sexta-feira, 29 de março de 2019

"FC Porto exerce uma forma anticultural daquilo que é o futebol"

"O antigo jogador do Benfica, José Augusto, esteve ontem no Estádio da Luz para a apresentação do livro '115 anos Gloriosos', e aproveitou para demonstrar o seu desagrado com tudo o que tem sido dito nos últimos tempos sobre o seu clube do coração.
Em declarações à margem do evento, o antigo extremo português não poupou críticas à estrutura do FC Porto e apontou o dedo aos responsáveis do clube portista pela forma como têm encarado o desporto em Portugal.
"Todos os campeonatos têm a sua história e este tem uma muito especial, pois alguém quer derrubar o Benfica. Mas não conseguem porque o clube é muito grande. Usa-se todos os meios para se criar uma desmotivação não só nos directores, mas na massa associativa. Estamos habituados a essas situações e vamos ganhar o campeonato com todo o mérito", começou por dizer José Augusto.
"Quem está a desestabilizar? Os elementos que compõem o FC Porto, que tem usado e abusado mas vão pagar por isso", acrescentou o antigo internacional português.
"É uma pena pois o Benfica e o FC Porto, nos meus tempos, davam-se muito bem e agora não é tanto assim. O FC Porto é um clube que eu considero, mas não pela forma como agora tem sido gerido publicamente. No meu tempo, não era o clube que é hoje. Não ganham e querem ganhar e, nesta fase em que estamos em igualdade de pontos, voltaram novamente ao ataque. Mas é um ataque desmobilizador para eles, não para nós. Também querem ganhar o campeonato e exercem uma forma anticultural daquilo que é o futebol. Lamento profundamente que o futebol português descambe para esta situação", sentenciou José Augusto."

Festejos do título em 1973, a cores



"O Benfica inicia amanhã a primeira de oito finais rumo ao 37º Campeonato. Seja em que ocasião ou ano for, o Benfica ser Campeão é sempre o objectivo desejado por todos os Benfiquistas. É a tarde/noite em que o Universo se alinha e tudo faz sentido. Arrisco-me a dizer que não há na língua Portuguesa expressão mais bonita que essa: "Benfica Campeão".
No vídeo poderão ver um excerto do excelente documentário "Eusébio - A Pantera Negra" com imagens raras e a cores do festejo na Luz de mais um título no início dos anos 70. Eram os tempos de Eusébio, de Jimmy Hagan, de um estádio mítico ainda com o 3º anel por fechar. E que só poderia terminar com a eterna invasão de campo por parte do público, uma tradição que se perdeu na mudança de estádio e neste futebol moderno que não consente tal gesto ao povo.
Carrega Benfica, rumo a mais uma festa de Campeão!"

32 torneios coroam 32 campeões em 2019

"Um fenómeno único, pelo menos nos últimos 29 anos, mas com fortes probabilidades de ser um recorde na história do ténis profissional, leva-me a interromper a trilogia de artigos dedicados à cerrada luta de bastidores pelo domínio político da modalidade.
Segundo a WTA, fundada em 1973, esta época de 2019 marca «a primeira vez na história (do circuito profissional feminino) que os primeiros 13 títulos do ano foram conquistados por 13 jogadoras diferentes».
E no circuito profissional masculino? Embora a ATP tenha sido fundada em 1972, os seus dados estatísticos referem-se a 1990, o ano de nascimento do actual ATP Tour, mas também são arrasadores: «um recorde de mais torneios (consecutivos) diferentes (19) com 19 campeões diversos para iniciar uma época, isto desde 1990».
Se este fenómeno num dos circuitos já seria estranho, nos dois em simultâneo é inédito.
Em 32 torneios disputados este ano nas primeiras divisões do ténis houve 32 vencedores distintos! Veremos se o supertorneio de Miami (Masters 1000 ATP e Premier Mandatory WTA) irá quebrar esta tendência.
Esta raridade é mais inesperada no circuito masculino do que no feminino. Afinal, se olharmos apenas para os principais títulos, os do Grand Slam, constatamos que os últimos nove, isto é, todos os de 2017 e 2018 e o primeiro de 2019, foram sempre parar às mãos de Roger Federer, Rafael Nadal ou Novak Djokovic.
Pelo contrário, no circuito feminino, como várias vezes escrevi aqui, no mesmo período de tempo, produziu-se outra singularidade, ao conhecermos oito campeãs diferentes nos oito Majors de 2017 e 2018, algo que sucedeu apenas pela segunda vez na história da modalidade.
No último ano fui dando conta de como me parecia que os monstros sagrados do ténis mundial masculino continuavam a deter o poder com um punho de ferro, sobretudo nos eventos mais mediáticos, enquanto na vertente feminina parecia-me que o circuito estava órfão de uma dominadora, desde que Serena Williams parou de jogar entre Janeiro de 2017 e Março de 2018, por ter sido mãe, com várias complicações de saúde pós parto.
O súbito surgimento de Naomi Osaka, que venceu dois Majors seguidos, no US Open de 2018 e no Open da Austrália de 2019, parecia indicar o fim dessa orfandade mas, afinal, vivemos um ano em que ninguém é capaz de somar dois títulos.
A conclusão evidente é que as novas gerações estão finalmente a singrar ao mais alto nível. Não é por acaso que a WTA diz que das 13 campeãs de 2019, nove têm 24 anos ou menos. No ATP Tour, dos 19 campeões, oito têm 25 anos ou menos."

Arguidos...!!!

"Bom dia.
Como sempre, teremos de ser nós a fazer o trabalho de casa que determinados meios da comunicação social se recusam a fazer.
De seguida, vamos divulgar alguns dos envolvidos na teia do cibercrime que teve como único objectivo destruir a imagem e a credibilidade do Sport Lisboa e Benfica.
Todas as seguintes pessoas são arguidas em processos distintos que estão a decorrer na justiça, mas que confluem para o mesmo processo chave. Apontem os nomes, pois todas estas pessoas são arguidas nos mais variados crimes, entre os quais roubo, manipulação e violação de correspondência privada, entre muitos outros.
Sem mais demoras, aqui vai:
- Aníbal Pinto;
- Rui Pinto;
- José Américo Amorim;
- Pinto da Costa;
- Reinaldo Teles;
- Adelino Caldeira;
- Rui Vieira e Sá;
- Fernando Gomes;
- Francisco J. Marques.
A teia está a ser desmontada, as peças do puzzle estão finalmente a ser encaixadas e o padrão começa, finalmente, a ficar claro para todos. Enquanto existirmos, o tempo do apito dourado acabou e não permitiremos que volte mais. Acabou a manipulação de informação, acabou o constante clima de coação e ameaças, acabou a manipulação de massas e acabou a desinformação e calúnias.
Podem ter a certeza que de onde esta e outras informações vieram, muitas mais chegarão e serão divulgadas em tempo oportuno. A palhaçada que tem reinado no futebol português acabou."

Cadomblé do Vata (trapalhadas!)

