quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Vermelhão: Putos em grande...!!!

Galatasaray 1 - 2 Benfica


Os adjectivos começam a faltar!!! Onze titular, sem 6 jogadores do 'dezazero'; 6 jovens da 'cantera' no 11; estreia a titular do Florentino (um dos melhores em campo); várias estreias Europeias: Tino, Ferro, Yuri; mais metade da equipa sub-23; primeira vitória oficial na Turquia; etc... etc...
Sem certeza, suspeito que este tenha sido o 11 mais jovem de sempre do Benfica na Europa!!!
Admito, esperava alguma rotação, mas não tão 'grande'!!! E só não foi maior, porque temos dois Centrais lesionados, e neste momento o único avançado 'disponível' ainda não está a 100%: Jonas!
Mas ficou 'claro': a prioridade das prioridades é o Campeonato... E eu concordo!
Fizemos um jogo inteligente, com muito estudo sobre o adversário. Pressionámos alto, de início, pois sabíamos que eles tinham dificuldade na construção... mas tivemos o cuidado de não dar espaço nas costas da nossa defesa, pois o Gala tem jogadores rápidos e fortes fisicamente... E apostámos tudo nas transições rápidas, pois este Gala tem muitas dificuldades nas transições defensivas!!! E o resultado só não foi mais 'largo' porque definimos mal, em vários ataques...!!! Foi um daqueles jogos, onde nem sequer tentámos ser 'dominadores' territorialmente, mas acabámos por 'dominar' o ritmo do jogo, mesmo sem 'bola'... até porque a posse de bola do Gala, foi conseguida grande parte do tempo, em zonas 'não perigosas'!!!
Não é fácil individualizar, pois voltámos a fazer essencialmente um exibição 'colectiva', mas é impossível não destacar os jovens: Florentino e Gedson, foram gigantes no 'meio'! Jogámos contra um adversário que jogou em 433, com muita gente no 'miolo' mas os 'putos', não se intimidaram... e fartaram-se de ajudar nas alas!
No caso específico do Tino, tal como parece estar a acontecer com o Félix, o Benfica deve fazer tudo para subir a cláusula... porque rapidamente, será 'provocado' para sair!!!
O Gedson nos últimos tempos, tem tido poucos minutos, mas neste momento tem que 'reaprender' a jogar, pois, ser um '8', no 442, é diferente daquilo que o Gedon fez no início da época!
O Ferro continua a ganhar confiança, hoje foi mais 'agressivo' nas disputas... fazendo falta várias vezes, mas é esta atitude que deve ter... O Yuri no golo, pareceu-me que foi empurrado, antes da bola lá chegar... mas para um jogador sem ritmo, esteve razoável. O Corchia que fez recentemente dois jogos na B, acabou por se evidenciar na defesa, algo 'novo' pois é um lateral muito ofensivo, mas 'levou' com o jogador mais mexido no lado dele... e safou-se bem!
O Cervi e o Salvio, estão de facto abaixo daquilo que sabem... se o Cervi defensivamente compensa, o Toto nem por isso!!!
Ody dois 'paradões' decisivos... e o Rúben 'estreou-se' como Capitão!!! Algo que espero se repita muitas vezes!!!
O Seferovic fez um grande golo (no Tugão o VAR 'daria' falta ofensiva!!!)... o Félix foi o nosso desequilibrador... mas notou-se algum cansaço nos dois, principalmente depois do 1-2!!! Com o Rúben, têm sido os jogadores mais utilizados, é obrigatório 'recuperar' a 100% o Jonas, para começar a rodar...!!!
Ao contrário do que parece não estamos qualificados! Quando eliminámos o Tottenham, também vencemos 'fácil' em Londres, e depois na 2.ª mão estivemos quase a ser eliminados... também com muita rotação!!! Como vamos jogar na Segunda na Vila das Aves, vamos ter muito pouco tempo para preparar o jogo da próxima Quinta com o Gala... Mantendo a atitude e a competência, deveremos conseguir seguir em frente!!!
Creio que hoje muitos daqueles que ainda estavam com 'dúvidas' sobre o Bruno Lage, ficaram definitivamente convencidos!!! Independentemente da actual qualidade do Galatasaray, poucos teriam a coragem de apostar em tantos jovens, num ambiente sempre intimidante...!!! Mas o 'segredo' é fácil: competência no treino!!! Os jogadores sabem o que estão fazer em campo... além da qualidade individual, estão bem orientados, e conhecem as dinâmicas da equipa... E assim, a 'falta de ritmo', a 'falta de entrosamento'... tudo isso acaba por se dissipar!!! Estamos muito bem orientados...

