sexta-feira, 8 de março de 2019

Big Five

"Pelo quinto ano consecutivo a Sport Lisboa e Benfica, Futebol SAD apresentou lucro nos primeiros seis meses de actividade. Os 14 milhões de euros são a prova da excelência dos nossos gestores. Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira, Rui Costa, José Eduardo Moniz e Nuno Gaioso Ribeiro merecem ser elogiados pela forma como têm conduzido os destinos da SAD do maior clube português. São dez os indicadores que nos devem encher de orgulho e ter esperança no futuro que nos aguarda. Além do lucro, o resultado operacional sem direitos de atletas, que ultrapassou os 16 milhões, o resultado operacional, quase 21 milhões, os rendimentos operacionais sem transacções de direitos de atletas, quase 30 milhões, e os rendimentos totais, que ascenderam a 134,5 milhões, são indicadores que falam por si. O activo está nos 468,5 milhões, o passivo, decresceu quase 31 milhões, e a dívida líquida, cujo valor, nos últimos três anos e meio, decresceu 169 milhões, merecem destaque.
Finalmente, o capital próprio, já nos 101 milhões. Desde 2013 até hoje, esta recuperação atingiu os 125 milhões e os objectivos são muito claros - o capital próprio superar o valor do capital social, ou seja, os 115 milhões. Para um clube com 115 anos de vida, é obra!
Uma nota para este dia tão especial e para o trabalho nesta edição sobre a aposta no feminino. Temos 1049 atletas em 14 modalidades. Todas elas gloriosas. Para esta época, a Direcção fez regressar o Andebol e o Voleibol e, pela primeira vez, o Futebol. Nestas três modalidades os resultados estão à vista, com o Futebol a ser notícia na CNN, BBC e Marca."

Pedro Guerra, in O Benfica

Um jornal que também ganha

"Desta vez o nosso jornal está no centro da notícia. E, felizmente, pelas melhores razões. É que, de acordo com as informações divulgadas pela Associação Portuguesa de Controlo de Tiragens e Circulação que cruzamos com os dados da distribuidora VASP, que semanalmente leva O Benfica a todas as regiões do país e ainda o envia para destinatários nos quatro cantos do mundo, podemos constatar uma significativa realidade que nos permite avaliar de modo positivo o desempenho do semanário oficial do Sport Lisboa e Benfica junto dos nossos leitores.
De acordo com a APCT,  a actual conjuntura da imprensa generalista e especializada em Portugal reflecte uma tendência universal já inexoravelmente consolidada como um fenómeno global: a leitura de jornais é também um modo em perda, no consumo de informação dos portugueses.
Os números relativos aos três principais diários generalistas auditados pela associação - Correio da Manhã, Jornal de Notícias e Público, são exemplarmente reveladores da dimensão da nova grave quebra média de 6,8%, sofrida nas vendas em banca pela imprensa portuguesa, durante o ano de 2018. E é precisamente neste contexto que nos orgulhamos da notícia que podemos assinalar aos nossos leitores: de acordo com o mais recente relatório da VASP, desde Setembro de 2017 responsável pela distribuição de O Benfica, a contrário do que acontece com a generalidade dos órgãos de imprensa portuguesa, o nosso jornal apresenta, em notório contraciclo, um acréscimo de vendas superior a 16%, nos dados referentes aos períodos homólogos dos últimos trimestres de 2017 e de 2018.
Depois de analisarmos os dados da nossa realidade, ainda compreendemos melhor as razões do que acontece connosco. O cidadão comum vive comprimido pela constante pressão de oferta de informação, insinuante e indistinta, mas cada vez menos escrutinada. O jornalismo, afinal, deixou-se perder e - salvas as honrosas excepções - num verdadeiro desespero de gestão, hoje deita-se a investir sem dó bem piedade, a qualquer momento e pelos mais inesperados meios e modos, sobre o leitor descrente, sejam quais forem as circunstâncias e lugares em que se encontre.
E se ainda podemos dispor das pálpebras para fechar os olhos a todas as surpreendentes e indiscriminadas evidências que nos são bombardeadas de todos os lados, já resistiremos com maior dificuldade ao que se diz e se comenta (sempre acrescentando um ponto a cada conto...), porque a evolução da espécie humana jamais nos concedeu qualquer defesa natural para o sentido da audição, idêntica à que temos para o olhar. A pior consequência para o processo de apreensão da informação é que essa sufocante oferta mediática das notícias e da opinião publicada hoje ainda se deixa misturar com os caldos de pressão em que a chamada 'opinião pública' vai apodrecendo, cada vez mais confundida, no pântano das redes sociais.
A destrinça entre a verdade relatada e mediatizada versus a disseminação de boataria e da mentira constituiu a essência fundamental do jornalismo n'O Benfica. O cuidado uso dessa capacidade garante-nos a reiterada confiança dos leitores benfiquistas e, como consequência, leva a que (segundo dado importantíssimo, cuja confirmação aguardamos para as próximas semanas) o nosso jornal possa continuar, à sua dimensão, a manter-se contributivo das finanças do Clube.
Neste tempo de assinaláveis vitórias desportivas do Glorioso, é caso para afirmarmos que O Benfica é um jornal que também ganha!"

José Nuno Martins, in O Benfica

O que nos disse o jogo de Zagreb

"À imagem do que tinha sucedido em Istambul, o Benfica apresentou-se em Zagreb a dizer que o mais importante para esta época é vencer a Liga portuguesa. Identificado este paralelismo, que tem raízes nas equipas alternativas enviadas para dentro das quatro linhas, permitindo alguma poupança em jogadores-chaves, o jogo, na Turquia, correu muito bem aos encarnados, o outro, na Croácia, correu muito mal. Em Zagreb não esteve o baby Benfica irreverente e alegre, cheio de futebol e magia, visto em Istambul, mas um conjunto com manifestas dificuldades de articulação da bola e com escassa qualidade na circulação da bola e com profundidade quase nula. Há noites assim, provavelmente a equipa de de Bruno Lage pagou o preço do desgaste físico e emocional da vitória no Dragão e acabou por defraudar as expectativas de quem pensava que daqui para a frente ia ser ópera em todas as sessões.
De qualquer forma, a desvantagem é recuperável na Luz e o Benfica pode subir mais um degrau na Liga Europa; todavia, sem poder sentar-se em duas cadeiras ao mesmo tempo, o normal é que seja mantida a escolha de colocar todos os ovos no cesto da Liga.
Da noite cinzenta de Zagreb nasceu mais uma preocupação para os encarnados, a lesão de Seferovic. Disse-o, em A Bola TV, e escrevi-o, neste mesmo espaço, que ter deixado sair Ferreyra e Castillo sem ir buscar um ponta de lança rompedor como Seferovic era um risco que podia comprometer a época. Hoje, com o suíço em estado periclitante e com Jonas (que é um jogador diferente...) também entre algodões, Lage, sem mais coelhos para tirar da cartola, vive com o coração nas mãos."

José Manuel Delgado, in A Bola

Estofo!

"Épica classificação portista na Champions e impressionante liderança da águia na Liga portuguesa. Mas nem tudo são rosas.

(...)
Conseguiria o Benfica não se sentir pressionado no Dragão?, foi a questão deixada na última crónica. Deu na realidade o Benfica resposta clara: não apenas não se sentiu pressionado como jogou o jogo pelo jogo e foi mais de uma hora suficientemente superior ao FC Porto para ter merecido amplamente a vitória num estádio onde muito poucas vezes ganhou e, sobretudo, onde poucas vezes jogou tão bem, tão abertamente para vencer, e com tão fantástico controlo emocional. Uma nota, porém: como fui possível tantos jogadores encarnados escorregarem tanto e tantas vezes?
Deu o FC Porto, ou melhor, deu Sérgio Conceição o flanco à águia ao não ter apostado de início em Militão (além do castigo, dá pena não o vermos a central!), mais Danilo e Tiquinho Soares, dois jogadores que dão ao FC Porto bastante e mais músculo, mais recuperação de bola, mais pressão e mais jogo aéreo (e fortemente decisivo, no caso de Soares).
Nenhum culpa disso teve, evidentemente, Bruno Lage, que soube vestir a equipa com fato de enorme personalidade.
Vitória, pois, merecida de um Benfica que foi quase sempre melhor 11 contra 11 - mais de uma hora de jogo, portanto - e que pareceu, na verdade, ter sempre melhor controlo emocional e melhor domínio mental sobre o próprio jogo.
Foi, aliás, Pepe, de novo, um dos responsáveis pela imagem de certa instabilidade emocional que também pode ter contribuído para a derrota do FC Porto. Para jogador que se tornou um símbolo da Selecção e que já foi até capitão da equipa das quinas, poderia Pepe evitar tão evidentes instabilidades e imprudências, como ficou claro nalguns duelos com o jovem João Félix ou, agora, no jogo da Champions com os italianos.
Apesar, no entanto, de tudo o que sucedeu no clássico, mantenho: é impressionante a liderança deste Benfica de Bruno Lage, mas é ainda o FC Porto, de momento, a equipa mais forte do futebol português. Como também voltou a ficar claro no jogo com a Roma!

