segunda-feira, 8 de abril de 2019

Para que serve o VAR?

"Sou do Belenenses, pelo que neste momento tenho dois clubes: um que joga naqueles campeonatos que ninguém vê e outro que está na divisão principal mas não pode usar o emblema (a Cruz de Cristo, que foi sugerida aos fundadores pela minha avó materna). Além disso, tenho estima por Jorge Jesus – e quando ele treinava em Portugal torci pelas suas equipas.

Mas o Belenenses esfrangalhou-se, Jesus foi para o estrangeiro, e hoje sou um espectador de futebol bastante isento. Há, porém, uma coisa que me faz vibrar e me indigna: as injustiças. Os erros de arbitragem incompreensíveis.
Recordo um golo anulado ao Benfica num jogo contra o Porto, para a Taça da Liga, por fora de jogo que não existiu.
Recordo um penálti marcado contra o Braga, num jogo com o Porto, por pretensa falta sobre Militão que só o árbitro viu.
Recordo um penálti marcado contra o Boavista, mais uma vez num jogo com o Porto, por simulação de Brahimi. Na repetição foi evidente um ‘truque’ em que Brahimi é, aliás, exímio: correndo ao lado do defesa contrário, meteu o pé em gancho entre as pernas deste, forçando a queda.
Antes da existência do VAR, estes erros eram admissíveis. Não havia a possibilidade de rever as jogadas, pelo que prevalecia a visão instantânea do árbitro ou do fiscal de linha. Mas, depois da introdução do VAR, é inexplicável que eles ocorram.
Devo dizer que, naqueles três lances que referi, a impressão que tive à primeira vista foi aquela que as repetições confirmaram: não houve fora de jogo, não houve faltas. O golo do Benfica foi mal anulado e os penáltis contra Braga e Boavista foram mal assinalados.
Ora, nestes três casos, há um protagonista comum: o FC Porto. Em todos, foi ele o beneficiado. E isto levanta suspeitas. Não necessariamente de corrupção – mas de condicionamento dos árbitros. É de admitir que haja neste momento mecanismos de coação sobre os árbitros que os predisponham a favorecer o Porto. E esses mecanismos podem nem vir do clube mas de grupos ou de pessoas afectas ao clube: das claques, de adeptos mais ou menos influentes.
Mas no meio disto para que serve o VAR?
Nos lances mais decisivos dos jogos, os penáltis, o VAR tem pouca influência, pois aí acaba por prevalecer o critério subjectivo do árbitro – que pode ver empurrões ou rasteiras inexistentes, como a falta cavada por Brahimi.
Pelo contrário, nas jogadas dos golos, ao rever os lances desde o início, inventa por vezes foras de jogo onde eles não existem – ou existem por centímetros, o que devia ser irrelevante –, invalidando golos bonitos que são o sal do futebol.
Assim, o VAR não vale a pena. Mais: prevejo que, a seguir por este caminho, o VAR vai matar o futebol. Tirou-lhe a espontaneidade e não elimina muitos dos erros de arbitragem."

Ainda o Feirense-Benfica

"O protocolo, com a limitação de a intervenção VAR acontecer nos casos de erro claro e óbvio, ajuda a explicar as diferentes posturas por parte do videoárbitro.

Do jogo Feirense-Benfica foram inúmeras as situações que geraram polémica e discussão, quer em torno das decisões da equipa de arbitragem, quer do videoárbitro (VAR). Uma vez mais, o protocolo e as suas limitações, bem como o domínio de intervenção do VAR, a sua uniformidade de critério e a legalidade ou não de algumas decisões, foram o tónico dominante do muito ruído que se fez sentir. Nesse sentido, e como já tive oportunidade de comentar esses lances e as decisões tomadas aqui neste meu espaço de opinião, procuro, sobretudo, agarrar nas ocorrências e explicar, acima de tudo, o que diz a lei, as normas, os regulamentos e o protocolo. Sempre numa perspectiva construtiva, pedagógica e, sobretudo, assertiva e positiva.
Uma das perguntas que foi colocada por quase todos os órgãos de comunicação social aos especialistas em arbitragem foi se na execução do pontapé de penálti por parte de Pizzi (minuto 40), a forma como o médio do Benfica correu para a bola e executou o remate implicava alguma irregularidade. Dito de outra forma, se aquele movimento de “paradinha” é possível ser feito de acordo com as leis de jogo.
Começo por dizer que sim, de uma forma genérica e simplista, podemos dizer que até chegar à bola, é possível fazer a “paradinha”, já no momento do remate é que tal não é permitido. Mas, de uma forma mais técnica e para que se perceba o que estou a dizer, vamos ao que a lei 14 (Pontapé de Penálti) diz. “A simulação (paradinha) durante a corrida é permitida, o jogador executante só será punido com livre indirecto e cartão amarelo, se ele simular pontapear a bola depois de ter concluído a corrida.”
De acrescentar ainda que o executante do pontapé de penálti, deve pontapear a bola para a frente, sendo que toques de calcanhar são permitidos desde que a bola se mova para a frente.
Outro dos lances polémicos foi o do golo anulado ao Feirense, ao minuto 20, por eventual fora de jogo. Briseño, ao tentar jogar a bola, mesmo não lhe tocando, tem impacto na acção do Vlachodimos. A questão é saber, porque nenhuma imagem esclarece, se o jogador do Feirense está ou não adiantado em relação ao penúltimo adversário.
Já sabemos que há estádios que não reúnem as condições técnicas para se colocarem as câmaras de fora de jogo, quer em termos de posição, quer em altura, para se poder aferir desses lances. Mas, sob o ponto de vista de arbitragem, dizer o seguinte. Só havia uma pessoa que realmente estava colocada em posição de averiguar o lance - o árbitro assistente. Sendo uma bola parada e estando ele alinhado com o penúltimo jogador do Benfica, ele poderia melhor do que ninguém avaliar. Daí que, de uma forma clara e coerente, temos que dar o beneficio da dúvida à decisão final.
O VAR, no caso e tendo exactamente as mesmas imagens e os mesmos ângulos (porque só dispõe das mesmas câmeras da operadora que transmite o jogo), e não tendo nenhuma imagem que prove que a decisão é claramente e obviamente errada, não pode intervir no lance. Assim, faz uma “checkagem” do lance, socorre-se de todas as imagens e não tendo uma que lhe dê com a certeza absoluta que o golo é legal, não pode intervir e tem de validar a decisão da equipa de arbitragem (fora-de-jogo) que está no terreno.
Relativamente a outros dois lances que ocorreram – um ao minuto 36 (o penálti que o VAR deu por pontapé de Aly Ghazal sobre Pizzi) e outro ao minuto 47 (uma pisadela dentro da área benfiquista que Florentino deu sobre João Silva e que foi reclamado por parte do Feirense como um penálti que ficou por assinalar), a questão principal é que o mundo do futebol não entende, nestes, como em outros lances do género, o porquê de em algumas situações o árbitro ir ao monitor e ver pelos próprios olhos as imagens e noutros isso não acontecer.
Ora, uma vez mais, o protocolo, com a limitação de a intervenção VAR ser só nos casos de erro claro e óbvio, ajuda a explicar estas diferentes posturas por parte do videoárbitro. Neste caso concreto achou que foi óbvio o penálti sobre Pizzi e achou que era duvidoso o possível penálti de Florentino e, nesse sentido, interveio num lance e no outro deixou passar. Tem a ver com a interpretação que fez dos lances. Para mim, contudo, se intervém num tem de intervir no outro, ou então não intervém em nenhum, até porque, em abono da verdade, ambos são duvidosos e nada claros e óbvios.
Como contornar isto no futuro? Na minha opinião a solução passa por alterar o protocolo. Deve deixar de haver intervenção do VAR só em casos de erro claro e óbvio para passar a não intervir quando a decisão do árbitro for clara e obviamente certa. Havendo dúvida, o VAR passaria a intervir, sugerindo ao árbitro a visualização no monitor de todos os casos de potencial penálti. Teríamos assim todas estas situações tratadas de forma igual e uniforme."

Seferovic diz "chapeaux" e mantém Benfica na liderança

"Golo do suíço (que bisou) no início da segunda parte ajudou a tranquilizar um Benfica que passou muitas dificuldades na primeira parte e esteve mesmo em desvantagem na casa do último classificado do campeonato, que chegou a fazer o 2-0. Golo que o VAR anulou e que manteve os encarnados vivos e rumo à reviravolta que os mantém no primeiro lugar da Liga

dizia Vasco Santana na imortal rábula do filme "A Canção de Lisboa" que "chapéus há muitos", algo que, se formos a ver bem, também se aplica no futebol. Há chapéus para todos os gostos e feitios e uma saída extemporânea do guarda-redes pode sempre levar um avançado mais audacioso a tentar a sua sorte. Ora, se alguém dissesse há uns meses que esse jogador seria Seferovic e que a tentativa seria de fora de área, esse alguém poderia ser encarado com algumas dúvidas. Só que agora seria vingado porque foi exactamente isso que aconteceu num momento de inspiração do suíço que marcou o Feirense-Benfica e descansou a equipa rumo à vitória.