10.0

"Os mesmos que se riram do sketch dos Gato Fedorento em que Ricardo Araújo Pereira, na pele de um adepto, diz que o Benfica vai ganhar 15-0 são agora aqueles que estão escandalizados com o 10-0 do último fim-de-semana.
Desde quando é que se critica a equipa que alcança este volume de golos?
Se o Benfica em 14 remates à baliza fez 10 golos, ia fazer o quê? Pedir para descontar metade dos golos?
O que esperavam os vigilantes da moral e dos bons costumes que acontecesse quando um jogador surgia em boa posição para fazer golo: que desse meia volta e jogasse para trás?
Ridículo.
Não vi no jogo do Estádio da Luz um propósito passível de humilhar o adversário nem nada que se pareça. O que vejo, isso sim, é que há gente a falar de futebol sem nunca ter conhecido o jogo, nem sequer ter praticado desporto.
O que aconteceu foi que a uns tudo correu bem e os outros naquele dia tudo correu mal: foi um daqueles finais de tarde em que não deviam ter saído de casa.
Agora não duvidem do profissionalismo e das intenções de uns e outros. Porque o que se viu neste Benfica-Nacional no futebol. Apenas futebol.
Ponto final, parágrafo."

O funeral clandestino de Robert James

"O telefone do quarto de hotel de Lothar Schmidt, em Reykjavík, tocou estridentemente durante alguns minutos. Era o dia 3 de Setembro de 1972. Passava pouco do meio dia. Quando Lothar atendeu, ouviu uma voz sumida do outro lado: «Não vou prosseguir o jogo. Desisto». Era Boris Spassky.
O vigésimo primeiro jogo entre Spassky e Bobby Fisher pelo título mundial de xadrez fora interrompido ao 40.º lance. Todos os especialistas foram unânimes em acusar o erro do russo ao mover o bispo para o quadrado sete da rainha. Max Euwe, o holandês que fora campeão do mundo entre 1935 e 1937 e exercia o cargo de presidente da Fédération Internacionale des Échecs (FIDE) não teve dúvidas ao afirmar: «Se tivesse jogado o rei para o quadrado três da torre seria um empate fácil». E Euwe era um mestre. Afinal batera o formidável Alekhine noutra luta pelo topo do mundo do jogo das sessenta e quatro casas. Mesmo que Alekhine se tenha apresentado em algumas partidas bêbado como um cacho. Algo que levou o cubano Raul Capablanca, o maior rival de Alekhine, a afirmar: «O jogo do dr. Alekhine tem 20% de bluff. O do dr. Euwe, apesar de, em alguns aspetos, ser mais frágil do que o do seu adversário, é bem mais equilibrado».
Bobby Fisher não era dr. Fisher nem isso parecia importar-lhe grandemente. Há um filme sobre ele, realizado por Edward Zwick e com Tobey Maguire a fazer de Fisher. Chama-se Pawn Sacrifice. Criado praticamente sob as saias da mãe, Regina Fisher, o jovem Robert James foi iniciado numa filosofia da conspiração que metia a ordem de nunca atender o telefone, que estaria sob escuta, e a manter-se distante dos carros estacionados à sua porta, em Brooklyn, depois de terem abandonado Chicago. Regina viveu alguns anos da URSS pré-estalinista e não estava decidida a facilitar a vida aos espiões que, segundo ela, lhe rosnavam às canelas como cães famélicos.
Apesar de tudo, no dia 3 de Setembro de 1972, Bobby levantou o auscultador para ouvir Lothar, o árbitro, confirmar que se tornara no primeiro a quebrar a monotonia dos campeões russos que durava desde 1948. Exigiu uma declaração escrita e assinada por Spassky a confirmar a desistência.
No dia 17 de Janeiro de 2008, Fisher estava morto. Mas nem morto deu descanso ao universo em geral. O seu tipo de jogo, apelidado por alguns de ‘Danças Macabras’, aplicava-se inequivocamente à história da sua existência atribulada. Os rins colapsaram-lhe aos 64 anos. Nem de propósito. 64 anos de casas brancas e pretas espelhadas num tabuleiro de contradições. Apesar de vaguear como um maltrapilho, barba farta e os cabelos em repas sobre as orelhas e o pescoço, olhos esgazeados de paranóico, confinado à Islândia que o recebeu como exilado, depois de lhe ter sido retirado o passaporte norte americano e ter passado por uns meses pouco confortáveis numa cadeia de Tóquio, Bobby não era nenhum pelintra. Tinha uma conta num banco suíço com mais de um milhão e meio de dólares e uma razoável quantidade de barras de ouro. E também tinha uma mulher, a japonesa Miyoko Matai, e um filho. Basicamente, casara com o xadrez. Afinal, Miyoko era a presidente da Federação Japonesa de Xadrez.
A América voltou a interessar-se por Fisher. O Tio Sam fez os possíveis para lhe deitar a mão às notas, evocando o bizantino argumento de que Bobby não poderia ter-se casado sem passaporte. E, invalidado o contrato, a senhora Matai baixava na escala social até ao estatuto de concubina.
Há sempre rosas vermelhas e frescas sobre a campa de Roberto Fisher. Quem o contou foi Kristinn Fridfinnson, o ministro da igreja luterana de Hraungerdi, o local onde puseram sete palmos de terra sobre o seu cadáver. «Enterraram-no aqui sem me dizerem nada. Fiquei perplexo», confessa Fridfinnson.
As exéquias foram levadas a cabo por um padre católico perante apenas cinco pessoas. O defunto viajou os cerca de 50 quilómetros que separam Reykjavík de Hraungerdi quase clandestinamente. Gardar Sverrisson, o melhor amigo de Fisher tratou de tudo. E nunca abriu a boca sobre o assunto. 
Bobby de católico não tinha nada. A mãe era judia, mas ele nunca se quis judeu. «I read a book lately by Nietzsche and he says religion is just to dull the senses of the people. I agree», afirmou certa vez. O problema é que, mesmo falando pouco e protegendo a sua existência de eremita de tudo o que fosse exposição pública, dizia um dia uma coisa e o seu contrário no dia seguinte. Cultivava mistérios em redor de si como quem cuida de flores num jardim proibido. Einar Einarsson, outro dos seus amigos islandeses, também responsável pelo intrigante funeral de Fisher, explicou como pôde: «There was always that dark side - he believed that dark forces were out to get him». Talvez por isso preferisse as peças negras."