Volto, entretanto, a João Félix, esse talento surpreendente a invulgar. Como ainda há dias recordou, em entrevista a A Bola, professor Carlos Queiroz, há dois aspectos muitíssimo importantes no futebol: inteligência e movimento.
Há jogadores inteligentes com pouco movimento e jogadores com muito movimento mas pouca inteligência. E há os craques.
Como classificou Queiroz outro genial jogador como foi João Vieira Pinto, também o jovem João Félix é a inteligência em movimento.
João Félix deambula quase sempre sem se dar por ele. Joga em todo o campo. Remata muito forte com o pé direito mas também com o esquerdo. Impressiona ainda pelo jogo de cabeça e parece forte mental e emocionalmente.
Tem, no entanto, de cuidar daquela teatral tendência de se atirar algumas vezes para o chão só por sentir a presença de um adversário. Fica-lhe mal e corre o risco de ninguém lhe ligar quando a queda for mesmo inevitável, como já tem, aliás, sucedido.
Corrigidos alguns pormenores. Félix pode ficar com o pacote completo e vir a tornar-se, depois de Cristiano Ronaldo, numa das maiores figuras do futebol português.
João Félix tem (é impressionante como tem), por exemplo, muito mais golo do que Bernardo Silva, como se costuma dizer no futebol. E quem tem mais golo brilha inevitavelmente mais. Bem mais, como aliás se tem visto pela notável carreira do nosso melhor do mundo.
De Félix se falou também por não ter conseguido cumprimentar, no fim do jogo no Dragão, o treinador portista.
Pelas imagens televisivas, parece na realidade que Sérgio Conceição recusa cumprimentar João Félix, deixando de mão estendida o jovem avançado encarnado. Se é verdade que foi realmente intenção de Sérgio Conceição não cumprimentar Félix, o gesto só fica mal ao treinador portista.
Não se trata de saber de futebol; trata-se de comportamentos e há comportamentos que não podem deixar de ser reprováveis. De futebol, só sabem realmente alguns, como Sérgio Conceição; mas de comportamentos sabemos todos.

Ou devemos saber!


PS: Ficaram estas linhas finais para depois do jogo do Benfica, ontem, em Zagreb, num confronto em que os melhores (como é, neste caso, o Benfica) têm sempre mais a perder do que a ganhar. Porque ganhar é normal e perder é desolador. Não foi realmente o Benfica a que este Benfica de Bruno Lage vem habituando os benfiquistas. Longe disso. E é por estas e por outras que mesmo este surpreendente e mais encantador Benfica me parece ainda sem o estofo de um FC Porto."

João Bonzinho, in A Bola

PS: Mais uma inacreditável e vergonhosa crónica do Bonzinho:
Primeiro, então o Félix é teatral!!! ( o Otávio já não é!!!) Então o puto foi agredido e provocado várias vezes no antro e nunca se atirou para o chão... não respondeu às provocações... e é teatral???!!! São estes avençados - que propagam as mensagens da propaganda -, os principais responsáveis pelas campanhas 'negras' contra determinados jogadores, como aconteceu com o Renato Sanches!!!
Segundo, então os Corruptos têm mais 'estofo'!!! Isto depois de terem perdido os dois jogos com o Benfica para o Campeonato! De só terem vencido o jogo da Taça da Liga... da forma vergonhosa como tudo se passou!!! E neste último jogo, só não levaram mais, porque mais uma vez foram levados ao colo pelos apitadeiros... E mesmo assim têm mais 'estofo'???!!!
Só se for por causa da 'amarelinha' e dos apitos....
Terceiro: não transcrevi a parte da crónica, onde se faz o elogio da vitória dos Corruptos sobre a Roma... onde até referiu os vários lances em que os Corruptos tiveram a 'sorte' do árbitro decidir sempre a favor dos Corruptos (nunca colocou em causa a 'honestidade' do árbitro!), mas como é normal nestas ocasiões esqueceu-se de referir o horrível jogo da Roma, que deu em despedimento do treinador e do director-desportivo...

Melhores a defender do que a atacar

"Do ponto de vista ofensivo faltaram mais jogadores a procurar o espaço entre as linhas

Defesas compactas
1. Jogo muito equilibrado, ambas as equipas estiveram melhor no campo defensivo do que no ofensivo. Poucas oportunidades de golo, curiosamente com uma a abrir a partida (Grimaldo) e outro no final (Situm). O encontro foi muito apertado, com poucos espaços. Blocos demasiado compactos e consistentes. O jogo acabou por ser decidido num pontapé de penálti numa falta desnecessária do Rúben Dias. Os centrais do Benfica tiveram alguns problemas no corredor central, como aconteceu com Ferro, num lance a fechar a primeira parte.

A falta de Seferovic
2. Com duas equipas compactas e fortes na pressão, o Benfica sentiu bastante a saída de Seferovic, depois da lesão do avançado suíço. Após a substituição de Seferovic, o Benfica deixou de ter a capacidade para procurar as costas da defesa do Dínamo, com problemas no jogo em profundidade. Além disso, os extremos do Benfica jogaram muito pouco abertos, pois cabia aos laterais dar largura ao ataque. Corchia e Grimaldo deram essa largura, mas nunca a profundidade. Do ponto de vista ofensivo, faltaram mais jogadores a procurarem espaço entrelinhas e a jogar no bloco do Dìnamo. Os alas podiam ter estado mais abertos.

Benfica lento e previsível
3. O Dínamo defendeu forte e compacto, muito agressivas na pressão. Notou-se que o jogo anterior do Benfica, como aconteceu com o FC Porto, não se viu na Croácia. João Félix quase nunca recebeu a bola orientado para a ataque, teve sempre de lateralizar o jogo. Os espaços para a penetração eram quase nulos. Sem Seferovic e com Jonas de fora, ao Benfica faltaram as referências no ataque, pois João Félix não tem essas características. O Benfica insistiu no jogo interior, foi lento e pouco dinâmico a procurar as alas. Quando o fez, o bloco do Dínamo basculou e controlou a bola com relativa facilidade. O Benfica não conseguiu colocar bolas nas costas das linhas do Dìnamo, quer da defesa, quer do meio-campo. Tinha que gerir melhor a posse de bola para encontrar espaços. O Benfica foi lento e previsível. Destaques individuais para Gabriel, do lado do Benfica, o mais regular nas águias. Do lado do Dínamo, gostei de Sunjic, o jogador da posição 6. Tapou espaços e linhas de progressão, nota-se cultura táctica.

Outro ritmo na segunda mão
4. O 1-0 para o Dínamo Zagreb dá conforto aos croatas, mas este não é resultado que coloque o Benfica fora da eliminatória. Na Luz, na segunda mão, a equipa de Bruno Lage tem de jogar com outra dinâmica, outro ritmo. O Benfica não pode falhar tantos passes como os que falhou ontem, sobretudo nos últimos dez minutos da partida, com várias perdas de bola."

José Carlos Pereira, in A Bola

Seferovic – Trabalho sem bola

"Na única oportunidade do Benfica na partida, fica o registo da importância da movimentação dos avançados centro. Se não para receber, para arrastar adversários e abrir espaços.