O avançado acabaria por bisar e foi a grande figura de uma tarde em que o resultado de 4-1 acaba por mascarar um pouco as dificuldades que os encarnados sentiram no Marcolino de Castro, sobretudo na primeira parte. Aí, os fogaceiros não pareceram a equipa que está em último do campeonato - sem vencer desde a segunda jornada - e a vantagem do Benfica ao intervalo acabou por ser lisonjeira para os visitantes.
Benfica que procurava reagir à vitória do FC Porto e recuperar o primeiro lugar da campeonato sem Gabriel (por lesão) e Rafa (por castigo). Jogadores importantes na manobra encarnada e que foram substituídos por Florentino e, pasme-se, Taarabt. O marroquino continuou a sua reabilitação improvável com um lugar no onze inicial e ainda deu um outro ar de sua graça, apesar de ser notória a falta de entrosamento com a equipa.
A entrada encarnada não foi famosa e o Feirense cedo mostrou não querer fazer figura de corpo presente em casa. Com Tiago Silva a mexer os cordelinhos no meio campo e a equipa a mostrar-se compacta e capaz de controlar o Benfica, os fogaceiros foram ganhando confiança nos primeiros minutos e depois de terem ameaçado aos 8 minutos após uma série de falhas defensivas das águias, chegaram mesmo ao golo aos 10 minutos. Cruzamento com conta, peso e medida de Edson Fariás que apanhou Odysseas e André Almeida a diormir na formatura com a bola a chegar a Sturgeon que, de cabeça, meteu a bola na baliza.
1-0 e jogo difícil para o Benfica que procurou reagir e até esteve próximo do empate aos 15 minutos com um desvio de João Félix ao lado. Só que seria o Feirense a fazer o segundo golo, com a bola a entrar na baliza na sequência de um livre. Só que o árbitro João Pinheiro anulou o golo por considerar que Briseño desviou a bola em fora de jogo, numa decisão duplamente contestada (pelo desvio e fora de jogo) pela equipa da casa. Fortuna dos encarnados que só perto do final da primeira parte voltaram ao jogo, após um golo também anulado por fora de jogo de João Félix.
Podem agradecer à entrada imprudente de Aly Ghazal sobre Pizzi na grande área, que o árbitro não viu à primeira mas que chamou a atenção do VAR. As imagens não deixaram dúvidas e o juiz apontou para a marca de grande penalidade, onde o próprio Pizzi se encarregou de bater o castigo máximo e deixar tudo empatado aos 40 minutos.

Rude Golpe
O jogo parecia encaminhar-se para um empate ao intervalo que premiava a boa atitude do Feirense só que o Benfica mostrou-se forte nas bolas paradas e não desaproveitou mais uma falha defensiva dos fogaceiros. Com papel activo de Samaris que sem oposição após um canto, deu inteligentemente para André Almeida que redimiu-se da falha de concentração no primeiro golo e deixou os encarnados a ganhar no segundo minuto de descontos.
O foi um rude golpe para as aspirações do Feirense e um bálsamo para as águias que surgiram com outra atitude na segunda parte e cedo foram recompensadas com o terceiro golo. Foi o início do "show" Seferovic que aproveitou uma descordenação defensiva para receber fora da área e, sem preparação dar um toque carregado de técnica na bola que a fez subir sobre o adiantado Caio Seco e aninhar-se na baliza adversária aos 49 minutos. Chapéu sem mácula do suíço que deixou o jogo praticamente resolvido e o Benfica em pleno controlo das operações.
A partir dai, os encarnados foram somando oportunidades para avolumar o resultado, perante a ténue resposta do Feirense. O entrado Jonas, Pizzi e Seferovic foram tentando perante a oposição do guardião fogaceiro e algum desacerto no último passe ou na finalização. Só que o golo acabaria mesmo por chegar e seria pela cabeça do inevitável (e ainda é estranho escrever isto) Seferovic. Cruzamento de Grimaldo para a cabeçada do avançado que fechou o marcador aos 89 minutos e aumentou a folga da vitória encarnada.
Triunfo que coloca os encarnados de novo no primeiro lugar da campeonato e permite encarar com outras certezas os desafios importantes que se avizinham. Com um suíço improvável é mostrar que é uma das figuras da Liga."

Porquê Adel?

"«Procurámos a qualidade individual do jogador, que tem muita. Percebemos que podia ligar muito bem com o Grimaldo, é um individuo que liga bem, joga de frente para o jogo, recebe muito bem e combina muito bem com os homens da frente.
Adel com maior clarividência a pensar, a tentar procurar, a procurar bolas entrelinhas e na profundidade…»
Bruno Lage

* A procura do Espaço Interior, que o tornam um elemento capaz de alimentar a criação como poucos;
* A recepção para ligar;
* A qualidade do gesto

"

Mister Mourinho, há sempre uma solução ofensiva para cada problema defensivo; o contrário não é verdade (uma reflexão sobre uma nova regra)

"Com os sistemas defensivos cada vez mais bem montados diria que a cada modelo de jogo cada vez mais terão de corresponder diferentes sistemas tácticos, principalmente nas fases de construção. Ou seja, num mesmo jogo vai ser cada vez mais necessário mudar de sistema táctico para surpreender os adversários. Note-se como tudo vai mudando e, se me permite afectar o protocolo, porque não vem no programa deste Fórum, gostava de lançar um trabalho de casa para todos e até para mim: pensar nas implicações que terá a nova regra, já aprovada pelas mentes brilhantes do International Board, que diz que no pontapé de baliza a bola já não tem de sair da área, o que poderá permitir ao adversário pressionar dentro da própria área. Muita gente vai abdicar da fase de construção e apostar no jogo directo. Terá implicações profundas e que tenho visto pouco debatidas."
José Mourinho 

Actualmente, no pontapé de baliza e nos pontapés livres dentro da área de penálti (grande área), só se considera que a bola entra em jogo quando sai da área. Não é permitido que nenhum jogador, que não o marcador do livre ou do pontapé de baliza e o guarda-redes, esteja dentro da área no momento em que a bola vai ser jogada. Para além disso, nenhum jogador que defende pode tirar vantagem do espaço da área, no momento em que o livre ou o pontapé de baliza é marcado e a bola ainda não está considerada em jogo, para estar mais próximo do adversário e pressionar quando este recebe a bola. 
Basicamente, nestas duas situações, a área não existe até a bola entrar em jogo/sair da área. Uma das alterações lançadas pelo Internacional Board, que vai ser utilizada em primeiro lugar na fase final da Taça das Nações e entrará em vigor em todo o mundo a partir de Junho deste ano, afecta directamente estas regras: a bola passa a ser considerada em jogo quando é chutada e se movimenta (como no pontapé de saída), e é complementada com a possibilidade de existirem jogadores da equipa atacante dentro da área nesse momento.
A saída de bola é um tema bastante controverso em Portugal por 90% dos agentes do jogo (treinadores, jogadores, funcionários dos clubes, adeptos e o público em geral) não acreditarem ser um momento fundamental para que a equipa tenha qualidade no seu processo de jogo. E a discussão que José Mourinho lança, apesar de importante, acaba por não ter o raio de acção que o treinador quer fazer transparecer, uma vez que os afectados pela regra serão muito poucos. Nem para o próprio José Mourinho a regra teria relevo, tendo em conta o futebol jogado pelas suas últimas equipas.
Johan Cruyff costumava dividir os treinadores em dois grupos: os corajosos e os outros. E relativamente ao momento de saída de bola - de como é que a alteração promovida vai afectar o jogo - a forma binária de olhar para as implicações parece-me perfeita: há poucos que vão ser afectados pela regra, e há os outros. Aliás, o sintoma diagnosticado por Mourinho (pouca discussão que a regra tem lançado) é precisamente reflexo disso - são muito poucos os que pensam na forma como a regra vai afectar o momento de saída de bola das suas equipas por serem, também, poucos os que a utilizam como base fundamental para o seu jogo. Em comparação, será sempre esmagadora a percentagem de treinadores que já está a pensar em como tirar vantagem da regra no momento de pressão sobre aqueles estão a criar novos caminhos para sair a jogar. Afinal, é mais fácil trabalhar o processo defensivo do que o ofensivo e a esmagadora maioria dos agentes do jogo continua a ter pouca coragem.
Para quem não sai a jogar, e não trabalha para isso, não haverá qualquer mudança na saída de bola. Para os que vão saindo a jogar quando as condições são favoráveis também não haverá mudanças; vão continuar a sair a jogar quando for favorável e sempre que se sentirem apertados não vão sair a jogar. Não se vão sentir mais ou menos inibidos pela alteração da regra uma vez que a inibição já existia na forma de constrangimento, ou condicionalismo, por eles criado. Para os que querem fazer da saída de bola parte fundamental do seu jogo, aqueles que tentam criar condições favoráveis quando não existem, há uma vantagem importantíssima: passa a ser possível desde o primeiro passe ter um jogador a receber a bola de frente para o jogo. Isto levará a que, mais facilmente e mais rapidamente, o jogador perceba a estrutura defensiva adversária e crie referências posicionais dos seus colegas que lhe vão permitir mais vezes encontrar boas soluções para sair a jogar. E os problemas que surgem desta nova dinâmica acabam por ter vantagens importantes para quem tenta criar espaço para atacar.
Se o adversário decidir pelo jogo de pares e pressionar de fora para dentro: o central, depois de receber, terá linhas directas para jogar no pé do extremo ou do avançado, se a equipa estiver posicionada em conformidade para criar esses espaços. Depois de receberem, apertados nas costas, terão a possibilidade de tocar de frente para os médios que sabem atempadamente que estão ali como engodo e que nunca vão ser solução para o central, mas que vão receber um passe vindo dos avançados já de frente para o jogo.
Também pode dar-se o caso de o central decidir colocar a bola por cima para um dos avançados disputar o duelo e o colega desmarcar-se nas costas, tal é o espaço entre os elementos da última linha.
Também o guarda-redes pode ter logo como solução jogar nos três avançados, tendo em conta o espaço atrás da linha média assim como nas costas da defesa.
Com o movimento do 8, o 10 acompanha, fica ou divide o espaço? Se acompanhar há um espaço ainda maior entre sectores e entre jogadores do mesmo sector. Se ficar, liberta o 8 para receber e enquadrar. Se dividir o espaço, fecha um pouco os dois jogadores mas não desencoraja o suficiente o passe para o 9, por exemplo, ou mesmo para o próprio 8 que pode ter o corpo colocado para receber já enquadrado sem perder de vista a possibilidade de pressão.
Se a marcação for zonal, com os jogadores orientados para fechar os espaços entre si e a contenção orientada para fechar os passes para o lado contrário, haverá uma maior dificuldade em conseguir um passe directo para os avançados. Porém, há no lado contrário uma superioridade massiva em termos de número e de espaço. E se a variação for rápida, e os gestos técnicos tiverem qualidade, não dará tempo ao adversário para bascular e fechar uma aceleração em superioridade pelo corredor contrário, uma vez que a equipa toda terá que percorrer mais metros em sprint. Para tal, basta que o guarda-redes se aproxime rapidamente do central depois de lhe fazer o passe, e que receba a devolução do mesmo com a variação para o corredor contrário como grande objectivo.
Há alguns perigos do maior ímpeto e agressividade na pressão, mas esses perigos são altamente compensados pelo grande benefício que é ultrapassar essa primeira pressão. Basicamente, a equipa ficará com vantagem espacial, temporal e numérica, o jogador conduzirá o ataque sem oposição, com colegas bem colocados para atacar a profundidade e com muito espaço para explorar nas costas da defesa, e/ou entre defesas. Se a equipa conseguir ultrapassar essa primeira barreira, 70% do golo está feito.
Não creio que Mourinho seja o treinador ideal para comentar as facilidades ou dificuldades na saída de bola uma vez que as suas grandes preocupações, com esse aspecto do jogo, não vão muito além dos homens que se aproximavam e dos homens que iam no espaço depois de Diego Costa ou de Lukaku disputarem a primeira bola. As imagens colocadas são apenas formas simplistas de explanar o que se consegue com os movimentos, com as aproximações ou afastamentos, com a manutenção de uma estrutura fixa e com a mobilidade das peças certas. São alguns exemplos dos milhões que poderão acontecer.
Guardiola e Sarri, Setién ou Paulo Fonseca, esses sim, já nos mostraram por diversas vezes, colocando dois ou três jogadores a receber a bola dentro da área, como fazem para quebrar os ímpetos das equipas mais pressionantes que enfrentam. Mostraram que haverá Sempre uma forma de contornar os problemas que a pressão do adversário coloca e de encontrar as vantagens para sair a jogar de forma segura; já para defender, e uma vez que as dimensões do campo não sofreram alterações, deixaremos sempre espaços livres."

