sexta-feira, 1 de março de 2019

Proximidade

"O trabalho de proximidade é uma das apostas estratégicas da Fundação Benfica, acompanhando a dimensão e vocação universal do clube fundador. Aposta-se em estar perto das pessoas, dos seus problemas e desafios e em dar à responsabilidade social um cunho cada vez menos institucional e cada vez mais orgânico. Por isso os nossos projectos e acções espalham-se de norte a sul, do litoral ao interior, das cidades aos campos, do continente às ilhas atlânticas e para lá delas pelo espaço da língua portuguesa e pelos desafios do mundo.
Mas, claro, a proximidade não está só na atitude e nas deslocações permanentes, ao longo de todo o ano, pelo país real. Também se mede pela distância física, e a nossa casa fica em São Domingos de Benfica, por isso são desta freguesia de Lisboa a relva e a terra que pisam os nossos jogadores nas suas conquistas. É também aqui que se guardam os troféus e a memória de tantos e tantos dias, pessoas e feitos deste Benfica centenário.
Deste modo faz todo o sentido que a nossa atenção e sensibilidade social toque a cidade que diariamente nos envolve e que não é imune aos problemas da sociedade portuguesa. Um deles é o absentismo escolar, as suas causas e efeitos familiares e comunitários, retirando opções, espaços de afirmação individual e futuro aos jovens. Por isso, o projecto 'Para ti Se não faltares!' justifica plenamente a sua presença nesta zona da capital e o investimento conjunto da autarquia e da Fundação em prol dos jovens. E eles merecem! Os resultados estão à vista de todos, com melhorias a cada ano e um envolvimento fantástico de famílias, professores e restante comunidade educativa. É uma parceria vencedora, para crescer e durar, esta que mantemos quase desde a primeira hora e que logo se transformou numa parceria de trabalho comum, uma plataforma de concertação de vontades e uma alavanca de acções concretas em prol do bem-estar da comunidade em que se insere nada menos que o Estádio da Luz. E neste estádio damos sempre o melhor de nós, Fundação incluída!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Ganhar o futuro

"Com o entusiasmo gerado no universo benfiquista pela consistência dos desempenhos da nossa equipa de elite, a generalidade dos Sócios não terá tornado consciência da verdadeira dimensão de suas singulares decisões da mais significativa relevância, assumidas, a meio da semana passada, nas sedes de gestão do grupo empresarial do Sport Lisboa e Benfica. Às vésperas da celebração do 115.º aniversário do Clube, a administração da Benfica, SAD anunciou a intenção de levar à sua Assembleia Geral já convocada extraordinariamente para a sexta-feira, 15 de Março, o projecto de alienação dos activos das suas participadas Benfica Estádio, SA e Benfica TV, SA, a favor da Sport Lisboa e Benfica, SGPS, criada em Março de 2001, no day after do escrutínio que elegera o presidente Manuel Vilarinho para implantar a regularidade de gestão e toda a força da modernidade que desde aí, imparavelmente, viria a sedimentar, prover e caracterizar o futuro do Glorioso.
Hoje, escassos dezoito anos depois, perante o imponente património edificado da Benfica Estádio, SA, absolutamente único em Portugal e já totalmente realizado em termos financeiros, e em face dos poderosos activos constantes e envolvidos na actividade pioneira, vencedora e ímpar da Benfica TV, SA, esta importantíssima decisão agora assumida  mais uma vez! - pelo presidente Luís Filipe Vieira no contexto da sua visionária e seguríssima interpretação de gestão, ao devolver e entregar estes bens materiais e virtuais ao Clube e aos seus Sócios, representa muito mais do que apenas outra corajosa medida de governo do Sport Lisboa e Benfica. A meu ver, a mais impressiva robustez da proposta conjunta - logo comunicada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e que agora irá ser apreciada e votada na sede própria do Grupo - consiste na própria conformação simbólica que a envolve, ao consagrar uma nova e decisiva etapa na construção do maior desígnio do Benfiquismo, desde sempre e constantemente afirmado e reiterado por Luís Filipe Vieira: 'O Benfica é dos Sócios do Benfica!'
E eu, pela minha parte, ficaria triste e surpreendido se um (não menos incrível!) conjunto de resultados desportivos nos pudesse distrair do enorme significado destas oportunas decisões que, só por si, representam a garantia de podermos ganhar ainda mais, cada vez mais, nos dias do futuro."

José Nuno Martins, in O Benfica

Bacall and whistleblowers (para a Filipa)

"Parece que está na moda atribuir o qualificativo de whistleblower a torto e a direito, dando-o a vulgares ladrões de informação alheia (verdadeira, suposta ou truncada) e/ou a pessoas que se dedicam a espreitar pelo buraco da fechadura (sobretudo digital) e/ou a devassar a privacidade alheia das formas mais variadas e, amiúde, descaradas

Voltou-se a falar sobre a figura do whistleblower e – embora eu preste uma atenção muito contida ao que se passa no espaço público-mediático – ouvi ou li coisas que me parecem, salvo o devido respeito por melhor opinião, rematados disparates ou, pior, mal-amanhados exercícios de cinismo. Parece que está na moda atribuir o qualificativo de whistleblower a torto e a direito, dando-o a vulgares ladrões de informação alheia (verdadeira, suposta ou truncada) e/ou a pessoas que se dedicam a espreitar pelo buraco da fechadura (sobretudo digital) e/ou a devassar a privacidade alheia das formas mais variadas e, amiúde, descaradas. E isto de modas é irresistível, vem em vagas, e há sempre quem não resista, mesmo que – por função, por conhecimentos e/ou por responsabilidade – tivesse o dever de o fazer e de não ir em cantigas fáceis. Mas para resistir é preciso ter várias características, que são um bem escasso, e vai daí há quem trate de dizer que piratear informação, em busca do lucro ou da devassa interessada, é nobre. Coisa que os suspeitos do crime usam em sua defesa quando o dinheiro não pingou ou, sobretudo, quando são apanhados e se veem na iminência de se sentar no “banquinho” para responder em juízo. Aqui-d’el-rei, que afinal eram larápios abnegados que só queriam repartir com os desvalidos desta vida e foram vítimas do malvado xerife de Nottingham.
Que os presumíveis e alegados bandidos usem isto em sua defesa, muito bem, pois as garantias de defesa devem ser todas, e não me choca. Mas já me choca, e até me nauseia, que os utilizadores do produto do furto e da devassa, ainda com os restos do doce a escorrer pelas comissuras, tenham o despudor de confundir estes piratas de meia ou de maior tigela com o que é um whistleblower – figura jurídica concreta e séria, e que tem requisitos. E com coisas sérias não se brinca, salvo se for para humor inteligente, o que não é o caso. E pessoas com responsabilidades, institucionais ou académicas, ainda pior, e só alimentam a confusão, seja por malícia, seja por patetice, seja por não resistirem à sedução de dizer ou escrever o que em cada momento parece que fica bem. Tenham paciência, mas whistleblowing – independentemente das questões que coloca – é outra coisa, e só confunde quem quer ou quem não sabe.
Talvez fosse avisado estudar um bocadinho mais, ou ter mais cuidado antes de abrir a boca e ir para o espaço público disparatar. Ou, pelo menos, revisitar esse filme magnífico, que é o preferido de uma grande amiga – rectius, de uma amiga, porque os amigos são sempre grandes, por isso são poucos –, que é “To Have and Have Not”. Aí podiam aprender muitas coisas, entre o mais a lição magistral que Bacall dá a Bogart sobre enganos e mistificações, ou o simples e básico significado de whistle. Tal aprendizagem já seria um bom começo. E é tão simples, quase como – para quem não sabe usar os lábios, mesmo que seja só para to whistle – estar calado. Desculpem a antipatia, quiçá mesmo a arrogância, mas há dias em que a paciência tem limites e não resiste ao descaramento ou à estupidez. E, entre uma coisa e outra, venha a insinuante e diabólica-angélica Bacall no filme de Hawks, e escolha."