"

Paolo Maldini, in Lateral Esquerdo

Zagreb: Um simulador de realidade

"Desta vez não foi estranho e não soaram alarmes e reacções. Bruno Lage manteve, na sua segunda deslocação na Liga Europa, a rotação que tão bom resultado deu em Istambul e a previsível consequência disso, esperávamos todos, seria outra boa exibição encarnada, com a habitual fome de conquista a ser a cereja no topo do bolo que é a ideologia de Lage. Isto aquando foram conhecidos os convocados, com as já habituais ausências de alguns pesos pesados. No entanto, quando o onze titular foi dado a conhecer, as razões para nova estranheza aumentaram. Afinal de contas, na Turquia, as águias desenharam um onze que não faltaria aos preceitos de uma ideologia que preza, e tem como seu ponto mais alto (apesar de todos os outros serem de um nível bastante alto) as transições defensivas e ofensivas. Assim, com Gedson e Krovinovic, nas alas, a fazerem companhia a Florentino e Gabriel, foi difícil não pensar nas dificuldades que teria o Benfica para se soltar e acelerar o seu jogo.
Obviamente, o estratega Bruno Lage teria que ter algo na manga, pois alterações deste calibre não se farão sem se ter em conta as características do jogo que esperava o Benfica na capital da Croácia. E se recordarmos as declarações do técnico do Dinamo – quando lhe foi ditada a sorte do sorteio para os oitavos da UEL – as mesmas continham algo que pode ajudar a explicar a preferência por dois elementos com características de espaço central onde, normalmente, actua pelo menos um elemento acelerador. Disse Nenad Bjelica que a sua equipa abordava os jogos da Liga num estilo mais de posse, enquanto que os jogos europeus eram enfrentados numa toada mais de transição. E se assim era, no plano teórico, fazia bem Bruno Lage em preparar a equipa, o onze e as características dos jogadores que o compunham, para um jogo diferente daqueles que foram, por exemplo, os dois jogos contra o Galatasaray – equipa que, recorde-se, parece usar a muita bola que tem, não para ferir o adversário mas para se ferir a si mesma.
Tudo certo no plano teórico, tudo errado no simulador de realidade que foi Zagreb. O Dinamo não começou tão baixo como se previa e o Benfica pouco partido pôde tirar dos desvios de Gedson e Krovi para as faixas. Assim, não obstante a melhor oportunidade dos encarnados ter sido criada nos primeiros minutos (por Grimaldo, que aproveitou algum espaço na zona… central), os restantes minutos que concluíram esta 1.ª mão roçaram um bocejo apenas interrompido por algo não muito especial – como foi a conquista da grande penalidade que haveria de dar a vitória ao Dinamo. E deu a vitória porque o Benfica andou, o restante tempo que havia para jogar, à procura de si mesmo, da sua melhor versão. Algo que se complicou quando Seferovic – elemento com características que fazem Bruno Lage, em condições normais, a nunca prescindir dele – se lesionou, deixando o técnico, e os adeptos, a pensarem em como suprir essa ausência da melhor maneira.
Mesmo notando-se algumas deficiências de posicionamento, a defensiva do Benfica pareceu denotar também alguma falta daquele sentido de armada (bem posicionados, juntos e fortes no duelo) que Lage incutiu em todos os seus jogos

E se estamos bem recordados, aquando do fecho de mercado, Bruno Lage foi peremptório a refutar a teoria que o Benfica não teria os avançados suficientes para atacar a 2.ª volta. E com Seferovic lesionado e com Jonas em Lisboa, Lage optou por dar a vaga a Cervi (deixando Rafa, o outro avançado nas suas contas, mais algum tempo no banco) e deslocar Krovi para trás de João Félix – que passou a ser o elemento mais adiantado da equipa. Dois problemas para resolver (falta de aceleração no corredor esquerdo e falta de profundidade na zona mais avançada); uma só substituição. Algo que, estranhamente, não mudou com a entrada de Rafa – que por estratégia – nunca pisou os mesmos terrenos de Seferovic, apesar de ser o único elemento no plantel que pode oferecer algo parecido ao que o suíço tem vindo a dar ao plano de Bruno Lage.
Um jogo que, assim, não passou daqueles simulacros de incêndio que chateiam um pouco nas grandes superfícies comerciais, mas onde ninguém tem que ser evacuado, nem tão pouco passar por reacções de pânico porque, aparentemente, não há razões para isso. E se algo poderá mudar, daqui em diante, poderá ser a ideia de Lage transformar estas deslocações europeias nesses mesmos simuladores de realidade, onde parte da espinha-dorsal da equipa fica em Lisboa. Sabemos que a dualidade Europa League/I Liga não será fácil de gerir, mas em algum momento o técnico terá de assumir a conquista das duas sem fazer aquilo que pareceu uma poupança manifestamente exagerada e acompanhada de uma mudança nas características dos jogadores que emperrou o habitual futebol fluido que tantos louros já mereceu nos seus dois meses como treinador principal do SL Benfica. 
Dinamo Zagreb-Benfica, 1-0 (Petkovic 38′ g.p.)"

Não fazer de conta

"Bruno Lage voltou a injectar “sangue novo” na equipa. Só que, desta vez, o resultado não foi o mesmo que o do jogo com o Galatasaray.

Contrariando a grande maioria das previsões, o Sport Lisboa e Benfica regressou ontem da capital da Croácia com a desvantagem de um golo perante o Dínamo de Zagreb que não pode nem deve ser minimizada.
Por isso, a equipa de Bruno Lage vai ter de se empenhar a fundo no desafio de retorno, em Lisboa, daqui por uma semana, com seriedade e muita aplicação.
Não chega a ideia de que com o novo treinador o milagre da retoma está alcançado. Pelo contrário, a segunda derrota sob o seu comando e, sobretudo, a fraca qualidade apresentada pela equipa que escolheu em terras do leste europeu deve constituir tema de reflexão a fim de ser evitada nova surpresa.
Mantendo o critério estabelecido já há algumas semanas, Bruno Lage voltou a injectar “sangue novo” na equipa. Só que, desta vez, o resultado não foi o mesmo que o do jogo com o Galatasaray, e a exibição ficou muito aquém daquela com que regressou da Turquia.
Portanto, fica uma lição sobre a qual o técnico não vai deixar de fazer a necessária reflexão.
Como se não bastasse, a arreliadora lesão de Seferovic tem contornos que ainda se desconhecem, pelo que a falta do jogador suíço pode acarretar problemas acrescidos. É que, com ele no eixo do ataque, o rendimento de João Félix tem um peso que pode diminuir se o seu companheiro da frente tiver de ser outro.
Em resumo: pelo que se viu em Zagreb, a qualificação do Benfica para os quartos-de-final da Liga Europa é uma meta perfeitamente alcançável.
Porém, o jogo da próxima quinta-feira terá de ser rodeado de algumas das cautelas que estiveram ausentes ontem na Croácia.
E depois, pelo meio, há o jogo com o Belenenses, que está cada vez ousado e capaz de pregar partidas aos mais fortes.
Daí que não seja recomendável fazer de conta…"

Não há piratas bons

"Se os Estados querem aproveitar o talento destas “mentes brilhantes”, então devem contratá-los para que desenvolvam o seu trabalho de investigação dentro da Lei.

um certo fascínio associado à figura do pirata. Provavelmente fruto da cinematografia “fantástica” que conta histórias de piratas das Caraíbas e dos legos da nossa infância, não é fácil nutrir ódio por estas figuras historicamente conotadas com pilhagens de navios. Sempre causaram a sensação de que faziam coisas muito más, mas no fundo, bem lá no fundo, procuravam o bem. Ou porque roubavam a riqueza dos grandes impérios ou porque dentro do conceito de “feios, porcos e maus” até tinham alguma piada. Quase nos esquecemos que, no meio disso, violavam, matavam, destruíam.
Salvo raras excepções, já não é fácil encontrar piratas no mar (muito menos daqueles com palas nos olhos e viciados em rum), mas vivemos no tempo dos chamados piratas informáticos ou hackers que, com uma espécie de “nerdismo” fascinante, assente num domínio extraordinário da informática, estão a ajudar a descobrir os alegados podres escondidos da humanidade, desde a alta finança ao futebol. No fundo, para uma razoável fatia da opinião pública, estamos perante pessoas brilhantes que ambicionam um mundo melhor e que, portanto, merecem ser perdoadas e até apoiadas. Uma vez mais, quase nos esquecemos que, sem critério ou regras, roubam, violam e expõem a privacidade e, não raras vezes, exercem chantagem e extorsão. No fundo, são criminosos assumidos e orgulhosos. Mas “bonzinhos”.
O que cada um de nós pensa sobre o tema é algo que pertence à liberdade de cada um. Também já sabemos que os jornalistas até criaram um consórcio internacional para se aproveitarem dos dotes destas pessoas e fazerem notícias com o produto das novas “pilhagens”, simpaticamente apelidadas de “maior fuga da informação da história” e a que não têm pudor de chamar “investigação jornalística”.
Mas o mais importante é saber como lidam os Estados com a nova pirataria. Se lidam como Estados de Direito ou como Estados oportunistas. E a verdade é que começam a ser, cada vez mais, as tendências a puxar para o oportunismo da prova fácil, sem querer saber dos perigos evidentes que isso comporta para as democracias.
Validar como provas judiciais, informações obtidas através destes métodos à margem das instituições próprias de investigação dos Estados, é validar o terrível modelo de que “os fins justificam os meios” em que assentaram os mais tenebrosos regimes da história da humanidade. Se aceitarmos o produto obtido por um hacker, então porque não pedir a ladrões para assaltarem casas e trazerem documentação em vez de se promover uma busca com a necessária validação judicial? Ou mesmo, porque não constituir milícias populares para combater o crime nas zonas mais problemáticas?
Se os Estados querem aproveitar o talento destas “mentes brilhantes”, então devem contratá-las para que desenvolvam o seu trabalho de investigação dentro da Lei. Se, pelo contrário, a opção for o aproveitamento do produto obtido por estas pessoas na clandestinidade através do alargamento do conceito de whistleblower ou qualquer outra fórmula abusiva de “legalização” destas práticas, então ficaremos a saber que fica validado o conceito de “fazer justiça pelas próprias mãos.”"