Outra face do Desporto


"Esta semana tomaram posse os novos órgãos sociais do Special Olympics. Uma cerimónia simples mas de enorme significado, com meia dúzia de pessoas a assistir. Teve lugar nas instalações do Comité Olímpico de Portugal, à Ajuda, com a presença do presidente, José Manuel Constantino, e do secretário de Estado da Juventude e Desportos, João Paulo Rebelo.
Os discursos proferidos por ambos foram surpreendentes. Foram muito mais que discursos de circunstância. Foram palavras de amor a uma causa que ambos conhecem por razões distintas.
Foram discursos de quem sabe do que fala, dos problemas da deficiência em Portugal, das dificuldades de integração dos deficientes na sociedade, da falta de apoio tantas vezes sentida por quem directamente enfrenta esta realidade.
Ao ouvirmos este jovem secretário de Estado ficamos com esperança de que a sua presença não tenha sido apenas simbólica - antes seja prenúncio de apoio constante a uma causa transversal, de apoio à prática do desporto por pessoas deficientes.
Soubemos que, para já, existe um apoio à deslocação da comitiva de 33 atletas que irá representar Portugal nos Jogos Mundiais de Abu Dhabi já em Março, em modalidades tão distintas como atletismo, ginástica, futebol, judo, natação, golfe, ténis de mesa ou equitação. Tenho pena que as medalhas que estes jovens ganham e que justificadamente exibem à chegada não tenham um décimo das notícias relativas à lesão de um jogador de futebol de um qualquer clube.
No seu discurso de posse, Dias Ferreira, de novo reeleito presidente da Direcção, disse a Eduardo Barroso, novo presidente da Assembleia Geral, que - tal como acontecera com sua tia, Maria Barroso - esperava ter o prazer de estar com ele nessa chegada dos atletas no regresso de Abu Dhabi, para poder perceber a alegria desses jovens que, dando amor a uma causa, merecem receber o amor de todos nós no regresso a Portugal. Sabemos que irão trazer medalhas olímpicas, mas muito mais que a conquista de medalhas será para eles o orgulho de vestirem a camisola das quinas em representação do país.
Uma palavra final para Fernando Seara, que me irá substituir nas funções de presidente do Conselho Fiscal, cargo que desempenhei durante cerca de 9 anos. Espero que venha também a possuir esse sentimento de pertença a esta causa de servir a sociedade no apoio real à deficiência - com a vantagem de uma maior notoriedade pública, que só poderá trazer benefícios a estes grandes atletas que são exemplos para outros profissionais… que apenas olham para a camisola nacional como um trampolim para melhores contratos.
(,,,)"