A perspetiva nacional e a perspetiva europeia

"No domingo à tarde, já não sei bem a propósito de quê, uma amiga dizia-me categoricamente que os melhores scones de Lisboa podem ser comidos na Casa de Chá de Santa Isabel, no Rato. Ao ouvir isto, o marido riu-se: "Manuela, eram os melhores há 20 anos. Agora há tantos outros... Isso são só as tuas memórias afectivas".
São, obviamente, as nossas memórias afectivas que nos fazem pensar que a comida da mamã ou da avó era - ou é - a melhor e, às vezes, no futebol, também distorcem, como é evidente, a nossa perspectiva sobre aquilo que já foi e aquilo que está a ser. Penso nisso muitas vezes a propósito daquele José Mourinho do FC Porto, que era o pináculo de um novo futebol (ou isto serão as minhas memórias afectivas?), e que, entretanto, parece ter-se perdido, entre outras vivências. Ou melhor, ganhou outra perspectiva.
Explicando isto melhor. Na semana que passou, Mourinho esteve no Fórum do Treinador, em Portimão, e disse o seguinte:
"Com os sistemas defensivos cada vez mais bem montados diria que a cada modelo de jogo cada vez mais terão de corresponder diferentes sistemas tácticos, principalmente nas fases de construção. Ou seja, num mesmo jogo vai ser cada vez mais necessário mudar de sistema táctico para surpreender os adversários. Note-se como tudo vai mudando e, se me permite afectar o protocolo, porque não vem no programa deste Fórum, gostava de lançar um trabalho de casa para todos e até para mim: pensar nas implicações que terá a nova regra, já aprovada pelas mentes brilhantes do International Board, que diz que no pontapé de baliza a bola já não tem de sair da área, o que poderá permitir ao adversário pressionar dentro da própria área. Muita gente vai abdicar da fase de construção e apostar no jogo directo. Terá implicações profundas e que tenho visto pouco debatidas."
Na perspectiva de Mourinho, a nova regra imposta pelo IFAB nos pontapés de baliza irá ter como consequência "o jogo directo", porque a bola já poderá ser tocada dentro da área e o adversário poderá pressionar mais perto da baliza. Tem graça, porque eu - modestamente, pois claro - tenho a perspectiva totalmente oposta (poderia também acrescentar que o Mourinho do FC Porto também teria perspectiva diferente, mas...). Mesmo depois de ter lido e relido as novas regras, vejo esta mudança como benéfica para quem quer sair a jogar a partir de trás. Agora, os defesas podem receber a bola dentro da área - os adversários têm de manter-se fora da mesma até que a bola se mexa -, o que permite mais espaço para receber, pensar e executar a acção seguinte - no futebol de formação então, esta mudança é uma enorme dádiva, porque no futebol 7 ou no futebol 9 ou até mesmo no futebol 11 há muitas equipas que impedem o adversário de sair a jogar com segurança e os mais novos muitas vezes não têm nem precisão nem força suficientes para sair a jogar de forma mais média/longa, pelo que esta nova regra passa a ser uma bela salvaguarda para pôr a bola em jogo, no pé de alguém.
Isto, obviamente, é só a minha perspectiva. E, no fundo, é sempre tudo uma questão de perspectiva, que é influenciada pelas nossas vivências. Este fim de semana, na perspectiva nacional, o passatempo preferido de todos, do primeiro ao último (!) classificado, foi bater nas arbitragens e parece que, nas próximas seis semanas, nada mais haverá no nosso futebol senão árbitros, videoárbitros, ângulos, câmaras, malas, doping e toda uma panóplia de outros ataques sobre os quais prefiro nem ter perspectiva.
Porque vem aí uma semana europeia, com o FC Porto a ir a Liverpool e o Benfica a receber o Eintracht (e, espera-se, Ronaldo a recuperar a tempo de ir à Holanda defrontar o impressionante Ajax), e, pelo menos nestes dias úteis, não ouviremos lengalengas sobre arbitragem. É a perspectiva europeia. Só nos falta mesmo colocar a nossa Liga nacional dentro da perspectiva europeia. Começando, sei lá, a multar e a castigar duramente quem critica, dia sim, dia não, o árbitro A, o videoárbitro B, o adversário C, o adversário D e por aí fora. Como se faz, aliás, na Premier League, onde quem mete o pé fora de água recebe logo castigo apropriado. E isto é, pois claro, uma questão de perspectiva.
(...)"

Mourinho lembrou o problema da geração "copinho de leite". Como lidar?

"Assiduidade e pontualidade no treino podem ajudar a renascer o compromisso e desejo competir das gerações vindouras

Na semana passada, José Mourinho ganhou espaço em tudo que são redes sociais com a seguinte declaração acerca da atitude dos jogadores de hoje em dia: "Eu tenho filhos da idade de jogadores e esta geração, de copinho de leite, que não aceita bem a crítica, não é uma coisa nova para nós, porque a temos em casa. Se o meu pai me mandasse comprar tabaco eu só perguntava se podia ficar com o troco e se eu pedir ao meu filho para me passar um copo de água ele pergunta-me porquê. São gerações. Mas tem de haver noção das hierarquias, de quem é quem".
Quem se atreve a discordar de uma verdade tão absoluta como esta? O problema é que todos nós somos experts do diagnóstico e, muito raramente, avançamos para um plano de acção e de concretização de práticas que façam alterar comportamentos. Mais, nós acomodamo-nos muito a fatalismos desta natureza pois alimentam o nosso rol de atribuições causais externas e consequentemente servem de desculpa para tudo, mesmo para as nossas insuficiências enquanto treinadores.
A primeira questão de fundo que se pode colocar é a seguinte: se hoje em dia os jovens são diferentes, porquê ensinar e treinar como antes? Porquê esperarmos que apresentem o comportamento e os resultados idênticos aos das gerações anteriores? Mesmo que sujeitos ao mesmo tipo de métodos de treino e processos de ensino-aprendizagem...
Independentemente de tudo, e sem querer ser um optimista irritante, acho que ainda vamos a tempo de resgatar o desporto federado ao de recreação e lazer. Acredito no renascer do compromisso e do desejo de competir nas gerações vindouras, mesmo sem o apoio de casa. E, infelizmente, também já não podemos contar com a escola para este desígnio, pois em termos de exigência é quase zero e em termos disciplinares idem.
Assim, se temos de começar por algum lado, então que seja pelo mais importante - a assiduidade ao treino. Os pais inscrevem as crianças num clube desportivo sem pensarem muito bem nas consequências dessa decisão. Não percebem, ou não lhes explicam, que fazer parte de uma equipa engloba um conjunto de responsabilidades e de compromissos. A prática regular de um desporto de competição tem sempre implicações na vida familiar, pois, a seguir às obrigações escolares, o treino deverá ser a prioridade seguinte. Aquelas férias na neve, aquela escapadinha no fim de semana ou aquele aniversário da tia vão ter de passar para terceiro plano.
O problema actual da generalidade dos clubes é o seguinte: como são os pais que financiam a actividade desportiva arrogam-se no direito da frequência intermitente dos seus filhos, às vezes sem se dignarem sequer a justificar as ausências deles. E nós treinadores, muitas vezes, somos cúmplices destes caprichos, pondo, por exemplo, a jogar no fim de semana uma miúda que não treinou durante a semana toda na busca de uma vitória que pouco ou nada vale na formação. E também convém esclarecer os pais que, no desporto de competição, eles pagam para os filhos treinarem, não para jogarem.
A derradeira desculpa dos "copinhos de leite" para faltar ao treino, quando não há uma doença ou lesão, é o faltar porque têm de estudar para o teste. Não será mais eficaz retirar ao tempo de utilização do telemóvel, computador e consola de jogos do que retirar ao tempo do treino? Mas nós treinadores vamos "papando" e desculpando tudo e depois queixamo-nos...
Depois há a pontualidade. O nosso treino devia ser como a porta de embarque no aeroporto. Chegou atrasado? Lamento, gate closed! E podíamos continuar por aqui fora...
Resumindo, as próximas gerações têm de treinar mais, sem desculpas. Têm de treinar melhor, o que implica naturalmente aceitar a crítica. Têm de perceber que o treinador é quem decide. Mas o treinador também tem um papel decisivo: tem de se assumir como o líder, tem de definir regras, cumpri-las e fazê-las cumprir, tem de aumentar a disciplina, a exigência e o rigor, sob pena de estar a apaparicar novos "copinhos de leite"."