Que ninguém fique à porta por causa da idade

"A juventude a dar cartas na Europa

«Podia lançar aqui o Nuno, mas ainda não jogou, e vou optar por fazer aqui uma adaptação…»
Um dia ouvi um treinador dizer isto e fiquei escandalizado. Desde logo porque o Nuno era eu, e depois porque aquele argumento, apresentado perante todo o grupo, era de uma injustiça tremenda.
É provável que aquela frase não tenha passado de uma desculpa esfarrapada para esconder outros argumentos, porventura bem mais válidos. Mas ficou-me na memória: como é que a falta de jogos podia ser argumento para… não jogar?
No futebol a experiência não pode ser critério para nada, sobretudo quando é calculada apenas com base na idade. E o problema está na frequência com que se confunde com maturidade. Como se, aos 19 anos, Matthijs de Ligt não tivesse mais maturidade do que muitos jogadores acima dos 30 anos. 
Agora imagine que, a 26 de Setembro de 2016, o treinador Peter Bosz tinha metido na cabeça que aquele miúdo loiro, que tinha acabado de fazer 17 anos, não tinha idade para jogar na equipa principal do Ajax.
Três anos passados, De Ligt é capitão da equipa do Ajax que eliminou o tricampeão Real Madrid e seguiu para os quartos de final da Liga dos Campeões.
O histórico emblema holandês conseguiu este feito com uma média de idades de 24 anos, precisamente a mesma com um Manchester United «remendado», por força da ausência de dez jogadores, conseguiu uma reviravolta épica no Parque dos Príncipes.
A semana europeia vem, por isso, provar que o talento não tem idade. E até pode ser verdade que nenhum clube ganha só com formação, mas a culpa não é da idade. Nenhuma academia do mundo consegue alimentar um plantel inteiro com a mesma qualidade, já para não falar que poucos são os emblemas que podem dar-se ao luxo de segurar os talentos que formam.
A aposta na formação nem deveria chegar a ser uma opção, mas sim uma realidade incontornável para qualquer clube, independentemente da dimensão. E depois, na altura de bater à porta da equipa principal, a idade jamais pode ser critério. Nem por excesso."

16%

"Numa altura em que todos os títulos, em Portugal e no Mundo, acumulam perdas financeiras e de leitores, o jornal O Benfica registou uma subida de 16 por cento nas suas vendas em banca. Estamos a falar de um número que não tem comparação, no actual quadro da crise de leitores que afecta toda a imprensa nacional. É um orgulho para todos nós. E o mérito deve ser repartido por todos. Pelos benfiquistas que acreditam, cada vez mais, que o seu jornal é uma plataforma onde procuram informação rigorosa e bem escrita, mérito da direcção do clube que proporciona todas as condições para se efectuar bem o trabalho de informar bem o nosso público-alvo, pelo director de comunicação que tem apostado na valorização das pessoas, das equipas e dos produtos informativos desenvolvidos no clube, pelo director do jornal, por ser uma figura inspiradora e, claro, por uma extraordinária equipa de enormes profissionais e benfiquistas. É uma honra liderar, todos os dias, gente tão disponível, tão comprometida e de tanta qualidade. Estamos todos de parabéns."

Quem serão os próximos 4?

"Luís Filipe Vieira disse no Magazine da Liga Europa que tínhamos 8 jogadores da formação no plantel actual mas que esse número tem potencial para chegar aos 12 já na próxima época. Aqui é importante perceber o que LFV disse porque é diferente de dizer que podemos vir a ter mais 4 caras novas. Por exemplo, um dos jogadores da equipa B que vejo mais rapidamente a saltar para o plantel principal é Nuno Tavares, defesa esquerdo. Só que para Nuno Tavares subir, Yuri Ribeiro teria que ser emprestado. Nesse caso não seriam 4 caras novas, mas sim 5 para compensar a saída de um jogador e chegar aos tais 12. De qualquer maneira, quem são os 4 jogadores mais preparados para dar o próximo salto?
O plantel do Benfica tem neste momento 28 elementos. Svilar vai ser emprestado. Corchia vai sair. Yuri Ribeiro parece-me que vai ser emprestado. Fejsa não me parece que faça sentido estar como 5º ou 6º médio e nesta fase da carreira, acredito que tenha outros planos, como tal acho que pode sair. Salvio, Cervi e/ou Zivkovic vão sair. Pelo menos dois deles. Além de todo o mercado que Rúben Dias, Gabriel e João Félix vão ter este verão. Mas sem esses ficamos com uma vaga a DE, uma/duas vagas a MC (adaptando Krovinovic à ala de vez), uma vaga a extremo (porque ainda vem Caio Lucas), além da vaga que já temos para avançado.
1. Heriberto Tavares. Admitam lá, já não se lembravam dele pois não? Eu confesso que nunca fui o maior fã do Heriberto. O físico está lá. A qualidade técnica está lá. Só que depois decide bem uma vez a cada três. Quantas vezes não me chateei com ele a ver a equipa B porque tendo o colega ao lado isolado, acaba por rematar? Mas a verdade é que tem sido fundamental no Moreirense. Depois de 84 jogos e 29 golos pelo Benfica B, Heriberto leva 27 jogos e 6 golos pela equipa sensação do Campeonato. Só falhou um jogo no Campeonato, sendo o segundo mais utilizado da equipa. À frente dele apenas está… Chiquinho. Dado que joga na posição que temos mais falta de jogadores, parece-me uma aposta imediata.
2. Pêpê Rodrigues. Saindo Fejsa, este vai ser o jogador escolhido. O critério de Lage na escolha de jogadores para o 11 está muito preso com a qualidade de passe. Se virem, todos os jogadores que ele tem promovido, desde Florentino a Samaris, todos passam a bola muito bem. Pêpê é uma cópia de Gabriel. Uma qualidade de passe de outro mundo combinada com boa capacidade defensiva. Ficaria muito surpreendido se Pêpê não fizesse a pré-época com o Benfica. Tendo a oportunidade e mostrando a Bruno Lage a sua qualidade é um mero passo até entrar no plantel.
3. Chris Willock. O jovem inglês não é a aposta mais imediata, confesso. O Benfica tem neste momento seis médios-ala no plantel. Sete se contarmos com o Krovinovic que anda sobretudo a jogar lá. A somar a estes todos, ainda vem o Caio Lucas. No entanto, Willock é o melhor jogador que temos na equipa B. Logo acredito que acabe por ser chamado à equipa principal. Não vai ficar lá para sempre e ele é um jogador com características muito únicas. É muito rápido, muito forte no um para um, boa qualidade de cruzamento. Só faz sentido ser promovido.
4. Nuno Tavares. Um dos jogadores que tem estado menos bem no Benfica nesta época é Yuri Ribeiro. Está longe de convencer e o mais certo é que volte a ser emprestado. Isso abriria uma vaga que com alguma naturalidade será ocupada por Nuno Tavares. É mais novo que o costume. Ainda tem idade júnior neste momento. É um lateral muito à imagem do Grimaldo. Dá qualidade no ataque apesar de ainda ter que evoluir algo no sector defensivo. No entanto, para o Campeonato, os nossos laterais atacam mais do que defendem. Seria uma boa aquisição. Principalmente tendo em conta a margem de progressão.
5. Outros. Branimir Kalaica vai fazer a pré-época quase de certeza e, se Rúben Dias ou Jardel saírem (não creio que Ferro ou Conti possam sair), vai ser chamado à equipa principal. Pedro Pereira é outro que vai fazer a pré-época quase de certeza. Tem sido suplente utilizado na Genoa e se Ebuehi não corresponder às expectativas o Benfica vai querer ter um backup plan. Neste momento acredito que Pedro Pereira esteja à frente do Alex Pinto. Alfa Semedo, Nuno Santos, David Tavares e Tiago Dantas têm todos uma hipótese. Mas subindo o Pêpê e o Chiquinho, parece-me que não haverá mais vagas no plantel e acabarão todos na equipa B por uma época, com excepção de Alfa Semedo que deverá ser emprestado.
Vejo mais uma vaga para a baliza por preencher, mas Fábio Duarte não me inspira muita confiança e André Ferreira não tem sido muito utilizado no Aves, como tal acredito que o 3º guarda-redes acabe por ser o guarda-redes da equipa B que se a lógica imperar vai ser Celton Biai. Vejo também uma vaga para mais um avançado, especialmente se João Félix sair, mas não há nenhum avançado que tenha estado particularmente bem nesta época e como tal acredito que se precisarmos de alguém, virá de fora. Uma pena que João Carvalho tenha sido vendido.
Para terminar deixo-vos um 11 das maiores promessas prontas a saltar para equipa principal do Benfica: André Ferreira, Pedro Pereira, Branimir Kalaica, Vitali Lystcov, Nuno Tavares, Pêpê Rodrigues, Tiago Dantas, David Tavares, Chris Willock, Diogo Gonçalves e Heriberto Tavares."