Seja onde for

"Na Luz, em Istambul ou na Vila das Aves. No último domingo, hoje ou na próxima segunda-feira. Um jogo do Benfica – seja ele qual for – é sempre um acontecimento transcendental, de máxima importância.
Não interessa o estádio (seja onde for), não interessa a competição (seja qual for), não interessa o adversário (seja quem for). Entrar na Luz tem sempre um sabor especial (“queremos muito lá jogar”, afirmou ontem o nosso treinador), mas o princípio inegociável é o foco na tarefa e a noção da responsabilidade. É essa a melhor forma de respeitar o espectáculo, a profissão, os adeptos e, acima de tudo, o emblema que se traz ao peito.
A tarefa a realizar esta quinta-feira é na Liga Europa, onde o Benfica tem legítimas aspirações a seguir em frente. A vitória frente ao Nacional faz parte do passado. O jogo com o Desportivo das Aves é apenas na 2.ª feira. Hoje só o Galatasaray importa.
O duelo de logo à noite na Turquia (final de tarde em Portugal) será a estreia de Bruno Lage nas competições europeias e, provavelmente, também de alguns jogadores. O futuro passa por Istambul e confiança é a palavra de ordem.
E confiança é mesmo apenas isso: confiança. Não há vitórias antecipadas, nem festejos fora de tempo. No Benfica, há a consciência colectiva de que existe um longo caminho a percorrer até se chegar onde se pretende. Confiança? Muita. Euforia? Nenhuma."

Quase...!!!

Benfica 3 (0) - (1) 0 Belgorad
25-18, 25-23, 25-22, 12-15

Estivemos muito perto de fazer história!!! Grande jogo, quase perfeito... só faltou mesmo o bocadinho na recta final...!!!
Depois da derrota por 3-0 na Rússia (com parciais equilibrados) não estava à espera... Os Russos, ex-campeões europeus, tinham a obrigação no 'papel' de vencer os dois jogos, por 3-0, mas hoje jogámos mesmo muito bem... com a dupla brasileira Rapha/Théo em destaque!!!

Agora, é concentrar todas as forças nas competições internas: Taça e Campeonato!

A 'silly season' fora de época

"Um campeonato equilibrado pode tornar mais improváveis resultados muito desnivelados. Mas não é suficiente para evitar que o Manchester City aplique 6-0 ao Chelsea, que a Fiorentina despache a Roma com 7-1 ou que, em 2010, um confronto entre dois antigos, campeões europeus tenha terminado com PSV, 10 - Feyenoord, 0. Num campeonato desequilibrado, como o nosso, os resultados desnivelados são muito mais frequentes, e assim continuará até que a centralização dos direitos televisivos racionalize a distribuição do dinheiro e faça diminuir o fosso entre pobres e ricos.
Depois dos 10-0 do Benfica ao Nacional, foram ditos muitos disparates, uns por oportunismo, muitos por ignorância, outros ainda por má-fé. Na Liga portuguesa, onde o número de golos marcados é relevante para os desempates, marcar muitos golos pode, até, significar o título de campeão. Desrespeitar o adversário é não dar o melhor em busca do resultado mais expressivo; faltar ao respeito ao adversário é trocar a bola e ficar à espera dos olés do público. Quem não percebe isto, não percebe o desporto (na cultura do râguebi é ofensa grave não dar o litro até ao apito final, independentemente do placard...) e apenas contribuiu para um ruído que tem sido persistente e não dá sinais de vir a ser atenuado até ao final da época.
Querem falar de coisas sérias, mas incómodas? Debatam a centralização, distribuam melhor o dinheiro, exijam que os clubes tenham infraestruturas decentes , coloquem o futebol em horários próprios para as famílias, não especulem com o preço dos bilhetes e garantam, finalmente, que os hooligans são erradicados dos estádios.."

José Manuel Delgado, in A Bola

Entre Pizzi e C.ª e pisões dispensáveis

"Se a equipa continuar assim, pode ser campeã. Voltaram a alegria, a vivacidade, a verticalidade e a velocidade