"1. Bruno Fernandes já está cansado de tanto treinar nestas duas semanas, mas continuamos a ser bombardeados com notícias que o colocam em dúvida para Chaves e SLB... por favor, alguém explique a esta gente que o Dia Mundial do Teatro foi na quarta feira e só durou 24 horas.
2. O advogado do Hacker do Sporting foi considerado arguido no caso da Doyen… só não percebi se foi por “extorsão de 1 milhão” ou se por “degustação de 1 melão”.
3. António Fiúsa regressou para dizer que “Proença é um banana”… infelizmente para o ex. Presidente gilista, se for processado pelo Presidente da Liga, não se vai poder escudar numa posição de whistleblower, porque a informação que ele tornou pública, já era do conhecimento de todos.
4. O SLBenfica anunciou lotação esgotada para o jogo contra o Tondela, mas apesar disso, ainda há bilhetes, porque alguns vão ser vendidos 2 vezes… a força da Nação Gloriosa vê-se nestes pormenores: não só levamos a equipa ao colinho dos adeptos, como vemos os jogos ao colinho dos adeptos.
5. Diz o Record hoje, que “Bruno Lage mandou os jogadores do SL Benfica atacar o pé direito de Pepe”… só não refere é que como retaliação, Pepe esteve 90 minutos a mandar o pé direito atacar os jogadores do SL Benfica."

Mais um arguido...

"Veja-se bem a teia criada pelo #fcporto nos crimes e na comunicação social( para não falar na PJ, Ministerio Publico etc) O hacker Rui Pinto teve como advogado, Aníbal Pinto, ao qual hoje foi constituído arguído por alegadamente estar envolvido na tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.
Na base da acusação está a tentativa de extorsão à Doyen Sports em 2015, na qual Rui Pinto terá pedido um milhão de euros ao fundo maltês como compensação para não divulgar os segredos que teria em sua posse.
Então , e apesar de estar ainda como arguído, é fácil compreender a teia montada pelo porto. Rui Pinto, pratica vários crimes em que pelo menos um pode ter o Aníbal Pinto envolvido, que por sua vez assumiu a defesa do Hacker e que como "pagamento", o fcporto manda-o para a #cmtv limpar a imagem do hacker e em sua defesa, para que o Rui Pinto e o Aníbal Pinto se mantenham calados sobre esses crimes.
Teremos os superdragões um dia destes também com faixas a pedir a libertação do Aníbal Pinto, a mando do presidente do porto?
Acredito que sim, como também acredito que a comunicação social vai achar que nada está ligado. Nunca nada está ligado quando se trata do porto... afinal de contas existem vários Anibeis em vários canais."

O rol...

A nebulosa do futebol

"Não há mal que o futebol seja um negócio multifacetado. O mal está em toda a mancha negra que o rodeia. Porque como negócio também ele obedece às mesmas regras da economia, do trabalho e da fiscalidade.

Em Portugal, como em muitos outros países da Europa à Asia ou Austrália, o futebol é desporto de eleição e polo de interesse generalizado. Entre conversas de café e programas de TV sem fim, as audiências capitalizam e as vendas de jornais desportivos esmagam as tiragens.
O futebol não deixa ninguém indiferente. Durante anos servindo de anestia de regime, mais recentemente como montra de orgulho nacional ostentando os novos heróis, de Eusébio a Figo e símbolo máximo actual, Cristiano Ronaldo.
A modalidade evoluiu de uma forma estonteante, deixando de ser um mero desporto para passar a indústria que movimenta muitos milhões de euros e, por consequência, centro de múltiplos interesses.
Benfiquista, adepto e sócio, não é sobre o futebol clubístico que pretendo reflectir. Antes fazendo parte da enorme massa humana que aprecia a modalidade e vê no futebol uma actividade vibrante, que nos transporta para um espaço mais emocional onde o adulto vira criança, onde as paixões despertas ultrapassam o racional e o espectáculo nos convoca para uma adesão sem limites.
Na estrita medida em que o futebol desliza para o negócio, onde o debate público à sua volta perde o simples gozo para se emaranhar numa teia profunda e sem nexo. Isto faz-nos temer pelo futuro, pois a cada escalada de afirmações excêntricas a credibilidade diminui.
Nas últimas semanas, o ruído tem crescido e já não é o jogo psicológico do embate de fim de semana, com meras motivações clubísticas. Nem tão-pouco a denúncia do Football Leaks sobre o sistema ou ainda os ataques aos sistemas informáticos dos clubes e das federações.
Entrámos numa espiral de ataques e contra-ataques, onde a credibilidade e o respeito mútuo entre os protagonistas já não existem. Os jornais enchem-se de parangonas, entre atacados e respectivas reacções. A dimensão da situação ultrapassou em muito o âmbito desportivo para despertar nas malhas e no limite da legalidade.
Não esquecemos as acusações no âmbito internacional na FIFA e na atribuição da organização de campeonatos à escala mundial. Não esqueçamos as notícias de outras ligas e divisões. Insultos, ameaças verbais e físicas, corrupção e fraude num conjunto de insinuações que corroem a nobreza do, antes chamado, Desporto-Rei.
Ninguém fica imune às notícias, nem ninguém deve ficar impune perante os factos. Enquanto uns proclamam a defesa do sistema, outros apresentam-se como arautos da legalidade. No intervalo, uns incendeiam a situação e outros alimentam-se dela.
Não é razoável deixar crescer a dúvida na opinião pública. E os agentes do sector devem estar atentos a este fenómeno, a começar pela federação e liga. Mais ainda, o Governo não pode ignorar que a situação contamina o desporto nacional. E as autoridades judiciais de investigação devem ser claras na sua atitude de combate aos factos que integrem o tipo de crime. Ninguém pode assistir da bancada a este derrapar de situação.
Ninguém pode ignorar as graves acusações, como as da eurodeputada Ana Gomes. Mas, se as mesmas foram proferidas de forma gratuita, deve ficar claro que ninguém se pode esconder por detrás de uma condição de imunidade.
Os verdadeiros protagonistas do futebol devem ter presente que este manto nebuloso lançado sobre a modalidade, não é folclore ou música, constitui um primeiro passo para destruir os seus próprios negócios de futebol. Não há mal que o futebol seja um negócio multifacetado. O mal está em toda a mancha negra que o rodeia. Porque como negócio também ele obedece às mesmas regras da economia, do trabalho e da fiscalidade, além de todos os tipos de crime que por vezes se deixa florescer."