Ambição deixou de ser utopia

"Que jovem nunca sentiu alguma estranheza nos olhos dos amigos quando manifestou o desejo de ser jogadora de futebol? Este ano, pela primeira vez, qualquer menina benfiquista pode dizer com toda a satisfação que ambiciona ser jogadora de futebol profissional. E para quem ainda duvida, basta assistir a um jogo das nossas sub-17, sub-19 ou equipa principal para observar excelentes jogadas e golos.
A aposta do Benfica no futebol feminino veio na continuidade do bom trabalho realizado por clubes mais pequenos, muitas vezes em condições financeiras e logísticas complicadas, suportado por muita dedicação por parte dos responsáveis e pelas atletas, que sacrificavam a sua vida pessoal para poderem participar num treino, sem qualquer tipo de retribuição financeira.
Respeitando os elevados valores do clube que prezam o espírito de equipa e a união, de superação das suas capacidades. Numa equipa escolhida a dedo, composta por atletas estrangeiras com uma vasta experiência internacional, conjugada com a irreverência de jovens atletas portuguesas que ambicionam um dia representar a Selecção A do nosso país, apoiadas por uma estrutura pequena mas multidisciplinar, sempre disponível para apoiá-las, sob o olhar atento do vice-presidente Fernando Tavares, os objectivos são claros: subir de divisão e vencer a Taça de Portugal.
Depois de 8.126 espectadores no jogo de apresentação, desejamos que o impacto internacional do projecto se traduza em cada vez mais adeptos e seguidores."

"Mostrámos que conseguimos e com qualidade"

"Sinto que o ser Mulher ainda continua a ser uma luta constante pelos nossos direitos e no Desporto é igual. Ainda que não haja tanta diferença como antigamente, e apesar das evidentes melhorias ao longo dos anos, sinto que muitas das vezes ainda temos de trabalhar o dobro para que possamos ter oportunidades iguais, e muitas das vezes nem sequer chegamos a tê-las.
Contudo, sinto também que é nosso dever mudar as coisas, as mentalidades, a maneira de pensar de quem não valoriza o desporto feminino. É nosso dever fazer mais e melhor para que possamos ter reconhecimento e, com isso, as devidas oportunidades.
Em Portugal, o futsal está a crescer, sendo que antigamente as miúdas eram obrigadas jogar com os rapazes até aos 14/15 anos ou a integrar equipas femininas com discrepâncias de idades, e actualmente já há equipas femininas desde escalões muito jovens, como as iniciadas, havendo uma melhor preparação e formação para os escalões mais competitivos.
Além disso, a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, no escalão de sub-19, e a recente campanha rumo à final do primeiro Campeonato da Europa feminino, em que conseguimos encher por duas vezes um pavilhão com três mil espectadores, terão certamente um papel fundamental no alterar da imagem da modalidade. Mostrámos que também conseguimos. E conseguimos com qualidade. Que o meu exemplo e o das minhas colegas ajude a fazer história para a modalidade."