1. Comecei a escrever regularmente para A Bola em Setembro de 2010. Na minha anterior coluna Pontapé-de-Saída fiz 689 textos. Na actual coluna de página inteira Contador da Luz este texto será o 82.º. Ou seja, no total aproximo-me das oito centenas, qualquer coisa como 1 milhão e oitocentos mil caracteres. Vem isto a propósito do que me veio à memória quando fui convidado a escrever no jornal e que, então, disse ao director Vítor Serpa: que o meu principal receio era o de achar que nem sempre teria matéria que considerasse interessante para escrever, pelo menos segundo o meu critério.
Verifico agora que tal angústia de tema não se me terá assolado com frequência, mas - confesso - mesmo assim, ainda não me libertei de um qualquer buraco negro temático ao virar da esquina. Evidentemente que há sempre o recurso a repetições mais ou menos travestidas de coisas novas ou a comentar tão-só jogos que, todavia, os jornalistas sempre farão bem melhor do que eu.
Vem isto a propósito dos motivos da escrita deste artigo. Já não falo do (bi) Benfica 6 - Sporting 3, amplamente dissecado por muita gente, antes de mim. Talvez pudesse escrever sobre essa originalidade estúpida da mediarem dois meses entre o primeiro jogo de uma meia-final da Taça de Portugal e a segunda partida, mas seria perda de tempo perante o absurdo.
Eis quando nos últimos dias, houve um farto motivo de excelência e um outro de lamento para escrever. Começo, naturalmente, pelo primeiro: a vitória por 10-0 do Benfica, 55 anos depois. Uma exibição notável de uma equipa que, se continuar a jogar assim, pode ser campeã. Voltaram a alegria, a vivacidade, a verticalidade e a velocidade. E, mais do que isso, jogaram-se os 90 minutos, como se o resultado estivesse empatado, assim honrando a camisola. Ninguém se sente dono de um qualquer posto. Todos sabem que, com trabalho, terão a sua oportunidade. Assim se estrearam mais dois jovens das escolas (Ferro e Florentino, belas exibições), voltou Jonas como um jovem sedento de afirmação, brilharam Grimaldo (que forma!), Seferovic (que força e vontade!), Pizzi (como ele se sente bem melhor neste esquema), Rafa (com um tipo de jogo mais equilibrado e eficaz), Samaris (até faz esquecer o lesionado Fejsa), Gabriel (como foi possível desbaratar, antes, as suas capacidades?) e o menino João Félix que estava a ser integrado medrosamente e aos soluções, não esquecendo todos os outros intervenientes e o que há muitos, muitos anos não se via no SLB, ou seja, dois centrais portugueses. Mas, acima de tudo, melhor do que cada individualidade foi o colectivo. Guardo como deliciosa a jogada de puro futebol associativo aos 32 minutos que se tivesse dado golo passaria a fazer parte da montra mundial deste desporto. Para tudo isto tem sido decisivo o trabalho de Bruno Lage, quer na explanação do plantel, quer no que se pode entrever de qualidade do treino, quer nas palavras sempre calmas, sem se pavonear, sem alardes inconsequentes, mantendo a cabeça fria, nos bons, como nos maus momentos. Estivemos a 3 minutos de pensar a liderar a classificação, mas os minutos extra e os minutos extra depois dos minutos extra para as bandas do FCP já não são, infelizmente, notícia. São rotina.
Todavia, o futebol é sempre imprevisível. Nada de euforias dispersantes e contraproducentes. Como disse Bruno Lage, «temos de ir focados para todos os jogos, a saber o que temos de fazer, a saber qual é a estratégia. O resto não existe».

2. O segundo assunto é tudo menos em hino à arte de bem jogar como foi o jogo do Benfica. Pelo contrário, foram duas nódoas de olhar para o futebol, sem respeito e sem lisura. A primeira refere-se a uma frase dita na televisão pública por um seu comentador residente e ex-jogador de futebol Jorge Andrade: «Eu se ainda jogasse, dava só um pisão no João Félix e não havia mais João Félix durante o jogo». A segunda proferida pelo actual director do jornal do Benfica e comentador da BTV, José Nuno Martins, referindo-se àquele jogador, entre ouros epítetos, como «besta negra». Ao que julgo, ambas as asserções ditas por pessoas que são pagas no exercício dessas funções. Uma por nós todos, por via da RTP.  Outra pelos benfiquistas, por via dos leitores do jornal e dos sócios.
É certo que ambos os visados se retractaram e pediram desculpa pelas expressões que usaram e isso é de enaltecer. Mas uma coisa é aceitarmos essas desculpas perante momentos infelizes que a qualquer pessoa pode acontecer. Outro diferente aspecto é que subjaz ao que foi dito e que, depois da poeira assente, revela um estado doentio do futebol que obnubila mentes que se querem responsáveis e modelares.
Ainda que não levando à letra as palavras de Jorge Andrade e mesmo aceitando que apenas quis dizer que poria João Félix em sentido com o seu poderio físico, a sua declaração não deixa de ser profundamente infeliz.
Repare-se na construção da frase do ex-jogador:
1) «se eu ainda jogasse?, querendo transmitir uma ideia de experiência acumulada e de incitamento para memória futura;
2) «dava um só pisão», talvez lembrando-se da relativa impunidade arbitral para com o dito pisão, pelo que bastaria uma só pisadela forte para resolver o incómodo quanto mais cedo melhor para arrumar com o adversário numa fase do jogo em que as cartolinas ainda costumam estar congeladas no bolso dos árbitros;
3) «e não havia mais João Félix durante o jogo», assim exprimindo, sem peias, o nexo de causalidade absoluta entre o pisão e o não João Félix. Por outras palavras, o prematuro pisão transformaria o pobre do João Félix numa espécie de pisa-papéis imóvel e com fins decorativos, como são todos estes objectos.
No fundo, afirmou que a melhor maneira de anular ou esbater a capacidade técnica e artística de um talento é meter-lhe medo, mostrar-lhe os pitons, contrariar o virtuosismo com  agressividade para além do tolerável. Por isso, disse «pisão» que é a apologia do excesso de investida física e a declaração de incapacidade de outros meios para contrariar o adversário. Certamente, Jorge Andrade usou muito a memória dos seus tempos de jogador em que a impunidade face aos pisões no seu clube era a regra, ele que até terminou a sua magnífica carreira cedo, flagelado por sucessivas lesões.
Imagine-se o futebol actual com a generalização da fatwa futebolística proclamada por Jorge Andrade que nos sugere o primado físico necessário para anular a primazia técnica e virtuosa indispensável. Imagine-se Messi, Ronaldo, Salah, Neymar, Bernardo Silva e tantos outros artistas sujeitos, sem dó, nem piedade, a «não haver mais nenhum deles durante o jogo» parafraseando o comentador.
Li que Jorge Andrade vai para a equipa técnica do Vitória de Setúbal. Desejo-lhe boa sorte. Mas também espero que Bruno Lage não ponha João Félix - que, como ouvi há dias, tem cara de 9 anos, idade de 19 e maturidade de 29 - a jogar na partida que terá de efectuar com os sadinos em Maio no estádio da Luz. Evitam-se eventuais pisões.
Entretanto, João Félix deu-lhe a devida resposta no domingo, na Luz.

