
Fontelas Gomes escolheu esta via animado de boas intenções e no sentido de proteger os árbitros. A ideia seria admissível numa situação pontual, particularmente grave, mas perdeu a sua eficácia, se é que teve alguma, ao diluir-se no tempo, estando eu convencido que as fugas de informação terão existido desde o princípio, simplesmente os clubes, com mais ou menos poder de influência, foram fazendo de conta por algum interesse enxergarem.
Quando vejo a Federação e a Liga de candeias às avessas, como neste momento sucede, sugere-me a prudência, enquanto observador externo, que me incline para o lado da FPF, por ver nela uma instituição prestigiada, profissional e competente, além de ter conquistado internacionalmente um estatuto de referência, em contraposição a uma associação de clubes profissionais de características especiais, uma delas a de não saber ou não querer adaptar-se aos tempos modernos.

Como não há regra sem excepção, a arbitragem poderá ser o grão de areia numa engrenagem bem oleada. Em vez de mitigar os efeitos de uma ausência de valores com investimento forte na preparação e progressão dos que há, porque nem todos são maus como se quer fazer crer. Fontelas Gomes enredou-se numa sucessão de equívocos que, no mínimo, permitiram chegar a um resultado: a fragilização do Conselho e do seu presidente.
Em vez de jogar às escondidas, a arbitragem precisa de transparência. Portanto, tudo isto se resume a uma trapalhada e quando se admitiria algum recato nas últimas quatro jornadas, eis que acontece precisamente o contrário. Das duas uma, ou a arbitragem gosta de andar em contramão ou assumiu a inutilidade do secretismo e tem pressa de se libertar dele.
Bem-vindas, pois, as nomeações públicas dos árbitros. Não pode ser de outra forma numa sociedade civilizada, salvo em situações de reconhecida excepcionalidade. Que o acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, pelo menos, permita a alguma paz ao futebol..."

Fernando Guerra, in A Bola

PS: Colocar o Insolvente Marques, no mesmo patamar que o Luís Bernardo, só pode ser brincadeira!!!

Nomeações

"Num país evoluído a nomeação dos árbitros devia ser o assunto mais irrelevante do futebol

Alguém me dizia que não devia furtar-me a comentar aquele que tem sido, por estes dias, um dos assuntos mais falados na actualidade: a tão famosa fuga de informação sobre nomeações de árbitros para alguns dos jogos da Liga NOS. Esse tema quente - absolutamente determinante para a evolução do futebol profissional em Portugal e altamente suspeito quanto à prática de actividades persecutória, ilícitas e ameaçadoras da paz mundial - é, pois, o assunto da crónica de hoje.
Querem uma opinião sincera?
- Os árbitros são agentes desportivos obrigatórios no futebol. Sem eles, não há jogo. Nunca há jogo. Ponto. Quem vê a coisa de forma diferente, tem um problema sério para resolver.
- São apenas vinte os que arbitram na Primeira Liga. Sorteados, nomeados rifados. Com ou sem secretismo. Com ou sem carimbo. Com ou sem clube associado. Vinte. São estes e só esses.
- Num país evoluído, com gente arejada e virada para o que realmente importa, a nomeação dos árbitros devia ser o assunto mais irrelevante do futebol. Se isto fosse a sério, apitava o jogo o rapazito que aparecesse no estádio, com um kit de equipamentos numa mão e com um apito na outra. Ponto final.
- Como não somos evoluídos, arejados e preocupamo-nos recorentemente com o que pouco importa, conseguimos tornar um tema comum e perfeitamente banal - quem apita o quê - numa novela mexicana, com contornos de drama e tiques de caso de polícia. Será do ADN ou mora, em cada um nós, um perfil psicótico que desconhecíamos?
- É certo e sabido que, de há uns tempos para cá, houve a opção de só se publicar nomeações no dia do jogo. Sabem porquê? Porque quando eram divulgadas mais cedo, alguns dos árbitros designados eram insultados, ameaçados e, não raras vezes, incomodados na sua vida privada. Isso antes mesmo de exercerem a sua função. Eram também alvo de atenção negativa de vários blogues e sites oficiosos e oficiais que, selectiva e estrategicamente, recordavam alegados erros praticados no passado.
Para evitar tanta pressão orientada, entendeu-se que o melhor era não dizer nada antecipadamente e comunicar a nomeação apenas no dia do jogo. Tudo para proteger o árbitro. Como paliativo, como antivírus a um surto tão poderoso e viral... foi ou não foi compreensível a bondade da opção? Foi. Claro que foi.
- Chegados aqui, percebe-se que, quando há contas por decidir, o jogo do vale tudo ganha novos contornos. Se o conhecimento prévio abria a janela para a maledicência e especulação, o conhecimento à última hora abriu a porta para as ultra-secretas mas nem por isso fugas de informação. As pessoas estão agora pasmadas, chocadas até, com este novo drama, este atropelo execrável à verdade desportiva: «Como é que é possível saber-se quem apita o quê, se apenas 4361 pessoas têm acesso prévio à informação?! Wow! Temos caso!!...» O entretenimento habitual, lá está, num registo cultural muito nosso, propício a minudências quotidianas e incapaz de enfrentar o que de mais importante se passa à nossa volta. E mais evidente ainda, no fim de tanta cruzada, de tanta tempestade de areia, de tanto bluff, a verdade continua a ser uma só:
- São vinte os árbitros que dirigem jogos da Liga NOS; para os encontros mais decisivos irão, seguramente, os juízes teoricamente mais experientes e qualificados; as nomeações deviam ser assunto irrelevante para quem gosta de futebol a sério; os árbitros serão melhores se tiverem menos suspeição e ruído negativo sobre si; continuamos a alimentar fait divers e a não discutir questões de fundo, que deviam merecer a nossa atenção e preocupação.
Pronto. Opinião dada.
Pelo andar da carruagem, o mais certo é, na próxima semana, usar este espaço para vos falar sobre o tipo de alimentos que os árbitros ingerem ou o sobre o local onde fazem compras de Natal para suas casas. Tudo coisas top secret, às quais a PJ estará seguramente muito atenta. Valha-me Deus."