O espectáculo-desportivo

"O espectáculo, sob a forma de desporto, de música, de teatro, de cinema, de publicidade, etc. é, actualmente, permanente. Mas, como escreve Magnane (1964, p. 97), “o teatro actual, e mais ainda o cinema, tendem a isolar o espectador, o espectáculo-desportivo age principalmente pelo ambiente colectivo”. Pela sua dimensão festiva, lúdica e carnavalesca, os grandes eventos desportivos levam o indivíduo a se exteriorizar, para se oferecer ao espectáculo e para participar numa efervescência colectiva. O espectáculo, de manhã à noite, e a favor do progresso das tecnologias de difusão, penetra no interior das existências.
Ninguém pode ignorar quem é Cristiano Ronaldo, Lance Armstrong, Zinedine Zidane, Lionel Messi, Rafael Nadal, só para citar alguns nomes, de diferentes práticas desportivas. No mais pequeno café, nas pausas de café das empresas, nos encontros fortuitos na rua ou nos transportes, durante as refeições familiares, etc., as conversas giram, muitas vezes, em torno das “estrelas” e dos resultados desportivos.
No início deste século XXI podemos chegar a esta conclusão: “ninguém pode escapar ao desporto”. Ele tornou-se uma “prisão” da condição humana. É uma forja. Modelando os homens e as mulheres, o espectáculo-desportivo funciona como uma “antropo-fabricação”, ou seja, “uma fabricação de um certo tipo humano planetário, avatar acabado do homem unidimensional” (Redeker, 2012, p. 23). O desporto enuncia o sentido da existência. A dimensão repetitiva no espectáculo-desportivo une o desporto e a existência quotidiana, que se tornou miserável para muitos (no supermercado, no trabalho, no desemprego, etc.).
Como Guttmann (1986) sustenta, o espectáculo-desportivo tem uma antiguidade secular. Mas ele apresenta, nas sociedades contemporâneas desenvolvidas, “uma singularidade cujos traços podem ser referenciados às dimensões estruturais da modernidade, em particular a alguns modos de especificação dos sistemas de regras estruturantes dos complexos institucionais do Capitalismo, do Industrialismo e do Estado-Nação” (Batista & Pires, 1989, p. 16).
É possível expor algumas dimensões fundamentais que organizam os espectáculos-desportivos ou o “show sportif”:
· Simbólica guerreira: o desporto é a ocasião de produzir a violência simulada e simbólica sobre os outros (que por vezes se torna real). O uso de metáforas guerreiras, os slogans, os gritos emblemáticos, o uso de vestimentas particulares e o uso de instrumentos musicais, inscrevem estas ações num cerimonial de violência, procurando reforçar a coesão de grupo pelo encontro dos inimigos.
· Simbólica sacrifical: encontramos nas múltiplas acções organizadas pelos “fans”, a necessidade de reforçar a coesão do grupo pelo ato sacrificial e de jogar sobre o destino pela capacidade do grupo se unir contra os inimigos (adversários). A construção de identidades colectivas necessita de uma manifestação sacrificial (queimar as bandeiras, por exemplo).
· Afirmação de valores viris: o espectáculo-desportivo popular apresenta-se, muitas vezes, como o local onde se exprimem as solidariedades sexuais, marcando a pertença a uma cultura masculina. A linguagem bárbara utilizada, os insultos aos árbitros ou aos jogadores, o emprego de invectivas muito carregadas sexualmente e os múltiplos gestos de provocação, fisicamente conotados, dão a presença a esta forma masculina. Como se, no tempo de um jogo, os homens precisem de exprimir a necessidade de renovar a sociabilidade e a bestialidade masculina.
· Participação sensual e corporal: o espectáculo popular é uma ocasião de entrar num alto local (sagrado) onde se deixa de lado a banalidade da vida marcada pelos problemas pessoais, familiares e profissionais e a rotina mortífera do desejo e de aventura. Do reconhecimento, é possível criar calor, o ambiente e a festa. Mascaram-se, pintam-se e colocam-se no ritmo da participação dos cantos, dos hinos, pelo uso de instrumentos musicais, assim como os apitos que produzem o estridente “cimento” social. Esta proximidade nas bancadas e tribunas, e da comunhão de corpos, de vozes, de emoções e de símbolos partilhados, dão forma a um corpo social.
· A participação mágica: o jogo desportivo é uma ocasião de convocar os “espíritos”, de produzir uma religiosidade e de renovar com as ciências mágicas e ocultas. O uso de amuletos fetiches, as orações, etc. lembram a necessidade ancestral de assegurar o futuro e de ter o sentimento de azar controlado.
A influência do desporto-espectáculo releva, sobretudo, da psicossociologia das relações interpessoais. A qualidade do espectáculo-desportivo dá-lhe uma audiência excepcional. A emoção cresce de intensidade proporcionalmente ao número de espectadores. As aclamações sobem sem tréguas, de admiração, amor ou ódio. “A paixão do espectáculo-desportivo, qualquer que seja a dose de convenção e de improvisação, de simulação ou de autenticidade que ele comporta, se manifesta sempre pela necessidade evidente pela obsessão do visível” (Magnane, 1964, p. 101).
Nesta procura do visível, o público “apressa-se” à entrada dos estádios (as catedrais, de vida e de morte, dos tempos modernos) ou recintos desportivos para aplaudir os campeões. Os comediantes (público) e os gladiadores (atletas) se encontram na arena, e eles se encontram na vida quotidiana. Desta confusão imposta, nasce uma “sólida” fraternidade. A imprensa escrita, falada e filmada, amplifica a importância acordada às competições desportivas, dando-lhe o relevo das vitórias e celebrando as novas vedetas. Os dirigentes desportivos, identificando a sua missão aos sucessos da elite, e esquecendo as suas responsabilidades em favor das massas, encorajam o público e favorizam as publicidades e mesmo, de uma certa forma, o exibicionismo.
A importância dada ao desporto pelos meios de comunicação social e a globalização fizeram do desporto um elemento poderoso. A televisão por satélite criou um estádio, cujas capacidades de acolhimento são ilimitadas. Num mundo onde a informação é cada vez mais expandida, a proeza desportiva torna-se a forma mais eficaz para suscitar popularidade e atractividade. As vitórias desportivas são uma forma de continuar a guerra por outros meios. É o soft power em vez do hard power. E no soft power o desporto ocupa um lugar importante.
Nem todas as práticas desportivas servem para o espectáculo. O futebol moderno, criado em Inglaterra no século XIX, tornou-se um desporto universal que conquistou o mundo. Este império mundial é gerido por um organismo: a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA). Esta federação de associações foi fundada em 22 de maio de 1904, por delegados provenientes da Bélgica, da Dinamarca, da Espanha, da França e dos Países-Baixos. Sete países, somente. Foi crescendo com o tempo e hoje conta com mais de duas centenas de federações nacionais.
Entre os meios de comunicação social e o desporto nasce um “casamento” de interesses. O desporto faz vender e cria audiências. A Carta Olímpica sublinha que o CIO tomará as medidas necessárias, a fim de assegurar aos JO a cobertura mais completa possível, com os diferentes meios de comunicação e informação, chegando a uma alargada audiência. A irrupção dos meios de comunicação social modificou o impacto do desporto nas sociedades. Na origem, era necessário estar nos estádios para estar envolvido nas competições. A imprensa poderia dar conta do evento, mas o sabor era limitado. A rádio permitiu encontrar um público mais numeroso, vivendo em directo as competições. Nos anos 1960 e 1970, os jogos de futebol do campeonato da primeira divisão, ou as etapas da Corrida de Bicicleta eram seguidas com paixão graças ao transístor. A falta de imagem era compensada pelo entusiasmo dos locutores. A televisão joga um papel importante. Ela criou um estádio gigante onde cada um encontra o seu lugar, mesmo se está a milhares de quilómetros. Os números das audiências televisivas não cessam de aumentar, alargando o público. A multiplicidade das provas permitidas nos JO abrange o público ainda mais alargado. Nos anos 1980, a televisão foi uma das principais fontes de financiamento do movimento olímpico. Depois da televisão, o desenvolvimento das redes sociais e da Internet vêm oferecer um novo modo de acesso ao desporto, acelerando a sua mundialização. De fato, as redes sociais tornaram-se essenciais para os atletas, a fim de federar uma comunidade de “fans”. As redes sociais também são importantes para os patrocinadores: quanto maior o número de “fans”, mais eles ficam contentes. O futebolista Cristiano Ronaldo é mais conhecido do público do que vários primeiros-ministros e presidentes da República. Aliás, como refere Redeker (2012), as pessoas confiam mais nos atletas do que nos políticos. Citámos Ronaldo, por ser mais actual, mas poderíamos citar outros nomes: Pelé (Brasil), Eusébio (Portugal), Maradona (Argentina), Zidane (França), Beckham (Inglaterra).
Os meios de comunicação social ajudam os desportos a popularizarem-se. Mas difundem sobretudo os desportos populares para assegurar as audiências. O futebol, como já referimos, fez um grande caminho desde que nasceu da elite britânica no final do século XIX para tornar-se o desporto do povo em todos os continentes.
Existe uma rede complexa de inter-relações entre cinco mercados diferentes:
· o mercado da publicidade que explora os “tempos mortos” do desporto (paragens de jogo, meio-tempo, etc.), para os transformar em “tempos fortes” da publicidade.
· o mercado do espectáculo-desportivo transforma o desporto de duas formas. De um lado, em o metamorfoseando-o em verdadeira “canção de gestos”, na qual a dramatização subordina as taxas de audiências. Por outro lado, adaptando as regras aos constrangimentos da televisão.
· o mercado dos produtos, cujos nomes são difundidos e conhecidos graças ao desporto. Os produtos desportivos, claro, como os sapatos, vestidos, ténis, objectos técnicos (raquetes, skis, etc.), mas igualmente os produtos não desportivos (bebidas, serviços bancários, aparelhos domésticos, etc.) que fazem objecto de publicidade nos estádios.
· o mercado dos jogadores profissionais: é claro que o nível excepcional atingido pelos salários dos futebolistas, por exemplo, também se deve à televisão. É o “futebol business”.
· o mercado das disciplinas desportivas, na medida em que o carácter “telegénico” de certos desportos contribuem para o seu sucesso junto dos praticantes. Os exemplos mais marcantes são o futebol e o ténis, que veem regularmente engrossar o número dos seus adeptos no momento da retransmissão televisiva do mundial ou dos torneios de Roland-Garros (Paris) e Wimbledon (Londres). Nem todos os desportos têm o mesmo tratamento de igualdade junto à televisão. Ela escolhe, com precisão, o que oferecer aos telespectadores. As relações de natureza económica entretidas entre o desporto e a televisão não se inscrevem numa lógica jurídica particularmente elaborada.
O peso económico dos cinco mercados é colossal. O desporto não pode viver e se desenvolver sem dinheiro e sem mediatização. Na realidade, a televisão impõe novas hierarquias, tanto ao nível da disciplina praticada, como dos atletas. Ela prescreve novas regras, altera os programas e fixa os horários. Esta evolução impõe-se para rentabilizar as escolhas de programação. No seu esforço de desenvolvimento (ser conhecido, ter mais praticantes), as modalidades desportivas, que até aqui estavam afastadas do programa olímpico, não param de se fazer aceitar. É a melhor maneira para aceder à “mania” mediática. A atribuição oficial do “selo de qualidade” de “alto nível” confere um reconhecimento à disciplina desportiva, como uma espécie de oficialização. Este reconhecimento tem um duplo objectivo: reconhecimento social ou mediático e consequências económicas, que as disciplinas procuram a nível mundial. Para as federações, por exemplo, o reconhecimento olímpico permite uma maior ajuda financeira do Estado."