Maradona, Messi e só depois Cristiano

"O pelotão de fuzilamento do Cristianismo pode destroçar. Pousem as armas ainda quentes, os tiros anteriores ainda a ferver, os puuuuumm puuuuuummm puuuuuuum a protestar as inclemências passadas.
Isto não é um muro das lamentações, isto é um altar de paz. Mas aqui, no meu cantinho das palavras, só há lugar para a adoração a dois deuses.
Para que fique bem claro: sou um profundo admirador do melhor futebolista europeu de todos os tempos. Cristiano Ronaldo, uma máquina mortífera, um leão do golo, um monstro de músculos e potência, um engenho completo, cabeça, pé direito quase sempre e pé esquerdo também.
Um génio, um craque, mas um Homem.
Daí o título: D10S Maradona, Leo Messi e só depois Cristiano.
Maradona e Messi são a rua, escreveu um dia Jorge Valdano, mestre das balizas e das Letras. Cristiano é o ginásio, o suor, a casa da maquinaria, concluiu o argentino.
O tema eterniza-se, e se Cristiano faz um poker ou uma bicicleta louca em Turim, logo a sua entourage de seguidores esmaga a santidade de Messi. Banaliza a arte celestial de um pé esquerdo capaz de escrever, desenhar, declamar poesia e recriar o tecto da Capela Sistina.
Risco a estatística, quero lá saber dos quilómetros percorridos ou das pulsações em descanso. O que aqui me traz é o prazer. O sentar-me em frente à televisão, a cerveja fresca a embalar, os olhos embasbacados pelo drible, pela linha de passe impossível, pelo arco sem flecha a cair na baliza do Betis.
O prazer que Maradona me deu em 86, o prazer que Messi me dá há 15 anos. Não um prazer em esforço, mas um prazer instintivo, de sorrisos mordazes e a cabeça a perder-se de amores.
Não tenho melhores argumentos para esta discussão, quase sempre estúpida. Vivemos e usufruímos de dois génios, Leo e Cristiano, e é normal que para uns haja mais Messi e para outros mais Ronaldo. 
O nacionalismo trôpego não me atrapalha as palavras, não me vincula a nada. A admiração por Messi, como por Maradona, é uma Torre de Babel de nacionalidades, é todo o mundo encavalitado para ver só mais um bocadinho.
Portugal tem muito a agradecer a Cristiano, o terceiro melhor de todos os tempos. Arranjem um lugar para mim nesse coro de admiradores, gargantas roucas e o peito a bater de orgulho. Sim senhor, adoro Cristiano Ronaldo.
Mas Maradona… mas Messi… é outra coisa. Não é só adoração, é mais, bem mais. É a certeza de que há algo de sobrenatural naqueles movimentos, algo de miraculoso e comovente.
Maradona e Messi são a magia quase infantil da Disney, o Bem caricaturado num campo de futebol. 
Cristiano é o poder da Marvel, o super-herói de capa e fato de licra, o vigilante do futebol lusitano.
E eu sempre gostei mais do Pato Donald e do Mickey do que do Capitão América."

Os guarda-redes da I Liga

"Muito se tem discutido – e publicado – sobre as dificuldades com que Fernando Santos se debate para escolher os jogadores para a selecção nacional. Durante muitos anos foram os pontas de lança, até há pouco tempo foram os laterais e ainda perdura o deficit de centrais.
Se olharmos para as convocatórias vemos que a esmagadora maioria dos jogadores chamados para aquelas posições actuam no estrangeiro, para onde muitos deles emigraram em fases precoces das suas carreiras.
O que nos transporta para os campeonatos internos, nomeadamente a I Liga, onde os lugares-chave de muitas equipas (incluindo as que lutam pelo título) são preenchidos por não nacionais, muitas vezes contratados a peso de ouro e tirando o lugar a jovens promessas que nada lhes ficam a dever em termos de qualidade.
Ainda não falámos de guarda-redes, mas é precisamente um dos temas que mais nos preocupam. A selecção está bem servida, com os maiores a actuarem no estrangeiro: Rui Patrício, Beto, Anthony Lopes, José Sá, Bruno Varela e até Eduardo, que já deixou de ser chamado.
Por cá apenas dois internacionais, mas com pouco traquejo nessas andanças, Cláudio Ramos (Tondela) e Marafona (suplente no Braga depois da grave lesão que sofreu). Elencámos os guarda-redes mais utilizados na I Liga, titulares ou suplentes mais utilizados (ou com banco cativo) e chegámos a números assustadores.
Dos 56 nessas condições nas 18 equipas encontramos 10 nacionalidades diferentes: brasileiros, franceses, espanhóis, belgas, gregos, russos, sérvios, iranianos, camaroneses, nigerianos e, naturalmente, portugueses. Isso até nem seria grande problema, mas acontece que 22 são brasileiros e apenas 20 portugueses...
Quanto à titularidade, a maioria das equipas tem brasileiros (10): Sporting (Renan Ribeiro), V. Guimarães (Douglas), Sp. Braga (Matheus, há muito lesionado), Marítimo (Charles), Rio Ave (Leo Jardim), Boavista (Helton Leite), Belenenses (Muriel), Moreirense (Jhonatan), Feirense (Caio Seco) e Nacional (Daniel Guimarães); espanhol (FC Porto, Casillas), grego (Benfica, Vlachodimos), francês (Aves, Beunardeau); e só cinco portugueses, Chaves (António Filipe), V. Setúbal (Cristiano), Tondela (Cláudio Ramos), Portimonense (Ricardo Ferreira) e Santa Clara (Serginho). Sendo de assinalar outros portugueses que têm partilhado a titularidade, como Tiago Sá (Sp. Braga), André Ferreira (Aves), André Moreira (Feirense), Joel Pereira (V. Setúbal), Marco Pereira (Santa Clara) e Ricardo (Chaves), assim como o georgiano Makaridze (V. Setúbal) e o brasileiro Bracali (Boavista).
Mas dos 12 que defendem as redes dos quatro primeiros classificados, apenas encontramos três portugueses, os já citados Tiago Sá e Marafona, e o jovem Luís Maximiano (Sporting, ainda não utilizado), a par do francês Salin, do belga Svilar, do russo Zlobin e dos brasileiros Vaná e Fabiano. 
Nas camadas jovens existe gente com muita qualidade, alguns já a jogarem no estrangeiro e com lugar cativo nas selecções e outros que certamente irão crescer e disputar as titularidades nos seus clubes. Oxalá tenham o necessário apoio para o conseguirem.
Uma última palavra para o António Magalhães, a quem devo ter voltado a escrever no Record, onde deixou a sua marca com um rasto de competência e qualidade; e para a nova equipa que assumiu a direcção do jornal, Bernardo Ribeiro e Sérgio Krithinas, que saúdo com amizade e a quem desejo as maiores felicidades na difícil tarefa que têm pela frente."

A carta do atleta (porque ler um decreto-lei não constitui um dos passatempos preferidos deste velejador olímpico)