A necessária interdisciplinaridade

"Reli a tradução portuguesa das Edições 70 de Idéologie et rationalité dans l’histoire des sciences de la vie, conhecida obra de um conhecidíssimo autor, Georges Canguilhem, onde encontrei que, nos finais do século XVIII e, nos primeiros anos do século XIX, “uma nova situação da medicina se estabeleceu na Europa, a partir de três fenómenos: 1) o facto, simultaneamente institucional e cultural, a que Michel Foucault chamou nascimento da clínica, que instituiu uma reforma hospitalar, em Viena e em Paris, com a generalização de práticas de exploração, como a percussão (…) e a auscultação mediata (Laennec), com referência sistemática da observação dos sintomas da anatomopatologia; 2) a persistência e o desenvolvimento, na Áustria como em França, de uma atitude ponderada de cepticismo terapêutico, cujo interesse foi sublinhado pelos trabalhos de Ackernbecht; 3) o advento da fisiologia, como disciplina médica autónoma, progressivamente isenta da sua subordinação à anatomia clássica, que mal tinha começado a situar os seus problemas ao nível dos tecidos, sem supor que esses problemas em breve seriam tratados ao nível da célula, ao mesmo tempo que se procurava, na física e na química, tantos exemplos como auxílios” (pp. 53/54). Bastariam estas razões (quando outras não houvesse – e havia) para Canguilhem assim concluir: “Compreendemos agora porque é que, exactamente quando empreendeu a defesa e a ilustração da fisiologia como ciência fundadora de uma medicina verdadeiramente científica, Claude Bernard se aplicou tão arduamente em demarcar a tentativa abortada de Broussais, que pejorativamente classificou como sistema” (p. 56). José Gameiro escreveu um livro de lúcida visão crítica sobre a epistemologia da psiquiatria contemporânea, Voando sobre a psiquiatria (Edições Afrontamento, Porto, 1992). No centro de interesse desta obra, José Gameiro acentua que não é possível uma abordagem ao estudo da psiquiatria, sem uma Epistemopsiquiatria, como afinal não é possível estudar-se qualquer ciência, sem uma teoria do conhecimento científico, ou seja, sem uma epistemologia.
Quando, nos primeiros anos da década de 70 do século passado, as mais cruciantes preocupações pesavam sobre o nosso País, impunha-se à admiração dos universitários portugueses um número selecto de autores de especial saber epistemológico. Refiro-me aos portugueses Adérito Sedas Nunes, Vitorino Magalhães Godinho e Armando Castro e aos franceses Gaston Bachelard, Louis Althusser e Michel Foucault. O Prof. Armando Castro (1918-1999), catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, foi das figuras que mais vivamente encarnou a consciência da criação da filosofia que as ciências merecem. E, por sorte minha, fez de mim um dos seus inúmeros discípulos, mormente no que a Althusser se refere, deixando no meu caderno de apontamentos os primeiros assomos de uma atitude crítica, relativa à epistemologia tradicional. Não era um cultor sereno da teoria do conhecimento científico, pois que não cultivava a ciência pela ciência. As suas palavras eram norteadas por uma ideologia, mas a evolução histórica das ciências humanas (a concepção grega, a concepção patrística e medieval e a concepção moderna) e as categorias que definem o pensamento epistemológico foi com ele que, pela primeira vez, aprendi a sistematizar. Embora, repito-me, a sua epistemologia fosse, por vezes, uma ressonância sentimental das suas ideias filosófico-políticas. No entanto, as insuficiências epistémicas e, em particular, a ausência da utensilagem teórico-epistémica, que “continuam a originar muitas anfibologias e erros da parte de não poucos cientistas, quando discreteiam sobre os fundamentos filosóficos da sua própria actividade, independentemente de contribuírem validamente para o labor científico sectorial em que trabalham” (Armando Castro, Teoria do Conhecimento Científico, Instituto Piaget, 1993, p. 63)– tudo isto foi com o Prof. Armando Castro que me habituei a esclarecer, a dilucidar, a tornar mais inteligível. Não é pouco, portanto, o que lhe devo...
Passo, agora, a palavra ao escritor português Gonçalo M. Tavares, donde cai, continuamente, o jorro de luz da genialidade: “Conheço um batalhão de gente humaníssima e com este lema bem no centro da sua cachaporra: tudo o que o rodeia e ele não entende é imbecil e portanto desnecessário. Só preciso daquilo que entendo, poderia ser o lema da multidão humana, com a ilusão de ter uma cabeça auto-sustentada. Gosto destes à distância. Ou muito próximos, mas com um vidro no meio” (JL, 2019/4/9). De um génio passo agora ao amor intellectualis Dei, não de Espinoza, mas de Eduardo Lourenço: “A ideia de que um autor do passado, Goethe por exemplo, é inactual, pode num certo sentido defender-se, mesmo para os espíritos que não pretendem afectar com isso o valor intemporal, intrínseco da obra. Goethe seria inactual, exactamente no sentido em que é inactual tudo o que não exprime o que é específico do tempo em que estamos. A sua inactualidade seria do tipo de inactualidade dum coche de D. João V, em relação a um Cadillac” (Eduardo Lourenço, Obras Completas, 1, Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2012, p. 52). Inactual parece tudo o que é velho, tudo o que as televisões e as redes sociais não repetem. Esquece este “batalhão de gente humaníssima” e de incontroversa atualidade que a cultura se faz também do concurso indispensável de “grandes contemporâneos”, como Platão, Aristóteles, Galileu, Descartes, Newton, Kant, Hegel, Darwin, Marx, Claude Bernard, Pasteur, Freud, etc., etc. e de uma relação dialéctica intensa “cultura científica-humanidades”, que exige nas ciências um “suplemento de alma” e nas humanidades uma iniludível prática científica. Ou seja, tanto num caso como noutro, interdisciplinaridade. A Profª. Olga Pombo declara, lucidamente: “Passando do nível das palavras ao nível das ideias (…), verificamos que a interdisciplinaridade é um conceito que invocamos, sempre que nos confrontamos com os limites do nosso território de conhecimento, sempre que topamos com uma nova disciplina cujo lugar não está ainda traçado no grande mapa dos saberes, sempre que nos defrontamos com um daqueles problemas imensos cujo princípio de solução sabemos exigir o concurso de múltiplas e diferentes perspectivas” (Coord. Carlos Pimenta, Interdisciplinaridade, Humanismo, Universidade, Campo das Letras, Porto, p. 100).
A interdisciplinaridade anima-se num tríplice protesto: rejeitando um saber fragmentado, dividido, em migalhas; recusando o conformismo das situações adquiridas; não aceitando o divórcio crescente, entre as várias disciplinas universitárias, que dividem e subdividem “esquizofrenicamente” o paradigma científico que justifica uma faculdade, ou um ensino superior. Múltipla pela diversidade dos seus métodos, qualquer ciência é una pelos objectivos que procura. Nas ciências hermenêutico-humanas, o que se estuda é a “condição humana”, cuja complexidade exige a interdisciplinaridade. E, com a interdisciplinaridade, um discurso crítico. A ciência à luz da filosofia e a filosofia sob uma perspectiva científica ensinam uma à outra que todo o conhecimento imediato é abstracto. Digamos doutro modo: todo o conhecimento imediato envolve o reconhecimento do caráter ilusório das conclusões apressadas, proclamadas pela falta de estudo e de reflexão. A existência da interdisciplinaridade resulta do facto de a disciplinaridade não abranger a complexidade do real. Nenhuma disciplina satisfaz, sem um rigoroso trabalho interdisciplinar, a própria aplicação profissional das teorias que se estudam, ao longo da licenciatura. A interacção entre as disciplinas, que constituem o currículo, esclarece e precisa o paradigma que fundamenta a prática científica de uma Escola. Quando alguns “homens do futebol” (e já de muitos mereci o seu convívio) me dizem, por vezes, a rematar as conversas: “Atenção, no futebol é assim…” – não atingem o sentido parcial e limitado do que afirmam. Qualquer visão unidisciplinar reduz um “objecto de estudo” a bem pouco. Se bem penso, errou Piaget, ao percepcionar o progresso científico na evolução exclusivamente interna das ciências: o progresso acontece mais por interdisciplinaridade do que por disciplinaridade. Um departamento de futebol, num futebol de alta (ou altíssima) competição, assim o prova, sem margem para dúvidas. É evidente que o líder deve ser um “homem do futebol” mas, em relação dialéctica, com um sem número doutras ciências, para além da Ciência da Motricidade Humana. 
“Parece ter chegado o momento de clarificar nosso vocabulário. Com efeito, ele coloca um grave problema às relações interdisciplinares, quer porque não dispomos ainda dos conceitos necessários para exprimir o pensamento, quer porque utilizamos vocábulos com este objectivo primeiro certas palavras-chaves. Portanto, convém que eliminemos certas ambiguidades, envolvendo nossas palavras-chaves” (Hilton Japiassu, Interdisciplinaridade e patologia do saber, Imago, Rio de Janeiro, 1993, p. 71). Ambíguidades, como as que encontramos nas expressões “Actividade Física” e “Educação Física” e “Preparação Física”, como se, no ser humano se pudesse trabalhar o físico, sem o psíquico, ou o psíquico, sem o físico. Estas ambiguidades tomaram uma tal amplitude que já nada significam. “As teorias, como os homens, têm dois tipos de existência: empírica e mítica. Ao invés do que é costume admitir, é a segunda quem estrutura e torna consistente a primeira. Sem essa mitificação do empírico, isto é, sem a aquisição por parte de um facto, um homem ou uma ideia da capacidade de servir de emblema, símbolo ou suporte de experiências genéricas da humanidade, coisa alguma deixaria na memória humana um traço mais duradouro que o da sombra na água. A bem dizer, seria mesmo inevocável o simples facto de poder ser evocada, significando já que o símbolo se sobrepôs ao facto” (Eduardo Lourenço, op. cit., p. 229). Na Educação Física, por exemplo, também o símbolo se sobrepõe ao facto, visto que a Educação Física nasce ao mesmo tempo que o “homem-máquina” e com este objectivo primeiro: que, pela ginástica, o corpo humano se assemelhe a uma máquina, pois que não há, outra maneira de “ter saúde”. Kant assim define ginástica: “é a educação daquilo que, no homem, é natureza”. A Motricidade Humana, como eu a penso, rejeita, portanto, o racionalismo, na Educação Física e na Medicina, por esta razão muito simples: porque, no ser humano, não podem considerar-se isoladamente o físico e o psíquico e não há actividade intelectual sem um suporte neuronal. É o homem todo (a mulher toda) que age, que se movimenta. Não é a minha mão que dá uma estalada, sou eu que dou uma estalada, não é o pé do jogador que faz o golo, mas o jogador na sua integralidade, na sua complexidade.
Na reedição de 1970 de La Rebelion de las Massas, Ortega y Gasset (Revista de Occidente, Madrid) escreve: “Dantes, os homens podiam facilmente definir-se em ignorantes e sábios. Mas o especialista não pode ser subsumido por nenhuma destas duas categorias. Não é um sábio porque ignora formalmente tudo quanto não entra na sua especialidade; mas também não é um ignorante porque é um “homem de ciência” e conhece muito bem a pequeníssima parcela do universo em que trabalha. Teremos de dizer que é um sábio-ignorante (coisa extremamente grave) pois significa que é um senhor que se comportará, em todas as questões que ignora, não como um ignorante, mas com toda a petulância de quem, na sua especialidade é um sábio” (pp. 173-174). O fascínio dos fisiólogos do cérebro, pela sua especialidade, é perfeitamente compreensível. Com o cérebro humano, a evolução atingiu a sua mais nítida e insuperável perfeição. É a estrutura mais complexa que se conhece, no universo inteiro, diante da qual um computador, por mais complicado que seja, ainda parece bastante simples. Nesta “massa cinzenta”, trabalham mais de dez biliões de células cerebrais, com o auxílio de milhares de biliões de conexões e ligações condutoras. No entanto, estes processos cerebrais são tanto o resultado da evolução neuro-cerebral e das disposições genéticas quanto da linguagem, do trabalho e da cultura. Não pode estudar-se, hoje, a neurologia, a psiquiatria, digo mesmo: qualquer especialidade médica, sem o contributo da filosofia, da sociologia, da antropologia, da teologia, etc., etc. “Tal como os filósofos e os teólogos se deveriam abrir à investigação biológica do cérebro, assim o deveriam fazer os investigadores do cérebro, em relação às questões da filosofia e da teologia” (Hans Kung, O princípio de todas as coisas, Edições 70, 2011, p. 189). Isto mesmo o acentuaram, ao longo das suas vidas de médicos notáveis e, notáveis também hermeneutas da cultura, os Professores João Lobo Antunes e o suíço Jean Starobinski, ambos há pouco falecidos. A propósito ainda de Jean Starobinski, ele era professor Faculdade de Letras e da Faculdade de Medicina da Universidade de Genebra e doutorado em Letras e em Medicina. É verdade, hoje, não há saber, sem a necessária interdisciplinaridade."