Contraluz
- Gratidão: a Fernando Chalana, que completa agora 60 anos de idade e que atravessa um delicado problema de saúde. Chalana foi um predestinado jogador de futebol, daqueles a quem a história deste desporto reserva um lugar preferencial. Dotado de um virtuosismo mozartiano naquele corpo franzino. Chalana foi um exemplo para os que, hoje, inicial as suas esperançosas carreiras, em especial nas camadas jovens do seu clube, o Sport Lisboa e Benfica. Tive a oportunidade de com ele falar várias vezes ao longo da vida e vi-o como um ser humano de uma elevada generosidade, humilde, ainda que não dissimulando uma nostalgia e uma quase tristeza próprias da sua personalidade introvertida e algo silenciosa. O Benfica deu ao antigo camisola 10 uns parabéns bem chorudos!
- Frase: «Pizzi dá-me o teu ordenado» (cartaz de uma jovem na Luz, no domingo=
- Tragédia: Jovens no dealbar dos seus sonhos morreram no sono por causa de um incêndio nas indigentes instalações de apoio que tinham no Flamengo. No fim, ninguém vai assumir responsabilidade, como sempre acontece. Na ânsia de fabricar craques, tudo à volta se torna, por vezes, inumano e barbaramente secundário!
- Mentira: Vi na televisão o jogo de hóquei Benfica 3, Oliveirense 3. Uma época frustrante do meu clube que está praticamente afastado do título, depois de desaires inesperados em Braga, Oeiras e Tomar. O mesmo não se dirá da Oliveirense que continua na linha da frente e que só não ganhou na Luz porque a segundos do fim, os árbitros negaram um golo que, de facto, existiu, pois a bola entrou na baliza sem qualquer dúvida. Escrevo este apontamento porque sei quanto estaria revoltado se tudo tivesse sido ao contrário e, no fim do campeonato, os dois pontos sonegados fizessem há dois anos com um golo sonegado a segundos do fim ao Benfica no jogo final com o Sporting."

Bagão Félix, in A Bola

“Não nos vergam, nem nos interditam”!