"Tal como em qualquer outra actividade profissional, os atletas têm de lidar diariamente com uma panóplia de informação que, no fundo, rege a sua carreira. Desde toda a legislação que compõe o edifício do Alto Rendimento e do Projecto Olímpico, passando por questões relacionadas com os seguros desportivos, direitos de imagem, regulamentos antidopagem, até factores que importa conhecer desde muito cedo, tais como aqueles que abrangem a protecção social ou o pós-carreira desportiva, os atletas devem dominar todos estes aspectos, que embora não influam directamente na sua performance desportiva, podem ter um enorme impacto de forma indirecta, seja positiva ou negativamente.
Durante a minha carreira desportiva, não foram poucas as vezes em que me vi confrontado com situações desagradáveis, muitas das quais, reconheço e confesso, por desconhecimento de algum detalhe inerente a todo aquele volume de informação que importava digerir, dissecar e verificar detalhadamente. Sem que tal sirva de desculpa, o facto é que, não só a informação se encontrava dispersa, como se apresentava invariavelmente com uma densidade pouco convidativa. Ler um decreto-lei não constitui um dos meus passatempos preferidos. Filtrar o que lá está plasmado, menos ainda.
Tendo conhecimento desta realidade, sucessivas Comissões de Atletas Olímpicos, ao longo de vários ciclos Olímpicos, endereçaram esforços no sentido de criar um documento único, que congregasse toda esta informação, disponibilizando-a aos atletas de uma forma clara, concisa, mas também sistematizada. Pretendeu-se desde o primeiro momento que esse documento fosse escrito numa linguagem facilmente compreensível para qualquer pessoa, independentemente de ter formação desportiva.
Eu bem sei que o leitor poderá, depois de alguma reflexão, pensar que os atletas deveriam ser pessoas mais responsáveis, pelo que a desculpa de que há uma certa complexidade inerente à estrutura jurídica que sustenta o movimento desportivo, na verdade, não é justificável. Muitas outras actividades têm factores bem mais difíceis de digerir. E é verdade. Mas, e falo por mim, obviamente, aparentemente não tive essa capacidade. Tenho sempre o álibi de ter passado demasiadas horas no mar, no que resultou numa certa diluição do sentido de responsabilidade. Mas também se compreenderá que, vivendo na Pérola do Atlântico, com um mar daqueles, ninguém resistiria a tirar o maior proveito possível daquele paraíso.
Quis o destino que se conjugassem neste ciclo Olímpico vários factores, resultando na materialização desta velha aspiração da Comissão de Atletas Olímpicos. Por outro lado, o Comité Olímpico de Portugal fomentou o ambiente propício a esta realização. E assim nasceu esta obra. Quase cem páginas de um documento que se quer vivo e em constante evolução, pois também é assim o movimento desportivo. Construído por atletas, para atletas, mas com um inestimável contributo de tantas pessoas, seja no passado ou neste ciclo, espera-se que a Carta do Atleta venha a constituir um suporte para aqueles, facilitando-lhes a vida.
Nos meus tempos de velejador, um documento destes ter-me-ia simplificado a vida. Aquelas irritantes vezes em que me apercebi, num hospital qualquer, por esse mundo fora, que afinal o meu seguro desportivo não estava activo, ou que todos os dias do ano tinha mesmo de indicar uma hora e local para estar disponível para controlo antidoping, ou ainda que, mesmo estando inserido no Projecto Olímpico, não estava no Registo de Atletas de Alto Rendimento, poderiam ter sido evitadas com uma rápida leitura à Carta do Atleta, no respectivo capítulo. Não podendo voltar atrás no tempo, restou-me contribuir - embora aqui, esse contributo tenha sido muito residual - para que outros atletas tão distraídos como eu tivessem aqui um auxiliador de memória.
A Carta do Atleta foi pensada para os atletas. Mas todos aqueles que se interessam pelo fenómeno desportivo, têm aqui uma forma de apreender tudo o que gira em torno daqueles. E, eventualmente, ficarão com uma noção da realidade um pouco mais alicerçada em factos reais. Por outro lado, como referi anteriormente, este é um documento em constante construção, pelo que o contributo de todos é importante, sejam eles atletas, agentes desportivos, encarregados de educação ou tutores."

A Maçonaria e o Desporto

"Em que medida a maçonaria influenciou o desenvolvimento do desporto: a organização desportiva, a criação de clubes, o desenvolvimento de algumas práticas desportivas, etc.? Originária das ilhas britânicas, onde se estrutura no decurso do século XVII, a maçonaria é uma sociedade iniciática, uma escola de perfeição moral individual e colectiva, na qual os seus membros estudam temas sociais, filosóficos e simbólicos dos rituais (e não só!), que eles praticam e que marcam a sua progressão iniciática (Dachez, 2008). Assenta as suas bases éticas, morais e espirituais num conjunto de valores (coexistência pacífica, tolerância, respeito, fraternidade universal entre os povos), nesta Era global. 
No século XVIII, o sucesso da maçonaria é fulgurante. Ela ocupa, amplamente, o espaço social (Beaurepaire, 2013). Os maçons não praticam apenas os mistérios da Arte Real, termo que designa a maçonaria. No passado, eles reúnem-se também para os momentos de convívio, com idas à caça, bailes e festas, a prática amadora ou profissional de música e teatro, etc. As suas Ordens estão no coração da vida da sociedade. Não é, portanto, de estranhar que os Irmãos se interessem pelos jogos de sociedade.
O tiro ao arco foi particularmente visado. Praticado inicialmente pelos nobres, ele foi, progressivamente, se emancipando e foi entrando no mundo das confrarias (Santo Sebastião para o tiro ao arco, na medida em que foi morto, trespassado de flechas. Encontramos também Santa Bárbara para os cavaleiros de arco-besta e Santo George para os seus confrades de arco-besta) e as milícias urbanas à medida que o arco perdia a sua capacidade militar.
Vários encontros entre Lojas maçónicas e nobres jogos de arco foram realizados. Em 1784, em Clermont-Ferrand (França), a mais importante das três Lojas da cidade, Saint-Maurice, se une aos cavaleiros do jogo do arco. A boa sociedade que se encontra nas colunas do templo de Saint-Maurice frequenta, assiduamente, o jardim do arco, onde se pratica o tiro, e leva à necessidade oficial de redigirem os estatutos e regulamentos. Dois anos mais tarde, em Dunquerque, terra de eleição do tiro ao arco, o Grande Oriente de França (GODF), uma das principais Obediências em França, recebe uma carta da confraria dos cavaleiros de arbaleta (besta, balestra) sob o nome de Santo George desta vila, que deseja legitimar os seus trabalhos maçónicos, constituindo uma Loja com o mesmo nome. No mesmo ano de 1786, o nobre jogo de arco de Paris é reformado pelo duque de Montmorency-Luxembourg, que não é mais do que o Administrador-Geral do GODF.
No Reino Unido, onde nasce a maçonaria, o golfe é outra das actividades lúdicas e depois desportiva adoptada pelos maçons. Como o tiro ao arco e as suas variantes, trata-se de um jogo de etiqueta e um local de sociabilidade festiva (Webb, 1995).
Em meados do século XVIII, o golfe encontra-se em crise devido ao desinteresse da dinastia reinante (Hannover). Como não é moda, ele vê o afastamento das elites e sofre um défice de enquadramento regulamentar e organizacional. As regras não são fixadas e o golfe não se pratica no seio das sociedades bem estabelecidas. É, neste contexto, que os maçons vão se interessar por esta prática desportiva. Eles procuram se divertir entre eles, praticando golfe, e prolongando nos clubes os ágapes (banquetes) no fim dos trabalhos em Loja. O primeiro clube autêntico é o Honourable Company of Edinburgh Golfers, fundado em 1744. A primeira pedra foi colocada por William St. Clair of Roslin, em presença da Comissão da Sociedade dos Maçons. O discurso de cerimónia designa todos os membros da comissão e os seus estatutos são influenciados pelos da maçonaria. William não é nada mais, nada menos do que o Primeiro Grão-Mestre da Grande Loja da Escócia, eleito em 1736. A fundação do clube tem assim um relevo particular. Outros prestigiosos clubes são igualmente de origem maçónica, como o Royal Burgess Golfing Society of Edinburgh (1735) e o St. Andrews Club (1754).
Em 1743, David Deas, Grão-Mestre da Grande Loja da Carolina do Sul (EUA), decide ele também criar um clube de golfe, em Charleston. Ele influencia-se nos clubes do Reino Unido e encomenda as bolas de golfe de Leith, na Escócia. De notar que este exemplo de existência de uma autêntica comunidade maçónica atlântica atravessa importantes correntes de trocas, propicias às mediações culturais.
Nos clubes de golfe, as recepções de novos membros fazem-se segundo o modelo maçónico, com o apadrinhamento, aceitação que é depois submetida ao voto por bolas (brancas para o voto favorável; pretas para o voto de rejeição). Os candidatos devem enfrentar as provas iniciáticas e o clube entoa frequentemente os brindes e as saudações com a bateria maçónica “três vezes três”.
Como os golfistas se devem apresentar em uniforme no clube, os membros da Royal Burgess Golfing Society decidem comprar aventais maçónicos e de os decorar para estas ocasiões. Actualmente, a Amigável Fraternidade Internacional de Golfe mantém esta tradição.
Vários maçons tiveram também um papel ativo na promoção dos Jogos Olímpicos de Londres, em 1908. William Henry Greenfell, barão Desborough, Grande Vigilante da Grande Loja Unida, preside à organização dos JO e veio dar depois o seu nome a uma Loja: “the Greenfell Lodge n.º 3077”. Desportista conceituado, foi ilustrado a nadar nas quedas do Niágara e na Mancha, e nos campeonatos realizados no Tamisa com as cores da Universidade de Oxford contra Cambridge. 
Existe uma relação estreita entre a maçonaria e o desporto. Um estudo aprofundado sobre este tema em Portugal precisava-se."