Duarte Gomes, in A Bola

PS: O Sr. Duarte Gomes, em vez de se dedicar à graçola fácil, em vez de se dedicar ao corporativismo bacoco, com claras intenções tachistas num futuro próximo, em vez de se calar e não denunciar às autoridades próprias, os crimes que tem conhecimento... Se o Sr. Duarte Gomes e outros, ex-árbitros ou árbitros no activo, tivessem coragem de denunciar os criminosos, talvez o Tugão fosse um local respeitável... sendo assim nem gente arejada nem país evoluído, anda tudo a nadar na merda...
Sim, Sr. Duarte, você é um dos responsáveis!

Cadomblé do Vata (Profecias...)

"A bizarria que nos roubou 2 pontos contra o Belenenses SAD, impediu que entrasse em modo "Jogo do Ano" logo a seguir ao pontapé vitorioso do Pizzi. Fui por isso obrigado a aguardar longos e intermináveis 15 minutos para que a visita a Braga me começasse a borbulhar no estômago. Enquanto Jonas e Taarabt sorriam em cumplicidade junto à linha lateral, o meu almoço aproximava-se perigosamente do céu da boca, tal a involuntária "nervoseira" que desde então me invadiu o corpo, que se agrava de cada vez que pelos meus olhos passa uma imaginária tarja com letras garrafais dizendo "Não Vais poder Ver o Jogo".
Na verdade, vou estar fora do país no domingo e se à partida me dá vontade de chorar, basta-me pensar um pouquinho e recordar que no dia em que enfaixamos 4 secos na Naval eu estava no meio do Mediterrâneo e quando o Boavista saiu da Catedral com 2 no bolso eu encontrava-me debaixo da sombra da Torre Eiffel. Tendo em conta que no primeiro caso tinha-me despedido de Portugal após os 5 do Dragão e no segundo, o "au revoir Nação" tinha sido feito no rescaldo dos 3 lagartos na Luz, com um interregno tondelense pelo meio, à laia de prevenção, na 5ª feira dei por mim a apoiar o Eintracht, que nisto das superstições eu sou ligeiramente a derrapar para o perfeccionista e tinha pouca vontade de ver o SL Benfica estatelar-se contra os madeirenses, só para aumentar as probabilidades de implodir a pedreira a caminho do 37º."

Mãozinha...!!!

"Fenómeno raro. Aconteceu hoje. Calor da Noite e VAR em campos opostos. Só mesmo desta forma para o Calor da noite perder pontos.
Fora de brincadeiras, se tiverem oportunidade vejam os últimos 5 a 10 minutos de jogo. Não pedimos mais. Vejam bem como o Calor da Noite B com mais um jogador em campo por expulsão de um jogador do Varzim consegue dar de mão beijada 2 situações de 2 para 0, uma das quais resulta o golo. São estes os jogos comprados sem que se lhes possa apontar o mínimo de rasto. O Varzim é o último elemento da cadeia Varzim-Portimonense-Calor da noite que aqui há umas semanas demos a conhecer. O Varzim precisava de forma dramática de pontos para evitar a descida ao CNS e aí está o Calor da Noite a dar-lhe a mão.
O que pensam disto clubes como o Académico de Viseu, a Oliveirense, o Farense ou o Arouca que lutam com o Varzim para não descer de divisão? Vão continuar calados? Vão continuar a colocar-se do lado do Calor da Noite nas votações da Liga?"