O Desporto como ferramenta de promoção de valores

"Actualmente muito se fala em crise de valores. Nas sociedades capitalistas, os bens materiais tendem a tornar-se valores supremos que influenciam as nossas decisões. Juntando a isso fenómenos sociais como o elevado desemprego, a instabilidade profissional, os conflitos sociais, o sedentarismo e a pobreza, facilmente podemos compreender a elevada descrença nos valores fundamentais que deveriam nortear as sociedades.
Os eventos desportivos tornaram-se lugar apetecível, de fácil acesso, onde os aspectos referidos, aliados às emoções clubísticas, têm gerado ocorrências que não são dignas da essência do desporto e que põem em causa o próprio conceito de desporto.
Este tema leva-me a recordar Nelson Mandela e o seu discurso na cerimónia de entrega dos Laureus Prémios Mundiais do Desporto em 2000, quando afirmou que o desporto "tem o poder de mudar o mundo", "o poder de inspirar" e "o poder de unir as pessoas". Nessa ocasião reforçou ainda que o desporto tem uma linguagem própria, que todos compreendem independentemente da sua classe social, das suas origens, crenças religiosas ou filiações ideológicas.
Mais do que pelas palavras, Nelson Mandela mostrou com as suas acções que através do desporto se consegue formar pessoas melhores e até mesmo sanar conflitos.
Aliás, na história do Movimento Olímpico temos diversas demonstrações de que o desporto é um fenómeno unificador, capaz de derrubar todas as barreiras, mesmo aquelas em que a diplomacia se torna ineficaz. Basta recordar os últimos Jogos Olímpicos de Inverno, em que, a pretexto da participação da Coreia do Norte, foi possível amenizar os aguçados ânimos entre esse país e os Estados Unidos da América. Ou a famosa e improvável amizade entre os atletas Jesse Owens e Luz Long, que, durante os Jogos Olímpicos de Berlim (em 1936), mesmo sendo rivais, não deixaram que a ideologia nazi se sobrepusesse aos laços que o desporto permitiu que fossem criados.
Mais casos e histórias haveria para contar!
É por isso importante combater o preconceito de que existe violência no desporto: existem, sim, pessoas que se servem do desporto para fazer uso de violência.
Este flagelo só se consegue combater através da Educação.
O desporto permite o treino de habilidades cognitivas impossíveis de treinar noutro contexto.
Na escola ou nos clubes, as crianças aprendem valores como a Cooperação, o Respeito, a Amizade, a Justiça, a Multiculturalidade, o Empenho ou a Excelência de forma lúdica e divertida. Estes valores, se forem ensinados desde cedo, vão contribuir para cidadãos mais activos, saudáveis, motivados, educados e felizes. O oposto aos fenómenos sociais de que falei no início.
Infelizmente, muitos dos pais ainda não se encontram sensibilizados para esta realidade e não valorizam a necessidade de as crianças praticarem uma ou mais modalidades desportivas. Ao invés disso, estes mesmos pais contribuem para o elevado sedentarismo das crianças de hoje em dia, originando os mais variados problemas, como a obesidade, o défice de atenção, baixa capacidade de autonomia ou a imaturidade no desenvolvimento social.
Números assustadores de um estudo recente da Comissão Europeia mostram que 64 por cento dos adultos portugueses não praticam qualquer tipo de actividade física. Esta inactividade não ajuda a combater a falta de cultura desportiva de que tanto se fala actualmente e cuja construção iria sem sombra de dúvidas dar origem a uma população mais activa, saudável, tolerante e inclusiva.
É por isso necessário que esta situação seja invertida!"

Todos à Luz!

"No campeonato nacional, a regra é sempre a mesma: as contas só se fazem no fim. Nas eliminatórias da UEFA, recomenda o bom senso que as contas só se façam… depois da 2.ª mão.
O Benfica está em desvantagem nos oitavos de final da Liga Europa, mas o duelo com o Dínamo Zagreb ainda está no intervalo. A 1.ª parte não correu bem à nossa equipa, mas o que falta jogar será na Luz e, como sempre, a onda vermelha terá um papel fundamental na reviravolta e na qualificação que queremos garantir!
Esse jogo com o campeão da Croácia não é, porém, aquele em que importa pensar nesta altura. Há duas recepções na Luz marcadas para os próximos dias – Belenenses e Dínamo Zagreb – mas é sobre o dérbi lisboeta que deve recair toda a nossa atenção.
Vem aí a primeira das 10 finais que faltam disputar no campeonato! Há 30 pontos em jogo e o Benfica tem consciência das dificuldades que ainda irá encontrar pelo caminho. O Belenenses é, como se viu no jogo da 1.ª volta, um adversário de qualidade. Teremos de estar ao melhor nível para somar mais uma vitória e dar mais um passo rumo ao principal objectivo da temporada.
O apoio dos adeptos será precioso para nos ajudar a eliminar o Dínamo Zagreb na 5.ª feira, mas precisamos dessa onda vermelha ainda antes: já na 2.ª feira! Vamos encher o Estádio da Luz!

PS: No Dia Internacional da Mulher, uma saudação especial às mais de 1.000 atletas que representam o Sport Lisboa e Benfica. São, todas elas, verdadeiras campeãs! Vale a pena ler a reportagem publicada hoje no jornal ‘O Benfica’ sobre os feitos do nosso clube nas várias modalidades femininas. E, já agora, vale também a pena ficar a saber que o jornal ‘O Benfica’, em verdadeiro contraciclo com o que se passa na imprensa nacional, cresceu 16% (!) nos dados oficiais mais recentes que estão disponíveis. É obra!"

Nada temei, fiéis, pois o Senhor providenciará voos a Shanghai por €689 na Emirates para curar o espécime suíço

"Vlachodimos
Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.
Isaías 35:4
Tal como nós, Vlachodimos pareceu estranhar a impetuosidade ofensiva dos croatas, mas não deixou que isso quebrasse a sua concentração. O grego é o principal responsável por levar esta eliminatória para a segunda mão, onde faremos aquilo que nos compete: dizimar os sonhos deste inocente Dínamo Zagreb, convencido que estará da sua capacidade para sobreviver a uma descida ao Inferno. 

Corchia
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos.
Cap. 2, Coríntios 4:8, 9
Independentemente do valor que começo a reconhecer-lhe, a pessoa sabe que foi uma noite complicada quando há gente nas redes sociais a dizer que Corchia foi um dos melhores do Benfica.

Rúben Dias
Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.
Mateus 5:42
Ingénuo na abordagem ao lance do penálti, em que acabou por oferecer meio golo a um croata em nada merecedor de tamanha generosidade. Mas é esta a entrega de Rúben Dias ao jogo: sem temor, com a sofreguidão própria de quem quer ganhar tudo em cada lance e por isso dá o que tem e o que não tem. O excesso de generosidade tem estas desventuras, que só tornarão o nosso capitão mais forte.

Ferro
Sofre pois, comigo, as aflições como bom soldado de Jesus Cristo.
Cap. 2, Timóteo 2:3
Sofreu e de que maneira, sendo obrigado a pisar zonas laterais para compensar a projecção do colega na lateral, assim como a demais compensações, para além de ter feito maioritariamente aquilo que lhe competia no seu raio de acção.

Grimaldo
E tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis.
Mateus 21:22
É nestas alturas em que Grimaldo termina um jogo agarrado à perna que eu mando o Richard Dawkins e o Sam Harris às malvas e rezo a Deus, Lage e todos os santinhos para que não seja nada. Mais importante do que saber como jogou hoje, é saber que voltará a jogar. Como se não lhe chegasse o sofrimento de jogar no mesmo flanco de Krovinovic e Cervi.

Florentino
Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.
Filipenses 1:6
Encheu o campo na medida do possível, apesar de hoje ter mais adversários do que tem sido habitual, isto se incluirmos alguns dos colegas. Foi provavelmente o adversário mais complicado que enfrentou até agora na equipa principal, e ainda assim saiu intacto. Nunca uma criança pareceu tão calma sob pressão. Apetece dizer, em caso de incêndio: mulheres e homens primeiro, o Florentino não se importa de esperar.

Gabriel
Os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.
2 Coríntios 4:17 
Agora que nos estávamos a habituar ao Gabriel portento físico e cerebral do meio-campo benfiquista, custa um bocadinho sair à rua e dar de caras com o Gabriel mais tremido, mas em boa verdade fomos todos surpreendidos por estes croatas, excepto aquele vosso amigo que segue todas as contas da Opta no Twitter e já sabia que isto ia correr mal por causa de uma estatística qualquer sobre recuperações de bola junto às bandeirolas de canto. É deixar de lhe falar até virarmos a eliminatória.