Vitória nos Quartos-de-final...

Benfica 4 - 1 Quinta dos Lombos

Vitória relativamente tranquila, 'matámos' o jogo no início da 2.ª parte, em 'grande estilo'... e depois aguentámos bem o 5x4 do adversário!

Estamos nas Meias-finais, com o Fundão, adversário tradicionalmente perigoso... Com a situação do Fernandinho 'desconhecida' (lesão, recupera ou não?!), o caminho para o Caneco, não está fácil...!!!

Nova derrota...

Benfica 71 - 78 Oliveirense
20-21, 17-14, 20-18, 14-25

Jogo equilibrado, por 'baixo' até ao final do 3.º período... e depois um último período horrível do Benfica!

Mesmo com pouco tempo de treino já se começam a ver os 'defeitos' nas decisões do Lisboa: aposta total nos Triplos, jogo interior inexistente...!!! E quando as 'bombas' não entram: Suarez 3 pontos, Silva 6 pontos e Lima 1 ponto!!! Impossível ganhar com estes números...!!!
Apesar da atitude ter mudado completamente em relação ao 'tempo' do antigo treinador, continuamos com problemas, mas como ficou provado hoje, basta melhorar um pouquinho para ser o 'melhor' ao nível nacional...

O Micah parece-me claramente limitado fisicamente, posso estar enganado, mas a disponibilidade é completamente diferente do início da temporada! Outro 'problema' é a ausência de um jogador que nos momentos finais das partidas, assuma o 'jogo', e acerte no cesto, estilo Jobey...!!!

Com este resultado, perdemos quase de certeza a 'vantagem' no play-off!!!

Crónica anti-Alzheimer !!!

"Prezado Pinto da Costa, em sequência de ter relembrado um jogo do Benfica de 1959 devido ao tempo de compensação que o mesmo teve (e cujo campeonato curiosamente foi ganho pelo... FC Porto), nós questionamos se o FC Porto - Vitória de Setúbal de 2017 já terminou, ou se ainda está em tempo de compensação até ao FC Porto marcar.
Mais, uma vez que acreditamos que está de perfeita sanidade mental e se encontra de boa saúde, recordará certamente que o jogo com maior duração do campeonato português foi o célebre Estoril - FC Porto de 2018, cujo intervalo durou 38 dias, sendo o jogo interrompido por causas misteriosas que os Super Dragões poderão esclarecer.
E por falar em Estoril e FC Porto, certamente estará lembrado - uma vez que está de perfeita sanidade mental - que em Julho de 2015 o FC Porto vendeu Carlos Eduardo por 5.5 milhões ao Al Hilal e que em Março de 2018 a Procuradoria Geral da República abriu um inquérito devido a uma denúncia relativa a alegados actos de corrupção por parte do FC Porto, após o misterioso Estoril - FC Porto.
E já que estamos numa onda de recordar o passado, vamos então recordar o caso. O senhor Francisco J. Marques revelou, na altura, que dos 784 mil euros pagos ao Estoril durante o intervalo do jogo frente ao Estoril, uma parte foi relativa a dívidas da transferência de Carlos Eduardo para o Al Hilal e outra parte relativa à cedência temporária de Licá. Sabemos pelos R&C da Porto SAD que em 30.06.2017 não havia qualquer dívida descriminada à Estoril SAD. A factura, segundo Francisco Marques, foi emitida a 26 de Novembro de 2017. Só que é mentira. A dívida já tinha sido descriminada em 28.02.2017, como comprovam os R&C da Porto SAD. Poucos dias após a revelação de Francisco J. Marques, saiu uma notícia no jornal Record afirmando que as contas da Porto SAD sempre referiram as dívidas relativas ao Estoril Praia, no capítulo "Outros passivos (...)" nas contas anuais de 2016/17, assim como no ano anterior (https://goo.gl/d35HN5).
Vamos então montar as peças do puzzle:
1- Se em 16/17 e em anos anteriores a dívida esteve sempre presente em "Outros passivos”, porquê alterar o R&C da Porto SAD em 2018, “após” o escândalo?
2- Se a Estoril SAD detinha ainda 20% do passe do Carlos Eduardo, não deveria isso corresponder a 20% do valor da venda (5.5M), ou seja, 1.1M€ ? Porque se iria referir a 20% da percentagem pertencente ao FC Porto?
3- Tendo em conta os 20% relativos à transferência do Carlos Eduardo aos outros valores descriminados por Francisco J. Marques e, citando o mesmo, somando mais “90 mil euros, mais outra transferência de 95 mil euros respeitantes ao empréstimo ao V. Guimarães, mais 119 mil euros pela cedência ao Nottingham Forest e outra ainda de 100 mil euros”, não conseguimos chegar aos tais 784 mil euros transferidos durante o intervalo do jogo que durou mais de um mês entre o Estoril Praia e o FC Porto. O contrato da transferência do Carlos Eduardo indica que o Porto recebeu 2M€ em 4 prestações do Al-Hilal. Será que foi paga uma parte da dívida anteriormente? Se sim quanto? Quais os valores? Onde estão as provas, onde estão os documentos?
4- Sabendo das dificuldades financeiras, como é que o Estoril Praia se deu ao luxo de ver um jogador que foi dos seus quadros ser vendido por 5.5M€ em 07.2015 e apenas enviou a factura em 11.2017, recebendo o dinheiro em 02.2018, a meio de um jogo com o seu devedor?
5- Se demoraram 2 anos a preparar uma factura e 3 anos a receber as verbas relativas à venda, onde constava a informação nos R&C anteriores? Se o Director de Comunicação do Futebol Clube do Porto disse que não têm nada a esconder, porque é que o FC Porto recusou enviar o original da factura à CMVM?
E como toda a gente que nos segue já sabe, nós fazemos sempre o trabalho de casa - e bem feito. Portanto, vamos partilhar com vocês o Relatório e Contas da Porto SAD relativo ao primeiro semestre de 2017/18: http://imgur.com/a/TnBjQyQ
Aqui fica a dívida detalhada à Estoril Praia – Futebol, SAD, de acordo com o R&C da Porto SAD:
30.06.2017 : 0 euros / 31.12.2017 : 784.000 euros
Com dívidas a surgir dum semestre para o outro, não admira que o Passivo da Porto SAD seja o maior de sempre na história do futebol português:
30.06.2013 : 220.2 Milhões / 30.06.2018 : 464.2 Milhões
Aumento de 111% em apenas 5 anos. Misterioso? Andam a brincar com a cara de toda a gente, gozam do estado de impunidade, sentem que são intocáveis e que ninguém se mete com vocês. Ameaçam, manipulam, mentem, coagem, corrompem e têm tentáculos em todo o lado, mas nós andamos bem atentos."