Falta de vergonha

"O clube que está a ser consecutivamente beneficiado desde o início do campeonato chega a esta fase da temporada e ainda tenta, da forma mais despudorada, condicionar as nomeações dos árbitros.
Não bastou a invasão ao centro de treinos dos árbitros, não bastou a vergonha que foi a meia-final da Taça da Liga e não bastaram os sucessivos atropelos à falta de transparência aos mais diversos níveis. O FC Porto acha que ainda não chega.
Há um problema muito sério e muito concreto em tudo isto. E esse problema não se consegue apagar: existem imagens a suportar os factos que dão o FC Porto como beneficiário do maior conjunto de erros de arbitragem que já existiram num campeonato.
Sendo assim, o objectivo é continuar a debitar falsidades, a cada minuto, para criarem um cenário artificial de vitimização. Fraco argumento.
O balanço feito pelos principais observadores e especialistas ao que tem sido este campeonato, do ponto de vista da arbitragem, é revelador do estado a que chegaram as coisas. Até o insuspeito Rui Santos defendia ontem que o FC Porto tem mais 10 (!) pontos do que deveria ter. Não é 1 ponto, nem 3, nem 5: são 10!
O Benfica não mudará o seu comportamento. Denunciará – sempre! - as mentiras, as ameaças e as coações. Não permitirá que as mentiras dos outros, mil vezes repetidas, se transformem em verdade. 
Faltam agora 6 ‘finais’ e continuamos no lugar em que merecemos estar. Fomos competentes, sérios e persistentes na extraordinária recuperação que conseguimos fazer. Chegámos à liderança, de forma limpa, através de uma vitória clara no terreno do nosso principal rival.
A exibição e a vitória no terreno do Feirense não deixam margem para qualquer dúvida: o Benfica quer Muito a Reconquista e tudo fará para que o sonho se transforme em realidade. Com a ajuda dos melhores adeptos do Mundo – fantásticos, uma vez mais, em Santa Maria da Feira – haveremos de lá chegar!

PS: O Benfica fará amanhã a sessão de apresentação das obras de ampliação do Caixa Futebol Campus. Cumpre-se mais uma importante etapa na realização do sonho de todos os benfiquistas: ter a melhor Academia do Mundo e ganhar, definitivamente, o futuro."

Basicamente, é isto !!!


PS: Para ter ficado mais correcta, o título da notícia deveria dizer: Feirense não quer devolver a Mala. Justificou-se que o árbitro devia ter ajudado mais... como outros o fizeram nas jornadas anteriores!!!

Cadomblé do Vata

"1. O FC Porto está no 2° lugar, mas por jogar sempre antes do SL Benfica, em todas as jornadas vai 1 dia ao topo da tabela... o FCP é a mulher da limpeza do 1°lugar.
2. Em 18 jogos com Lage, Seferovic já marcou 14 golos... esqueçam Samaris e Taarabt, o suíço é o verdadeiro Milagre do Bruno.
3. Agora é oficial, o SLB pode ser campeão com Taarabt... será tão desprestigiante para o futebol português, que a UEFA é capaz de nos retirar uma vaga nas competições europeias.
4. Este jogo preocupava-me porque desde pequeno que ouço "quem foi à feira perdeu a cadeira"... afinal não houve drama e foi tudo mais "quem joga na Feira foi de boca na Primeira".
5. Ferro e Tino da B, Seferovic e Félix do fundo do banco, Samaris e Taarabt da lista de dispensas... o 11 titular do Bruno Lage parece saído do caixote das tralhas para reciclar."

O que têm em em comum Seferovic e uma máquina de lavar? (...)

"Vlachodimos
Ao contrário do que tem sido dito nas últimas horas, o golo invalidado ao Feirense não deixa margem para dúvidas. É mais um frango de Vlachodimos. Talvez vos consiga explicar o drama que tem sido se disser que a certa altura dei por mim a googlar "bruno varela recompra".

André Almeida
Um golo que colocou o Benfica em vantagem antes do intervalo, uma assistência sob a forma de cotovelada antes do quarto golo, e um corte preciosíssimo que impediu Taarabt de se estrear a marcar, assim salvando a carteira de todos os que apostaram um jantar no Nunes se o marroquino algum dia marcasse um golo num jogo da equipa principal. Infelizmente, ainda faltam 6 finais e tudo é possível, excepto André Almeida jogar mal.