Gedson
Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.
Isaias 35:4
Tal como eu numa madrugada de 2006 em que acordei à porta de um prédio em que vivi na Rua do Caldas, também Gedson tem tomado demasiadas decisões erradas, especialmente na construção ofensiva, e isso parece prejudicar os seus níveis de confiança, tal como prejudicou o meu fígado. Passou muito tempo de costas voltadas para a baliza adversária, a tentar ganhar tempo para perceber o que se passa, quando nem Bruno Lage parecia capaz de reagir. Saiu sem glória, mas esta voltará a banhá-lo. O miúdo bem pode aparentar mediania numa noite como a de hoje, mas o talento não engana, e está nas melhores mãos.

Krovinovic
No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
Efésios 6:10, 11
Onde está o Krovinovic cujo magnetismo atraía a bola de jogo e fazia jogar os demais? O de hoje foi uma sombra do tipo tremendamente inteligente com e sem bola que vimos na época passada, antes da lesão. Apesar de ter sido devidamente acossado pelo adversário, é impossível dizer que não esperávamos mais. Se há coisa que todos esperávamos hoje era mais, de Krovinovic e dos restantes. O Benfica também é isto. Esperar muito, ou tudo, de quem veste a camisola. E hoje Krovinovic pareceu temeroso e incapaz de assumir o protagonismo que o jogo pedia dele. Ora encostado ao flanco, ora jogando por dentro, expliquei porque é que não tem jogado. Resta confiar nos talentos espeleológicos de Bruno Lage para encontrar o Krovinovic outrora avistado.

João Félix
No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
Efésios 6:10, 11
Passou a maior parte do tempo entregue à sua sorte na Croácia, o que raramente dá bom resultado em jovens desta idade e irreverência. Será uma sorte se não apanhar sífilis. O miúdo Félix terminou irremediavelmente sozinho na frente de ataque, sem o BFF Seferovic para arrastar centrais e pagar rodadas de shots, deambulando como um poeta melancólico pelas ruas de Zagreb, a declamar Baudelaire sem consultar o Citador, todo ele talento literário sem correspondência adequada na fealdade técnico-táctica imposta por muitos dos intervenientes, que por fim sucumbiria à prosa croata.

Seferovic
Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão.
Salmos 37:23, 24
E por Senhor entenda-se o departamento médico do clube. Meus caros, não sei quando é que sai o boletim clínico respeitante ao jogador que mais falta fez hoje na manobra ofensiva da equipa e até mesmo na reacção à perda, mas fiz uma pesquisa muito rápida e há voos directos para Shanghai na Emirates por 689€. Quem consegue curar o Marega também chega para este elegante espécime suíço.  
Cervi
Este é o meu consolo no meu sofrimento:
A tua promessa dá-me vida.
Salmos 119:50
Querem melhor prova de que até a Bíblia nos engana? Não há consolo possível para o sofrimento que é ver Cervi em campo nesta fase da época. É verdade que a sua promessa já deu vida, mas se continuar assim a confirmação do óbito não tardará.

Rafa
Tu conheces bem nossas iniquidades; nossos pecados mais secretos não escapam à luz da tua face. 
Salmos 90:8
Pecou pela entrada tardia e deveria ter tomado o lugar de Seferovic que nem o avançado que nos foi prometido aquando do fim do mercado de Janeiro. No fundo, a sua presença em campo serviu para confirmar que até figuras suprahumanas como Bruno Lage cometem erros.

Zivkovic
Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.
Lage 19:04"

Cadomblé do Vata

"1. Pior do que a euforia só a irracionalidade... estamos a deprimir por causa da lesão do Seferovic e o substituto dele é só o Jonas.
2. Pior do que o resultado só a exibição... no estádio Maksimir metemos um "ing" em Sport Lisboa e Benfica.
3. Pior que o Gedson só o Cervi... a história repetiu-se e a sucessora da Jugoslávi só fez bosta na Croáci.
4. Pior que o treinador de bancada só o bipolar... critica-se a rotação do plantel e critica-se a titularidade do Seferovic.
5. Agora resta encher a Luz na quinta para levar a equipa até aos quartos de final.. porque pior que achar que 30 mil adeptos fazem um ambiente infernal, é não lhes mostrar o tamanho de um inferno de 65 mil Benfiquistas."

GNK Dínamo Zagreb - SL Benfica

"Pior jogo da era de Lage. Por dois motivos essencialmente: primeiro porque houve jogadores que entraram que estiveram a anos-luz do rendimento habitual de quem substituíram e segundo a lesão de Seferovic. No meio disto tudo os croatas até foram meigos e não apertaram muito na segunda parte. Podíamos ter saído daqui com o saco cheio e a verdade é que a eliminatória está em aberto. Umas notas sobre o jogo.
1. Haris Seferovic. Com Bruno Lage só não foi titular no segundo jogo com o Guimarães. De resto jogou sempre. Muita gente falou em dar-lhe descanso. Nunca aconteceu. Acho que esta lesão (sozinho depois de saltar a uma bola) não chocou ninguém. Seferovic é, a par de Vlachodimos, o jogador mais insubstituível do plantel. Não estou a dizer que é o melhor. Estou a dizer que as suas características são fundamentais para a nossa maneira de jogar e a verdade é que também são únicas. João Félix não tem o físico do suíço e Jonas não tem a velocidade. Nenhum jogador dá a profundidade que Seferovic consegue dar. Mas a verdade é quem é que poderia ter entrado para o lugar hoje? Jonas não anda a 100% e depois de dele não há mais ninguém. Eu sei que nos tentaram colar a ideia de que Jota pode jogar no meio mas então porque é que não entrou o Jota hoje depois da lesão? Foi um erro arrancar em Janeiro só com três avançados, sendo que um deles tem estado mais tempo lesionado do que pronto. Vamos ver o que isso nos vai custar.
2. Filip Krovinovic e Gedson Fernandes. Péssimo jogo de cada um. Krovinovic não tem o toque de bola que já o vimos ter. Prende muito o jogo, falha muito passe e é lento. Gedson não foi muito diferente. Falhou um sem número de passes e raramente conseguiu criar alguma coisa. Não resultou. Bruno Lage vai ter que pensar numa alternativa.
3. Vlachodimos e Ferro. Os dois melhores jogadores do Benfica hoje. Ferro teve vários cortes bons. Vlachodimos ainda fez algumas defesas importantes.
4. Franco Cervi. A continuar assim, vai ser o primeiro jogador a ser corrido no final da época. É um extremo cuja melhor característica é que defende bem. Com a quantidade de médios-ala que temos neste momento, com Caio Lucas a chegar, com Jota, com Willock, Cervi a jogar assim não tem a mínima hipótese. Muito preso de movimentos, quando tem bola perde-a ou passa mal. Não me lembro de um bom momento dele.
5. Grimaldo. Tivemos dois remate à baliza. Uma jogada (a única boa no jogo todo) logo a abrir, onde Gabriel coloca em Félix que deixa a bola passar enganando os defesas e nas costas surge o Grimaldo que na cara do guarda-redes não consegue finalizar. E um livre. De resto, saiu também com algumas queixas na coxa. Esperemos que não seja mais um lesionado. É que a seguir a Seferovic e Vlachodimos, Grimaldo é o jogador mais insubstituível. 6. Rúben Dias. Jogou a capitão. Eu adoro o Rúben mas hoje foi um patinho na jogada do penalty. Ele sabe e vai aprender. Outra coisa que tem que aprender é o posicionamento. Rúben Dias anda a meter uma série de avançados em jogo por estar sempre tão recuado. Tem que rever. Hoje voltou a acontecer.
Não vamos conseguir jogar sempre bem. Os croatas são muito organizados e este 4-2-3-1 fechou muito bem os nossos médios-ala que jogam mais por dentro. A partir do momento que ficámos sem Seferovic a equipa perdeu a linha de jogo e não conseguiu inventar uma única jogada de perigo. Enquanto o suíço estiver de fora, vamos ter que reinventar alguma coisa porque neste momento isto não vai ser suficiente para bater o Nacional, muito menos o Belenenses. Temos Bruno Lage e nele confiamos. A eliminatória está em aberto. Podemos dar a volta facilmente na segunda mão."