Ensaio sobre a nojeira

"No outro dia estava a ver um filme (Phenomenon, na Netflix) e dei por mim a pensar na mortalidade e efemeridade da condição humana. Calma, não estava a pensar em morrer, apenas no estado provisório da nossa vida e na maneira como aproveitamos o tempo que temos neste planeta. Sem entrar no lugar-comum do carpe diem e todas as teorias ocas à volta disso, a realidade é fulminante como o Jonas na área: só temos uma oportunidade e mais vale aproveitarmos ao máximo!
Nesse dia pode ser que se comecem a pensar em medidas concretas que reformem o futebol português de cima abaixo para que finalmente se consiga apreciar o jogo pelo jogo e aquilo que é mais puro neste desporto.
Trazendo isto para o contexto futebolístico, esta semana tem sido pródiga em eventos trágico-cómicos que nos deviam obrigar a pensar. Todo o episódio Catão/Boaventura, e a novela que se lhe seguiu, é revelador do estado a que o futebol português chegou: miséria moral total e absoluta. Os limites da estupidez têm sido constantemente empurrados para patamares nunca antes vistos e aparentemente ninguém, para além dos que gostam do futebol e seus clubes, parece muito preocupado com isso. Os media rejubilam com as polémicas, a Liga e a Federação fingem que não é nada com eles, os dirigente dos clubes aproveitam a onda para lançar ainda mais lama sobre os adversários e os adeptos naturalmente entram na luta para defender as suas cores. Mas ninguém defende o futebol.
Acham que sou ingénuo ou lírico? Talvez. Não sou diferente do adepto comum e também dou por mim irritado e a querer espancar os Jota Marques da vida.
A minha esperança é que eventualmente chegue o dia em que alguém com responsabilidade em cargos de decisão vai parar, olhar à sua volta e pensar: "Como chegámos a isto? De onde apareceram estas personagens macabras e porque lhes estamos a dar mais importância que a jogadores, treinadores e adeptos?" Nesse dia pode ser que se comecem a pensar em medidas concretas que reformem o futebol português de cima abaixo para que finalmente se consiga apreciar o jogo e aquilo que é mais puro neste desporto: a amizade, as experiências e a emoção daquele milissegundo que antecede um golo da nossa equipa. Isto não tem preço.
Não me entendam mal, existirão sempre polémicas e discussões num desporto de alta competição onde só um pode ganhar.
Acham que sou ingénuo ou lírico? Talvez. Não sou diferente do adepto comum e também dou por mim irritado e a querer espancar os Jota Marques da vida, mas tem de haver algo mais para além do que temos visto nos últimos 5/6 anos. Bolas, se só tenho uma oportunidade para viver o nosso Benfica de certeza que não a vou desperdiçar dando importância a quem não a merece! O primeiro passo é não dar audiência a este triste espectáculo. As coisas mudarão no dia em que os media e estruturas dirigentes perceberem que este não é o conteúdo que nós, os adeptos, queremos. Não me entendam mal, existirão sempre polémicas e discussões num desporto de alta competição onde só um pode ganhar, e isso até desperta mais interesse e emoção, mas uma coisa são os conflitos normais e saudáveis entre clubes... outra é este absoluto nojo que não pode ser considerado normal ou aceitável.
Celebremos o Benfica, cultivemos o benfiquismo e gozemos a amizade dos nossos.
Que se lixem os outros, só cá estamos uma vez."

Não és tu, sou eu!

"It’s not you, it’s me. Começo com uma confissão: já usei o «não és tu, sou eu.» Já todos o fizeram algures na vida, certo? Não? Mas deviam. Esta expressão permite-nos aligeirar um pouco o ambiente e não passar o ónus da culpa para o outro. Acreditem que a culpa nem sempre é nossa, mas também não é sempre do outro, a menos que sejam o George Costanza ou o Pedro Proença, aí a culpa é vossa.
- Gostas de futebol, não é?
- Sim, muito mesmo. Do jogo, do fenómeno, das amizades, de cinema sobre bola, de leituras…
- E viste o último jogo da seleção? É preciso azar. Azar e não sermos roubados. É que roubam sempre Portugal. É inveja do Ronaldo, só porque é melhor do que o Messi.
- Não vi. Raramente vejo. Primeiro, gosto de ver bom futebol. Segundo, gosto de ver bom futebol. Terceiro…
- Não sejas assim. Aquilo é a selecção de todos nós. Vais dizer que não festejaste a vitória no Euro?
- Pouco. Gostei de ver a felicidade de alguns dos meus amigos.
- Só isso?
- Não, no meu caso também estava contente porque a pré-época já tinha começado e ganhámos 4-0 ao Cova da Piedade no dia anterior.
- Estás a gozar. Isso é só parvo. Pois, eu gosto da selecção e acho que é o único momento em que somos bons.
- É…
Este diálogo já aconteceu mil e uma vezes, e muitas mais irá ainda acontecer. O problema é meu, eu sei que é. Tudo começou em 2000, lembro-me como se fosse ontem. O Euro 2000 foi maravilhoso. Aquela selecção tinha tudo: qualidade individual, experiência, irreverência e garra. Tinha tudo, tinha até um treinador mediano que sabia tirar o melhor dos jogadores. Toda a fase de grupos foi um sonho: vitórias épicas, golos incríveis, resultados inesperados. Valia a pena ver quase todos os jogos do Euro. OK, o Eslóvenia – Noruega não foi muito interessante.
Depois chegou o mata-mata (ainda antes de conhecermos essa expressão) e houve Portugal. Ou melhor, houve França. Houve Zidane e Henry. Não falemos da mão do Abel Xavier (juro que durante anos vi ali uma mão de Pibe). Isso não interessa. O futebol não são casos, o futebol faz-se de golos e de grandes jogadores. E a França de 1998 a 2000 foi história. Eu vi, tu viste, nós vimos história. Mesmo que ligeiramente abaixo de outras selecções históricas como o Brasil de 1970, a Holanda de 1974, Espanha de 2012.
28 de Junho de 2000: a data do fim do meu namoro com a selecção de todos vós. Deixou de fazer sentido, deixou de jogar bem. Talvez um dia volte a gostar de ver os jogos de Portugal. Talvez. Mas, por favor, até lá não me tentem convencer de que tem jogadores da nossa formação ou que o «melhor do mundo» é nosso.
A minha relação com as selecções tem vindo a degradar-se com o passar dos anos, em parte por alguns argumentos referidos por George Orwell no The Sporting Spirit. O peso do nacionalismo bacoco incomoda-me, preferirei sempre lutas que sejam supranacionais. Sinto o meu, o teu, Benfica como algo superior, como um clube que não é de uma região, um país, é bem mais do que isso. O Benfica não é só o maior de Portugal, é também maior do que Portugal. E isso me envaidece."

"Unidade de Contra-Terrorismo da PJ investiga sequestro e ameaça de Catão a Boaventura"



"Parece que os papéis pousaram na secretária certa. Finalmente. Que tenham coragem de ir à fonte. É uma missão patriótica para acabar com o esterco que cria os parasitas do futebol português. Basta uma investigação competente para recolher indícios de associação criminosa. O nível de estupidez é tal que nem com os mais competentes advogados se safavam. Acabavam a denunciar-se e a confessar crimes, mesmo que involuntariamente. É só o MP querer, afectar os recursos necessários e criar condições técnicas para evitar fugas de informação. Por muito menos actividade criminosa continuada, ainda que grave, estão presos preventivamente os arguidos de Alcochete há meses. De relatos destes sempre se ouviu falar, pode ser que o deslumbramento com as tecnologias e as redes sociais tenham criado o ambiente para a actuação policial que se impõe. Um dos que falou no assunto foi Fernando Gomes, em declarações prestadas na Assembleia da República..."