Cadomblé do Vata (passar o tempo, até...)!

"1. Marega e Jonas foram alvos de controlos anti-doping surpresa... é de salutar o interesse do ADoP nos tratamentos miraculosos, ficando apenas a sensação de que peca por tardio, por não ter tido também como alvo o Bruno Costa que recuperou em 3 dias de uma lesão que o impediu de chegar ao intervalo de um jogo da Taça da Liga.
2. No mesmo dia em que a Humanidade ficou a saber que o funcionário do Sporting CP que trata da liquidação de empréstimos à banca, é o mesmo que está responsável pelo pagamento a clubes fornecedores de jogadores, um vice presidente verde e branco diz que não precisam de vender jogadores... os lagartos gostam tanto de imitar o SL Benfica, que até arranjaram um Domingos Soares Oliveira para eles.
3. LFV confirmou que Ferro renovou até 2023, ficando com cláusula de rescisão de cem milhões... isto dito pelo Presidente do SL Benfica, soa mais a "sem milhões".
4. A imprensa tem noticiado com grande estrondo que "Jorge Jesus passou a ser representado por Pini Zahavi, empresário ligado a colossos europeus"... parece ter até melhor currículo, do que aquele rapaz da Gestifute, que vive no mesmo país do treinador.
5. Numa só noite, LFV disse que este Benfica sem títulos europeus lhe faz lembrar o dos anos 60, que os adeptos que todas as semanas cantam "Benfica é nosso até morrer" já podem gritar "o Benfica é nosso" e que todos sabiam quem era o treinador pretendido para substituir Rui Vitória, que por acaso nem era Bruno Lage, a quem só ao segundo jogo foi comunicado que afinal tinha que alterar os planos das férias de Verão ... alguém reparou no olhar de "vê lá mas é se rodas essa merda para este lado" do Manuel Vilarinho?"

Do ataque à defesa, não necessariamente por essa ordem: as ideias, as preocupações e as figuras que vão decidir o clássico no Dragão

"Neste tipo de jogos, é muito difícil perceber quem poderá ter mais sucesso, por normalmente estes serem jogos nos quais as equipas se conhecem bastante bem, e sobretudo pela preponderância da abordagem conservadora na escolha dos onzes iniciais e no ponto de vista estratégico.
Os treinadores procuram não expor as suas equipas no momento ofensivo para evitar ao máximo os contra ataques (atacam com menos unidades e não arriscam sair a jogar em zonas recuadas), assim como procuram ter um aproveitamento grande dos momentos de transição defensiva e de bola parada. Por tal, será difícil de prever um jogo aberto, no qual as duas equipas joguem sem muitos complexos, até pelo que está em causa no jogo: a disputa do primeiro lugar.
Será quase impossível que o FC Porto possa repetir uma exibição como a que fez com o Braga, pela escolha dos jogadores que teve. Foi a melhor exibição individual dos "dragões" em muito tempo e a maior causa disso foi o perfil dos jogadores em campo. Não teve tantos jogadores cuja melhor característica é a força e a velocidade e, por isso, conseguiu em vários momentos ter um futebol bastante agradável.
Assim como será difícil que o Benfica chegue a um número de golos tão alto como nos últimos jogos, porque a equipa só começa a jogar um futebol diferente, de mais passes, quando está confortável no resultado.
Tendo em conta que as duas equipas procuram em primeiro lugar a profundidade (o FC Porto mais vertical, o Benfica mais diagonal), os dois treinadores deverão alinhar estratégias para fazê-lo. Ambos costumam baixar as linhas neste tipo de jogo e definem zonas de pressão mais médias. Colocam-se para não deixar o adversário sair a jogar, mas, caso o consigam, juntam na zona intermédia, para retirar espaço nas costas e entre sectores, e só depois pressionam.
Sabendo que nenhuma das equipas tentará arriscar muito na saída de bola, parece-me uma decisão sensata dos treinadores. Há, porém, que pensar em como, depois do ganho da segunda bola, parar a construção da dinâmica do adversário. A variabilidade de jogo surge em transição ou quando as equipas estão confortáveis no marcador; aí, procuram circular a bola por outras zonas e tentar situações para desequilibrar com mais toque curto do que longo.

As Três Preocupações de Sérgio Conceição
1. A forma como o Benfica explora em largura e profundidade o lado contrário de onde a bola está ser jogada, sobretudo com os passes de Gabriel, para depois então colocar as dinâmicas ofensivas em campo (como se vê nas imagens abaixo).
E poderá fazê-lo pressionando Gabriel com a orientação corporal adequada (para fechar a diagonal), não deixando que este tenha tempo e espaço para colocar a bola que Bruno Lage preparou (do lado direito com Pizzi em largura e João Félix a fixar o lateral – do lado esquerdo com Grimaldo em largura e Rafa a fixar o lateral); ou até impedindo que a bola entre em Gabriel, pedindo aos seus jogadores que fechem as linhas de passe para o mesmo (até com acompanhamento individual); a melhor forma seria roubando a bola e dominando o jogo, não dando espaço para que o Benfica possa colocar a dinâmica em prática, sendo que esta solução será sempre muito difícil, uma vez que é impossível dominar e controlar o jogo durante os noventa minutos.
2. A transição ofensiva do Benfica: a forma como Félix e Seferovic se movimentam nesse momento, abrindo primeiro para depois procurarem a profundidade, a rápida chegada de Rafa para conduzir, e Pizzi e Gabriel a lançarem o ataque. A reacção à perda será fundamental, bem como as faltas nos momentos em que a equipa não conseguir recuperar logo a seguir à perda.
3. João Félix e Grimaldo: do ponto de vista ofensivo, são os que mais situações diferentes conseguem dar ao jogo do Benfica, pela criatividade.