"A base da mais recente ofensiva contra o Benfica são sete jogos realizados entre Janeiro e Abril de 2017, nos quais o Glorioso recebeu o Boavista, Tondela, Nacional, Arouca, Chaves, Belenenses e Porto. Foi a época do Tetra e “triplete”.
As imputações da Comissão de Instrutores da Liga, ou seja, os fundamentos factuais invocados para a punição, são:
a) Os NN e os DV são Grupos Organizados de Adeptos (GOA), para efeitos de aplicação da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho;
b) O Benfica apoia estes alegados GOA, com permissão de entrada de bandeiras de grandes dimensões e afixação de faixas;
c) Os relatórios dos delegados nesses jogos relatam ocorrências de deflagração de potes de fumo, tochas e outro material pirotécnico, insultos a um guarda-redes de uma equipa visitada, arremesso de cartolinas, invasão de campo pacífica por parte de um adepto;
d) Destas ocorrências resultaram processos sumários por comportamento incorrecto do público, com a aplicação de multas ao Benfica;
e) Do alegado apoio do Benfica a supostos GOA resulta uma intensa cobertura noticiosa que causa alarme social;
f) No regulamento de Segurança do Estádio de 2014 a planta anexa identificada o espaço destinado aos NN e aos DV; No regulamento de segurança de 31 de Julho de 2017 o Benfica contempla a permissão de entrada de bandeiras e tarjas com símbolos e mensagens de apoio ao SLB para os sectores onde se sentam os NN e os DV.
Por tudo isto, considera o órgão de instrução da Liga que o Benfica não cumpriu regulamentos e normas legais e que dessa sua conduta resultou uma situação de perigo para a segurança dos agentes desportivos ou dos espectadores de um jogo oficial, de risco para a tranquilidade e a segurança públicas, de lesão dos princípios da ética desportiva ou da verdade desportiva ou de grave prejuízo para a imagem e o bom nome das competições de futebol...
Não sou um optimista militante, mas, porque acredito no direito e na justiça, tenho confiança em que o Benfica obterá provimento do pedido de anulação deste infeliz Acórdão do Conselho de Disciplina, no Tribunal Arbitral do Desporto, ou no Tribunal Central Administrativo Sul, porque:
a) Os NN e os DV são sócios do Benfica, adeptos de futebol, pagantes de ingressos; ninguém os obrigará a constituírem uma espécie de associação juvenil, pelo menos enquanto vigorar esta Constituição; o Benfica não o fará, nem tem meios legais para o fazer; os NN e os DV não são GOA, são sócios que apoiam intensivamente o Benfica e é esse o seu único e suficiente registo;
b) Em todos os regulamentos do estádio, registados e aceites no IPDJ, esteve sempre prevista a permissão de entrada de bandeiras e tarjas, antecipadamente submetidas a controlo de conformidade; quaisquer sócios do Benfica podem ter essa iniciativa e no próximo jogo até sugiro que todos juntos exibamos uma faixa: “Não nos vergam, nem nos interditam”!;
c) Os relatórios dos delegados nos referidos jogos, referem ocorrências causadas por adeptos, do Benfica e não só; mas em nenhum deles, em nenhum, se associa o adepto a sócios NN ou DV; tudo o resto são suposições que terão o destino que se dá às suposições em processos sancionatórios;
d) Em todas as jornadas, vários clubes são sancionados com multas, por comportamento incorrecto do público; em muitas dessas situações são os cânticos alusivos à grandiosidade do SLB o pretexto da punição (SLB, SLB, SLB…); em termos de prevenção destes comportamentos, por iniciativa da Liga e da FPF, nada se sabe de concreto; assim, não peçam ao Benfica que seja competidor, regulador e sancionador; essa é a aspiração de outros, dos impunes, não é a nossa;
e) A cobertura noticiosa do Benfica e dos seus adeptos, como causa de alarme social, é o fundamento mais ridículo que imaginei ser invocado numa acusação; os títulos dos jornais anti-benfiquistas valem o que valem, mas não valerão rigorosamente nada para imputar ao Benfica o que quer que seja; alarme social é o que sinto pela impunidade da perseguição institucional e mediática dirigida contra o maior clube de Portugal, o nosso;
f) O Benfica actuou de boa fé perante o IPDJ, apresentou regulamentos que foram sendo aceites; foi a partir dessa aceitação que o Benfica competiu no Estádio da Luz; aliás, os jogos usados para esta temerária ofensiva realizaram-se todos ao abrigo de um regulamento que só veio a ser declarado nulo em Julho de 2017 e que, até ao final desse mês, foi substituído por outro que viria a ser aceite, sem que fossem postos em causa os efeitos produzidos; o Regulamento do Estádio da Luz é o mesmo que enquadra a realização dos jogos da equipa da Federação Portuguesa de Futebol que, amiúde, aí compete, apoiada por claques nominalmente legais.
O Benfica não cede a chantagens ou intimidações, venham elas de onde vierem. O Benfica ganhou e vai continuar a ganhar. Em campo. E ganhará fora dele porque tem a razão do seu lado. Antes de lhe ser dada razão, será o decurso do tempo a ditar a prescrição destes intuitos punitivos. Desfecho que o Conselho de Disciplina conhece, mas que não tem a lisura de assumir. O Conselho de Disciplina prefere ver engrossar o maço imenso de decisões revogadas a deixar o Benfica em paz.
Apelo como adepto que a Benfica SAD e o Benfica despoletem os mecanismos processuais que dispõem para que seja também julgada a responsabilidade disciplinar e civil dos envolvidos em mais esta intentona."

Cadomblé do Vata (Ilegais...!!!)

"De cada vez que me manifesto contra as interdições, jogos à porta fechada ou multas ao SLB por causa das claques, sou bombardeado com mensagens a acusar-me de apoiar a ilegalidade. Não apoio, sou é contra aplicações anedóticas da lei. Permitam-me que explique, recorrendo a simples contas de merceeiro.
1. O estádio do Dragão tem capacidade para cerca de 51.000 espectadores.
2. Nos jogos contra o SLB esgota invariavelmente.
3. Segundo a tese de mestrado do Dr. Madureira a bancada Super Bock que alberga os Super Dragões, tem capacidade para 6.600 espectadores.
4. Calculemos amigavelmente que só um terço da lotação desta bancada é cedida aos Super Dragões. 
5. Os Super Dragões têm 740 membros registados no IPDJ.
6. Temos assim que estão sempre cerca de 1.460 adeptos do FCPorto ilegais na bancada dos Super Dragões nos jogos contra o Glorioso.
7. Portanto para escapar a sanções, basta o SLB registar por exemplo os No Name Boys tendo como elemento único o Paulo Gonçalves e os Diabos Vermelhos apenas com os dados do Pedro Guerra."