Rúben Dias
Apesar de mais uma exibição segura, Rúben Dias parece ainda carregar o fardo da responsabilidade. Jogou mais vezes esta época do que todos os outros, ascendeu a capitão de equipa e, no preciso momento em que Luís Filipe Vieira afastava os interessados que nem mosquitos, desatou a cometer erros comprometedores. A habitual rotina de polícia mau passou a polícia péssimo e agora é uma espécie de polícia em reabilitação, à espera que a sociedade volte a confiar em si. Faltam-lhe 8 horas e meia de trabalho comunitário. Veremos como se comporta.

Ferro
Foi há quase 15 anos e já vão perceber. Estávamos em 2006 quando Ricardo Carvalho, então no Chelsea, foi convidado a escolher um tema musical para uma compilação dos campeões. Por entre algumas escolhas toleráveis, muito azeite e Mourinho rendido a uma canção de Bryan Adams, a maior demonstração de bom gosto e requinte, aliás consistente com as suas prestações em campo, viria de Ricardo Carvalho, que sugeriu Fools Gold, de Stone Roses. Ainda hoje, pessoas como eu recordam com emoção um dos momentos mais coerentes da história do futebol mundial. Ninguém imaginava Paulo Ferreira ou Hilário a sugerirem uma canção dos Stone Roses. Agora que começamos a vislumbrar em Ferro um defesa central de igual calibre futebolístico e intelectual, é importante perguntar: que canção irá Ferro escolher para a compilação dos campeões 2018/19? Um clássico ou qualquer coisa contemporânea? Jovial e alegre ou melancólico e circunspecto? Não sabemos ao certo o que a vida nos reserva, só sabemos que aquilo que sai dos pés de Ferro é um antídoto desarmante para um momento especialmente virulento do futebol português. Talvez "I Just Wans't Made For These Times" dos Beach Boys, por exemplo "Movin On Up" dos Primal Scream, porque não "Harmony Hall" de Vampire Weekend, ou porventura "Tender" dos Blur, ouvida comunalmente por dirigentes, futebolistas e adeptos em paz e harmonia à volta da fogueira, não, esperem lá, isso vai acabar com alguém atirado para a fogueira.

Grimaldo
Esta alternância entre críticas aos adeptos e participações fulcrais em vitórias da equipa está muito bem. Seguir-se-á uma exibição pálida e apupada frente ao Eintracht, para logo depois nos brindar com um pontapé fulminante a 30 metros da baliza do Vitória de Setúbal. Isto no fundo é amor, Alejandro.

Florentino
É tão raro ele desarmar um adversário recorrendo à falta que até João Pinheiro e Bruno Paixão acharam impossível que Florentino tivesse pisado João Silva dentro da área. Foi a sorte dele, mas é como se costuma dizer. A sorte conquista-se e Florentino garantiu a sua por via de um cavalheirismo ímpar nas lides do meio campo defensivo, que hoje voltou a fazer vítimas e fãs.

Samaris
É o único futebolista em Portugal que sabe o que a casa gasta. Levou uma fruta e riu-se, como que anuindo. Curiosamente, é também um dos pouquíssimos jogadores da história do Benfica capaz de conjugar o verbo anuir, e o único capaz de o fazer enquanto atropela um adversário com uma subtileza que evitará a admoestação e garantirá, enfim, a tão merecida renovação do contrato.

Pizzi
Se há já alguns meses nos habituámos a ver Bruno Lage pisar o relvado e admirar as bancadas antes dos jogos, o que dizer do topógrafo Pizzi? Tal como os seus colegas de profissão, também ele sofre do estigma vulgarmente conhecido por "lá está mais um destes gajos com uma maquineta a olhar para a rua, é que não percebo mesmo, tirando a filha do padeiro não há nada para ver aqui", mas Pizzi não se amedronta nem deixa que a ignorância da sociedade o impeça de fazer o seu trabalho, permitindo a este país que diariamente pisamos funcionar um pouco melhor, porque felizmente o Benfica ganhou. 

Taarbat
Apesar de esclarecido, grande parte do futebol exibido por Adel Taarabt sofre de um de dois males: por um lado, percebe-se que Adel solta algumas bolas como quem diz "toma lá, se esta merda correr mal que não seja por causa de mim"; por outro, sempre que Adel parece ultrapassar o medo de ser feliz, há algo na sua expressão facial que diz "Tem Calma, Ainda Há 3 Meses Fumavas 2 Maços Por Dia". Deus queira que os pulmões recuperem e o medo se vá todo. Os pés enganam: para lá das trevas de uma vida de curvas e contracurvas, muito para lá, onde vivem os vencidos da vida com um salário de 200 mil brutos mensais, está um jogador de futebol.

João Félix
Vamos fazer assim, João: vou começar a deixar frases a meio em todos os textos ou então limito-me a escrever asneiras sem qualquer espécie de ideia clara. Veremos se a Tribuna continua a requisitar os meus serviços ou se acabo na Dica da Semana.

Seferovic
Mais uma noite de acerto da máquina goleadora que nos deixou apeados em Alvalade. Desengane-se quem acha que a culpa é sua. Foi de todos e agora é seguir em frente. A confiança que sinto quando vejo Seferovic em campo só é comparável à relação que mantenho com a minha máquina de lavar desde que descobri como funciona o temporizador. Até então era a máquina de lavar que contava com a minha colaboração para fazer o seu trabalho, agora sou eu que conto com a máquina de lavar para celebrar o facto insofismável de a minha roupa não cheirar a cavalo.

Jonas
Foi hoje, em plena combinação com Grimaldo no flanco esquerdo, que me apercebi que Jonas não vai durar para sempre e tudo isto é um sonho bonito que se aproxima do final. Fiz o que qualquer criatura senciente faria: apontei para a coxa e chorei baba e ranho abraçado a um apanha-bolas. 

Cervi
Não esperem por mais nada nem ninguém. Aproveitem a vida como se não houvesse amanhã. Comecem já. Não deixem que o destino vos pregue uma partida e acabem a lamentar a vossa sorte. Não demos a felicidade por adquirida. Nunca sabemos quando a vida nos vai trocar as voltas e colocar no lugar do Taarabt num relvado em Santa Maria da Feira aos 81 minutos de jogo.

Gedson
Aquela humilhação de só entrar em campo depois do Cervi. Força miúdo!"

Fora-de-jogo claro...

"É fora de jogo claro, o lance é bem ajuizado e o golo do Feirense é bem anulado. E como nós não nos ficamos apenas por palavras e defendemos a verdade desportiva, fica aqui demonstrado em como a Comunicação Social e o clube do Apito Dourado estão alinhados em manipular as massas e deturpar a verdade. Isto não é nenhum braço, como a cartilha da Santa Aliança já anda a cantar aos 7 ventos.
Infelizmente para eles, nós existimos para desmistificar este tipo de mentiras que tentam espalhar. 
Partilhem esta imagem ao máximo, de forma a impedirem que uma mentira se repita de boca em boca até se tornar em mais uma (in)verdade criada por eles. É a vossa vez, defendam o vosso clube."

O palhaço mais triste do Circo...!!!

"A demonstração clara do sentido de impunidade, da falta de vergonha, da tentativa de manipulação de massas, da intimidação, da deturpação e do escárnio de quem só é possível ter algum tipo de problema cognitivo para escrever semelhante coisa.
Quem escreve isto é o Director de Comunicação de um clube que tem sido Sistematicamente beneficiado ao longo de todos os jogos da Liga Portuguesa e que deveria estar com menos 12 pontos na classificação, se existisse verdade desportiva.
Quem escreve isto é o Director de Comunicação de um clube cuja claque legalizada vai fazer visitas ao centro de treinos dos árbitros, cuja claque legalizada ameaça as famílias dos árbitros, vandaliza os seus negócios e intimida os mesmos com ameaças de violência claras e à vista de todos. Quem escreve isto é o mesmo Director de Comunicação de um clube que se tivesse existido VAR e arbitragens isentas, nem à final da Taça de Portugal e da Taça da Liga teria ido e andava agora a lutar pelo 3º lugar do campeonato.
Esperamos pacientemente pelo castigo aplicado a Francisco J. Marques devido às insinuações e palavras proferidas. Andamos há Meses a assistir a roubo atrás de roubo, semana após semana, sempre em benefício do Futebol Clube do Porto e, misteriosamente, Toda a Comunicação Social camufla, omite e presta vassalagem ao clube nortenho, num cenário digno de Twilight Zone português. Nós estamos cansados, saturados e revoltados com tanta palhaçada escrita/falada e com a falta de noção gritante de tudo isto que se tem passado.
O lugar de indivíduos como este não é no futebol, é no circo.
Em breve compilaremos toda a verdadeira história do campeonato português de 2018/2019 e esperamos que todos vocês partilhem com os vossos colegas. Será um vídeo interessante em que demonstra tudo aquilo que se tem passado."