As Três Preocupações de Bruno Lage
1. A forma como irá impedir o FC Porto de explorar a profundidade de forma vertical, não desposicionando os seus defesas, uma vez que está bem trabalhada na equipa de Sérgio Conceição a dinâmica dos movimentos em que o avançado recebe, toca no médio ala que se desmarca em profundidade entre o lateral e o central para obrigar o central a sair, e posteriormente a saída de um cruzamento aproveitando o tempo de ajuste entre a saída do central da posição e a chegada do médio defensivo ou do lateral para ocupar a sua posição em zona de cruzamento.
A dinâmica é já bem conhecida por todos, sendo que os intervenientes vão mudando consoante o primeiro jogador que recebe a bola no último terço. Lage poderá manter a estrutura defensiva o mais estável possível para defender a baliza, evitando ao máximo que o central saia na bola, atraído pelo movimento de quem passa à sua frente. Poderá também optar por pressionar mais alto, orientando a pressão para o lado contrário, não dando tempo e espaço para que o primeiro passe entre.
2. A segunda grande preocupação deverá ser com o comportamento no centro de jogo e na linha defensiva, por forma a retirar o grande aproveitamento que o FC Porto tem tido das situações em que a bola entra, no último terço, do corredor lateral para a cobertura seguido de cruzamento. 
Independentemente de ter ou não vantagem numérica ou espacial na área, quando há passe para a cobertura, o FC Porto tenta jogar com o comportamento da linha defensiva (que sobe em caso de passe para trás) de forma a aproveitar o espaço que fica entre o guarda-redes e os defesas, e cruza, normalmente com muito perigo. Será importante para o Benfica ser agressivo na pressão da cobertura que recebe a bola para que o cruzamento saia nas piores condições possíveis, ou não saia de todo. Também deverá ajustar o comportamento da linha defensiva para perceber exactamente o timing em que deve subir para não ser apanhada em contrapé no momento em que estiver a subir depois do passe atrasado.
3. Brahimi e Óliver. Os dois que, do ponto de vista ofensivo, têm o nível de entendimento do jogo e a criatividade dos grandes jogadores. São os grandes responsáveis pelos momentos de génio da equipa de Sérgio Conceição.

As Figuras
No ataque e na defesa, cada equipa tem um elemento que se vai destacando mais do que os outros. E sendo que todos são importantes, e contribuem todos individualmente para o sucesso colectivo do setor e da equipa, há quem, pela personalidade ou pelas características técnicas, se aproxime mais do que o treinador quer.

No Ataque do Futebol Clube do Porto
Alex Telles. É o elemento preponderante para as dinâmicas ofensivas que Sérgio Conceição gosta, pela forma como coloca a bola na área. É também o responsável pelas bolas paradas, daí o número altíssimo de assistências que tem. Se o FC Porto é tão temido cada vez que tem um pontapé de canto ou um livre lateral é porque Telles, apesar de não ter grandes preocupações em colocar a bola num colega em particular, executa o cruzamento de forma superior.
Há Brahimi. A criatividade com que passeia entre as linhas adversárias, e o toque de qualidade que tem quando escolhe vir por fora são a arma que torna o jogo do FC Porto diferenciado. É pelas incursões interiores do médio, pela qualidade e velocidade na execução, pela forma como chama os seus colegas para tabelar ou assume sozinho as despesas no momento de desequilibrar o adversário que tem sido ele o melhor médio ala, ou extremo, a jogar em Portugal.
Há Soares - o homem golo. Dentro da área é feroz pelo aproveitamento que faz para finalizar a partir das situações e dos espaços que lhe deixam. Não é jogador para individualmente resolver um lance com a bola controlada, quando tem oposição, e tão pouco é jogador para sair como apoio e decidir e executar com qualidade entre enquadrar os médios ou rodar; mas é o tipo de jogador que não deixa os defesas descansados por saberem que em qualquer erro, em qualquer situação em que apareça para finalizar, ele dirá presente. Não finaliza todas as situações que tem, mas aparece sempre a criar perigo. Tem menos nove jogos que Marega e fez apenas menos um golo, tendo já ultrapassado a sua melhor marca.

No Ataque do Sport Lisboa e Benfica
Grimaldo. É o jogador que melhor ataca no Benfica. Com a bola nos seus pés não há pressão que resista, ela está sempre descoberta. É o melhor a encontrar soluções sem tempo e sem espaço, e é o melhor a tirar partido dos seus movimentos e da atracção que o adversário tem pela bola para beneficiar os colegas. Não só procura o cruzamento, ou a cobertura, como é o jogador que mais vezes procura, estando no corredor lateral, colocar um colega de frente para a linha defensiva. É o jogador que melhor percebe como tirar partido das situações ofensivas, e como jogar com toda a oposição que enfrenta, por jogar não apenas no centro de jogo mas com o campo todo.
Há Gabriel. O novo responsável pelas operações ofensivas do Benfica, pela qualidade de passe que demonstra. Coloca as bolas com uma precisão assinalável, exactamente onde o treinador lhe pede - das zonas de construção para as de criação. Não tem grande preponderância quando a bola chega ao último terço, ficando mais em controlo e em equilíbrio para fazer variar o jogo, e com a responsabilidade de apertar quando a equipa perde a bola.
Há João Félix. O grande responsável pela expressividade que os resultados da equipa de Bruno Lage têm tido. No jogo anterior, por exemplo, todos os golos têm pormenores deliciosos do miúdo. Mesmo tendo falhado algumas coisas, conseguiu mostrar a qualidade que o diferencia dos demais. A recepção no primeiro golo, apesar do passe não ter saído depois; A recarga de primeira, e com o pé não dominante, depois de ter falhado a finalização num primeiro momento; e o passe que deixa Jonas na cara do terceiro golo.