Chamem os Bombeiros!!!

"🎥 No final da derrota em Roma, sem adversários por perto, sem árbitros na zona, as câmaras apanharam Felipe de dedo em riste para Conceição, que ouvia com as orelhas caídas a indignação do brasileiro para quem vale tudo, perante o pasmo de Luís Gonçalves, o director do futebol, que também tudo escutou sem intervir.
🤔 Sabemos que a coisa foi grave porque o ministro da Informação do Iraque sentiu necessidade de lançar uma cortina de fumo sobre as imagens, esclarecendo que aquilo que todos vimos não era o que toda a gente estava a pensar, era antes uma bonita história da carochinha. A única coisa que conseguiu com isso foi confirmar que, se teve necessidade de lançar fumo, era porque havia fogo.
🔥 E há mesmo. Segundo conseguimos apurar, o incêndio deflagrou no salário pornográfico de Pepe e na titularidade garantida ao reforço de inverno. Toda a gente tem um salariozinho de clube intervencionado, enquanto Pepe vem com um vencimento que lhe permitiu abdicar de verbas a haver na Turquia. Mas o que mais indigna o plantel é a titularidade por decreto, fulcral para garantir que o jogador assinasse na janela de Janeiro. Ainda para mais, com prejuízos desportivos. É que, desde que o internacional de Portugal entrou na equipa, esta começou a somar maus resultados, que vão da perda da Taça da Liga (desenhada ao pormenor para que Pinto da Costa pudesse finalmente ter uma destas) ao desbaratar da vantagem de 7 pontos sobre o Benfica e, agora, uma derrota europeia frente a uma equipa que está longe de ser um tubarão.
👋 Mais: o plantel sabe que Sérgio Conceição já comunicou aos responsáveis portistas o desejo de aceitar a proposta que tem para assumir o comando do Chelsea na próxima época, conseguindo com isso a quebra de autoridade que todos pudemos testemunhar no final da derrota no circo romano.
😱 Em cima disto, perderam Marega e Brahimi, ao mesmo tempo que vêem o Benfica a dar festival em Alvalade e a ganhar por 10-0. Não admira que estejam nervosos e que tentem, sei lá, interditar a Luz. De um lado, o dez a zero; do outro, o desespero."

'Chill out'

"1. Há jogadores que são corpos estranhos numa equipa, mas no caso do Sporting é ao contrário: a equipa é um corpo estranho para Bruno Fernandes.
2. O que Jorge Andrade disse sobre João Félix é linguagem metafórica do futebol e não justificava mais uma reacção histérica do Benfica, que primeiro atiçou os cães e depois meteu-lhes açaime. Só num futebol doente é que isto é caso.
3. O problema é que em Portugal continua a haver gente que acha que a comunicação ganha (ou perde) campeonatos. Também há quem defenda que as vacas dão mais leite quando ouvem música clássica ou chill out.
4. A segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal será realizada quando Lage estiver calvo e Keizer usar risco ao lado. Calendário ridículo.
5. Por falar em Keizer. Já pode obter nacionalidade portuguesa. Basta mostrar ao SEF a forma como protesta com os árbitros durante os jogos e arranja desculpas nas conferências.
6. Depois de ler que Keith Richards (Rolling Stones) deixou de beber, não me espantou assim tanto o 10-0 do Benfica ao Nacional, mas não deixa de ser insólito. Não sei se os astros se alinharam, sei que o Benfica jogou muito e os jogadores do Nacional desalinharam-se como trotinetas espalhadas por Lisboa. Pior só comunicado do clube, ontem, digno de queixa-crime por estupidez.
7. Se Ristovski foi despenalizado três horas antes do dérbi, porque não jogou? O jogo foi em Melbourne ou Tóquio? Em 2012 James jogou pela Colômbia em Miami, viajou de noite, mal dormiu, chegou no dia do jogo, com jet-lag, e foi decisivo (golo e assistência) na vitória do FC Porto na Luz (3-2), rumo ao título nacional.
8. Bruno de Carvalho vai lançar um livro sobre o tempo na presidência do Sporting. E depois, um DVD com os melhores momentos e oferta de poster autografado? Lá dizia o filósofo Madureira: «Não tens vergonha» Põe-te a andar...»
9. Enquanto não se veem livres do Bruno, resta aos Sportinguistas os livres do Bruno. Não confundir, sff."

Gonçalo Guimarães, in A Bola