CD Feirense - SL Benfica

"Jogo contra o último classificado, praticamente condenado à descida e a precisar de pontos. Benfica voltou a entrar bem, mas o Feirense foi criando perigo no contra-ataque. O Feirense acabaria por marcar primeiro e a equipa tremeu um pouco, mas deu a volta ainda antes do intervalo. Segunda parte serviu para matar o jogo e gerir. 1-4. Estamos de volta ao primeiro lugar. Umas notas sobre o jogo.
1. Pizzi. Um jogo algo apagado, Vítor Bruno não lhe facilitou a vida, mas é Pizzi que acaba por virar o jogo. O penalty é discutível. Pizzi é claramente tocado, sem dúvida, mas depois parece que se aproveita um pouco. No entanto, a verdade é que jogadas semelhantes têm sido assinaladas para o Porto. Logo, diria que foi um penalty à Porto. As regras têm que ser iguais para todos os clubes.
2. Haris Seferovic. Voltou a ter 3/4 oportunidades e concretizou duas. Seferovic neste momento tem mais golos na Liga que o Feirense. Primeiro aproveita um desentendimento do central com o guarda-redes do Feirense. O guarda-redes sai da baliza, o central cabeceia, a bola sobra para Seferovic que faz um chapéu a roda a defesa do Feirense. A seguir marca de cabeça na sequência de um cruzamento de Grimaldo.
3. Alex Grimaldo. Muito interventivo o jogo todo. A maioria dos nossos ataques acabam por surgir sempre do lado esquerdo. Foi o melhor em campo, apesar de para os números grandes acaba o jogo com "apenas" uma assistência.
4. Adel Taarabt. A titularidade não surpreendeu, o que surpreendeu foi ter jogado na ala. Antes do golo do empate, é ele que cria a melhor oportunidade do Benfica. Uma penetração onde passa por vários jogadores do Feirense mas o remate saiu frouxo. Teve mais 2/3 boas arrancadas. Faltou uma finalização melhor.
5. Ferro. Imperial outra vez. Está num momento de forma irrepreensível. Hoje voltou a juntar alguns cortes fundamentais.
6. Odysseas Vlachodimos. Já nos salvou de boa, mas desde do jogo com o Belenenses que treme em tudo o que é cruzamentos. No golo não lhe atribuo a culpa. André Almeida tem que acompanhar o adversário. Mas no resto do jogo, tem várias abordagens assustadoras. Uma vez antes do golo, em que sai da baliza para um balão, não agarra e o jogador do Feirense cabeceia a bola para as malhas superiores da baliza, e outra na jogada do golo anulado. Não é a primeira vez. O Feirense de resto sempre que tinha um canto cruzava para perto da baliza a tentar aproveitar estes momentos do Vlachodimos. As equipas vão continuar a tentar aproveitar estas fragilidades do grego.
7. Arbitragem. Os nossos adversários estão habituados a que o árbitro nos prejudique. Hoje não favoreceu, mas também não prejudicou. E como tal, vai correr tinta a semana toda. Há três lances discutíveis. O primeiro é o golo anulado por fora de jogo. Nas imagens não é possível ver se é ou não fora de jogo. Nestas situações prevalece a decisão do fiscal de linha. Ao contrário do golo de Seferovic na Taça da Liga este fiscal de linha está bem posicionado. Nada a dizer. No penalty sobre Pizzi, eu não assinalava, mas as regras são iguais para todos os clubes e este penalty está em acordo com os últimos penalties que têm sido assinalados no Dragão. Há ainda queixas de um penalty sobre João Silva por pisão de Florentino. Mais uma vez as imagens não me parecem óbvias, no entanto é outra jogada onde o avançado parece aproveitar-se.
Também gostei da exibição do Samaris e do Florentino, num jogo complicado, dada a chuva é difícil fazer melhor, particularmente para os médios centros. O Benfica acaba por ultrapassar este jogo com um resultado melhor que a exibição. O Feirense tem jogadores de grande qualidade que não vão ter falta de ofertas: Vítor Bruno, Sturgeon, João Silva ou Ali Ghazal. Uma série de lesões meteram-nos na posição onde estão. De qualquer maneira, o Benfica tem que jogar mais. A jogar assim, tão permissivos, hoje não teríamos passado em Braga ou em Vila do Conde."

Desporto no contexto escolar - O contributo da Real Casa Pia de Lisboa no seu desenvolvimento

"Criada a Real Casa Pia de Lisboa, no reinado de D. Maria I (1734-1816), no contexto dos problemas sociais decorrentes do terramoto de 1755 que devastou a cidade de Lisboa, foi assim fundada a Real Casa Pia de Lisboa por iniciativa do Intendente da Polícia da Corte e do Reino, Diogo Inácio de Pina Manique (1733-1805), com a sua inauguração no dia 3 de Julho de 1780 e efectiva abertura em 29 de Outubro desse mesmo ano, provisoriamente no Castelo de S. Jorge.
A instituição de ajuda social recebia crianças, órfãs e abandonadas, além de mendigos e prostitutas, em sectores diferenciados.
A prática de exercícios físicos e da ginástica vem desde esses tempos que logo após a sua fundação, o Atlético Clube atingiu grande notoriedade no panorama desportivo nacional tendo dado uma valiosa contribuição para a história do Desporto em Portugal.
A prática de Desporto na Casa Pia desempenhava nos alunos um papel altamente motivador. Era vivido sempre com muita alegria, era um alfobre de atletas e uma escola perfeita de iniciação para qualquer modalidade desportiva.
Em 1781 o artigo XV do primeiro Regulamento para o estudo do Colégio da Real Casa Pia de Lisboa, mencionava que “o Recreio fosse o mais activo e mais livre que a conservação dos alunos e a decência o permitissem”, frase da autoria de José Anastácio da Cunha.
No ano seguinte já se podia afirmar que a Educação Física começou a ser ministrada de modo sistemático na Instituição não militar, com a introdução dos Cursos de Artilharia e Fortificação no Colégio de S. Lucas.
A ideia de implementação de ginástica e Educação Física era já antiga atendendo que os alunos tinham alguma preparação física, na base de exercícios de força, destreza, marcha, corrida, saltos e de trepar, assim como exercícios de aplicação, tais como a esgrima, o tiro e a equitação. Passados alguns anos os seus alunos foram integrados como oficiais no exército.
Com o título “Sumário dos Preceitos mais importantes concernentes à educação das crianças, às diferentes profissões e ofícios” aparece em 1787 o primeiro livro tratando a Educação Física, que estipula no Artigo V: “Os homens não podem gozar de perfeita saúde sem exercício”; “o exercício é o primeiro mantimento da saúde”; “não se confranjam as crianças a estarem sentadas” e “cumpre que as crianças andem sempre limpas”. O seu autor é o insigne professor da Casa Pia, Manuel Joaquim Henriques de Paiva, Director da Farmácia da Real Casa Pia do Castelo e seu Professor de Química.
O “Tratado da Educação Physica dos Meninos para uso da Nação Portugueza” - Primeira obra conhecida em Portugal sobre Educação Física no ano de 1791, foi da autoria do médico Francisco de José de Almeida (1756-1844) da Officina da Academia Real das Sciencias.
No período de 1790-1807, os alunos estavam sujeitos a uma intensa preparação física, no âmbito do curso militar de “Fortificações e Artilharia” e é precisamente no ano de 1807 que a Casa Pia abandona o Castelo de S. Jorge atendendo que o exército francês comandado por Junot tinha invadido o castelo. Portugal esteve ocupado pelos exércitos franceses (1807-1810) e grande parte dos arquivos foram perdidos.
Foi reaberta a Casa Pia em 31 de Agosto de 1811, no antigo Convento dos Bernardos (Ordem de Cister), no Desterro. A actividade física dos internados na Casa Pia limitava-se à ocupação dos recreios com jogos e brincadeiras de ocasião, sem qualquer espécie de organização pedagógica conhecida e à preparação militar. No ano seguinte deu-se a abertura oficial da Casa Pia de Lisboa na data do aniversário do príncipe regente D. João VI.
No ano de 1820 a Academia Real das Ciências foi encarregue de fazer uma inspecção à Casa Pia e elaborar o respectivo relatório. A sugestão final apresentada pela Academia foi no sentido de se ensaiar, na Casa Pia do Desterro, uma Escola Nacional de Educação Física ideia que viria a ficar sem efeito.
De 1821 a 1825 não existe qualquer documentação respeitante a este período sobre o contexto desportivo na instituição Casa Pia, para no período de 1826 a 1832 os professores de Preparação Física serem sargentos do exército.
A transferência da Casa Pia, do Convento do Desterro para o Convento dos Jerónimos deu-se no ano de 1833 sendo o recreio dos alunos no Claustro dos Jerónimos. Foram realizadas as primeiras tentativas no sentido de introduzir o ensino da ginástica nos programas escolares adoptados.
O Rei D. Pedro IV no ano de 1834, tendo notado o fraco aspecto físico e pouca higiene dos seus alunos resolveu introduzir o ensino da ginástica com o objectivo de melhorar o aspecto físico dos educandos da Casa Pia chamando a Lisboa um discípulo do coronel francês Amoros (1770-1848), cujo nome é desconhecido, para estabelecer uma Escola Nacional de Ginástica.
O espaço a que os alunos chamavam “largo” era um dos recreios ao ar livre. A sua área contava aproximadamente 80x50 metros sendo o local onde se recreavam com vários jogos além do futebol, com o jogo dos berlindes, a bilharda, cavalhadas e tantos outros arranjados de ocasião.
Deu-se então em 1835 o princípio de obrigatoriedade do Ensino Primário e desde este ano até 1837 o professor de Educação Física foi Darras, artista de circo chegado a Portugal em 1835, o qual dava as suas aulas gratuitamente, mas teve pouca duração.
No ano de 1836 apareceu o primeiro livro de Educação Física escrito pelo médico Guilherme Centai. No século XIX a Educação Física e particularmente a ginástica era um domínio defendido pelo saber dos médicos.
Passados dois anos foi introduzida a ginástica no currículo da Casa Pia de Belém, ministrada pelo professor António Hermano Roeder chegado expressamente de França.
Oficialmente foi o primeiro professor de ginástica na Casa Pia e a Real Casa Pia de Lisboa torna-se a primeira instituição portuguesa a ensinar a ginástica como matéria escolar.
António Hermano Roeder é nomeado e contratado oficialmente, pela primeira vez, como professor de Educação Física entre 1838 e 1855 tendo como objectivo principal da sua actividade, o leccionamento de exercícios gímnicos e de esgrima. Esta disciplina passou a fazer parte do programa de estudos, atendendo que a Casa Pia foi o primeiro estabelecimento português a ensinar ginástica como matéria escolar.
O futebol na Grã-Bretanha, desde o ano de 1850 até 1860, passa das escolas para os clubes e é criada a Football Association.
O período entre 1856 e 1888, foi caracterizado não só pela preocupação da higiene, no seu mais amplo sentido, como de tornar a ginástica não como um meio de espectáculo acrobático, mas como disciplina escolar da máxima importância. Deu-se início às primeiras tentativas do ensino da natação.
Em 1858 foi instalado um novo Ginásio na cerca da instituição e contratado um novo professor francês, Delaunay para o ensino de novas aulas de ginástica.
Também em 1859 foi instituído mais um ginásio e quatro anos depois construíram-se campos de jogos para recreio e exercícios ao ar livre.
O Mestre Jean Roger das Escolas Normais de Paris (San’t-cir) é contratado em 1860 como professor de ginástica da Casa Pia, remodelando profundamente o ensino da ginástica, procedendo ao apetrechamento do ginásio, com novos aparelhos. Introduz também a selecção criteriosa dos alunos pelas várias classes, tendo em atenção as suas idades e capacidades físicas. Consegue que a ginástica passe a fazer parte das disciplinas de avaliação nos exames trimestrais.
No ano de 1862 são instalados novos aparelhos de ginástica e é neste ano que o desporto ganha o seu maior impulso no seio da Real Casa Pia de Lisboa.
O exemplo da Casa Pia frutifica, salta os muros da cerca de Belém e outras escolas começam em 1865 a incluir também a “ginástica” nos seus programas escolares. Foi o caso do Colégio Militar, que tinha sido fundado em 1803 em Oeiras.
O francês Jean Roger vem para professor da Casa Pia de Lisboa em 1866 e em 1870 é criado em Portugal pela primeira vez um Ministério da Instrução Pública especializado para a Educação.
Com um grande movimento de propaganda pela prática da ginástica, é fundado por Luís Monteiro (1843-1906) em 18 de Março de 1875, o Real Gymnásio Club Portuguêz, num pequeno palacete na Carreirinha do Socorro em Lisboa. O grupo inicial era composto por 24 amigos de Luís Monteiro, todos rapazes e amantes dos exercícios de força e dos perigos da ginástica acrobática.
Em 1877, foi construído na Casa Pia um espaçoso barracão para nele instalar o primeiro Ginásio que há conhecimento em Portugal, já com alguns aparelhos necessários para o ensino e a dar aulas de desporto regulamentado, aproveitando os largos espaços no Mosteiro dos Jerónimos, na Cerca dos Frades, num quadrado nas traseiras do referido Mosteiro dos Jerónimos, hoje biblioteca do Museu de Marinha.
Augusto Filipe Simões em 1879 escreve o livro de “Educação Phisica”, da Livraria Ferreira, em Lisboa.
Guilherme Pinto Basto trouxe para Portugal em 1884 a primeira bola de futebol, como recordação de estudante e praticante desportivo em Inglaterra.
No dia 17 de Maio de 1885 a Casa Pia recebe medalhas de prata e diploma de honra pela notável exibição de ginástica dos seus alunos das escolas municipais no primeiro concurso público de ginástica, promovido pelo Real Ginásio Clube Português realizado no Hipódromo de Belém, juntando cerca de 400 rapazes entre os 10 e os 15 anos, dos principais colégios particulares, das melhores escolas de Lisboa: Batalhão Municipal, Bombeiros Voluntários, da Corporação Voluntária de Ambulâncias, do Asilo Municipal, da Escola Académica, do Colégio Vilar, do Colégio Inglês, da Escola Nacional, do Club de Gimnástico de Lisboa e o clube organizador, Gymnásio Club Portuguêz.
A 11 de Abril de 1887, o provedor Carlos Maria Eugénio de Almeida apresentou a demissão do seu cargo tendo deixado uma obra muito positiva no campo da Educação Física e através da publicação do “Programa da Aula de Ginástica”, um valioso contributo para a caracterização do ensino da ginástica no nosso País.
O futebol é ensaiado em Portugal num Domingo de Outubro do ano de 1888 com um encontro da iniciativa dos irmãos Pinto Basto, Eduardo, Frederico e Guilherme. Cascais é considerado o palco da primeira exibição de futebol do País, nos terrenos do Real Clube da Parada, junto ao actual Museu do Mar Rei D. Carlos.
Anteriormente, em 1875, no Largo da Achada da freguesia da Camacha na Ilha da Madeira, realizou-se também um jogo de futebol, tendo em 1896 nascido na Casa Pia de Lisboa o gosto pela actividade desportiva de um modo geral e pelo futebol em particular."