Na Defesa do Futebol Clube do Porto
Felipe. O líder de todo o processo da linha defensiva, como Sérgio Conceição o idealiza. Forte nos duelos e no jogo aéreo. Rápido a recuperar para controlar a profundidade, ou para cobrir um colega que saiu da posição. Impõe-se mais pelo físico e não tanto pela qualidade das acções. Porém, fundamental para liderar a defesa do FC Porto, até pela personalidade forte que demonstra ter mesmo quando comete erros.
Há Danilo. É o elemento que mais falta faz ao modelo do Porto, pela forma conservadora como se coloca em campo. Não tanto pela qualidade posicional, ou pelas qualidades físicas, mas sim porque se resguarda mais por força das suas características, e por ser inteligente o suficiente para perceber as suas limitações. Os espaços que existem hoje entre sectores não existem tanto quando Danilo está em campo, porque ele não tem o ímpeto para desequilibrar ofensivamente e ligar-se às jogadas para ser decisivo; assim como também não é dado a pressionar muito alto por ter alguma dificuldade em recuperar defensivamente.´
Há Corona. Dos que jogam mais adiantados é o mais preponderante na dinâmica defensiva da equipa, e o que equilibra quando os avançados e o médio mais ofensivo pressionam na saída de bola. É, assim como o outro extremo, o jogador que fecha dentro ao lado do médio defensivo, e divide o espaço entre o corredor central e o lateral. Estando sempre preparado para pressionar de dentro para fora, sendo que quando a bola entra no corredor também continua a pressionar. A sua importância percebe-se na forma como recupera para fechar o corredor em transição defensiva, sobretudo quando a bola sai do lado contrário ao que defende.

Na Defesa do Sport Lisboa e Benfica
Vlachodimos. Apesar de não ser um elemento da linha defensiva, dos cinco mais recuados tem sido o mais importante. Não pela liderança, mas por ser chamado a intervir demasiadas vezes pelas más abordagens individuais e colectivas do sector que está mais próximo dele, e por intervir nessas situações com grande qualidade. Chegará o dia em que Bruno Lage terá a equipa tão bem trabalhada do ponto de vista defensivo, e tão forte do ponto de vista individual, que o guarda-redes terá apenas uma ou duas intervenções importantes na defesa da baliza; e aí se perceberá, pelos pormenores que terá de controlar, mais do que defender a baliza, se é o ideal para uma equipa grande ou não. Para já, tendo em conta o estado da situação, tem sido perfeito.
Há Florentino. Não estando certo que vá ser aposta, é o que melhor capacidade tem para jogar em "modo Fejsa" do ponto de vista defensivo. Em organização defensiva, mas sobretudo em transição. Tem uma leitura do jogo fora do comum e antecipa os lances pela sua intuição de forma fantástica. A agressividade que demonstra no momento em que a equipa perde a bola só é possível ser decisiva e só é possível ter tanto sucesso por estar no sítio certo, na altura indicada, para parar os contra ataques do adversário.
Há João Félix. Lidera a defesa a partir do ataque, não só na forma como pressiona e fecha o médio defensivo adversário, mas também pela forma abnegada como se dá ao jogo. Não é raro vê-lo a aparecer em zonas bem recuadas em situações de organização ou transição defensiva, para ajudar a defender o corredor lateral, ou criar superioridade no corredor central."

Venha o clássico

"Os agentes do futebol - dirigentes, treinadores, jogadores - parece terem finalmente compreendido que a indústria só terá possibilidades de se desenvolver se à sua volta houver um clima de paz, de seriedade e grande capacidade profissional.

O Futebol Clube do Porto-Sport Lisboa e Benfica, a disputar amanhã no Estádio do Dragão, chega ao campeonato da Liga profissional no momento ideal.
Em causa está a clarificação que pode resultar do grande embate em perspectiva caso a vitória no jogo penda para um dos lados.
Ao contrário, o empate pouco ou nada decidirá, adiando para mais tarde a possibilidade de construir uma ideia mais precisa de como tudo vai terminar.
Neste momento, há, bem evidente, um enorme equilíbrio de condições e de circunstâncias que poderão influenciar o desenrolar do jogo.
No Norte, mora a equipa que comanda a classificação, joga com o apoio dos seus prosélitos, e vem de um resultado moralizador frente ao Sporting de Braga.
A Sul, temos um grupo que atravessa momentos de enorme fulgor, marcado por exibições de grande gabarito com resultados a condizer.
Recuperado por um treinador que quase veio do desconhecido, o Benfica está no momento ideal para discutir taco a taco com o seu maior rival dos tempos mais recentes.
Com jogadores jovens que têm vindo a “encher o olho” dos adeptos, mesmo daqueles que não são adeptos do clube da Luz, o clube da águia parte para o jogo do Dragão com a palavra de ordem bem à sua frente: Reconquista. 
Felizmente, e ao contrário do que aconteceu em tempos passados, o pré-ambiente à volta do clássico tem-se mantido saudavelmente incólume.
Os agentes do futebol - dirigentes, treinadores, jogadores - parece terem finalmente compreendido que a indústria só terá possibilidades de se desenvolver se à sua volta houver um clima de paz, de seriedade e grande capacidade profissional.
Estão, portanto, reunidas todas as condições para que amanhã tenhamos um dos grandes jogos do ano.
E se o resultado final estiver de acordo com o que se passar em campo durante 90 minutos, será caso para dizer que o futebol português está de parabéns."

Competições internacionais

"Quando se pretende alterar, ou substituir, uma competição continental ou intercontinental, não podemos deixar de observar o calendário internacional estipulado pela FIFA. Hoje temos cinco datas como referência, e tem que ser a partir daqui que se vai perceber que espaço existe para modificar. Tendo sempre presente que os jogadores são o elemento mais importante do jogo. E que em muitas situações são os mesmos dos grandes clubes e das selecções. No último mundial, 74% dos jogadores presentes jogavam em clubes europeus, e as cinco maiores Ligas (Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França) eram representadas por metade dos jogadores na Rússia. Nas meias-finais 90% dos disponíveis tinham contrato com clubes das 5 principais Ligas. Um dado importante para se perceber como é decisivo gerir os jogadores e as competições. Não podemos pretender que um mundial se jogue todos os anos, como não o podemos substituir por outra prova anualmente. Os campeonatos das confederações também ocupam o seu espaço, como a recente Liga das Nações. Isto, sem contar com a Taça das Confederações e o mundial de clubes, provas em vias de reformulação. O cuidado com que se deve abordar uma reestruturação implica analisar ao detalhe o calendário, ou melhor os diversos calendários, e a carga a que os mais importantes intervenientes estão sujeitos. Aumentar o volume de jogos, ou concentrar muitos jogos num limitado período, tem consequências a avaliar. Torna-se imperioso chamar ao debate especialistas, nomeadamente treinadores, fisiologistas e metodólogos do treino. Não bastam estudos económicos sobre o incremento das receitas, é fundamental criar espaços de excelência que melhorem o quadro actual e sejam estáveis. A Liga das Nações é um exemplo da evolução que se adequa a este processo de crescimento. A componente desportiva sustenta todas as outras."