"Vítor Catão certamente pertencia à equipa do Guarda Abel"

"Antigo dirigente reagiu às declarações de Pinto da Costa sobre as alegadas 'artimanhas' do Benfica para vencer fora de campo e recordou os métodos 'pouco ortodoxos' do líder do FC Porto ao longo de várias décadas.

Gaspar Ramos ficou surpreendido com as recentes palavras de Jorge Nuno Pinto da Costa em relação ao Benfica, e em entrevista ao SAPO Desporto recordou alguns episódios pelos quais passou no futebol português enquanto dirigente desportivo.
Recorde-se que o líder do FC Porto acusou recentemente o Benfica de recorrer a 'artimanhas' para vencer fora de campo e deu como exemplo o caso de Inocêncio Calabote. Gaspar Ramos reagiu às declarações de Pinto da Costa e recordou a sua experiência pessoal enquanto dirigente desportivo durante o final da década de 80 e início dos 90s.
"Artimanhas do Benfica? Era o FC Porto que controlava todas as instâncias do futebol desde a arbitragem, conselho de disciplina e conselho de justiça. Tudo isso era controlado, e eu, naquela altura, tive de tomar medidas muito duras junto das próprias instituições para que essas situações pudessem ser moderadas, e só assim pudemos ser campeões porque senão não éramos", começou por dizer Gaspar Ramos antes de comentar o caso recente a envolver o empresário César Boaventura e Vítor Catão, dirigente do São Pedro da Cova.
"Tudo isso foi feito e infelizmente eles [FC Porto] continuam a ter a preocupação de o voltar a fazer. Essa é a razão porque muitas destas coisas estão a acontecer nos termos da maior baixeza. Não é por acaso que um é líder dos Superdragões e está no Canelas, o outro é um sujeito que é dirigente do São Pedro da Cova, e depois vimos o que aconteceu outro dia com as agressões [ao César Boaventura]. E toda esta gente tem ligações às pessoas que lideram o FC Porto, o que não é por acaso", frisou Gaspar Ramos. "Eu vi o vídeo [do Vítor Catão e do César Boaventura], e lamento muito que pessoas como o Vítor Catão ainda persistam no futebol. No meu tempo vivi problemas de coacção terríveis e até lamento hoje que o presidente do FC Porto se tenha esquecido de coisas que certamente orientou no período em que eu fui dirigente no futebol", acrescentou Gaspar Ramos antes de comentar o já célebre vídeo das agressões de Vítor Catão a uma equipa de reportagem da RTP em 1993.
"Sim, constatei essas agressões em 1993 do Vítor Catão, mas certamente não foram apenas essas. Ele certamente pertencia à equipa do guarda Abel entre o final dos anos 80 até ao início da década de noventa e depois continuou até ao Apito Dourado onde essas coisas continuaram sempre", disse ainda Gaspar Ramos para depois criticar a memória selectiva de Pinto da Costa
"Respeito imensas pessoas lá de cima do norte, mas há outras pelas quais tenho uma ideia muito baixa por tudo aquilo que tem sido a sua atitude no futebol, e aquela que ainda vão tomando, esquecendo-se de tudo o que foi feito", disse Gaspar Ramos para depois recordar o clima de terror incutido aos adversários no antigo Estádio das Antas pelo guarda Abel.
"Infelizmente conheci o 'famoso' guarda Abel. Desde agressões que fazia a directores, a coação a jornalistas, a árbitros, tudo isso foi feito nesse tempo. Tudo isso eu denunciei nos próprios órgãos", atirou Gaspar Ramos.
Questionado sobre que tipo de soluções poderá haver para mudar o actual clima de terror e intimidação no futebol português, Gaspar Ramos não tem dúvidas: há 'dinossauros do dirigismo' que já deveriam ter dado o seu lugar a outras pessoas com uma mentalidade diferente.
"O futebol português tem de mudar. Mas a mudança só se faz com a saída de pessoas que não abdicam desses princípios. As pessoas têm de mudar. O grande problema é que eu olho para trás, e quando eu entrei no dirigismo desportivo com pessoas com o Borges Coutinho, Ferreira Queimado, por aí fora, fico com uma saudade enorme de gente desse gabarito. E mesmo em relação ao FC Porto com pessoas como o Américo de Sá e outras pessoas, que tinha uma postura digna ao nível da grandeza do clube, porque o FC Porto é um clube grande que merece o respeito das pessoas, simplesmente não tem pessoas que o dignifiquem", sentenciou Gaspar Ramos."

Catão morreu de velho

"No meio de toda este ataque de suposições infrenes, veio-me à memória Catão, Catão o Velho, o pertinaz advogado que no Senado da Roma Antiga

De vez em quando tenho uma irresistível tendência para supor. Ora bem, num destes mais recentes ataques de suposição supus que me tinham oferecido dinheiro (vá lá, cem mil euros...) para matar alguém, ou para o deixar em coma, já não me recordo. Como não tenho curso de anestesista, não sei como condenar uma pessoa ao coma sem correr o risco de a matar, mas a culpa é minha: tivesse estudado.
Confesso que tenho tanta tendência para o homicídio como para receber cem mil euros: nunca passei por nenhuma dessas experiências. Não é que a verba não desse jeito, mas teria de recusar a oferta por manifesta incompetência no ofício de liquidar terceiros. Suponho, como supus, que por uma questão de solidariedade entre seres vivos, sejam de que raça forem, mesmo que não simpatizasse com a suposta vítima do meu suposto ato, tentaria de alguma forma avisá-la de que podia estar por pouco: recusando eu os cem mil euros, outro os aceitaria de bom grado logo a seguir, continuo eu a supor. Suponho que, no Portugal de hoje, se alguém receber uma proposta deste género tem duas opções: ou dirigir-se ao Ministério Público ou aos estúdios da CMTV, o que, vendo bem, vai dar quase ao mesmo, já que o que entra pela porta do Ministério Público costuma sair pelas janelas da CMTV nas 24 horas seguintes.
No meio de toda este ataque de suposições infrenes, veio-me à memória Catão, Catão o Velho, o pertinaz advogado que no Senado da Roma Antiga repetia até ao exagero da contumácia que as Guerras Púnicas só teriam fim com a destruição da inimiga Cartago. “Carthago delenda est!”
A antiga Roma era dada a assassinatos por dá cá aquela palha e não consta que fosse preciso desembolsar verbas exageradas. Catão o Velho morreu dessa sua tão peculiar característica: a velhice. Lá está, se alguém está a pensar oferecer-me cem mil euros para matar outrem, o mais provável é que a minha putativa vítima também venha a morrer de velha. Questões de feitio."

A Liga vai melhorar com o fim da Taça da Liga?