Entrem num centro de prática (dojo) de Karaté

"Façam-me um favor. Entrem num centro de prática (dojo) de karaté. Verão os praticantes (karatecas) vestidos com um denominado kimono branco, do qual faz parte um cinto que distingue os praticantes por graduações (kyus, do branco até ao castanho; dans, a partir do cinto negro). O mestre, designado por “sensei”, ou o mais graduado na sua ausência, normalmente cinto negro, é quem dá a aula que se inicia e termina por rituais próprios de saudação. É ele que dá as vozes e ordens de comando do treino. Algumas caracterizam-se por serem em japonês: contagem, nomes das técnicas de defesa e de ataque, movimentos corporais, etc. É ele que decide quando e o momento de ir mais além no treino. As aulas (dois ou três dias por semana) têm, normalmente, uma duração de uma hora e meia. Os treinos seguem um clima de ordem (alinhamento por ordem de graduações e tempo de prática) e de respeito (silêncio, obediência). O mestre corrige a execução dos alunos (feedback positivo ou negativo), exemplificando quando acha necessário (modelo a ser interiorizado). De vez em quando, e à sua ordem, os alunos executam um grito, chamado de kiai. O treino decorre com um aquecimento muscular (designado de taisô) e depois com técnicas de defesa e de ataque isoladas (kihon), ou com um ou mais parceiros (kumité), com movimentos pré-estabelecidos. Também é dada ênfase aos katas (conjunto ordenado e codificado de acções técnico-tácticas de combate, executadas de forma encadeada sem oposição), de dificuldades inegáveis, que caracterizam as “escolas”, normalmente referidas como estilos (ryu) - Shotokai, Shotokan, Wado-Ryu (estilos japoneses), Gojo-Ryu e Shito-Ryu (okinawenses). Os estilos (escolas) pertencem a organizações geralmente tituladas de associações, e estas costumam denominar-se como membros de associações ou até federações nacionais, que se agrupam em internacionais.
Todos estes aspectos exteriores são apresentados como caracterizadores do karaté, aparecendo tal significantes em competições desportivas, estágios de mestres nacionais e estrangeiros, aulas e treinos, filmes, etc. Do ponto de vista sociológico, o karaté moderno, fora da sua instrumentalização militar e policial, integra-se num processo civilizacional, em que a violência se transforma em convenções controladas, como diria o sociólogo alemão Norbert Elias. É veiculado por práticas convencionais, mas expresso através de discursos e símbolos adaptados do Japão para o Ocidente. O karaté constitui, assim, uma linguagem própria e possui uma cultura identitária, partilhando sentimentos de pertença e possui significados estruturadores, concepções de vida e de normas de conduta.
No caso concreto das artes de combate dual, onde o karaté se insere, podemos verificar diferentes usos sociais: desportivos (internacionalização das competições); profissionais (actividade remunerada); integração social (populações consideradas de risco); higienistas (desenvolvimento pessoal ou profissional); segurança (preparação militar, forças de segurança); artísticos (estilos corporais ou de vestuário); gestão/administração (incorporação de preceitos/ensinamentos estratégicos oriundos das “filosofias” marciais e do extremo oriente nos manuais de gestão e de economia); turísticos (visitas aos locais de Shaolin na China ou da Aikikai em Tóquio, entre outros). A noção de uso social, amplamente referida nos trabalhos da Sociologia da Cultura e da Sociologia do Desporto, visa sublinhar que um elemento cultural, qualquer que ele seja, presta-se a usos diferenciados segundo os grupos sociais que o adoptam. Isto sublinha igualmente que uma prática não é efectuada por si mesma, mas que está muitas vezes associada a um objectivo, mais ou menos definido, que visa justificar o tempo, a energia e os meios que lhe consagramos. Falar de uma pluralidade de usos sociais para as actividades físicas e desportivas, sugere que os objectivos e as justificações variam segundo os contextos, os actores em presença e os motivos/compromissos do momento. Bem entendido, estes usos sociais raramente existem no seu estado “puro”. Cada contexto concreto pode cruzar-se e misturar-se com vários outros, criando várias nuances.
Apesar da importância do karaté ser reconhecida internacionalmente, esta modalidade tem sido considerada como um objecto sem dignificação própria das investigações académicas. Rareiam os estudos que tomam esta modalidade como objecto parcial ou integral de análise. Para além dos estudos serem poucos, os dados oficiais estatísticos são confusos e muito incoerentes. Em nosso entender, a escassez de publicações com informação e dados que ajudem a compreender esta modalidade desportiva-marcial é uma das fragilidades mais significativas.
Como me disse um dia o meu amigo João Boaventura, que se encontra em Oriente Eterno, as práticas desportivas constituem um permanente desafio à prática científica. Investigadores e estudiosos, façam-me um favor: entrem num centro de prática."