José Couceiro, in A Bola

Do malefício da dívida ao benefício da dúvida...

"Não devia ser surpresa, face ao que se ia percebendo nos últimos tempos de Bruno de Carvalho e por tudo o que foi sendo dito mais recentemente. Mas não deixa de causar impacto saber-se que o Sporting vive dias de grande aperto financeiro, fruto da tempestade perfeita que se abateu sobre o clube.
Nesta conjuntura difícil, os responsáveis leoninos optaram por uma política de transparência, quase que convidando sócios e adeptos a serem parte de uma solução que urge encontrar. Pelo menos, ninguém poderá dizer que desconhecia a gravidade da situação e esse é um passo decisivo para que os problemas sejam encarados de frente.
O retrato financeiro actual do Sporting contrasta com o clima de fuga para a frente de Maio de 2018, quando Bruno de Carvalho estava disposto a pagar cinco milhões de euros por Ricardinho, para reforçar o futsal dos leões. E traduz, com fidelidade, a diferença entre quem governou como se não houvesse amanhã e aqueles que, depois, são obrigados a procurar uma troika que evite males maiores.
A única notícia verdadeiramente boa para o Sporting, no meio de tanta dificuldade, é que o clube, à beira de completar 113 anos, não está em risco. Com uma base social fortíssima, a que corresponde uma militância responsável, que ficou à vista quer na AG destitutiva, quer nas eleições subsequentes, o Sporting resistirá a este vendaval, sem perder grandeza ou dimensão. Porém, sócios e adeptos devem ter consciência de que nenhuma boa solução será encontrada de um dia para o outro. E que esta gestão, que herdou o malefício da dívida, é credora, no mínimo, do benefício da dúvida."

José Manuel Delgado, in A Bola

Se 'se' para 'é'

"O Sporting precisa de um fundo de maneio de €65 M no prazo dum ano, €41 M dos quais até 30 de Junho para fazer face a dívidas a fornecedores herdadas da anterior gestão. Os números poderiam não ser muito assustadores se tivermos em conta que em finais de 2015 os leões assinaram um contrato de transmissão televisiva com a NOS, válido a partir de 1 de Julho de 2018 e por fez anos, no valor de €515 M. Mas, caro leitor, já deve ter reparado que há um se na frase anterior. E haverá um se na frase seguinte. Esta verba necessária para as despesas ditas correntes não causaria grande alarme se uma parte das verbas dos direitos televisivos não tivesse sido já antecipada e gasta. Mas foi. E terá de ser mais mais. Os números não seriam tão assustadores se o Sporting tivesse ido à Liga dos Campeões. Mas não foi. Tudo ficará mais fácil se for à Champions de 2019/2020. Mas quase de certeza que não irá. Então, terá de desinvestir no futebol profissional, previsivelmente desfazendo-se dos jogadores mais caros e apostando noutros, mais baratos, que não dão tantas garantias no imediato. Mas tudo seria mais fácil se não tivesse sido deitada uma bomba de napalm sobre a formação leonina nos últimos anos e nas camadas jovens existissem, num futuro não muito longínquo, futebolistas com capacidade para entrarem na primeira equipa com perspectivas de resposta positiva alta. Mas a bomba deixou muito pouco em termos qualitativos. O futuro seria mais fácil se a mensagem não fosse passada para uma massa adepta que está profundamente partida entre os admiradores do regime brunista, os afectos às claques, a maioria de votantes em João Benedito e outros dos camarotes que durante anos gozaram de privilégios sem se saber bem porquê. Mas está. Os ses poderiam ter mudado todas as vidas, pessoais ou institucionais. Mas em Alvalade não se pode viver eternamente num se. Já foi, é assim, assim será. O se só tem duas letras, mas pode ter um milhão de consequências. Boas ou terríveis, como se vê."

Hugo Forte, in A Bola

Frederico Varandas já perdeu o sono?

"O presidente do Sporting ganhou as eleições com uma estratégia de desdramatização da situação financeira do clube. Cinco meses depois, anuncia o estado de emergência.

A situação financeira do clube? Está como esperávamos. Não me tira o sono”, afirmou Frederico Varandas no dia 15 de Setembro de 2018, uma semana depois de tomar posse como presidente do Sporting. Foi, aliás, assim, com um discurso a desdramatizar a gravidade do estado da SAD do Sporting que Varandas ganhou o clube. Passados cinco meses, afinal, Varandas tem razões para perder o sono.
O Sporting precisa de 65 milhões de euros nos próximos meses e vai avançar já em Março com uma operação para antecipar receitas relativas aos direitos de transmissão televisiva dos jogos da equipa principal de futebol. Se falhar, a sociedade admite vender o naming do estádio José de Alvalade ou da Academia Sporting. Porquê? Há muita urgência em obter dinheiro para os lados de Alvalade, porque em Abril já não vai ter dinheiro para fazer face às despesas do dia-a-dia.
Esta informação ao mercado sucede-se a uma conferência de imprensa na semana passada, no dia seguinte à eliminação do Sporting da Liga Europa, na qual Varandas e Francisco Zenha (administrador com o pelouro financeiro) revelaram as dificuldades económicas e financeiras do clube e responsabilizaram Bruno de Carvalho pelo estado em que o deixou. E levantaram o véu sobre os primeiros resultados da auditoria à gestão do seu antecessor. Começou ali uma inversão do discurso, e a preparação dos adeptos para uma realidade negra, sem verde esperança, que agora é conhecida em mais detalhe. Aos enormes problemas desportivos, somam-se os problemas financeiros.
O Sporting já tinha falhado o objectivo da emissão obrigacionista, agora, ao dramatizar as soluções necessárias para se salvar de uma ruptura financeira, assim, de forma pública, está também a passar a responsabilidade do que vier a suceder para os bancos, sobretudo para o BCP e também para o Novo Banco.
Dificilmente estes dois bancos, e credores do Sporting, aceitarão aumentar a exposição de crédito, e por isso a operação de antecipação de receitas do contrato da NOS tem de ser feito por um fundo internacional. Vai aparecer? A que preço? Sim, é verdade, o Benfica também antecipou receitas do contrato com a NOS, mas para pagar a dívida bancária. O Sporting precisa desta operação para pagar despesa corrente, salários e afins.
Tendo em conta a gravidade do que o Sporting comunica aos investidores, Frederico Varandas já terá mesmo perdido o sono.
* “A sociedade poderá sempre, em última instância, recorrer à venda de activos, designadamente dos direitos económicos dos jogadores de futebol, de modo a satisfazer eventuais necessidades de liquidez”, revela a SAD do Sporting.
Veremos, portanto, nas próximas semanas, em função da resposta do mercado a estes apelos que fazem lembrar a “operação coração” do seu rival do outro lado da segunda circular, se não perde mais alguma coisa."