"A semana passado discutiram-se medidas para melhorar a competitividade da Liga. No geral, foi apontado o excesso de jogos como a principal razão para a perda do lugar no Top 6 das Ligas Europeias (e consequente perda de um lugar na Champions League). Foi então que se falou em acabar com a Taça da Liga, uma prova que representa no máximo cinco jogos para duas equipas e que em três deles são utilizados suplentes. Há dois motivos pelos quais a Taça da Liga é desvalorizada:
1. Não dá acesso às competições europeias. Se desse, os clubes mais pequenos iriam aproveitar esta competição para chegar à Europa, não se focando em exclusivo no Campeonato ou na Taça de Portugal. Aqui, a questão é que só há seis lugares e é importante que as seis equipas que vão à Europa façam o melhor que conseguem para pontuar para o tal ranking. Quem é que vai fazer melhor figura? O quinto lugar da Liga ou o vencedor da Taça da Liga? É uma questão legitima e que até compreendo que a escolha recaia em quem fez 34 jogos em vez de quem fez 5. No entanto, em 12 edições da Taça da Liga, só por duas vezes é que o vencedor não estava já qualificado para as competições europeias. 
2. O Benfica já venceu sete vezes. Mais do que o próprio descrédito da competição em que o vencedor ganha pouco mais do que um troféu, o principal problema da Taça da Liga é o facto do Benfica já ter vencido sete vezes e o Porto nunca ter ganho nenhuma. Isto não é uma história inédita. Nos anos 60 houve uma Taça organizada pela FPF chamada Taça Ribeiro dos Reis. O Benfica venceu três vezes e o Setúbal venceu três vezes. Foram as duas equipas que mais vezes ganharam a competição nos 10 anos em que ela existiu. Tanto o Sporting como o Porto nunca ganharam uma única vez. A Taça Ribeiro dos Reis acabou por ser descontinuada e hoje já nem entra no nosso palmarés mais curto.
3. A Liga Portuguesa não está atrás da Liga Russa por causa do excesso de jogos. Há todo um role de outras explicações. Porque a verdade é que os grandes, equipas que mais jogos na Taça da Liga fazem, chegam longe nas competições europeias. Já os clubes mais pequenos, tirando uma ou outra temporada do Braga, nunca fazem nada de especial. A grande maioria nem chega à Fase de Grupos. E é aí que está a maior desvantagem para os russos. Nos 4 melhores clubes no ranking de clubes da UEFA entre a Rússia e Portugal, há 3 portugueses (FC Porto [9], Zenit [19], Benfica [21] e Sporting [31]). A questão é que nos 9 clubes a seguir, só há um português (Braga [50]). Os outros 8 são russos.
4. O futebol português vive uma situação muito particular. É um viveiro de talentos. Nos últimos anos já mais de metade dos clubes do Campeonato conseguiu colocar um jogador num clube de uma das principais ligas ou fazer uma venda considerável. O problema é que mais de metade dos clubes são de investidores que quando fazem uma grande venda ficam com parte do dinheiro. Dou um exemplo, o Feirense fez uma das maiores vendas do mercado de verão este ano no Campeonato. Etebo para o Stoke por mais de 7M. O que aconteceu no Campeonato? A última vitória foi na 2° jornada. A 8 jornadas do fim estão praticamente sentenciados à descida. Todos os anos a história repete-se. Académica vai à Europa, anos depois desce. Paços anda nas qualificações para a Liga dos Campeões, anos depois desce. Chaves o ano passado conseguiu um 6° lugar fantástico, este ano está abaixo da linha de água. Este ano a surpresa do Campeonato é o Moreirense. Vamos ver por onde vão andar daqui a 2 anos. Não há nenhum clube que consiga ser consistente tirando o Braga. Mesmo o próprio Rio Ave nunca tem duas boas épocas seguidas."

Teoria e prática da chatice teutónica

"Para além de ter escrito umas poucas de peças de teatro, um rol inumerável de canções e ter participado, como actor, em filmes como O Nosso Agente em Havana ou A Volta ao Mundo em 80 Dias, Noël Coward era um pândego que afirmava nunca ter posto um trema no primeiro nome: «Por mim, prefiro que me chamem Nool». Contaria mais tarde que a sua carreira tinha tido início ainda na mais tenra infância quando interpretou um pequeno papel numa pantomima ao lado de Gertrude Lawrence: «Deu-me uma laranja, contou-me umas histórias meio porcas e fiquei a amá-la para o resto dos meus dias». Pode muito bem ter sido, mas toda a gente duvidava visto que a sua homossexualidade se tornara assunto público ou, pelo menos, parte daquilo que os londrinos gostam de apelidar de ‘tea-table-chitter-chatter’, isto é, boataria agradável para quem tem vontade de soltar umas risadas escarninhas.
Com o advento da II Grande Guerra, Coward, cujo apelido era, no mínimo, inconveniente num campo de batalha, tornou-se um membro do MI6, o Secret Intelligence Service, e chegou a uma sábia conclusão: «Se a política do Governo de Sua Majestade é a de aborrecer os alemães até à morte, acho que não vamos ter tempo para isso». É provável que o seu corrosivo sentido de humor tenha irritado os alemães pois, para lá do final da guerra, foi encontrado um Livro Negro no qual estavam registados todas as figuras públicas que seriam condenadas à morte no dia em que os nazis invadissem a Grande Ilha e o nome de Noël Coward constava dele. No dia em que tal lista foi tornada pública, Rebecca West, a escritora e jornalista que cobriu o Julgamento de Nuremberga para o The New Yorker, que também constava dela, enviou-lhe um telegrama de profundo e desgostoso snobismo: «My Dear, the people we have been seen dead with!».
Coward tornou-se uma personagem inevitável. Chegou a haver um tempo em que se tropeçava em Noël como quem tropeça em caca de cão na Rua Luís Derouet, a Campo d’Ourique. Luís Derouet também mereceria uma crónica, mas vai ter que ficar para outro dia.
Embora tivesse confessado o seu amor eterno por Gertrude Lawrence desde o episódio da laranja, Noël Coward revelou sentir um profundo «distaste for penetrative sex», sobretudo se praticado com senhoras. No entanto, quando lhe colocaram claramente a questão da sua eventual preferência libidinosa por mamíferos do sexo masculino, respondeu de forma sub-reptícia: «Ainda há uma senhora em Paddington que alimenta a esperança de casar comigo. Não quero, de maneira nenhuma, desapontá-la».
Muito bem, já perceberam que Coward é, para mim, uma figura fascinante à qual não deixarei de voltar quando for conveniente. Mas queria mesmo explicar que, em relação aos alemães, Noël se equivocava bem mais do que em relação à sua lascívia. Quando disse que havia a possibilidade, ainda que teórica, de aborrecer um alemão, ou vários, ou mesmo todos, até à morte, subestimou por completo aquela cativante capacidade que qualquer germânico tem de se aborrecer a si mesmo até à morte.
Provavelmente demasiado ocupado consigo próprio, com truques de espionagem baratos ou com senhoras de Paddington, descurou por completo a existência de uma interessantíssima (pelo menos à escala teutónica) teoria divulgada pelo professor universitário Karl Planck, no final do séc. XIX, num tratado com o nome de Fusslumelei-uber Stauchballspiel und Englische Krankheit, algo que se poderia traduzir assim por alto como A Loucura do Futebol - Sobre o Desagradável Jogo da Bola, Essa Doença Inglesa.
Pois: desta é que nem Coward, com a sua imaginação infinita, estaria à espera. Planck, fundador do Turnen Bewegung (Movimento Ginástica) atacava furiosamente a forma como a juventude alemã estava à beira de ser inoculada pelo malsão vício britânico de dar pontapés numa bola, quando o mais nobre desporto que um filho da Prússia podia praticar, fugindo de vez àquela imagem repugnante de um proletariado mal-nutrido que os ingleses espalhavam pelo universo, era a ginástica. No prefácio do seu livro, o distinto colega Theodor Visher inventou o neologismo Podobootismus - desprezo pela introdução de algo primitivo numa sociedade refinada. Francamente! É de aborrecer um bacilo até à morte!"