O tabuleiro axadrezado de Ivo Vieira é o melhor da Liga

"Claro que Sérgio Conceição merecerá sempre uma menção especial. Pelo que fez do FC Porto na época passada e pelo que continua a fazer.
Bruno Lage? Naturalmente que sim. Em poucos meses transformou 11 peças selvagens de um tabuleiro instável numa boa equipa de futebol. Uma muito boa equipa de futebol.
Mas, já agora, se me permitem a escolha, para mim o melhor trabalho na Liga 2018/2019 é o de Ivo Vieira. O xadrezista de Moreira de Cónegos.
Medindo os meios e analisando os resultados, o madeirense de 43 está a suplantar as mais simpáticas expectativas e a usurpar as velhas questões dos místicos, vácuos e oportunistas: ‘o orçamento é baixo, o clube é pequeno, a vila tem só quatro mil habitantes’.
Ivo Vieira não é homem para ter paciência com desculpas, muito menos um discípulo das frases de autoajuda e manuais de guerra como o de Sun Tzu, o herói oriental do professor Rui Vitória.
Ivo, aliás, tem juntado um futebol de qualidade altíssima a algumas reflexões superiores nas salas de imprensa.
«FC Porto? Só com uma venda é que não vou jogar olhos nos olhos.»
«Perder por poucos não faz parte do meu cardápio.»
«Os treinadores têm de ter coragem, nós temos de ter coragem para promover o futebol.»
A atraente doutrina de Ivo Vieira é de definição simples, mas dura de transportar para o jogo. Passa, essencialmente, por não dar a bola ao adversário. Tê-la o maior número de tempo possível e fazer bom uso dela.
No Moreirense, isso passa muitas vezes por colocá-la nos pés de Chiquinho. Provavelmente a maior figura da equipa e um jogador, talvez não recordem, contratado e libertado pelo Benfica num prazo de poucas semanas.
O guarda-redes Jhonatan, o lateral Rúben Lima – entretanto afastado pela SAD - e o extremo Arsénio são outros nomes a merecer um elogio, elementos fundamentais na equipa.
Os números ajudam a perceber a excelência do trabalho de Ivo Vieira: quinto lugar na Liga, quinta equipa com mais vitórias, sétimo melhor ataque, nona melhor defesa, quatro vitórias e um empate (FC Porto) nas últimas cinco jornadas.
As ideias de Ivo Vieira já ma pareceram interessantes a época passada, no Estoril-Praia. Aí, porém, o treinador entrou a meio da época e herdou uma equipa deficitária no equilíbrio ambição/estabilidade defensiva.
Não sei se o Moreirense vai acabar a época no quinto lugar e qualificar-se para as provas da UEFA. Sei é que a Liga Europa cabe no talento de Ivo Vieira e que a qualidade do técnico cabe num clube de patamar superior. Está aqui o melhor treinador do ano nacional.

PS: o Maisfutebol já tentou várias vezes entrevistar o treinador Ivo Vieira. Temos recebido sempre a mesma resposta. 'Não é o melhor momento'. Se a equipa está bem, é porque está demasiado bem e uma entrevista pode incomodar; se a equipa está mal, é porque está preocupada e uma entrevista ainda vai piorar. Os clubes portugueses são as únicas entidades que conheço a recusar publicidade gratuita."

Uma aula de fake news

"A Direcção-Geral da Educação tem até um projecto, SeguraNet, em que procura ensinar as crianças a detectar notícias falsas. Mas há um longo caminho a fazer mesmo dentro do próprio Ministério da Educação.

Uma sondagem da Comissão Europeia, divulgada esta semana, concluiu que metade dos portugueses tem dificuldade em identificar notícias falsas. Suspeito que o número tenderá a aumentar nos próximos anos. Principalmente se continuarmos a ensinar às nossas crianças que essa maravilha chamada Internet (e não, não estou a ser sarcástica) veio substituir as enciclopédias.
Um dos manuais escolares do 2.º ano que tiveram o aval do Ministério da Educação e que foi adoptado por várias escolas de todo o país trata de explicar como o mundo mudou entre o tempo dos pais e o tempo das crianças que têm hoje oito anos. "Quando a mãe era pequena", "havia um telefone fixo na entrada da casa", os trabalhos de casa eram feitos "numa máquina de escrever", "não havia Internet" e "quando se queria saber onde ficava a Arménia ou quem tinha sido a Padeira de Aljubarrota, procurava-se nas enciclopédias, que são grandes colecções de livros, onde está tudo escrito". Depois deste texto, o manual Plim! propõe que os alunos escrevam numa coluna como era "no tempo da mãe" e como é agora no seu tempo. À frase "pesquisava-se em enciclopédias", deve-se completar o agora "pesquisa-se na... Internet". Esta, segundo o manual, é a resposta correcta. Mas, esperem lá, quantas falácias tem esta afirmação? É com raciocínios assim que muitas crianças (e adultos) acabam a dizer que a Internet é um sítio que "dá notícias" ou a dizer "soube daquilo porque li na Internet".
Vamos lá ver se nos entendemos. Não é a Internet que "dá notícias", são os sites de jornais ou os jornais online que dão notícias. Não se "lê na internet", lê-se no site do Parlamento Europeu, no site de uma associação ambientalista, num blogue, etc. Em Portugal, o Ministério da Educação pede a várias instituições de ensino que avaliem os manuais escolares em função de uma série de critérios (tudo devidamente explicitado no seu site) para escolher os que merecem ser certificados e adoptados pelas escolas públicas. Este passou no exame que lhe foi feito, fiquei a saber,​ pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu.
Depois do alerta da Comissão Europeia, o PS entregou esta quarta-feira um projecto de resolução na Assembleia da República a recomendar ao Governo uma série de medidas para ajudar a combater a desinformação. A preocupação é geral. A Direcção-Geral da Educação tem até um projecto, SeguraNet, em que procura ensinar as crianças a detectar notícias falsas. Mas há um longo caminho a fazer mesmo dentro do próprio Ministério da Educação.
Já a Texto Editores podia distribuir gratuitamente a todos os seus colaboradores o livro Os primeiros passos na Internet, publicado por outra editora do mesmo grupo. Ou, já agora, recomendar a confiável Enciclopédia Britânica que disponibiliza gratuitamente online todas as suas informações e que em 2006 já se indignava com comparações com a Wikipédia. Pois, 13 anos depois, a iliteracia digital faz literalmente escola!"

Ser suplente

"Pepe veio como estrela e houve jogos que não lhe correram bem e foi suplente. Contra o Tondela aproveitou a oportunidade de Militão não jogar para mostrar que devem contar com ele, assim como, contra o Braga.
Este fim-de-semana em Espanha, no Real Madrid, Bale está zangado por ser suplente. Há uma coisa que me mete muita confusão, quando um jogador assina por um clube um contrato deveras milionário não está lá escrito que tem que jogar sempre e ser efectivo. Deve habituar-se à ideia que pode sentar-se no banco de suplentes, até, como estratégia para resolver um jogo.
Bale tem sido preterido, quer por Vinícius, quer por Lucas Vázques: Vinícius é muito rápido, pela sua magia e velocidade tem dado imensas assistências a Benzema; Lucas Vázquez pelo empenho no jogo, por defender e dar mais consistência à equipa.
Ser titular não é um direito nem um privilégio, um jogador de futebol tem que fazer por isso e justificar tal facto.
Marcelo e Isco têm ficado no banco e não vem nenhum mal ao mundo. Marcelo tem excesso de peso e está fora de forma e nos jogos que foi titular comprometeu a equipa por defender mal. Isco está desmotivado e deve ir embora. Deitem os olhos em Kovacic que saiu do Real Madrid porque queria ter mais minutos e acabou por ser suplente no Chelsea e ter ainda menos oportunidades.
Ao contrário de Pepe que aceitou ser suplente, Bale está amuado e este domingo depois de marcar o golo de penálti não festejou e afastou os seus companheiros. Procurou dar um sinal de insatisfação e desagrado por ser suplente.
Um futebolista pode querer ter estatuto de titular, mas tem que o justificar com a sua acção em campo. Bale tem tido muitas lesões é um jogador fabuloso, mas é intermitente. Pepe sabe que tem 36 anos e, que tem que fazer pela vida, para demonstrar ao treinador que é imprescindível.
Um clube é sempre mais importante, do que qualquer jogador por mais excepcional que seja, e o mais importante, tem que haver respeito pelos adeptos.
Nunca tinha visto uma coisa assim! Kepa, guarda-redes do Chelsea, magoou-se e faltava pouco tempo para o final do prolongamento da final da Taça da Liga com o Manchester City, contudo negou-se a ser substituído, pois, achou que estava em condições para continuar. No jogo a seguir foi suplente.
Ser suplente ou passar durante o jogo a suplente, isto é, ser substituído não é do agrado de nenhum jogador, mas tem que acatar as ordens do treinador por muito que não as compreenda ou goste.
Mas, um jogador pode fazer sempre como Batistuta, nunca abandonou a Fiorentina, podia ter jogado no Real Madrid, Manchester United ou Milan, não ganhou títulos, mas foi sempre titularíssimo. São opções, na vida de um jogador, uns querem jogar e ficam numa equipa que lhe dá essas condições, outros querem melhorar o seu contrato e sujeitam-se.

Nota: Este Real Madrid sem Ronaldo é vulgar."

As lições de um jogo de futebol

"Na maior parte dos desafios de futebol disputados em Portugal não se aprende nada: são mal jogados, mal arbitrados, mal cronometrados e mal avaliados, quer pelos jornalistas que fizeram a crónica do jogo, quer pelos antigos árbitros que analisaram os "casos" ocorridos.
Mas, paradoxalmente, há jogos que, não diferindo muito daqueles, contêm lições que não podem ser ignoradas, a bem do futebol.
Referimo-nos, por exemplo, ao Marítimo-Sporting, da 23.ª jornada da Liga. Foi tão mal jogado que ficou mesmo 0-0; e foi tão mal cronometrado que a bola deve ter estado em jogo cerca de metade do tempo regulamentar, isto é, pouco mais de 45 minutos.
Foi tão mal arbitrado que foi permitido tudo e mais alguma coisa, como veremos mais à frente; e tão mal avaliado que só os dois especialistas de Record conseguiram dar nota positiva (4 em 5, nota bom!!), numa convergência que contrasta com outra apreciação recente, em que, num dado jogo, um deles deu nota 1 e o outro nota 5 (!!); enquanto as restantes publicações elencadas pelo nosso jornal atribuem negativas, nota 4 (em 10, A Bola), nota 5 (em 10, Correio da Manhã) e nota 2 (em 5).
Sobre Tiago Martins (árbitro internacional) citemos o Director Adjunto de Record (Bernardo Ribeiro): "o Marítimo fez o que o juiz lhe permitiu. Estranho é ainda tão pouco tempo de compensação quando só Charles foi assistido cinco vezes e nos descontos o guarda-redes foi novamente auxiliado durante dois minutos". Acresce que esteve mais de um minuto à espera que Edgar Costa fosse assistido para lhe mostrar o cartão amarelo por ter rebolado para dentro do campo depois de ter sido carregado e ficado fora, supostamente lesionado. Com seis entradas da assistência médica, foi manifestamente pouco o tempo extra concedido (3+4 minutos) até porque na maior parte dessas compensações o jogo esteve parado. E foi muito permissivo para Charles que, além das lesões simuladas, se fartou de gastar tempo nas reposições de bola, a merecer amarelo várias vezes, tudo a cortar o ritmo de jogo do adversário, logo desde os minutos iniciais.
Concordo ainda com Bernardo Ribeiro quando escreve "Péssima condução de jogo de Tiago Martins", mas não quando acrescenta "perante um leão silencioso". Isto porque o capitão Bruno Fernandes se fartou de reclamar e até o fleumático Marcel Keizer foi expulso; além de Coates, quando pretendeu, em desespero de causa, obrigar Charles a repor a bola em jogo, depois de a ter ido buscar ao outro extremo do campo.
Foi, além de tudo isso, uma arbitragem marcadamente caseira, já que ficaram por assinalar bastantes faltas ao Marítimo (além das 17 que marcou, muitas delas merecedoras de cartão), ao contrário das 10 do Sporting, salvo uma segunda de Borja, a pedir cartão amarelo.
Que lições, portanto, a retirar deste jogo?
i) É cada vez mais urgente adoptar a cronometragem exacta, nem que seja necessário reduzir o tempo de jogo (80 minutos seria razoável);
ii) Qualquer jogador deve ser obrigatoriamente substituído quando tiver de ser assistido à 3.ª vez (duas já são demais);
iii) É necessário punir o caseirismo de certos árbitros, conhecidos habilidosos e reincidentes;
iv) E rever os critérios de escolha dos árbitros internacionais, dados os festivais de incompetência que ultimamente alguns têm dado.
De salientar, também, a postura de Marcel Keizer neste jogo: bastante cauteloso ao retirar, ao intervalo, dois jogadores já com amarelo, certamente perspectivando possíveis intenções do juiz de campo; e uma progressiva percepção das envolventes que rodeiam o futebol em Portugal, jogado mais fora do que dentro das quatro linhas.
Mais dois pormenores: ao contrário de Marcel Keizer, sempre correcto, Petit tem normalmente uma postura agressiva e, neste jogo, não foram poucas as vezes em que invectivou de forma incorrecta os vários membros da equipa de arbitragem, sem que nada lhe acontecesse; e, à semelhança do castigo aplicado a Raul Silva (2 jogos), por agressão não sancionada pelo árbitro do Sporting-Braga, também é de esperar que o guarda-redes Charles seja objecto, no mínimo, de um processo disciplinar.
É claro que esta é a minha perspectiva sobre o futebol em Portugal: por vezes fico feliz pelo excelente espectáculo que me foi proporcionado, no campo ou na TV, por alguns jogadores e treinadores de alto gabarito que aqui trabalham; mas muito mais frequentemente desiludido com os altos responsáveis que permitem todos os dislates, ignoram olimpicamente o que se passa e não exercem a sua missão que deveria ser regeneradora do melhor desporto que se pratica ao cimo da terra. Há mais de 60 anos a ver futebol e ao fim de quase um ano a remar "Contra a Corrente", estou a ficar cansado de tanta incompetência, para não lhe chamar outra coisa..."

Dez anos de Regime Jurídico das Federações Desportivas

"Completam-se este ano dez anos de vigência do actual Regime Jurídico das Federações Desportivas, o qual, à época, determinou a adaptação ao mesmo dos Estatutos dessas federações. Dez anos volvidos, apenas se lhe introduziram algumas (poucas) alterações pontuais, e sobre essas, já decorreram cerca de cinco anos. Dez anos, porém, será já um período demasiado longo para que as normas se mantenham adequadas a uma realidade em constante movimento, como é a que concerne à actividade desportiva, nas suas mais diversas vertentes.
O desporto e a lei estão profundamente interligados já que a própria actividade desportiva é, toda ela, ao nível das diferentes modalidades, enformada por um conjunto de regras que os diferentes agentes têm que respeitar, e também elas se adaptam às novas realidade que cada uma enfrenta, designadamente o surgimento de novas disciplinas de uma mesma modalidade. Por outro lado, o desporto é um fenómeno que, desde sempre, está fortemente sujeito aos efeitos da globalização, por força da inserção em federações internacionais que determinam as regras da modalidade a nível mundial, que as diversas federações têm que respeitar, por vezes sendo difícil de as compatibilizar com as normas a que a lei nacional também as obriga.
Reconhecemos a necessidade sentida pelas entidades governativas, em representação do Estado, de conformar a actividade desportiva, num sistema, como é o existente no nosso país, em que o desporto é em grande parte dependente do financiamento público, o que implica fiscalização e controle.
Temos dúvidas, porém, sobre se o caminho actualmente seguido determina de facto um eficaz controlo do que tem que ser controlado ou, pelo contrário, leva a uma exagerada asfixia da actividade federativa, consumindo tempo e energias que poderiam ser canalizadas para o real desenvolvimento da actividade desportiva e para a obtenção dos resultados desportivos que todos almejam e com os quais o povo vibra quando ocorrem.
Não deverá ainda o legislador esquecer que, quando falamos de desporto, falamos de muitas e diversas modalidades e não apenas daquelas que envolvem maiores recursos financeiros e/ou atraem mais a atenção mediática das populações e órgãos de comunicação social. As normas jurídicas são, por natureza, gerais e abstractas, mas isso não quer dizer que não sejam, à partida, concebidas de forma diferente para realidades diferentes. E um dos principais “pecados” do actual Regime Jurídico é, precisamente, o de parecer ter sido concebido a pensar apenas numa modalidade desportiva e não em todas as outras.
Consideramos, pois, que é tempo de balanço e análise, e enfrentar sem receios as necessidades de mudança do que reconhecidamente esteja mal, sem deixar de manter as soluções que possam ter as suas virtudes. Nas regras organizativas, como já o é nas regras técnicas, que seja, por uma vez, a lei a adaptar-se ao desporto e não este a ter que se adaptar à lei. Em prol de mais e melhor Desporto."

Respeito!

"Um clássico para desfrutar e para tentar ganhar! O mote para o grande jogo do Dragão foi dado por Luís Filipe Vieira, ontem, na celebração do 115.º aniversário do Sport Lisboa e Benfica, em que o Presidente expressou a confiança que tem na equipa, um sentimento que atravessa hoje o universo benfiquista por inteiro.
Existe um clima de confiança, sim, mas na medida certa e tendo a perfeita noção das dificuldades que o Benfica irá encontrar. O desafio não poderia, aliás, ser maior: do outro lado estará o campeão nacional em título, líder da actual edição da Liga e que vai jogar no seu estádio.
O que legitima a confiança com que o Benfica parte para o clássico é a qualidade e a ambição que a equipa tem vindo a demonstrar. Há razões para acreditar que, assim, é possível lutar de igual para igual em qualquer estádio e frente a qualquer adversário. Mesmo contra os mais fortes, como é o caso do FC Porto.
Perante isto, vale a pena voltar ao discurso do Presidente: “Esperamos um grande jogo de futebol e que as três equipas estejam ao nível daquilo que perspectivamos.” Que seja, então, uma excelente jornada de promoção para o futebol português, com civismo, fair-play e elevado sentido de responsabilidade.
Os principais protagonistas deste espectáculo merecem, pois, que se criem as condições para que todo o foco esteja apenas centrado nas quatro linhas."

Ferro 2023

Com a 'chegada' à equipa principal, provando o seu valor, temos a esperada renovação de contrato do Ferro...
A novidade, é mesmo o valor da clausula de rescisão: 100 milhões por um Central, indica que nas próximas renovações de jovens, as clausulas vão subir em relação ao passado recente...!
E na minha opinião, é urgente 'actualizar' o contrato do Florentino e até mesmo o contrato do Félix, assinado no início desta época!!!